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BRASILEIRA
AULA 1
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2. do ponto de vista comercial, em 1808, Portugal decretou a abertura dos
portos às nações amigas, o que pôs fim ao monopólio comercial de
Portugal com sua colônia na América.
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O Brasil estava descontente com essa guerra civil, pois Artigas tinha
interesse no território de Sete Povos das Missões, e esse interesse poderia levar
a disputas com o Brasil (Souza citado por Góes Filho, 2015, p. 277). Esse
contexto fez que Portugal invadisse a Banda Oriental do Uruguai em 1811 e em
1817. A segunda invasão levou Portugal a derrotar Artigas em 1820. Em 1821,
Portugal anexou a Banda Oriental com o nome de Província Cisplatina.
No contexto da Revolução Liberal em Portugal1, D. João VI retornou a
Portugal em 1820, e seu filho, D. Pedro, ficou como príncipe regente no Brasil.
Em 1822, o príncipe proclamou a independência do Brasil e tornou-se D. Pedro
I, Imperador do Brasil.
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1 Em 1820, ocorreu, em Portugal, a Revolução Liberal. De acordo com Fausto (2012, p. 112),
essa revolução tinha um caráter contraditório: por um lado, era liberal, pois estava baseada em
ideias iluministas e considerava a monarquia absoluta um regime ultrapassado; por outro, queria
que o Brasil voltasse a ser totalmente subordinado a Portugal.
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3. o Brasil pagaria a Portugal uma indenização de 2 milhões de libras
esterlinas.
Nos anos seguintes, o Brasil fez tratados comerciais com outros países,
o que propagou as baixas tarifas comerciais da Inglaterra. Isso significou a
“universalização dos tratados desiguais”, pois o Brasil oferecia baixas tarifas de
importação, mas os produtos brasileiros não recebiam os mesmos benefícios.
No âmbito regional, destacou-se a Guerra da Cisplatina. Em 1825, a
Província Cisplatina, território que havia sido anexado por Portugal em 1821, foi
incorporada pelas Províncias Unidas do Rio da Prata, cuja capital é Buenos
Aires. Em consequência, em 1825, Portugal declarou guerra às Províncias
Unidas. Essa guerra exauriu os brasileiros e os argentinos, em termos políticos
e em termos econômicos. Assim, em 1828, a Inglaterra, incomodada com os
prejuízos comerciais decorrentes da guerra, mediou um acordo preliminar de paz
entre o Brasil e as Províncias Unidas. Por meio desse acordo, o Uruguai tornou-
se independente.
Em 1831, ocorreu a abdicação de D. Pedro I em favor de seu filho que, na
época, tinha cinco anos. Entre os fatores que contribuíram para a abdicação de
D. Pedro I, estão:
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4. a maior proximidade de D. Pedro I dos membros do “partido português”.
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Em 1863, o Brasil enfrentou a Questão Christie. Essa questão surgiu após
o naufrágio de um navio da Grã-Bretanha, o Prince of Wales. Nesse contexto, o
diplomata britânico William Christie afirmou que a carga do navio havia sido
pilhada; por isso, ameaçou usar a força caso o Brasil não pagasse uma
indenização (Vidigal; Doratioto, 2014, p. 27). Essa questão levou o Brasil a
romper relações com a Inglaterra em 1863. Após a questão ter sido levada à
arbitragem internacional, Brasil e Inglaterra reataram suas relações em 1865.
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país e, como teve o pedido negado, invadiu a província de Corrientes. Em 1865,
esse contexto motivou a formação da Tríplice Aliança, entre Brasil, Argentina e
Uruguai, contra o Paraguai. Assim, originou-se o maior conflito armado da
América do Sul, que durou até a morte de Solano Lopez, em 1870. A guerra
originou-se de interesses conflitantes das partes envolvidas, pois:
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REFERÊNCIAS
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POLÍTICA EXTERNA
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1. a questão de Palmas/Missões;
2. a questão do Amapá.
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1891, foi rejeitado pela Câmara dos Deputados (Vidigal; Doratioto, 2014, p. 38).
Essa questão era muito importante para o Brasil, pois, segundo Góes Filho
(2015, p. 312), caso a Argentina ficasse com a metade do território em litígio, o
Rio Grande do Sul ficaria unido às demais partes do território do brasileiro por
uma estreita faixa de território. Assim, esse cenário poderia favorecer ideias de
separatismo na região (Idem). Com isso, de 1893 a 1895, a questão foi levada à
arbitragem internacional. O Barão do Rio Branco chefiou a delegação que
apresentou a questão em nome do Brasil. Em 1895, o árbitro da questão, o
Presidente dos Estados Unidos, Grover Cleveland, decidiu o pleito
favoravelmente ao Brasil, de forma que a parte do território que havia sido
atribuída à Argentina pelo Tratado de 1890 foi repassada ao Brasil.
No que se refere à questão entre Brasil e França, por sua vez, a França
reivindicava parte da área que se localizava ao sul do Oiapoque. Assim, em
1899, a questão foi levada à arbitragem internacional. Em 1900, o árbitro da
questão, o presidente da Suíça, deu ganho de causa ao Brasil, que teve seu
território ampliado em 260 mil Km2.
Outra importante questão de fronteiras que contou com a atuação do
Barão do Rio Branco foi a questão do Acre. Havia um tratado entre o Brasil e a
Bolívia de 1867 (Góes Filho, 2015, p. 285), e a interpretação inicial desse tratado
era a de que a região do atual Acre pertencia à Bolívia. Contudo, essa região, na
qual estava em curso uma expressiva produção de borracha, era ocupada,
principalmente, por seringueiros brasileiros. Em 1899, teve início um conflito na
região, pois a Bolívia tentou impor sua soberania sobre o local. Nesse contexto,
os seringueiros proclamaram a independência do território e pediram que ele
fosse anexado ao Brasil. Em 1901, dado que a Bolívia não conseguiu impor sua
autoridade no local, ela arrendou a região a uma empresa denominada Bolivian
Syndicate. Essa empresa era composta por ingleses, americanos e alemães e
recebeu permissão para explorar as riquezas do local. Em 1902, o Barão do Rio
Branco assumiu o Ministério das Relações Exteriores e suas negociações
permitiram que, em 1903, fosse assinado o Tratado de Petrópolis. Segundo esse
tratado:
2. a Bolívia recebeu uma faixa de terras que lhe permitiu acessar o Oceano
Atlântico, por meio do Rio Madeira e de seus afluentes (Doratioto, 2012,
p. 152);
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3. para viabilizar esse acesso, o Brasil responsabilizou-se pela construção
da ferrovia Madeira-Mamoré e;
1. Equador (1904);
2. Venezuela (1906);
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De acordo com o Atlas da FGV (2018), durante a gestão de Rio Branco,
ainda não havia uma clara definição quanto a limites entre os territórios do Peru,
Bolívia e Bolívia. Assim, em 1904, o Barão de Rio Branco firmou com o Equador
um tratado que definiu como fronteira a linha “Abapóris-Tabatinga”, que seria
aplicável assim que Equador e Peru resolvessem seus conflitos (idem). Assim,
essa fronteira demarcou a posse pacífica dos territórios que o Brasil pretendia,
mesmo que a área ainda estivesse em disputa.
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TEMA 3 – RIO BRANCO: EUA, ARGENTINA E MULTILATERALISMO
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apresentou um plano ao governo argentino em que exigiria do Brasil a cessão
de um dos encouraçados, sob pena de invadir o Brasil (idem). Esse plano foi
criticado na Argentina; com isso, Zeballos teve que deixar o cargo. Contudo,
após sua saída do Ministério, continuou como um crítico da política externa
brasileira e protagonizou o episódio do Telegrama número 9. Nesse episódio,
Zeballos divulgou um telegrama que, supostamente, teria sido escrito pelo
Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores do Brasil) ao Chile e que
evidenciaria a hostilidade do Brasil com relação à Argentina (idem, p. 48).
Contudo, Rio Branco revelou o conteúdo do telegrama original e desmentiu
Zeballos.
Com a queda de Zeballos, houve uma melhoria das relações entre Brasil
e Argentina. Em 1909, o Barão do Rio Branco, após sugestão do Chile, propôs
o texto de um “Tratado de Cordial Inteligência” entre Argentina, Brasil e o Chile
(Vidigal; Doratioto, 2014, p. 48), também conhecido como Pacto ABC. Contudo,
a proposta do pacto de 1909 não foi aceita pela Argentina (idem). Uma nova
tentativa de Pacto entre Argentina, Brasil e Chile foi retomada em 1915; porém,
a proposta não foi aprovada na Câmara dos Deputados da Argentina (idem, p.
49).
Ainda na gestão de Rio Branco, houve um aumento da participação do
Brasil em conferências internacionais. Em 1907, o Brasil participou da
Conferência de Haia, na qual a delegação brasileira foi chefiada por Rui Barbosa.
Durante a conferência, os países discutiram a criação de uma Corte de Justiça
Arbitral. Porém, os países discordaram sobre quais critérios seriam utilizados
para selecionar os juízes da Corte. Nesse contexto, Rui Barbosa ganhou
destaque internacional, pois defendeu a “igualdade soberana entre as nações”.
Com base nesse princípio, a escolha dos juízes deveria considerar, de forma
igual, todos os países, pois a Corte teria importância universal (Lafer, s.d.). Em
1912, Rio Branco faleceu e, em seu lugar, assumiu o comando do Ministério das
Relações Exteriores Lauro Müller.
3. de observadores do Exército;
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3. a participação do Brasil na Liga das Nações (Vidigal; Doratioto, 2014, p.
51).
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Em 1926, a Alemanha formalizou seu pedido de entrada na Liga das
Nações. Naquele contexto, outros países também estavam solicitando o assento
permanente, o que inviabilizou o atendimento do pedido do Brasil (idem). Com
isso, em 1926, o Brasil opôs-se à entrada da Alemanha na Liga e retirou-se da
organização.
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fez que esse governo transformasse a busca do assento permanente na Liga em
tema prioritário da política externa brasileira.
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REFERÊNCIAS
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POLÍTICA EXTERNA
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da Guerra da Coreia, que teve início em 1950. De acordo com Vidigal e Doratioto
(2014, p. 70), a ONU aprovou uma intervenção nesse conflito, e o Brasil apoiou
os EUA no contexto da Assembleia Geral. Contudo, em 1951, quando os EUA
solicitaram que o Brasil enviasse tropas para a guerra, Vargas não pôde atender
ao pedido americano. De fato, o Brasil enfrentava uma complexa situação tanto
em termos econômicos quanto em razão da grande oposição política ao governo
de Vargas (idem). Assim, embora Vargas tenha buscado seguir a estratégia de
seu primeiro governo, de buscar barganhar o desenvolvimento industrial do país,
o complexo contexto internacional da Guerra Fria tornou-se um obstáculo aos
desígnios de Vargas (idem).
Um exemplo dessas dificuldades foi a criação da Comissão Mista Brasil-
EUA, em 1950, com o objetivo de formular projetos nacionais que seriam
apreciados pelo Banco Interamericano de Reconstrução e de Desenvolvimento
(BIRD) e pelo Eximbank. Como resultados dessa Comissão, foram aprovados
quarenta e um projetos visando ao desenvolvimento nacional, sobretudo no setor
de transportes e de energia. Ainda assim, em 1953, a Comissão Mista foi
desativada de forma unilateral pelos EUA, após a eleição do presidente
americano Dwight Eisenhower.
Embora o Brasil tenha buscado, continuamente, o apoio dos EUA, os
esforços de Vargas foram objetos de inúmeras críticas internas (Vidigal;
Doratioto, 2014, p. 70). Esse foi o caso do Acordo Militar entre Brasil e EUA,
segundo o qual os EUA receberiam recursos estratégicos do Brasil, como areias
monazíticas, urânio e manganês, e, em troca, ofereceriam ao Brasil assistência
militar dos EUA e vantagens na compra de armamentos usados (idem).
No que se refere ao contexto regional da América Latina, o governo
Vargas expressou, também, alinhamento aos EUA. Um dos exemplos desse
alinhamento foi a intervenção dos EUA na Guatemala, em 1954. Naquele
período, a Guatemala era governada por Jacob Arbenz, cujas políticas
nacionalistas e de orientação comunista levaram a expropriações de terras da
empresa dos EUA United Fruit Company, que estava presente na Guatemala
(Doratioto e Vidigal, 2014, p. 73). Naquele contexto, o Brasil apoiou a proposta
americana de intervenção na Guatemala (idem).
No âmbito das relações entre o Brasil e a Argentina, Vidigal e Doratioto
(2014, p. 73) afirmam que havia:
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1. uma preocupação de ambos os países com a possibilidade de perda de
espaço em âmbito regional;
2. uma descrença, naquele momento, com relação à integração regional.
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associacionistas, por sua vez, defendiam que o modelo de desenvolvimento
nacional deveria utilizar capitais estrangeiros.
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o Progresso, que, segundo Doratioto e Vidigal (2014, p. 78), buscava auxiliar o
desenvolvimento dos países latinos por uma via de caráter assistencialista, como
forma de afastar o comunismo da região.
Ainda segundo Mansur (2014, p. 184), o Brasil deveria pautar sua atuação
externa na defesa da autodeterminação dos povos, da não intervenção e no
apoio à descolonização. De acordo com Vidigal e Doratioto (2014, p. 83), a PEI
trouxe inovações para a política externa brasileira, ao sugerir:
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REFERÊNCIAS
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POLÍTICA EXTERNA
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Cervo e Bueno (2010, p. 381) intitularam de uma “nova correção de rumos” na
política externa brasileira, pois a orientação externa do governo de Castelo,
pautada pela bipolaridade, foi revista. Assim, a política externa do governo de
Costa e Silva tornou-se conhecida como a “Diplomacia da Prosperidade”.
Segundo Cervo e Bueno (2010, p. 382) e Vidigal e Doratioto (2014, 91), essa
política deixou de conferir prioridade a temas que receberam maior atenção do
governo de Castelo, como a bipolaridade, a segurança coletiva, a
interdependência militar e o ocidentalismo. Nesse sentido, a política externa de
Costa e Silva conferiu prioridade ao desenvolvimento nacional, por meio da
ampliação do comércio internacional, da cooperação externa do Brasil e da
diversificação dos fluxos financeiros internacionais (Cervo; Bueno, 2010, p. 382).
Como consequência dessa nova linha de atuação externa, o Brasil obteve, em
primeiro lugar, uma ampliação dos contatos com vizinhos da América Latina e
com outros países do Terceiro Mundo, especialmente em fóruns internacionais.
Nesse sentido, o Brasil atuou como uma liderança do Grupo dos 77, uma
coalizão de países em desenvolvimento que foi fundada em 1964, no contexto
da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento. Além
disso, o Brasil exerceu pressões no contexto do GATT (Acordo Geral de Tarifas
e Comércio) para que houvesse um tratamento diferenciado em temas
comerciais para países em desenvolvimento. Ainda no governo de Costa e Silva,
deve ser destacada a rejeição do Brasil ao Tratado de Não Proliferação Nuclear
(TNP), de 1968. Esse tratado baseou-se em três pilares, nomeadamente:
1. a defesa do desenvolvimento de tecnologias nucleares para fins pacíficos;
2. a não proliferação nuclear, no sentido que os Estados sem armas
nucleares deveriam assumir o compromisso de não desenvolver esses
materiais e;
3. o desarmamento nuclear, segundo o qual os Estados nuclearmente
armados deveriam promover um desarmamento progressivo.
Segundo Vidigal e Doratioto (2014, p. 98), “O Brasil não aderiu ao TNP
por considerá-lo injusto e discriminatório, pois restringia de modo horizontal a
disseminação da tecnologia nuclear sem impedir o aumento horizontal dos
arsenais das grandes potências”. Vale destacar, no entanto, que o Brasil
assumiu um compromisso com a proscrição de armas nucleares na América
Latina, no contexto da assinatura do Tratado de Tlatelolco, de 1968 (idem).
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TEMA 3 – MÉDICI, ENTRE O PRIMEIRO E O TERCEIRO MUNDO (1969 –
1974)
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Saiba mais
Para saber mais sobre essa questão, acesse o link a seguir e leia o artigo
de Matias Spektor:
SPEKTOR, M. (2002) O Brasil e a Argentina entre a cordialidade oficial e
o projeto de integração: a política externa do governo de Ernesto Geisel (1974-
1979). Revista Brasileira de Política Internacional, v. 45, n. 1, p. 117-145,
2002.
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a. o pragmatismo referia-se à busca de uma diplomacia pautada pela
eficiência em suas ações externas e direcionada à busca do interesse
nacional;
b. o termo responsável estava relacionado à ideia de que o pragmatismo não
deveria ser entendido como “oportunismo” e;
c. o adjetivo ecumênico referia-se à ideia de que o Brasil deveria promover
a diversificação dos laços externos do país.
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TEMA 5 – FIGUEIREDO E O UNIVERSALISMO SOB PRESSÃO (1979 – 1985)
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REFERÊNCIAS
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VIDIGAL, C. E.; DORATIOTO, F. F. M. História das relações internacionais
do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014.
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ProfaThaise Kemer
CONVERSA INICIAL
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O Grupo de Contadora foi formado em 1983 por Colômbia, México, Panamá e Venezuela, e seu objetivo
era solucionar de forma pacífica os conflitos que estavam em curso em alguns países da América Central,
como El Salvador, Guatemala e Honduras (Vidigal; Doratioto, 2014, p. 104).
3
previu a criação de um mercado comum em 10 anos. Assim, o Governo Sarney
contribuiu para o fortalecimento das relações entre o Brasil e a Argentina na
década de 1980, o que teve papel central no estabelecimento do Mercosul.
2
Segundo Doratioto e Vidigal (2014, p. 116), o Governo Collor apresentou temas relevantes para sua
política externa no contexto da abertura da XLV Assembleia Geral das Nações Unidas, entre os quais seu
alinhamento com países de Primeiro Mundo e sua adesão ao chamado Consenso de Washington. Segundo
os autores, o Consenso de Washington foi um conjunto de preceitos econômicos definido no contexto de
uma reunião internacional de economistas em 1989. Esses economistas defenderam que países da
América Latina deveriam aplicar em suas economias princípios neoliberais, como as privatizações, a
flexibilização das leis do trabalho e o rigor fiscal, entre outros.
5
Com o impeachment de Fernando Collor, em 1992, Itamar Franco
assumiu a Presidência da República e deu prioridade tanto à integração regional
do Brasil quanto à ampliação da participação do país em foros multilaterais. De
fato, no âmbito regional, além de dar continuidade ao Mercosul, Itamar propôs,
em 1993, a criação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCSA), cujo
objetivo seria estabelecer uma área de livre comércio entre as economias da
América do Sul. A criação da ALCSA deve ser compreendida no contexto da
proposta dos Estados Unidos para a criação da Área de Livre Comércio das
Américas, feita em 1994. A proposta da ALCA era criar uma área de livre
comércio que incluísse os países da América. A despeito de serem projetos
ambiciosos, a ALCSA e a ALCA não lograram êxito.
A respeito da agenda comercial, estavam em curso as negociações da
Rodada Uruguai, que era uma das rodadas de negociação no contexto do
Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). No contexto da Rodada Uruguai, o
Brasil defendeu o multilateralismo e o abandono do protecionismo no comércio
internacional.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988.
2
comercial voltada à ampliação das trocas econômicas com países de todo o
mundo e; a promoção da cooperação Sul-Sul.
No âmbito multilateral, o Brasil defendeu a necessidade de ampliar a sua
representação e a de outros países em desenvolvimento em foros internacionais,
como as Nações Unidas e o Fundo Monetário Internacional, de forma a torná-los
mais democráticos e mais representativos ao contexto internacional do século
XXI. Três exemplos do período ilustram as alianças entre o Brasil e outros países
em desenvolvimento: o Fórum de Diálogo entre Índia, Brasil e África do Sul
(IBAS); o G-20 Comercial e; o BRICS, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul (Ricupero, 2016, p. 646).
O Grupo IBAS, cujo nome original é Fórum de Diálogo Brasil, Índia e África
do Sul, foi criado em 2003 e teve como objetivos: ampliar a cooperação
tecnológica, comercial e cultural entre os três países; contribuir para uma ordem
internacional mais equitativa; democratizar os foros internacionais e; aprofundar
o diálogo político entre os três países nas instâncias internacionais. Ainda no ano
de 2003, foi criado o G-20 Comercial, cujo propósito foi defender a liberalização
do comércio agrícola na Organização Mundial do Comércio (OMC), no contexto
da Rodada Doha. A Rodada Doha é a primeira e única rodada de negociações
da OMC. Ela teve início em Doha, no Catar, e também é conhecida como
Rodada do Desenvolvimento, pois enfatiza as necessidades dos países em
desenvolvimento. De fato, o Brasil e diversos outros países em desenvolvimento
argumentaram que o foco central das negociações da Rodada Doha deveria ser
na agricultura, haja vista que esse setor é fundamental para as economias de
países em desenvolvimento (MRE, [s.d.]a). Assim, para assegurar o adequado
tratamento do tema da agricultura no âmbito das negociações da OMC, criou-se,
em 2003, o G-20 Comercial, que, segundo Vidigal e Doratioto (2014, p. 126), foi
criado “[...] para pressionar os países desenvolvidos a eliminar os subsídios e as
barreiras ao comércio com os países mais pobres”. Assim, segundo esses
autores, o G-20 ganhou destaque internacional e impediu que medidas
comerciais prejudiciais aos países em desenvolvimento fossem tomadas.
A história do BRICS remonta ao ano de 2001, quando o economista Jim
O’Neill elaborou um relatório no qual a expressão “BRIC” surgiu para designar
economias que, em sua perspectiva, teriam elevado potencial de
desenvolvimento, nomeadamente Brasil, Rússia, Índia e China. Inspirados por
esse documento, em 2006, Brasil, Rússia, Índia e África do Sul se reuniram às
3
margens da reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas para
dialogar sobre a cooperação entre eles. Assim, em 2009, foi realizada a primeira
Cúpula dos BRIC, que, em razão da crise internacional que havia ocorrido em
2008, foi fortemente centrada em temas econômicos e financeiros. Em 2011,
com o ingresso da África do Sul, a coalizão dos BRIC passou a ser conhecida
como BRICS, sua denominação atual. Os BRICS são um espaço de diálogo e
cooperação entre seus países-membros. Contudo, os BRICS não constituem
uma organização internacional, pois não possuem documento constitutivo,
secretariado fixo e orçamento próprio.
NA PRÁTICA
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O conceito de “responsabilidade ao proteger” deve ser entendido no contexto histórico do ano
de 2011, no qual a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) interveio na Líbia. Naquele
cenário, ganhou destaque o tema da necessidade de proteção dos civis (Pureza, 2011).
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REFERÊNCIAS
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37, n. 1, p. 143-184, abr. 2015. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
85292015000100143&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 5 dez. 2018.
UN – United Nations. The right to privacy in the digital age. Disponível em:
<http://undocs.org/A/RES/68/167>. Acesso em: 5 dez. 2018.
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