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SUMÁRIO
PROPOSTA DE LEI DO ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2023 - ALTERAÇÕES
EM SEDE BENEFÍCIOS FISCAIS ÀS EMPRESAS
1. NOTAS INTRODUTÓRIAS
2. PROPOSTA DE LOE/2023
2.1 ALTERAÇÕES EM SEDE DO EBF
2.2 ALTERAÇÕES EM SEDE DO CFI
2.3 REGIMES EXTRAORDINÁRIOS
2.4 OUTROS BENEFÍCIOS
1. NOTAS INTRODUTÓRIAS
Conforme referido na anterior newsletter (#45, outubro), foi apresentada, no passado dia 10
de outubro, a Proposta de Lei n.º 38/XV/1.ª, contendo o Orçamento do Estado para 2023
(doravante, PLOE/2023), propondo-se, além do mais, diversas alterações a nível tributário,
entre as quais se destacam as alterações promovidas em matéria de benefícios fiscais
dirigidos às empresas, que serão analisadas na presente newsletter, tendo por referência os
art.os 177.º a 179.º, incluindo os regimes extraordinários elencados nos art. os 163.º e 164.º,
todos da PLOE/2023, cumprindo destacar, a este nível, as diversas revogações propostas
(art.º 196.º). A votação final viria a ocorrer no passado dia 25 de novembro, tendo sido
aprovadas 71 propostas de alteração.
Deste modo, ficarão por tratar, para já, as restantes propostas de alterações, nomeadamente
as muitas existentes em sede de IRS, bem como as poucas existentes ao nível IMT,
destacando-se, a propósito, a ausência de propostas de alterações nas áreas do IVA e da
Justiça Tributária (LGT, CPPT e RGIT).
A título de nota final, cumpre sublinhar que não existe qualquer proposta de alteração ao nível
do SIFIDE, se bem que, durante a discussão da PLOE/2023, tivessem sido aventadas várias
alterações, nomeadamente, e em especial, uma eventual alteração/revogação da alínea f) do
n.º 1 do art.º 37.º do CFI, norma que considera aplicações relevantes as contribuições para
fundos de investimento. Segundo noticiado na imprensa, estará em causa a utilização abusiva
do benefício (dupla dedução…), detetada na sequência de uma auditoria da IGF. Não
obstante, e uma vez que quase todos os anos se discute o fim desta modalidade do benefício,
sem qualquer consequência, resta-nos aguardar a publicação da versão final do documento.
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2. ALTERAÇÕES EM SEDE DO EBF
No art.º 177.º da PLOE/2023 são propostas alterações aos benefícios fiscais aplicáveis aos
territórios do Interior e às Regiões Autónomas, vertidos no art.º 41.º-B do EBF. Por sua vez,
o art.º 178.º da PLOE/2023 procede à proposta de criação de dois novos benefícios fiscais, a
saber, o inventivo fiscal à valorização salarial, por via do aditamento do art.º 19.º-B ao EBF e
o Regime Fiscal de Incentivo à Capitalização das Empresas, por via do aditamento do art.º
43.º-D.
- Alteração dos n.os 1, 6, 7 e 8; revogação do n.º 4 e aditamento dos n.os 11, 12 e 13.
Por outro lado, face às alterações propostas, é ainda incluído nos benefícios fiscais à
interioridade, na perspetiva das empresas, uma majoração de gastos associados à criação
líquida de postos de trabalho.
O n.º 1 do referido artigo prevê uma redução de taxa de IRC aplicável às empresas que
exerçam, diretamente e a título principal, uma atividade económica de natureza agrícola,
comercial, industrial ou de prestação de serviços em territórios do interior elencados no anexo
à Portaria n.º 208/2017, de 13-07, que sejam qualificadas como micro, pequenas ou médias
empresas, nos termos previstos no anexo ao DL n.º 372/2007, de 06-11.
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Este conceito abarca uma empresa que, não reunindo as condições materiais para ser uma
micro, uma pequena ou uma média empresa, nos termos do disposto no n.º 1 do art.º 2.º do
DL n.º 372/2007, na sua redação atual e respetivo anexo, e que correspondem às previstas
na Recomendação da Comissão n.º 2003/361/CE, de 06-05 (ou seja, não sendo uma PME,
tal como definida no âmbito da Certificação PME), empregue, enquanto empresa autónoma,
até 500 trabalhadores (nos termos dos n.os 2 a 4 do art.º 2.º do DL n.º 372/2007, na sua
redação atual).
Assim, uma empresa que, pelo facto de estar integrada num grupo com mais de 250
trabalhadores, não seja uma PME, mas tenha, ela própria, individualmente, menos de 500
trabalhadores (pode ser até apenas 1 trabalhador), é uma Small Mid Cap.
Por outro lado, em consonância com a alteração promovida ao art.º 87.º, n.º 2, do Código
IRC, comentada na anterior newsletter, a taxa reduzida de IRC de 12,5% passa a aplicar-se
até ao limiar da matéria coletável de 50.000€, o que traduz uma poupança máxima, em
relação ao montante que deriva da aplicação da taxa “reduzida” de 17% aplicável no regime
geral, no valor de 2.250€ [(17% - 12,5%) x 50.000€] ou, de modo diferente, uma poupança
máxima, relativamente à quantia que seria apurada na ausência desta alteração, de 1.125€
[(17% - 12,5%) x (50.000€ - 25.000€)].
Recorde-se que são ainda condições, cumulativas, para acesso ao referido benefício:
i. Exercer a atividade e ter direção efetiva nas áreas beneficiárias;
ii. Não ter salários em atraso;
iii. A empresa não resultar de cisão efetuada nos dois anos anteriores à usufruição dos
benefícios;
iv. A determinação do lucro tributável ser efetuada com recurso a métodos diretos de
avaliação ou no âmbito do regime simplificado de determinação da matéria coletável.
Por outro lado, o benefício dirigido às referidas entidades passa a abarcar, por via da
alteração promovida ao n.º 6, uma majoração em 20% dos encargos correspondentes à
criação líquida de postos de trabalho, contabilizados como gastos do exercício.
Para tal, o n.º 7 passa a incluir a definição de dois conceitos utilizados, a saber:
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ii. “Encargos”: os montantes suportados pela entidade empregadora com o trabalhador,
a título da remuneração fixa e das contribuições para a segurança social a cargo da
mesma entidade.
Para aquele efeito, refere o n.º 8, apenas são considerados os postos de trabalho referentes
a trabalhadores a tempo indeterminado, que aufiram rendimentos de trabalho dependente e
que residam, para efeitos fiscais, em territórios do interior, sendo excluídos do cômputo do
número de postos de trabalho:
A revogação do n.º 4, que permitia, para as empresas visadas por este benefício, uma
majoração de 20% na dedução máxima por via da DLRR foi revogado, em virtude, como
veremos adiante, da proposta de revogação da própria DLRR.
Note-se que o presente benefício fiscal está sujeito às regras europeias aplicáveis em matéria
de auxílios de minimis, não podendo o montante do benefício exceder o limiar de minimis,
pressupondo o consequente preenchimento do quadro 9 do anexo D da declaração modelo
22, que deverá ser adaptado para o efeito.
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O período de três anos a ter em conta deve ser apreciado em termos de base móvel pelo que
para cada nova concessão de um auxílio de minimis é necessário ter em conta o montante
total do auxílio concedido durante o período financeiro em causa e nos dois períodos
financeiros anteriores.
Os n.os 11, 12 e 13, cujo aditamento se propõe, correspondem, sem alterações, aos n.os 8, 9
e 10 da atual redação e referem-se a um benefício fiscal, em sede de IRS, aplicável aos
estudantes que frequentem estabelecimentos de ensino situados em território do Interior ou
em estabelecimentos de ensino situados nas Regiões Autónomas.
Somos agora confrontados com a proposta de um novo benefício fiscal, cessando a sua
vigência em 31 de dezembro de 2026, como se determina no n.º 2 do art.º 197.º da
PLOE/2023, benefício este que visa incentivar as empresas, por um lado, a aumentar os
salários praticados e, por outro, a reduzir o leque salarial.
O benefício fiscal em referência abrange sujeitos passivos de IRC e sujeitos passivos de IRS
com contabilidade organizada e passa pela consideração em 150% – traduzindo-se, portanto,
numa dedução de 50% a refletir no quadro 07 da declaração modelo 22 (que deverá ser
adaptada para o efeito) – dos encargos, contabilizados como gasto do exercício,
correspondentes ao aumento determinado por instrumento de regulamentação coletiva de
trabalho dinâmica (que, para o efeito, corresponde à outorga ou renovação de instrumento
de regulação coletiva de trabalho concluída há menos de três anos) relativos a trabalhadores
com contrato de trabalho por tempo indeterminado
Desde logo, como se refere no n.º 2, estão excluídos do presente regime os sujeitos passivos
relativamente aos quais se verifique um aumento do “leque salarial” dos trabalhadores face
ao exercício anterior, entendendo-se como “leque salarial”, a diferença entre os montantes
anuais da maior e menor remuneração fixa dos trabalhadores, apurada no último dia do
período de tributação do exercício em causa.
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i. Relativos a trabalhadores cuja remuneração tenha aumentado em pelo menos 5,1%
entre o último dia do período de tributação do exercício em causa e o último dia do
período de tributação do exercício anterior; e, cumulativamente,
ii. Acima da remuneração mínima mensal garantida aplicável no último dia do período
de tributação do exercício em causa, que, para 2023, será de 760€.
Por outro lado, o montante máximo dos encargos majoráveis, por trabalhador, é o
correspondente a 4 vezes a retribuição mínima mensal garantida (3.040€ por trabalhador em
2023), o que corresponderá a uma majoração máxima de 1.520€ por trabalhador, pelo que,
tendo em conta a taxa normal do IRC e a taxa máxima de derrama municipal, se aplicável,
materializa-se numa poupança fiscal potencial máxima de 342€ por trabalhador.
O n.º 6 do referido artigo exclui dos trabalhadores visados para efeitos de cálculo deste
benefício:
iii. Os trabalhadores que detenham direta ou indiretamente uma participação não inferior
a 50% do capital social ou dos direitos de voto do sujeito passivo de IRC.
Nota prévia: No âmbito da análise à redação do referido artigo inserido na PLOE/2023, fomos
confrontados com o facto, na sequência da aprovação do OE2023, de ter sido aprovada uma
proposta de alteração ao mesmo, proposta esta efetuada pelo grupo parlamentar do Partido
Socialista, identificada como 1.ª Subst. 1445C-3 (1). Teremos em conta na nossa análise, por
forma a disponibilizar a informação o mais atualizada possível, a referida alteração.
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define uma visão a longo e a curto prazo para apoiar a recuperação da Europa da pandemia
de COVID-19 e para assegurar receitas públicas suficientes nos próximos anos.
Na mesma ordem de ideias, o Plano de Ação da UE para a Criação de uma União dos
Mercados de Capitais (UMC) (2) tem por objetivo ajudar as empresas a mobilizar o capital de
que necessitam e a melhorar a sua situação em termos de capitais próprios, especialmente
durante um período de recuperação que implica défices e níveis de dívida mais elevados,
bem como uma maior necessidade de investimento em capitais próprios. Nomeadamente, a
Ação n.º 4 da UMC incentiva os investidores institucionais a realizar mais investimentos de
longo prazo e, por conseguinte, apoia a recapitalização do setor empresarial, com vista a
promover a transição sustentável e digital da economia da UE.
Por sua vez, a 11 de maio de 2022, é apresentada uma proposta de Diretiva no sentido de
combater a assimetria no tratamento fiscal do financiamento das empresas através de
capitais próprios ou através de capitais alheios, ao nível da União, denominada por Diretiva
DEBRA (“Debt-equity bias reduction allowance”).
A fim de apoiar o financiamento sustentável e a longo prazo das empresas, o sistema fiscal
deve minimizar as distorções indesejadas das decisões empresariais, por exemplo, no que
respeita ao financiamento por dívida e não por capitais próprios.
Embora o plano de ação de 2020 da Comissão para a UMC inclua ações importantes para
apoiar esse financiamento, como sucede com a referida Ação n.º 4 – Incentivar um maior
financiamento a longo prazo e em capitais próprios por parte dos investidores institucionais,
devem ser adotadas medidas fiscais específicas para reforçar essas ações. Essas medidas
devem ter em conta considerações de sustentabilidade orçamental.
(2) Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu e ao Conselho intitulada «Uma tributação das empresas
para o século XXI» [COM(2021) 251 final].
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Assim, visando eliminar eventuais distorções fiscais entre os Estados-Membros, considerou-
se necessário estabelecer um quadro comum de regras para combater, de forma coordenada,
a distorção fiscal dívida-capitais próprios em toda a União. Essas regras devem assegurar
que o financiamento por capitais próprios e por dívida seja tratado de forma semelhante para
efeitos fiscais em todo o mercado único.
Para neutralizar a distorção contra o financiamento por capitais próprios, é necessário prever
uma dedução, para que os aumentos de capitais próprios de um contribuinte, de um período
de tributação para o seguinte, sejam dedutíveis da sua base tributável, sob certas condições.
À luz do art.º 4.º da referida proposta de Diretiva, durante dez períodos de tributação
consecutivos, é possível proceder a uma dedução, relativa aos capitais próprios, da base
tributável de um contribuinte para efeitos do imposto sobre o rendimento das sociedades até
30% dos resultados do contribuinte antes de juros, impostos, depreciações e amortizações
(«EBITDA»), sendo que a base da dedução relativa aos capitais próprios é calculada como a
diferença entre o nível dos capitais próprios líquidos no final do período de tributação e o nível
dos capitais próprios líquidos no final do período de tributação anterior.
A dedução relativa aos capitais próprios é igual à base da dedução multiplicada pela taxa de
juro sem risco (3) a dez anos para a moeda em causa e acrescida de um prémio de risco de
1% ou, se o contribuinte for uma PME, de um prémio de risco de 1,5%.
Note-se que no nosso ordenamento fiscal já possuímos, em sede de IRC, de uma norma
limitadora da dedutibilidade dos gastos financeiros, consignada no art.º 67.º do respetivo
Código, assim como um incentivo fiscal à capitalização das empresas com recurso a meios
(3) A taxa de juro sem risco a dez anos para a moeda em causa é a taxa de juro sem risco com um prazo de
vencimento de dez anos para a moeda em causa, tal como estabelecido nos atos de execução adotados nos
termos do artigo 77.º-E, n.º 2, da Diretiva 2009/138/CE para a data de referência de 31 de dezembro do ano
anterior ao período de tributação em causa.
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de financiamento próprios, o benefício fiscal da Remuneração Convencional do Capital Cocial
(RCCS).
Não obstante, sem prejuízo da data de produção de efeitos da referida Diretiva, no caso
português, os efeitos da Diretiva DEBRA já se fazem sentir na PLOE/2023 e que passam por:
ii. Revogação, por via da alínea d) do art.º 196.º da PLOE/2023, dos artigos 27.º a 34.º
do Código Fiscal do Investimento (Dedução por Lucros Retidos e Reinvestidos -
DLRR);
iii. Aditamento do art.º 43.º-D do EBF (Regime Fiscal de Incentivo à Capitalização das
Empresas), analisado de seguida.
iii. O seu lucro tributável não seja determinado por métodos indiretos; e
À luz do proposto RFICE, na determinação do lucro tributável das entidades por ele
abrangidas, independentemente da sua certificação, à luz do DL n.º 372/2007, por parte do
IAPMEI, pode ser deduzida (dedução esta operada no quadro 07 da declaração modelo 22)
uma importância correspondente à aplicação da taxa de 4,5% ao montante dos aumentos
líquidos dos capitais próprios elegíveis.
Aquela taxa será 5% caso o sujeito passivo se qualifique como micro, pequena, média ou de
pequena-média capitalização (Small Mid Cap).
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Recorde-se que à luz do benefício fiscal da RCCS, cuja revogação agora se propõe, a
dedução era de 7% aplicável ao montante das entradas realizadas até 2.000.000€, por
entregas em dinheiro ou através da conversão de créditos, ou do recurso aos lucros do
próprio exercício no âmbito da constituição de sociedade ou do aumento do capital social,
refletido no lucro tributável relativo do período de tributação em que fossem realizadas as
entradas e nos cinco períodos de tributação seguintes.
No RFICE aquela dedução é efetuada tendo por referência o montante dos aumentos líquidos
dos capitais próprios elegíveis, que corresponde à soma algébrica dos aumentos líquidos dos
capitais próprios elegíveis verificados em cada um dos nove períodos de tributação
anteriores, considerando-se que o montante dos aumentos líquidos dos capitais próprios
elegíveis corresponde a zero nas situações em que o resultado dessa soma algébrica for
negativo, conforme resulta da redação da proposta de alteração do grupo parlamentar do
Partido Socialista, aprovada (1.ª Subst. 1445C-3).
Para este efeito, apenas se consideram os aumentos líquidos dos capitais próprios elegíveis
verificados nos períodos de tributação que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2023.
Por sua vez, consideram-se “Aumentos líquidos dos capitais próprios elegíveis”, os aumentos
dos capitais próprios elegíveis após a dedução das saídas, em dinheiro ou em espécie, em
favor dos titulares do capital, a título de redução do mesmo ou de partilha do património, bem
como as distribuições de reservas ou resultados transitados (a proposta de alteração referida
na nota introdutória alterou este conceito no sentido de clarificar que o conceito de
“remuneração”, utilizado na PLOE/2023, se cinge à distribuição de reservas ou de resultados
transitados).
Tal como já sucedia no incentivo da RCCS, por forma a evitar um benefício em cascata, à luz
do n.º 8 do art.º 43.º-D, de acordo com a redação da PLOE/2023, o RFICE não se aplica
quando, no mesmo período de tributação ou num dos cinco períodos de tributação anteriores
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(não se percebia este prazo!), o mesmo seja ou haja sido aplicado a sociedades que
detenham direta ou indiretamente uma participação no capital social da empresa beneficiária,
ou sejam participadas, direta ou indiretamente, pela mesma sociedade, na parte referente ao
montante subjacente aos aumentos de capitais próprios elegíveis realizadas na esfera
daquelas sociedades que hajam beneficiado do presente regime.
i. 2.000.000€; ou
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ii. 30% do resultado antes de depreciações, amortizações, gastos de financiamento
líquidos e impostos, nos termos do artigo 67.º do Código do IRC (limitação à
dedutibilidade de gastos de financiamento).
A parte da dedução que exceda o limite previsto no ponto ii. gera uma “folga” que será
dedutível na determinação do lucro tributável de um ou mais dos cinco períodos de tributação
posteriores, após a dedução relativa a esse mesmo período, com os limites anteriormente
elencados.
Para efeitos do disposto neste benefício fiscal, introduzido pelo artigo 43.º-D do EBF, apenas
se consideram os aumentos líquidos dos capitais próprios que ocorram nos períodos de
tributação que se iniciem em, ou após, 1 de janeiro de 2023, conforme resulta da disposição
transitória inserida no n.º 1 do art.º 179.º da PLOE/2023.
Recorde-se que, nos termos do n.º 1 do art.º 92.º do Código do IRC (Resultado da liquidação),
para as entidades que exerçam, a título principal, uma atividade de natureza comercial,
industrial ou agrícola, bem como as não residentes com estabelecimento estável em território
português, o imposto liquidado nos termos do n.º 1 do art.º 90.º, líquido das deduções
previstas nas alíneas a) a c) do n.º 2 do mesmo artigo, não pode ser inferior a 90% do
montante que seria apurado se o sujeito passivo não usufruísse, nomeadamente, de
benefícios fiscais.
Sucede que, sobre esta temática, ainda no âmbito da alteração proposta e aprovada referida
em nota prévia, na sequência do aditamento da alínea i) ao n.º 2 do art.º 92.º do Código do
IRC, o regime fiscal de incentivo à capitalização das empresas, previsto no artigo 43.º-D do
Estatuto dos Benefícios Fiscais, encontra-se excluído daquela limitação, à semelhança do
que já sucedia com a DLRR e com a RCCS.
Como vimos anteriormente, a PLOE/2023 procede à revogação, por via da alínea c) do seu
art.º 196.º, do art.º 41.º-A do EBF, que previa o benefício fiscal relacionado com a
remuneração convencional do capital social, concentrando os benefícios fiscais à
capitalização das empresas, adaptado às exigências comunitárias, no art.º 43.º-D do EBF.
Note-se que, nos termos do n.º 2 do art.º 3.º do EBF, são mantidos os benefícios fiscais cujo
direito tenha sido adquirido durante a vigência das normas que os consagram, sem prejuízo
de disposição legal em contrário.
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2.2 ALTERAÇÕES EM SEDE DO CFI
Procede-se à revogação, por via da alínea d) do art.º 196.º da PLOE/2023 dos artigos 27.º a
34.º do Código Fiscal do Investimento que regulam o incentivo fiscal da Dedução por Lucros
Retidos e Reinvestidos (DLRR).
Este incentivo fiscal, proposto pelo art.º 163.º da PLOE/2023, abrange os sujeitos passivos
de IRC residentes que exerçam, a título principal, uma atividade de natureza comercial,
industrial ou agrícola, assim como os sujeitos passivo de IRC não residentes com
estabelecimento estável e os sujeitos passivos de IRS com contabilidade organizada
(categoria B).
À luz deste incentivo fiscal, propõe-se uma majoração de 20% dos gastos e perdas incorridos
ou suportados referentes a consumos de eletricidade e gás natural na parte em que excedam
os do período de tributação anterior (deduzidos de eventuais apoios recebidos nos termos do
DL n.º 30-B/2022, de 18-04).
Excluem-se os sujeitos passivos que desenvolvam atividades económicas que gerem, pelo
menos, 50% do volume de negócios no domínio da:
O presente benefício fiscal não pode ser cumulado com outros apoios ou incentivos de
qualquer natureza relativamente aos mesmos gastos e perdas elegíveis.
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No caso de sujeitos passivos que iniciem a atividade durante o período de tributação com
início em ou após 1 de janeiro de 2021, os gastos e perdas incorridos a considerar para efeitos
da referida majoração devem ser proporcionais ao período de atividade do sujeito passivo
nesse ano.
Claro está, os sujeitos passivos que iniciem a sua atividade em 2022 ainda não terão, neste
ano, acesso ao referido benefício.
Quanto aos dois benefícios fiscais anteriores, levanta-se a questão de saber se os mesmos
estarão abrangidos pela limitação do art.º 92.º do CIRC…
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sujeita às obrigações acessórias estabelecidas no artigo 66.º do EBF e o presente regime
vigora até à conclusão do evento.
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