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Laboratório de Conversão

Eletromecânica de Energia – ENE 111881


de Energia - ENE122858

Laboratório A: Motor CC com excitação independente.


Características de velocidade com carga
1. Objetivos
Obter as curvas características do motor de corrente contínua com excitação independente, com carga:
conjugado×corrente de armadura, velocidade×corrente de armadura e velocidade×conjugado.

2. Revisão de conceitos básicos


Para analisar um acionamento com motor de corrente contínua, é importante estudar as características
de velocidade×conjugado do motor, uma vez que suas características devem corresponder às da carga
à qual será conectado. O motor CC, com excitação independente, gira a uma velocidade definida
pelas expressões:
Va − I a Ra
E = K E = Va – IaRa ou  =

onde K é uma constante que depende de aspectos construtivos do motor. Desconsiderando a queda
de tensão IaRa (desprezável),
1 1
  Va e  ou 
Φ If

De modo similar, o conjugado do motor é dado por C = K Ia. A expressão da velocidade, em função
do conjugado, será então:
Va Ra
= − C
K ( K )2

O que resulta em uma característica como a da figura (para K constante):

À medida que aumenta o conjugado desenvolvido, conforme a relação velocidade×conjugado, a


Ra
velocidade cai com um gradiente de 2 .
( K )
O controle pela tensão de armadura é aplicado abaixo da velocidade nominal, com o fluxo de campo
mantido constante em seu valor nominal. Quando a tensão de armadura aumenta, a velocidade
também aumenta. Acima da tensão nominal não é possível aumentar a tensão para obter velocidades
mais elevadas. O controle pelo fluxo de campo é usado para obter velocidades acima da velocidade
nominal, como mostrado na figura (controle da armadura e do campo combinados):
Com a tensão de armadura mantida constante em seu valor nominal, se o fluxo é reduzido, a
velocidade vai aumentar. Porém, diferentemente do controle pela armadura, as curvas ×C não serão
paralelas entre elas porque a velocidade não está linearmente relacionada com o fluxo.
Neste ensaio a obtenção do conjugado no eixo do motor será feita de modo indireto, através do
acionamento de um gerador de corrente contínua, shunt autoexcitado, alimentando uma carga
resistiva variável.

Perdas em máquinas de corrente contínua


Considerando que os geradores de corrente contínua convertem energia mecânica em energia elétrica,
a eficiência do gerador CC depende da potência mecânica de entrada e da potência elétrica de saída.
Para entender melhor a eficiência, é necessário conhecer as perdas, que são menores se comparadas
ao motor CC.
As perdas em uma máquina de corrente contínua, motor ou gerador, podem ser divididas em três
classes, a saber, (i) perdas no ferro ou núcleo, (ii) perdas no cobre e (iii) perdas mecânicas. Todas
essas perdas aparecem como calor e, assim, aumentam a temperatura da máquina. Eles também
reduzem a eficiência da máquina.
Perdas no ferro ou núcleo
Estas perdas ocorrem na armadura da máquina e são devidas à rotação no interior do campo magnético
entre os polos. São de dois tipos: (i) perdas por histerese e (ii) perdas por correntes parasitas. As
perdas por histerese ocorrem uma vez que partes da armadura são submetidas a inversões de campo
magnético à medida que passam por polos sucessivos. Além das tensões induzidas nos condutores da
armadura, existem também tensões induzidas no ferro da armadura. Essas tensões produzem correntes
circulantes no núcleo da armadura, chamadas de correntes parasitas e a perda de energia devida ao
seu fluxo é chamada perda por corrente parasita. Essa perda aparece como calor, o que aumenta a
temperatura da máquina e diminui sua eficiência.
Perdas no cobre
Estas perdas ocorrem devido às correntes nos vários enrolamentos da máquina:
(i) perdas no cobre da armadura: Ra I a2
(ii) perdas no cobre do campo shunt: Rsh I sh2
(iii) perdas no cobre do campo série Rse I se2
Existem também perdas devido à resistência de contato das escovas (isto é, resistência entre a
superfície da escova e a superfície do comutador). Essas perdas são geralmente incluídas nas perdas
do cobre da armadura.
Perdas mecânicas
Estas perdas são devidas ao atrito e à ventilação e dependem da velocidade da máquina. Para uma
dada velocidade, elas são praticamente constantes.
(i) perdas por atrito (rolamentos e escovas)
(ii) perdas por ventilação
Perdas constantes e perdas variáveis
As perdas em uma máquina CC (gerador ou motor) podem ser subdivididas em (i) perdas constantes
e (ii) perdas variáveis. As perdas que permanecem constantes em todas as cargas de um gerador são
as perdas no ferro (histerese e correntes parasitas), as perdas mecânicas (atrito nos rolamentos,
escovas e ventilação) e as perdas no enrolamento shunt. As perdas variáveis com a carga de um
gerador são as perdas no cobre da armadura, as perdas no cobre do campo série e na resistência de
contato das escovas.

Balanço de energia no motor com excitação shunt independente. Rendimento.


Potência elétrica absorvida pelo motor:
Pa = VaIa + VfIf
Potência na armadura:
= Pa – pJe = VaIa + VfIf – VfIf = VaIa
Potência eletromagnética:
Pe = Va I a − pJa = Va I a − Ra I a2 = (Va − Ra I a ) I a = Em (, I f ) I a

Potência útil no eixo do motor:


Pu = Em(, If )Ia – (pfa + pm)motor = Em(, If )Ia – pconstantes
Rendimento do motor:
Pu
m =
Pa
Balanço de energia no gerador shunt autoexcitado. Rendimento.

Para o gerador shunt autoexcitado,


Potência mecânica de entrada = Potência elétrica na carga + perdas no gerador
Pm = VL I L + Ra I a2 + R f I 2f + pconstantes
Pm = VL I L + ( Eg (, I f ) − VL ) I a + VL I f + pconstantes
Pm = VL I L + Eg (, I f )I a −VL I a + VL I f + pconstantes
Pm = VL ( I L + I f ) + Eg (, I f ) I a − VL I a + pconstantes = Eg (, I f ) I a + pconstantes

Rendimento mecânico:
Potência na armadura E I
m = = g a
Potência mecânica no eixo Pm
Rendimento elétrico:
Potência na carga VL I L
e = =
Potência gerada Eg I a
Rendimento comercial ou global
Potência na carga P VI
g = = L = L L = m e
Potência mecânica no eixo Pm Pm
Conjugado desenvolvido pelo motor
Por definição, a potência é o trabalho realizado por unidade de tempo. No caso de um motor de
corrente contínua:
d
Pu = Cu = Cu
dt
Com Pu, potência útil, em Watts, Cu, conjugado útil, em N‧m e , rotação do eixo, em rad/s.
Ou,
Cu = Em(, If )Ia – pconstantes

Para as duas máquinas, motor e gerador, acopladas mecânicamente, Pu = Pm


(E m ( , I f ) I a − pconstantes )
motor
= ( Eg ( , I f ) I a + pconstantes )
gerador

Considerando que as duas máquinas são, em princípio, idênticas e que giram à mesma velocidade,
( pconstantes )motor  ( pconstantes )gerador
pconstantes =
1
2
(( E (, I )I )
m f a motor − ( Eg ( , I f ) I a )
gerador )
Pu = ( Em ( , I f ) I a )
motor
− pconstantes = ( Em ( , I f ) I a )
motor

1
2
(
( Em (, I f ) I a )motor − ( Eg (, I f ) I a )gerador )
Pu =
1
2
(
( Em (, I f ) I a )motor + ( Eg (, I f ) I a )gerador )
Cu =
Pu

=
1
2
(( E (, I )I )
m f a motor + ( Eg ( , I f ) I a )
gerador )
Regulação de velocidade
É a diferença entre a velocidade do motor sem carga (sc) e a velocidade do motor com carga nominal
(n) e é expressa como uma porcentagem do valor da velocidade do motor com carga nominal (ou
velocidade nominal):
 − n
RV = sc 100 [%]
n
Teste regenerativo ou método de Hopkinson
Neste método são necessárias duas máquinas idênticas que são acopladas mecânica e eletricamente
em paralelo uma à outra. Uma das máquinas funcionará como motor e acionará a outra máquina que
funcionará como gerador, conforme a figura abaixo. Inicialmente a energia para o motor será
fornecida por uma fonte de tensão. Posteriormente o gerador irá fornecer energia para o motor e a
energia fornecida pela fonte servirá apenas para suprir as perdas das duas máquinas.
A saída mecânica do motor aciona o gerador, e a saída elétrica do gerador é usada no fornecimento
da entrada para o motor. Assim, a saída de cada máquina atua como uma entrada para a outra máquina.
Quando ambas as máquinas estão funcionando com carga total, a entrada de alimentação é igual às
perdas totais das máquinas. Portanto, a entrada de energia da fonte é muito pequena.
Com a chave S aberta, a corrente de campo Ifm do motor é ajustada para que ele funcione na sua
velocidade nominal. Como o gerador é acoplado mecanicamente ao motor, ele também opera na
velocidade nominal. A corrente de excitação Ifg do gerador é ajustada para obter uma tensão de
armadura 1 ou 2 Volts acima da fonte externa VL.
Quando a tensão do gerador for igual ou superior à tensão de alimentação a chave S é fechada e
ambas as máquinas ficam em paralelo com a fonte de alimentação. A corrente Ig do gerador pode
ser ajustada para qualquer valor aumentando sua corrente de excitação Ifg ou diminuindo a corrente
de excitação Ifm do motor. O gerador passa a flutuar, ou seja, não está recebendo nem fornecendo
energia para a fonte externa. Nestas condições teremos:
Pug = VLIg potência útil do gerador
Pm = (IL + Ig)VL potência de entrada do motor
Pum = (IL + Ig)VL potência útil do motor = potência de entrada do gerador
Pug = 2(IL + Ig)VL potência útil do gerador
VLIg = 2(IL + Ig)VL

𝐼𝑔
𝜂=√
𝐼𝐿 + 𝐼𝑔

Esta expressão para o rendimento assume que as perdas nas duas máquinas são idênticas. Porém,
algumas correções devem ser introduzidas para a obtenção de uma medida mais precisa, visto que as
perdas nas duas máquinas são diferentes.
A corrente de armadura do motor é maior que a corrente de armadura do gerador e a corrente de
campo do gerador é maior que a corrente de campo do motor. Logo, as perdas no cobre e no ferro
duas máquinas são diferentes. A maioria dos erros devidos às diferenças de perdas pode ser eliminada
calculando a eficiência da seguinte maneira:
pag = (Ig + Ifg)2Rag perdas no cobre da armadura do gerador
pam = (IL + Ig – Ifm) Ram
2
perdas no cobre da armadura do motor
pfg = VLIfg perdas no cobre do campo do gerador
pfm = VLIfm perdas no cobre do campo do motor
ptmg = VLIL perdas totais fornecida pela fonte de alimentação
ptfav = ptmg – (pag + pam + pfg + pfm) perdas totais no ferro, atrito e ventilação
2 2
= 𝑉𝐿 𝐼𝐿 − {(𝐼𝑎𝑔 + 𝐼𝑓𝑔 ) 𝑅𝑎𝑔 + (𝐼𝐿 + 𝐼𝑔 − 𝐼𝑓𝑚 ) 𝑅𝑎𝑚 + 𝑉𝐿 (𝐼𝑓𝑔 + 𝐼𝑓𝑚 )}
Assumindo as perdas totais no ferro, atrito e ventilação iguais nas duas máquinas,
rendimento do gerador:
𝑉𝐿 𝐼𝑔
𝜂𝑔 = 2 𝑝𝑡𝑓𝑎𝑣
𝑉𝐿 𝐼𝑔 + (𝐼𝑔 + 𝐼𝑓𝑔 ) 𝑅𝑎𝑔 + 𝑉𝐿 𝐼𝑓𝑔 + 2
rendimento do motor:
2 𝑝𝑡𝑓𝑎𝑣
𝑉𝐿 (𝐼𝐿 + 𝐼𝑔 ) − {(𝐼𝐿 + 𝐼𝑔 − 𝐼𝑓𝑚 ) 𝑅𝑎𝑚 + 𝐼𝑓𝑚 𝑉𝐿 + }
𝜂𝑚 = 2
𝑉𝐿 (𝐼𝐿 + 𝐼𝑔 )
3. Atividades prévias
Como estão relacionados o conjugado de partida, o conjugado nominal, a aceleração e o momento
de inércia? ____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Calcular o conjugado, em N‧m, desenvolvido por um motor CC, shunt autoexcitado, 440 V, com
uma resistência de armadura igual a 0,25 Ω, que consome uma corrente de 60 A quando gira a 750
rpm: _________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
A energia de um guincho é fornecida por um motor de corrente contínua com excitação
independente, com o circuito de armadura e o circuito de campo alimentados por tensões de 230
V. Sob carga, o guincho ergue verticalmente uma carga com uma velocidade de 4 m/s, com o
motor girando a uma velocidade de 1200 rpm e a armadura consumindo uma potência elétrica de
17,25 kW. A resistência do circuito de armadura é de 0,1 ; a resistência do circuito de campo é
de 46 ; as perdas constantes são de 1 kW; a aceleração da gravidade considerada igual a 10 m/s2;
o rendimento do guincho é de 0,75.
− Calcular a corrente de armadura e a corrente de excitação: _____________________________
− Calcular a força contra-eletromotriz do motor: ______________________________________
− Calcular a potência útil do motor: ________________________________________________
− Calcular o conjugado útil do motor: _______________________________________________
− Calcular o rendimento do motor: _________________________________________________
− Calcular o rendimento global do equipamento: ______________________________________
− Calcular a massa erguida pelo guincho: ____________________________________________

4. Atividades experimentais
Equipamentos utilizados
1. Máquinas de corrente contínua funcionando como motor e como gerador.
2. Fontes CC da bancada, medidores de corrente e tensão, reostatos e tacômetro.
Inspeção
Utilizar as mesmas informações anotadas nas atividades dos Laboratório 6, 7, 8 e 9.
Curva de magnetização em vazio
Utilizar os resultados obtidos no Ensaio 1 do Laboratório 6 (Características de tensão em vazio dos
geradores CC com excitação independente):
Curva de magnetização em vazio ( = 1800 rpm)
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
If [mA]
Eg [V]
Ensaio 1. Características mecânicas e elétricas do motor
Neste ensaio, a variação da carga no eixo do motor será feita de modo indireto, carregando o gerador
acoplado ao motor, através do emprego de uma resistência de carga conectada à armadura do gerador.
A excitação do enrolamento de campo do gerador CC será do tipo shunt autoexcitado. Monte o
circuito conforme a Figura:

1. Desconectar a carga e o circuito de campo do gerador.


2. Ajustar o reostato de campo do motor para o seu mínimo valor de resistência.
3. Ligar o circuito de campo do motor e ajustar a corrente de campo (Fonte F5) para seu valor
máximo nominal (260 a 300 mA).
4. Com o circuito de campo e a carga do gerador desconectados, dar a partida no motor.
5. Aumentar gradativamente a tensão de armadura do motor até atingir o valor nominal ou
próximo de 220V (Fonte F3).
6. Verificar a velocidade do motor. Ajustar a velocidade para seu valor nominal de 1800 rpm,
variando a corrente de excitação com o reostato de campo.
7. Conectar o enrolamento de campo do gerador. Verificar se a tensão aumenta ou diminui. Se
diminuir, inverter a conexão do campo.
8. Com a carga desconectada, ajustar a tensão de armadura do gerador em 220V, atuando no
reostato de campo.
9. Ajustar, se necessário, o reostato do campo do motor para ter o conjunto em 1800 rpm.
10. Conectar e variar a carga de 450 do gerador, respeitando os valores nominais das correntes
de armadura das duas máquinas (motor e gerador) e preencher a tabela:

VL [V] 220
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
IL [A]
Ifg [A]
Iag = If +IL
Eg [V]
Eg x Iag
 [rpm] 1800
Vfm [V]
Ifm [A]
Vam [V]
Iam [A]
Vam x Iam
Em [V]
Em x Iam
pconstantes
Pu
Cu = Pu/
m =Pu/Pa
g =PL/Pu
Obs.: os valores de Em e Eg são obtidos da curva de magnetização, considerando que as duas máquinas
E1 1
são similares e que é válida a relação = para determinado valor de If.
E2 2
Ensaio 2. Teste regenerativo
Reorganize as conexões do Ensaio 1 conforme a figura:

1. Com os circuitos de armadura das duas máquinas desconectados, ajustar o reostato de campo do
motor para seu mínimo valor de resistência e o reostato de campo do gerador para seu valor
máximo.
2. Aumentar a tensão da fonte F3 até atingir o valor de tensão nominal do motor.
3. Ajustar a velocidade do motor em seu valor nominal atuando no reostato de campo.
4. Com o reostato de campo, ajustar a tensão do gerador até atingir um valor superior à tensão
aplicada no motor.
5. Conectar os circuitos de armadura das duas máquinas com auxílio do amperímetro A2.
6. Manter estável a velocidade do conjunto atuando nos reostatos de campo das duas máquinas.
7. Preencher a tabela com as leituras dos instrumentos:

 VL (V1) IL (A1) Ifm (A3) Ig (A2) Ifg (A4) Iag (A2 + A4)

1800

8. Com os valores da tabela, calcular o rendimento do motor e do gerador: ____________________


5. Discussão
1. Traçar o gráfico Cu×Ia para o motor (característica elétrica).
2. Traçar o gráfico ×Ia para o motor.
3. Traçar o gráfico ×Cu para o motor (característica mecânica).
4. Traçar o gráfico do rendimento do motor em função da potência no eixo.
5. Traçar o gráfico do rendimento do gerador em função da potência no eixo.

6. Calcular a regulação de velocidade do motor: ______________________________________


7. Comparar os valores para os rendimentos obtidos nos ensaios 1 e 2._____________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Exemplo de característica de saturação em vazio E0 [V]×If [A]

260

250

240

230

220

210

200

190

180

170

160

150

140

130

120

110

100

90

80

70

60

50

40

30

20

10

0
0 .02 .04 .06 .08 .10 .12 .14 .16 .18 .20 .22 .24 .26 .28 .30 .32 If [A]

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