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Grupo I
Texto A
A serra de Arrábida é o resultado da tectónica compressiva resultante da colisão intercontinental
entre as placas litosféricas Eurasiática e Africana. Antes da colisão miocénica, há cerca de 20 Ma,
os terrenos que hoje formam a serra da Arrábida integravam-se na parte sul da Bacia Lusitânica,
uma bacia de tipo rifte intracontinental formada durante os estádios de fraturação do
supercontinente Pangeia, entre 250 Ma e 92 Ma, que levou à separação da Eurásia, América do
Norte e África.
Uma sequência de rochas sedimentares, resultantes da deposição de sedimentos nesta bacia, pode
ser visualizada junto ao cabo Espichel (fig. 1A). Neste local, as arribas são constituídas por uma
sucessão de camadas inclinadas, com mais de 600 metros de espessura, essencialmente
constituídas por calcários, margas (calcários com 35 a 60% de argila) e arenitos, com idades
compreendidas entre os 140 e os 150 Ma, correspondendo a uma transição contínua entre os
períodos Jurássico e Cretácico.
Inicialmente, ocorreu um período de sedimentação em ambiente marinho que originou a unidade
de calcários (fig. 1A). Posteriormente, este período de sedimentação termina com a deposição de
argilitos. Após o fim deste período sedimentar, seguiu-se um novo episódio de sedimentação em
ambiente sedimentar continental, representado por arenitos. Nesta unidade podemos observar a
ocorrência de estratos resultantes de processos químicos (diferença de tonalidades) e de processos
físicos (diferença de granulometrias), onde ocorreu também estratificação cruzada (fig. 1B). Mais
tarde, ocorreu a deposição de sedimentos carbonatados e detríticos, juntamente com fauna
marinha, dando origem à unidade calcoarenítica com lamelibrânquios. Seguidamente, ocorreu a
deposição de calcários, em ambiente marinho, onde está presente fauna marinha como
gastrópodes e lamelibrânquios. Posteriormente aos processos sedimentares, por ação de
movimentos tectónicos, as camadas sofreram deformação. Após este processo tectónico, as
unidades litológicas ficaram sujeitas a fenómenos erosivos, até à atualidade, originando a topografia
atual do terreno.
Baseado em Kullberg, M. C., Kullberg, J. C. & Terrinha, P. (2000). Tectónica da Cadeia da Arrábida. Tectónica Das
Regiões De Sintra E Arrábida. Mem. Geociências, Museu Nac. Hist. Nat. Univ. Lisboa, 2, 35-84.
B
B
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1. As arribas do cabo Espichel são constituídas por uma sequência de rochas sedimentares
(A) somente detríticas.
(B) detríticas e quimiogénicas.
(C) exclusivamente quimiogénicas.
(D) quimiogénicas e biogénicas.
2. Entre a deposição dos sedimentos que originaram os calcários e a deposição das areias
ocorreu uma
(A) alteração do nível do mar com deposição de sedimentos cada vez mais finos.
(B) transgressão marinha com recuo da linha de costa.
(C) regressão marinha com avanço da linha de costa.
(D) alteração do meio de sedimentação que passou a ser cada vez mais profundo.
6. Explique, tendo em conta o princípio da horizontalidade inicial, porque podemos afirmar que a
disposição das camadas, visíveis no cabo Espichel, ocorreu após a formação das rochas
sedimentares.
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Texto B
Euphorbia pedroi (Trovisco de Espichel) é uma planta endémica da península de Setúbal, onde se
encontra circunscrita às arribas e escarpas marítimas de calcário, entre Sesimbra e o cabo Espichel.
É avaliada como “Em Perigo” por apresentar uma área de ocupação reduzida (32 km2), por estar
identificada apenas em três localizações e por se observar um declínio no tamanho da população
desta planta. De entre as diversas pressões a que a população está sujeita, destaca-se a predação
de frutos e sementes por insetos e a destruição de plantas para a criação de vias de escalada, além
da mortalidade de plantas adultas que se tem vindo a agravar nos últimos anos. Os efeitos
combinados destas pressões poderão levar à diminuição da capacidade de regeneração em alguns
dos núcleos populacionais mais restritos, com consequente redução populacional no futuro.
O género a que esta planta pertence possui uma grande diversidade, integrando cerca de 2160
espécies. Em Portugal, para além deste endemismo, há mais duas espécies afins na ilha da
Madeira, a Euphorbia anachoreta e a Euphorbia piscatoria (figueira-do-inferno).
E. pedroi é uma espécie com proximidade filogenética com a espécie Euphorbia dendroides, uma
planta que não existe em Portugal, mas que é muito abundante em toda a costa do mar
Mediterrâneo.
Baseado em https://listavermelha-flora.pt/flora-single/?slug=Euphorbia-pedroi
e http://plantas-e-pessoas.blogspot.com/2009/03/euphorbia-l-euphorbiaceae.html [consult. mar 2022]
8. Nas arribas calcárias do cabo Espichel, o trovisco e as outras plantas sujeitas a idênticas
pressões seletivas apresentam estruturas ____ que evidenciam processos de evolução ____.
(A) homólogas … divergente (C) homólogas … convergente
(B) análogas … convergente (D) análogas … divergente
Coluna I Coluna II
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11. Euphorbia pedroi e Euphorbia piscatoria pertencem, inequivocamente, ao reino Plantae, porque
(A) são seres multicelulares com um elevado grau de diferenciação.
(B) são seres multicelulares fotossintéticos.
(C) têm nutrição autotrófica e possuem um elevado grau de diferenciação.
(D) são produtores e multicelulares.
Texto C
Na praia dos Lagosteiros observa-se o contacto entre o Cretácico e o Jurássico, constituídos por
litologias predominantemente calcárias. No topo da arriba norte podem ainda ser vistos calcários
recifais formados num ambiente de mar aberto.
Entre esta praia e o cabo Espichel encontram-se testemunhos da presença de dinossauros em
estratos inclinados que também contêm fósseis de bivalves, gastrópodes e algas, entre outros.
O trilho mais nítido da jazida dos Lagosteiros pertence a um dinossauro bípede. Este trilho, com
cerca de 50 metros de comprimento, apresenta 30 impressões de forma arredondada, onde não é
possível distinguir a morfologia da pata. Geralmente, este tipo de pegadas não definidas resultam
da pressão exercida diretamente pelas patas num estrato superior ao da superfície atualmente
exposta, a que se dá o nome de subimpressão ou pegada-fantasma. Este trilho está interrompido
por detritos que o separam em duas zonas, uma com catorze e a outra com dezasseis impressões.
A B
Figura 2. Praia dos Lagosteiros. A. Esquema geológico interpretativo (Q – Quaternário; M-P – Miocénico e Pliocénico;
C – Cretácico; J – Jurássico). B. Grupo de pegadas na jazida dos Lagosteiros.
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13. Considere as seguintes afirmações, referentes à zona em estudo.
I. Através do princípio da sobreposição, podemos afirmar que os primeiros estratos a
depositarem foram os da zona do cabo Espichel.
II. Os fósseis de bivalves, gastrópodes e algas pertencem a organismos que viveram antes
do período Jurássico.
III. Na Jazida dos Lagosteiros são visíveis icnofósseis obtidos por moldagem.
15. Antes da deposição da série sedimentar que forma as arribas da zona, tinham-se depositado
evaporitos. Estes depósitos evidenciam
(A) um clima quente e húmido e a ocorrência de sedimentação marinha.
(B) a formação de rochas detríticas em climas desérticos.
(C) a presença de zonas lagunares em climas quentes e secos sujeitos a evaporação.
(D) a formação de calcários e gesso em zonas de transição devido a processos de precipitação.
16. Explique em que medida a existência das pegadas de dinossauros é fundamental para a
reconstituição do paleoambiente em que as mesmas se formaram.
Grupo II
Para estudar o processo de fossilização por mineralização de tecidos moles, como o tecido
muscular, investigadores simularam diferentes condições de decomposição de animais marinhos.
Organismos recentemente mortos do camarão Crangon crangon e do camarão Palaemun sp. foram
colocados em vários tubos de ensaio com 50 ml de água do mar, à qual se acrescentou sedimentos
do estuário do rio Tay (Escócia) e leveduras, fungos unicelulares anaeróbios facultativos. Os vários
tubos foram associados em quatro conjuntos, de A a D, e incubados a uma temperatura de 20 oC.
Amostras dos tecidos de camarão foram colhidas a partir do terceiro dia até à vigésima quinta
semana. As condições experimentais e os resultados encontram-se na tabela I.
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Tabela I. Condições experimentais na simulação de fossilização por mineralização.
A análise química dos vestígios mineralizados revelou a presença de fosfatos (P2O5) e de óxido de
cálcio (CaO).
Baseado em Briggs, D. & Kear, A. (1993). Fossilization of soft tissue in the laboratory. Science. 259, 1439-1142.
Grupo III
O granito rosa da costa da Bretanha, em França, foi formado há 300 Ma, na Era Paleozoica, durante
a ascensão da cadeia hercínica. O magma formado ascendeu e formou uma câmara magmática
localizada a 5 km de profundidade. Após a erosão quase completa da cadeia hercínica, foi a vez de
o granito rosa ser erodido pelos agentes da geodinâmica externa, formando a costa que hoje
conhecemos.
A cartografia precisa do complexo Ploumanac'h mostra uma disposição das diferentes unidades
litológicas em auréolas concêntricas. Esta disposição resultou da intrusão sucessiva de três corpos
magmáticos, que criaram a estrutura que se designa por “complexo centrado”, como outros que
existem em várias regiões do mundo.
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A auréola mais externa, em contacto com as rochas mais antigas, é ocupada pelos famosos granitos
rosados, cuja fácies mais clássica, vermelha-brilhante e com grão grosseiro, é descrita como do tipo
La Clarté (tipo 1). A cor rosa deste granito é, em grande parte, devido à presença de óxido de ferro
(hematite) na rede cristalina do feldspato. Este granito apresenta alguns encraves máficos.
Segue-se um granito de grão médio, rosa-claro (tipo 2) e, por fim, o granito cinzento de grão fino
mais interno, o chamado da Ile-Grande (tipo 3). Existem encraves do granito rosa (tipo 1) dentro do
granito de grão fino (tipo 3).
A B
Figura 3. Granito rosa da costa da Bretanha. A. Distribuição geográfica. B. Corte geológico da instalação do maciço
desde há 300 Ma até à atualidade.
a) b) c)
1. hidrólise 1. félsico 1. risca
2. oxidação 2. máfico 2. dureza
3. dissolução 3. ferromagnesiano 3. clivagem
d) e)
1. melanocrata 1. ácido
2. mesocrata 2. intermédio
3. leucocrata 3. básico
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3. Os diferentes granitos representados na região tiveram uma origem
(A) simultânea, pois têm todos a mesma composição química.
(B) diferenciada, sendo o mais antigo o granito cinzento.
(C) diferenciada e, de acordo com o princípio da inclusão, o mais antigo é o do tipo 1.
(D) simultânea, já que o magma a partir do qual consolidaram teve a mesma origem.
4. Faça corresponder a cada uma das afirmações da coluna I, referentes a descrições de rochas,
a respetiva rocha magmática da coluna II.
Coluna I Coluna II
(1) Gabro
(a) Apresenta uma elevada percentagem de sílica.
(2) Basalto
(b) Resulta da consolidação de um magma básico em
(3) Riólito
profundidade.
(4) Andesito
(c) É uma rocha mesocrata com textura granular.
(5) Diorito
5. Apresente uma explicação para a existência simultânea de gabro e granito numa região,
originados a partir do mesmo magma.
ITEM
GRUPO
COTAÇÃO (em pontos)
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11.
8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8
I.
12. 13. 14. 15. 16.
8 8 8 8 8 128
1. 2. 3. 4.
II.
8 8 8 8 32
1. 2. 3. 4. 5.
III.
8 8 8 8 8 40
Total 200
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