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RESUMO
O presente trabalho teve por objectivo o estudo de caracterização geométrica, material e
mecânica de paredes de alvenaria de pedra pertencentes a um edifício do início do séc. XX,
localizado no centro da cidade do Porto, que foi sujeito a obras de reabilitação. O
levantamento geométrico das paredes foi realizado mediante registo fotográfico, sendo
recolhidas amostras de material para análise em laboratório. Paralelamente, foi realizada
uma campanha de ensaios de compressão em laboratório em painéis de parede extraídos de
um elemento a demolir, de modo a estimar a capacidade resistente e a deformabilidade
destas alvenarias. Na tentativa de avaliar a influência do preenchimento dos vazios internos,
foi injectada argamassa de cal compatível com a original numa das paredes previamente
ensaiadas à compressão em fase elástica, levando-a posteriormente à rotura. Os resultados
deste ensaio foram devidamente analisados e comparados com os obtidos na parede no
estado original.
220
Zona
P C A V E vista a construção de modelos de parede
% % % % % representativos de casos reais.
E1 94.9 0.5 3.5 1.1 5.1
E2 93.9 2.6 2.3 1.2 6.1
D3 D2 D1
E3 91.8 3.8 4.0 0.4 8.2 C3 C2 C1
média 93.5 2.3 3.4 0.8 6.5
P-pedra, C-calços, A-argamassa, V-vazios e
E-enchimento (C+A+V)
202
220
227
vários painéis para posterior campanha
experimental, ambas localizadas no piso-1,
Fig. 10. A este nível, a parede da empena
esquerda caracteriza-se por um pano único
com 50 cm de espessura, as pedras a) b) c)
apresentam uma forma rectangular com
dimensão variável entre 50 e 90 cm, Fig. 11 – Levantamento geométrico da secção
transversal da parede da empena esquerda:
observando-se igualmente a ausência de a) D1, b) D2 e c) D3
material na zona interior da parede. A
parede interior caracteriza-se por uma
folha única com cerca de 40 cm de
espessura, apresentando uma distribuição
de vazios muito generalizada em altura,
232
228
236
90
87,9
encontrar paredes disponíveis para serem
81,7
80 ensaiadas, procedeu-se ao corte e
70
transporte para o laboratório de troços da
60
20
2,3
3,4
caracterização mecânica. A parede com
4,8 0,8
10
6,0
7,9
4,7
2,6
30 cm
cerca de 30 m de desenvolvimento foi
0 40 cm
% pedra
4,4
50 cm
seccionada em vários troços dando origem
% calços
% argamassa
% vazios
a quatro painéis de 1.20 m de largura (PP1
Fig. 13 – Evolução da percentagem de material a PP4) e a dois painéis de 1.60 m de
para diferentes espessuras de pano de parede largura (PG1 e PG2), ambos com 2.50 m
de altura e 0.40 m de espessura. Para tal,
recorreu-se a uma máquina de corte com
4 - CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS disco de serra diamantado que, após a
identificação dos troços a extrair, permitiu
Durante a fase de demolição da parede realizar os cortes necessários até ao nível
interior foram recolhidas amostras de da fundação, Fig. 14.
pedras para posterior caracterização
mecânica em laboratório. Foram extraídas
quinze carotes cilíndricas de seis pedras
devidamente identificadas, de modo a
avaliar a resistência à compressão e o
módulo de elasticidade. Estes ensaios
foram realizados na prensa do Laboratório
da Tecnologia do Betão e do
Comportamento Estrutural (LABEST), em
provetes secos mantidos nas condições
ambiente do laboratório. Em termos de Fig. 14 – Corte de troços de parede em obra
resistência à compressão obteve-se o valor
médio de 60.84 MPa e para o módulo de Por se tratar de troços de parede de
elasticidade o valor de 26 GPa. consideráveis dimensões situados num
Paralelamente, foram recolhidas piso abaixo do arruamento, foi necessário
amostras de argamassa com vista à estudar um sistema de confinamento que
caracterização química e mineralógica. Os permitisse a extracção, a elevação e o
ensaios foram realizados no laboratório do transporte para o laboratório em adequadas
Departamento de Engenharia Civil da condições de segurança. Efectivamente,
Universidade de Aveiro e compreenderam consistiu numa operação delicada que
a análise em dissolução ácida para a envolveu cuidados especiais durante a sua
definição do traço, a aplicação de execução. Foi solicitado apoio à empresa
Difracção de raios X (DRX) para a Mota-Engil na definição do sistema de
determinação da composição mineralógica acondicionamento e de transporte,
e a utilização de espectrometria de adoptando-se uma estrutura da Doka-
fluorescência de raios X (FRX) para a
Almeida C., Guedes J., Arêde A., Costa A.
E1 E2
T4 LVDT 01 (03)
F4 D5/400
E3 E4
Cel 4 (2)
1,00
Tensão (MPa)
0,75
0,50
0,25
0,00
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
Extensão (%0)
Fig. 19 – Padrão de fissuração do painel PP1 Fig. 20 – Diagrama σ-ε no ensaio do painel PP3
1,50
Pós-injecção Original
1,25
1,00
Tensão (MPa)
0,75
0,50
0,25
0,00
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
Extensão (% 0)
4,5
c/ confinamento
3,0
paramento único constituída por pedras de 2,5
s/ confinamento
1,0
da estrutura, tal como se pode observar na 0,5