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Sistema de Tratamento de Água

Discentes: Alicia Vitória e Sophia Hellen

 Estação de Tratamento:
As Estações Públicas de Tratamento de Água (ETAs), em breve resumo, são
projetadas para converter a água bruta coletada na fonte (superficial ou
subterrânea) onde, normalmente são impróprios para consumo humano, em água
potável. O ciclo completo do ETA - inclusive um dos mais usados no nosso país -
consiste nas etapas de coagulação, floculação, decantação, filtração e desinfecção,
por último seguindo para a rede de distribuição. Em algumas instalações a
fragmentação é trocada por flotação. ETA é o principal responsável pela
clarificação da água e remoção de cor, turbidez e germes.
 Etapa de Coagulação:
A coagulação é passo inicial dentre as etapas. A água sem tratamento,
recebe o elemento coagulante para começar a junção e desestabilização de
suspensões coloidais de porções sólidas. Esta é uma operação unitária que visa
obter o maior grau de homogeneização possível de dois ou mais compostos, de
modo que as taxas de reação ocorram uniformemente ao longo do volume
considerado. Esse processo ocorre por meio de mistura rápida, que busca uma
distribuição uniforme dos coagulantes na água, de modo que todas as partículas
tenham contato com os sais de ferro e alumínio ou com os polímeros. Nesta fase,
as impurezas na água encontram-se de duas formas: dissolvidas ou em suspensão.
As suspensões podem ser espessas, fáceis de flutuar ou decantar, como no caso de
folhas e restos vegetais; fino, representado por turbidez e bactérias; e coloidais,
como emulsões (CO2), ferro e manganês oxidado. As impurezas dissolvidas são sais
de cálcio e magnésio, ferro e manganês não oxidado.
Sendo resultado de dois fenômenos, o químico e o físico, a coagulação no
químico consiste tanto nas reações da água com o coagulante quanto na formação
de espécies hidrolisadas com carga positiva, na qual depende da concentração do
metal e pH final da mistura. Já o físico, vai ser responsável por transportar as
espécies hidrolisadas, para que, dessa forma haja contato entre as impurezas
presentes na água. Os seis tipos de coagulantes mais usados são: Sulfato de
alumínio, Policloreto de alumínio, Sulfato ferroso, Sulfato ferroso clorato, Sulfato
férrico, Cloreto férrico. O processo de coagulação apresenta alguns mecanismos,
sendo eles:
1. Mecanismo de dupla camada elétrica:
Este, de acordo com Williams, origina-se a partir da carga superficial junto ao
movimento Browniano, formada pelas cargas superficiais e pelos contra-íons que são
adsorvidos na partícula, dessa forma, neutralizando o meio em volta e mais próximo
da superfície.
2. Mecanismo de Adsorção e Neutralização de carga:
Para promover a neutralização das cargas das partículas, geralmente se utiliza
polímeros catiônicos e coagulantes inorgânicos, isso reduz a barreira energética que
impedi a formação de flocos estáveis. Porém, é importante salientar que o coagulante
utilizado deve apresentar carga adversa a partícula coloidal, portanto, é visível que a
adsorção contribui para a neutralização de cargas entre o coloide e o coagulante,
permitindo a aglutinação.
3. Mecanismo de Compressão da dupla camada:
Associa-se a elevada adição de um eletrólito qualquer, já que sua natureza não
interferirá no processo de neutralização das cargas. Após a adsorção do eletrólito, há
um aumento da densidade de cargas na camada difusa, isso faz com que ocorra uma
diminuição do diâmetro de influência das partículas, tendo assim a coagulação por
compressão de dupla camada.
4. Mecanismo de Adsorção e formação de pontes:
Neste quarto mecanismo acontece a utilização de polímeros de grandes cadeias
moleculares que atuam ligando a superfície da partícula à qual estão aderidos e outras
partículas. A sedimentação pode ter mais efetividade quando o mecanismo de pontes
entra em ação juntamente com o mecanismo citado de adsorção e neutralização de
cargas.
5. Mecanismo e Arraste ou varredura:
Por último, temos este mecanismo que está ligado a adição de altas
concentrações de coagulantes, proporcionando a obtenção de flocos maiores que tem
seu processo de sedimentação com maior facilidade quando se é comparado aos
flocos obtidos quando a coagulação realizada pelo mecanismo 2. No Brasil, o
coagulante mais utilizado é o sulfato de sulfato de alumínio.
 Etapa de Floculação:
O objetivo da floculação é que haja o condicionamento da água para a
formação dos flocos, onde aumentará o tamanho das partículas, mas não vai remover
as impurezas da água. O processo químico realizado na coagulação faz com que as
impurezas contidas na água possam se juntar, formando assim flocos na floculação.
A etapa de floculação deve ter entre três e cinco compartimentos dispostos e
deve ser distribuído em ordem decrescente de gradiente de velocidade, que vão ser
separados por espécies de cortinas, mas que serão interligados por aberturas
localizadas com finalidade de reduzir a chance de passagem direta da água de uma
abertura para outra.
A partir de cálculos que serão feitos com bastante precisão, é que vai ser
decidido as câmaras de passagem de água, já que as mesmas precisam de uma maior
atenção pois podem gerar ruptura nos flocos quando o gradiente de velocidade na
passagem for maior que o adicionado na câmara de floculação. Isso resultaria no
comprometimento do desempenho dos decantadores, tendo em vista que iria ocorrer
uma redução da velocidade de sedimentação pela diminuição do tamanho dos flocos.
Levando isso em conta, também é indicado observar da mesma maneira o canal que
vai conduzir a água do último processo de floculação até o início dos filtros, isso claro,
se for filtração direta.
Podemos provocar essa agitação, citada acima, de duas formas. Sendo elas:
I. A primeira é induzindo a água para que ela percorra uma passagem com
muitas mudanças de direção. Aqui se faz presença de floculadores hidráulicos,
que podem ser de vários tipos, como: chicana horizontal, chicana vertical,
Alabama e de meio poroso (o floculador de meio poroso não é utilizado no
Brasil);
II. Já a segunda, se dá devido à introdução de equipamentos mecânicos nos quais
são capazes de manter, de forma constante, a água em agitação. Nessa
segunda, temos os floculadores mecanizados, onde a energia usada é
fornecida através de agitadores que são acionados por sistema
eletromecânico, seus tipos mais encontrados são: eixo vertical e horizontal,
agitadores de paleta, agitadores tipo hélice e agitadores tipo turbina de fluxo
axial. No nosso país, os tipos de floculadores básicos mais utilizados são os que
faz uso das paletas, que giram em torno de um eixo, e os que empregam
turbinas ou hélices.
No fim da etapa de floculação, a água precisará ser conduzida para o
próximo procedimento – de decantação – onde vai serão retirados pela ação da
gravidade.
 Etapa de Decantação:
A decantação é a terceira etapa do tratamento da água, sendo ela um dos
meios mais simples e antigos de remoção dos sólidos presentes na água, de forma
geral, a decantação usa das forças gravitacionais para conseguir separar partículas
de densidade superior a da água, colocando-as em superfície de zona de depósito.
Durante o processo vamos ter a construção de unidades menores de
decantação, isso se dá devido aos processos decorridos anteriormente, pois a
coagulação e floculação permite obter partículas maiores e mais densas e assim
com maior velocidade de sedimentação. Falando da sedimentação, diferencia-se
dois tipos de partículas, sendo elas partículas discretas e floculentas. As floculentas
sofrem alteração de tamanho ou de forma durante a sedimentação, já as discretas,
se mantém sem alteração.
Citando o desempenho das unidades de decantação, são utilizadas fórmulas
matemáticas limitadas a partículas não-floculentas, dessa forma não há maneira de
prever com prazer o efeito da floculação que ocorre no processo de sedimentação.
O tipo mais comum de decantador no Brasil é o convencional, nesse a água
floculada é distribuída em todas as partes transversais retangular por meio de uma
cortina distribuidora, para que a partir disso seja percorrido toda a extensão do
decantador com velocidade baixa até que atinja a zona de saída e lá a água seja
recolhida através de calhas coletoras ou então canalizações perfuradas. Na entrada
do decantador existe um dispositivo usado para distribuir melhor a água, chamado
cortina de distribuição, sendo elas abertas em três fileiras para que favoreça a
dispersão do líquido, ou seja, é nesse local que acontece a zona de turbilhamento,
que precisa sempre ter o cuidado em observar e controlar a velocidade para que
não haja quebra dos flocos formados.
Há também um segundo tipo de decantador, nomeado de decantadores de
alta taxa. Sua vantagem está na taxa de aplicação dos decantadores tubulares,
onde são aproximadamente cinco vezes as taxas adotadas em decantadores
convencionais, assim o espaço físico que as ETAs ocupam pode ser reduzidas se
utilizados decantadores de alta taxa. No entanto, sua desvantagem se faz presente
na aplicação de produtos químicos que apresentam a necessidade de maior tempo
de contato, já que os decantadores desse tipo podem ser inadequados pois o
tempo de detenção dessa unidade é inferior a 60 minutos. Já o convencional chega
a variar entre 2 a 4 horas.
Em qualquer dos dois tipos, o lodo poderá ser retirado de forma manual ou
mecânica, tendo sua frequência variada a depender da concentração dos sólidos
suspensos na água.
Entrando no quesito eficiência dos decantadores, tudo vai girar em torno,
principalmente, do funcionamento das unidades de coagulação e de floculação,
pois com o mal funcionamento das mesmas a eficiência da decantação é
diminuída. Isso pode se dá a partir de problemas operacionais ou então quando há
uma baixa concentração de partículas na água bruta. A limpeza do decantador
também exerce influência sobre sua eficácia, dessa forma é indicado limpar
periodicamente, ficando sobre dependência de alguns fatores, como: quantidade
de coagulante que foi gasto, da regularidade da natureza da água e até mesmo da
estação do ano (em épocas de chuva, a limpeza deve ocorrer com mais
frequência).
Após esse processo que foi detalhado acima, a água é guiada para o
processo de filtração.

 Etapa de Filtração:
A filtração é um processo de separação sólido-líquido que envolve fenômenos físicos,
químicos e às vezes biológicos. Nesta etapa, a remoção de impurezas da água é
realizada através de um meio poroso. Esta pode ou não ser precedida pelas fases de
coagulação, floculação e decantação. Os filtros são classificados como lentos ou
rápidos, com base na taxa de transferência processada por unidade de área do filtro. O
filtro de baixa velocidade é recomendado no tratamento de água com baixo fluxo e
baixa turbidez. Neste caso, é dada preferência ao processo de biofiltração. Filtros de
alta velocidade são usados quando altas taxas de fluxo precisam ser manuseadas, ou
quando a água tem uma alta cor ou turbidez. Com este tipo de filtro o processo é
principalmente físico e químico. Assim, o tratamento químico prévio da água a ser
filtrada, que não é necessário para os filtros lentos (que, por sua vez, só são aplicados
nas fontes cuja água é de boa qualidade) é fundamental para os filtros rápidos. Devido
à crescente degradação dos mananciais e à alta demanda por área (a superfície
filtrante é 40-120 vezes maior que a dos filtros velozes), a aplicação de filtros lentos é
cada vez mais limitada, o que favorece o uso de filtros velozes.
Existem também algumas configurações em que os filtros podem ser divididos:
1. Filtração direta ascendente
Este tipo de filtro consiste em uma câmara com fundo falso sobre o qual é
colocada uma camada de suporte, seguida de uma camada filtrante de um
único material (geralmente areia). A água a ser filtrada flui de baixo para cima,
de baixo para cima, e é coletada na superfície por uma calha que também
coleta a água de lavagem.
2. Filtração direta descendente
Esse outro tipo de filtração contém as etapas iguais a FDA, no entanto, a
direção do FDD é de cima para baixo e no meio granular, já que os seus grãos
são menores. A principal vantagem do FDD sobre o FDA é sua capacidade de
produzir água filtrada de forma higiênica imediatamente após a lavagem dos
filtros. Não há mistura de água filtrada com o excesso de água que permanece
dentro do filtro. Além disso, este sistema permite maiores taxas de filtração
com uma menor taxa de declínio.
3. Filtração direta descendente com floculação
A floculação antes da filtragem no processo aumenta a eficiência. Isso ocorre
porque as partículas floculadas aumentam o tamanho dos materiais que são
filtrados e diminuem a perda de pressão no filtro. Os processos de floculação e
filtragem devem atender a critérios muito rigorosos para serem considerados
filtragem 'direta' ou 'descendente', dependendo assim da qualidade da água.
4. Dupla filtração
A água vai passar por dois filtros em sequência, que são associadas para poder
unir as particularidades de cada um em um único sistema, esse sistema de
dupla filtragem inclui um filtro ascendente e um descendente. O primeiro filtro,
o ascendente, é utilizado em um processo de primeira etapa. Posteriormente, o
efluente dos filtros deste primeiro estágio segue para o filtro descendente.
Etapa de Desinfecção:
A desinfecção elimina bactérias nocivas, vírus, protozoários e vermes da água. É
diferente da esterilização; enquanto a esterilização elimina todos os organismos vivos,
a desinfecção elimina apenas parte ou todo o grupo de bactérias patogênicas.
A desinfecção é fundamental porque não é possível confirmar a eliminação completa
dos microrganismos pelos processos comumente usados no tratamento da água. Entre
os tipos de desinfetantes mais utilizados, é possível citar o cloro, porque ele pode ser
encontrado em todos os 3 estados (líquido, sólido e gasoso), é fácil de aplicar, é barato
e não produz sabor e odor nas águas em dosagens comuns.
O cloro também pode agir de duas formas na água. A primeira como desinfetante para
acabar ou inativar os vírus e os microrganismos patogênicos. A segunda forma é como
oxidante de compostos inorgânicos e orgânicos que são encontrados na água. Os
compostos mais encontrados na ETAs são o dióxido de cloro, hipoclorito de sódio,
hipoclorito de cálcio e o cloro gasoso.
Dessalinização por osmose reversa e troca iônica:
1. Osmose reversa
A osmose reversa é usado para dessalinizar água marinha, água salobra e águas
subterrâneas ou superficiais. O processo começa separando um solvente em
uma solução não diluída e uma solução concentrada por osmose. A pressão
pode então ser aplicada no lado da solução concentrada; isso reverterá o fluxo
de água salgada e empurrará a solução salina para a região de salinidade mais
baixa. Para separar os sais da água, deve ser aplicada uma pressão positiva
maior que a pressão osmótica. É por isso que qualquer pressão aplicada
também deve superar a resistência da membrana, a resistência da zona de
concentração-polarização e a resistência interna do equipamento. Como as
membranas filtram os sais dissolvidos, as pressões operacionais são mais altas
que a pressão osmótica da solução. Essas membranas porosas sintéticas têm
poros pequenos que podem conter grandes quantidades de sal.
2. Troca iônica
O processo de dessalinização envolve a eliminação de íons presentes na água.
O processo é baseado no uso de resinas sintéticas de troca iônica. A resina pega
os sais dissolvidos na água através de uma reação química e se acumula dentro
dela. Por esse motivo, a resina precisa ser regenerada periodicamente com
ácido clorídrico e hidróxido de sódio para remover os sais incorporados,
permitindo que a resina seja utilizada em novos ciclos de produção e assim por
diante por muitos anos. As resinas de troca iônica são substâncias particuladas
insolúveis com grupos ácidos ou básicos em sua estrutura molecular capazes de
substituir cátions ou ânions previamente fixados nestes grupos por outros
cátions ou ânions presentes no afluente, promovendo assim a desejada
remoção. Durante este processo, o efluente não pode dissolver ou alterar
permanentemente a resina.

Essas resinas podem ser caracterizadas de acordo com os ânions e cátions


usados:
Resinas catiônicas de ácido forte funcionam em qualquer pH, separando todos
os sais, exigindo grandes quantidades de regenerante. Esta é a resina de
escolha para quase todas as aplicações de suavização da água.
As resinas catiónicas de ácido fraco são extremamente eficientes e não
requerem grandes quantidades de regenerante. Essas resinas têm uma
capacidade mais baixa de troca iônica devido a mudanças na vazão e baixa
temperatura.

As resinas de aniônicas de base forte são sais de amônio quaternário. Elas


podem ser separadas no Tipo 1 (com três grupos metil) e o Tipo 2 (com um
grupo etanol no lugar de um grupo metil).

As resinas aniônicas de base fraca podem ser usadas para adsorver ácidos
fortes com boa capacidade de adsorção, mas tem a cinética devagar. As resinas
quelantes são exigentes, mas raramente são usadas porque são caras e possui
a cinética lenta.

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