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PEQUENO

REINO
Thyago S. da Costa

2021
Copyright© Thyago Costa
Capa e Diagramação: Thyago Costa
Revisão: Regina Almeida

Ficha Catalográfica

Costa, Thyago
Pequeno Reino / Thyago Costa – Belém/PA, 2021.
1. Literatura paraense I. memória. II. crônica.

2021
Todos os direitos reservados ao autor.
A reprodução total ou parcial dessa obra sem autorização prévia
do autor causará violação dos direitos autorais conforme a Lei
do Direito Autoral nº 9.610/98 e punição pelo artigo 184 do Có-
digo Penal.
Sumário
PEQUENO REINO .................................................................................................................... 5
NOTA DO AUTOR ................................................................................................................... 7
SOBRE O AUTOR ..................................................................................................................... 8
PEQUENO REINO
(Escute o áudio da crônica clicando aqui)

Você gosta de praças?

Aqueles pedaços de terra cercados de cidade. Fora da realidade e


do tempo. Impregnadas de vivências marcadas nos bancos, nos
coretos, nas calçadas, na grama, nas árvores, ... Registros engati-
lhados pela memória em sorrisos de felicidade ou lágrimas de
tristeza.

Quando garotinho, cheio de energia, era em uma praça que eu


gastava a bateria acumulada durante a semana. Corria, pulava,
dava cambalhota na grama, subia nos bancos, … Tudo ali era
uma extensão das minhas mãos, tão pequenas, mas grandes o
suficiente para abraçar o meu mundo de aventuras. Eu morava
em Breves, uma cidade no sul da Ilha do Marajó, conhecida como
a "Capital das Ilhas". Na orla da cidade existe uma praça muito
movimentada, um pedaço da memória: a Praça do Operário.

Várias pessoas compartilhavam daquele local para esquecer os


problemas e estresses cotidianos. Um pouquinho que seja. Era
como se naquele momento, todas fossem uma única pessoa. Um
organismo vivo. E eu era uma célula.
Nos finais de semana, minhas tias me levavam para passear por
lá, era um costume que eu adorava. A primeira parada era no ca-
chorro-quente do Zeca, o melhor do mundo, pode confiar! Como
uma criança afobada que eu era, comia rápido e já corria para dar
piruetas na grama. Minhas tias gritavam para tomar cuidado, ou
poderia acabar vomitando. Alertas de pouco efeito, eu não podia
perder tempo, tinha que desbravar mais uma vez aquelas terras
de jornadas fantásticas. O coreto central já foi minha espaçonave
(quando levava meu sabre de luz, a parada era séria), meu navio
pirata, meu castelo impenetrável! Avante, Guerreiros! Protejam
o Rei!

Nos bancos eu sempre via casais compartilhando amor, mas


também já vi discussões e choros. Diversas histórias, mas nem
sempre com finais felizes. As árvores eram povoadas por peri-
quitos que no fim da tarde faziam sua revoada coreografada nos
céus, uma dança que eu adorava ver.

Já descasquei muito meu joelho naquelas calçadas - caindo e me


ralando todo. Mas eu levantava e continuava correndo, o dia es-
tava acabando e eu não podia desperdiçar meu tempo. Adorava
levar minha mãe naquele local. Ela morava em Belém por causa
do trabalho, então ia nas férias e feriados para Breves, passar um
tempo comigo. Quando tinha que retornar para Belém, era num
porto próximo à praça que a gente se despedia. Eu chorava ace-
nando para ela do trapiche, contando os dias para que pudésse-
mos correr na praça mais uma vez.

Hoje, quando visito Breves, eu sempre vou até o local da minha


infância, sento em um dos bancos, com um cachorro-quente do
Zeca nas mãos (o maior empreendimento do Norte do país), e ob-
servo várias crianças correndo e se aventurando no meu antigo
reino. Herdeiros. Eu ainda posso sentir o cheiro da grama mo-
lhada e a sensação de voar como os periquitos que ali ainda
ecoam lembranças em seu bater de asas.
NOTA DO AUTOR

O texto da vez é muito curtinho, mas de todo coração. Quis levar


você por uma viagem até à cidade da minha infância. Para se
aventurar comigo em um pedacinho de chão que sempre retorna
à minha memória.
Foi minha primeira tentativa em escrever uma crônica – e acre-
dito ter dado certo. E com isso lanço uma provocação para você:
que tal escrever algumas linhas sobre um local da sua infância?
Que te transporta em uma via de memórias felizes. Que te
aquece o coração.
Escreva!
Compartilhe comigo essa sua experiência! Seja por mensagem,
por uma marcação em alguma postagem no Instagram, onde for!
SOBRE O AUTOR

Thyago Costa, 30 anos, nasceu em Breves


(Ilha do Marajó/Pará) e se mudou para
Belém em 2009, onde reside desde então.
Já tentou uma carreira acadêmica em En-
genharia Civil, mas descobriu que não
servia para essa vida. Atualmente cursa
Letras (Língua Portuguesa) na UFPA e se
sente completamente realizado com sua
nova jornada. Acredita que a literatura é
um direito universal ao ser humano, feita por todos e para todos.
Ela possui a verdadeira fórmula da magia que tantos buscam.
Leitor de Ficção Científica e Terror, sempre procurou nesses gê-
neros uma base para produzir suas obras, muitas vezes através
de uma partida de RPG – um hobbie que ainda nutre até hoje com
paixão. É o autor da antologia Perdidos, dentre outros contos que
você pode conferir aqui. Administra o perfil Toró Aleatório, no
Instagram, onde compartilha seu amor pela literatura e cinema.

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