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Freud (ano) inicia seu texto referindo-se aos padrões de avaliação das
pessoas, ao valor cada pessoa dá a sua vida. Porém, ao formular um juízo geral,
esquece-se de quão variado é o mundo humano e sua vida mental. algumas pessoas, por
exemplo, tem juízos totalmente diferentes da multidão. Existem discrepâncias entre os
pensamentos das pessoas e as suas ações, e também com à diversidade de seus impulsos
plenos de desejo, as coisas possivelmente não são tão simples assim.
Numa carta à um amigo Freud aborda o sentimento de religiosidade,
onde seu amigo expõe que este é um sentimento muito peculiar, e presente em milhões
de pessoas. Este está designado como “sensação de eternidade”; algo oceânico, presente
independente da religião. Trata-se de um fato puramente subjetivo, e não um artigo de
fé.
Freud (ano) não percebe em si este sentimento oceânico, trazido por seu amigo.
Para Freud não é fácil lidar cientificamente com sentimentos. O que se pode é tentar
descrever os seus sinais fisiológicos, mas há o risco de cair no conteúdo ideacional.
Freud compreendeu as palavras de seu amigo e o que ele queria dizer referindo-se a
estes sentimento como um vínculo indissolúvel de ser uno com o mundo externo.
Não há para Freud uma explicação psicanalítica que explique a i´deia de
vinculação dos homens com o mundo por meio de um sentimento imediato. A partir
disto coloca então sua linha de pensamento sobre o assunto.
Há, segundo Freud (ano eu sentimento de eu, do nosso próprio ego. Este é algo
que aparece como autônomo e unitário, distinto de tudo. Apesar que o ego seja
continuado para dentro, não tem uma delimitação nítida e serve como uma espécie de
fachada a uma entidade mental denominada id. No sentido do exterior, o ego parece
manter linhas demarcadas nitidamente. Porém tratando-se do sentimento de amor ele, o
ego, não parece bem assim.
No auge do sentimento de amor, os limites entre ego e objeto ameaça
desaparecer. As pessoas apaixonadas, normalmente declaram que ‘eu’ e ‘tu’ é um só.
Processos patológicos, também nos mostram que não existem linhas que demarcam a
relação entre com o mundo externo.
O sentimento do ego do adulto foi o mesmo desde o início,. Deve, segundo
Freud (ano) ter passado por um processo de desenvolvimento. Como exemplo uma
criança recém-nascida, ainda não distingue o seu ego do mundo externo como fonte das
sensações que fluem sobre ela. Ocorre um aprendizado de forma gradativa, reagindo a
estímulos. Com o contato com o seio da mãe, a criança, o ego é contrastado por um
‘objeto’, algo exterior, forçado a surgir através de uma ação especial.
O reconhecimento de um ‘exterior’, de um mundo externo é proporcionado pelas
múltiplas sensações de sofrimento e desprazer. O afastamento do ego deste exterior são
impostos pelo princípio do prazer. Há uma tendência a afastar do ego tudo que pode se
tornar fonte de desprazer, criando um puro ego que busca prazer, que sofre o confronto
de um ‘exterior’ estranho e ameaçador.
Algumas coisas difíceis de serem abandonadas, pelo fato de proporcionarem
prazer são objeto e certos sofrimentos que se procura extirpar mostram-se inseparáveis
do ego, por causa de sua origem interna. Dessa forma introduz-se o princípio da
realidade. Essa diferenciação tem como propósito de nos defender contra o desprazer,
quando por ele nos vemos ameaçados. Quando isso acontece o ego não pode utilizar
senão os métodos que utiliza contra o desprazer oriundo do exterior, e este é o ponto de
partida de importantes distúrbios patológicos. Desse modo, então, o ego se separa do
mundo externo.
O ego possui um elemento primitivo que permanece preservado. Porque na vida
mental nada que uma vez se formou pode perecer e que de alguma maneira pode vir à
luz. Como exemplo da cidade de Roma, onde a Roma antiga ainda se faz presente e traz
seus elementos para a Roma atual.
A partir daí, Freud começa a fazer comparações entre o ego e a cidade de Roma,
uma entidade onde nada do que outrora surgiu desapareceu e onde todas as fases
anteriores de desenvolvimento continuam a existir, paralelamente à última. Mas afirma
que em uma entidade psíquica o mesmo espaço não pode ter dois conteúdos diferentes.
Outra objeção é supor que na vida mental tudo continua intacto, isto é
impossível, porque teria que desconsiderar possíveis alterações nos tecidos cerebrais.
Exemplo para se entender isto são as fases do desenvolvimento, onde as primeiras já
não se acham preservadas; foram absorvidas pelas posteriores, às quais forneceram o
material. Na mente é possível a preservação de todas as etapas anteriores. A partir desta
preservação, pode-se dizer que o sentimento oceânico tem suas origens na fase primitiva
do sentimento do ego. Surge então uma questão: que direito tem esse sentimento de ser
considerado como a fonte das necessidades religiosas.
Este direito não é obrigatório, pois um sentimento só será fonte de energia se ele
próprio for expressão de uma necessidade intensa. Segundo Freud (ano) o sentimento
oceânico se tenha vinculado à religião posteriormente, como se configurasse uma outra
maneira de rejeitar o perigo que o ego reconhece a ameaçá-lo a partir do mundo externo.
No segundo capítulo Freud compara sistema de doutrinas e promessas. Para
estes existe uma Providência cuidadosa que cuidará da sua vida e o compensará, numa
existência futura, de quaisquer frustrações que tenha experimentado aqui. Essa
Providência aparece sob a figura de um pai engrandecido.
A vida é árdua demais , sofremos muito, nos decepcionamos e nos impõe tarefas
impossíveis. Para suportá-la, não podemos dispensar as medidas paliativas. Freud (ano)
apresenta, então, três medidas paliativas mediante as dificuldades da vida: derivativos
poderosos, que nos fazem extrair luz de nossa desgraça; satisfações substitutivas que a
diminuem; e substâncias tóxicas, que nos tornam insensíveis e ela. Só a religião é capaz
de resolver a questão do propósito da vida.
As pessoas se esforçam para obter felicidade e permanecerem nela. Existem aí
dois aspectos: uma meta positiva e uma meta negativa. Por um lado, visa uma ausência
de sofrimento e de desprazer; por outro, à experiência de sentimentos de prazer. Assim,
percebe-se que o que decide o propósito da vida é o princípio do prazer. Mas é
impossível chegar até um prazer, porque todas as normas do universo lhes são
contrárias. O que chamamos de felicidade provém da satisfação de necessidades
represadas em alto grau, sendo, por sua natureza uma manifestação episódica.
As possibilidades de felicidade sempre são restringidas por nossa própria constituição. É
mais comum experimentar da infelicidade. Freud (ano) acrescenta:
o sofrimento nos ameaça a partir de três direções: de nosso
próprio corpo, condenado à decadência e à dissolução, e que
nem mesmo pode dispensar o sofrimento e a ansiedade como
sinais de advertência; do mundo externo, que pode voltar-se
contra nós com forças de destruição esmagadoras e impiedosas;
e, finalmente, de nossos relacionamentos com os outros homens.
O sofrimento que provém dessa última fonte talvez nos seja
mais penoso do que qualquer outro. (p. 9)
Diante dessas possibilidades de sofrimento, os se acostumaram a moderar sua
felicidade, da mesma forma, pode-se dizer que sob inflênciado mundo externo o
princípio do prazer se tornou no mais modesto princípio da realidade. O homem
considera ser feliz apenas como escapar à infelicidade, ou ainda sobreviver ao
sofrimento. (FREUD, ano).
Há caminhos diferentes para esta tarefa de encontrar a felicidade. Uma satisfação
ilimitada de todas as necessidades é uma maneira tentadora de conduzir nossas vidas,
porém, colocar o gozo antes da cautela, acarretar seu próprio castigo. Existem os outros
métodos que o intuito é fugir do desprazer. A defesa mais imediata contra o sofrimento
é o isolamento voluntário, e achar que por si só dá conta de resolver o problema
sozinho, porém a única felicidade possível com este método é a felicidade da quietude.
Há outro caminho, que é se tornar membro da sociedade humana, onde se trabalha com
todos e para o bem de todos.
Freud (ano) coloca que todo sofrimento é sensação, e somente existe na medida
que o sentimentos, e só o sentiremos como conseqüência de certos modos pelos quais
nosso organismo está regulado.
Um método usado para se afastar do sofrimento é a intoxicação, pois ela produz
um grau desejado de independência do mundo externo, funciona como um amortecedor
de preocupações, afastando da pressão da realidade e encontrar refúgio no mundo
próprio.
Há inúmeras outras influências. Da mesma maneira que a satisfação do instinto
equivale para nós à felicidade, também um grave sofrimento surge em nós, caso o
mundo externo se recuse a satisfazer nossas necessidades. Podemos ter esperanças de
nos libertarmos de uma parte de nossos sofrimentos, agindo sobre os impulsos
instintivos. Esse tipo de defesa contra o sofrimento está ligado ao aparelho sensorial,
que procura dominar as fontes internas de nossas necessidades.
Outra técnica para afastar o sofrimento reside no emprego dos deslocamentos de
libido. Consiste em reorientar os objetivos instintivos de maneira que elucidam a
frustração do mundo externo. Para isso, ela conta com a sublimação dos instintos. Ex: a
alegria do artista em criar, dar forma as suas fantasias. Mas este método não é
seguramente aplicável e acessível a todos. A arte não faz mais do que ocasionar um
afastamento passageiro das pressões das necessidades vitais, não sendo suficientemente
forte para nos levar a esquecer da aflição real.
Freud, no capítulo cinco, expõe que a civilização exige sacrifícios que é natural no
desenvolvimento. As frustrações da vida sexual são aquelas que as pessoas neuróticas
não podem tolerar.
“O neurótico cria em seus sintomas satisfações substitutivas para si, e estas
ou lhe causam sofrimento em si próprias, ou se lhe tornam fontes de
sofrimento pela criação de dificuldades em seus relacionamentos com o meio
ambiente e a sociedade a que pertence.” (p. 26)