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Ofício-Circulado 92219/97, de 11/09 - Direcção de Serviços do

IVA
IVA - ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELO DECRETO-LEI Nº 204/97, DE 9 DE AGOSTO
Ofício-Circulado 92219/97, de 11/09 - Direcção de Serviços do IVA
IVA - ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELO DECRETO-LEI Nº 204/97, DE 9 DE AGOSTO

1. ÂMBITO DO DIPLOMA E ENTRADA EM VIGOR

No Diário da República nº 183/97, I Série-A, de 97.08.09, foi publicado o Decreto-Lei nº 204/97,


que introduziu alterações ao Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA) e ao Regime
do IVA nas Transacções Intracomunitárias (RITI), e que aprovou o Regime Especial de
Exigibilidade do IVA nas Empreitadas e Subempreitadas de Obras Públicas.

Ressalvando as disposições especiais sobre a aplicação temporal do novo prazo para a


apresentação da declaração periódica de imposto e respectivo pagamento, e da entrada em vigor
do Regime Especial de Exigibilidade do IVA nas Empreitadas e Subempreitadas de Obras
Públicas, que mais adiante se referirão, as restantes alterações entram em vigor em 97.08.14, no
Continente, e em 97.08.24, nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

Sem dispensar a consulta atenta do referido Decreto-Lei, chama-se desde já a atenção para
algumas das principais alterações agora introduzidas:

2. ALTERAÇÕES AO CÓDIGO DO IVA (CIVA)

2.1. LOCAÇÃO DE MEIOS DE TRANSPORTE

Apesar dos ajustamentos ocorridos na redacção do nº 10 do artigo 6º do CIVA, e que levaram à


criação das alíneas a) e b), mantêm-se inalteráveis as regras de localização das prestações de
serviços de locação de meios de transporte.

Nessa matéria, a única alteração ocorrida resulta do aditamento da alínea f) ao nº 1 do artigo 2º do


CIVA, considerando-se sujeitos passivos do imposto os adquirentes daqueles serviços, quando se
verifiquem, cumulativamente, as seguintes condições:

- o prestador dos serviços (locador) não tenha, no território da Comunidade Europeia, sede,
estabelecimento estável ou domicílio a partir do qual os serviços sejam prestados;

- a utilização e exploração efectivas do meio de transporte ocorram no território nacional; e

- o adquirente dos serviços (locatário) seja um sujeito passivo do IVA no território nacional.

2.2. PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES

Com o aditamento da alínea j) ao nº 8 e da alínea b) ao nº 10, ambos do artigo 6º do CIVA, foram


alteradas as regras de localização das prestações de serviços de telecomunicações.

2.2.1 Definição de "serviços de telecomunicações"

São considerados serviços de telecomunicações, os serviços que tenham por objecto a


transmissão, emissão e recepção de sinais, texto, imagens e sons ou informações de todo o tipo,
por fio, rádio, meios ópticos ou por outros meios electromagnéticos, incluindo a cessão e a
concessão do direito de utilização dos meios para efectuar tais transmissões, emissões ou
recepções.

1
Esta definição engloba os serviços de acesso à INTERNET (assinatura), com exclusão dos
serviços complementares prestados através da rede.

2.2.2 Regras de localização

. Quando o prestador e o adquirente dos serviços se encontrem sediados, estabelecidos ou


domiciliados no território nacional, a operação é sujeita a IVA (artº 6º, nº 4, do Código), competindo
ao prestador dos serviços a liquidação do correspondente imposto.

. Quando o prestador dos serviços se encontrar sediado ou estabelecido no território nacional e o


adquirente dos serviços for pessoa estabelecida ou domiciliada noutro Estado membro da
Comunidade Europeia, não tendo, nesse país, a qualidade de sujeito passivo de imposto sobre o
valor acrescentado, a operação é sujeita a IVA (artº 6º, nº 4, do Código), competindo ao prestador
de serviços proceder à liquidação do correspondente imposto.

. Quando o prestador dos serviços se encontrar sediado ou estabelecido no território nacional e o


adquirente dos serviços for pessoa estabelecida ou domiciliada em país não pertencente à
Comunidade Europeia ou, encontrando-se estabelecida ou domiciliada noutro Estado membro da
Comunidade Europeia, provar que se trata de um sujeito passivo do imposto nesse outro Estado
membro, a operação não é sujeita a IVA em território nacional (artº 6º, nº 9, do Código).

. Quando o prestador dos serviços se encontrar sediado ou estabelecido em qualquer país, que
não Portugal, e o adquirente dos serviços for um sujeito passivo do imposto que disponha de sede,
estabelecimento estável ou domicílio no território nacional, a operação é sujeita a IVA (artº 6º, nº 8,
al. j) do Código), competindo ao adquirente dos serviços, por força do disposto na parte final da
alínea a) do nº 1 do artigo 2º do CIVA, proceder à liquidação do correspondente imposto.

. Quando o prestador dos serviços se encontrar sediado ou estabelecido fora da Comunidade


Europeia e o adquirente dos serviços for uma pessoa singular ou colectiva com sede,
estabelecimento estável ou domicílio no território nacional, que aqui não seja um sujeito passivo do
imposto, a operação é sujeita a IVA (artº 6º, nº 10, al. b), do Código), competindo ao prestador dos
serviços proceder à liquidação do imposto e ao cumprimento das obrigações acessórias
decorrentes da tributação, incluindo a do registo, através de um representante fiscal residente no
território nacional, nos termos do artigo 29º do CIVA.

2.3. NOVO PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DAS DECLARAÇÕES PERIÓDICAS E


PAGAMENTO DO IVA

Com a alteração da redacção da alínea a) do nº 1 do artigo 40º do CIVA, as declarações periódicas


de imposto, a apresentar pelos sujeitos passivos do regime normal com periodicidade mensal,
deverão dar entrada nos Serviços do IVA até ao dia 10 do segundo mês seguinte àquele a que
respeitam as operações.

O novo prazo para o envio das declarações periódicas de imposto aplicar-se--á às operações
tributáveis realizadas a partir do mês de Agosto do corrente ano (inclusivé), pelo que as
declarações periódicas referentes a esse mês deverão ser enviadas até ao dia 10 de Outubro de
1997.

Nos termos do nº 2 do artigo 2º do Decreto-Lei nº 204/97, o Ministro das Finanças poderá, por
despacho devidamente fundamentado, determinar a alteração dos prazos para o envio das
declarações periódicas de imposto relativas às operações tributáveis realizadas nos meses de
Setembro, Outubro e Novembro do corrente ano, antecipando-os para os dias 5 de Novembro, 30
de Novembro e 31 de Dezembro de 1997, respectivamente.

2.4. ALTERAÇÃO DO MONTANTE PARA O REEMBOLSO

2
Foi alterada a redacção do nº 6 do artº 22º do CIVA, passando o montante mínimo para a
concessão de reembolso, antes de decorridos 12 meses sobre o início da situação de crédito, a
estar indexado ao valor do salário mínimo nacional mais elevado, permitindo que esse valor seja
automaticamente actualizado todos os anos.
Por outro lado, prevê-se a redução daquele valor para metade, nos primeiros 6 meses após o início
da actividade e nas situações de investimento com recurso ao crédito, devidamente comprovadas.

2.5. ALTERAÇÃO ÀS LISTAS I E II ANEXAS AO CIVA

As alterações introduzidas às listas I e II anexas ao CIVA visam harmonizá--las com a legislação


que regulamenta a classificação das águas, constante do Decreto--Lei nº 90/90, de 16 de Março, e
do Decreto Regulamentar nº 18/92, de 13 de Agosto.

Assim, a verba 1.7.1. da lista I (bens e serviços sujeitos à taxa reduzida) passou a ter a seguinte
redacção:

"Água, com excepção das águas referidas na verba 1.9 da lista II e das águas adicionadas de
outras substâncias".

Por seu lado, a verba 1.9 da Lista II (bens e serviços sujeitos a taxa intermédia) passou a ter a
seguinte redacção:

"Águas de nascente e águas minerais naturais, ainda que reforçadas ou adicionadas de gás
carbónico, sem adição de outras substâncias".

As águas não abrangidas pela verba 1.7.1. da lista I ou pela verba 1.9 da lista II são tributadas à
taxa normal (17% no Continente e 12% nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira).

3. REGIME ESPECIAL DE EXIGIBILIDADE DO IVA NAS


EMPREITADAS E SUBEMPREITADAS DE OBRAS PÚBLICAS

3.1. ÂMBITO DE APLICAÇÃO

Encontram-se abrangidas pelo Regime Especial as empreitadas e subempreitadas de obras


públicas em que é dono da obra o Estado, entendendo-se como tal a administração central e os
seus serviços locais (v.g. direcções escolares, direcções regionais de saúde, repartições de
finanças, etc.).

Não são abrangidas pelo Regime Especial as empreitadas e subempreitadas de obras públicas em
que sejam donos da obra, designadamente, as regiões autónomas, as autarquias locais, os
institutos públicos e as empresas públicas.

3.2. EXIGIBILIDADE DO IMPOSTO

O Regime Especial agora aprovado vem, relativamente às empreitadas e subempreitadas de obras


públicas em que é dono da obra o Estado, consagrar o diferimento da exigibilidade do imposto para
o momento do recebimento total ou parcial do preço, neste último caso apenas pela parte do preço
recebida.

Tratando-se de subempreitadas, e sem prejuízo da regra anteriormente referida, considera-se que


o recebimento total do preço, por parte do subempreiteiro, ocorre, o mais tardar, no último dia útil
do mês seguinte àquele em que for efectuado o pagamento total da empreitada pelo dono da obra
ao empreteiro, o qual se tem por verificado ainda que existam montantes retidos a título de
garantia.

Os sujeitos passivos abrangidos pelo Regime Especial podem solicitar autorização para adoptar as

3
regras gerais de exigibilidade do imposto, previstas nos nºs 1 e 2 do artigo 8º do CIVA, mediante
requerimento a apresentar na respectiva repartição de finanças, devendo a opção pela aplicação
das regras gerais de exigibilidade ser exercida relativamente ao conjunto das operações
abrangidas pelo Regime Especial.

3.3. DIREITO À DEDUÇÃO

Dado que a exigibilidade do imposto ocorre apenas no momento do pagamento total ou parcial do
preço, o Regime Especial estabelece que o direito à dedução do imposto suportado nessas
operações (empreitadas ou subempreitadas) só se verifica a partir do momento em que o sujeito
passivo tenha na sua posse o recibo comprovativo do pagamento passado na forma legal, cuja
data de emissão deve coincidir sempre com a do pagamento.

3.4. REGRAS RELATIVAS À EMISSÃO DE FACTURAS E DE RECIBOS

As facturas relativas a operações abrangidas por este Regime devem ser numeradas numa série
especial, convenientemente referenciada, e conter a menção "IVA exigível e dedutível no
pagamento".

Nas operações abrangidas pelo Regime Especial é obrigatória a emissão de recibo quando do
pagamento total ou parcial, pelo valor do montante recebido, devendo os recibos ser numerados
numa série especial e deles constar a taxa do IVA aplicável e a referência à factura inicial, quando
for caso disso.

Às facturas e aos recibos previstos no Regime Especial é aplicável o disposto no artigo 5º do


Decreto-Lei nº 198/90, de 19 de Junho, o qual faz remissão para algumas normas do Decreto-Lei
nº 45/89, de 11 de Fevereiro.

3.5. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO

O Regime Especial, entra em vigor no dia 31 de Outubro de 1997, pelo que as regras de
exigibilidade do imposto nele previstas serão aplicáveis às facturas emitidas a partir daquela data
(inclusivé).

Com vista a uma correcta aplicação da lei no tempo, em relação àquelas operações que possam
vir a ocorrer próximo da referida data, apresentam-se, de seguida, alguns exemplos.

Exemplo 1:

O facto gerador (artº 7º do CIVA) ocorre em 28 de Outubro de 1997 e a factura é emitida em 31 de


Outubro do mesmo ano.

Neste caso, a exigibilidade do imposto ocorrerá na data do recebimento do preço, de harmonia


com as regras do Regime Especial, pelo que na factura deverá constar a menção "IVA exigível e
dedutível no pagamento"

Exemplo 2:

O facto gerador (artº 7º do CIVA) ocorre em 15 de Outubro de 1997 e a factura é emitida em 31 de


Outubro do mesmo ano.

Neste caso, não é respeitado o prazo legal, estabelecido no nº 1 do artº 35º do CIVA, para a
emissão da factura. Assim, a exigibilidade do imposto ocorre, nos termos da alínea b) do nº 1 do
artº 8º do CIVA, no momento em que termina o prazo (22 de Outubro de 1997), ou seja, antes da
entrada em vigor do Regime Especial, pelo que a exigibilidade do imposto não é diferida para o
momento do pagamento do preço.

4
O DIRECTOR-GERAL,
António Nunes dos Reis.

Processo L121 97010


Contribuinte 212 000 000
Cód. Assunto L121A
Origem 10

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