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ANTEPROJETO PARA REQUALIFICAÇÃO DO PARQUE MUNICIPAL DOS

PASSÁROS NA CIDADE DE ARAPONGAS- PR

Carolina Cita SEMEÃO1


Thamine AYOUB2

RESUMO

O presente artigo é uma proposta de Requalificação para o Parque Municipal dos


Pássaros, na cidade de Arapongas, contendo a justificativa necessária para entender
as razões a qual o parque precisa de seus espaços requalificados, sendo algumas
dela a degradação e a insegurança que gera o abandono gradual por parte do poder
público e da população. O artigo traz embasamento teórico que visa entender os
conceitos e origens das palavras-chave afim de que se possa ter um conhecimento
mais profundo acerca do tema. O estudo de caso e os levantamentos in loco e entorno,
a visita a escola ao lado do parque, juntamente com um questionário elaborado
procurando compreender qual a visão que as pessoas possuem atualmente do
ambiente, com tudo isso resultando em diretrizes para um programa de necessidades
que possuí o objetivo final de propor um projeto de requalificação de espaços do
Parque Municipal dos Pássaros, afim de recuperar sua infraestrutura e atrair
novamente o uso da população.

Palavras-chave: Requalificação de Espaços Públicos. Parque Urbano. Educação


Ambiental.

¹Discente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Pitágoras Unopar: E-mail:


carolinasemeao@hotmail.com
²Docente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Pitágoras Unopar. Mestre em
Edificações e saneamento em Engenharia Civil. E-mail: giovana.weiler@kroton.com.br
1 INTRODUÇÃO

O presente artigo de Trabalho Final de Graduação (TFG) tem como objetivo


apresentar os motivos os quais demonstram a importância da Requalificação de
espaços no Parque Municipal dos Pássaros, situado na cidade de Arapongas.
Através de visitas no local e entorno aonde se está inserido o parque, foram feitos
levantamentos, análises e estudo de caso, com isso foi constatado que o parque se
encontra em estado de degradação, devido à falta de manutenção e a marginalização,
que culmina para o processo gradual de abandono por parte da população. Além
disso, foi disponibilizado um questionário online feito pela ferramenta de formulários
do Google, que foi enviado a população da cidade de Arapongas, tendo a intenção de
coletar dados dos usuários e não usuários do parque.
O questionário foi respondido por 111 pessoas, elas possuindo idades de 13 à 60
anos, sendo 93,7% (104 pessoas) moradores de Arapongas e 6,3% (7 pessoas)
moradores da região. Desse total 90,1% (100 pessoas) responderam que conhecem,
frequentaram ou ainda frequentam o parque. E 9,9% (11 pessoas) conhecem, porém
nunca foram ao parque. A partir dessa afirmativa, foi questionado o porquê de não
conhecer ou frequentar o parque, tendo as seguintes respostas.

Figura 1- Gráfico Pesquisa Requalificação Parque dos Pássaros

Fonte: Google Formulários Autora (2019)

A partir da figura acima, pode-se concluir que o fator segurança é o que mais
afasta essas pessoas do parque, pois a soma do quesito se dá 72,7%.
Figura 2- Gráfico Pesquisa Requalificação Parque dos Pássaros

Fonte: Google Formulários Autora (2019)

De acordo com a Figura 2, 10 pessoas responderam que a requalificação de


espaços no Parque lhe despertariam o interesse em conhecer e frequentá-lo.

Figura 3- Gráfico Pesquisa Requalificação Parque dos Pássaros

Fonte: Google Formulários Autora (2019)

Das 100 pessoas que frequentam ou já frequentaram o Parque, é possível


constatar a partir do gráfico acima, que a maioria não vai ao parque há muito tempo e
frequenta poucas vezes ao ano.
Figura 4- Gráfico Pesquisa Requalificação Parque dos Pássaros

Fonte: Google Formulários (Autora)

A Figura 4 expressa a importância da justificativa para a requalificação de


espaços no Parque dos Pássaros, com 98% das pessoas respondendo que a acham
necessária.
Complementando os gráficos apresentados acima, o levantamento in loco e o
estudo de caso do Parque, foram cruciais para entender o objetivo de requalificar
esses espaços. Dentro desses estudos do Parque, foram feitos levantamentos
iconográficos que expõem a real situação em que o parque se encontra atualmente:

Figura 5- Piscina sem uso (Parque dos Pássaros)

Fonte: Autora (2019)


Figura 6- Fundo de vale desprotegido e com lixo (Parque dos Pássaros)

Fonte: Autora (2019)

Figura 7- Guarita e Sanitários destruídos e desativados (Parque dos Pássaros)

Fonte: Autora (2019)


Figura 8- Pista de caminhada com buracos (Parque dos Pássaros)

Fonte: Autora (2019)

Figura 9 - Escada sem corrimãos e sem ergonomia (Parque dos Pássaros)

Fonte: Autora (2019)

Para acrescentar à essas justificativas, foi encontrada uma reportagem a qual


alunos da Escola Municipal Julio Savieto, a qual está localizada na esquina à leste do
Parque, foram até o gabinete do atual Prefeito do Munícipio de Arapongas, Sérgio
Onofre, na intenção de pedir melhorias para o Parque dos Pássaros já que os mesmos
fazem uso do parque com grande frequência, conforme Arapongas (2018):
[...] “Como a escola está ao lado do parque, ele acaba sendo uma extensão
das nossas atividades. Mas quando as crianças são levadas para lá, elas
próprias acabam presenciando cenas degradantes, como pessoas
consumindo drogas”, relata a professora Ângela Lima.

A partir disso, foi realizada uma visita à escola, aonde a diretora Kátia
Aparecida Teixeira disponibilizou seu tempo e atenção relatando o cenário atual do
Parque, a mesma explicou que a escola procura ajudar, na medida do possível, a
cuidar do Parque e a conscientizar a população imediata, mas o parque ainda sofre
com os problemas citados acima, o que motivou a inciativa do projeto com título
“Parque dos Pássaros: Semeando valores na extensão de nossa escola” que foi
levado e apresentado ao Excelentíssimo Prefeito Sérgio Onofre, conforme informado
pela diretora e citado acima, pela notícia de Arapongas (2018). Esse projeto foi
disponibilizado e tem como objetivo geral “Conscientizar a comunidade e os alunos
sobre a importância e cuidados com o parque dos pássaros enquanto ambiente de
aprendizagem e lazer” (ESCOLA MUNICIPAL JULIO SAVIETO, 2018, p. 2).
Baseado em todas as justificativas acima relatadas, é possível constatar que
o Parque dos Pássaros necessita de manutenção e mais atenção não somente do
poder público, mas também por parte da população, havendo carência de espaços
que despertam a vontade de convívio no parque por parte da mesma e tendo a
insegurança como fator determinante no afastamento de pessoas do Parque.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Desenvolver Anteprojeto de Requalificação para o Parque Municipal dos


Pássaros, na cidade de Arapongas, Paraná.

1.2.2 Objetivos específicos

 Investigar e levantar as problemáticas fisiológicas e sociais do Parque


dos Pássaros.
 Fazer o levantamento das áreas de usos no parque, suas deficiências
e potencialidades.
 Levantar discussão sobre Parques Públicos e Áreas de Preservação
Permanente.
 Abordar os temas “Ecologia da Paisagem” e “Educação Ambiental”.
 Pesquisar e investigar obras correlatas de Parque Públicos.
 Analisar as características e topografia do terreno.
 Traduzir as propostas e necessidades do Parque em um
macrozoneamento.
1.3 METODOLOGIA

Figura 10: Diagrama de Metodologia

Fonte: Autora (2019)

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Parque urbano

Primordialmente se faz necessário conhecer o histórico dos parques urbanos,


pois eles possuem um papel antigo dentro da cidade, sendo ele mutável através do
tempo e contexto o qual esteve ou está inserido. É importante entender
primeiramente, o contexto histórico de parques fora do Brasil, introduzindo os fatos
mais importantes pelo mundo.
Magnoli (2006) explica que os parques foram incialmente implantados em
Munich, em 1789, que tinham a função de recreação pública. Seguidamente em 1828,
são desenvolvidos desenhos de parque em áreas da Coroa Britânica. Mas é em Nova
York, que se tem implantado o maior parque de uso público, o Central Park, que fora
desenhado e pensado com critério tendo base de necessidades da população urbana.
Já o parque urbano brasileiro, conforme Macedo e Sakata (2003), não nasce a
partir da urgência em atender as necessidades sociais urbanas, pois o Brasil do
séculos XVII e XVIII não possuíam nenhuma cidade expressiva, devido a isso o
parque é criado para cenário das elites que controlavam a nação ainda em formação,
sempre apoiados em ingleses e franceses, procuravam erguer uma nova paisagem
urbana baseada neles.
Mas é no Século XIX que o Brasil ganha estrutura como nação, principalmente
a partir de 1808, quando a família real portuguesa se instala no país, sendo assim
foram implantadas fortes reestruturações, modernizando as cidades que passam a
exercer novas funções administrativas. Em 1822, desde a Proclamação da
independência, o Rio de Janeiro torna-se a capital da nova nação, assumindo grandes
investimentos para todo o país. Com essas circunstâncias, são criados no Rio de
Janeiro os parques: Campo de Santana, Passeio Público e o Jardim Botânico, sendo
eles os primeiros parques públicos com a funcionalidade e características que
entendemos os parques hoje.
Já o início do século XX consegue superar o crescimento da modernização do
século anterior, tendo o desenvolvimento de uma nova forma de urbanismo, que tem
como priori a salubridade, gerando a origem de edificações e ruas se readequando
aos novos padrões impostos. Esse novo pensamento transforma em espaços
saudáveis diversas áreas de cidades, “como São Paulo, Rio de Janeiro e Santos”
(MACEDO, SAKATA, 2003, p.25). Dentro disso, novos parques se originaram no
período entre 1889-1920, sendo grandes e importantes parques, como: Beira Mar
Carioca, Sistema Bouvard de Parques para São Paulo, Parque do Ipiranga, Parque
Municipal Américo Renné Giannetti etc.
Durante todo o século XX o crescimento brasileiro foi intenso, sendo a maioria
da população já urbana. Os parques implantados no pós guerra valorizavam os
esportes e o lazer cultural com teatros de arena, consequentemente sendo
abandonados a visão romântica dos parques antigos apenas continuando com o reuso
da vegetação nativa como composição da paisagem, surgindo alguns parques que
valorizam o lento caminhar observador da paisagem. Após o ano 1950, ano pós
Guerra, há uma mudança brutal na economia do país.
Os anos 70 são caracterizados pelo surgimento dos parques modernos que
possuem atividades mistas, sendo elas de natureza contemplativa, recreativa e com
soluções espaciais elaboradas. Em 1980 é levantada a bandeira ecológica, criando
assim o conceito de parque ecológico, que visa a revitalização e conservação de
áreas.
No final do século XX a liberdade no projeto de parques se caracteriza como o
período contemporâneo na arquitetura e paisagismo brasileiro, “paralelamente, os
velhos parques são com frequência reciclados, revisados e reequipados, de modo a
atender às novas demandas urbanas.” (MACEDO E SAKATA, 2003, p. 50).
Entendido sua história, é necessário entender o seu conceito. Magnoli (2006) entende
como aspecto de espaços livres, que constituem uma paisagem:

Os parques urbanos são inseridos na urbanização como parte dos espaços


livres de edificação. Sob esse aspecto, sua distribuição nas várias escalas de
urbanização é parte de um projeto da sociedade sobre sua cidade como um
todo. (MAGNOLI, 2006, p.200)

Ela completa que os espaços livres de edificações dão mais abertura a todos
os cidadãos, tendo um aspecto democrático dentro do tecido urbano.
Macedo e Sakata (2003) explicam e introduzem a idealização do conceito de parque:

[...] o papel real do parque como um espaço livre público estruturado por
vegetação e dedicado ao lazer da massa urbana. O parque público, como o
conhecemos hoje, é um elemento típico da grande cidade moderna, estando
em constante processo de recodificação. (MACEDO E SAKATA, 2003, p. 13)

Evidencia-se que os parques ocupam um papel importante dentro do tecido


urbano, desempenhando diversas atividades que são essenciais para o meio em que
está inserido, a cidade. Normalmente, sua maior identidade é ser um espaço livre e
de uso público, que busca oferecer lazer e recreação para a população na cidade
aonde é implantado, tendo sempre como cenário uma paisagem mais bucólica, rica
em árvores e vegetações diversas.
2.2 Requalificação de espaços públicos

Primeiramente é necessário entender o que é e qual o papel do espaço público


dentro da cidade, para Mendonça (2007), é a relação do mesmo com sua morfologia,
suas apropriações e o meio urbano. Estando associado aos aspectos construídos,
naturais e físicos do desenho urbano, que podem se tornar a identidade visual do local
aonde está inserido, sendo dentro da cidade, estado ou país. De forma importante, o
espaço público, também contém associação com os aspectos socioeconômicos.
Somado à isso, Kliass e Magnoli (2006) explanam que o conceito de espaços livres,
que tem como características da paisagem urbana ruas, praças e parques, se ligam
diretamente com a vivacidade das cidades, pois além de serem instrumentos para a
limpeza de poluentes da atmosfera, eles se destacam por serem espaços de
propriedade pública, que desenvolvem atividades urbanas e fazem a interação da
relação homem e natureza.
De forma complementar, o entendimento sobre espaço público de Nascimento,
Benini e Gulinelli (2019) acordam com as premissas acima de que ele pode
proporcionar qualidade de vida para a população e o ambiente o qual está inserido, e
também destacam que os parques e praças são importantes agentes com áreas
verdes dentro do espaço público. Sendo os parques entendidos como florestas
urbanas, pela sua larga extensão e as praças possuindo extensões menores, porém
estando espalhadas por toda a dimensão da cidade, concluindo assim que esses
espaços são capazes de apresentar infraestruturas necessárias para o lazer da
população, a partir de atividades físicas ou da contemplação da natureza quando é
dotado de áreas verdes.
Baseado nos três autores acima apresentados, fica claro o papel do espaço
público dentro do âmbito da cidade, pois ambos concordam e levam a discussão para
um único caminho: o entendimento de que a população é o grande consumidor desses
espaços e que além de proporcionarem lazer, eles podem estar ligados à economia
de determinado local. E quando esses espaços possuem áreas verdes eles podem ter
diversas características, mas procuram atingir e afetar de forma positiva a qualidade
de vida aonde está inserido.
A partir desses preceitos descritos acima, é preciso entender o conceito de
requalificação, Fortuna e Leite (2009) explicam que a requalificação urbana está
completamente ligada as consequências e efeitos oriundos do processo de
urbanização, sendo alguns deles: o crescimento acelerado da malha urbana, o
consumismo ligado a concorrência de mercado, os centros urbanos mais antigos que
perdem sua vitalidade, entre outros, tendo a evolução da economia como o fator
principal gerador desses conflitos. A requalificação no âmbito urbano está relacionada
a outros termos que são utilizados neste, como: revitalização, renovação, reabilitação,
estando o significado dessas palavras interligados, e por mais distintas em alguns
aspetos, todas são usadas e aplicadas como tratamento para a transformação do
tecido urbano.
A requalificação urbana está mais aplicada ao espaço público e seu entorno,
se caracterizando como agente da macro escala, mostrando que seu objetivo é
reintroduzir em uma determinada área a qualidade, desde a acessibilidade até sua
centralidade, conforme (Fortuna e Leite, 2009 apud AAVV, 2005).
De forma complementar, Sotratti (2005) declara:
A requalificação urbana consiste na refuncionalização estratégica de áreas
dotadas de patrimônio, ou seja, de objetos antigos que permaneceram
inalterados no processo de transformação do espaço urbano. (SODRATTI,
2005, p.15)

Como consequência dessas asserções, podemos unificar os conceitos


discutidos de espaço público e requalificação em um só, entendendo-se de que a
requalificação de espaços públicos procura transformar e trazer melhorias aos
espaços já existentes de uso coletivo da população dentro da cidade, afim de
solucionar os problemas decorrentes do crescimento da urbanização dentro malha
urbana.

2.3 Ecologia da Paisagem e Educação Ambiental

Para entendermos a correlação que ecologia da paisagem tem com a educação


ambiental, é fundamental entendermos seus conceitos separadamente, afim de
posteriormente colidir os conhecimentos e justificar o que esses dois pontos possuem
em comum e como eles podem de alguma forma se complementar.

2.3.1 Ecologia da paisagem

Previamente se faz necessário compreender os significados que essas


palavras carregam. Odum (1983) já inicia sua obra mostrando a origem da palavra
Ecologia e seu significado:

A palavra “ecologia” deriva do grego oikos, com o sentido de “casa”, e logos,


que significa “estudo”. Assim, o estudo do “ambiente da casa” inclui todos os
organismos contidos na nela e todos os processos funcionais que a tornam
habitável. (ODUM, 1983, p. 1)

Complementando a citação acima Odum (1983) explica que a ecologia é como


o estudo de grupos de organismos e suas relações com o ambiente onde estão
inseridos, e também como uma ciência que inter-relaciona e liga esses organismos
vivos, indo além e se tratando de níveis de um sistema todo.
Compreendido a origem e definição da palavra ecologia, é essencial explanar
sobre a palavra “paisagem” que Metzger (2001) aponta possuir diversas definições
que passam por várias áreas do conhecimento como geografia, ecologia, arquitetura
entre outras, e essas interpretações diversas conseguem chegar a um denominador
comum o qual entende a paisagem como “espaço” aberto ou vivenciado que possui
uma relação do homem com o ambiente, aonde se tem a percepção de espaço a partir
de um observador.
Já Macedo (1993) concluí que o paisagista é quem atua sobre o universo de
trabalho da paisagem e afirma que ela é mutável e a trata como um sistema complexo
de relações que precisa de várias informações que vão além do olhar. Tendo então
que dividir em categorias que permitam a criação e técnicas de avaliação para uma
melhor compreensão da paisagem.
Tendo separadamente entendido e discorrido sobre cada significado que
essas palavras trazem consigo, conseguimos compreender como elas funcionam
juntamente, Metzger (2001, pag 3) trata ecologia da paisagem sendo uma nova área
de conhecimento dentro da ecologia, que busca conectar a abordagem geográfica e
ecológica. Assim, busca estudar e compreender a “influência do homem sobre a
paisagem e gestão do território”, “contexto espacial sobre os processos ecológicos” e
a relação com a “conservação biológica”.
Pellegrino (2000) em seu artigo “Pode-se planejar paisagem?” que é um
questionamento necessário que tem por finalidade levantar as discussões acerca da
distribuição dos espaços livres na escala de paisagens, em uma definição ampla.
Partindo do pressuposto de que, a sustentabilidade não é uma ideia distinta da
ecologia da paisagem, e sim complementar.
Faz-se necessário uma estratégia para a adição desses projetos que sustentam a
paisagem local, que esses integram harmonia no local de almejo para o projeto, afim
de quebrar a imagem tão fortalecida de que a natureza começa onde a cidade termina.
Seguindo o rito, o projeto paisagístico partiria com a função de aniquilar esse conflito
entre cidade e campo, entre solo e água, interior e exterior e o conflito entre o social
e o natural. Logo, a resposta surge quando se nota que o projeto nasce justamente
com a mesma ideia que se concluí:
A relação mútua entre organismos e seus ambientes, o mesmo que dizer entre
sociedades e seus territórios.
Pellegrino diz que o planejamento ecológico da paisagem é a criação de uma
solução espacial capaz de manipular as mudanças dos elementos da paisagem, de
forma que as intervenções humanas sejam compatibilizadas com a capacidade dos
ecossistemas de absorverem os impactos advindos destas.
(PELLEGRINO, 2000.)
Conclui-se que a ecologia da paisagem é a ciência que busca melhorar a
relação entre as metodologias ecológicas e seus ecossistemas.

2.3.2 Educação ambiental

A sustentabilidade está intimamente ligada ao termo educação ambiental, que


também está ligado à palavras como preservação e meio ambiente, tendo assim uma
grande dimensão de seu entendimento. Reigota (2017) conceitua educação ambiental
como educação política:
Quando afirmamos e definimos a educação ambiental como educação
política, estamos afirmando que o que deve ser considerado prioritariamente
na educação ambiental é a análise das relações políticas, econômicas,
sociais e culturais entre a humanidade e a natureza e as relações entre os
seres humanos [...] A educação ambiental como educação política está
comprometida com a ampliação da cidadania, da liberdade, da autonomia e
da intervenção direta dos cidadãos [...] (REIGOTA, 2017, p. 9)

Pressupondo disso, a educação ambiental não deve ser entendida apenas pela
ciência biológica, mas sim como um conjunto de ações dentro do meio urbano.
Ross e Becker (2012) analisam sob o olhar do comportamento humano, de como cada
vez mais é possível ver o homem destruir de forma irresponsável os recursos naturais
e as espécies que habitam o planeta, e devido a isso, a educação ambiental precisa
mostrar os valores entre uma convivência equilibrada com o ambiente e as espécies
nele presentes, mas para tal é necessário perceber que “a natureza não é fonte
inesgotável de recursos, suas reservas são finitas” (ROOS; BECKER, 2012, p. 4) e a
educação ambiental é justamente o ensinamento o qual podemos aprender a tratar
com racionalidade esses recursos e reservas que fazem parte do ambiente em que
vivemos.
Voltando a Reigota (2017) que explica que é universal a ideia de que a
educação ambiental deve estar inserida em todos os espaços que educam os
cidadãos: “Assim, ela pode ser realizada nas escolas, nos parques e reservas
ecológicos, nas associações de bairro, nos sindicatos, nas universidades, nos meios
de comunicação de massa etc.” (REIGOTA, 2017, p.23), tendo esses locais
características únicas que ampliam a discussão da diversificação da educação
ambiental.
De acordo com Ross e Becker (2012) a escola é fundamental no ensino e
aplicação da educação ambiental, pois na escola é aonde o que se faz e se diz tem
vista valorosa perante a sociedade e sua moral, sendo uma maneira de ensinar
individualmente as crianças a fazerem o que é correto ambientalmente, que formará
cidadãos com um senso de responsabilidade para a preservação do meio ambiente,
sendo importante consequência o desenvolvimento pessoal para a colaboração social
na comunidade e na produção de um ambiente saudável. Porém, para alcançar esses
objetivos a educação ambiental deve ser abordada de forma rígida e ampla, em todos
os níveis de ensino e interdisciplinarmente, fazendo assim que a educação não fique
apenas dentro das escolas, mas sim que afete a toda a esfera social.
Tendo isso em mente, uma das esferas a qual a educação ambiental se faz
presente são as reservas ecológicas e parques, que é um dos focos principais desse
presente artigo. Reigota (2017) diz que o enfoque é prioritário as espécies animais e
vegetais dentro de parques, o que agrega o estudo fora da sala de aula:

Para muitos professores e professoras, pais, alunos e alunas, e o público em


geral, a educação ambiental só pode ser feita quando se sai da sala de aula e
se estuda a natureza in loco. (REIGOTA, 2017, p. 27)

A partir disso é importante destacar o quanto os parques podem contribuir para


a disseminação da educação ambiental, tendo dentro deles mecanismos para atingir
tal objetivo, na intenção de ajudar na preservação dele mesmo e de todo o
ecossistema.
Amparando isso, Ross e Becker(2012) discursam sobre como facilita o
entendimento para alunos e a população, a implementação de um projeto para a
educação ambiental em determinado local, levando as pessoas a desenvolverem o
senso crítico como cidadãos residentes desse planeta, tendo suas ações ligadas a
todo impacto, bom ou ruim, sofrido no meio o qual habita.
Como fechamento a esses pensamentos, afirmações e conclusões se é entendido
que a educação ambiental é importantíssima dentro do meio urbano, podendo ser
inserida em diversas áreas, tendo a escola um papel primordial nesse ensino e
levando ele para fora dela, afim de abrir a discussão em todos os ambientes aonde o
ser humano vive, e o parque pode ser um grande aliado à essa premissa, tendo em
seu ambiente físico a fonte de conhecimentos e inspiração para a aplicação e
execução do que a educação ambiental prega.

3 DESENVOLVIMENTO

3.1 Corrente arquitetônica e paisagística

A corrente arquitetônica e paisagística escolhida foi a contemporânea, sendo


escolhida a Arquiteta, Urbanista e Paisagista Rosa Grena Kliass como influência,
Rosa é a pioneira na arquitetura paisagista no Brasil e fundadora da ABAP
(Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas), possuindo fortes influências
modernistas. As características da arquitetura paisagística contemporânea estão
exemplificadas e analisadas na prancha 01/12 a seguir.

3.2 Análise de correlatos


3.2.1 Análise Correlato Estético

O correlato estético escolhido foi o Parque Mangal das Garças, situado em


Belém- PA, o qual Rosa Kliass, citada anteriormente no tópico de corrente
paisagística, também assina o projeto. O Parque exprime em seu desenho a corrente
arquitetônica e paisagística contemporânea. Como complemento a esse correlato, foi
acrescentado o projeto do Parque Madeira Mamoré em Porto Velho-RO, que tem
como autores o escritório Barbieri e Gorski e também conta com a parceria da ilustre
Rosa Kliass, dotado por toda sua estrutura em madeira elevada. Mais detalhadamente
segue a análise na prancha 02/12 e 03/12.

3.2.2 Análise Correlato Funcional

Como correlato funcional, foi escolhido o Parque Municipal Américo Renné


Giannetti, situado em Belo Horizonte- MG, que possuí mais de 200 anos. Tal escolha
foi devido a sua grande extensão territorial, 180 mil metros quadrados, e também por
seus variados usos, para que fosse aproveitado da melhor forma o programa de
necessidades. Outra importante questão da escolha do parque foi sua área voltada a
educação ambiental, tópico discutido anteriormente dentro da fundamentação teórica
do presente artigo. Tendo isso discutido, a análise completa está nas pranchas 04/12
e 05/12.

3.2.3 Análise Correlato Estrutural

O correlato estrutural analisado foi o Parque Madeira Mamoré, já citado acima


como complemento de correlato estético. O projeto do Parque foi elaborado para uma
área de revitalização e recuperação de áreas lindeiras do rio Mamoré, em Porto Velho-
RO. Projetado pelos arquitetos Maria Cecília Barbieri Gorski, Michel Todel Gorski e
Rosa Grena Kliass em 2008, o parque conta com toda sua estrutura em passarelas
de madeira elevada. Na prancha de número 06/12 a seguir, segue a análise completa.

3.3 Análise de terreno- entorno


A análise do terreno e entorno do Parque Municipal dos Pássaros foi
inicialmente feita através de levantamentos in loco, sendo eles de natureza como
estudo de caso ou levantamentos iconográficos e de medidas. As pranchas de número
07/12, 08/12, 09/12, 10/12 e 11/12 que seguem, está completa com as informações
necessárias para o entendimento do terreno e seu entorno.

4 CONCLUSÃO

A partir da elaboração do presente artigo, pode-se concluir que os parques


urbanos possuem um papel fundamental dentro da sociedade, sendo um espaço de
uso público que pode se degradar com o tempo, sendo necessária revitalização ou
requalificação desses ambientes. Através das justificativas levantadas pode-se
concluir com a fundamentação da educação ambiental, que ela se faz importante
dentro do tecido urbano, afim de conscientizar e atentar a população ao cuidado e
preservação do meio ambiente. A presente proposta de projeto de requalificação
busca sanar as problemáticas apresentadas, e através de estudos de obras correlatas
de parques urbanos, resultou-se a tabela de diretrizes projetuais a seguir, que tem a
finalidade de levantar os pontos positivos de cada parque que poderão ser aplicados
na proposta de projeto, e os pontos negativos que serão descartados na
implementação.

Tabela 1- Tabela de diretrizes

Fonte: Autora(2020)
Alicerçado na tabela acima, na fundamentação teórica, nas análises de terreno
e justificativas foi-se retirado o conceito da proposta de requalificação para o parque,
que está exemplificado na figura a seguir.

Figura 11- Diagrama Conceitual

Fonte: Autora(2019)

Mediante à isso, o conceito busca requalificar o parque e educar a população


e os estudantes que são grande parte do público frequente e imediato do parque, sem
deixar de trazer lazer e recreação a população. Perante a tabela e o conceito, foi
estruturado um programa de necessidades (Figura 12) que visa atender a todos os
preceitos citados acima.

Figura 12- Diagrama Programa de Necessidades

Fonte: Autora(2019)

Finalmente, procurando traduzir todas as necessidades expostas, foi criado um


macrozoneamento, que se faz presente à seguir na prancha de numeração 12/12,
intencionado a concluir e fechar todo o artigo contemplado.
REFERÊNCIAS

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(Ed.). Alunos pedem melhorias no Parque dos Pássaros. 2018. Disponível em:
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ESCOLA MUNICIPAL JULIO SAVIETO. Parque dos Pássaros: semeando valores


na extensão de nossa escola, 2018. Arapongas. 10 p.

BARBIERIGORSKI (São Paulo). Parque Madeira Mamoré- Porto Velho-


RO. Disponível em: <http://www.barbierigorski.com.br/Parque-Madeira-Mamore-
Porto-Velho-RO>. Acesso em: 04 out. 2019.

FORTUNA, Carlos; LEITE, Rogerio Proença (Org.). Plural de cidade: novos


léxicos urbanos. Coimbra: Edições Almedina. Sa, 2009. 52 p. Disponível em:
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KLIASS, R.; MAGNOLI, M. Áreas verdes de recreação. Paisagem e Ambiente, n.


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LOPES, Claudia. Arapongas inaugura Parque dos Pássaros ainda este mês. Folha
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