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LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
Marcos Antônio de Macedo
Geometria
Analítica Vetorial
FORTALEZA
2008
Créditos
Presidente Diemano Bruno Lima Nóbrega
Luis Inácio Lula da Silva Germano José Barros Pinheiro
Hommel Almeida de Barros Lima
Ministro da Educação José Albério Beserra
Fernando Haddad
José Stelio Sampaio Bastos Neto
Secretário da SEED Larissa Miranda Cunha
Carlos Eduardo Bielschowsky Marco Augusto M. Oliveira Júnior
Diretor de Educação a Distância Navar de Medeiros Mendonça e Nascimento
Celso Costa Renato Furtado de Mesquita
Roland Gabriel Nogueira Molina
Reitor do IFCE
Cláudio Ricardo Gomes de Lima Equipe Web
Aline Mariana Bispo de Lima
Pró-Reitor de Ensino Antonio de Pádua Madeiros Alves Filho
Gilmar Lopes Ribeiro Benghson da Silveira Dantas
Diretora de EAD/IFCE e Coordenadora Fabrice Marc Joye
UAB/IFCE Luiz Alfredo Pereira Lima
Cassandra Ribeiro Joye Lucas do Amaral Saboya
Vice-Coordenadora UAB Marcos do Nascimento Portela
Régia Talina Silva Araujo Ricardo Werlang
Samantha Onofre Lóssio
Coordenador do Curso de Tibério Bezerra Soares
Tecnologia em Hotelaria Thuan Saraiva Nabuco
José Solon Sales e Silva
Revisão Textual
Coordenador do Curso de Aurea Suely Zavam
Licenciatura em Matemática Nukácia Meyre Araujo de Almeida
Zelalber Gondim Guimarães
Revisão Web
Elaboração do conteúdo Débora Liberato Arruda Hissa
Marcos Antônio de Macedo Saulo Garcia
Equipe Pedagógica e Design Instrucional Logística
Ana Claúdia Uchôa Araújo Francisco Roberto Dias de Aguiar
Andrea Maria Rocha Rodrigues
Cristiane Borges Braga Secretários
Eliana Moreira de Oliveira Breno Giovanni Silva Araujo
Gina Maria Porto de Aguiar Vieira Francisca Venâncio da Silva
Jane Fontes Guedes Auxiliar
Lívia Maria de Lima Santiago Zuila Sâmea Vieira de Araújo
Luciana Andrade Rodrigues Maria Tatiana Gomes da Silva
Regina Santos Young Carla Anaíle Moreira de Oliveira
Equipe Arte, Criação e Produção Visual
Benghson da Silveira Dantas
Davi Jucimon Monteiro
Catalogação na Fonte: Etelvina Marques (CRB 3 – Nº 615)
CDD – 516.3
Sumário
Apresentação 6
Aula 1 - Introdução a Vetores 7
Tópico 1 - Sistema de Coordenadas Tridimensional 8
Tópico 2 - Introdução a Vetores 14
Tópico 3 - Decomposição no plano e no espaço 20
Aula 4 - Reta 63
Tópico 1 - Equações da Reta 64
Tópico 2 - Posições Relativas Entre Duas Retas 70
Aula 5 - Plano 75
Tópico 1 - Equações do Plano 76
Tópico 2 - Complemento Sobre Planos 84
Aula 6 - Distâncias 89
Tópico 1 - Distância Envolvendo Ponto e Reta 90
Tópico 2 - Distâncias Envolvendo Ponto e Plano 96
A disciplina Geometria Analítica e Vetores tem como objetivo familiarizar o aluno com os conceitos
fundamentais da Geometria Analítica e Vetores, fornecendo-lhe um conjunto de ferramentas que
permitam avançar nas disciplinas de Cálculo Diferencial e Integral, Física e Álgebra Linear.
A disciplina está estruturada em duas partes: vetores e geometria analítica. Na primeira parte, são in-
troduzidas as propriedades e operações com vetores de maior relevância, considerando que o estudo
desses elementos é de fundamental importância para compreensão e entendimento da geometria
analítica.
Na segunda parte, é realizado um estudo acerca das retas e dos planos no espaço tridimensional,
utilizando-se como ferramentas básicas as principais operações e propriedades dos vetores, além de
uma abordagem sobre transformação de coordenadas.
No desenvolvimento dos conteúdos, procuramos seguir sempre uma ordem lógica na apresentação
dos temas. Dessa forma, pretendemos facilitar e fornecer condições para que os próprios alunos avan-
cem de modo progressivo no domínio da disciplina.
Como parte de sua avaliação, o aluno deverá resolver, ao final de cada aula, um conjunto de exer-
cícios cujo grau de complexidade aumenta de forma gradativa desde os conceitos mais básicos aos
mais complexos.
Bons estudos!
Objetivos:
• Introduzir a linguagem geométrica de vetores coligada às técnicas algébricas que envolvem
coordenadas.
• Desenvolver uma visão integrada com os problemas de geometria resolvidos por meio de
técnicas de algébricas.
7
01
TÓPICO
SISTEMA DE COORDENADAS
TRIDIMENSIONAL
OBJETIVOS
··Apresentar a ferramenta básica para o estudo da
geometria analítica e vetores.
··Identificar um ponto no sistema de coordenadas
tridimensionais.
8 Licenciatura em Matemática
A
Figura 1 – Sistema de eixos cartesianos
1
Cada dupla de eixos determina um plano coordenado. Portanto temos três planos T
coordenados: o pano x0y ou xy, o plano x0z ou xz e o plano y0z ou yz, como mostra 1
a Figura 2. Os três planos se interceptam dividindo o espaço em oito regiões, cada
uma delas chamada octante. O primeiro octante é determinado pelos eixos positi-
vos (Figura 2).
Exercícios resolvidos
1- Que superfícies de 3 são representadas pelas seguintes equações?
a) x = 4 b) z = 5
Solução:
a) a equação x = 4 representa o conjunto {(x,y,z) / x = 4} que é o conjunto de
todos os pontos de 3 com coordenada x = 4 . Isso representa um plano paralelo ao
plano yz interceptando o eixo x no ponto (x, 0, 0), como mostra a Figura 4a.
b) a equação z = 5 representa o todos os pontos de 3 com coordenada z = 5 .
Isso representa um plano paralelo ao plano xy interceptando o eixo z no ponto (0,
0, z), como mostra a Figura 4b.
Figura 4-a – O plano intercepta o eixo x no ponto (4,0,0). Figura 4-b – O plano intercepta o eixo x
no ponto (0,0,5)
10 Licenciatura em Matemática
1.2 DISTÂNCIA DE DOIS PONTOS
A fórmula bastante conhecida para a distância entre dois pontos em um plano
pode ser estendida para a seguinte fórmula tridimensional.
d(A,B) = AB = Dx2 + Dy2 + Dz2 em que A(x1 , y1 , z1 ) e B(x2 , y2 , z 2 )
Para justificar esta fórmula, vamos construir um paralelepípedo, onde A e B são
vértices opostos e as faces são paralelas aos planos coordenados. Se A(x1 , y1 , z1 ) e
B(x2 , y2 , z 2 ) são vértices do poliedro (como indica a Figura 5), então temos: A
AC = x2 - x1 CD = y2 - y1 BD = z2 - z1
1
T
1
2 2 2
AD = AC + CD
Combinando as duas equações, vem...
AB 2= AC 2
+ CD 2
+ BD 2
AB 2= x2 - x1 2
+ y2 - y1 2
+ z2 - z1 2
AB = x2 - x1 2
+ y2 - y1 2
+ z2 - z1 2
fazendo Dx = x2 - x1 , Dy = y2 - y1 e Dz = z2 - z1 temos,
AB = Dx 2 + Dy 2 + Dz 2
Exercícios resolvidos
1. Qual a distância do ponto A(2, -1, 7) ao ponto B(1, -3, 5)?
Solução:
AB = (2 - 1) 2 + ( - 1 + 3) 2 + (7-5) 2
AB = 1 + 4 + 4 =3
2. Determine a equação da esfera de centro no ponto C(a, b, c) e raio r.
r = (x - a) 2 + (y - b) 2 + (z - c) 2
(x - a) 2 + (y - b) 2 + (z - c) 2 = r 2
A
1 Em particular, se o centro é o ponto (0, 0, 0), a equação da esfera fica
x 2 + y 2 + z 2= r 2
T
1 Vimos como identificar um ponto no sistema de coordenadas tridimensionais
através de suas coordenadas e também como calcular a distância entre dois pontos
no espaço.
A seguir faremos uma introdução a uma outra ferramenta imprescindível no es-
tudo da nossa disciplina.
12 Licenciatura em Matemática
02
TÓPICO
INTRODUÇÃO A VETORES
OBJETIVOS
··Introduzir a noção de vetor.
··Identificar e realizar operações básicas com
vetores no plano.
14 Licenciatura em Matemática
Outras grandezas ficam bem definidas apenas por um número real, acompanhado lo-
gicamente de sua unidade de medida correspondente (exemplo: 13 kg de massa, 30ºc
de temperatura etc). Tais grandezas são denominadas grandezas escalares.
2.1 DEFINIÇÕES
i) Em um segmento orientado XY, chama-se ve-
®
tor v (Figura 6) o conjunto infinito de todos os seg- A
mentos eqüipolentes a XY. Cada segmento orienta- ATENÇÃO! 1
do do conjunto é chamado imagem geométrica ou
representante do vetor. Dois segmentos são eqüipolentes quando T
têm a mesma direção, o mesmo sentido e o 2
mesmo comprimento.
SAIBA MAIS!
Figura 6 – Conjunto de segmentos eqüipolentes
O Matemático Hermann Grassmann
é conhecido pela sua contribuição no
NOTAÇÕES
desenvolvimento do Cálculo Vetorial Geral,
que possibilita o uso de um número qualquer
1. Uma seta em cima de uma letra minúscula.
de dimensões.
® ® ® ® ®
Exemplos: a, b , c , . . . v, w
→
Figura 7- Na representação xy = x − y , x é a origem e y a extremidade do representante do vetor v
do sistema. Figura 8 - v = ( x1 , y1 , z1 )
1
T ®
2 ii) Módulo de um vetor v , indicado por v , representa o comprimento do ve-
tor. Por exemplo:
Figura 9 - v = 6 u.c
iii) Vetor nulo apresenta direção e sentido arbitrários e módulo igual a zero. O
vetor nulo tem coordenadas (0, 0, 0) e sua representação geométrica é a origem do
sistema de coordenadas.
iv) Vetor unitário é o vetor de módulo igual a 1.
® ®
v) Versor de um vetor v é o vetor unitário de mesma direção e sentido de v .
® ®
Figura 10 – u é o versor de v
® ®
v ® ® ® ® v
Observe que u = . Generalizando temos: Se u é versor de v , então u = .
3 v
® ® ®
vi) O Vetor oposto de AB é o vetor BA indicado por - AB . Em outras pala-
® ®
vras, o vetor oposto de AB possui mesmo comprimento e direção de AB , porém
sentido contrário.
BA = −AB
→ ®
Figura 11 −
- AB é o oposto de BA
16 Licenciatura em Matemática
vii) Dois vetores são colineares quando apresentam mesma direção.
De acordo com o exposto até o presente momento, concluímos que podemos as-
sociar o conceito de vetor à idéia de translação. A mesma idéia não se transfere para
retas paralelas, tendo em vista que elas apresentam posições fixas. Portanto duas re-
tas paralelas e distintas jamais serão colineares.
® ® ®
viii) Três vetores u, v e w são coplanares quando tiverem representantes pa-
ralelos ao mesmo plano.
A
1
T
2
® ® ® ® ® ®
Figura 12 – u , v e w são coplanares. Figura 13 – u , v e w não são coplanares
→ → → →
Figura 14 – u = 3. v Figura 15 – u = −3. v
(mesma direção e sentido) (mesma direção e sentido contrários)
Exercícios resolvidos
® ®
1- Dados os vetores u e v da figura, mostrar um representante do vetor:
® ®
a) u - v
® ®
b) v - u
® ®
c) u - 2 v
Solução:
a) b)
18 Licenciatura em Matemática
c)
A
1
® ®
2- Determine o módulo do vetor soma dos vetores u e v , ortogonais, tais que T
® ® 2
u =3 e v =4.
Solução:
Tendo em vista que os vetores são ortogonais, consideremos dois representantes
® ®
de u e v de mesma origem e em seguida aplicamos a regra do paralelogramo.
A
1 OBJETIVOS
··Definir combinação linear.
T ··Introduzir o conceito de base canônica.
2 ··Definir operações com vetores representados por
ponto no plano e no espaço.
20 Licenciatura em Matemática
® ® ®
Observe que v é uma combinação linear dos vetores v1 e v2 , e o conjunto
A
1
T
3
® ® ®
Figura 18 – Decomposição de v nas direções de v 1 e v 2
A
1
T → → →
Figura 20 – ( v = x i + y j )
3 ® ® ® ® ®
x i é a projeção ortogonal de v na direção i e y j a projeção de v na direção
®
de j .
® ® ® ® ® ®
v = x i + y j ( v como combinação linear de i e j )
® ®
v =(x, y) (expressão analítica de v1 )
3.3 OPERAÇÕES
® ®
Seja v1 = (x1 ,y1 ) , v 2 = (x2 ,y2 ) e k um número real diferente de zero.
a) Adição
→ ®
v 1 + v2 = (x1 ,y1 ) + (x2 ,y2 ) = (x1 + x2 , x2 + y2 )
Exemplo:
(2, -3) + (1, -2) = [(2 + 1) , (-3-2)] = (3, -5)
b) Multiplicação por k
k (x1 , x2 ) = (kx1 , kx2 )
c) Igualdade
v 1 =v 2 ⇒ (x1 ,y1 ) = (x2 ,y2 ) Þ x1 = x2 e y1 = y2
Exercício resolvido
® ® ® ® ®
Sejam v1 = ( 5, 2 ) e v 2 = ( 1, 6 ) , calcule s = v1 + v2 e represente no pla-
no cartesiano.
Solução:
® ® ® ®
s = v1 + v2 Þ ( 5, 2 ) + ( 1, 6 ) Þ ( 6, 8 ) Þ s = ( 6, 8 )
22 Licenciatura em Matemática
A
® ® 1
Figura 21 - Diagonal do paralelogramo formado pelos vetores v1 e v2
®
Observe que s é a diagonal do paralelogramo. T
3
3.4 VETOR DEFINIDO POR DOIS PONTOS
Em algumas situações, o vetor é representado por um segmento orientado que
não parte da origem do sistema de coordenadas.
® ®
Sejam os vetores OA = (x1 , y1 ) e OB = (x2 , y2 ) não colineares. De acordo com
a figura abaixo, temos:
® ® ® ® ® ® ®
OB = OA+ AB Þ AB = OB - OA Þ AB = (x2 , y2 ) - (x1 , y1 )
®
Þ AB = (x2 - x1 , y2 - y1 )
®
Figura 23- representação geométrica de v
Exercícios resolvidos
® ® ® 1® ® ®
1- Determine o vetor w na expressão 3w+ 2u = v+ w tal que u = (3, - 1)
® 2
e v = ( - 2, 4) .
Solução:
® ® 1® ®
A equação 3w+ 2u = v+ w pode ser resolvida como uma equação numérica:
A 2
1 ® ® ®
6w+ 4 u = v+ 2w
®
T
® ® ® ®
6w- 2w = v- 4 u
3 ® ®
4 w = v- 4 u
®
®
® 1 ®
w = v- u
4
® ®
Substituindo u e v na equação, temos
® 1
w = (-2, 4) - ( 3, -1)
4
® 1
w = ( - , 1) - ( 3, -1)
2
® 7
w = ( - , 2)
2
2- Dados os pontos A(-1, 2), B(4, 3) e C(1, 5), determine D(x, y) de tal forma
® 1 ®
que CD = AB .
3
Solução:
®
CD = C - D = (1, 5) - (x, y) = ( 1 - x, 5-y )
®
AB = B - A = (4, 3) - ( - 1, 2) = ( 4 + 1, 3 - 2 ) = ( 5, 1 )
Logo
1
(1 - x, 5 - y) = (5, 1)
3
æ5 1ö ìï
(1 - x, 5 - y) = çç , ÷÷÷ ïï 1 - x = 5
è3 3 ø
ïï 3
pela condição de igualdade, vem í ï
ïï
ïï 1
ïï 5 - y =
ïî 3
2 14 æ 2 14 ö
Resolvendo o sistema encontramos x = - e y = , daí D çç- , ÷÷÷ .
3 3 è 3 3ø
24 Licenciatura em Matemática
3.5 DECOMPOSIÇÃO NO ESPAÇO
→
ta uma base do plano. Então, qualquer vetor v do plano é combinação linear dos
®® ®® ®®
vetores v1v, 1ev
, 2v 2e. eNo
v 3v 3espaço, qualquer conjunto
{v , } A
® ® ®
1 v 2 , v 3 de vetores não coplanares represen-
®
ATENÇÃO! 1
ta uma base, portanto qualquer vetor v do espaço
® ® ®
Coplanares - figuras geométricas que T
é uma combinação linear de v1 , v 2 e v 3 , ou seja, pertencem ao mesmo plano.
3
sempre existem os números m1 , m 2 e m 3 tais que
® ® ® ®
v = m1 v1 + m 2 v 2 + m 3 v 3 .
{i, }
® ® ®
A base canônica j, k é uma base ortonormal (vetores unitários e orto-
gonais entre si), cujos vetores possuem as direções dos eixos coordenados. Assim,
® ® ®
qualquer vetor do espaço é uma combinação linear dos vetores i , j e k , como
mostra a Figura 24.
® ® ® ® → ® ® ®
v = x i + y j + z k ( v como combinação linear dos vetores i , j , k )
® →
v = (x, y, z) (expressão analítica de v )
3.6 OPERAÇÕES
® ®
Sejam os vetores v1 = (x1 , y1 , z1 ) , v 2 = (x2 , y2 , z2 ) em um número real
® ®
a) v1 + v 2 = (x1 + x2 , y1 + y2 , z1 + z2 )
®
b) m. v1 = (mx1 , my1 , mz1 )
® ®
c) v1 = v 2 Þ x1 = x2 , y1 = y2 e z1 = z2
Solução:
®
A Temos: AB = B - A = ( 1, 2, - 1) - ( 0, 1, - 1) = ( 1-0, 2 + ( - 1), - 1 + 1)
1 = ( 1, 1, 0) .
Substituindo os vetores na igualdade dada, resulta:
T ( - 2, 2, 2) = a1 .(1, 1, 0) + a 2 .(-2, - 1, 1) + a 3 .(3, 0, - 1)
3 ou
( - 2, 2, 2) = (a1 , a1 , 0) + (-2a 2 , -a 2 , a 2 ) + (3a 3 , 0, - a 3 )
Somando os três vetores do segundo membro, temos:
( - 2, 2, 2) = (a1 - 2a 2 + 3a 3, a1 - a 2 , a 2 - a 3 )
pela condição de igualdade de vetores, obteremos o sistema:
ïìï a1 - 2a 2 + 3a 3 = -2
ï
íï a1 - a 2 = 2
ïï
ïïî a2 - a3 = 2
cuja solução é a1 = 3, a 2 = 1 e a 3 = -1
Exemplo:
®
Determine os valores de p e q para que sejam paralelos os vetores u = (p + 1, 3, 1 )
®
e u = (4, 2, 2q-1 ) .
Solução
De acordo com a condição de paralelismo de vetores, temos
26 Licenciatura em Matemática
p +1 3 1 ïì 2(p + 1) = 12 5
= = ou ïí resolvendo o sistema vem p = 5 e q =
4 2 2q - 1 ïïî 3(2q - 1) = 2 6
Vimos, neste tópico, que qualquer vetor do plano ou do espaço pode ser expresso
como combinação linear da base canônica-elemento que estará presente em pratica-
mente todas as aulas do nosso curso.
A próxima aula será dedicada ao estudo do produto interno de vetores, que re- A
presenta uma outra forma de multiplicação de vetores, além desta vista nesta aula.
1
T
3
Nesta aula será apresentada uma nova modalidade de multiplicação entre vetores,
cujo resultado é definido como “Produto escalar” ou “Produto interno” entre dois
vetores.
O produto interno (ou escalar) entre dois vetores u e v , denotado por “ u . v ” ou
“ u, v ”, e que nos fornece como resultado um número real, possui grande aplica-
bilidade nas diversas áreas afins. Na matemática, por exemplo, entre outras aplica-
ções, o produto interno pode ser usado para resolver muitos problemas de natureza
geométrica.
Objetivos:
• Introduzir o conceito geométrico e cartesiano de produto escalar.
• Apresentar aplicações do produto interno, tanto no cálculo de projeções de vetores como
no cálculo de ângulos diretores de um vetor.
29
01
TÓPICO
REPRESENTAÇÃO GEOMÉTRICA
DO PRODUTO INTERNO
A
1 OBJETIVOS
··Definir produto interno sob o ponto de vista
T geométrico.
DEFINIÇÃO
® ®
Dados os vetores não nulos u e v , chama-se produto interno (ou escalar)
® ® ® ®
dos vetores u e v , denotado por “ u . v ” ou “ u,v ” (lê-se “u escalar v”), o
número real obtido pela multiplicação do módulo de um dos vetores (digamos
® ® ®
u ) pelo módulo da projeção ortogonal de v na direção de u (veja Figura 1).
30 Licenciatura em Matemática
® ®
Projeção de v na direção de u
® ®
u,v = u . v . cos q
A
2
T
1
® ® ®
Figura 1 - AC Projeção de v na direção de u
® ®
v . cos q = projeção ortogonal de v na dire-
®
ção de u .
® ® ® VOCÊ SABIA?
AC é a projeção ortogonal de v na direção de u ,
® ®
ou seja, AC = proj v . A operação de multiplicação escalar, de
® ® importância fundamental em muitas áreas
Assim proj v = u . cos q da Matemática e da Física, foi criada por
Grassmann e por isso leva o seu nome.
® ®
Observe que se q é o ângulo entre u e v :
π ® ®
i) Se 0 < θ < , cos q > 0 Þ u , v > 0;
2
π ® ®
ii) Se < θ < π , cos q < 0 Þ u , v < 0;
2 SAIBA MAIS!
π π ® ®
iii) Se θ = , cos = 0 Þ u , v = 0. Você pode conhecer um pouco da história
2 2 dos vetores e da contribuição de Hermann
A partir da observação (iii), podemos concluir Grassmann lendo o texto sobre esse assunto
® ®
que, se os vetores u e v são ortogonais, ou se um disponível no material web.
2 Esta última pode ser facilmente demonstrada usando a definição de produto in-
T terno
1 ® ® ®
u . u = u . u . cos q .
®
Exercícios resolvidos
® ® ®
1.Calcule u , v tendo em vista que u = (0, 3, 4)
®
ATENÇÃO! e v = (2, 3, 6).
→ → →2 ®
Solução:
u⋅ u ≠ u , pois u não é um número real, Observe que os vetores são colineares (compo-
→ 2 nentes correspondentes proporcionais), daí q = 0
enquanto u = u ⋅ u
e cos q = 1.
®
u = 22 + 32 + 62 = 25 = 5
®
v = 22 + 32 + 62 = 49 = 7
Assim,
® ® ® ®
uv = u . v .cos q
® ®
u v = 5 . 7 . 1 = 35
32 Licenciatura em Matemática
Solução:
® ® ®
Sejam a = CB , b = AC e c = AB .
® ® ®
Pela definição de diferença de dois vetores (cf. Aula 01) CB = AB- AC .
®
Multiplicando os dois lados da equação por CB , vem:
® ® ® ® ® ® ® ® ® 2 ® ®
CB . CB = ( AB - AC ) . CB , mas CB = ( AB - AC ), então CB = AB . AB - 2.
® ® ® ®
AB . AC + AC . AC
2 2 2
A
2
® ® ® ® ®
CB = AB + AC - 2. AB . AC .
Mas, pela definição de produto interno, temos:
T
1
® ® ® ®
AB . AC = AB . AC . cos q , Daí:
® 2 ® 2 ® 2 ® ®
CB = AB + AC - 2 . AB . AC . cos q .
® ® ®
Tendo em vista que a = CB , b = AC e c = AB , temos:
a 2 = b2 + c2 - 2bc.cos èq .
® ® ® ® ® ®
3. Se a = 4 e b = 10, calcule a . b , sabendo que o ângulo entre a e b é
120.
Solução:
1
cos 120º = - cos (180°-120°) = - cos 60º = -
2
® ® ® ® ® ® æ 1 ö÷ ® ®
a . b = a . b . cos q Þ a . b = 4 . 10 . ç- ÷ Þ a . b = -20.
èç 2 ø÷
Vimos, neste tópico, que o produto interno de dois vetores está diretamente re-
lacionado ao ângulo por eles formado e pode ser calculado multiplicando o módulo
de um deles pelo módulo da projeção do outro sobre ele. No próximo tópico apre-
sentaremos um método usado no calculo do produto interno a partir de suas formas
analíticas.
DEFINIÇÃO:
® ® ® ® ® ® ® ®
Sejam os vetores u = x1 i + y1 j + z1 k e v = x 2 i + y 2 j + z2 k ,
® ®
o produto interno dos vetores u e v em termos de coordenadas é dado por
x1x2 + y1y2 + z1z2 .
34 Licenciatura em Matemática
(x i + y ) ( )
® ® ® ® ® ® ® ®
Observe que u, v = u . v = 1 1 j + z1 k . x2 i + y2 j + z2 k , daí
→ →
® ® ® ® ® ® ® ®
u ,v= x1x2 i . i + x1y2 i . j + x1z2 i .k + y1x 2 j . i + y1y2 j . j +
® ® ® ® ® ®
y1z2 j. k + z1x2 k × i + z1y2 k . j + z1z2 k .k .
Tendo em vista que:
→ → A
i . i = 1
→ →
2
i . j = 1 Vetores colineares
→ →
T
k . k = 1
2
→ →
i . j = 0
→ →
i . k = 0 Vetores ortogonais
→ →
j . k = 0
então:
u, v = x1x2 + y1y2 + z1z2
Observe que, em termos de coordenadas, o produto interno é igual à soma dos
® ®
produtos das componentes correspondentes dos vetores u e v .
De fato:
® ® ® ®
u,v = u. v =x1x2 + y1y2 + z1z2 = x2 x1 + y2 y1 + z2 z1 = v. u = v,u
2) k. u, v = k u, v = u, kv
De fato:
® ® ® ®
k.(u. v) = k.(x1 ,y1 ,z1 ).(x2 ,y2 ,z2 ) = (kx1 ,ky1 ,kz1 ).(x 2 ,y2 ,z2 ) = ( k u.v ).
Da mesma forma:
( ) (
k u ⋅ v = k (x1 , y1 , z1 ) ⋅ (x2 , y2 , z2 ) = (x1 , y1 , z1 ) ⋅ (kx2 , ky2 , kz2 ) = u,kv )
3) u, v + w = u,v + u,w
De fato:
Solução:
u, v = 2, 3, - 2 . 1, -3, 1 = 2.1 + 3.(-3) + (-2).1 = -9
® ®
2) Calcule o ângulo entre os vetores u = ( 2, 3, -1) e v = ( 1, -3, 1 )
Solução:
® ®
® ® u.v
u. v = u . v . cos q Þ cos q =
u . v
( 2, 3, -1 ) . (1, -3, 1)
Þ cos q =
2 + 32 + (-1)2 . 12 + (-3)2 + 12
2
2 - 9 -1 -8 -8
Þ cos q = Þ cos q = Þ q = arc cos
14 . 11 151 151
Solução:
A forma mais simples de provar a existência de um ângulo reto no triangulo é
mostrar que o produto escalar de dois vetores que representam os lados do triângu-
lo é nulo.
®
AB = ( 0, - 2, -2 )
®
AC = ( 0, -1, -3 )
®
BC = ( 0, 1, -1 )
Calculemos:
36 Licenciatura em Matemática
® ®
AB . AC = ( 0, -2, -2 ) . ( 0, -1, -3 ) = 0 + 2 + 6 = 8 ¹ 0
® ®
AB . BC = ( 0, -2, -2 ) . ( 0, -1, -1 ) = 0 - 2 + 2 = 0
® ® ® ®
Observando que AB . BC = 0 , o ângulo formado pelos vetores AB e BC é
reto. Logo DABC é retângulo.
® ®
4) Determine um vetor ortogonal a u = ( 1, -1, 0) e v = ( 1, 0, 1) . A
2
Solução:
®
Seja w = ( x, y, z) o vetor procurado. Para que w seja ortogonal aos vetores T
® ® 2
u e v , devemos ter:
® ® ® ®
w . u = 0 e w . v = 0 . Assim:
® ®
w . u = ( x, y, z ) . ( 1, -1, 0 ) = 0 Þ x - y = 0
® ®
w . v = ( x, y, z ) . ( 1, 0, 1 ) = 0 Þ x + z = 0
ïì x - y = 0
Podemos concluir que o sistema ïí é indeterminado e sua solução é:
ïïî x + z = 0
y=x
z = -x
® ®
Isto significa que os vetores ortogonais a u e v são do tipo (x, x -x) . Para se
determinar um deles, basta atribuir um número real a x. Assim, para x=2, temos
(2, 2, -2).
® ® ®
5) Os vetores u e v são colineares. Calcule v , conhecendo-se u = 2 i + j + k e
® ®
u . v=3
Solução:
®
Seja v = ( x, y, z ) , então temos:
® ®
a) Se u e v são colineares suas componentes correspondentes são proporcio-
nais, logo:
x y z
= = Þ x = 2y , y = z e x=2z [I]
2 1 1
® ®
b) u . v = 3 Þ ( 2, 1, 1 ) . ( x, y, z ) = 3 Þ 2x + y + z = 3 [II]
Substituindo I em II, resulta:
1
2. (2y) + y + y = 3 Þ y=
2
Observamos, neste tópico, que o produto interno de dois vetores pode ser facil-
mente obtido pela soma dos produtos das componentes correspondentes dos vetores.
No próximo tópico, abordaremos duas aplicações tradicionais do produto interno.
38 Licenciatura em Matemática
A
2
T
2
03
TÓPICO
DUAS APLICAÇÕES TRADICIONAIS
DO PRODUTO INTERNO
A
2 OBJETIVOS
··Determinar o ângulo diretor de um vetor, bem
T como conhecer suas propriedades.
40 Licenciatura em Matemática
A
®
2
Figura 3 - Ângulos diretores de v
T
→
a é o ângulo entre i e v 3
® ®
b é o ângulo entre j e v
® ®
g é o ângulo entre k e v
®
Seja v = ( x, y, z ) e, baseando-nos na definição de ângulos diretores, temos:
® ®
i .v (1, 0, 0) . (x, y, z ) x
cos a = Þ cos a = Þ cos a =
i . v v v
® ®
j .v (0, 1, 0) . (x, y, z ) y
cos b = Þ cos b = Þ cos b =
j . v v v
→ →
j .v (0, 0, 1) . (x, y, z ) z
cos γ = Þ cos g = Þ cos g =
j . v v v
3.2 PROPRIEDADES
® ®
1) As componentes do versor u de um vetor v são os cossenos diretores de v .
® ®
Seja u o versor de um vetor v = (x, y, z ), então:
®
v (x,y,z) æ x y z ÷÷ö ou seja:
u= Þ u= Þ u = ççç , , ÷
v v èç v v v ø÷
®
u = (cos a , cos b e cos g )
®
2) Tendo em vista que o versor de u é um vetor unitário, então u = 1 , ou seja:
®
u = (cos a , cos b e cos g ) = 1
mas:
®
u = cos2 a + cos 2 b + cos2 g = 1
Exercícios resolvidos
1) Dados os pontos A(2, 2, -3 ) e B(3, 1, -3) , calcule os ângulos diretores do ve-
®
tor AB .
Solução:
A
2
®
AB = B - A = (1, -1, 0 )
®
T AB = (-1)2 + 12 + 02 = 2
3 x -1
cos a = ®
Þ cos a = Þ a = 45°
AB 2
y -1 2
cos b = ®
Þ cos b = =- Þ b = 135°
AB 2 2
z 0
cos g = ®
Þ cos g = =0 Þ g = 90°
AB 2
®
Podemos observar que, como g = 90° , o vetor AB é ortogonal ao eixo z ou ao
vetor k da base canônica. Assim, sempre que a terceira componente de um vetor
for nula, ele é ortogonal ao eixo z. De modo semelhante, o vetor do tipo (0, y, z ) é
ortogonal ao eixo x e o vetor do tipo (x, 0, z) é ortogonal ao eixo y.
2) Determine o versor de v = 6 j + 8k
Solução:
Seja u o vetor de v , assim u = (cos a , cos b, cos g) . Por outro lado
v = 0 + 62 + 82 = 10
x 0
cos a = Þ cos a = Þ cos a = 0
v 10
y 6 3
cos b = Þ cos b = Þ cos b =
v 10 5
z 8 4
cos g = Þ cos g = Þ cos g =
v 10 5
æ 3 4ö
Assim, u = çç0, , ÷÷÷ .
è 5 5ø
Observe que u = 1 já que u é versor de v . Confira você mesmo!
42 Licenciatura em Matemática
3.3 PROJEÇÃO DE UM VETOR
® ®
Dados dois vetores não nulos u e v e q o ângulos entre eles. O nosso objetivo
® ®
é determinar em termos de coordenadas a projeção de v na direção do vetor u .
A
2
® ® ®
T
Figura 4 – O vetor w é projeção ortogonal de v na direção de u 3
® ® ® ® ®
Uma vez que w é a projeção de v na direção de u , escrevemos w = proj ® v.
U
Do triângulo retângulo ABC, vem:
® ® ® ®
® ® ® u.v ® u.v
w = v .cos q Þ w = v . ® ®
Þ w =. ®
[I]
u . v u
® ®
w e u são colineares, daí:
® ®
w = k u ( k é um número real)
Segue-se que:
® ® ®
1
w =. k . u Þ k = w . ®
[II]
u
Substituindo (I) em (II), vem:
® ® ® ®
u.v 1 u .v
k = ®
. ®
Þ k= ® 2
u u u
® ®
De w =k u . vem:
æ® ® ö÷ æ ® ® ö÷ ®
® çç u . v ÷÷ ® ® çu . v
w = çç ® 2 ÷÷ . u ou w = çç ® ® ÷÷÷ . u
ç ÷ çç ÷
èç u ø÷ è u . u ÷ø
® ®
Portanto, o vetor que representa a projeção de v na direção de u é:
æ® ® ö÷ ®
® ® çu . v ÷÷ . u
w = proj v = çç ® ® ÷÷
®
U çç ÷ø
èu . u
Exercício resolvido
®
1) Determine o módulo do vetor projeção de v = ( 2, 1, 1 ) na direção do vetor
®
u = ( 3 , -2, 0 ) .
æ (3, -2, 0 ) . ( 2, 1, 1) ö÷
A proj
®
v = ççç ÷÷ . ( 3, -2, 0 )
2 èç ( 3, -2, 0 ). ( 3, -2, 0 ) ø÷
®
U
® æ 6 -2 + 0 ö ® 4
T Þ proj ® v = ççç ÷÷÷ . ( 3, -2, 4 ) Þ proj ®U v = . ( 3, -2, 0 )
U è 9 + 4+ 0 ø 13
3 ® æ 12 8 ö
Þ proj ® v = çç , - , 0 ÷÷÷
U è 13 13 ø
®
Calculando o módulo de proj ® v , temos:
U
2 2
® æ12 ÷ö æ 8 ÷ö ® 208 4 13
proj® v = ç ÷ + çç ÷ + 0 Þ proj® v = =
U çè13 ÷ø è13 ÷ø U 169 13
® ®
® u.v
b) Calculando o módulo diretamente pela fórmula w =. ®
ou
® ® u
® u.v
proj® v = . ®
, temos:
U
u
® ®
® u.v ® ( 3, -2, 0 ). (2, 1, 1 )
proj® v = . ®
Þ proj® v = .
U
u
U ( 3, -2, 0 )
® 6-2 + 0 4 4 13
proj® v = = . = =
U 9+4 13 13
Vimos nesta aula que o produto escalar está diretamente relacionado ao ângulo de
dois vetores. Assim, muitos problemas geométricos podem ser resolvidos e fórmulas
generalizadas, com o auxilio dessa ferramenta. Na próxima aula estudaremos uma ou-
tra modalidade de produto entre vetores, que é o chamada “Produto vetorial”.
44 Licenciatura em Matemática
Aula 3 A
2
Produto Vetorial T
Caro (a) aluno (a), 3
Objetivos:
• Familiarizar o aluno com os produtos de vetores e suas aplicações práticas em cálculos de
áreas e volumes.
• Proporcionar ao aluno suporte para calcular o produto escalar, o produto vetorial e misto,
entre vetores, bem como utilizar as respectivas interpretações geométricas.
45
01
TÓPICO
PRODUTO VETORIAL
A
2 OBJETIVOS
··Introduzir a noção de produto vetorial do ponto
T de vista geométrico e analítico.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
A multiplicação vetorial foi criada por J. Gibbs.
Os seguintes produtos vetoriais merecem atenção especial:
® ® ® ®
u.v = u . v . cos q (verdadeiro)
® ® ® ®
u x v = u . v . sen qè (falso)
® ®
u x v = u . v . sen è
q (verdadeiro)
1.1 DEFINIÇÃO
® ®
O produto vetorial de dois vetores u e v não
SAIBA MAIS!
colineares, (tomados nesta ordem) representado
® ®
Acesse o site disponível no material web e por u x v , é um terceiro vetor com as seguintes
conheça mais sobre o matemático Josiah
Williard Gibbs, criador do produto externo características:
(ou vetorial). ® ®
i) Direção: O vetor u x v é perpendicular aos
® ®
vetores u e v simultaneamente;
® ® ® ®
ii) Sentido: Os vetores u , v e u x v , nesta ordem, formam um triedro positivo;
46 Licenciatura em Matemática
® ® ® ®
iii) Módulo: u x v = u . v . sen q , onde q é a medida do ângulo entre
® ®
u e v.
A
3
Figura 1 – Representação geométrica do produto vetorial u + v
T
1
1.2 PROPRIEDADES
® ®
1. u x u = 0.
® ®
2. u x v = 0 se:
a) um dos vetores for nulo.
® ®
b) u e v forem colineares, pois sen q = 0 quando q = 0 ou 180º.
® ® ® ®
3. O produto vetorial é anticomutativo, ou seja, u x v = - v x u . Porém,
→ → → →
uxv = vxu.
® ® ® ®
4. Associativo: m ( u x v ) = (m u ) x v = ATENÇÃO!
® ®
u x (m v). As demonstrações das propriedades acima
® ® ® estão no tópico 3.
5. Os vetores i , j e k , nesta ordem, represen-
48 Licenciatura em Matemática
Exercícios resolvidos
® ® ® ® ® → ® ®
1. Sendo u = 2 i + 3 j – k e v = i - j + 2 k ,
® ® ® ®
calcule u x v e v x u . SAIBA MAIS!
Solução:
Revise o Teorema de Laplace acessando o
® ® ®
i j k site disponível no material web.
®
a) u x v = 2 3
®
-1 =
3 -1 →
.i - A
1 -1 2
-1 2 3
2 -1 ® 2 3
T
®
.j + . k
1 2 1 -1
1
® ® → ® ® ® ® → ® ®
u x v = (6 – 1) i - (4 + 1) j + (-2 – 3) k Þ u x v = 5 i - 5 j - 5k
® ® ®
i j k
® ® -1 2 ® 1 2 ® 1 -1 ®
b) v x u = 1 -1 2 = . i - . j + . k
3 -1 2 -1 2 3
2 3 -1
® ® → ® ® ® ® → ® ®
v x u = (1 - 6) i - (-1 – 4) j + (3 + 2) k Þ v x u = -5 i + 5 j + 5 k
® ® ® ® ® ® ® ®
Observe que u x v = - v x u , ou seja, os vetores u x v e v x u , são opostos,
o que significa dizer que o produto vetorial é anticomutativo como vimos acima, na
propriedade 3.
® ® ® ®
2. Calcule o versor de u x v onde u = ( 2, 3, -1 ) e v = ( 2, 1, 0 ).
Solução:
® ® ®
i j k
® ® æ 3 -1 2 -1 2 3 ö÷
u x v = 2 3 -1 = ççç , - , ÷
èç 1 0 2 0 2 1 ø÷÷
2 1 0
® ® ® ®
u x v =(0+1,-(0+2),2–6) Þ u x v = ( 1, -2, -4 )
® ®
® ® u x v
O versor u x v é o vetor ® ®
(veja aula 1).
uxv
® ®
u x v ( 1, -2, -4 ) æ 1 -2 -4 ö÷
= = çç , , ÷÷
® ® çè
2 2
21 21 21 ø
uxv 12 + ( -2) + ( -4)
® ®
T Considerando que h =
®
v . sen è
q , temos: área de ABCD = u .
® ®
v . sen è
q
1 ® ® ® ® ® ®
Mas u x v = u . v . senèq (propriedade 9), então: área de ABCD = u x v .
Exercícios resolvidos
® ®
1. Calcule a área do paralelogramo cujos lados são os vetores u = ( 2, 3, -1 ) e v
= ( 1, 4, 3 ).
Solução:
® ® ®
i j k
® ® æ 3 -1 2 -1 2 3 ö÷
u x v = 2 3 -1 = ççç , - , ÷
èç 4 3 1 3 1 4 ø÷÷
1 4 3
® ® ® ®
u x v = ( 9 + 4 , - ( 6 + 1 ), 8 + 3 ) Þ u x v = ( 13, -7, 11 ) Þ
® ®
Área = u x v = 132 + (-7)2 + 112 = 339
2. Determinar a área de um triângulo cujos vértices são os pontos A (2, 1, 0 ),
B ( -1, 3, 2 ) e C (0, 1, 2 ), como mostra a Figura 4.
Solução:
Observe que a área do triângulo ABC é igual à metade da área do paralelogramo
ABCD.
Assim temos:
1 ® ®
Área do triângulo = . AC x AB
2
®
AC = C - A = ( 0, 1, 2 ) - ( 2, 1, 0 ) = ( -2, 0, 2 )
50 Licenciatura em Matemática
®
e AB = B - A = ( -1, 3, 2 ) - ( 2, 1, 0 ) = ( -3, 2, 2 )
® ® ®
i j k
® ® æ 0 2 -2 2 -2 0 ö÷
AC x AB = -2 0 2 = ççç , - , ÷÷
èç 2 2 -3 2 -3 2 ø÷
-3 2 2
A
® ® ® ®
AC x AB = ( -4, -2, -4 ) Þ AC x AB = (-4)2 + (-2)2 + (-4)2 =
36 = 6 3
Área =
1 ® ®
. AC x AB Þ Área =
1
. 6 Þ Área = 3 T
2 2
®
1
3. Determine um vetor unitário simultaneamente ortogonal aos vetores u = ( 2, -6, 3 )
®
e v = ( 4, 3, 1 ).
Solução:
® ® ® ® ® ®
Se u x v e v x w são simultaneamente ortogonais a u e v , então os versores
® ® ® ®
de u x v e de v x u constituem a solução do problema:
® ® ®
i j k
® ® -6 3 ® 2 3 ® 2 -6 ®
u x v = 2 -6 3 = i - j + .k ou
3 1 4 1 4 3
4 3 1
® ® ® ® ® ® ® ® ®
u x v = -15 i + 10 j + 30 k , isto é, u x v = ( -15, 10, 30 ) e v x w=
( 15, -10, -30 ).
® ® ® ® ® ®
Assim, se a e b são os versores de u x v e v x u , respectivamente, então:
® ®
® u x v ( -15, 10, 30 ) ( -15, 10, 30 ) 1
a= ® ®
= = = ( -15, 10, 30 )
uxv
2
(-15) + 10 + 30 2 2 1225 35
æ 3 2 6 ÷ö
= çç - , , ÷
è 7 7 7 ÷ø
® ®
® v x u æ 3 2 6 ö÷
b= = çç ,- , ÷
®
è 7
®
7 7 ø÷
vxu
® ®
Observe que os vetores a e b são unitários.
Vimos que o produto vetorial de dois vetores é representado por um terceiro ve-
tor simultaneamente ortogonal a esses dois vetores e que possui sentido de um trie-
dro positivo. No próximo tópico, estudaremos um tipo de produto que envolve o
escalar e o vetorial numa mesma expressão.
PRODUTO MISTO
A
3 OBJETIVOS
··Introduzir a noção de produto misto do ponto de
T vista analítico.
2.1 DEFINIÇÃO
→ ® ®
Chama-se produto misto dos vetores u , v e w , tomados nesta ordem e re-
® ® ® → ® ®
presentado por ( u, v, w ) , o número real u . ( v x w ).
52 Licenciatura em Matemática
® → ® ® ® ® ® ® ®
Se u = x1 i + y1 j + z1 k , v = x 2 i + y 2 j + z2 k e w =
® ® ®
x3 i + y3 j + z3 k , temos:
® ® ®
i j k
→ ® ®
u . ( v x w ) = (x1 , y1 , z1 ) . x2 y2 z2
x3 y3 z3 A
3
→ → æ y z x z x y ö
u . ( v x w ) = (x1 , y1 , z1 ) . ççç 2 2 , - 2 2 , 2 2 ÷÷÷
®
èç y3 z3 x3 z3 x3 y3 ø÷ T
→ ® ® y2 z2 x2 z2 x2 y2
2
u . ( v x w ) = x1 . - y1 . + z1 .
y3 z3 x3 z3 x3 y3
De acordo com o Teorema de Laplace, temos:
x1 y1 z1
→ ® ®
u . ( v x w ) = x2 y2 z2
x3 y3 z3
Exercícios resolvidos
→ ® ®
1. Sejam os vetores u = ( 2, 1, -1 ), v = ( 2, 0, 4 ) e w = ( 1, 1, -2 ), calcule:
→ ® ® ® ® →
a) ( u , v , w ) b) ( v , w , u )
Solução:
2 1 -1
→ ® ® 0 4 2 4 2 0
a) ( u , v , w ) = 2 0 4 = 2 . -1. + (-1) .
1 -2 1 -2 1 1
1 1 -2
→ ® ®
(u ,v ,w) = - 8 + 8 – 2 = - 2
2 0 4
® ® → 1 -2 1 -2 1 1
b) ( v , w , u ) = 1 1 -2 = 2 . -0. + 4.
1 -1 2 -1 2 1
2 1 -1
® ® →
(v ,w,u ) = 2 – 0 – 4 = - 2
® ® ®
2. Dados os pontos A (1, 2, 3 ), B ( -1, 0, 3 ) e C ( 4, 2, -1 ), calcule ( AB , BC , AC ).
Solução:
®
AB = B – A = ( -1, 0, 3 ) – ( 1, 2, 3 ) = ( -2, -2, 0 )
®
BC = C – B = ( 4, 2, -1 ) – ( -1, 0, 3 ) = ( 5, 2, -4 )
A 2.2 PROPRIEDADES
3 → ® ®
1. ( u , v , w ) = 0 se:
T a) um dos vetores for nulo.
2 b) nenhum dos vetores é nulo, mas dois são colineares.
c) os três são coplanares (cf. Figura 5 ).
→ → →
Figura 5 - v× w e u são coplanares
→ ® ®
2. A ordem cíclica dos vetores não altera o produto misto. Assim, ( u , v , w ) = (
® ® → ® → ®
v , w , u ) = ( w , u , v ).
→ ® ® ® → ® ® → ® ®
3. ( u , v , w + r ) = ( u , v , w ) + ( u , v , r ) (propriedade dos determinantes).
Exercícios resolvidos
→ ®
1. Utilize o produto misto para mostrar que os vetores u = ( 1, 4, -7 ), v = ( 2, -1,
®
4 ) e w = ( 0, -9, 18) são coplanares.
Solução:
Tendo em vista que dois vetores não são colineares (não possuem coordenadas
→ ® ® → ® →
correspondentes proporcionais), se ( u , v , w ) = 0 , então u , v e w são coplanares.
1 4 -7
→ ® ® -1 4 2 4 2 -1
Se ( u , v , w ) = 2 -1 4 = 1 . -4. -7.
-9 18 0 18 0 -9
0 -9 18
→ ® ®
( u , v , w ) = 1 . (18) – 4 (36) – 7 (-18) = 0.
→ ® ®
Isso significa dizer que u , v e w são coplanares.
® ® ®
Determine o volume do paralelepípedo cujas arestas são AB , AC , AD , conside-
rando A ( 1, 3, 4 ) , B (-1, 2, 0 ) , C ( 1, 1, 2 ).
Solução:
54 Licenciatura em Matemática
Figura 6– Paralelepípedo para cálculo de volume
®
AB = B – A = ( -1, 2, 0 ) – ( 1, 3, 4 ) = ( -2, -1, -4 )
® A
AC = C – A = ( 1, 1, 2 ) – ( 1, 3, 4 ) = ( 0, -2, -2 )
®
3
AD = D – A = ( -1, 2, 3 ) – ( 1, 3, 4 ) = ( -2, -1, -1 )
T
( )
® ® ®
Volume = AB , AC , AD 2
-2 -1 -4
® ® ® -2 -2 0 -2
( AB , AC , AD ) = 0 -2 -2 = - 2 . - ( - 1) . + ( - 4) .
-1 -1 -2 -1
-2 -1 -1
0 -2
-2 -1
® ® ®
( AB , AC , AD ) = -2 . 0 – 4 + 16 = 12
® ® ®
( AB , AC , AD ) = 12 = 12
Figura 7 - Paralelepípedo cujos lados são os vetores u , v e w
Sabemos que o volume de um paralelepípedo é dado pela expressão:
Vimos neste tópico que o produto misto é uma espécie de mistura (daí o nome)
de um produto escalar (interno) com o produto vetorial e tem como resultado uma
escalar. Vimos ainda que este tipo de produto é igual, em valor absoluto, ao volume
de um paralelepípedo, cujas arestas são os vetores que compõem o produto.
56 Licenciatura em Matemática
A
3
T
2
03
TÓPICO
A
3 OBJETIVO
Realizar as demonstrações de algumas propriedades
T dos produtos vetorial e misto.
58 Licenciatura em Matemática
3.1 PROPRIEDADES DO PRODUTO VETORIAL (DEMONSTRAÇÕES)
® → ® ® ® ® ® ®
Sejam os vetores u = x1 i + y1 j + z1 k , v = x2 i + y2 j + z2 k e
® ® ® ®
w = x3 i + y3 j + z3 k e “m” um número real diferente de zero.
1. u x u = 0
® ® ®
i j k
® ® A
u x u = x1 y1 z1 = 0 (propriedade dos determinantes: duas filas para-
3
lelas iguais) x2 y2 z2
T
3
® ® ® ® ® ®
conseqüências: i x i = 0 , j x j = 0 e k x k = 0
2. u x v = 0
® ®
a) u = 0 ou v = 0
® ® ® ®
b) u e v são colineares. Assim u = m v
® ® ® ® ® ®
i j k i j k
® ®
u x v = mx2 my2 mz2 = m x2 y2 z2 = m . 0 = 0
x2 y2 z2 x2 y2 z2
3. u x v = −v x u
® ® ® ® ® ®
i j k i j k
® ® ® ®
u x v = x1 y1 z1 = - x2 y2 z2 = -v x u
x2 y2 z2 x1 y1 z1
Consequência:
® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ® ®
i x j = - j x i , i xk= - kx i e j xk= - kx j .
4. (m u ) x v = m ( u x v )=
®
(m u ) = ( m x1 , m y1 , m z 1 )
® ® ®
i j k
® ®
(m u ) x v = mx1 my1 mz1
x2 y2 z2
æ y1 z1 x1 z1 x1 y1 ö÷
( x2 , y2 , z2 ) . ççç ,- , ÷÷
èç y2 z2 x2 z2 x2 y2 ø÷
® ® ® y1 z1 x1 z1 x1 y1
Þ v .( u x v ) = x2 - y2 + z2
y2 z2 x2 z2 x2 y2
De acordo com o Teorema de Laplace, temos:
x2 y2 z2
® ® ®
v .( u x v ) = x1 y1 z1 = 0
x2 y2 z2
® ® ® ® ® ®
b) u x v é ortogonal a u . Assim u . ( u x v ) = 0
® ® ®
i j k
® ® ®
u . ( u x v ) = ( x1 , y1 , z 1 ) . x1 y1 z1 =
x2 y2 z2
æ y1 z1 x1 z1 x1 y1 ö÷
( x1 , y1 , z 1 ) . ççç ,- , ÷÷
èç y2 z2 x2 z2 x2 y2 ø÷
60 Licenciatura em Matemática
® ® ® y1 z1 x1 z1 x1 y1 ® ® ®
Þ u . ( u x v ) = x1 - y1 + z1 Þ u. ( u x v)
y2 z2 x2 z2 x2 y2
x1 y1 z1
= x1 y1 z1 = 0
x2 y2 z2
8. u x v = u ⋅ v ⋅ sen q A
® ® ® 3
i j k
æ y1 z1 x1 z1 x1 y1 ö÷
T
® ®
u x v = x1 y1 z1 = ççç ,- , ÷÷
èç y2 z2 x2 z2 x2 y2 ø÷
x2 y2 z2 3
® ®
u x v = ( y1z2 - y2 z1 ) - ( x1z2 - x2 z1 ) + (x1y2 - x2 y1 )
→ →
2 2
uxv = (y1z2 - y2 z1 ) + ( x1z2 - x2z1 ) + ( x1y2 - x2y1 )
2
® ®
2
u x v = ( y1z2 - y2 z1 )2 + ( x1z2 - x2 z1 )2 + (x1y2 - x2 y1 )2
Desenvolvendo os quadrados, somando e subtraindo x12 y12 ,
x22 y22 e z12 z22 no segundo membro, e considerando a relação
2
( a + b + c ) = a 2 + b2 + c2 + 2ac + 2bc + 2ab , temos:
® ®
= ( x12 + y12 + z12 ) . ( x22 + y22 + z22 ) - ( x1x2 + y1y2 + z1z2 ) ,
2 2
uxv
® ® ® ®
mas u
2
. v
2
= ( x12 + y12 + z12 ) . ( x22 + y 2 2 + z2 2 ) e (u.v)2 =
® ® ® ® ® ®
2
( x1x2 + y1y2 + z1z2 ) , então: u x v 2 = u 2 . v 2 - ( u . v ) 2 . (esta última re-
lação é conhecida como Identidade de Legrange)
® ® ® ®
Observe que u . v = u . v . cos a .
Assim, ATENÇÃO!
® ® ® ® 2
æ ® ® ö
= u . v - çç u . v - cos a ÷÷÷
2 2 2 → → → →
uxv 2 2 2
® ®
è ø A relação u x v = u . v − ( u . v )²
® ® ® ®
2 2 2 é conhecida como Identidade de Lagrange.
uxv = u . v ( 1 - cos 2 a )
Essa identidade é gerada a partir do produto
® ® ® ®
2 2 2 interno dos vetores u x v e u x v , ou seja:
uxv = u . v . sen a e finalmente
u,u u,v
® ® ® ® u × v,u × v = =
u x v = u . v . sen q . v,u v,v
u ² . v ² - u,v . v,u =
9. Observe na figura abaixo que u x (v x w ) u ² . v ² - (u.v ) ²
A
3
T
Figura 8 - u x (v x w) é coplanar a v e w
3
3.2 PROPRIEDADES DO PRODUTO MISTO (DEMONSTRAÇÕES)
→ ® ®
1. ( u , v e w ) = 0, se:
a) um dos vetores for nulo
b) dois deles forem colineares
c) os três forem coplanares.
®
a) Se u = 0 então:
0 0 0
→ ® ®
( u , v e w ) = x2 y2 z 2 = 0 (propriedades do determinante: fila nula)
x3 y3 z3
→ ®
b) Supondo u e v colineares, então:
→ ®
u = m v ou ( x1 , y1 , z 1 ) = (m x2 , m y2 , m z2 )
mx2 my2 mz2 x2 y2 z2
® ® ®
( u, v, w ) = x2 y2 z2 = m . x 2 y2 z2 = m . 0 = 0
x3 y3 z3 x3 y3 z3
c) Os três são coplanares
® ® ® ®
Observe na figura 5 que ( v x w ) é ortogonal a v e w (segundo a definição de
→ ® ® → ® ®
produto vetorial). Se u . ( v x w ) = ( u , v , w ) = 0, concluímos, pela definição de
→ ® ® →
produto interno, que u e v x w são ortogonais. Assim u está no mesmo plano que
® ®
v e w.
Com essas demonstrações, chegamos ao final do estudo de vetores. Alguns con-
ceitos e propriedades estudados nas aulas 1, 2 e 3 servirão como base para o desen-
volvimento do estudo de elementos abordados nas aulas subseqüentes, como reta,
plano e superfícies.
62 Licenciatura em Matemática
Aula 4
Reta
Caro(a) aluno(a),
O conhecimento que obtivemos sobre vetores nas aulas anteriores constitui parte
fundamental para o estudo das aulas subsequentes. Nesta aula iremos estudar as
equações da reta no espaço tridimensional, bem como as características e particu-
laridades de cada uma delas.
Objetivos:
• Reconhecer, interpretar e operar com cada tipo de equação de reta no espaço bem como
analisar suas posições relativas.
• Resolver problemas relacionados a retas no espaço tridimensional.
63
01
TÓPICO
EQUAÇÕES DA RETA
A
3 OBJETIVOS
··Determinar as equações vetoriais, paramétricas e
T simétricas de uma reta do espaço.
64 Licenciatura em Matemática
1.1 EQUAÇÃO VETORIAL DA RETA
Considere uma reta r que contém o ponto A(x1 , y1 , z1 ) e tem a direção de um
®
vetor v = (a,b, c) . Para que um ponto P(x,y,z) do espaço pertença à reta r, é ne-
® ®
cessário e suficiente que os vetores AP e v sejam colineares, como mostra a figura
a seguir:
A
4
T
1
®
Figura 1 – Reta AP com ponto A e direção do vetor v
Assim,
® ® ® ®
AP = t v ou P - A = t v (t Î R) Þ P = A + t v ou (x,y,z) = (x1 , y1 , z1 )
® ®
+ t v onde o vetor v = (a,b, c) é chamado vetor diretor da reta r e t é chamado pa-
râmetro. Observe que existe uma correspondência biunívoca entre cada número real t
e um ponto da reta, ou seja, para cada número atribuído a t, temos um ponto da reta.
Exemplo:
Vamos determinar a equação vetorial da reta que passa pelo ponto
® ® ® ®
A(2, -1, 3) e possui a direção do vetor v = i + 2 j -4 k .
66 Licenciatura em Matemática
A
Figura 2 – Reta paralela ao plano yz
4
®
Assim, se a reta é paralela ao plano xz, seu vetor diretor é do tipo v = (a, o b) e T
suas equações simétricas ficam: 1
ìï z = z 1
ïï
x-x1 z-z1 ï
r1 = e ïí se a reta for paralela ao plano coor-
a c ïï x - x1 y - y1
ïï =
ïî a b
denado xy, como mostram as figuras seguintes.
Seguindo esse raciocínio, não é difícil concluir que, se a reta é paralela a um dos
eixos coordenados, o vetor diretor dessa reta possui duas componentes nulas. As-
®
sim, por exemplo, se a reta for paralela ao eixo x, seu vetor é do tipo v = (a, 0, 0 )
e suas equações ficam:
ìï y = y 1
ïï
ïí z = z
ïï 1
ïïî x = x1 + at
Exercícios resolvidos
1) Determine as equações paramétricas e simétricas da reta que passa pelo ponto
A( 2, 4, - 3) e A( 3,-1, 1) .
Solução:
Não nos foi dado de forma explícita o vetor paralelo à reta (vetor diretor da
1 x -2
=
y-4
=
z+3
1 -5 4
2) Qual a interseção dessa reta com o plano xy?
Solução:
A reta intercepta o plano xy quando z = 0 . Tomando z = 0 nas equações simé-
tricas obtemos:
x -2 y-4 3
= =
1 -5 4
11 1
Resolvendo as equações, temos x = e y = . Portanto a reta intercepta o
4 4
æ11 1 ö
plano xy no ponto çç , , 0÷÷÷ .
è4 4 ø
ìï x = 3 + t
ïï
3) Calcule o ângulo entre as retas r : ïí y = t
ïï
x+2 y-3 z ïïî z = -1 - 2t
e s: = = .
-2 1 1
Solução:
®
Os vetores que definem as direções de r e s são, respectivamente, v 1 = ( 1, 1, -2 )
®
e v 2 = (-2, 1, 1) . Tendo em vista que o ângulo entre as retas é o mesmo ângulo en-
Vimos que cada reta no espaço está relacionada a um conjunto de equações em que
figuram as variáveis x, y e z, e que traz consigo informações importantes da reta. No pró-
ximo tópico, estudaremos as posições particulares que duas retas assumem no espaço.
68 Licenciatura em Matemática
A
4
T
1
02
TÓPICO
OBJETIVO
Conhecer e determinar as diversas posições relativas
entre duas retas no espaço.
U ma vez que já estudamos as equações das retas, veremos, neste tópico, co-
mo usá-las para que possamos determinar as posições relativas que duas
retas podem assumir no espaço.
70 Licenciatura em Matemática
passa pelos pontos A2 (-6, 1, - 5) e B2 (-2, 3, 1) são paralelas. De fato:
®
a) A direção de r 1 é dada pelo vetor v1 = A1B1
duas retas
a1 b c
= 1 = 1 , as retas r 1 e r2 são pa-
x − x1
=
y-y1
=
z-z1
. Qualquer reta T
a2 b2 c2 a1 b1 c1 2
2 1 3 r2 , paralela a r 1 , tem parâmetros diretores
ralelas, pois = = .
4 2 6 a2 , b2 , c2 proporcionais aos parâmetros
diretores a1, b1, c1 . Dessa forma, a1, b1, c1
2.2 CONDIÇÃO DE ORTOGONALIDADE são parâmetros diretores de qualquer reta
DE DUAS RETAS paralela a r 1 . Assim, se A 2 ( x 2 , y 2 , z2 ) é um
® ponto qualquer do espaço, as equações da
Duas retas r e s de direções v1 = ( a1 , b1 , c1 ) reta paralela à r 1 , que passa por A 2 , são:
®
e v2 =( a 2 , b2 , c2 ), respectivamente, são or- x − x2 y-y 2 z-z2 .
= =
® ® a1 b1 c1
togonais se os vetores v1 e v2 também o forem,
® ®
ou seja, r e s são ortogonais se v1 .v 2 = 0 ou
a1 . a 2 + b1 . b2 + c1 . c2 = 0 .
Exercícios resolvidos
ïìïx = 3t ïìïy = 3
ï ïí
1) Verifique se as retas r1 : ïíy = -1 + 5t e s: x-3 t + 1 são ortogonais.
ïï ïï =
ïïîz = 3 + 4t îï 8 -6
Solução:
®
A direção de r é v1 = (3, 5, 4);
®
A direção de s é v2 = (8, 0, -6);
Exercícios resolvidos
1) Verifique se r1 e r2 são cooplanares, sendo r 1 : { x1- 1 = y 2+ 1 = z1- 3 e
ïìï x = -5 - t
ï
r2 : ïíy = -3 + t
ïï
ïïîz = 6 + 3t
Solução:
® ®
1. A reta r1 passa pelo ponto A1 ( 2, -1, 3 ) e possui a direção do vetor v1 = ( 2,
2, 1);
® ®
2. A reta r2 passa pelo ponto A2 ( -5, -3, 6 ) e o vetor diretor é v2 = ( -1, 1, 3 );
® ® ® ®
3. O vetor A1 A2 = A2 - A1 = ( -5, -3, 6 ) – ( 1, -1, 3 ) ou A1 A2 = ( -6, -2, 3);
4. A condição de cooplanaridade das retas r1 e r2 é que seja nulo o produto misto
® ® ® ®
( v1 , v2 , A1 , A2 ).
1 2 1
® ® ® ®
Assim, ( v1 , v2 , A1 , A2 ) = -1 1 3 = -13 ¹ 0 , o que prova não serem
-6 -2 3
cooplanares as retas r 1 e r2 .
72 Licenciatura em Matemática
x y -2 z +1
2) Calcule o valor de k para que as retas r : = = e s:
1 k 3
ïìï x = t
ïï
í y = 1 + 2t sejam cooplanares.
ïï
ïïî z = -2t
Solução:
®
1. A reta r é definida pelo ponto A1 ( 0, 2, -1 ) e pelo vetor v1 = ( 1, k, 3 ) ; A
® 4
2. A reta s é definida pelo ponto A2 ( 0, 1, 0 ) e pelo vetor v2 = ( 1, 2, -2 ) ;
¾¾
®
3. O vetor A1A 2 = ( 0, -1, 1 ) ;
T
® ® ¾¾
® 2
4. De acordo com a condição de cooplanaridade ( v1 , v2 , A1A2 ) = 0 .
1 k 3
Assim, 1 2 -2 =0 Þ k = -3 .
0 -1 1
Para que as retas r e s sejam coplanares, k= -3.
Solução:
® ®
v 1 = ( 2, -1, 1 ) e v 2 = ( -4, 2, -2 ) são vetores de r e s, respectivamente.
® ®
Observe que as componentes são proporcionais, daí v 1 // v2 e r // s .
ìï x = 2 + 2t
ïï x -5 y -2 z -7
2) Estude a posição relativa das retas r: ïí y = 3 t e s: = =
ïï 1 -1 -2
ïïî z = 5 + 4t
Solução:
®
Tendo em vista que os vetores diretores de r e s são v 1 = ( 2, 3, 4 ) e
® 1 -1 -2
v 2 = ( 1, -1, -2 ) , as retas não são paralelas, pois ¹ ¹ .
2 3 4
® ® ® ®
Calculemos o produto misto ( v1 , v2 , A1 , A2 ), sendo A 1 ( 2, 0, 5 ) e
A 2 ( 5, 2, 7 ) .
Assim,
2 3 4
® ® ® ®
( v1 , v2 , A1 , A2 ) = 1 -1 -2 = 0 , o que quer dizer que as retas são copla-
3 2 2
nares e, portanto, concorrentes.
Vimos nesta aula que, assim como no plano, no espaço tridimensional, as retas
são representadas por equações (neste caso com três variáveis) que trazem todas as
informações da reta, como, por exemplo, direção e posição no espaço.
74 Licenciatura em Matemática
Aula 5 A
4
Plano T
Caro(a) aluno(a), 2
Nesta aula, vamos usar o mesmo raciocínio no estudo do plano no espaço tridi-
mensional. Veremos que qualquer plano pode, também, ser representado por uma
equação. Isso vai nos permitir, assim como no estudo das retas, analisar e interpretar
o plano através dessa equação, determinando ângulos entre dois planos, conhecen-
do as posições particulares que dois planos podem assumir no espaço tridimensio-
nal e calculando ângulo entre reta e plano.
Objetivos:
• Conhecer, interpretar e analisar as equações de um plano.
• Resolver problemas que envolvem retas e planos.
75
01
TÓPICO
EQUAÇÕES DO PLANO
A
5 OBJETIVOS
··Conhecer os vários meios de determinação de
T equações do plano.
V imos, na aula 4, que a direção de uma reta fica perfeitamente fixada por
um vetor que indica sua direção (vetor diretor). Em relação ao plano, um
vetor paralelo a esse plano não é suficiente para fixar a direção de um pla-
no, tendo em vista que existem infinitos planos paralelos a um determinado vetor,
porém um vetor perpendicular a esse plano define de modo completo sua “direção”.
Dessa forma, um plano no espaço fica determinado se conhecermos um ponto desse
plano e um vetor que seja ortogonal ao plano.
76 Licenciatura em Matemática
® ®
sendo o conjunto de todos os pontos P (x, y, z) do espaço tais que AP. n = 0 (cf.
Figura 1).
VOCÊ SABIA?
A
Um vetor é ortogonal a um plano quando 5
forma com esse um ângulo reto.
T
®
Figura 1 - O vetor n é ortogonal ao plano 1
® ®
Tendo em vista que n = (a, b, c) e AP = P-A = (x- x1 , y- y1 , z- z1 ), a equação
® ®
AP.n = 0 fica:
(a, b, c) . (x- x1 , y- y1 , z- z1 ) = 0 ou ax + by + cz - a x1 - b y1 - c z1 = 0.
Tomando d = - a x1 - b y1 - c z1 , vem:
ax + by + cz + d = 0.
Esta é a equação do plano que contém o ponto A(x1 , y1 , z1 ) e é ortogonal ao ve-
®
tor n = (a, b, c) .
Exercícios resolvidos
1. Determine a equação geral do plano l que GUARDE BEM ISSO!
®
passa pelo ponto A(3, -1, 2), sendo n = (2, 1, 5) um
®
vetor normal a p . a) Se um vetor n = (a, b, c) é normal (ortogonal)
a l , kn, k Î IR*, é também ortogonal a esse
Solução: ®
®
plano. Assim qualquer vetor do tipo kn = (ak,
Se n = (2, 1, 5) é normal aos planos l , sua equa-
bk, ck) com k ¹ 0 é normal desse plano.
ção é do tipo: 2x + y 5z + d = 0. b) É importante observar, também, que
Tendo em vista que o ponto A = (3, -1, 2) per- os três coeficientes a, b, c da equação
tence ao plano, suas coordenadas devem verificar a ax + by + cz + d = 0 representam as
componentes de um vetor normal ao plano.
equação, ou seja: 2(3) + (-1) + 5(2) + d = 0 Þ 2 – 1
Por exemplo: Se um plano l é dado por
+ 10 + d = 0 Þ d = -11.
2x + 5y − 4z + 1 = 0 , uma de suas normais é
Assim, a equação do plano fica: →
o vetor n = ( 2, 5, 4 ) e qualquer vetor do tipo
2x + y + 5z – 11 = 0
(2k, 5k, -4k), K Î IR* é também normal a l .
Solução:
® ® ® ® ®
Os vetores-base do plano são v1 e v 2 , então um vetor normal ao plano é n = v1 x v 2 .
® ® ®
i j k
® ®
v1 x v 2 = 3 1 0 = (2, -6, 10)
-1 3 2
A equação do plano é do tipo 2x – 6y + 10z + d = 0.
O ponto A(2, 1, 3) pertence ao plano, assim 2(2) - 6(1) + 10(3) + d = 0 Þ d =
-28. A equação do plano fica 2x – 6y + 10z – 28 = 0.
Solução:
Observe que, de acordo com a Figura 2 abaixo, um ponto P(x, y, z) pertence ao
®
plano l se os vetores, AB , AC e AP forem cooplanares. Na aula 4, vimos que três
78 Licenciatura em Matemática
vetores são coplanares se o produto misto desses vetores for nulo.
® ® ®
Figura 2 - Os vetores AB , AC e AP são coplanares
Considerando que AB = B - A = (-4, 3, -2), = C – A = (-1, 0, -5), A
® ®
-4 3 -2 5
AP = P - A = (x-3, y-1, z-2 ) e fazendo ( AB , AC e AP ) = -1 0 -5
x - 3 y -1 z - 2
T
= 0 chegamos à equação -15x-18y + 3z + 57 = 0 . 1
x -1 y+2
6. Estabeleça a equação geral do plano que contém a reta r: = =
2 3
z-3
e o ponto B(-1, 3, 1).
2
Solução:
® ®
A reta tem direção v = (2, 3, 2) e contém o ponto A(1, -2, 3). Assim a normal n
® ® ®
do plano é um vetor simultaneamente ortogonal a v e A, ou seja, n = v x A (cf.
Figura 3).
®
Dessa forma, se AB = B – A = (-2, 5, -2) e n
i j k
® ®
= v x A = 2 3 2 Þ n = (-16, 0, 16). A VOCÊ SABIA?
-2 5 -2 Existe uma analogia entre a reta no plano
equação do plano é do tipo -16x+0y+16z+d=0, o e o plano no espaço. No plano, a equação
de uma reta pode ser determinada se
ponto B(-1, 3, 1) pertence ao plano. Assim, -16(-1)
conhecermos sua inclinação e um ponto
+ 0(3) + 16(1) + d = 0 Þ d = -32. A equação fica dessa reta. No espaço, a inclinação de um
-16x + 16z – 32 = 0. plano é dada por um vetor ortogonal a ele
Observe que a variável y não figura na equação, (normal), e a equação de um plano pode ser
determinada se forem dados a normal e um
o que significa dizer que esse plano é paralelo ao de seus pontos.
plano coordenado xz.
® ® ®
Figura 3 – A normal n é ortogonal simultaneamente a v e AB
80 Licenciatura em Matemática
®
Observe que, se a = b = 0, n = (0, 0, c) é ortogonal ao plano xy. Assim o plano
®
cuja normal é n é paralelo ao plano xy.
Exemplo:
®
3y -15 = 0 ou y = 5; note que n = (0, 2, 0) é um vetor ortogonal ao plano xz.
Assim o plano l é paralelo ao plano coordenado xz e intercepta o eixo ox no ponto
(0, 5, 0). (cf. Figura 5)
®
A
2x + 8 = 0 ou x = -4; neste caso n = (2, 0, 0 ) representa um vetor ortogonal ao 5
plano coordenado yz. Assim o plano l é paralelo ao plano coordenado yz e inter-
cepta o eixo 0x no ponto (-4, 0, 0).
T
1
Exercício resolvido
1. Determine a equação de um plano l que é perpendicular ao eixo z e que con-
tém o ponto A(2, - 1, 3) .
Solução:
®
Se o plano é perpendicular ao eixo oz, a normal é colinear ao vetor k = (0, 0, 1
®
). Assim qualquer vetor do tipo v = ( 0, 0, k) é normal de p . Em particular, seja
®
2. Determine a equação de um plano que contém o ponto A( 2, 3, 4 ) e normal n
A = (2, 3, 0).
5
Solução:
T ®
Substituindo as componentes de n e as coordenadas de A na forma ax + by + cz
1 + d = 0, temos: 2.2 + 3.3 + 0.4 + d = 0 Þ d = -13. Assim a equação fica 2x +
3y – 13 = 0, que representa um plano paralelo ao eixo oz.
82 Licenciatura em Matemática
A
5
T
1
02
TÓPICO
A
5 OBJETIVOS
··Calcular o ângulo entre dois planos e entre reta e
T plano.
84 Licenciatura em Matemática
e γ + β = 90 º, isto é, α = θ . Assim, o ângulo entre dois planos é igual ao ângulo
entre suas normais, ou seja:
→ →
cos θ =
n1 .n2
ou cos θ =
(a1 , b1 , c1 ). (a2 , b2 , c2 ) ou ainda
→ →
n1 . n2 a12 + b12 + c12 . a 22 + b22 + c22
a1 a 2 + b1 + b2 + c1c2
cos θ =
a12 + b12 + c12 . a 22 + b22 + c22 A
5
T
2
Exercício resolvido
1. Determine o ângulo entre os planos p1 e p2 ATENÇÃO!
de equações 2x + 3y + 2z – 1 = 0 e x + 2y – 4z = 0,
A condição de paralelismo e
respectivamente.
perpendicularismo de dois planos são as
Solução: mesmas de seus respectivos vetores normais,
® ® →
Suas normais são: n1 = ( 2, 3, 2 ) e n 2 = (1, 2, -4), ou seja, considerando que n1 = ( a1, b1, c1 )
→
e n2 = ( a2 , b2 , c2 ) , vetores normais de p1
então, se q é o ângulo entre as normais,
e p2 , respectivamente).
→ →
a 1 b1 c
n1 .n2 Se p1 // p2 Þ = = 1
cos θ = → → Þ a2 b2 c2
n1 . n2 b) Se p1 ^ p2 :
(2, 3, 2 ).( 1, 2, − 4) Þ a 1 ⋅ a 2 + b1 ⋅ b 2 + c 1 ⋅ c 2 = 0
cos θ = Þ
22 + 32 + 22 . 12 + 22 + (−4)2 c) Se, além da igualdade do item a, d1 = d2 ,
π p1 e p2 são coincidentes.
cos θ = 0 , ou seja, θ = . Assim, os planos p1
2
e p2 são ortogonais.
θ = arc cos 1 = 0 o , o que significa que os planos são paralelos, ou seja, se uma reta
¾¾
®
T
2 2.2 ÂNGULO ENTRE RETA E PLANO
® ®
Considere uma reta r com direção do vetor v e um plano p , sendo n um vetor
normal a p conforme mostra a Figura 7.
Exercício resolvido
x -1 y z-3
Determine o ângulo que a reta r: = = forma com o plano p : x
-2 -1 1
+ y – 5 = 0.
Solução:
® ®
A reta r tem direção do vetor v (-2, -1, 1) e n = (1, 1, 0) é um vetor de p . Assim,
→ →
v.n (-2, -1, 1 ) (1, 1, 0 ) 3
sen θ = → → Þ sen q = Þ sen θ =
v . n (-2) + (-1) + 1 .
2 2 2
1 +12 2 2
3 p
Þ θ = arc sen Þ q= .
2 3
86 Licenciatura em Matemática
tence à reta intersecção se suas coordenadas satisfazem simultaneamente a equação
dos dois planos. Assim, a intersecção de dois planos π1 = a1x + b1y + c1z + d1 = 0
e π2 = a 2 x + b2 y + c2 z + d2 = 0 é o conjunto de todos os pontos do tipo (x,
ïìïx = x1 + at
ï
y, z ) em que ïíy = y1 + bt (t ∈ ) , o que representa a solução do sistema
ïï
ïïîz = z1 + ct
ìïïa1x + b1y + c1z + d1 = 0 A
í
ïïîa 2 x + b2 y + c2 z + d2 = 0 5
Exercício resolvido
T
2
1. Determine a intersecção dos planos p1 e p2 de equações 2x - 5y - 7z + 1 = 0
e x-4y + z + 2 = 0 , respectivamente.
Solução
ïì2x-5y - 7z + 1 = 0
Vamos resolver o sistema ïí
ïïî x - 4y + z + 2 = 0
Observe que o sistema é indeterminado, ou seja, possui infinitas soluções e cada
solução representa um ponto da reta interseção. Assim, tomando z = t com t Î IR,
chegamos a:
ïìï 2x -5 y = 7t - 1 (I)
í
ïïî x - 4y = -t-2 (II)
Multiplicando a equação (II) por (-2) e somando com a equação (I), chegamos a:
3y = 9t + 3 Þ y = 1 + 3 t
Da equação (II) temos:
x-4.(1 + 3t) = -t - 2 ou x = 2 + 11t ìïx = 2 + 11t
ïï
Assim, a interseção dos planos p1 e p2 é a reta de equação ïíy = 1 + 3t
ïï
ïïîz = t
®
Logo, a reta interseção dos planos p1 e p2 tem direção v = (11, 3, 1) e contém
o ponto A( 2, 1, 0 ) . Observe que o ponto A( 2, 1, 0 ) satisfaz as duas equações
2x - 5y - 7z + 1 = 0 e x-4y + z + 2 = 0 .
Aprendemos nesta aula como encontrar a equação de um plano que satisfaz cer-
tas condições geométricas e resolver problemas usando simultaneamente retas e pla-
nas no espaço tridimensional através das técnicas estudadas.
Na próxima aula nos restringiremos ao espaço bidimensional para o estudo de
algumas curvas planas como circulo, elipse parábola e hipérbole que terá um papel
fundamental nas aulas subseqüentes.
Após termos estudado as principais equações de reta e plano, vamos procurar, nesta
aula, utilizar nosso conhecimento sobre vetores e desenvolver fórmulas que nos
permitam calcular distâncias que envolvam pontos retas e planos no espaço.
Objetivo:
• Calcular distâncias relacionadas a ponto reta e plano.
89
01
TÓPICO
A
6 OBJETIVOS
··Obter distâncias entre ponto e reta.
T ··Obter distâncias entre retas paralelas e distâncias
1 entre retas reversas.
90 Licenciatura em Matemática
Vejamos agora como determinar a distância entre um ponto e uma reta no espaço.
Para tanto consideremos uma reta r que contém o ponto R ( x1 , y1 , z1 ) e direção
®
do vetor v = ( a, b, c ) e seja P ( x 0 , y 0 , z0 ) um ponto qualquer do espaço. Ob-
® ®
serve na figura 1 que os vetores v e RP representam os lados de um paralelogramo
cuja altura é a distância do ponto P à reta r.
A
6
T
1
Figura 1 – PQ representa a distância entre o ponto P e a reta r
Exercícios resolvidos
1. Calcule a distância ente o ponto P ( 2, -3, 1 ) e a reta r de equação:
ïìïx = 2 + t
ïï
íy = 1 - 2t
ïï
ïïîz = 4
Solução:
®
Considere R ( 2, 1, 4 ) um ponto da reta r e v = ( 1, -2, 0 ) sua direção.
®
RP = P - R = ( 0, -4, -3 )
Assim,
( 6, 3, -4 ) 61 61
d ( P, r ) = = =
( 1, -2, 0 ) 5 5
A
6 2. Calcule a área do triângulo cujos vértices são os pontos A ( 1, 2, 3 ) , B ( -2, 0, 5 )
e C ( 2, 4, 1 ).
T
1 Solução:
___ ®
A reta suporte do lado BC tem direção do vetor BC = C - B = ( 4, 4, -4 ) .
___
Assim, a equação da reta BC que passa pelo ponto B e tem direção do vetor
ìïx = -2 + 4t
® ïï
BC = ( 4, 4, -4 ) e ïíy = 4t
ïï
ïïîz = 5 - 4t
___
A altura h do triângulo ABC, relativa ao lado BC , é a distância do ponto A à reta
___
BC , ou seja:
® ®
« BC x BA
h = d ( A, BC ) = ®
BC
®
Considerando que BA = A - B = ( 3, 2, -2 ) :
i j k
® ®
BC x BA = 4 4 -4 = ( 0, -4, -4 )
3 2 -2
« ( 0, -4, -4 ) 32 2
Assim, h = d ( A, BC ) = = =
( 4, 4, -4 )) 48 3
A área do triângulo é a metade do produto da base pela altura. Considerando a
®
2
altura h = e a base BC = 48 , temos:
3
2 2
48 . 4 3.
Área = =3 = 2 2 3
2 2
Uma outra maneira de resolver esse problema é dividir por 2 o módulo do produ-
® ®
to vetorial dos vetores AB e AC , ou seja:
® ®
AB x AC ® ®
Área D = , tendo em vista que AB x AC nos dá a área do para-
2
92 Licenciatura em Matemática
® ®
lelogramo de lados AB e AC .
Sendo:
®
ATENÇÃO!
AB = B - A = ( -3, -2, 2 ) ,
®
A distância entre dois pontos A e B
AC = C - A = ( 1, 2, -2 ) , temos: →
corresponde ao módulo do vetor AB , ou
→
i j k
® ®
seja: d ( A,B) = AB .
A
AB x AC = = ( 0, -4, -4 )
-3 -2 2
6
1 2 -2
® ® T
Substituindo na fórmula Área D =
AB x AC
, chega-se a: 1
2
( 0, -4, -4 ) 16 + 16 32
Área D = = = = 2 2
2 2 2
Solução:
®
As retas são paralelas, pois um vetor diretor de r é u = (2, 3, - 1) e um vetor di-
® ®
retor de s é v = (4, 6,−2) . Assim, v = 2u .
Calculemos a distância entre r e s por d (r, s) = d (P, s ) .
Um ponto de r é P ( 3, 1, 4 ) e s passa por Q ( 1, 2,- 1 ) e tem direção do vetor
v = (4, 6,−2) . Assim:
® ®
v x QP
d ( P,s ) = ®
, como mostra a figura 2.
v
VOCÊ SABIA?
94 Licenciatura em Matemática
Exercício resolvido
ïìï x = 1-3t ïìï x = -2 + 5t
ïï ï
Calcule a distância entre as retas r í y = 3-6t e s ïí y = 2 - t
ïï ïï
ïïî z = 3-4t ïïî z = -1 + 3t
Solução:
®
A reta r passa pelo ponto Q1 ( 1, 3, 3 ) e tem direção do vetor v1 = (-3, - 6, - 4) ,
®
e a reta s passa pelo ponto Q2 ( -2, 2, -1 ) e tem direção do vetor v2 = ( 5, - 1, 3 ) .
A
¾¾
®
Assim, Q1Q2 = Q2 - Q1 = (-3, -1, -4) . 6
® ®
i j k T
v1 x v2 = -3 -6 -4 = (-22, 11, 33) 1
5 -1 3 VOCÊ SABIA?
i j k Se calcularmos a distância
® ®
(I) v1 x v2 = -3 -6 -4 = (-22, 11, 33) entre duas retas concorrentes,
o resultado será zero, pois a
5 -1 3
menor distância entre duas retas
concorrentes é calculada no ponto
= (-22)2 + 112 + 332 = 1694 = 11 14 (II)
de concorrência.
-3 -6 -4
® ® ¾¾
®
v1 , v2 , Q1Q2 = 5 -1 3 = -55 = 55 ( III )
-3 -1 -4
® ® ¾¾
®
v1 , v2 , Q1Q 2
Substituindo (I), ( II ), e ( III ) na fórmula d (r,s) = ® ®
, temos:
v1 x v2
55 5 5 14
d (r,s) = = =
11 1 4 14 14
A
6 OBJETIVOS
··Obter distâncias entre ponto e plano.
T ··Obter distâncias entre retas e planos.
2
96 Licenciatura em Matemática
®
Assim, sejam P (x1 , y1 , z1 ) , A (x, y, z) e n = ( a, b, c ) um ponto conhecido,
um ponto qualquer e a normal do plano, respectivamente, a distância d (P, p) entre
®
o ponto P e o plano p é representada pelo módulo da projeção ortogonal de AP na
®
direção de n , como mostra a figura 4.
A
6
T
2
®
Figura 4 - PQ representa a distância do ponto ao plano
Assim, temos:
® ®
® AP . n
d (P, p) = proj ® AP = ®
,
n
n VOCÊ SABIA?
®
com AP = P - A = ( x1 - x, y1 - y, z1 - z ) .
® A A geodésica é uma curva de
AP = ( x1 - x, y1 - y, z1 - z 1 )
Substituindo
6 e comprimento mínimo que une
dois pontos. No espaço euclidiano
®
n = ( a, b, c ) na equação acima, temos:
T (geometria plana), essa curva é
um segmento de reta, mas, na
(x1 -x, y1 - y, z1 - z ). ( a, b,2c )
d (P, p) = geometria riemaniana, a curva de
(a, b, c ) menor distância entre dois pontos
pode não ser uma reta.
a.( x1 -x ) + b ( y1 - y) + c ( z1 - z )
d (P, p) =
a 2 + b2 + c2
ax1 + by1 + cz1 - ax - by - cz
d (P, p) =
a 2 + b2 + c2
ax1 + by1 + cz1 + d
Mas ax - by - cz = d , assim d (P, p) = .
a 2 + b2 + c2
Observe que o numerador é o módulo do número que se obtém substituindo x,
y e z, na equação do plano, por x1 , y1 , e z1 e o denominador é o módulo do vetor
®
n (normal do plano).
Exercícios resolvidos
1 Calcule a distância do ponto P ( -4, -2, 5 ) ao plano de equação
2 x-y +2 z +8 = 0 .
plano de equação 2x + 3y - z + 5 = 0 .
Solução:
De modo semelhante ao exemplo anterior, temos:
a.0 + b.0 + c.0 + d
d (0, p) =
22 + 32 + (-1)2
5 5
d (0, p) = =
14 14
Observe que, se o ponto P for a origem ( 0, 0, 0) , a fórmula da distancia se re-
d
sume a d (P, p) = .
a + b2 + c2
2
98 Licenciatura em Matemática
Exercício resolvido
ïìï x = 1 + 2t
ï
Calcule a distância da reta r ïí y = t e o plano
ïï
p : 3x-2y-z + 3 = 0 ïïî z = -2 + 4t
9 −2−2 + 3 8 4. 14
d (P ’, π) = = =
9 + 4 +1 14 7
Figura 6 – A distância entre dois planos é definida apenas para planos paralelos
Todas as equações que estudamos nas aulas anteriores envolvem termos do primei-
ro grau nas variáveis x, y e z. Nesta aula, estudaremos as curvas planas, representa-
das por equações do segundo grau apenas nas variáveis x e y, denominadas: círculo,
elipse, parábola e hipérbole.
Objetivo:
• Identificar, interpretar e analisar as cônicas através de suas equações.
101
01
TÓPICO
ELIPSE E CÍRCULO
A
7 OBJETIVOS
··Descrever a elipse e o círculo como lugar
T geométrico.
VOCÊ SABIA?
SAIBA MAIS!
Figura 1- Elipse de focos F1 e F2 Conheça mais sobre as Leis de
Kepler acessando o site disponível
no material web.
• F 1 e F 2 são os focos
®
• F1 F2 = 2c é a distância focal
A
7
Figura 2 – Elipse com focos no eixo 0x
T
1 Dessa forma F 1 ( - c, 0) e F 2 ( c, 0) , e a equação
®
F1 P +
®
F2 P = 2a
1.3 CÍRCULO
Na elipse, a equação
x2 y2 c
+ 2 se b = = 0 ,
A
c ( a, b ) é o lugar geométrico dos pontos p ( x, y ) a 2
b a 7
®
então c = 0 . Assim a = b , e a equação
do plano que satisfazem a equação p c = r , ou
x2 y2 x2 y2 T
seja:
+
a2 b2
=1 fica +
a2 a2
=1 ou
1
x 2 + y 2 = a2 , que representa a equação de
( x - a, y - b ) = r
um círculo de raio a.
ou
2
( x - a ) + ( y - b ) = r2 .
2
Se o centro do círculo é o ponto C(h, k), por meio de uma translação de eixos (te-
ma abordado na aula 8) chegamos à equação (x - h)2 + (y - k)2 = r2 .
Exercícios resolvidos
1. Encontre os centros e o raio dos seguintes círculos:
a) x2 + y2 + 6x - 8y = 0
b) x2 + y2 - 6y = 0
Solução:
a)xx2 2 ++yy2 2 ++6x Þ ( (xx2 2 ++6x
8y==00 Þ
6x- -8y 6x++99) )++( (yy2 2- -8y
8y++1616) ) ==2525
y2 - 8y + 16 ) = 25
Fatorando os trinômios, temos:
( x + 3 )2 + ( y - 4 )2 = 52 .
Portanto o centro é o ponto ( -3, 4 ) e raio r = 5 .
b) x2 + y2 - 6y = 0 Þ x2 + ( y2 - 6x + 9 ) = 9
A equação acima fatorada tem a forma:
( x2 - 0 ) + ( y2 - 3 ) = 32 , que representa a equação de um círculo de centro
no ponto ( 0, 3 ) e raio r = 3 .
2. Seja a elipse de focos F1 ( 6, 0 ) e F2 ( -6, 0 ) e eixo menor de comprimento 10,
obtenha a equação da elipse.
Solução:
x2 y2
A1A2 é o eixo y. Assim a elipse tem equação + = 1
b2 a2
®
2a = A1A2 Þ 2a = 20 Þ a = 10
®
2b = B1B2 Þ 2b = 16 Þ b = 8
x2 y2
Então a equação da elipse é + = 1.
64 100
Neste tópico focamos nosso estudo nas elipses com centro na origem do plano
cartesiano e eixos (eixo maior e eixo menor) paralelos aos eixos coordenados. Na au-
la 8, veremos que podemos obter, por meio de uma translação ou rotação de eixos, a
equação de uma elipse com centro fora da origem do plano cartesiano e eixos oblí-
quos aos eixos coordenados, onde suas equações se apresentam de uma forma mais
completa.
HIPÉRBOLE E PARÁBOLA
A
7 OBJETIVOS
··Descrever a hipérbole e a parábola como lugar
T geométrico.
2.1 HIPÉRBOLE
Chama-se hipérbole com focos F 1 e F 2 o lugar geométrico dos pontos P do
¾¾
® ¾¾
®
plano, tais que F1P - F2 P é uma constante (veja figura 1).
No triângulo F1PF2 (Figura 1), a desigualdade triangular nos permite concluir
A
7
T
ATENÇÃO! 2
Figura 3 – Hipérbole de focos F1 e F2 A hipérbole, ao rodar em torno de um dos
eixos de simetria, gera uma superfície que
tem o nome de hiperbolóide de revolução.
Os elementos da hipérbole são:
Acesse o site disponível no material web e
• F 1 e F 2 são os focos obtenha mais informações sobre as principais
¾¾
® superfícies de revolução.
• F1F2 é a distância focal
® ®
De modo análogo ao item a, substituindo F 1 e F 2 em F1 P - F2 P = ± 2a ,
2 2
y x
chegamos a - = 10.
a2 b2
Solução:
x2 y2
A hipérbole tem equação do tipo 2
- 2 = 1 , pois os focos estão conti-
a b
dos no eixo 0x .
Assim,
¾¾
®
2c = F1F2 = 10 Þ c = 5
A
2a = 8 Þ a = 4
7
Substituindo c = 5 e a = 4 em c2 = a 2 + b2 , encontramos b = -3 (não serve,
pois b > 0 ) ou b = 3 . T
Logo, a hipérbole tem equação
x2
-
y2
= 1. 2
16 9
Observe na figura que o eixo real tem extremos A1 (-4, 0) e A2 (4, 0) e o eixo ima-
ginário tem extremos B1 (-3, 0) e B2 (3, 0) .
Solução:
x2 y2
Inicialmente vamos colocar a equação na forma - 2 = 1
2 2
a2 b
y x
ou - 2 = 1 . Para isso dividimos todos os termos da equação
a2 b
9x2 - 7y2 - 63 = 0 por 63.
9x2 7y2 63 x2 y2
- - = 0 ou - = 1 , que representa a equação de uma hipér-
63 63 63 7 9
bole com eixo real sobre o eixo x e centro na origem.
2.4 PARÁBOLA
Seja uma reta r e F um ponto não situado sobre r, ambos no mesmo plano. Chama-
-se parábola com diretriz r e foco F o lugar geométrico dos pontos P equidistantes
de r e F (veja figura 4). Assim, um ponto P pertence à parábola se, e somente se,
¾¾
® ¾¾
®
PF = PD .
¾¾
® ¾¾
®
Neste caso, F( a, 0 ) , P(x, y) e D( - a, y ) (figura 5). Da equação FP = DP ,
temos:
(x - a)2 + (y - 0)2 = (x + a)2 + (y - y)2
x2 - 2ax + a 2 + y2 = x2 + 2ax + a 2
Reduzindo os termos semelhantes, chegamos à equação:
y2 = 4ax
Examinando esta equação, concluímos que:
i) Se o foco está à direita da diretriz, então a > 0 e, portanto, x ³ 0 . Dessa forma
a parábola está situada à direita do eixo y;
ii) Se o foco está à esquerda da diretriz, então a < 0 e, portanto, x £ 0 . Dessa
forma a parábola está situada à esquerda do eixo y;
iii) O eixo x corta a parábola em seu vértice C(0, 0).
temos (x - x)2 + (y + a 2
= (x - 0)2 + (y - a)2 .
Simplificando a equação, chegamos a x2 = 4ay .
Exercícios resolvidos
A 1. Determine o foco e a equação da diretriz das parábolas x2 = 8y e y2 = -2x .
7 Solução:
a) x2 = 8y
T
A equação é da forma x2 = 4ay . Assim 4a = 8 ou a = 2 , portanto se F(0, a)
2
, então F(0, 2)
diretriz: x = -2
b) y2 = -4x
A equação é da forma y2 = 4ax . Assim 4a = -4 ou a = -1, portanto se F(a, 0) ,
então F(-1, 0) .
diretriz: x = 1
Observe que a equação da diretriz da parábola
com vértice na origem é do tipo x = -a ou y = -a
com eixo de simetria no eixo 0x e 0y, respectiva-
SAIBA MAIS! mente.
2. Determine a equação de cada uma das pará-
Para aprender um pouco mais sobre as
bolas.
cônicas que estudamos nesta aula, consulte
o site disponível no material web. a) Vértice V(0, 0) e foco F(2, 0)
b) Vértice V(0, 0) e diretriz y = 3
c) Vértice V(0, 0) , passa pelo ponto P(-2, 5) e concavidade voltada para cima.
Solução:
a) A equação, por ter foco no eixo 0x, é do tipo y2 = 4ax
Sendo a = 2 , a equação y2 = 4ax fica y2 = 8x .
b) A equação é do tipo x2 = 4ay .
Se a = -3 , então a equação x2 = 4ay fica x2 = -12y .
c) A concavidade é voltada para cima, assim a equação é do tipo x2 = 4ay .
O ponto P(-2, 5) pertence à cônica. Dessa forma, substituindo x = -2 e y = 5
na equação x2 = 4ay , temos ( - 2)2 = 4a(5) . Resolvendo esta última equação, che-
1 æ 1 ö÷
gamos a a = . Portanto a equação desejada é x2 = 4 çç ÷ y ou 5x2 - 4y = 0 .
5 è 5 ø÷
Objetivo:
• Utilizar de forma correta as equações de rotação e translação de eixos para simplificar
equações de curvas.
115
01
TÓPICO
TRANSLAÇÃO DE EIXOS
DE COORDENADAS
A
8 OBJETIVOS
··Simplificar equação de segundo grau usando
T translação de eixos coordenados.
ATENÇÃO!
A
GUARDE BEM ISSO! 8
Conhecendo-se a curva dada pela equação
y = f (x) , um bom recurso para construção
T
do gráfico de curvas do tipo y − k = f (x − h) 1
é a translação de eixos.
Figura 1- Sistemas x 0 y e x 0 y
Observe que:
a ) O ponto 0 (h , k) do sistema x 0 y é a origem do sistema x 0 y ;
b) O ponto P tem coordenadas ( x, y ) em relação ao sistema x 0 y e ( x, y ) em
relação ao sistema x 0 y .
Podemos observar na figura 1 que:
x = x+ h e y = y+ k ou x = x-h
ATENÇÃO!
e y = y-k
Assim, As características geométricas ou forma de
ìïx = x + h uma curva não são afetadas pela posição dos
ï é a fórmula de mudanças do siste- eixos coordenados, no entanto sua equação
í
ïïy = y + k é modificada.
î
ma xoy para x 0 y .
ìï x = x - h
ï é a fórmula de mudança do sistema x 0 y para x 0 y .
í
ïï y = y - k
î
Exercícios resolvidos
1. Transforme a equação 7xy - 14x - 21y - 13 = 0 em outra equação sem os ter-
mos do 1º grau e sem, obviamente, alterar a estrutura da curva, usando uma trans-
lação de eixos.
Solução:
Substituindo x = x + h e y = y + k na equação 7xy - 14x - 21y - 13 = 0 ,
chegamos a:
7( x + h )( y + k ) - 14 ( x + h ) - 21( y + k ) - 13 = 0
7( x y + k x + h y + h k ) - 14 x - 14 h - 21 y- 21 k - 13 = 0
Solução:
Observe que a equação x2 + y2 -4x - 2y + 4 = 0 corresponde a
(x- 2 ) + ( y - 1 ) = 1 , ou seja, representa uma circunferência de centro no pon-
2 2
to ( 2, 1 ) e raio r = 1 .
Substituindo x = x + h e y = y + k na equação
x + y -4x - 2y + 4 = 0 , temos:
2 2
( x + h )2 + ( y + k )2 -4 ( x + h ) - 2 ( y + k ) + 4 = 0
x 2 + 2 h x + h2 + y 2 + 2 k y + k2 - 4 x - 4 h - 2 y - 2 k + 4 = 0 .
Pondo os termos do 1º grau em evidência, temos:
x 2 + y 2 + x ( 2 h -4 ) + y ( 2 k - 2 ) + h2 + k2 - 4 h - 2 k + 4 = 0
ïì2 h - 4 = 0
Fazendo ïí Þ h = 2 e k = 1 e substituindo h = 2 e
ïïî2 k - 2 = 0
k = 1 na equação acima, encontramos:
x2 + y 2
= 1, que representa a mesma circunferência da equação
(x- 2 ) + ( y - 1 )2 = 1 , porém com centro no ponto ( 0 , 0 ) .
2
Solução:
x = x + h = x + 1 e y = y + k = y-2
Substituindo na equação dada, temos: A
y-2 + 2 - x + 1 - 1 = 0 ou y = x , como mostra a figura 3. 8
T
1
Solução:
Substituindo x = x + h = x - 1 e y = y + h = y + 0 na equação y = x + 1 ,
temos:
y + 0 = x-1 + 1 Þ y = x (veja figura 4).
Vimos neste tópico que podemos usar o recurso translação de eixos coordenados para
simplificar equações de curvas. Observamos que, geometricamente esse processo é re-
alizado a partir de um deslocamento de figuras do plano, nas direções horizontal e/ ou
vertical. A seguir estudaremos outro mecanismo que também pode ser usado para sim-
plificar equações de curvas, conhecido como rotação de eixos coordenados.
2 rotação de eixos.
··Utilizar a rotação de eixos para construir gráficos
de curvas.
ATENÇÃO!
A
8
T
2
T Exercícios resolvidos
2 1. Determine a equação da elipse
x2
+
y2
= 1 após uma rotação de 45º no
4 1
sentido anti-horário em torno da origem:
Solução:
As equações de rotação ficam:
ìï 2
ïïx = .(x + y)
ìïx = x . cos 45º + y . sen 45º ïï
ï ou 2
í í
ïïy = - x . sen 45º + y . sen 45º ïï 2
î ïïy = . ( -x + y )
ïî 2
x2 y2
Substituindo estas equações na equação + = 1 , chega-se a:
4 1
2 2
é 2 ù é 2 ù
ê ( x + y )ú ê ( - x + y )ú
ê 2 ú ê 2 ú
ë û + ë û = 1
4 1
1 é 2 ù
( x2 + 2xy + y2 ) + 4 ê ( x2 - 2xy + y2 )ú = 4
2 ëê 4 ûú
1
( x2 + 2xy + y2 ) + 2 ( x2 - 2xy + y2 ) = 4
2
x2 + 2xy + y2 + 4x2 - 8xy + 4y2 = 8
5x2 + 5y2 - 6xy - 8 = 0 .
Observe que o termo cruzado xy aparece na equação quando o eixo de simetria
da cônica não é paralelo a nenhum eixo coordenado (ver figura 6).
x2 y2
Figura 6 – Elipse de equação + = 1 após uma rotação de 45º
4 1
Solução:
x2 y2
A nova equação é do tipo + = 1 no sistema x 0 y cujo eixo 0 x for-
4 1
ma 30º com o eixo coordenado 0x . x = x cos θ + y sen θ
A
Aplicando as fórmulas de rotação de eixos , temos: 8
y = −x sen θ + y cos θ
ìï x = x cos 30º + y sen 30º
T
ï
í
ïï y = -x sen 30º + y cos 30º
ou x =
3 1
x+ y e y =- x+
1 3
y. 2
î 2 2 2 2
x2 y2
Substituindo estas equações em + = 1 , encontramos:
4 1
2 2
æ 3 1 ö÷ æ 1 3 ö÷
çç ÷ ç y÷
çè 2 x + 2 y÷ø÷ çç- x +
è 2 2 ÷ø÷
+ = 1 ou
4 1
2 2
æ 3 1 ÷ö æ 1 3 ÷ö
çç ÷ ç ÷
çèç 2 x + 2 y÷÷ø + 4 çççè- 2 x + 2 y÷÷ø = 4
2 um conjunto vazio: x 2 + 1 = 0 , 3x 2 + 1 = 0 ,
x 2 − 2x + y 2 − 6y + 15 = 0 ; 2.3 ELIMINANDO O TERMO CRUZADO
uma reta: x + y − 1 = 0 , x + 2 = 0 , Se um sistema de coordenadas xy é girado, em
x −3 = 0 , x 2 − 2x + 1 = 0 , torno de sua origem, de um ângulo q para se ob-
2 2
x + y + 2xy = 0 ;
ter um sistema x 0 y , então a curva de equação
2 2
uma circunferência: x + y − 2x-2y = 0 ;
Ax2 + Bxy + Cy2 + Dx + Ey + F = 0 terá uma nova
2 2
uma hipérbole: x − y − 2x-2y-1 = 0 ;
equação Ax 2 + B x y + C y 2 + D.x + Ey + F = 0
uma elipse: x 2 + 4y 2 − 2x + 16y + 13 = 0
; B
uma parábola: x 2 -y = 0 . em que B = 0 se, e somente se, tg 2q = .
A-C
Para sabermos que tipo de curva representa Demonstração:
as equações acima, efetuamos uma rotação
ou translação de eixos a fim de obtermos a Substituindo as fórmulas de rotação
forma mais simples da equação.
ìï x = x cos q - y sen q
ï em
í
ï
îï y = x sen q + y cos q
Ax2 + Bxy + Cy2 + Dx + Ey + F = 0 , obtém-se:
A( x cos q - y sen q )2 +
B( x cos q - y sen q ).(x sen q + y cos q ) + C (x sen q + y cos q )2 +
D( x cos q - y sen q ) + E( x sen q + y cos q ) + F = 0 .
Desenvolvendo os produtos acima e tendo em vista que:
2 sen q cos q = sen 2 q e cos2 q - sen2 q = cos 2q , temos:
A ( x 2cos2 q - 2 x y sen q cos q + y 2sen 2 q ) +
B ( x 2 sen q cos q + x y cos 2q - y 2sen q cos q ) +
C ( x 2sen2 q + x y sen 2q + y 2cos2 q ) + D( x cos q - y sen q ) +
E( x sen q + y cos q ) + F = 0 .
Efetuando os produtos acima, pondo xy em evidência e considerando que a nova
equação é do tipo Ax 2 + B x y + C y 2 + D.x + Ey + F = 0 , chegamos a:
x2 y2
Para visualizar uma rotação ou translação lação ao sistema x0y , a equação é + = 1.
de eixos coordenados, você pode recorrer 4 1
o software winplot, que pode ser baixado
diretamente do site www.baixaki.com.br. 2. Esboce o gráfico da cônica de equação
x + 4xy + y2 - 6 = 0 .
2
Solução:
Precisamos saber de que cônica se trata, para tanto é necessário eliminar o termo
cruzado.
A-C 1 - 1 p p
cotg 2q = = = 0 ,ou seja, 2q = ou q = .
B 4 2 4
ìï
ïï x = 2 (x - y)
ìï x = x cos q - y sen q ï
Pelas equações de rotação ïí ou ïí 2
ï ïï
îï y = x sen q + y cos q ïï y =
2
(x + y)
ïî 2
Substituindo estas expressões por x e y na equação x2 + 4xy + y2 - 6 = 0 , te-
2 2
é 2 ù é 2 ù é 2 ù é 2 ù
mos ê (x - y )ú - 4 ê (x - y )ú . ê ( x + y)úú + êê ( x + y )úú - 6 = 0 .
ê 2 ú ê 2 ú ê 2
ë û ë û ë û ë 2 û
Simplificando a equação acima, encontramos:
1 2 1 2
( x - y ) - 2 ( x - y ) ( x + y ) + (x + y ) = 6 ou
2 2
1 1
( x 2 - 2 x y + y 2 ) - 2 ( x 2 -y 2 ) + ( x 2 + 2 x y + y 2 )
2
=6.
2 2
A
8
T
2
Solução:
A-C 8 - 5 3
cotg 2q = = = - . Assim, da trigonometria, temos:
B -4 4
3 3 3
cotg 2q - - -
cos 2q = = 4 = 4 = 4 = -3
cotg 2q + 1
2
æ 3 ö÷
2
9 5 5
ç- ÷ + 1 +1
çè 4 ÷ø 16 4
æqö 1 - cosq
Tendo em vista as fórmulas do arco metade: sen çç ÷÷÷ = e
è2ø 2
æ q ö÷ 1 + cosq
cos çç ÷÷ = , temos:
è2ø 2
3
1-
1 + cos 2q 5= 2 1 5
cos q = = = = e
2 2 10 5 5
3
1+
1-cos 2q 5= 8 4 2 5
sen q = = = =
2 2 10 5 5
8 +5 x + y = 144
5 5
Neste tópico, vimos que o termo kxy (k ¹ 0) aparece na equação do segundo grau
quando o eixo de simetria da cônica representada por essa equação, não é paralelo a
nenhum eixo coordenado, porém tal termo pode ser eliminado mediante uma rota-
ção de eixos no sentido anti-horário. Como podemos observar, a equação sofre uma
alteração, mas as características geométricas da curva bem como a relação entre as
coordenadas de cada ponto dessa curva, é mantida.