O documento discute o romance de cavalaria medieval, descrevendo suas características narrativas como heróis planos, detalhes ricos e mensagens morais. Analisa o texto "A saída do cavaleiro cortês" sobre um cavaleiro que parte em busca de aventura, e como o romance representa os ideais da sociedade feudal da época através de seu estilo fantástico de narrar espaço e tempo.
O documento discute o romance de cavalaria medieval, descrevendo suas características narrativas como heróis planos, detalhes ricos e mensagens morais. Analisa o texto "A saída do cavaleiro cortês" sobre um cavaleiro que parte em busca de aventura, e como o romance representa os ideais da sociedade feudal da época através de seu estilo fantástico de narrar espaço e tempo.
O documento discute o romance de cavalaria medieval, descrevendo suas características narrativas como heróis planos, detalhes ricos e mensagens morais. Analisa o texto "A saída do cavaleiro cortês" sobre um cavaleiro que parte em busca de aventura, e como o romance representa os ideais da sociedade feudal da época através de seu estilo fantástico de narrar espaço e tempo.
A saída do Cavaleiro cortês - Auerbach O romance de cavalaria - Bakhtin
Discussão acerta na narração feérica do espaço e do tempo no romance cortês.
As narrativas dos romances de cavalaria são retiradas de poemas épicos e canções de
gesta, por isso são produtos de poesia medieval. Devido à sua extensão, a prosa foi usada para escrevê-los. Os protagonistas dessas histórias são retratados como tendo personalidades planas e indescritíveis. Por outro lado, a narrativa é rica em detalhes e visa estabelecer um princípio moral que serve de exemplo. Sua história é composta por grandes heróis que fizeram grandes contribuições para a busca da verdade, do amor e da doutrina religiosa. A saída do cavaleiro cortês é um texto de Erich Auerbach, e nele é discorrido sobre um romance cortês que acontece no século XII no chamado Ciclo Bretão ou Arturiano, onde as figuras centrais da narrativa são o Rei Artur e seus cavaleiros da Távola Redonda. Nele narra sobre um cavaleiro que é membro da távola do Rei Arthur, chamado Calogrenante que deixa seu reino em busca de aventura durante sete anos. Neste sentido, o vocábulo “aventura” tem um significado que diverge do que é conhecido agora. A aventura , no texto deste autor, é o sofrimento constante, voluntário e implacável que o cavaleiro deve passar, se pondo a prova e a sua honra, para que haja a auto-representação, e a história gira unicamente em torno dessa aventura, nada do que acontece é em vão ou coincidência e está diretamente ligado ao propósito do cavaleiro e da história. Assim, Calogranante se despede de seu país e caminha pelas perigosas florestas de espinhos, deixando claro que escolheu o "caminho certo" ao deixar o reino. Esta é a maneira correta de expressar a moral correta de um cavaleiro, literalmente "trilhando o caminho certo". Com um caráter místico e simbólico ambiente narrado é feérico, como aparecem no texto, bosques mágicos e fontes encantadas, o caminho certo do bosque e o castelo que surge do nada, a recepção, a graciosa mulher, a cordialidade do castelão, ele é o cerne de sua essência, fazendo com que tudo que aconteça ou apareça, seja de forma diferente do usual. Logo, as circunstâncias geográficas, econômicas e sociais que aparecem, nunca são realmente esclarecidas de forma clara e concisa. A geografia dos cenários é fantástica e inacreditável. Locais comuns são os terraços de belos lagos, florestas hipnotizantes, palácios deslumbrantes e navios misteriosos. Ele representa também, os ideais da sociedade feudal no século XII, tal como se percebe logo no ínicio, no trecho: “o cavaleiro - que se chama Cologrenante - conta, ainda, como encontra um rebanho de touros e ouve do seu pastor, um vilain grotescamente feio e enorme, acerca de uma não muito longínqua fonte mágica: ele corre por baixo de uma magnífica árvore; junto a ela pende uma bacia de ouro, e quando se joga a sua água com essa bacia por sobre uma placa de esmeralda, que se encontra ao seu lado, ocorrem, no bosque, tremendos ventos e tempestades, das quais ninguém, ainda, conseguiu sair vivo.”, confirmando-se então que trata-se de um conto de fadas. Em relação ao romance cortês, de forma geral, pode-se afirmar que esse gênero possui apenas um enredo com algumas variações, a base dele é constituída por heroísmo, amor e aventura, assim como é descrito no texto de forma Intrínseca. As histórias retratam amores puros e irracionais. Alguns romances envolvem casais não casados com filhos ilegítimos. Finais felizes finais com casamentos também apareciam bastante. Um dos elementos essenciais é a presença de uma mulher, geralmente casada, a qual o cavaleiro vai ter que fazer por merecer seu amor, como é dito em: “ Mas um dos seus cavaleiros, o primo de Calogrenante. Yvain, adianta-se-lhe, vence e mata o Cavaleiro da Fonte e obtém, de um modo tão fantástico quanto natural, o amor da sua viúva.”, de beleza genuína, amável e em sua maioria inocente e frágil, como é descrito por Calogrenante na passagem: “... e eu vi que vinha em minha direção uma donzela bela e amável. Detive-me a observá-la: era alta e esbelta e direita. Ela foi ágil em desarmar-me, fazendo-o com gentileza e destreza. Depois cobriu-me com um manto curto, coberto de pano escarlate, e todos os outros deixaram o lugar; só eu e ela ficamos, e ninguém mais, e isto causou-me prazer, pois mais ninguém eu queria ver. E ela me levou ao mais belo prado do mundo,fechado por um muro baixo em volta. Lá eu a achei tão amável, tão bem falante e educada, de tal semblante e tal jeito, que muito me deliciava ficar lá, e que por nenhum preço queria de lá sair.” Representando os aspectos vitais da sociedade feudal, o que é mostrado nos contos é um mundo muito mais rico e cheio de detalhes, representando uma única classe social, e, quando remotamente aparece uma quebra de barreiras sociais, essas estão apenas em segundo plano, como uma passagem rápida, de forma distorcida ou cômica. Portanto diante dessa separação social, somente a classe feudal é tida como importante, significativa e elevada. Apesar de na maioria das histórias os cavaleiros do Rei Arthur terem um contexto político-histórico, uma motivação e uma função no mundo real, Calogrenante sai apenas em busca da sua auto-realização, tornando-se então absoluto. A maneira como um romance de cavalaria funciona é basicamente a mesma que funciona em uma aventura grega. O Tempo é dividido em uma série de pedaços de estilo de aventura, cada um dos quais tem um abstrato e técnico organização. Sua conexão com o espaço também é técnica. Em contraste com os heróis do romance grego, os heróis da cavalaria são únicos e simbólicos ao mesmo tempo. De forma alguma eles se assemelham um ao outro em termos de aparência ou destino. Falando estruturalmente, eles são heróis de romances e ciclos isolados. Não há divisão entre o herói e o maravilhoso mundo em que ele opera. Todas essas características do romance de aventura de cavalaria o diferenciam do romance gregoriano e o trazem perto do epos. As fronteiras entre os epos e o romance servem de base para o primeiro romance de cavalaria em verso, que estabelece seu lugar único na história do romance. Com as características acima mencionadas determinando o cronotopo original desta história, um mundo maravilhoso em um ambiente de aventuras. Este é um lugar excepcional para a influência medieval vertical de outros lugares.Todo o espaço e tempo está sujeito à interpretação simbólica . É possível dizer que o tempo está totalmente excluído da própria ação da obra . O aspecto mais notável dessas obras é que são percepções do fim de uma era que se baseiam em uma percepção aguçada das tradições da época que atingiu seu pleno amadurecimento. Esta tese exige que toda a gama de diversidade contraditória do período seja apresentada na obra com total clareza . Referências: ROMANCE DE CAVALARIA: ORIGEM, CARACTERÍSTICAS, AUTORES - LITERATURA - 2023 (journalmural.com) 1. Sider. S. (2007). Handbook to Life in Renaissance Europe. Nova york. Oxforshire: Oxford University Press. 2. Wacks, DA (2014, 31 de dezembro). Romance Ibero-mediterrâneo, ou, o que falamos quando falamos do romance de cavalaria na Espanha. Retirado de davidwacks.uoregon.edu. 3. AUERBACH, Erich. A saída do cavaleiro cortês. In: AUERBACH, Erich. Mimesis: a 4. representação da realidade na literatura ocidental. 5. ed. Vários tradutores. São Paulo: 5. Perspectiva, 2004. p. 107-123. 6. 7. BAKHTIN, Mikhail. O romance de cavalaria. In: BAKHTIN, Mikhail. Questões de Literatura 8. e de Estética: a teoria do romance. 6. ed. Tradução de Aurora Fornoni Bernardini et al. 9. São Paulo: HUCITEC, 2010. p. 268-274.