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(Sobre)prisões: uma cartografia do possível em um Brasil de morte

Laerte de Paula Borges Santos

Reconfigurar os caminhos da pesquisa, retraçar as rotas, arranjar a vida seguindo


o fluxo daquilo que acontece no hoje. Difícil traduzir em algumas páginas-palavras a
importância desta disciplina para minha pesquisa de doutorado, sobretudo, em um país
que se tornou espaço de produção coletiva de desalento e desesperança para aquelas e
aqueles que acreditam noutro tipo de mundo, que não esse do colapso, do adoecimento e
da morte.
Na busca por um sentido de pesquisar prisões num mundo pandêmico, acabei me
deparando com a constatação de que a prisão não se encerra em seus muros de concreto,
tampouco, se resume única e exclusivamente a celas e grades. A prisão é um dispositivo
que articula saberes, práticas, instituições, relações, territórios, redes. Há outras formas
de habitar um território prisional. Outros sentidos começam a se tramar a partir daí. Se
antes eu estava buscando um fio, hoje me percebo diante de uma rede, mais complexa,
mais heterogênea, mais possível.
(EXPLORAR A IDEIA DE REDE)
E assim vou reconfigurando o meu objeto/tema de pesquisa para pensar a partir
de agora em uma pesquisa com mulheres que sobreviveram/sobrevivem à prisão no
sertão do Brasil. Há um paradoxo de morte, vida e sobrevida que parece se sobrepor às
suas narrativas de vida. A ideia é articular os complexos atravessamentos que tramam
esse enredo heterogêneo, para tentar entender se aqui se trata de uma vida pós-prisão ou
de uma prisão que se reatualiza de modos outros na produção dessas trajetórias
singulares.

Havia uma dimensão de vida que se tornava necessária a esse processo de invenção de
mundo, aos caminhos da pesquisa vai novamente se transformando em fôlego, alegria e
alento.

Tenho dito na terapia, nas conversas com os amigos, nos diversos espaços onde a minha vida
tem acontecido, que aprender um pouco mais sobre o exercício da cartografia me recolocou
nos caminhos da minha pesquisa, trouxe-me a
Mas estar com pares, pessoas que produzem mundos

Mapa: Experimentação ancorada no real (rizoma, p. 20)

As condições de conhecimento são inextricavelmente condições de existência – Despret – p.


51

A psicologia científica inventa seus objetos e seus sujeitos Despret – p.52

Ter um corpo é aprender a ser afetado . Despret – p.56

Enquanto pesquisa-intervenção, a cartografia se compromete com a criação de um mundo


comum e heterogêneo (kastrup & Passos, p. 263).

A pesquisa de campo coloca o cartógrafo diante de um território que ele não conhece e em
relação ao qual ele pretende fazer avançar o entendimento e as práticas de trabalho (Kastrup
& Passos, p. 264). Como produzir conhecimentos com ele? Pesquisa não como representação.

Acessar o plano comum e também construir um mundo comum e, ao mesmo tempo,


heterogêneo (Kastrup & Passos, p. 264). Não busca desvelar o que estaria dado. O ato de
conhecer é criador da realidade. Pelbart – comum- heterogeneidade não totalizável (...)
composições e recomposições de singularidades.

RISCO DE CAPTURA NO CAMPO DE PRODUÇÃO DAS SUBJETIVIDADES (Kastrup & Passos, p.


264).

Cartografia – habitar um território.

Como investigar processos de individuação e não realidades já individuadas? Fazer emergir


uma realidade complexa

PODER DE RECALCITRÂNCIA – 266

Um comum que não é pautado em relações de semelhança e tampouco de identidade

COMUM – que se reconhece na experiência - 267

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