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O Auto da Barca do Inferno é uma obra de dramaturgia que foi escrita em 1517 pelo
escritor humanista português Gil Vicente.
Essa peça é uma das mais emblemáticas do dramaturgo, considerado o “pai do teatro
português”.
Foi encenada em 1531 e faz parte da Trilogia das Barcas, ao lado do Auto da Barca
do Purgatório e o Auto da Barca da Glória.
Nota: A palavra “auto” é um gênero que surgiu na Idade Média. Cujo são textos
curtos de temática cômica e geralmente formados por um único ato.
A cena passa-se num porto e portanto, um dos barcos vai em direção ao céu, e
outro para o inferno.
A maioria dos personagens vão para a barca do inferno. Durante suas vidas não
seguiram o caminho de Deus, foram trapaceiros, avarentos, interesseiros e
cometeram diversos pecados.
Por outro lado, quem seguia os preceitos de Deus e viveu de maneira simples vai
para a barca de Deus. São eles: Joane, o parvo, e os quatro cavaleiros.
Pelo destino das almas de alguns personagens, a obra satiriza o juízo final do
catolicismo, além da sociedade portuguesa do século XVI (16).
Além disso, cada personagem possui uma simbologia associada à falsidade, ambição,
corrupção, avareza, mentira, hipocrisia, etc.
Personagens e os seus pecados
Cena V – O Sapateiro
Personagem / Classe social
Sapateiro/ povo
Elementos / Simbologia
- Avental / formas dos sapatos – simboliza a sua profissão e os seus pecados
Percurso cénico
Cais – Barca do Diabo – Barca do Anjo – Barca do Diabo
Caracterização psicológica
- Mentiroso
- Ladrão
- Falso religioso
- Malcriado
- Hipócrita
- Trocista
Acusações
- Roubou o povo
- É mentiroso
- Não viveu honestamente
- Foi excomungado
Argumentos de defesa
- Morreu confessado e comungado
- Ouviu muitas missas
- Deu esmolas à igreja
- Assistiu à hora dos finados
Destino
Inferno
Intenção crítica
Gil Vicente pretende:
- Denunciar a exploração dos indivíduos da mesma classe
- A hipocrisia daqueles que praticam, sem fé, os diferentes actos religiosos.
Cena VI – O Frade
Personagem / Classe social
Frade/ clero
Elementos / Simbologia
- Broquel/ capacete/ espada – simboliza o apego aos prazeres e vícios mundanos -
Hábito – Condição sacerdotal (classe social – clero)
- Florença – quebra dos votos de castidade, a sua imoralidade e infidelidade a Deus
Percurso cénico
Cais – Barca do Diabo – Barca do Anjo – Barca do Diabo
Caracterização psicológica
- Alegre
- Bem-disposto
- Convencido
- Vaidoso
- Exibicionista
- Namoradeiro
- Infiel a Deus
- Mundano
Acusações
- Não cumpriu na totalidade as leis religiosas
- Quebrou os votos de castidade ao folgar com uma mulher
- Dedicava-se aos prazeres mundanos
Argumentos de defesa
- Rezou muitos salmos - (“Este hábito não me vale”)
- Dizia que foi muito importante
- Era bom esgrimista
Destino
Inferno
Intenção crítica
Gil Vicente pretende:
- Criticar os membros do clero que não viviam em conformidade com os preceitos
religiosos/ cristãos
- Denunciar a contradição entre os actos praticados e os valores morais que o clero
devia assumir.
Acusações
Não existem
Argumentos de defesa
Não existem
Destino
Céu
Intenção moralizadora
Gil Vicente pretende:
- Transmitir a ideia de que só é verdadeiramente salvo aquele que viver uma vida
dedicada a Cristo, desprendida de bens materiais