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ANO 2013

07 de maio de 2013
Essa semana vi um triste episódio no jornal. Um ex-cantor está sendo acusado de ter
provocado a morte de sua ex-mulher. Ele tentou esfaqueá-la e, em desespero, ela se jogou
da janela de seu apartamento com seu filho e morreu na hora. Existem hipóteses da briga ter
relação com ciúmes da parte dele. Em depoimento ao jornal, o ex-cantor alegou que não
sentia ciúmes dela, apenas “cuidava” da relação. Ele disse que quem era “neurótica” e
ciumenta era ela e não ele. Fiquei a pensar sobre o fato, pois é muito comum ouvir o homem
dizer que não sente ciúmes, mas “cuida” da sua companheira. Esse senhor está sendo
acusado de ter provocado a morte de sua mulher por “cuidar” dela. Que tipo de “cuidado”
é esse? Por que sempre as mulheres são consideradas “neuróticas” e os homens
“cuidadores”? Ainda não consegui entender essa diferença. Até quando as mulheres serão
tratadas como loucas e os homens como vítimas das “vadias” que vestem roupas curtas para
provocar os “machos” nas ruas? Como antropóloga e historiadora, penso que jamais essa
diferença será natural, mas social. Continuo a acreditar nisso. Também continuo a repudiar
essa sociedade machista, sem perder a ternura.

LINHARES, Anna Maria Alves. [Essa semana vi um triste episódio no jornal]. In: LINHARES, Anna Maria
Alves. Do Facebook para a sala de aula: Crônicas feministas. Goiânia: Espaço Acadêmico, 2019. p. 13.

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