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COMO SER
O PROFISSIONAL
DA INDÚSTRIA 4.0
Como ser O Profissional da Indústria 4.0

DICAS PARA
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ÍNDICE 3

Grade Curricular 4.0


Currículo Vitae 4.0

Atitudes Habilitadoras na Indústria 4.0


14 Tecnologias 4.0 x Competências 4.0
Cybersegurança e Resiliência
Sistemas Integrados x Saberes Integrados
Internet of Things x Trabalho em Rede
Computação em nuvem x Ser um cidadão do mundo
Robôs autônomos x autonomia
Realidade aumentada e virtual x realidade e ilusão
Simulação x Capacidade de abstração
Manufatura aditiva x Processos ágeis e prototipagem
Big Data e analytics x Capacidade e análise analítica

Índice Como ser O Profissional da Indústria 4.0


4

O QUE É
INDÚSTRIA 4.0?
Nas áreas ligadas a indústria fala-se muito em “Indústria
4.0” mas, expandindo esse conceito para todas as áreas de
negócios e das nossas vidas, podemos adotar o termo mais
amplo “transformação digital”. E, por transformação digital,
estamos entendendo o uso maciço de TIC (Tecnologias de
Informação e Comunicação) em todos os aspectos de
negócios nas mais diversas áreas além da indústria, como
serviços, agricultura, mercado financeiro, gestão pública e
educação.

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O QUE É INDÚSTRIA 4.0?
5

ESTAMOS FALANDO DO USO DE TECNOLOGIAS DE PONTA COMO:

5G IoT

Robótica
Simulação

Inteligência Artificial Aprendizado de Máquina

Big Data Manufatura Aditiva

AR e VR Drones

E por aí vai...

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O QUE É INDÚSTRIA 4.0?
6

A Indústria 4.0 é a realidade na qual a tecnologia está cada vez mais


eficiente: mais inteligente, mais rápida, mais precisa e
INDEPENDENTE.

É aí que a coisa fica complexa.

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CURRÍCULO
4.0

Como ser O Profissional da Indústria 4.0


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CURRÍCULO 4.0
8

Nos negócios do futuro, não só industriais, mas todos que passam por um Não conseguimos relacionar os saberes de forma sintética (quando é
processo de transformação digital, são necessários uma formação que não necessário criar algo novo). Enquanto os problemas são simples, essa
só reconheça a complexidade dos problemas e das tecnologias, mas que abordagem tem sucesso garantido: quanto mais especializado numa área,
esteja impregnada deles. Isso impacta no currículo, no sentido currículo melhor eu resolvo os problemas daquela área. O problema é quando os
vitae e no sentido de grade curricular. E não estamos preparados para isso. problemas se tornam complexos e as soluções simples já não resolvem mais.

A forma como o conhecimento se organizou no mundo moderno, a partir do Aqui é preciso diferenciar simples, complexo, complicado e simplista. Simples
Iluminismo, foi através da divisão dos saberes em áreas cada vez mais é tudo o que tem relação de causa e efeito claros, as coisas funcionam de
específicas. Dentro de cada área, primeiro o pesquisador e depois o forma linear (o resultados são proporcionais às causas), são invariantes no
profissional, focam em conhecer tudo o que se tem para saber “do seu tempo (ao longo do tempo, as coisas comportam-se mais ou menos da
quadrado”. Ao seguir essas regras a pesquisa científica teve um grande mesma forma); é o mundo “mecânico”, das máquinas e da engenharia em
avanço e resultou na especialização dos saberes. Como método analítico geral, das coisas simples como pontes, motores e computadores. Complexo
(uma ferramenta para compreender como algo funciona) é fantástico e (do latin complexus, “o que é tecido junto”), que não é complicado, é o
válido até hoje. O efeito colateral, no entanto, foi a fragmentação dos cenário onde as relações de causalidade são múltiplas (um efeito tem
saberes a tal ponto que não conseguimos mais, de forma espontânea, múltiplas causas ponderadas), existe realimentação, os resultados não são
relacioná-los. lineares (pequenos estímulos podem gerar resultados desproporcionais), é
volátil ou variante no tempo (o comportamento muda de um momento para
o outro); é o mundo dos sistemas, da economia, da biologia, da ecologia, das
coisas complexas como mercados globais, comportamento do consumidor e
a mente humana. Complicado, por sua vez, é algo confuso, pouco claro e de
difícil entendimento. Ser simplista é quando se olha para o cenário complexo
e tenta-se ingenuamente aplicar nele as regras de um cenário simples.

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CURRÍCULO 4.0
9

Lá do século XIX, na primeira revolução industrial, com cadeias


produtivas fechadas dentro de países e regiões, com mudança lenta,
comunicação lenta, pouca diversidade de produtos, pequena
concorrência em nível local e com governos autoritários centralizados,
era um mundo de problemas e soluções simples onde reinava o
especialista. Nosso sistema educacional foi criado nessa época.

Já hoje em dia, o cenário é outro: cadeias produtivas internacionais,


mudança acelerada, comunicação mundial instantânea, enorme
diversidade e oferta de produtos e soluções, alta concorrência em nível
global, pluralidade e choque de culturas, democracia em cheque. Um
mundo complexo e líquido. Porém, nosso sistema educacional continua o
mesmo.
Para esse desafiador cenário atual é que a transformação digital vem trazendo
tecnologias que, ao mesmo tempo em que se propõem a solucionar os
problemas, criam novos desafios (uma relação de causalidade típica de um
sistema complexo). Para fazer frente a essa complexidade, as diversas tecnologias
devem trabalhar de forma conjunta e colaborativa. Isoladamente, robôs, redes
de comunicação, simulação e softwares de gestão não são novidades. Mas,
quando eu uso redes para colher dados em tempo real do meu robô para
alimentar uma simulação que prediz o comportamento da linha, de forma que
meu sistema de gestão tenha inteligência para otimizar os processos ou prever
problemas, aí estou falando de indústria 4.0, de verdade.

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GRADE
CURRICULAR
4.0

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11

GRADE CURRICULAR 4.0

Os problemas atuais e as tecnologias para solucioná-los são multidisciplinares Sendo pragmático, é necessário adotar uma abordagem multidisciplinar. Para isso,
por natureza. Portanto, qualquer educação que não seja multidisciplinar está metodologias como: aprendizado baseado em problemas e aprendizado baseados
fadada a fracassar no processo de formar profissionais para o mercado de em projetos, são ótimas ferramentas.
trabalho e cidadão para o mundo. Vemos o interesse crescente em temas de
Também é preciso repensar a infraestrutura: separar sala de aula de ambientes de
indústria 4.0, mas as instituições muitas vezes estão prisioneiras de uma grade
experimentação, afastando teoria da prática, já há muito tempo não faz sentido. Os
curricular (trocadilho inevitável) que divide e separa o que deveria ser tratado
recursos e equipamentos didáticos devem permitir aplicar a multidisciplinaridade,
junto. Assim, para formar o profissional do futuro, primeiro é preciso mudar o
permitir a conectividade e a interação. Deve haver flexibilidade para que o aluno
mindset de especialização em caixinhas e trabalhar um mindset multidisciplinar,
possa explorar as práticas sobre diferentes enfoques e diferentes graus de
desde a primeira matéria, desde a primeira aula, na concepção do programa
conhecimento.
curricular. É preciso abandonar a meta do especialista que rode nos trilhos de
sistemas simples para criar um multiespecialista capaz de surfar nos sistemas
complexos.

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CURRICULO
VITAE 4.0

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CURRÍCULO VITAE 4.0
13

E como ficam nossos currículos vitae? Um bom currículo profissional para a indústria 4.0 e para o mercado do futuro
mostra multidisciplinaridade na busca de formação. Mostra familiaridade com as
No mundo do especialista, seria assim: um técnico de uma área qualquer faria
tecnologias mais atuais, sem precisar se especializar em todos. Especialização em
engenharia nessa área, depois uma pós nesse mesmo tema, vários cursos na sua
uma área não é ruim, desde que haja dedicação em manter uma visão abrangente
área focando num seguimento cada vez mais específico. Para um mundo
com formações em áreas diversas. E vale lembrar que a velocidade da mudança
complexo esse profissional não é mais solução, é problema. Sua
coloca um prazo de validade em toda especialização. A pergunta não é “qual é a
superespecialização o deixa míope, senão cego, para problemas e soluções que
sua área”, é “qual a sua área hoje”. Quando se coloca esse profissional (com forte
não estejam na sua área de especialidade. Quem quiser montar um cenário de
formação em algumas áreas, mas com visão abrangente de várias outras) junto
catástrofe certa, é só agrupar esse especialista, junto com outros da mesma área
com outros parecidos, dificilmente teremos currículos iguais, porque as trajetórias
em um departamento e colocar para trabalhar com outros departamentos
se tornam únicas. Assim, temos times verdadeiramente multidisciplinares onde as
igualmente especializados, através de um sistema burocrático e hierarquias
diversas visões de quem trabalha junto são complementares na compreensão dos
rígidas. Graça aos deuses, isso quase nunca acontece, não é?
cenários complexos. Com menos burocracia (muito da qual pode ser otimizado
com uso de tecnologia), comunicação e tomada de decisão facilitada por uma
hierarquia mais plana, aumentam as chances de sucesso nesse cenário de
incertezas.

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ATITUDES
HABILITADORAS
NA INDÚSTRIA 4.0

Como ser O Profissional da Indústria 4.0


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EXPECTATIVAS
DO MERCADO
Qual perfil profissional da indústria do futuro? Um paralelo
entre as nove tecnologias habilitadoras da indústria 4.0 e as
nove atitudes habilitadoras que compõem o mindset da
empresa digital.

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16

ATITUDES HABILITADORAS
NA INDÚSTRIA 4.0
Fala-se muito da indústria 4.0 e das tecnologias que permitem tais avanços nos
processos produtivos, as chamadas “tecnologias habilitadoras”. Quanto aos
profissionais que vão trabalhar nessa nova indústria, em um primeiro momento,
pode parecer que a necessidade de capacitação e desenvolvimento de
competência limita-se a dominar essas tecnologias. Ou seja, basta desenvolver as
competências técnicas nas novas ferramentas e sistemas e está resolvido. A
história mostra que não é bem assim.

A digitalização dos processos leva à mudanças nas regras de negócio, nas


relações de poder, na demanda e características dos recursos humanos. Por trás
destas mudanças existe também mudanças de mindset que vão muito além de
dominar um novo software. A contribuição que esperamos fazer com esse
conteúdo é realizar um paralelo entre as tecnológicas 4.0 e as competências 4.0
do profissional do futuro.

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TECNOLOGIAS
4.0
x
COMPETÊNCIAS
4.0

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18

Vamos refletir
um pouco?
A sociedade se organiza conforme os meios de produção. Essa é uma afirmação de
Marx que é difícil refutar, entretanto é possível aprimorá-la dizendo que os meios
também se organizam conforme a sociedade, num sistema circular. Todo negócio é
também uma organização social, daí ter uma cultura organizacional, composta de
papeis, artefatos e ritos. Toda vez que o processo produtivo sofre uma grande
mudança, há também uma grande mudança no perfil dos recursos humanos.

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Senta que lá vem história...


É atribuída à Ford a expressão “Por que toda vez que contrato um par de Do ponto de vista do trabalhador, deveria ser um trabalho miserável seguir
braços um cérebro tem de vir junto?”. Sem mimimi, essa expressão do Ford, um processo definido por outro, anos a fio, sem questionar. Mas esse
antes de ser vista como a de um explorador sem coração, deve ser colocada processo reduziu enormemente os custos produtivos, aumentou o acesso a
no seu contexto: na fábrica de Ford, gente pensando seria uma catástrofe. produtos que vão de carros à remédios e alimentos, permitiu o
Ford pode ser situado na segunda revolução industrial, que se caracteriza desenvolvimento de economias fortes até hoje e absorveu um grande
pelo início do emprego da eletricidade e motor à combustão (tecnologias) e contingente de trabalhadores não qualificados. Isto só se fez possível porque
da linha de produção (processo produtivo). A linha de produção, da qual o a linha de produção permitia, literalmente, empregar qualquer um. Quando
senhor F. foi um dos idealizadores, era baseada no conceito de dividir o Ford fundou sua companhia, apenas 11% das pessoas frequentavam ensino
trabalho em atividades mínimas, alocar um funcionário focado em cada médio, ou seja, não havia a menor chance de trabalhadores especializados e
atividade, o funcionário não se desloca, o produto se desloca e vai sendo qualificados na quantidade necessária para dar impulso à indústria nascente.
agregado, até o produto final. Variedade de produtos baixa escala como A linha de produção não era só uma solução de eficiência produtiva, era
nunca se viu. Especialização brutal, onde você poderia passar anos apertando também uma solução de gestão de (falta) de conhecimento.
o mesmo parafuso.

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Dando um passo atrás, a primeira revolução industrial, alavancada pelo uso das
máquinas a vapor, permitiu potencializar o trabalho humano. Em vez do processo
artesanal, onde conhecimento e execução estão estritamente ligados à figura do
artesão, a produção industrial permitiu separar o conhecimento especializado,
científico e sistematizado do engenheiro, da força de trabalho e capacidade de

Tá, e daí?
execução do operário. Só isso já deu um ganho produtivo relevante, e demorou 100
anos para pensarem em otimizar a produção com processos e gestão. Esses
eventos, na segunda revolução, introduziram as técnicas de administração e a
burocracia. Se o trabalhador de 1800 precisava saber pouco e, se pensasse, era
bônus, para o trabalhador de 1900 melhor que não pensasse. O produto e o
processo já haviam sido pensados, por especialistas, melhor não questionar. E nos nossos tempos? Bem, fica fácil observar que a cada revolução o número de
Obediência, padronização, homogeneidade definiam o mindset. pessoas empregadas na produção se reduz, pelos ganhos de eficiência. Além disso,
o nível de qualificação sobe: na primeira revolução, qualquer um vindo do campo
A terceira revolução foi mais silenciosa. Na técnica, a introdução da eletrônica e poderia ser empregado no processo desde que não arranjasse muita encrenca. Na
informática na fábrica deu impulso à automação. Por outro lado, métodos mais segunda, obediência, padronização e docilidade exigiam um mínimo de educação
flexíveis e eficientes de gestão (sistema Toyota de produção e toda a onda lean) formal, pois qualquer desvio faz a linha de produção parar; mas não se exigia muito
passaram a ser usados, não só porque a tecnologia permitia, mas porque o perfil do mais que saber ler. A terceira revolução demandou pessoal com mais senso crítico,
trabalhador também mudou. Quase um século de investimento em melhoria na comprometimento com seu empregador, bagagem técnica e capacidade de
educação permitiu compartilhar a gestão, ao menos em parte, com os operários. acompanhar os avanços da tecnologia. O que se espera do profissional para a
Desculpem desfazer algumas fantasias, mas processos de melhoria contínua, a quarta revolução?
organização advinda do 5s, qualidade total, rotatividade de funções e autonomia
nas células produtivas exigem um trabalhador com nível de educação e civilidade,
aplicar isso na fábrica do Ford em 1900 não funcionaria nunca. Mas funcionou a
partir dos anos 60, nos países desenvolvidos e, dos anos 80, no resto do mundo
como um todo.

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tecnologias 4.0 x competências 4.0

TECNOLOGIAS 4.0 COMPETÊNCIAS 4.0

Cybersegurança Resiliência
Sistemas integrados Saberes integrados
Internet das Coisas Trabalho em rede
Computação em nuvem Cidadão do Mundo
Robôs autônomos Autonomia
Realidade aumentada e virtual Realidade e ilusão
Simulação Capacidade de abstração
Manufatura Aditiva Processos ágeis, prototipagem
Big Data e Analytics Capacidade de Análise crítica

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CYBERSEGURANÇA
E
RESILIÊNCIA

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cybersegurança e resiliência 23

Uma forma de definir cybersegurança (cybersecurity) é como a capacidade ou Diferente de fingir que um problema não existe é desenvolver a resiliência de não
propriedade de um sistema resistir a ataques externos, ataques estes com se deixar afetar por esse problema, seja ele “pessoal” ou “profissional” (para
interesse de roubar dados ou causar danos a dados ou serviços de um sistema. insistir uma última vez nessa separação ilusória). Essa habilidade é desenvolvida
quando entendemos que tudo, de bom ou ruim, uma hora passa e paramos de
Buscando reflexo dessa propriedade nas atitudes pessoais, podemos identificar
levar as coisas tão a sério. Essa prática vai levar também a perceber que o que há
a resiliência como sua contraparte. “Resiliência” já é um termo emprestado da
de bom (o sucesso de um projeto, um aumento, um novo amor, passar um tempo
física, a propriedade de um material de retornar à forma original após sofrer a
agradável com a família ou o que trouxer felicidade para você) também uma hora
ação de uma força. Assim, no contexto das características pessoais, resiliência é
passa. A constatação dessa impermanência também aumenta a resiliência, pois
a capacidade de “resistir à pressão sem entortar”.
parte do sofrimento vem do apego às coisas transitórias que nos trazem
Mas, mais que “resistir à pressão”, o profissional do futuro deve desenvolver a felicidade.
capacidade de não se abalar ou perturbar com os “ataques externos”. Por
E por que a resiliência é uma competência importante? Porque a velocidade da
ataques, pode-se considerar os baques que a vida dá, seja um colega de
mudança é cada vez maior e o grau de certeza é cada vez menor. A
trabalho desleal, um chefe opressor, o fracasso de um projeto, assim como
transitoriedade das coisas é sentida mais forte do que foi outrora. As
questões de ordem pessoal, como o fim de um relacionamento, doença em
oportunidades de sucesso e de fracasso se sucedem a cada dia, as razões para se
família, bullying, solidão, etc. É balela essa história de separar o profissional do
alegrar e entristecer também. Então, a capacidade de resistir aos ventos que te
pessoal: o ser humano é um só e, conscientemente ou não, um aspecto de sua
jogam de um lado para outro, é um ponto positivo para os profissionais do futuro.
vida influencia os demais. Acreditar no contrário é armar uma bomba relógio
A inovação exige capacidade de assumir riscos e lidar com fracassos, que fazem
que, uma hora ou outra, vai explodir.
parte do processo de aprendizado. Não existe inovação numa zona de conforto e
segurança. Assim, inovadores tem que necessariamente possuir resiliência.

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SISTEMAS
INTEGRADOS
x
SABERES
INTEGRADOS

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sistemas integrados x 25

saberes integrados

Aqui, vamos discutir como o conhecimento se constrói no


sistema de ensino usual através da especialização, enquanto a
demandada profissional no mundo digitalizado é por um
profissional de base de conhecimentos gerais amplos e que saiba
construir conexões entre diferentes saberes.

Assim, como deve haver uma integração dos sistemas no processo


produtivo tanto no horizontal (entre processos e setores) como na
vertical (do chão de fábrica a direção), também o profissional deve
buscar a integração dos saberes e experiências, desenvolvidos ao
longa da carreira na busca de soluções criativas e inovadoras.

“o profissional deve buscar a integração dos saberes e


experiências ao longo da carreira.”

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INTERNET
OF THINGS
x
TRABALHO
EM REDE

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internet of things x 27

trabalho em rede

A internet das coisas (IoT – Internet of Thinks) pode ser definida como a rede formada por sensores e atuadores que se
comunicam entre si através da internet. É preciso entender que IoT não é apenas um sistema de comunicação máquina com
máquina, de forma centralizada, com um nó ou controlador central. Trata-se de um sistema em rede, uma grande troca de
informação em diferentes contextos e diferentes aplicações.

Trazendo para o contexto das competências profissionais, o foco é nas relações e formas de trabalho. Ainda existe um
esforço para desenvolver um bom trabalho em equipe dentro das empresas, mas deve-se também pensar no trabalho em
rede.

Por trabalho em rede, devemos entender que as relações de trabalhos se darão de forma fluida, horizontalizadas. Em vez de
hierarquias e relações de trabalhos de longo prazo, cada vez mais existirá contratos por demanda, relações que duram o
tempo de projeto. Nesse ponto, deve existir um esforço de adaptação do estilo de trabalho a um modelo com menor grau
de segurança e previsibilidade (vide Resiliência). Não parece improvável pensar um futuro onde a maioria da força de
trabalho seja o que hoje se classifica como freelancer.

O trabalho em rede exige além da excelência técnica, capacidade de gestão de tempo, gestão financeira, marketing, em
resumo, empreendedorismo. Essas competências nem sempre são desenvolvidas nos cursos superiores, ou são
isoladamente quando estão no currículo de cada curso.

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COMPUTAÇÃO
EM NUVEM
x
SER UM CIDADÃO
DO MUNDO

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computação em nuvem x 29

ser um cidadão do mundo

Computação em nuvem (ou se preferir em inglês, cloud computing) nada mais é que utilizar recursos computacionais (processamento,
memória, armazenamento, backup, etc.) de servidores compartilhados em vez de utilizar os recursos de hardware próprio local. A vantagem da
computação em nuvem é que, por serem compartilhados, esses recursos são mais baratos e podem ser facilmente alocados conforme as
demandas do momento. Além disso, por estarem “na nuvem” as aplicações podem ser acessadas de qualquer lugar com acesso à Internet. Em
resumo, seus dados e aplicações podem estar em qualquer lugar do mundo.

Fazendo um paralelo com as competências profissionais, enquanto as aplicações devem ser em nuvem, o profissional deve ser “cidadão do
mundo”. Isso implica em duas coisas: primeira que as oportunidades de trabalho e desenvolvimento de carreira estão no mundo todo, não
importa muito o país onde se nasce. No mercado global de trabalho, importam muito mais as competências e habilidades do que a seleção para
qual se torce na copa; isso também implica que a concorrência pelo emprego que se tem hoje também é global, não só porque um estrangeiro
pode assumi-lo como também porque a empresa ou divisão pode mudar de país em busca de melhor competitividade ou perder mercado para
uma empresa de outro lugar.

A segunda coisa e mais importante é que, para jogar esse jogo em escala mundial é preciso uma mente globalizada. Isso significa estar aberto às
diferenças culturais, ser capaz de se adequar às diferentes culturas organizacionais, respeitando seus valores de origem. Também implica em ser
capaz de se comunicar e colaborar em times distribuídos pelo mundo todo, estar atualizado com as discussões e notícias internacionais.
Num país grande como o Brasil, essa competência é de difícil desenvolvimento por falta de oportunidade em conviver com profissionais de
outras culturas ou países o que às vezes, nos deixa presos à nossa forma nacional (até regional) de fazer.

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ROBÔS
AUTÔNOMOS
x
AUTONOMIA

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31

robôs autônomos x autonomia

Esse ponto é fundamental, pois a disseminação do uso de robôs nas mais Em um mundo que busca cada vez mais eficiência, não há mais espaço para
diversas funções vai acabar com milhares de empregos. A solução? gestores que micro gerenciam cada atividade do seu time. Menos ainda para
Desenvolver a autonomia para não ser substituído por um robô autônomo. àqueles cujo trabalho é só delegar e cobrar cada tarefa. Para obter os níveis de
Robôs fazem trabalhos repetitivos e pré-programados, basicamente recebem eficiência que se espera, cabe ao gestor montar e treinar um time que consiga dar
ordens e seguem processos que alguém pensou por eles, de forma eficiente, é conta do recado sozinho, dar ao time uma direção, isto é, um rumo e um motivo,
verdade, mas não são capazes de resolver problemas por si só. e trabalhar como um facilitador da execução das atividades desse time.

A autonomia passa a ser uma competência cada vez mais importante, portanto. Autonomia muitas vezes é entendido como sinônimo de liberdade. E é! E como a
Aquele profissional que não é capaz ou prefere não dar um passo sem ordem liberdade implica numa grande dose de responsabilidade e risco, que muita gente
de um superior ou chefe, está com os dias contados. O futuro é dos não está disposta a assumir, prefere se esconder atrás de regras bem definidas e
profissionais capazes de se organizarem sozinhos, resolver problemas sem que organogramas que possam ser usados como guia para quem passar a culpa. Esse
alguém lhes diga o que fazer, se responsabilizar por riscos, erros e acertos. Isso ponto também é pouco trabalhado nas escolas que, de forma geral, não treinam
também muda significativamente as estratégicas de gestão. responsabilidade e autonomia, mas sim obediência.

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REALIDADE
AUMENTADA E
VIRTUAL
x
REALIDADE
E ILUSÃO

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realidade aumentada e virtual 33

x realidade e ilusão

Realizada virtual (VR) é quando se é introduzido em Do ponto de vista das competências, a questão é:
um mundo todo (ou quase todo) criado, perdendo somos realmente capazes de perceber a realidade
conexão com o local onde se está; na prática isso como ela é? Para a filosofia, a física e a neurociência
hoje implica em usar algum tipo de óculos e fone de a resposta é muito clara: certamente não! Nos
ouvido, de forma a se isolar do ambiente ao redor e termos de Schopenhauer, não podemos conhecer
inserir no ambiente simulado. Realidade verdadeiramente a realidade, apenas uma
aumentada (AR), pelo contrário, é inserir no representação da realidade. Fisicamente nossos
ambiente ao redor elementos criados que sentidos só percebem uma pequena parte das
acrescentam uma “camada de realidade” a mais; na propriedades de um objeto ou acontecimento, e
prática isso é feito adicionando esses elementos nosso cérebro, com bases nesses estímulos, tenta
simulados à filmagem de uma câmera que se assiste montar uma representação minimamente coerente,
em tempo real (como feito com celulares) ou juntando experiências e memórias; além disso,
projetando algo na frente do seu campo de visão Realidade aumentada para teste com servomotor. nunca podemos saber realmente o que se passa na
(como nos óculos de realidade aumentada). mente de outra pessoa, seu humor, etc.

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realidade aumentada e virtual 34

x realidade e ilusão

Sendo menos filosófico e mais prático: a questão é como fazer uma leitura
mais correta da realidade nas situações profissionais, mesmo sabendo que não
existe uma verdade absoluta. O que pode causar uma falsa percepção da
realidade? Indicadores, por exemplo, se não bem desenhados e avaliados
podem causar grandes enganos (é conhecida a história de certa operadora de
telefonia que comemorou a queda no número de reclamações quando na
verdade seus clientes estavam desistindo e cancelando antes mesmo de
reclamar). A publicidade, mesmo em ambientes corporativos, muitas vezes é
capaz de embrulhar com palavras bonitas e promessas, produtos e serviços que
não agregam nada aos negócios. Nossos preconceitos, nossas experiências
(sempre fizemos assim e sempre deu certo) e nossos egos são criadores de
engano. Como reduzir isso? Questione tudo. Questione cada promessa do seu
fornecedor, peça provas. Questione os dados e conclusões de seus
colaboradores e seus subordinados. Peça uma explicação mais detalhada
quando um argumento do seu chefe não fizer sentido.

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35

realidade aumentada e virtual


x realidade e ilusão
Outra forma de se aproximar mais da realidade é ser científico, isto é, se basear em
dados e fatos, e não em opiniões. Muitas vezes a visão que as pessoas têm sobre
acontecimentos ou processos está carregada de carga emocional e distorce a realidade
(aquele cliente que foi mal-educado ao reclamar do produto vai ser lembrado mais
facilmente que os cinco que elogiaram e os quinze que gostaram, mas não deram
feedback). Além disso, faça experiência, teste suas ideias, explore alternativas. É
assustador ver que muitos negócios são geridos na base do achismo e do peso da
autoridade, em vez de fatos concretos.

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SIMULAÇÃO
x
CAPACIDADE
DE ABSTRAÇÃO

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37

simulação x capacidade de abstração

Simular significa imitar a realidade, através de modelos matemáticos e outros Um bloqueio à abstração é evitar pensar nos cenários negativos. Devido a um
recursos computacionais, afim de avaliar os resultados que seriam obtidos sem otimismo exagerado ou ao “pensamento positivo”, muitas vezes os cenários
ter necessariamente que criar algo real. A simulação permite testar hipóteses, negativos são propositalmente desconsiderados e, quando acontecem, não há
verificar resultados, estimar interações em situações complexas, onde uma nenhuma prevenção ou plano B. Como diz o velho ditado: “espere o melhor,
simples equação não poderia expressar todas as interações existentes. prepare-se para o pior”.

Também permite repetir, de forma acelerada, processos e interações, levando à Outra forma de definir a capacidade de abstração é pela imaginação e
avaliação de uma grande quantidade de opções antes de identificar a mais criatividade. Conseguir lidar com situações e produtos enquanto ainda é apenas
adequada para a realização no mundo físico. imaginação, combinar diferentes conceitos e experiências para gerar algo novo ou
antever as possíveis consequências de uma ação. Num mundo cada vez mais
A competência equivalente da simulação é a capacidade de abstração, que é a
complexo, ser imaginativo e lidar com conceitos abstratos é fundamental.
habilidade de imaginar cenários diferentes da realidade, visualizando-os e
vivenciando suas possibilidades. Talvez pela facilidade de os meios tecnológicos
entregarem um resultado visível ou mesmo palpável, essa competência tem
andado em baixa. Tem sido cada vez mais difícil (na experiência do autor)
encontrar profissionais que consigam entender e discutir conceitos um pouco
mais abstratos, ou lidar com situações que não vão além das coisas concretas
que se tem a mão.

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MANUFATURA
ADITIVA
X
PROCESSOS
ÁGEIS E
PROTOTIPAGEM

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manufatura aditiva x 39

processos ágeis e prototipagem

A técnica de manufatura aditiva mais conhecida é Os profissionais da indústria do futuro devem então Outra competência associada à impressão 3D é a
certamente a impressão 3D. Essa tecnologia permite se acostumar com essa inconstância e uma das capacidade de prototipação. Prototipação em
construir um produto depositando camadas e ferramentas para ajudar nisso são as metodologias engenharia de produto é construir um modelo
criando-o sem necessidade de moldes, ferramentas ágeis. suficientemente fiel ao produto final, de maneira
ou máquinas dedicadas exclusivamente para aquele que seja possível testá-lo nas condições de uso
Sem querer entrar em detalhes, uma das
produto. Dessa forma, dois objetivos são pretendidas e validar seu desempenho. Não só
características das metodologias ágeis é entregar
alcançados: a fabricação customizada em escala produtos, mas tudo mais pode ser prototipado: uma
sempre algum valor, mesmo implementando o
(customização em massa) e a prototipagem rápida. campanha de marketing, um processo novo, uma
mínimo de características e funcionalidades
prática de RH, uma ideia de negócio.
Impressão 3D permite agilidade e flexibilidade. Os possíveis, e ir testando à medida que o usuário e o
produtos devem poder se adaptar às demandas desenvolvedor entendem melhor o produto. Prototipar implica em gerar a versão com as
diferenciadas de cada cliente, sem comprometer a características mínimas/básicas do que se deseja
Ou seja, não dá mais para esperar ter um processo
velocidade e o custo da produção em massa. Isso testar (o famoso MVP) e colocar a coisa para rodar e
com tudo certinho, testado e definido. É como fazer
implica que não há (muito) espaço para melhoria verificar os resultados. Antes de gastar meses e
um molde de injeção, preparar a máquina,
contínua de processos, uma vez que essa milhões, antes de envolver muitas pessoas, antes de
homologar lote piloto para enfim fazer 100 peças.
continuidade não existe: o produto é sempre beta. fazer planos e cronogramas baseados no achismo.
Com impressão 3D e métodos ágeis sai mais rápido.
Estamos numa época em que a velocidade da Por isso, prototipagem e metodologias ágeis têm
inovação é tamanha que não dá tempo de haver tanto em comum e são fundamentais para o
maturação, tudo está sempre em teste e se torna profissional do futuro.
obsoleto antes de amadurecer.

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BIG DATA E
ANALYTICS
x
CAPACIDADE E
ANÁLISE CRÍTICA

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big data e analytics x 41

capacidade e análise crítica

A quantidade de dados gerados pelos clientes e Essa competência, assim como a capacidade de
usuários das empresas em si, já é uma grande abstração, tem sido deixada de lado na formação
riqueza para quem conseguir extrair conhecimento profissional, especialmente de nível superior. De um
útil dessas informações. Fala-se muito de ciência profissional com graduação, cuja ocupação é
dos dados como profissão do futuro, uma vez que descrita muitas vezes como “analista” deve ser
saber analisar e criar estratégias para análise desses capaz de olhar para as informações à sua frente e
dados é fundamental e não surge de forma sozinha tirar conclusões e tomar decisões, e analisar
ou automática. processos e buscar sua melhoria e correção.
Simplesmente seguir o procedimento sem senso
De forma similar à competência de criar sistemas de
crítico não é função de “nível superior”.
análise do grande volume de dados é necessário
também desenvolver um senso crítico ou Vale lembrar que, na Taxonomia de Bloom, a
capacidade de avalição. competência de “avaliar” está abaixo somente da de
“criar” e acima de “analisar” e constituem
Analisar criticamente é conseguir extrair Assim, desenvolver uma capacidade de análise crítica tem
“capacidade de nível superior”, enquanto
conhecimento útil dos fatos, permitindo uma a ver com questionar os dados a sua frente, se eles estão
habilidades associadas a seguir processos
tomada de ação. É enxergar o que importa de fato, coerentes com suas causas, quais suas consequências.
estabelecidos como “recordar”, “compreender” e
qual a tendência que está se desenhando, o que não Analisar criticamente um processo é determinar se ele
“aplicar” são apenas capacidades básicas.
foi dito explicitamente, que conclusão pode-se tirar está atingindo seu objetivo com eficácia ou tem sido
dos acontecimentos. cumprido mecanicamente. É muitas vezes apontar no
trabalho dos outros e no nosso o que não ficou bom, com
indicação do que e porquê pode ser melhorado.

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CONCLUSÃO

O objetivo desse e-book é despertar um olhar mais amplo


para o desenvolvimento das competências que vão além das
habilidades técnicas. Essas competências não são tão simples
de treinar, daí a necessidade de uma busca constante de
aperfeiçoamento que vai além de fazer alguns cursos
rápidos. Exige, além de dedicação, modificações nas
instituições e cursos que preparam profissionais para o
mercado.
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EXSTO TECNOLOGIA, A INDÚSTRIA NA ESCOLA


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