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SUMÁRIO
LEI DO ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2022 – PARTE II
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que ocorram nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, como tributáveis no
local do estabelecimento estável a partir do qual são efetuadas.”
Quanto ao disposto no n.º 17, cumpre salientar que, caso se trate de transporte de
pessoas, podem beneficiar da isenção prevista na alínea r) do n.º 1 do art.º 14.º
(aplicável a transportes provenientes ou com destino às Regiões Autónomas e entre
ilhas das referidas regiões) e, caso se trate de transporte de mercadorias, beneficiarão
da isenção consignada na alínea t) do n.º 1 do art.º 14.º (aplicável a transportes entre
as ilhas que compõem as Regiões Autónomas, bem como a transportes entre estas
regiões e o continente, ou qualquer outro Estado-membro, e vice-versa).
Recorde-se que, para declarar estas operações, deverá ser entregue o anexo R da
declaração periódica, no qual se devem relevar as operações consideradas localizadas
em espaço territorial diferente daquele em que se encontra localizada a sede da sua
atividade (assinalado no quadro 02 da declaração periódica).
A segunda alínea reflete a transposição do art.º 1.º da Diretiva (UE) 2019/2235, de 16-
12-2019, que altera a “Diretiva IVA”, no que respeita aos esforços de defesa no âmbito
da União, isentando as importações de bens efetuadas: “No âmbito da política comum
de segurança e defesa da União Europeia, pelas forças armadas de outros Estados-
Membros, para uso dessas forças armadas ou do elemento civil que as acompanha ou
para o aprovisionamento das suas messes ou cantinas, quando as referidas forças se
encontrem afetas a um esforço de defesa realizado para a execução de uma atividade
da União Europeia.”.
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ü Art.º 14.º - Isenções nas exportações, operações assimiladas e transportes
internacionais
Por um lado, procede-se à transposição, para o direito interno nacional, do art.º 1.º da
Diretiva (UE) 2019/2235 do Conselho, de 16-12-2019, relacionada com os esforços de
defesa no âmbito da União.
Por outro, transpõe-se a Diretiva (UE) 2021/1159, de 13-07-2021, que altera a Diretiva
IVA, introduzindo medidas de resposta à pandemia da doença COVID-19.
Já as alterações introduzidas na alínea f) do n.º 2 do artigo 13.º e nas alíneas aa) e bb) do
n.º 1 do art.º 14.º do Código do IVA aplicam -se a partir de 01-07-2022.
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referidas forças se encontrem afetas a um esforço de defesa realizado para a execução
de uma atividade da União Europeia;
Neste âmbito, foram, ainda aditados os n.os 5 e 6 ao art.º 14.º, bem como foi alterado o
disposto no art.º 5.º do RITI, sendo que, neste último caso, se alarga a não sujeição aí
prevista às aquisições intracomunitárias de bens cuja transmissão no território nacional
seja isenta de imposto nos termos das novas alíneas z) a bb) do n.º 1 do art.º 14.º do
Código do IVA (anteriormente constavam apenas as alíneas d) a m) e v) do n.º 1 do art.º
14.º).
- Alteração do n.º 3.
Até aqui as taxas de IVA aplicáveis às operações localizadas nas Regiões Autónomas
constavam no próprio Código do IVA e legislação complementar (DL n.º 347/85).
Por via desta alteração o Código do IVA limita-se a remeter para a faculdade já prevista
na Lei Orgânica n.º 2/2013, de 02-09, à luz da qual as Assembleias Legislativas das
Regiões Autónomas procedem à fixação de taxas reduzidas do IVA aplicáveis às
referidas operações.
O prazo de pagamento do IVA apurado pelos sujeitos passivos, é alargado para o dia
25 do segundo mês seguinte ao mês ou trimestre a que respeitam as operações,
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consoante se trate de sujeitos passivos enquadrados no regime normal mensal ou
trimestral, respetivamente.
Quanto à alteração do n.º 2, passa a prever que as pessoas singulares ou coletivas que
mencionem indevidamente IVA em fatura possam efetuar o pagamento do respetivo
imposto no prazo de 20 dias (era 15 dias) a contar da data em que a mesma tenha sido
emitida, mantendo-se o prazo para pagamento do imposto pela prática de uma só
operação tributável (ato isolado), o qual deve ser efetuado até ao final do mês seguinte
ao da conclusão da operação.
Assim, por via desta alteração, a declaração mensal a entregar em julho e a declaração
trimestral a entregar em agosto encontram-se já abrangidas pelos prazos referidos
agora a coberto da nova redação dada ao próprio Código do IVA.
Sobre esta matéria, interessa, ainda, fazer referência ao Despacho do SEAF n.º
135/2022-XXIII, no qual se determina, na sua alínea a), que relativamente às
declarações periódicas dos regimes mensal e trimestral de IVA, cujo prazo legal,
conjugando o art.º 41.º do Código do IVA com o n.º 1 do art.º 57.º-A da LGT (“férias
fiscais”), termina em 31-08 (reporta-se à declaração trimestral de abril-junho de 2022 e
declaração mensal de junho de 2022), o consequente pagamento exigível pode ser
efetuado até ao dia 06-09-2022, sem quaisquer acréscimos ou penalidades.
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Ainda em matéria de obrigações fiscais, embora fora do âmbito da LOE/2022, damos
nota do DL n.º 42/2022, de 29-06, que estabelece medidas de apoio às famílias e às
empresas no âmbito do conflito armado na Ucrânia e que adita o art.º 16.º-A ao DL n.º
125/2021, de 30-12, procedendo à flexibilização do pagamento de IVA e retenções na
fonte de IRS/IRC para o 2.º semestre de 2022.
Recorde-se, ainda, que, por via do Despacho n.º 49/2022-XXIII do SEAF, até 31-12-
2022 devem ser aceites faturas em PDF, as quais são consideradas faturas eletrónicas
para todos os efeitos previstos na legislação fiscal
O art.º 198.º da Lei n.º 82-B/2014, de 31-12 (LOE/2015) introduziu no Código do IVA um
regime forfetário para os pequenos produtores agrícolas que reúnam as condições de
aplicação do regime especial de isenção previsto no art.º 53.º do Código do IVA,
permitindo-lhes solicitar à AT uma compensação em sede de IVA relacionada com a
sua atividade agrícola.
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Como se refere na nota justificativa que suporta a proposta de alteração em causa,
procede-se ao alinhamento do limite da isenção do art.º 53.º do CIVA (€12.500) com o
regime forfetário dos produtores agrícolas, até porque que este regime pressupõe o
enquadramento prévio no regime especial de isenção, tratando-se, portanto, de uma
alteração do limiar de permanência no regime.
A alínea f) da verba 2.5 da Lista I anexa ao Código do IVA passa a ter a seguinte
redação: “f) Produtos de higiene menstrual.” (anteriormente constava: “Copos
menstruais.”.)
A nova verba 1.13 da Lista I anexa ao Código do IVA contém a seguinte redação:
“Produtos semelhantes a queijos, sem leite e laticínios, produzidos à base de frutos
secos, cereais, preparados à base de cereais, frutas, legumes ou produtos hortícolas. “
Efetivamente, de acordo com entendimento veiculado pela AT, este tipo de bens estava
sujeito, face à redação anterior da verba “1.4.4 – Queijos”, que se mantém inalterada, à
taxa normal do IVA (ficha doutrinária n.º 20292, despacho de 01-07-2021).
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A nova verba 2.36 da Lista I anexa ao Código do IVA contém a seguinte redação: “As
prestações de serviços de reparações de aparelhos domésticos “.
Este entendimento da AT viria a ter, recentemente, confirmação por parte do TJUE, por
via do acórdão proferido no Processo n.º C-605/20, de 24-02-2022, não acolhendo o
argumento à luz do qual o valor repercutido consiste apenas no custo da substituição
ou reparação das pás defeituosas, sem margem ou suplemento, importando recordar,
tal como afirma o Tribunal, que o facto de uma operação económica ser levada a cabo
a um preço superior ou inferior ao preço de custo é irrelevante para a qualificar de
«operação a título oneroso», pressupondo este último conceito unicamente a existência
de um nexo direto entre a entrega de bens ou a prestação de serviços e a
contraprestação realmente recebida pelo sujeito passivo.
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A nova verba 2.37 da Lista I anexa ao Código do IVA contém a seguinte redação:
“Entrega e instalação de painéis solares térmicos e fotovoltaicos “.
Esta nova verba encontra o seu suporte legal ao nível da legislação comunitária na
verba 10 do Anexo III da Diretiva IVA (alterada pela Diretiva (UE) 2022/542, de 05-04-
2022), que prevê a possibilidade de os Estados-Membros aplicarem uma taxa reduzida
de IVA à “(…) entrega e instalação de painéis solares em residências particulares,
habitações e em edifícios públicos e noutros utilizados para atividades de interesse
público, ou na sua proximidade;”.
Como se vê, o legislador nacional não restringiu a entrega e instalação dos referidos
bens em imóveis/edifícios.
Por outro lado, a AT já esclareceu que o termo “entrega” (utilizado na “Diretiva IVA”)
deve ser lido como “transmissão”, o termo normalmente utilizado no Código do IVA.
Ainda assim, estamos certos de que serão suscitadas questões quanto à aplicação da
taxa reduzida do IVA a componentes acessórias que normalmente acompanham a
instalação deste tipo de bens e se mostram imprescindíveis ao seu funcionamento,
como poderá suceder com os acumuladores, baterias, bombas, inversores, entre outros.
As referidas verbas aditadas à Lista I anexa ao Código do IVA (verbas 1.13. 2.36 e 2.37),
produzem efeitos a partir de 01-07-2022.
Note-se, no entanto, que a verba 2.37 tem um período de vigência limitado, dado que,
por força do disposto no n.º 3 do art.º 330.º da LOE/2022, a mesma produz efeitos
apenas até 30-06-2025, pelo que, a partir desta data, salvo qualquer
alteração/prorrogação que, entretanto, possa vir a ocorrer, as operações por ela
abrangidas passam a estar sujeitas à aplicação da taxa normal do imposto.
A comunicação dos elementos das faturas, bem como os elementos dos documentos
que possibilitem a conferência de mercadorias ou de prestação de serviços e recibos,
estava, até aqui, circunscrita a pessoas, singulares ou coletivas, que tivessem sede,
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estabelecimento estável ou domicílio fiscal em território português e aqui praticassem
operações sujeitas a IVA, passando agora a abranger as pessoas, singulares ou
coletivas, que se encontrem sujeitas às regras de emissão de faturação em território
português nos termos do art.º 35.º-A do Código do IVA.
Nessa medida, aquela obrigação passa a abranger, não apenas sujeitos passivos
estabelecidos em território nacional, mas, também, noutros Estados-membros ou em
país ou território terceiro, relativamente a operações tributadas em Portugal, quando
não se aplique a regra de inversão do sujeito passivo, ou seja, grosso modo, quando
tenham como destinatários consumidores finais.
Por outro lado, aquela norma, ao remeter para o art.º 35.º-A do Código do IVA, passa
abranger a emissão de fatura pelas operações efetuadas por sujeitos passivos que
utilizem Portugal como Estado-Membro de identificação para efeitos do regime de
balcão único (OSS).
Por outro lado, é alterado o prazo de comunicação das faturas que passa a ser “(…) até
ao dia 5 do mês seguinte ao da sua emissão.” (era até ao dia 12).
Recorde-se que os elementos das faturas, bem como os elementos dos documentos
que possibilitem a conferência de mercadorias ou de prestação de serviços e recibos,
poderá ser efetuado por uma das seguintes vias:
Finalmente, por via do aditamento do n.º 9, passou a prever-se uma obrigação adicional,
ou seja, os sujeitos passivos em causa que, durante o mês, não tenham emitido
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documentos, devem comunicar esse facto à AT, através do Portal das Finanças, no
prazo referido anteriormente referido.
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sua atividade de investigação e desenvolvimento (I&D), desde que o IVA das referidas
despesas não se encontre excluído do direito à dedução nos termos do art.º 21.º do
Código do IVA.
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5. ALTERAÇÕES EM SEDE DE IMPOSTOS SOBRE O PATRIMÓNIO
Os art.os 1.º, 6.º, 7.º e 70.º-A do Código do IS foram alterados por via do art.º 292.º da
LOE/2022.
O n.º 5 do referido artigo elenca, de forma taxativa, as transmissões gratuitas que não
se encontram sujeitas à verba 1.2 da Tabela Geral de IS.
Por via desta alteração legislativa, são retirados daquela enumeração os valores
aplicados em fundos de investimento mobiliário e imobiliário ou em sociedades de
investimento mobiliário e imobiliário.
De acordo com o presente artigo, são isentos de IS, quando este constitua seu encargo:
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d) As instituições particulares de solidariedade social e entidades a estas legalmente
equiparadas;
Sucede agora que, por via da referida alteração legislativa e consequente aditamento
do n.º 2, as referidas isenções de IS deixam de ser aplicáveis às instituições de crédito,
sociedades financeiras, empresas de seguros e resseguros e outras entidades a elas
legalmente equiparadas, quando constituam seu encargo.
Sucede que estas medidas já haviam sido adotadas pelo DL n.º 109/2020, de 31-12,
embora com caráter transitório, uma vez que estas isenções caducariam em 31-12-
2022.
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Retira-se da respetiva nota justificativa que “(…) a presente proposta visa transitar o
referido instrumento de política fiscal para o Código de Imposto do Selo, subtraindo-lhe
o caráter meramente transitório e alargando o seu âmbito às garantias prestadas no
âmbito de instrumentos de direito internacional, nomeadamente acordos bilaterais de
cooperação, tendo em vista o reforço das operações à exportação e a cooperação
internacional.”
“O disposto nas alíneas g) e h) do n.º 1 não se aplica quando qualquer dos intervenientes
não tenha sede ou direção efetiva no território nacional, com exceção das situações em
que o credor ou o devedor tenha sede ou direção efetiva noutro Estado-Membro da
União Europeia ou num Estado em relação ao qual vigore uma convenção para evitar a
dupla tributação sobre o rendimento e o capital acordada com Portugal, caso em que
subsiste o direito à isenção, salvo se o credor tiver previamente realizado os
financiamentos previstos nas alíneas g) e h) do n.º 1 através de operações realizadas
com instituições de crédito ou sociedades financeiras sediadas no estrangeiro ou com
filiais ou sucursais no estrangeiro de instituições de crédito ou sociedades financeiras
sediadas no território nacional.”
Como se verifica, agora, a limitação à aplicação das isenções em referência não existe,
subsistindo a isenção, não apenas quando o credor tenha sede noutro EM da UE ou
num Estado com o qual vigore uma convenção para evitar a dupla tributação, mas,
também, quando aí resida o devedor.
Conforme se retira da nota justificativa que suporta esta alteração legislativa “(…) ajusta-
se a redação do n.º 2 para a compatibilizar com o Direito Europeu, em linha com a
jurisprudência produzida nesta matéria.”.
Estaríamos assim perante uma restrição à livre circulação de capitais, não justificada
face às disposições do Tratado de Funcionamento da UE, situação que se encontra
agora ultrapassada.
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Na sua essência, o agravamento de 50% das taxas previstas nas verbas 17.2.1 a 17.2.4,
relativas a crédito ao consumo (abrangido pelo DL n.º 133/2009, de 02-06), mantém-se
em vigor em 2022.
O art.º 301.º da LOE/2022 procede à alteração de apenas dois art.os do Código do IMI,
os art.os 27.º e 76.º.
Por via do art.º 302.º procede, ainda, a alterações ao art.º 15.º-N do DL n.º 287/2003,
de 12-11, que estabelece um regime transitório do IMI.
Este art.º 15.º-N prevê um regime especial para os prédios ou partes de prédios urbanos
abrangidos pela avaliação geral, consagrada pela Lei n.º 60-A/2011, de 30-11, que
estejam arrendados por contrato de arrendamento para habitação celebrado antes da
entrada em vigor do Regime do Arrendamento Urbano, aprovado pelo DL n.º 321-B/90,
de 15-10, ou por contrato de arrendamento para fins não habitacionais celebrado antes
da entrada em vigor do DL n.º 257/95, de 30-09.
Para que os sujeitos passivos do IMI beneficiem deste regime especial, devem
apresentar, anualmente, entre 01-11 e 15-12, uma participação de rendas onde conste
o valor da última renda mensal devida e a identificação fiscal do inquilino. Esta
participação deverá ser acompanhada da participação eletrónica do contrato de
arrendamento ou respetivo modelo 2 da AT ou, ainda, na sua falta, por meios de prova
idóneos nos termos definidos por Portaria do membro do Governo responsável pela
área das finanças.
Com a referida alteração, o prazo de entrega da participação das rendas passa a ser de
01-01 a 1502, tal como já sucedeu relativamente ao IMI de 2020, por via do Despacho
do SEAF n.º 414/2020-XXII, de 30-10.
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- Alteração do n.º 1.
Esta segunda avaliação poderá assentar nas regras próprias de determinação do VPT
definidas no art.º 38.º e seguintes, ou, alternativamente, num contexto de distorção do
VPT face ao valor normal de mercado.
A alteração ao n.º 7 consiste numa mera atualização de remissões, enquanto que, por
via da alteração promovida à alínea c) do n.º 11, a competência para a nomeação do
perito regional em caso de falta de comparência do vogal nomeado pela câmara
municipal na comissão constituída para o efeito, deixa de estar atribuída ao chefe de
finanças e passa a ser atribuída ao diretor de finanças.
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O art.º 303.º da LOE/2022 procede à alteração dos art.os 2.º, 9.º, 12.º, 13.º e 17.º do
Código do IMT, com particular foco para as alterações em matéria de incidência objetiva
e taxas.
Por regra, o IMT incide sobre as transmissões, a título oneroso, do direito de propriedade
ou de figuras parcelares desse direito, sobre bens imóveis situados no território nacional.
No que se refere à alínea c), é aditado, na sua previsão legal, a alienação do “direito à
meação”, ficando com a seguinte redação:
Por morte de um dos cônjuges, o património do casal, como um todo, fica a pertencer,
na proporção das respetivas quotas, ao cônjuge sobrevivo (meação conjugal + quinhão
hereditário) e aos restantes herdeiros (quinhão hereditário), não se reportando aquelas
quotas a cada bem individualmente considerado, mas ao todo.
Até à partilha, os cônjuges meeiros têm um património comum e não são donos dos
bens que integram esse acervo, nem mesmo em regime de compropriedade, pois
apenas são titulares de um direito sobre a meação que incide sobre uma quota ou fração
da mesma para cada cônjuge, mas sem que se conheça quais os bens concretos que
preenchem tal quota. Não há bens certos e determinados, tratando-se apenas de uma
quota ideal, sendo pela partilha que serão adjudicados os bens pertencentes à meação
e à herança e que preencherão aquelas quotas.
Tal facto não impede o cônjuge sobrevivo alienar o referido direito, que, por esta via,
passa a estar consagrado como facto tributário sujeito a IMT.
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possibilidade atual de transmissão de imóveis, por aquela via, para a esfera de terceiros,
mantendo-se, no entanto, a exclusão de incidência nos atos de partilha entre ex-
cônjuges.”
Sem prejuízo de tal facto, ainda se procedeu a alterações das respetivas redações, que
sublinhamos:
e) As entradas dos sócios com bens imóveis para a realização do capital e para a
realização de prestações acessórias à obrigação de entrada de capital das sociedades
comerciais ou civis sob a forma comercial ou das sociedades civis a que tenha sido
legalmente reconhecida personalidade jurídica, as entregas de bens imóveis dos
participantes no ato de subscrição de unidades de participação de fundos de
investimento imobiliário fechados de subscrição particular;
Sobre esta matéria, sugere-se a leitura do Parecer n.º 72/2015 do Centro Estudos
Fiscais da AT, publicado na revista Ciência e Técnica Fiscal n.º 434 (pp. 333-364), no
qual já se concluía que não havia previsão legal para a tributação da entrega da
titularidade de bens imóveis em cumprimento da obrigação de prestações acessórias
imobiliárias gratuitas. Não obstante, como ali se referia, o seu efeito no património da
sociedade imobiliária é em tudo idêntico às entradas de capital, estas sim já previstas
na alínea e) do n.º 5 do art.º 2.º do Código do IMT.
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transmissões de imóveis em cumprimento da entrega de prestações acessórias,
efetuadas a título gratuito, não se incluem na previsão do art.º 2.º, n.º 5, alínea e), do
Código do IMT, desde logo, porque o elemento literal do preceito o não permite (cfr. art.º
9.º, n.º 2, do CC).
Considerou o referido Tribunal que “(…) o Código das Sociedades Comerciais separa,
claramente, a obrigação de entradas dos sócios para o capital social e a obrigação de
prestações acessórias. E essa diferenciação ocorre tanto no que respeita à sua origem,
como à sua natureza, fins e efeitos, conforme acima se concluiu. Na verdade, a previsão
da norma sob exame integra somente as entradas dos sócios, com imóveis, que se
consubstanciem na realização do capital social do ente societário. Sendo que esta
diferenciação de regime (entre as entradas de capital e as prestações acessórias) deve
ser integrada com recurso ao seu sentido original, tal qual consta do Código das
Sociedades Comerciais (cfr. artº. 11, nº. 2, da L.G.T.).
Com estes pressupostos, não pode o intérprete alargar o âmbito da previsão do artº. 2,
nº. 5, al. e), do C.I.M.T., para nela se incluírem as transmissões de imóveis em
cumprimento da entrega de prestações acessórias, desde logo, porque o elemento
literal do preceito a tal impede (cfr. artº. 9, nº. 2, do C. Civil) (…)”.
Percebe-se, assim, que o legislador, visando colmatar esta lacuna da lei, passou a
incluir na previsão legal da referida alínea e) as entradas dos sócios com bens imóveis
para a realização de prestações acessórias à obrigação de entrada de capital, que
passam, assim, a ser tributadas em sede de IMT.
Claro está, o IMT será devido pelo sócio a quem o imóvel em causa for adjudicado.
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Na determinação do limite que serviria de base à liquidação do IMT, para efeitos de
isenção na aquisição de prédio urbano ou de fração autónoma de prédio urbano
exclusivamente destinado a habitação própria e permanente, deixou de se remeter para
um determinado valor (92.407€), passando a remissão a concretizar-se para o valor
máximo do 1.º escalão a que se refere a alínea a) do n.º 1 do art.º 17.º, que, à luz da
LOE/2022, passou a ser, como veremos, de 93.331€.
Por esta via, futuras alterações dos escalões de taxas de IMT não implicarão a
consequente alteração deste artigo.
Por sua vez, a alteração à regra 12.ª veio comportar o desdobramento das alíneas e) e
f), assim como o consequente aditamento da alínea g), anteriormente referidos,
autonomizando-se agora uma regra de quantificação do valor tributável para a
adjudicação dos bens imóveis aos sócios ou participantes em fundos de investimento,
considerando-se como tal o VPT ou, caso seja superior, aquele por que os mesmos
saírem do ativo das sociedades ou do património dos fundos de investimento imobiliário.
A alteração promovida à regra 7.ª visa abarcar uma figura incorporada no Código do
IMT pela LOE/2021, o direito real de habitação periódica. Neste processo, certamente
por lapso, não ficou prevista a possibilidade da transmissão da propriedade
separadamente do referido direito, o mesmo sucedendo nas alíneas a) e b) do art.º 13.º
do mesmo Código.
Já no que se refere à regra 21.ª, a mesma passou a ter a seguinte redação, sublinhando-
se a parte aditada pela LOE/2022:
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que o imposto é liquidado sobre o valor atual desse direito, calculado nos termos da
alínea b) do artigo 13.º, ou sobre o valor constante do ato ou do contrato, se for superior.”
- Alteração às alíneas a) e b)
A Lei/2022 promoveu alterações aos escalões de taxas de IMT, com efeitos a partir da
sua entrada em vigor, ou seja, 28-06-2022. Entretanto, foram publicadas as respetivas
tabelas práticas por via do Ofício Circulado n.º 40119, de 28-06-2022, que se evidenciam
de seguida, para o caso concreto do continente:
Por outro lado, ainda no que se refere à aplicação das taxas, por via da alteração
promovida ao n.º 6, passa a aplicar-se à transmissão de figuras parcelares do direito de
propriedade, ou da propriedade separada dessas figuras parcelares, as mesmas regras
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que até aqui eram aplicáveis à transmissão de partes de prédio, quando no ato não se
transmitir a totalidade do prédio, ou seja, nestes casos, ao valor tributável, tendo em
consideração os direitos transmitidos, aplica-se a taxa correspondente ao valor global
do prédio.
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6. ALTERAÇÕES EM SEDE DE BENEFÍCIOS FISCAIS
O art.º 305.º da LOE/2022 altera os art.os 22.º -A, 36.º-A, 41.º -B, 45.º, 46.º, 64.º e 66.º-
A do Estatuto dos Benefícios Fiscais, destacando-se a alteração ao art.º 36.º-A que
consiste na prorrogação do prazo de licenciamento de entidades para operar na Zona
Franca da Madeira até 31-12-2023 (era 31-12-2020).
- Alteração do n.º 10
Tal como referido na introdução, o regime fiscal vigente na Zona Franca da Madeira,
que consiste, entre outros benefícios fiscais, na aplicação de uma taxa de IRC de 5%
(inalterada), passa a aplicar-se às entidades licenciadas até 31-12-2023, quando até
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aqui, após as alterações promovidas pela Lei n.º 21/2021, de 20-04, se aplicava a
entidades licenciadas até 31-12-2021 (anteriormente a estas alterações a data de
referência era 31-12-2020), ajustando-se, em conformidade, a redação das duas
normas acima identificadas.
Neste âmbito, foi aprovado o Regulamento (UE) n.º 2020/972, de 02-07-2020, que
prorroga por mais 3 anos (até 31-12-2023) o Regulamento (UE) n.º 1407/2013 e o
Regulamento (UE) n.º 651/2014, ou seja, o normativo aplicável aos auxílios estatais, ao
abrigo das quais foi negociado o regime aplicável às entidades licenciadas para operar
na Zona Franca da Madeira, conferindo ao Estado Português a faculdade de
prorrogação do regime jurídico previsto no artigo 36.º-A.
- Aditamento do n.º 5 (anterior n.º 5 passa a ser o n.º 6) e alteração do n.º 7 (anterior n.º
6; anteriores n.os 7 a 9 passam a ser os n.os 8 a 10)
“O Estatuto dos Benefícios Fiscais permite já consagrar uma taxa de IRC mais baixa
nos territórios de baixa densidade, fazendo parte do conjunto de benefícios fiscais
aplicáveis ao interior do nosso país. Este tem constituído um instrumento estratégico de
valorização do interior e de combate à desertificação e despovoamento destes
territórios.
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Nos termos dos estatutos das regiões autónomas e da lei das finanças regionais, é
permitido às regiões autónomas um diferencial fiscal de 30%, que visa assegurar de
igual modo o devido incentivo ao investimento empresarial nestas regiões
ultraperiféricas.
“No caso das regiões autónomas, a taxa prevista no n.º 1 pode ser adaptada nos termos
previstos no n.º 2 do artigo 59.º da Lei das Finanças das Regiões Autónomas, aprovada
pela Lei Orgânica n.º 2/2013, de 2 de setembro.”
Recorde-se que a taxa prevista no n.º 1 a que se refere a norma citada, aplicável a PME,
é de 12,5% aplicáveis aos primeiros 25.000€ de matéria coletável, quando o regime-
regra, previsto no n.º 2 do art.º 87.º do Código do IRC, prevê uma taxa de 17% para o
mesmo escalão de rendimentos.
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Passa a ficar consagrado no novo n.º 8 que a referida isenção (prevista na alínea c) do
n.º 2) fica sem efeito se:
“a) Aos imóveis for dado destino diferente daquele em que assentou o benefício, no
prazo de seis anos a contar da data da transmissão; ou
Quanto ao n.º 9, também aditado, passa a dispor que, no caso de a isenção ficar sem
efeito, nos termos do disposto no número anterior, o sujeito passivo deve solicitar à AT
a liquidação do respetivo imposto, no prazo de 30 dias, através de declaração de modelo
oficial.
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atribuam, quando o correspondente valor não ultrapassar, no seu conjunto, 10% do
montante do donativo recebido.
Passa a constar que o regime previsto neste art.º para as cooperativas não é aplicável
às instituições de crédito, sociedades financeiras, empresas de seguros e resseguros
ou a outras entidades a elas legalmente equiparadas.
Sucede que aquele Regulamento viria a ser alterado pelo Regulamento (UE) n.º
2021/1237, de 23-07-2021, pelo que interessava promover algumas alterações ao CFI,
em concreto aos seus art.os 1.º, 2.º, 7.º, 25.º e 43.º, que são aqui retratadas.
De acordo com o disposto no art.º 330.º da LOE/2022, todas estas alterações produzem
efeitos desde 01-01-2022.
- Alteração ao n.º 2
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Procede-se à prorrogação do prazo à luz do qual se podem atribuir benefícios fiscais ao
investimento de natureza contratual, agora para 31-12-2027 (era 31-12-2020).
A alteração ao n.º 2 visa referenciar as novas orientações relativas aos auxílios com
finalidade regional, que visam agora o período de 2022-2027 (era 2014-2020),
publicadas no Jornal Oficial da União Europeia, n.º C 153/1, de 29-04-2021.
Estamos a falar das Orientações revistas da UE relativas aos auxílios estatais com
finalidade regional («Orientações relativas aos auxílios estatais com finalidade
regional»), que estabelecem as regras ao abrigo das quais os Estados-Membros podem
conceder auxílios estatais a empresas para apoiar o desenvolvimento económico das
regiões desfavorecidas da UE, assegurando simultaneamente condições de
concorrência equitativas entre os Estados-Membros. As Orientações revistas entraram
em vigor em 1 de janeiro de 2022.
- Alteração do n.º 3.
Tal como sucede com a alteração anterior, passa a haver uma remissão genérica para
o limiar de notificação previsto nas OAR (orientações relativas aos auxílios estatais com
finalidade regional).
ü Art.º 43.º - Limites máximos aplicáveis aos auxílios estatais com finalidade
regional
- Alteração do n.º 1.
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Da sua análise retira-se uma subida generalizada dos referidos limites, por regra em 5
p.p., tal como sucede para o caso concreto da região norte, sem prejuízo de um maior
detalhe no recorte das regiões.
Note-se que aqueles limites previstos são majorados em 10 p.p. para as médias
empresas e em 20 p.p. para as micro e pequenas empresas tal como definidas na
Recomendação n.º 2003/361/CE, de 06-05-2003, exceto quanto a projetos de
investimento cujas aplicações relevantes excedam 50.000.000€.
Recorde-se que deve preencher o quadro 078-A o sujeito passivo que beneficie de
incentivos fiscais ou financeiros e fiscais ao investimento, com finalidade regional.
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7. ALTERAÇÕES EM SEDE DE JUSTIÇA TRIBUTÁRIA
O art.º 311.º da LOE/2022 altera o art.º 57.º-A da LGT, o qual havia sido aditado
recentemente pela Lei n.º 2/2021, de 26-02, com entrada em vigor em 27-02-2021,
instituindo as denominadas “férias fiscais”.
- Alteração do n.º 2
“Os prazos do procedimento tributário relativos aos atos praticados pelos contribuintes
nos procedimentos constantes das alíneas a), c), d), e), f) e g) do n.º 1 e do n.º 2 do
artigo 54.º, bem como ao exercício do direito de audição ou de defesa em quaisquer
procedimentos, ao exercício do direito à redução de coimas, ao pagamento antecipado
de coimas, ou aos esclarecimentos solicitados pela administração tributária, que
terminem no decurso do mês de agosto são transferidos para o primeiro dia útil do mês
seguinte.”
Depreende-se das alterações que ao elenco das situações abrangidas pelo diferimento,
são acrescentados os relativos ao exercício do direito de defesa, ao exercício do direito
à redução de coimas e ao pagamento antecipado de coimas, colmatando-se, assim,
uma lacuna evidente.
O art.º 312.º da LOE/2022 altera o art.º 227.º do CPPT, passando a ficar consagradas
regras detalhadas sobre a impenhorabilidade de rendimentos da categoria B do IRS
(rendimentos empresariais e profissionais).
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ü Art.º 227.º - Formalidades da penhora de quaisquer abonos, salários ou
vendimentos
f) O órgão de execução fiscal, com base nas informações prestadas, confirma ou apura
o valor a penhorar e comunica-o à entidade pagadora, no prazo de dois dias úteis a
contar da comunicação referida na alínea anterior;
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i) Para controlo do estatuído no presente artigo, pode o órgão de execução utilizar toda
a informação relevante para o efeito disponível nas suas bases de dados.
11 de julho de 2022
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