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SUMÁRIO
VERBA 2.23 DA LISTA I DO CÓDIGO DO IVA – EMPREITADAS DE
REABILITAÇÃO URBANA
1. NOTAS INTRODUTÓRIAS
3. QUADRO LEGAL
Porém, ao realizar a busca, deparámo-nos com uma situação invulgar, que se prende com o
facto de, no corrente ano, até à data, ter sido publicada apenas uma informação vinculativa
versando sobre tais temáticas.
Note-se que, dando como exemplos os dois anos precedentes, em 2021 foram publicadas 79
informações vinculativas em sede de IVA e em 2020 foram publicadas mais 114, daí a nossa
surpresa, até porque, em regra, se trata precisamente da área tributária em que as
informações vinculativas (publicadas) são mais abundantes.
A referida ficha doutrinária (única publicada em 2022) versa sobre a verba 2.23 da Lista I do
Código do IVA, a qual prevê a aplicação da taxa reduzida do IVA (de 6%) às denominadas
“empreitadas de reabilitação urbana”, matéria com a qual nos temos deparado com alguma
frequência e relativamente à qual se suscitam várias dúvidas.
Tratando-se de um assunto relevante, pelas razões invocadas mais adiante, optou-se, então,
por centrar a presente newsletter na análise do mesmo, abordando-se, designadamente, a
informação vinculativa acima referida.
Estávamos convictos que, colocando o filtro “Visualização por verbas das Listas I e II anexas
ao CIVA”, iríamos encontrar várias fichas doutrinárias associadas à referida verba 2.23, uma
vez que já anteriormente havíamos efetuado tal consulta, tendo-se obtido vários resultados.
Todavia, verificou-se que atualmente não consta no Portal das Finanças nenhuma informação
vinculativa associada à verba 2.23, concluindo-se que as mesmas, inexplicavelmente, haviam
sido retiradas, algo que terá sucedido recentemente (a lista passa diretamente da verba 2.22
para a verba 2.25).
Ainda assim, uma vez que havia sido publicada a informação vinculativa referida inicialmente
(obtida através do filtro “Visualização por data de disponibilização”), tentou-se perceber em
que local é que a mesma se encontrava, concluindo-se que a mesma aparece associada ao
art.º 18.º do Código do IVA, relacionado com as taxas (filtro “Visualização por artigos do
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CIVA”), aparecendo misturada entre muitíssimas outras (associadas ao art.º 18.º constam
atualmente 568 informações vinculativas publicadas, aparecendo esta na posição 249).
Perante tal constatação, dentro do separador “art.º 18.º”, efetuou-se uma busca de outras
fichas doutrinárias sobre o tema em apreço, tendo-se constatado existirem mais 20, para
além daquela (acresce mais uma que aparece associada ao “art.º 36.º), sem prejuízo de aí
não constarem aquelas que anteriormente apareciam no separador “verba 2.23”.
Desde logo, cumpre assinalar que se está perante a possibilidade de se poder aplicar a taxa
reduzida do IVA, de 6%, a determinadas empreitadas relacionadas com bens imóveis, o que
representa uma redução no preço da empreitada, face à taxa normal de 23%, de 17 pontos
percentuais, o que é bastante significativo, especialmente quando o dono da obra é um
consumidor final ou um sujeito passivo sem direito à dedução (porque constrói para venda ou
porque vai destinar os imóveis a arrendamento). Acresce que, ainda que se trate de sujeitos
passivos com direito à dedução, a redução de taxa permitirá minimizar o impacto da
imposição de posteriores regularizações, caso o imóvel seja posteriormente afeto a atividades
isentas durante o período de regularização (de 20 anos).
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começando pela origem, ou seja, pela sua redação inicial (começou por ser a verba 2.21).
Seguidamente, serão citadas algumas normas do RJRU, terminando-se com o Código Civil,
na parte em que define o que se entende por contrato de empreitada.
Por sua vez, no ponto 4 consta uma lista com as (22) informações vinculativas que atualmente
estão disponíveis no Portal das Finanças (associadas ao art.º 18.º, tal como anteriormente
referido), colocando-se, em seguida, uma outra lista com aquelas (8) que, apesar atualmente
não constarem (estavam associadas à verba 2.23), tivemos a oportunidade de obter em
resultado de pesquisas efetuadas anteriormente à sua remoção.
De notar que a aplicação, ou não, da taxa reduzida é algo que não tem de ser aferido apenas
pelo empreiteiro, prestador de serviços, na medida em que, verificados os respetivos
pressupostos, pode haver lugar à inversão do sujeito passivo (autoliquidação), aplicável aos
serviços de construção civil (alínea j) do n.º 1 do art.º 2.º do CIVA), caso em que a
responsabilidade pela liquidação do IVA, à taxa reduzida, ou não, incumbe ao próprio
adquirente.
Tratando-se de um tema importante e controverso, pensa-se que deveria merecer, por parte
da AT, uma abordagem diferente, mais abrangente, quiçá sob a forma de Ofício Circulado,
de modo a conferir maior segurança aos contribuintes, caminho este que, porventura, tendo
em conta a recente remoção de várias informações vinculativas versando sobre o tema,
poderá até estar a ser trilhado (?).
Para finalizar, cumpre salientar que os benefícios fiscais associados à reabilitação urbana
não se esgotam no âmbito IVA, destacando-se o disposto nos artigos 45.º (benefícios fiscais
em sede IMI e IMT) e 71.º (benefícios fiscais em sede IRC e IRS), ambos do Estatuto dos
Benefícios Fiscais, matérias não abordadas no presente documento.
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2. INFORMAÇÃO DO PORTAL DA HABITAÇÃO
A informação que aqui se apresenta foi retirada do site portaldahabitação.pt e pode ser obtida
em https://www.portaldahabitacao.pt/area-de-reabilitacao-urbana.
Segundo aí consta:
Por área de reabilitação urbana, designa-se a área territorialmente delimitada que, em virtude
da insuficiência, degradação ou obsolescência dos edifícios, das infraestruturas, dos
equipamentos de utilização coletiva e dos espaços urbanos e verdes de utilização coletiva,
designadamente no que se refere às suas condições de uso, solidez, segurança, estética ou
salubridade, justifique uma intervenção integrada, através de uma operação de reabilitação
urbana aprovada em instrumento próprio ou em plano de pormenor de reabilitação urbana.
O Regime Jurídico da Reabilitação Urbana foi precedido pela Lei do Orçamento do Estado
para 2009 que introduziu novos benefícios para a reabilitação urbana e estabeleceu a
possibilidade de delimitação das áreas de reabilitação para efeitos do Estatuto dos Benefícios
Fiscais.
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A propósito da grande proliferação de ARU em Portugal, sinal evidente da importância do
presente tema, devido à sua grande aplicabilidade prática, cumpre assinalar que, de acordo
com o site em referência, existem 275 municípios com ARU, totalizando 1323 ARU,
distribuídas de acordo com o quadro que a seguir se apresenta:
Verifica-se da imagem anterior que, apesar de existirem, conforme referido, 1323 ARU em
Portugal (7 das quais não estão ainda aprovadas/delimitadas), apenas estão aprovadas 445
ORU (Operações de Reabilitação Urbana), sendo certo que na redação da verba 2.23 apenas
consta “(…) realizadas em imóveis ou em espaços públicos localizados em áreas de
reabilitação urbana (…)”, apesar de, imediatamente antes da expressão citada, constar
também a expressão “Empreitadas de reabilitação urbana, tal como definida em diploma
específico (…)”.
Dando como exemplos 4 municípios do distrito de Braga, podemos constatar que existem
atualmente 4 ARU no município de Braga, 4 ARU no município de Barcelos, 4 ARU no
município de Famalicão e 16 ARU no município de Guimarães, conforme se passa a
discriminar:
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ü MUNICÍPIO DE VILA NOVA DE FAMALICÃO: ARU DA VILA DE JOANE, ARU DE
RIBA d'AVE E DO CENTRO DE OLIVEIRA S. MATEUS, ARU DO CENTRO URBANO
DE VILA NOVA DE FAMALICÃO e ARU DO EIXO BAIRRO-DELÃES.
Dando agora como exemplos 4 municípios do distrito de Viana do Castelo, conclui-se que
existem atualmente 11 ARU no município de Viana do Castelo, 2 ARU no município de Ponte
de Lima, 2 ARU no município de Valença e 6 ARU no município de Arcos de Valdevez, a
saber:
7
ARU DO AGLOMERADO URBANO DE SISTELO (PADRÃO), ARU DO
AGLOMERADO URBANO DE SISTELO (PORTO COVA), ARU DO AGLOMERADO
URBANO DE SOAJO e ARU DO CENTRO URBANO DE ARCOS DE VALDEVEZ. X6
Indo um pouco mais ao detalhe, e dando como exemplo a ARU DO CENTRO HISTÓRICO
DE BRAGA, consta no site em referência a seguinte informação:
A propósito do Edital que consta na parte final, está em causa a aprovação pela Assembleia
Municipal da prorrogação do prazo de vigência da Operação de Reabilitação Urbana do
Centro Histórico de Braga (ORU) e do Programa Estratégico do Centro Histórico de Braga
(PERU), por mais um ano.
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3. QUADRO LEGAL
Código do IVA
A redação atual da verba 2.23 da Lista I do Código do IVA foi dada pela LOE/2009 (Lei n.º
64-A/2008, de 31-12) e tem o seguinte teor:
A verba supracitada teve origem na anterior verba 2.21, aditada pelo DL n.º 418/99, de 21-
10, no uso da autorização legislativa concedida pela LOE/1999 (Lei n.º 87-B/98, de 31-12),
cuja redação originária era a seguinte:
A redação da verba 2.21 foi posteriormente alterada pela LOE/2000 (Lei n.º 3-B/2000, de 04-
04), passando a constar:
Através da Lei n.º 39/2005, de 24-06, procedeu-se a uma nova alteração, nos seguintes
termos:
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programas apoiados financeiramente pelo Instituto Nacional de Habitação.” (aditamento da
parte sublinhada.
Pouco tempo depois, através da LOE/2007 (Lei n.º 53-A/2006, de 29-12), procedeu-se a nova
alteração, conforme se passa a indicar:
Depreende-se que foi através da alteração anterior que a verba 2.21 se começou a aproximar
da redação atual da verba 2.23.
No ano seguinte, através da LOE/2008 (Lei n.º 67-A/2007, de 31-12), procedeu-se a nova
alteração, passando a constar:
“2.21 - As empreitadas de reabilitação urbana, tal como definida no artigo 1.º do Decreto-Lei
n.º 104/2004, de 7 de Maio, realizadas em imóveis ou em espaços públicos localizados em
áreas de reabilitação urbana (áreas críticas de recuperação e reconversão urbanística, zonas
de intervenção das sociedades de reabilitação urbana e outras) delimitadas nos termos
legais.”
Constata-se que, para além da eliminação de toda a parte inicial e da parte final da norma,
aperfeiçoou-se a redação, ficando já muito próxima da atual, com exceção da referência a
legislação entretanto revogada e de não constar o que atualmente consta na parte final (“(…)
ou no âmbito de operações de requalificação e reabilitação de reconhecido interesse público
nacional.”).
No mesmo ano em que entrou em vigor a Lei anterior, foi publicado o DL n.º 102/2008, de
20/06, através do qual, além do mais, se procedeu à renumeração do Código do IVA e do
RITI, à colocação de epígrafes nos artigos, à renumeração das Listas I e II, alterações que,
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pela sua magnitude (mais formal que substancial) obrigaram à republicação dos dois
diplomas (Código do IVA e RITI).
Finalmente, e tal como referido inicialmente, a redação atual da verba 2.23 foi dada pela
LOE/2009 (Lei n.º 64-A/2008, de 31-12), consistindo no seguinte:
“A reabilitação urbana assume-se hoje como uma componente indispensável da política das
cidades e da política de habitação, na medida em que nela convergem os objectivos de
requalificação e revitalização das cidades, em particular das suas áreas mais degradadas, e
de qualificação do parque habitacional, procurando-se um funcionamento globalmente mais
harmonioso e sustentável das cidades e a garantia, para todos, de uma habitação condigna.
(…)”
(…)
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b) 'Área de reabilitação urbana' a área territorialmente delimitada que, em virtude da
insuficiência, degradação ou obsolescência dos edifícios, das infraestruturas, dos
equipamentos de utilização coletiva e dos espaços urbanos e verdes de utilização coletiva,
designadamente no que se refere às suas condições de uso, solidez, segurança, estética ou
salubridade, justifique uma intervenção integrada, através de uma operação de reabilitação
urbana aprovada em instrumento próprio ou em plano de pormenor de reabilitação urbana;
(…)
(…)”
(…)”
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A propósito das alterações efetuadas ao diploma em apreço, cumpre destacar o aditamento
dos art.os 77.º-A e 77.º-B, alterações estas processadas pela Lei n.º 32/2012, de 14-08,
passando a transcrever-se parcialmente o disposto no art.º 77.º-A:
a) Cuja construção, legalmente existente, tenha sido concluída há pelo menos 30 anos; e
a) Preservar as fachadas principais do edifício com todos os seus elementos não dissonantes,
com possibilidade de novas aberturas de vãos ou modificação de vãos existentes ao nível do
piso térreo, nos termos previstos nas normas legais e regulamentares e nos instrumentos de
gestão territorial aplicáveis;
(…)”
Código Civil
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mais especificamente no respetivo Capítulo XII (Empreitada), composto por 5 Secções que
integram os artigos 1207.º a 1230.º.
“Empreitada é o contrato pelo qual uma das partes se obriga em relação à outra a realizar
certa obra, mediante um preço.”
Face à singela redação da norma supracitada, assumiria relevância densificar um pouco mais
o conceito, proceder-se a uma distinção deste tipo de contrato de outros que apresentam
traços comuns, bem como explicitar o que se entende por “obra”, conceito este que não
consta expressamente no Código Civil.
Naturalmente que tal abordagem extravasa o âmbito do presente documento, para além que
se trata de um assunto que vai muito para além dos conhecimentos do autor, remetendo-se
para a vastíssima doutrina e jurisprudência existente sobre o tema.
Não obstante, para que nem tudo fique por dizer, passa a citar-se parte do sumário do
Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, proferido no processo n.º 388/02, datado de 18-09-
2003 (recurso de revista em que o acórdão recorrido foi proferido pelo Tribunal da Relação
de Guimarães):
III - A obra que constitui elemento constitutivo prototípico da empreitada, e objecto desta,
tanto pode consistir na realização de uma coisa (corpórea) nova, como na modificação de
uma coisa existente, e, mesmo, na fabricação de qualquer outro produto, mediante prestação
de trabalho ou de serviços,
IV - Todavia, o trabalho exigível na empreitada não é devido enquanto tal mas apenas como
meio de realização da obra ou de produção do resultado que constitui o objecto nuclear da
prestação obrigacional.
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Por isso se compreende que esse trabalho não tenha de ser prestado pelo próprio empreiteiro
a título pessoal - salvo tratando-se de obra caracterizada à partida infungivelmente pela
personalidade do obrigado -, intervindo ele em regra no contrato na veste de agente
económico autónomo, inconfundível com a de um trabalhador subordinado, numa posição de
independência de ordens e instruções da contraparte inassimilável à posição do mandatário;
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4. LISTA DE INFORMAÇÕES VINCULATIVAS
Tal como referido no ponto 1, constam atualmente no Portal das Finanças 22 informações
vinculativas, inseridas, na sua esmagadora maioria, no art.º 18.º (filtro “Visualização por
artigos do CIVA”), conforme consta no quadro que seguidamente se apresenta:
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Notas/observações:
i) Estando identificado o n.º do processo (1.º coluna) e tendo em conta o elevadíssimo número de
informações vinculativas associadas ao art.º 18.º, a forma mais fácil de obter os documentos
listados é efetuar a busca através do filtro “Visualização por Número” (que corresponde ao N.º do
Processo), sendo de ressalvar que as 3 primeiras informações vinculativas deverão ser obtidas
através dos números 1899, 1902 e 2305, respetivamente, números estes que não correspondem
ao n.º dos processos (mencionados na listagem), mas sim ao n.º das informações vinculativas (que
não aparecem mencionados nos documentos).
ii) A referência ao art.º 36.º, n.º 1, alínea j) que consta na última coluna da 8.ª informação vinculativa
da listagem (Proc.º n.º 10048) é a que aparece no Portal das Finanças. Porém, tal referência está
incorreta, uma vez que tal norma nem sequer existe. Consultado o documento verifica-se que o
normativo aí referenciado é a “al. j) do n.º 1 do art. 2.º; n.º 13 do art. 36.º; verba 2.23 da lista I do
CIVA; DL n.º 21/2007, de 29/01”, concluindo-se que o n.º e a alínea referenciados pertencem ao
art.º 2.º e não ao art.º 36.º.
iii) O n.º do processo que aparece no Portal das Finanças associado à última informação vinculativa é
o n.º 22251, tratando-se de um erro, dado que o n.º do processo correto é o n.º 22521, tal como
consta na listagem e tal como consta também no ponto seguinte desta newsletter, dedicado à
análise desta informação vinculativa.
Pese embora atualmente não estejam publicadas Portal das Finanças, no quadro seguinte
figuram outras informações vinculativas relacionadas com o tema, as quais, anteriormente à
sua remoção, estavam associadas à verba 2.23 (“Visualização por verbas das Listas I e II
anexas ao CIVA”):
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5. INFORMAÇÃO VINCULATIVA – PROC.º n.º 22521, despacho de 11-01-2022
A Requerente, uma IPSS, pretende construir uma nova unidade, com as valências de
estrutura residencial para pessoas idosas e serviço de apoio ao domicílio e centro de dia,
através da reabilitação de uma moradia existente.
Estando o referido imóvel localizado numa área de reabilitação urbana (ARU), entende a
requerente que as intervenções efetuadas consubstanciam uma empreitada de reabilitação
urbana, devidamente certificada e licenciada pelo respetivo Município, incindindo sobre o
património urbanístico e imobiliário existente, que é mantido em parte substancial e
modernizado através da realização de obras de remodelação, concluindo, assim, que a
empreitada em causa está abrangida pela taxa reduzida de IVA, por enquadramento na verba
2.23 da Lista I, anexa ao Código do IVA.
Note-se, ainda, que a requerente junta ao pedido de informação vinculativa uma certidão
emitida pela Direção Municipal de Urbanismo, Ordenamento e Planeamento, do Município de
(...) onde se referia que o referido projeto "(…) consubstancia-se, sobretudo, num instrumento
de gestão urbanística que apresenta uma solução para a reabilitação urbana integrada, ao
nível do edificado e do espaço público envolvente, articulado com uma zona urbana de
significativa dimensão, com especial relevância nas dinâmicas socioeconómicas da cidade e
de todo o concelho de (…)",
Assim, conclui o Município, na referida certidão, que o prédio identificado se insere na Área
de Reabilitação Urbana de (...) Nascente, tendo, com esse pressuposto, considerado:
"(…) a mesma operação urbanística enquadrável na previsão da verba 2.23 da Lista I anexa
ao Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (…)".
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ii. Posição da AT
A AT começa por reproduzir a disposição legal que se encontra aqui em análise, a verba 2.23
da Lista I anexa ao CIVA, que determina que estão sujeitas à aplicação da taxa reduzida, a
que se refere a alínea a) do n.º 1 do art.º 18.º do mesmo Código, as "(e)mpreitadas de
reabilitação urbana, tal como definida em diploma específico, realizadas em imóveis ou em
espaços públicos localizados em áreas de reabilitação urbana (áreas críticas de recuperação
e reconversão urbanística, zonas de intervenção das sociedades de reabilitação urbana e
outras) delimitadas nos termos legais, ou no âmbito de operações de requalificação e
reabilitação de reconhecido interesse público nacional.".
Assim, para que haja um contrato de empreitada é essencial, portanto, que o mesmo tenha
por objeto a realização de uma obra, feita segundo determinadas condições, por um preço
previamente estipulado, um trabalho ajustado globalmente e não consoante o trabalho diário.
Interessava agora detalhar sobre o que se entende por “empreitada de reabilitação urbana,
tal como definido em diploma específico”, sendo que, para tal, devemos recorrer ao DL n.º
307/2009, de 23-10, que estabelece o "Regime Jurídico da Reabilitação Urbana" (RJRU).
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Para tal, reproduz três conceitos fundamentais a que alude o art.º 2.º do referido diploma,
mais concretamente os previstos nas alíneas b), h) e j), já citados no ponto 3, estando em
causa os conceitos de “Área de reabilitação urbana”, de “Operação de reabilitação urbana” e
de “Reabilitação urbana”, respetivamente.
Tomando ainda como referência o referido diploma, para o qual remete, recorde-se, a
redação da verba aqui em análise, a AT centra a sua atenção no seu art.º 7.º, já supra
retratado, quando este refere que a reabilitação urbana em áreas de reabilitação urbana é
promovida pelos municípios, resultando da aprovação:
Por sua vez, a aprovação da ORU deve conter a definição do tipo de operação de reabilitação
urbana, assim como a estratégia de reabilitação urbana ou o programa estratégico de
reabilitação urbana, consoante a operação de reabilitação urbana seja simples ou
sistemática, acrescentando-se que a cada ARU dever corresponder uma ORU.
Optamos, de seguida, por transcrever alguns parágrafos daquela ficha doutrinária que
suportam a conclusão que é posteriormente revelada:
“19. Tendo presentes estes conceitos, conclui-se que a delimitação da «área de reabilitação
urbana» é apenas uma das bases do Regime Jurídico da Reabilitação Urbana, sendo
complementada com as «operações de reabilitação urbana» que correspondem à
concretização do tipo de intervenções a realizar na área de reabilitação urbana. Ou seja, a
simples delimitação da área de reabilitação urbana não determina, por si só, que todas as
empreitadas que se realizem naquela área estão no âmbito deste regime jurídico. Na verdade,
tal interdependência resulta de todo o regime vertido no Decreto-lei n.º 307/2009, de 23 de
outubro (1), mas em particular, por exemplo, do seu artigo 15.º.
20. Com efeito, nos termos desta norma, que se reporta ao âmbito temporal da delimitação
da área de reabilitação urbana, sempre que a aprovação da delimitação de uma área de
reabilitação urbana não tenha lugar em simultâneo com a aprovação da operação de
reabilitação urbana a desenvolver nessa área, aquela delimitação caduca se, no prazo de
três anos, não for aprovada a correspondente operação de reabilitação.
20
21. Depreende-se, portanto, que o momento em que a delimitação da área de reabilitação
urbana fica consolidada é o momento em que ocorre a aprovação da operação de reabilitação
urbana.
22. Deve, por esse motivo, entender-se que apenas estão em causa empreitadas de
reabilitação urbana, quando as mesmas sejam realizadas no quadro de uma operação de
reabilitação urbana já aprovada.
(…)
25. Entender que o Decreto-lei n.º 307/2009, de 23 de outubro (1), se aplica, para efeitos da
verba 2.23 da Lista I anexa ao CIVA, apenas no que diz respeito à definição de «reabilitação
urbana» e à determinação da delimitação da área de reabilitação urbana é desconsiderar, no
seu conjunto, a parte inicial da verba, a qual refere especificamente que estão em causa
"empreitadas de reabilitação urbana, tal como definida em diploma específico".
Conclui a AT que não está em conformidade com o espírito do regime a qualificação de uma
empreitada como "empreitada de reabilitação urbana, tal como definida no diploma
específico" se a operação de reabilitação urbana não estiver aprovada, porque é, conforme
já mencionado, com a aprovação desta operação que se concretiza a intervenção integrada
sobre o tecido urbano.
Assim, caso a Câmara Municipal de (…) esteja em condições de certificar e certifique que,
nos termos do citado diploma legal, o projeto em referência:
Tal como já referido no ponto 3, a verba 2.23 da Lista I do Código do IVA foi aditada pela
LOE/2009 (Lei n.º 64-A/2008, de 31-12).
O tema da taxa reduzida de IVA aplicável na reabilitação urbana, por via da aplicação da
verba 2.23, tem sido controverso, justificando-se, a nosso ver, uma instrução administrativa
(sob a forma de Ofício Circulado da área de gestão tributária do IVA) que sistematize e
consolide o entendimento da AT sobre esta matéria.
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Não obstante, esta ficha doutrinária é, a nosso ver, aquela que trás uma análise mais
aprofundada e sólida sobre a questão em apreço, ou seja, aferir se uma empreitada de
reabilitação sobre um imóvel localizado numa ARU é condição suficiente para aplicação da
taxa reduzida do IVA, constituindo, aliás, a única ficha doutrinária da área do IVA a ser
publicada pela AT este ano, até ao presente momento, facto que denota, desde logo, a sua
importância e tempestividade.
Com base nas disposições combinadas do Código do IVA e do RJRU, tem sido geralmente
aceite pela AT que são condições necessárias para a aplicação da taxa reduzida de IVA de
6%:
i. A localização dos imóveis numa zona legalmente delimitada como área de reabilitação
urbana, conforme Proc.º n.º 1478, Proc.º n.º 9650, Proc.º n.º 10048, entre outros;
No que se refere ao concreto caso em apreço, começamos, desde logo, por destacar o tipo
de sujeito passivo que requereu a informação vinculativa, uma IPSS, que, certamente por
suportar serviços de construção civil relacionados com a reabilitação de um imóvel, é parte
interessada em aferir qual a taxa do IVA aplicável ao mesmo.
Note-se que, apesar de nada ser dito quanto a esta situação, poderia ser a própria IPSS a
liquidar o IVA em referência, por via da aplicação da regra de inversão do sujeito passivo a
que se refere a alínea j) do n.º 1 do art.º 2.º do Código do IVA, caso a mesma estivesse
enquadrada no regime normal do IVA (sujeito passivo misto). No entanto, este IVA, face à
concreta atividade à qual o referido imóvel será afeto, não confere direito a dedução, por se
tratar de uma atividade isenta ao abrigo dos n.os 6 e 7 do art.º 9.º do Código do IVA.
No entanto, atenta-se, poderia a referida IPSS solicitar a restituição de 50% do IVA suportado
nas referidas obras de construção, manutenção e conservação dos imóveis utilizados, total
ou principalmente, na prossecução dos fins estatutários, conforme resulta dos artigos 2.º, n.º
1, alínea c), subalínea i) e art.º 4.º, alínea a), ambos do DL n.º 84/2017. No entanto, claro
está, ainda que restituível em 50%, não será indiferente suportar IVA à taxa de 6% ou 23%.
De acordo com a referida norma legal, a aplicação da taxa reduzida de IVA pressupõe a
verificação das seguintes condições cumulativas:
22
• Estejam em causa contratos de empreitada, conforme definição prevista no art.º 1207.º
do Código Civil;
23
Refere a AT que a simples delimitação da ARU não determina, por si só, que todas as
empreitadas que se realizem naquela área estão no âmbito deste regime jurídico, até porque
a ausência de aprovação da respetiva ORU fará caducar a própria delimitação da ARU, pois
da delimitação desta deverá resultar, simultaneamente ou à posteriori, a definição do tipo de
ORU e estratégia de reabilitação urbana ou o programa estratégico de reabilitação urbana,
consoante a operação de reabilitação urbana seja simples ou sistemática.
Sucede que, como é do nosso conhecimento e tal como retratado no ponto 2, existem
diversas ARU (a maioria) delimitadas pelos municípios, sem que tenha sido ainda aprovada
a consequente ORU, o que parece tornar inviável a aplicação do RJRU como um todo, na
medida em que só a aprovação de uma ORU obriga a respetiva entidade gestora a promovê-
la à luz do “diploma específico” para o qual remete a verba 2.23 aqui em análise.
Assim sendo, na ótica da AT, para este efeito, apenas estarão em causa empreitadas de
reabilitação urbana, quando as mesmas sejam realizadas no quadro de uma ORU já
aprovada, não bastando que tenha sido aprovada a área delimitada como ARU e exista uma
certidão a municipal a certificar, apenas, isso mesmo.
Interessa ainda referir, sobre este assunto, que a ficha doutrinária em análise não contraria a
conclusão que se retira da ficha doutrinária proferida no âmbito do Proc.º n.º 17.858, de
acordo com a qual o recurso a diversas empreitadas para uma mesma obra de reabilitação
não impede que seja aplicada a cada uma delas a taxa reduzida de IVA, ao abrigo da verba
2.23, desde que as referidas subcontratações sejam qualificadas como empreitadas de
reabilitação urbana.
Sendo a obra efetuada de forma faseada, através de mais do que uma empreitada, podendo
estes trabalhos ser contratados a empreiteiros distintos em cada uma dessas fases, pode
cada uma destas empreitadas, separadamente, ser, do mesmo modo, sujeita à referida taxa
reduzida do IVA por aplicação da mesma norma.
Claro que, sendo o contrato de empreitada a única modalidade contratual prevista na referida
verba, a aquisição de materiais para aplicação na obra por parte do empreiteiro ou quaisquer
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custos relativos a projetos, honorários, fiscalização entre outros, não expressamente
previstos no respetivo contrato de empreitada, devem ser tributados à taxa normal.
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