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DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Publicado em: 15/03/2023

 Curso modular elaborado conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

DESONERAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO - CPRB


MÓDULO I - CONSIDERAÇÕES GERAIS
Fundamentos legais, formas de enquadramento, conceitos

Roteiro 

1. INTRODUÇÃO
2. FUNDAMENTOS LEGAIS
3. OBRIGATORIEDADE
4. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SUBSTITUÍDA
4.1. Formas de enquadramento
4.1.1. CNAE principal
4.1.1.1. Obra de construção civil (CNO)
4.1.2. Atividade exercida
4.1.3. NCM
5. CONCEITOS RELEVANTES
5.1. Empresa
5.2. Receita bruta
6. TREINAMENTO

1. INTRODUÇÃO
A desoneração da folha de pagamento (Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta - CPRB) foi criada pelo Governo Federal com o objetivo de reduzir a
carga tributária de alguns setores da economia, e foi implementada pelo Plano Brasil Maior (PBM), através da Medida Provisória n° 540/2011, convertida na
Lei n° 12.546/2011.

Trata-se de uma contribuição previdenciária sobre a receita bruta da empresa criada para substituir a contribuição previdenciária patronal gerada sobre a
folha de pagamento (Contribuição Previdenciária Patronal - CPP) de 20%.

Ressalta-se que é incidente sobre as remunerações pagas aos empregados e contribuintes individuais.

2. FUNDAMENTOS LEGAIS
Atualmente a desoneração da folha de pagamento é regida pela Lei n° 12.546/2011, com suas respectivas atualizações e a Instrução Normativa n°
2.053/2021.

3. OBRIGATORIEDADE
A desoneração da folha de pagamento a partir de dezembro de 2015 é uma opção que a empresa poderá fazer, entre:

- Recolher 20% de CPP sobre a folha de pagamento; ou

- Recolher uma quota de CPRB, que varia entre 1,5% a 4,5% sobre a receita bruta (Lei n° 13.161/2015).

Ao optar pela desoneração, a empresa deverá realizar a contribuição sobre a sua receita bruta durante todo o ano-calendário, podendo realizar nova opção no
próximo ano, em janeiro (artigo 2°, § 6°, da IN RFB n° 2.053/2021).

Caso a empresa inicie suas atividades no curso do ano, a opção poderá ser realizada na primeira competência em que for auferida receita bruta.

Em determinados momentos desde a sua criação a desoneração já foi obrigatória, conforme o tipo de enquadramento na desoneração.

Exemplo:
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Publicado em: 15/03/2023

 Curso modular elaborado conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Construção civil, enquadrada pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 4120-4/00:
- Até 03/2013: recolhimento obrigatório sobre a folha de pagamento (artigo 22, I e III da Lei n° 8.212/91);
- Entre 04/2013 a 05/2013: recolhimento obrigatório pela desoneração da folha (CPRB), com alíquota de 2% (Medida Provisória n° 601/2012), com
encerramento de vigência em 03/06/2013 pelo Ato Declaratório do Presidente da Mesa do Congresso Nacional n° 36, de 5 de junho de 2013;
- Entre 06/2013 a 10/2013: recolhimento facultativo na regra da desoneração da folha, com alíquota de 2% (Lei n° 12.844/2013), resultante da
conversão da Medida Provisória n° 610/2013;
- Entre 11/2013 a 11/2015: recolhimento obrigatório pela desoneração da folha, com alíquota de 2% (artigo 7°, inciso IV, da Lei n° 12.546/2011),
decorrente da conversão da Medida Provisória n° 540/2011.

4. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SUBSTITUÍDA


Conforme dito anteriormente, esta contribuição se destina a retirar contribuições previdenciárias sobre a folha de pagamento substituindo-a, integral ou
parcialmente, para que incida sobre a receita bruta, conforme o tipo de enquadramento da empresa.

Via de regra, o recolhimento das empresas que contratam empregados ou tomam serviços de contribuintes individuais é de 20% sobre os valores pagos,
denominado CPP.

A CPRB faz a substituição apenas desta contribuição, para que a empresa recolha sobre a receita bruta.

As demais contribuições, tais como:

- O Risco Ambiental do Trabalho (RAT), que se constitui numa espécie de contribuição previdenciária, em que seu percentual considera os riscos que envolvem
as atividades do trabalhador, sendo utilizada para cobrir os custos dos acidentes decorrentes do trabalho ou doenças ocupacionais dos empregados; e

- Outras entidades e fundos/terceiros (Salário-Educação, Incra, Senai, Sesi, Senac, Sesc, Sebrae, Senar, Sest, Senat e Sescoop, Fundo de Desenvolvimento do
Ensino Profissional Marítimo, FNDE, Fundo Aeroviário etc.) ainda são devidas, quando a empresa estiver sujeita a estas contribuições, nos moldes do artigo
22, I, II e III, da Lei n° 8.212/91 e artigo 81, § 1° da IN RFB n° 2.110/2022.

A tradução de algumas siglas de outras entidades/terceiros:

- Incra: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária;

- Senai: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial;

- Sesi: Serviço Social da Indústria;

- Senac: Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio;

- Sesc: Serviço Social do Comércio;

- Sebrae: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas;

- Senar: Serviço Nacional de Aprendizagem Rural;

- Sest: Serviço Social do Transporte;

- Senat: Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte;

- Sescoop: Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo;

- FNDE: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

4.1. Formas de enquadramento


Os artigos 7° e 8° da Lei n° 12.546/2011 e artigo 2°, Anexos IV e V da IN RFB n° 2.053/2021, definem as atividades (CNAEs) e produtos (NCMs) que podem ser
enquadrados na desoneração da folha de pagamento.

4.1.1. CNAE principal


De acordo com o artigo 19, § 1° da IN RFB n° 2.053/2021, o enquadramento no CNAE principal será efetuado pela atividade econômica principal da empresa,
assim considerada, dentre as atividades constantes no ato constitutivo ou que lhe tenha alterado, aquela de maior receita auferida ou esperada.

Exemplos:
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Publicado em: 15/03/2023

 Curso modular elaborado conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

Empresas de transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário:


- Fixo;
- Municipal e/ou intermunicipal em região metropolitana;
- Intermunicipal;
- Interestadual;
- Internacional (CNAE 4921-3 e 4922-1 da CNAE 2.0), de acordo com o artigo 7°, III da Lei n° 12.546/2011.

Para este enquadramento não é observado meramente o CNAE que consta no cartão de Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) da empresa, devendo
ser utilizado o CNAE da atividade de maior receita auferida ou esperada, ainda que existam receitas de outros CNAEs.

Assim, a base de cálculo será a receita bruta da empresa relativa a todas as suas atividades, conforme o artigo 9°, §§ 9° e 10, da Lei n° 12.546/2011.

4.1.1.1. Obra de construção civil (CNO)


Para empresas com atividade de construção civil dos grupos 412, 432, 433 e 439 da CNAE 2.0 que forem responsáveis por obras de construção civil com
inscrição no Cadastro Específico do INSS (CEI) ou no Cadastro Nacional de Obras (CNO) é permitida a opção pela desoneração em cada obra, nos moldes do
artigo 15 da IN RFB n° 2.053/2021.

Esta opção é realizada no início da obra e não será passível de retratação até o seu término.

Na construção civil, busca-se inicialmente a data de início da obra, pois a depender do período, é definido se a empresa faz o recolhimento obrigatoriamente
pela folha de pagamento ou sobre a receita bruta:

- Obras inscritas no CEI até 31/03/2013: recolhimento obrigatório pela folha de pagamento até o término da obra;

- Obras inscritas no CEI entre 01/04/2013 e 31/05/2013: recolhimento obrigatório pela desoneração até o término da obra (com alíquota de 2%);

- Obras matriculadas no CEI entre 01/06/2013 e 31/10/2013: poderia ser feita a opção pela folha de pagamento ou sobre a receita bruta (com alíquota de
2%);

- Obras inscritas no CEI entre 01/11/2013 a 30/11/2015: recolhimento obrigatório sobre a receita bruta até o término da obra (com alíquota de 2%); e

- Obras matriculadas no CEI a partir de 01/12/2015: poderá ser feita a opção pela folha de pagamento ou sobre a receita bruta (com alíquota de 4,5%);

Por fim, reitera-se que a opção ocorre somente por obra, compreendendo unicamente os segurados que tiverem a vinculação a estas obras de
responsabilidade da empresa construtora.

4.1.2. Atividade exercida


Quanto à atividade exercida, será realizado o enquadramento quando:

- Estiver descrita nos artigos 7° e 8° da Lei n° 12.546/2011; e

- Não se enquadrar no código CNAE principal (§§ 9° e 10 do artigo 9° da Lei n° 12.546/2011).

Exemplo:

Trata-se da atividade de desenvolvimento e licenciamento de programas de computador customizáveis, de acordo com o artigo 7°, I da Lei n°
12.546/2011.
Para esta forma de enquadramento, a contribuição previdenciária observará unicamente a receita da atividade que poderá ser desonerada,
devendo ser verificado se a receita é maior que 5% da receita bruta total, pois caso seja inferior não poderá optar pela desoneração.

Além disso, deve-se fazer o cálculo proporcional para recolher 20% de INSS patronal sobre a folha de pagamento, proporcionalmente às receitas que não são
desoneradas, como será analisado nos próximos módulos do curso.

4.1.3. NCM
O enquadramento por NCM de produtos industrializados (Anexos II e V da IN RFB n° (2.053/2021) poderá ser realizado desde que:

- A empresa fabrique produtos que estejam incluídos na lista da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI);

- Esteja regulamentado pela Receita Federal do Brasil, previsto no Decreto n° 11.158/2022 e no Anexo V da IN RFB n° 2.053/2021.

Exemplo:
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 Curso modular elaborado conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

NCM 8401.10.00 - Reatores nucleares


Integra a desoneração da folha de pagamento (Anexo V da IN RFB n° 2.053/2021).
Assim como ocorre no enquadramento pela atividade, a empresa que fabrica produtos desonerados e não desonerados fará o cálculo da
contribuição previdenciária proporcionalmente sobre a receita bruta para as atividades desoneradas e também será gerada a contribuição
previdenciária patronal de 20% de forma proporcional sobre as atividades não desoneradas, nos moldes do § 1° do artigo 9° da Lei n° 12.546/2011.

5. CONCEITOS RELEVANTES
Para entender como deve ser feito o cálculo da desoneração e a sua aplicação é necessário saber o significado de alguns conceitos citados na legislação,
conforme será visto adiante.

5.1. Empresa
A legislação indica que a empresa poderá optar pela desoneração, motivo pelo qual é necessário entender seu conceito.

A Lei n° 8.212/91, em seu artigo 15, I, define que:

Art. 15. Considera-se:


I - empresa - a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os
órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional.

Isso significa dizer que será declarada empresa aquela devidamente constituída como firma individual ou sociedade, de acordo com o artigo 44, II do Código
Civil (Lei n° 10.406/2002).

Por outro lado, são considerados como equiparados à empresa:

- O contribuinte individual;

- A pessoa física proprietária ou dona da obra que tiverem segurados a seus serviços;

- As cooperativas;

- As associações ou entidades de qualquer natureza;

- A missão diplomática;

- A repartição consular (artigo 15, parágrafo único da Lei n° 8.212/91).

Deste modo, apenas a empresa poderá realizar a opção pela desoneração, não sendo reconhecido ao equiparado à empresa tal possibilidade.

5.2. Receita bruta


O artigo 2°, § 4° da IN RFB n° 2.053/2021 define que a receita bruta é:

- Obtida da venda de bens nas operações realizadas de conta própria;

- Decorrente da prestação de serviços em geral;

- Proveniente do resultado apurado das operações por conta alheia, sem ajustes do artigo 183, VIII da Lei n° 6.404/76.

O conceito de receita bruta se assemelha ao conceito de fundamento para fins de apuração do PIS/Cofins da seguinte forma:

- Utilizando os mesmos critérios para o reconhecimento das receitas no tempo; e

- Realizando o diferimento (adiamento do pagamento do imposto, cuja obrigatoriedade é transferida a um terceiro) quanto às contribuições.

Tudo isso definido conforme o artigo 3° da IN RFB n° 2.053/2021.

Por outro lado, são expressamente excluídos da base de cálculo, nos termos do artigo 4° da IN RFB n° 2.053/2021:

- A receita bruta de exportações;

- A receita bruta de transporte internacional de cargas, a partir de 28/12/2012;

- As vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos;


DIREITO PREVIDENCIÁRIO
Publicado em: 15/03/2023

 Curso modular elaborado conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

- O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), se incluído na receita bruta;

- O Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de
substituto tributário;

- A receita bruta reconhecida pela construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento da infraestrutura, cuja contrapartida seja ativo intangível
representativo de direito de exploração, no caso de contratos de concessão de serviços públicos; e

- O valor do aporte de recursos realizado (§ 2° do artigo 6° da Lei n° 11.079/2004).

6. TREINAMENTO
1) O que é a desoneração da folha de pagamento?

2) A desoneração da folha de pagamento é obrigatória?

3) Quais são as formas de enquadramento na desoneração da folha?

4) Posso deixar de recolher pela desoneração no curso do ano se não for mais vantajoso para a empresa?

5) Sobre qual tipo de receita incide a desoneração?

Autor: Equipe Técnica Econet Editora

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