Você está na página 1de 5

1.

Introdução
A primeira evidência do vidro na história foi encontrada no Egito Antigo, em
torno de 2000 a.C., em um amuleto pertencente ao faraó da 11ª dinastia, Antef II.
Com isso, o vidro está presente na vida do ser humano há mais de 4 mil anos.
Porém, a garrafa de vidro foi produzida só muitos anos depois, sendo encontrada a
primeira vez em 1600 para armazenagem de vinho. Ainda assim, há um grande
espaço de tempo até os dias de hoje, no qual as técnicas foram se aperfeiçoando
até chegar nas produção industrial que observa-se atualmente.
Nos dias atuais, a garrafa de vidro é muito utilizada para armazenar
principalmente bebidas fermentadas, como o vinho e a cerveja, por ser eficiente em
manter o sabor e aroma. Além disso, é uma ótima alternativa para o plástico, que
vem se tornando um problema ambiental de grandes proporções, já que o vidro
pode ser reciclado diversas vezes.
O objetivo do presente trabalho é abordar uma introdução à classe dos
cerâmicos, no qual o vidro está inserido; abordar as propriedades do vidro e, mais
especificamente, da garrafa de vidro; e, por fim, seu processo de produção.

2. Introdução aos cerâmicos:


A cerâmica é uma técnica utilizada pelo homem desde o período Neolítico, ou
seja, milhares de anos antes da Era Cristã, representando a indústria mais antiga.
Vasos para utensílios, esculturas e objetos decorativos são alguns dos produtos que
os nossos ancestrais produziam através da cerâmica. Assim, consegue-se observar
a grande importância dessa técnica desde a pré história.
Os materiais cerâmicos são especiais por suas propriedades. Eles possuem
um alto ponto de fusão, baixa condutividade térmica e elétrica e podem sofrer altas
forças de compressão. Além disso, ele é um material duro, facilmente quebrado.
Possui uma estabilidade química e térmica boa.
Além disso, os materiais cerâmicos são formados por ligados iônicos e/ou
covalentes, podendo haver uma combinação delas e são constituídos por elementos
metálicos e não-metálicos. Os produtos cerâmicos tem ampla área de utilização, tais
como: setor automotivo, setor eletrônico, na construção civil, na construção
aeroespacial, etc.
Quando se refere a nível industrial, existem duas importantes classificações
para a cerâmica: a Cerâmica Tradicional e a Cerâmica Avançada.

2.1 Cerâmica Tradicional


A Cerâmica tradicional é aquela feita pelos nossos ancestrais. As principais
matérias primas utilizadas são: Argila de bola, argila da China, feldspato, sílica,
dolomita, talco, calcita e nefelina. Nesse tipo de produção, não há necessidade de
satisfazer propriedades específicas, o que também caracteriza seu processo de
produção como barato. Além disso, cada um dos materiais contribui com uma
propriedade, por isso deve-se misturá-los de forma consciente para obter o produto
final desejado.
A preparação do pó é muito importante para a indústria cerâmica tradicional,
tendo cuidado com as propriedades, como área de superfície, tamanho e
distribuição de partículas, formato da partícula, densidade. Já com a pureza não há
uma grande preocupação, já que os produtos finais não necessitam de propriedades
muito específicas, como mencionado anteriormente. Ademais, não existe um
controle rígido sobre as matérias primas e controles processuais.
São exemplos de produtos finais feitos a partir dessa técnica: vidros,
produtos de argila (porcelana, isolantes elétricos e térmicos), refratários (argila
refratária, tijolo, utilizados em fornos industriais, por exemplo) e abrasivos (lixas para
desgastar ou polir materiais).

2.2 Cerâmica Avançada


Já a indústria de cerâmica avançada é utilizada naqueles casos em que há
grande especificidade no produto final, ou seja, ele necessita ter propriedades
específicas para a função para a qual é designado. Ela é uma das que mais cresce
em diversas partes do mundo, como nos EUA, gerando uma receita de mais de 13
bilhões de dólares.
Por exemplo, presencia-se atualmente a corrida espacial, no qual diversas
empresas do setor aeroespacial estão produzindo foguetes para levar o homem ao
espaço e explorar cada vez mais o universo. No lançamento deste foguete, tem-se
uma grande queima do gás combustível para elevá-lo até certo ponto, o que faz
com que a parte inferior do transporte fique a uma alta temperatura Esse calor não
pode ser transferido para o restante do foguete, já que se tem equipamentos e
pessoas que serão prejudicadas com isso. Assim, um material cerâmico pode ser
usado para isolar o calor naquela parte, porém não pode ser uma peça de argila,
por exemplo. Necessita-se de um material resistente, que se encaixe bem com o
restante dos equipamentos, que suporte a alta temperatura, assim por diante. É aqui
que a indústria de cerâmica avançada entra.
Duas matérias primas comuns nessa área são: alumina, um material que
possui alta rigidez e resistência, baixa retenção de calor e alto ponto de fusão; e o
dióxido de zircônio, material que possui alto isolamento térmico, alta resistência a
fraturas e propagação de fendas e alta expansão térmica, muito semelhante ao do
aço, o que o faz um material ideal para ser utilizado em conjunto com este último.
A cerâmica avançada tem aplicações elétricas, eletrônicas, ópticas e
magnéticas, dependendo da necessidade. Um exemplo é o titânio de bário (BaTiO 3),
que tem uma propriedade chamada ferroeletricidade, na qual em uma das
extremidades do material há uma polarização espontânea e na outra uma
reorientação dessa polarização, também de forma espontânea, o que é muito útil
em bombas, sensores, sonares, etc.
Como mencionado anteriormente, nessa divisão, trabalha-se com
propriedades específicas e, por isso, há uma grande preocupação com a
preparação do pó e sua pureza. Uma pureza mediana e uma preparação do pó
descuidada pode resultar em um produto de baixa qualidade, que é o contrário do
que se quer.
Pelo fato de que ter uma matéria prima com alta pureza é essencial, muitas
vezes opta-se pelo caminho de obtê-la através de uma reação, ao invés de extraí-la
do ambiente. Isso porque o alto grau de pureza exigido refletiria em um processo de
purificação rigoroso e caro. Ainda assim, a indústria de cerâmica avançada no geral
tem um alto custo de produção devido às técnicas avançadas utilizadas e a
necessidade de um controle rígido sobre o processo.
Os cerâmicos avançados são utilizados em diversas áreas e suas aplicações
são:
● Indústria eletrônica e elétrica: sensores, bombas, microfones;
● Indústria Magnética: antenas, indutores;
● Indústria de Biocerâmicos: implantes dentários, substituição de ossos;
● Indústria Aeroespacial: partes de turbinas;
● Cerâmicos refratários: concreto de alto desempenho.

Processo de Produção
O processo de produção da garrafa de vidro se inicia no misturador, no qual
as matérias-primas do processo são misturadas. Uma sugestão de composição do
vidro é 72% de areia, 14% de sódio, 9% de cálcio e 4% de magnésio. Nessa fase,
também é adicionado o vidro reciclado, que é anteriormente triturado e devolvido
para o início da cadeia. Além disso, é necessário retirar impurezas que estão nas
matérias primas, o que também é feito no misturador.
Em seguida, a mistura é levada para um forno industrial que opera a cerca de
1600 ºC, aquecendo a composição o suficiente para fundir e torná-la um líquido
viscoso. Assim que esse estado é atingido, o líquido é cortado em gota e colocado
em um molde, o qual está no formato requerido da garrafa. Com isso, para fazer
com que o vidro seja moldado, um sopro de ar comprimido é jogado para dentro do
molde, fazendo com que o líquido viscoso se expanda até a superfície do molde e
fique oco.
Com isso, a garrafa já moldada é resfriada a temperatura ambiente
rapidamente. Em seguida, podem ser adicionados os corantes que são necessários.
Por causa da velocidade de resfriamento, cria-se muitas tensões na composição do
vidro das garrafas, tornando-a mais frágil ao impacto. Para corrigir isso, é
necessário transportá-la para uma fase de recozimento, na qual ela é aquecida
novamente. Esse processo é essencial, principalmente quando se trabalha com um
alto teor de vidro reciclado, pois torna o material mais resistente a impacto.
Com as garrafas a altas temperaturas novamente, é necessário resfriá-las.
Então, elas são transportadas a uma câmara com vapor de água. Além da
diminuição de temperatura, essa etapa garante o alisamento do vidro. Após isso, o
produto é levado a um scanner ou raio-X, que detectam possíveis falhas nas
garrafas.
Além disso, ainda para fins de controle de qualidade, um funcionário
inspeciona algumas amostras para verificar a qualidade do material, propriedades,
espessura e possíveis defeitos. As garrafas defeituosas são removidas do processo
para serem trituradas e reiniciarem o ciclo. As que não apresentam defeito finalizam
seu ciclo, sendo direcionadas para o envasamento e distribuição.
Na Figura 1 abaixo, pode-se observar o fluxograma do processo:

Figura 1: Fluxograma da Produção do Vidro

Fonte: Autores, 2021

Reciclagem do Vidro
Um tópico válido a ser comentado é acerca da reciclagem do vidro.
Teoricamente, esse material pode ser completamente reciclado, ou seja, 1 kg de
vidro reciclado pode virar 1 kg de garrafas novas, além de conseguir reingressar no
ciclo infinitas vezes. Uma vez que a garrafa volta para a empresa, ela é triturada e
inicia o processo junto com a mistura.
Na prática, menciona-se que o vidro pode ser reciclado cerca de 20 a 40
vezes, variando de processo para processo. Isso porque, conforme cada
reciclagem, o material vai se tornando cada vez mais impuro e, portanto, mais frágil,
prejudicando a qualidade do produto final caso continue a ser usado para futuros
processos.
Ainda assim, estima-se que a reciclagem proporciona 90% de economia de
energia em relação ao vidro feito através da matéria prima, além de reduzir a
emissão de gás carbônico e particulados. Ou seja, é um material que substitui o
plástico, tem grande capacidade de reutilização e polui menos, traduzindo-se em um
grande aliado para a redução de lixo - principalmente plástico.
Atualmente, estima-se que cerca de 40% do vidro produzido no Brasil é
reciclado. Embora pareça um número animador, mais de 470 mil toneladas de
embalagens de vidro são enviadas aos aterros sanitários anualmente no país,
levando cerca de 5 mil anos para se decompor. Por isso, nota-se que há a
necessidade de aumentar essa porcentagem, visto que a indústria, o meio ambiente
e os aterros sanitários seriam beneficiados com isso.

Referencias:
https://www.eba.ufmg.br/alunos/kurtnavigator/arteartesanato/origem.html
http://www.engmateriais.deg.ufla.br/index.php/materiais_ceramicos/
https://www.hydro.com/pt-BR/aluminium/products/bauxita-e-alumina/alumina/
https://www.ceramtec.com.br/materiais-ceramicos/zirconio-oxido/
https://www.mecanicaindustrial.com.br/materiais-ceramicos-e-seus-usos/
http://felipeb.com/unipampa/aulas/im/CAP01.pdf
https://exame.com/negocios/como-a-ambev-faz-garrafas-de-vidro-e-as-reusa-ate-
20-vezes/
https://www.divinalvidros.com.br/blog/como-e-feito-o-vidro-fabricacao
https://abividro.org.br/beneficios-da-reciclagem-do-vidro/
https://www.vgresiduos.com.br/blog/como-a-reciclagem-de-embalagens-de-vidro-
pode-ampliar-seu-negocio/
https://revistaadega.uol.com.br/artigo/historia-da-garrafa-de-vidro_2932.html

Você também pode gostar