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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO

GRANDE DO NORTE
CAMPUS IPANGUAÇU
DIRETORIA ACADÊMICA
CURSO TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE
MODALIDADE INTEGRADA
DISCIPLINA: IMPACTOS AMBIENTAIS
PROFESSORA: SANDRA MARIA

SOPHIA HELLEN BATISTA DA CUNHA

RELATÓRIO VISITA A OLARIA, LIXÃO E CERÂMICA

IPANGUAÇU/RN
AGOSTO/2022
No dia 03 de agosto de 2022, a turma única de Meio Ambiente 4V, do IFRN
(Instituto Federal do Rio Grande do Norte) Campus Ipanguaçu, realizou uma
visita técnica a uma olaria, localizada no município de Assú/RN, assim como
também a Cerâmica Potiguar e ao lixão, estabelecidas na cidade de
Ipanguaçu/RN. A visita foi conduzida pela Prof.ª Sandra Maria e pelo Prof.
Assis Barbosa, que ministram as disciplinas de Impactos Ambientais e de
História, respectivamente.
A primeira parada que fizemos, foi na Olaria que fica situada próxima a ponte
Felipe Guerra. Lá é feito um trabalho manual de produção de tijolos artesanais
(também conhecidos como tijolos de poeira, devido à grande qualidade que é
encontrada na argila da região), que já existe há cerca de 20 anos. Foi possível
observar durante a visita, as condições precárias em que os trabalhadores
exerciam as suas atividades, já que o lugar era a céu aberto, não existia
nenhuma área para descanso e nem para fazer as suas necessidades
fisiológicas.
Próximo ao local, tinha um pequeno lago, bastante eutrofizado, de onde eles
usavam a água para a produção, sendo necessário fazer o uso de baldes para
carregá-la e executar essa mesma ação diversas vezes ao longo do dia.
Depois, eles precisavam extrair o barro e a argila do solo, amassar tudo isso,
moldar nos formatos dos tijolos, colocar no sol para secar, para só depois levar
ao forno para assar.
Além de ser um trabalho bastante pesado, os trabalhadores ainda recebem
muito pouco por todo o esforço que fazem, fora que não existe nenhuma
medida de segurança assegurada para eles. É necessário que o processo de
amassar o barro e argila, até formar uma liga, seja feito manualmente,
amassando com os próprios pés, sem poder usar nenhuma bota, luva ou algo
para se proteger, visto que essas coisas acabariam ficando presas no barro e
dificultaria ainda mais o trabalho. Futuramente isso faz com que essas pessoas
acabem contraindo doenças, assim como germes, dermatites e bactérias.

Forno da Olaria, feito com os próprios tijolos fabricados lá


Esse tipo de atividade, apesar de ser bem comum na nossa região, acaba
sendo bem prejudicial para o meio ambiente também, o solo acaba sendo
prejudicado quando a argila é retirada de maneira incorreta, gerando a erosão
do solo, assim como a degradação e a modificação da paisagem.
Outro problema enfrentado, é que esse tipo de serviço depende muitos das
condições climáticas, no dia da visita, por exemplo, o tempo estava chuvoso,
então acabou sendo um dia de trabalho perdido para eles e
consequentemente, eles perderam de ganhar o pouco que já recebem pelo dia.
O segundo lugar que fomos conhecer foi o lixão municipal da cidade de
Ipanguaçu, localizada na mesorregião Oeste Potiguar e na microrregião do
Vale do Açu, estado do Rio Grande do Norte, no Nordeste do Brasil. Tem uma
população de 15.759 pessoas que acabam produzindo todo tipo de resíduos
sólidos que são depositados em sua totalidade nesse local mais afastado da
região central da cidade.
Como foi explicado pela Prof.ª. Sandra, isso acontece devido à falta de
ferramentas legais que atendam as expectativas almejadas, onde a mesma é
sinalizada pela ausência de controle e fiscalização das tarefas que produzem
poluição de uma forma considerável, por parte dos órgãos responsáveis,
causando uma enorme degradação do Meio Ambiente.
O que coloca em risco a saúde e a vida dos habitantes, sobretudo dos
catadores, que tiram da dali o seu sustento diário. De acordo com as
informações dadas pelos professores, ali trabalham cerca de 10 famílias, que
todos os dias precisam se sujeitar a essas condições precárias, para poder
separar o lixo e catar latinhas e garrafas.
Mas esse tipo de prática, acaba afetando não só o bem-estar da população,
como também as situações estéticas e sanitárias do município, ocasionando
assim, diversos impactos ambientais. Exemplos disso são proliferação de
doenças, poluição visual, alteração na qualidade do solo, depreciação de
águas subterrâneas, contaminação do solo e da água pelo chorume, que é
produzido através da decomposição da matéria orgânica.

Lixão em Ipanguaçu/RN
E por último, fomos visitar a Cerâmica Potiguar, localizada na comunidade de
Pedrinhas, na cidade de Ipanguaçu/RN. Onde pudemos observar o processo
de produção de tijolos e todas as etapas que levam eles a ficarem prontos para
venda e para o uso.
O primeiro passo é a extração da argila, depois acontece o que eles chamam
de moagem, onde a argila é quebrada em partes menores, em seguida ela
passa por uma máquina onde ela é misturada com água, para depois ser
compactada, o que acaba transformando-a em partes mais densas, nessa
etapa também são eliminados qualquer pedaço de pedra ou madeira que
possa modificar ou ocasionar defeito nos tijolos.
Posteriormente, todas essa mistura é encaminhada para uma máquina em que
é feito o molde e o formato final do produto a ser produzido, para no final ele
passar pelo corte, onde existe uma esteira que encaminha toda uma coluna
que é cortada no tamanho ideal por um fio metálico. Por fim, os tijolos são
colocados para secar, o que acaba levando de 8 a 15 dias para acontecer,
depende muito do clima e da umidade. Todas essas etapas, apesar de terem
máquinas para fazer todo o processo, precisam sempre da supervisão de
algum funcionário. A produção de tijolos nessa cerâmica, foi estimada em cerca
de 40 mil a 45 mil por dia.
Logo depois formos conhecer o forno industrial onde eles são assados, que é
movido a pó de serraria ou a lenha, isso acaba impactando também na cor da
fumaça, que dependendo do material utilizado para fazer o forno funcionar, a
fumaça pode ser tanto branca, como no caso do uso do pó de serraria, ou
preta, quando é utilizado a lenha. Os tijolos ficam aproximadamente 36h ou 48h
dentro desse forno, até ficarem devidamente prontos.
Esse forno fica a uma temperatura média de 900 ºC, em que todas as suas
funções são controladas apenas por um painel, em que um dos funcionários
fica responsável por mexer. Esse forno é feito de fibra de vidro, um material
com um custo muito elevado, o que acaba fazendo a manutenção ser realizada
apenas quando algumas dessas placas já caiu ou foi muito danificada, e não a
cada dois anos, como é o recomendado. O último lugar que fomos levados
para ver na cerâmica, foi o forno a lenha, que acaba tendo uma capacidade
menor de suporte, o que
resulta em um processo mais
demorado.
Forno industrial da cerâmica

Forno a lenha da cerâmica

Em todo o momento foi possível perceber as péssimas condições de trabalho a


que esses funcionários são submetidos. Nenhum deles usava equipamentos de
segurança, como luvas, capacetes, óculos de proteção e eles ficavam todo
tempo expostos a diversos perigos, como risco de esmagamento, de sofrer
alguma pancada na cabeça devido os materiais que eram levados para as
máquinas, através de esteiras suspensas.
Além disso, o serviço era algo bastante pesado, exaustivo e repetitivo. Alguns
funcionários precisavam aprender como mexer nos equipamentos sozinhos,
somente observando o que era feito, sem ter nenhum curso capacitivo a cada
nova contratação e eles mesmos que faziam a manutenção quando alguma
máquina quebrava ou era necessário substituir peças. Os funcionários também
eram expostos a um calor intenso e a altas temperaturas, na hora de alimentar
os fornos e conferir se estava tudo certo.
Com isso podemos concluir que, apesar de no universo da atividade industrial,
a atividade ceramista ser de grande importância para a economia da nossa
região e gerar muitos empregos, também podem ser encontrados diversos
problemas nessa prática. Um dos principais, são os impactos ambientais que
essas operações ocasionam.
A retirada da argila como matéria-prima provoca alterações intensas no lugar
onde foi extraído esse recurso, como erosão e modificação da paisagem.
Também ocorre o aumento da poluição atmosférica, devido os gases emitidos
pelas chaminés das cerâmicas, gerando também muito problemas respiratórios
para os trabalhadores daquele local e para a população próxima. A
temperatura local também aumenta, assim como a produção de diversos
resíduos.

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