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O BRASIL
1 INTRODUÇÃO
Na ótica de um fato isolado, a missão pode ser visualizada por alguns como de
simples execução e com fim em si mesma, já que existe a argumentação de que o
Haiti não teve seus indicadores socioeconômicos elevados da forma como alguns
esperavam. Para esses, a Força Internacional de Estabilidade comandada pelo Brasil
limitou-se às atividades repressivas, sem transformar suas estruturas sociais, já que
a pobreza ainda possui índices alarmantes, conforme se atesta da leitura a seguir:
Sabe-se que para um país ser considerado uma potência é necessário ter uma
economia forte, estabilidade interna e reduzidos níveis de desigualdades sociais. Além
disso, é fundamental que esse país escolha e mostre à comunidade internacional
como ele deseja e deve ser visto no plano global, no aspecto de proporcionar proteção
às suas riquezas e a sua soberania de uma forma geral, por meio de capacidade
dissuasória e efetiva, nível “hard power”. O Brasil, há tempos, apresenta suas relações
internacionais no nível “soft power”, por suas características de priorizar o diálogo e a
negociação.
Nas relações internacionais, [...]: “hard power” é baseado na utilização de
meios estruturais (isto é, militares ou econômicos) para influenciar o
comportamento ou interesses de outros; e “soft power” refere-se à
capacidade de alcançar as metas de uma nação por meio da coação e da
atração, em vez da coerção ou do pagamento. (MALAMUD, 2011, p. 3, APUD
NYE, tradução nossa, grifo nosso).
Ser um país indicado pela ONU, para estabilizar determinada região, significa
mais que uma mera indicação ou participação num evento internacional. Evidencia,
necessariamente, a credibilidade no país condutor das ações, e a valorização de suas
Forças Armadas.
Tal percepção internacional de confiança é aumentada, principalmente, se a
missão for concluída com êxito, como foi o caso do Brasil no Haiti, após treze anos de
árduo trabalho. Demonstrou possuir efetivo e logística em condições de preparo e
emprego adequados a grandes desafios, bem como denotou uma capacidade de
gerenciamento e liderança, pois coordenou dezenas de países, como Argentina,
Colômbia, Uruguai, Chile, todos vizinhos, assim como outros países dos demais
continentes. Ressalta-se o reconhecimento obtido no seu subcontinente ao exercer
tal liderança.
[...] exibiu atributos de liderança ao sinalizar a adoção de uma nova política externa
para seus vizinhos, trabalhando em conjunto com seus principais parceiros na
América do Sul, demonstrando sua capacidade de projetar poder no
exterior e demonstrando que poderia legitimar uma intervenção militar aos
olhos de outros países da região. (MALAMUD, 2011, p.10, tradução nossa,
grifo nosso).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS