O grupo se vê em uma época diferente na Inglaterra do século V, perto do castelo do Rei Ector. Eles encontram o rei na estrada e quase atropelam seu filho Arthur. O Valete de Copas pede desculpas ao rei, que diz que só dará abrigo ao grupo se seus filhos Kay e Arthur concordarem.
O grupo se vê em uma época diferente na Inglaterra do século V, perto do castelo do Rei Ector. Eles encontram o rei na estrada e quase atropelam seu filho Arthur. O Valete de Copas pede desculpas ao rei, que diz que só dará abrigo ao grupo se seus filhos Kay e Arthur concordarem.
O grupo se vê em uma época diferente na Inglaterra do século V, perto do castelo do Rei Ector. Eles encontram o rei na estrada e quase atropelam seu filho Arthur. O Valete de Copas pede desculpas ao rei, que diz que só dará abrigo ao grupo se seus filhos Kay e Arthur concordarem.
Coisas ou Excalibur Num momento Melanie estava preocupada com quanto tempo o rapaz levaria para retornar, e no seguinte não havia mais motivos para isso, desta vez aconteceu de maneira tão repentina que ela só percebeu que a janela se abrira quando já estava em outro lugar, parou e verificou se todos estavam ali, e se estavam bem, e imaginava o que aconteceria com o rapaz que haviam deixado para traz, afinal, mesmo que quisessem não poderiam traze-lo com eles, assim concluiu que o melhor que poderiam fazer foi feito. - Valete de Copas, onde estamos? - Melanie imaginava para onde teriam sido mandados desta vez, esperava estar num lugar onde sua missão continuaria, ou pelo menos ela pensava que fosse isso. - Estamos em Galava, norte da Inglaterra, estamos perto do castelo do rei Ector, nossa data atual é 28 de fevereiro de 492, se tudo estiver certo o rei Arthur deve ter 12 anos e estar no castelo - o Valete de Copas sabia que se tudo estivesse de acordo com a lenda esse deveria ser seu próximo destino. Observando o local com calma perceberam estar em uma trilha bem no meio do nada, havendo somente arvores a sua volta, um cenário lindo se você fosse um naturalista, e não tivesse nada para fazer, o que não era o caso de Melanie e sua equipe. - Se este for o caso, a princípio temos que encontrá-lo, se é que ele existe, se possível saber o que está fazendo - neste momento Melanie interrompeu o que estava dizendo, se lembrou de algo que disse que faria e se aproximando do Valete de Copas. - David acabo de me lembrar de algo muito importante, tem uma coisa que eu gostaria muito de dar a você - o Valete de Copas sorriu imaginando o que seria e como a voz de Melanie soava gentil e carinhosa, ele acreditava que seria algo muito interessante. - Poderia fechar os olhos, por favor - o Valete de Copas fechou os olhos ansioso sobre o que seria, Melanie serrou o punho e deu o soco mais forte que pode, tão forte que quase quebrou o queixo do Valete de Copas, e antes que ele pudesse dizer qualquer coisa. - Isso é por ter mentido para mim, porque não me contou que éramos noivos? - esta era uma coisa que certamente o Valete de Copas não esperava, mas imediatamente soube quem era o culpado. - Amélia - gritou o Valete de Copas. - Você não sabe seguir ordens, e depois eu ia contar a ela quando esta missão terminar, e as coisas estivessem mais - fazendo uma pequena pausa ele pensou, “o que estou dizendo? No complexo as coisas nunca estão tranquilas”, mas enfim, continuando. - Tranquilas - a Rainha de Copas nem ouviu o que ele disse, na verdade ela ficou muito feliz com o soco que Melanie lhe deu. - E você Melanie o que queria, que eu chegasse em você, que aliás não se lembra de nada do que aconteceu, e dissesse simplesmente, sabe amor, você não se lembra, mas nós somos noivos. – a cara de indignação de Melanie era tão evidente que era obvio que ela não diria nada, e se pensarmos o que qualquer um diria. - Em primeiro lugar você nem acreditaria em mim, não é mesmo? - o Valete de Copas estava visivelmente triste e irritado com aquilo, e pensando no que o Valete de Copas acabara de dizer, ele estava certo, ela não acreditaria. - Desculpe David, não sei o que deu em mim, mas fiquei muito chateada por você não ter me dito à verdade, você poderia ter achado um meio, sei que sou meio cabeça dura, mas se você era meu noivo, já deveria saber como contornar isso - Melanie parecia arrependida de ter batido nele, ao ouvir isso o Valete de Copas tentou fazer um sorriso, só não conseguiu porque o soco ainda doía muito, os dois estavam muito próximos e provavelmente teriam se beijado, porque nesse instante finalmente Melanie entendeu o motivo pelo qual fizera aquilo, ela gostava do Valete de Copas, mesmo achando ele imaturo com dissera a Rainha de Copas. - Vamos parar com esse romance nós temos muito que fazer - interrompeu a Rainha de Copas se colocando no meio dos dois e vendo que seu plano havia surtido o efeito exatamente contrário do que ela esperava. - Quanto tempo temos aqui As de Copas - perguntou arrogante, como sempre, Melanie olhou para o relógio e teve uma estranha surpresa o tempo no relógio não estava diminuindo como acontecera das primeiras vezes, estava aumentando, para ela isto era completamente incompreensível. - Nós temos 4 dias e algumas horas. - Poderia ser um pouco mais precisa? – bradou a Rainha de Copas sabendo que até os minutos poderiam fazer toda a diferença. - Não – disse Melanie bem simplesmente, o que para variar irritou a Rainha de Copas. - E eu posso saber porque? - dizendo o porquê de modo tão irritado e rosnado mostrando que ela não havia gostado nada da resposta. - Porque acredito que nesse momento isso não faz nenhuma diferença – todos a olharam com a mesma cara de porquê da Rainha de Copas e percebendo isso começou a explicar. - Acredito que temos um problema muito maior que retornar à janela no tempo certo, me parece está tudo errado com o cronometro, por que até onde eu entendi o tempo mostrado deveria diminuir, só que o tempo está aumentando. - a Rainha de Copas, o Valete de Copas, a As de Ouro e Morigan se entreolharam, procurando uma resposta no outro, o problema era que infelizmente de fato o tempo deveria diminuir, de modo que Melanie ficou sem saber o que estava acontecendo, por isso também soube que aquilo jamais tivera acontecido antes - isso não importa temos uma missão a cumprir, vamos, para que lado é o castelo do Rei Ector, As de Ouro? - Como assim não importa? Estamos presos aqui, a missão que não tem importância. – gritou Amelia. - Tenho certeza que o complexo já viu isso e está trabalhando no problema, então, eu repito, isso não importa, mas ao contrário do que você disse, temos nossa missão e ela é importante, então mais uma vez, As de Ouro? - Um pouco mais para o norte – respondeu Natali, achando a atitude da As de Copas muito estranha, a As de Copas que ela conhecia jamais faria aquilo. Neste momento todos tentavam esconder sua preocupação e seu medo, afinal ficar preso na época do Rei Arthur não parecia ser uma boa ideia, não que aquele não fosse um lugar maravilhoso, e que com os conhecimentos que possuíam não pudessem ter uma vida mais que confortável, o problema é que para eles essa não era a questão, a questão era que não pertenciam a este local, e no devido tempo certamente desejariam retornar, logo a tentativa de esconder a preocupação não obteve sucesso, o que para sorte de Melanie, todos fizeram de conta que não perceberam. Assim eles foram em direção ao norte, não muito depois de iniciarem a jornada encontraram algo que se parecia o suficiente com uma rua, isso sendo muito otimista, começaram a seguir este caminho para saber onde ele os levaria, afinal parecia estar de acordo com a intenção deles. Agora já faziam algumas horas que estavam andando, a noite já vinha chegando e eles ainda não haviam encontrado o castelo do Rei Ector, mas continuavam sem qualquer preocupação, apenas Melanie que às vezes olhava para o relógio para ver se o tempo começara a diminuir, mas todas as vezes continuava aumentando, não dizia nada aos outros, não queria preocupá-los mais do que já estavam, uma curiosidade é que depois de olhar algumas vezes, ela percebeu que a passagem do tempo, no relógio, se comportava de modo diferente da passagem normal do tempo, ele passava aproximadamente de duas a três vezes mais lenta, talvez devido a esse clima extremamente estranho eles foram pegos de surpresa quando uma carruagem quase atropelou Morigan, o que teria acontecido se não fosse a agilidade do Valete de Copas que a tirou do caminho na última hora. Era uma carruagem grande típica da nobreza da época, feita de madeira, com os mais finos acabamentos, que pareciam ser de ouro, e puxada por seis lindos e muito bem tratados cavalos, logicamente se o Valete de Copas tivesse notado isso não faria o que veio a seguir. - Vocês não olham por onde andam - reclamou o Valete de Copas aos gritos, que de tão altos, provavelmente foram os responsáveis por fazer a carruagem parar, dela desceu um homem alto com 1,85 aproximadamente, cabelos muito pretos e bem curtos, olhos pretos, com um rosto bastante cansado para quem aparentava ter uns 48 anos, muito bem vestido, que o encarou seriamente. - Eu creio que posso andar como desejar em minhas ruas - explicou o homem, o Valete de Copas não podia acreditar no que acabara de acontecer, eles estavam diante do Rei Ector, e o havia insultado. - Peço mil desculpas, meu senhor, eu só estou preocupado com minha amiga, disse sem pensar - corrigiu rapidamente o Valete de Copas, que havia agido por puro reflexo, depois quem poderia imaginar uma situação como esta? - Somos apenas pobres andarilhos a procura de um lugar para descansar, soubemos que aqui por perto existe um rei muito bondoso que certamente nos daria abrigo por uns dias para depois seguirmos viagem – disse ele esperando que isso convencesse o Rei Ector. - Vocês estão com sorte, eu sou esse rei, meu nome é Ector, mas não me considero alguém bondoso, me considero alguém justo, certamente ajudaria andarilhos, porem em face do ocorrido, antes de lhes dar abrigo, vamos ver o que meus filhos dizem a respeito disso - se dirigindo para carruagem. - Kay, Arthur - dois rapazes desceram da carruagem, um era grande e forte, cabelos loiros, 1,80 de altura, olhos castanhos muito determinados, sempre abertos, sempre encarando a todos como se fossem presas e muito imponente, sim, sei quem deveria ser, contudo era Kay, o outro, no entanto era um rapaz franzino, moreno, cabelos pretos e rebeldes, olhos castanhos, bem apagados, além de ter um aspecto muito sincero e triste, 1,75 de altura, aspecto extremamente tímido, quase sem graça, esse sim, era Arthur. - Eu gostaria de saber a opinião de vocês sobre estes andarilhos - questionou o rei aos dois rapazes. - Em minha opinião eles não merecem nossos cuidados pai, eles se colocam em nossa frente, nos ofendem e ainda querem nossa ajuda, não os considero merecedores - Kay foi o primeiro a falar e se o rei considerar suas palavras eles teriam grandes problemas. - Não sei, acho que se tivessem, mesmo que acidentalmente, ameaçado uma amiga minha, eu teria brigado também, e depois se tivéssemos ferido a moça a culpa seria nossa também, estávamos vindo muito depressa, eles parecem amigos e inofensivos, não vejo porque não os ajudar - com essa opinião Arthur parecia que não ajudaria muito, o rei no entanto ponderou por um instante. - O castelo não fica muito longe daqui, vocês acham que conseguem seguir a carruagem? - eles confirmaram com a cabeça – concordo em lhes dar hospedagem, porem para que eu seja justo com a opinião de meus filhos vocês terão que pagar por sua estadia, imagino que não tenham dinheiro, então prestarão serviços nos estábulos do castelo enquanto estiverem lá, vocês concordam? - com esta decisão favorável a eles, concordaram, assim Melanie e sua equipe seguiram a carruagem chegando no castelo à noite. O castelo do rei Ector era algo simplesmente colossal, seus muros podiam se avistados há uma longa distância e mesmo assim ainda impunham sua magnitude, quando visto de perto era difícil visualizar completamente seus quinze metros de altura e seus quase cento e vinte metros de comprimento, seu portão levadiço devia ter uns dez metros de altura e também servia como ponte de um foço que acesso ao interior da muralha, do lado de dentro a visão era igualmente magnifica, várias ruas e pequenas casas rodeavam o castelo principal, que em sua composição principal tinha oito torres e paredes tão altas quanto os muros, chegando próximos da construção principal eles pararam. - Esperem aqui, pedirei a alguém para lhes trazer provisões, e indicar onde passarão a noite - o Rei Ector se retirou deixando Melanie e sua equipe a sós, passados alguns minutos um jovem chegou perto deles. - O rei me pediu para trazer comida para vocês, e lhes mostrar o celeiro, onde devem ficar esta noite, amanhã pela manhã ele vira aqui dizer o que devem fazer - o rapaz os levou até o celeiro e saiu. O celeiro ficava próximo da construção principal do castelo, parecia um casebre de madeira com uma janela e uma porta de duas abas grandes na frente, do lado de dentro Melanie e sua equipe encontraram vários fardos de feno, que lhes serviria de cama por esta noite, e algumas cobertas, era tudo de que precisavam para se acomodar. - Puxa que sorte, encontramos exatamente quem estávamos procurando, o Rei Ector e Rei Arthur, o que vamos fazer agora? – embora estivesse contente por terem chegado a seu objetivo, Morigan estava imaginando que se ainda estavam presos ali o que poderiam fazer, ver Arthur crescer? Ajuda-lo a ser um grande rei? Só ficar olhando? Onde a verdade era única não sabiam o que fazer. - Vamos observar, Morigan, afinal foi para isso que viemos, entender o que aconteceu com eles, vamos dormir amanhã teremos que fazer algo para o rei e não temos ideia do que seja, é provável que precisemos estar descansados - após esta sugestão de Melanie, todos se deitaram, mas ninguém conseguiu dormir, como exceção de Morigan é claro. - Também não conseguiu dormir? - perguntou o Valete de Copas a Melanie no dia seguinte muito cedo, ela balançou a cabeça confirmando. - Eu também não, acho que nenhum de nós conseguiu, estamos todos preocupados, o cronômetro, o tempo continua aumentando? - Melanie deu uma rápida olhada, e indicou que sim. - Sabe, pensando bem acho que não devemos nos preocupar, o Rei de Copas está nos monitorando o tempo todo, ele vai resolver o problema - apesar de conhecerem as grandes habilidades do Rei de Copas, tanto Melanie quanto o Valete de Copas, só não sabiam se ele poderia resolver isso, afinal aquilo era inédito para todos, inclusive para o complexo ecos. - Você tem razão, David, temos uma missão a cumprir, vamos nos concentrar nisso e descobrir o que está acontecendo com o Rei Arthur - este comentário pareceu animar tanto Melanie quanto o Valete de Copas, que ficaram juntos olhando na janela do celeiro o início de seu primeiro dia naquela época. - Trouxemos seu café - Arthur e Kay que entravam cautelosamente no celeiro, afinal, não sabiam o que os aguardava, não sabiam o que esperar de Melanie e sua equipe. - Nosso pai pediu para trazermos a vocês e passar suas tarefas - até este momento nem Arthur, nem Kay haviam realmente visto qualquer um dos visitantes que estavam ali desde na noite passada, só os viram por uns momentos, de dentro da carruagem, quando os encontraram, o que não fornecia uma boa visão e a agora parecia que eles não estavam ali. - Viu, foram embora, eram só vagabundos como eu disse, você não aprende nunca, não é? – a conhecida língua afiada de Kay estava com muita raiva e já dava as costas para o celeiro, quando se ouviu o estranho som de uma pessoa acordando, voltando para o celeiro imediatamente. - Desculpe, majestades é que eu tenho sono pesado - era Morigan que sorriu gentilmente para Arthur. - Eu ouvi o que Kay disse, quero deixar bem claro não somos vagabundos, na verdade somos pesquisadores - tentou esclarecer Morigan, que acabou por piorar mais ainda o entendimento de quem eles eram, e vendo a cara de dúvida de seus anfitriões. - Deixa isso pra lá, vocês viram os outros? Eles com certeza já acordaram - Arthur ia responder que não, mas não teve tempo. - Bom dia Arthur, bom dia Kay - era o Valete de Copas que vinha acompanhado de Melanie, um pouco mais atrás a Rainha de Copas e do fundo do celeiro surgiu a As de Espadas. - Espero que não haja problemas de termos saído um pouco para esticar as pernas, café da manhã que bom – comentou ele vendo o que estava nas mãos de Arthur. Enquanto eles comiam, Arthur percebeu algo de muito estranho neles, eram pessoas educadas, sabiam se portar perfeitamente a mesa o que era muito incomum para andarilhos, ou até mesmo para pesquisadores seja lá o que queria dizer com isso, concluído o café. - Majestade, seu pai decidiu quais serão nossos afazeres? - perguntou o Valete de Copas. - Sim, ele disse que vocês devem limpar o estábulo, e escovar os cavalos, se concordarem podem ficar o tempo que quiserem - explicou Arthur, enquanto Kay virava as costas e saia do celeiro, vendo isso Arthur que considerava as atitudes do irmão muito erradas, disse. - Não se importem com Kay, no fundo é um bom homem, mas acha que para ser Rei tem que estar acima dos outros - houve um pequeno silencio. - Diga a seu pai que aceitamos sua hospitalidade e que com muito prazer cumprimos a tarefa que nos designou - disse Melanie a Arthur, completando. - E por favor agradeça-o também - assim se passaram três dias, em que Arthur e Kay lhes trazia o café, Arthur conversava um pouco com a equipe, tempo em que eles cuidaram carinhosamente dos cavalos e limparam toda a área ocupada por eles, ou seja, nada de anormal, eles apenas observavam e tudo parecia estar de acordo com a lenda. Na manhã do quarto dia, porém, Melanie acordou um pouco mais cedo, foi suficiente para ver Arthur e Kay trazendo seu café, Arthur vinha na frente, segurando a bandeja, enquanto Kay vinha atrás, batendo em Arthur, que fazia um enorme esforço para não deixar nada cair. - Anda, não quero perder meu tempo com esses vagabundos, tenho mais o que fazer. – este era um momento em que se percebe que Kay e a Rainha de Copas tinham muito em comum e talvez até pudessem ser ótimos amigos. Como de costume entregaram o café, e Kay saiu pois não gostava da companhia daqueles estranhos, Arthur no entanto gostava de ficar para conversar um pouco, achava que para andarilhos eles sabiam coisas demais, e chegara a essa conclusão de modo muito simples, os cavalos nunca estiram tão bem cuidados, bem como o celeiro, que estava impecavelmente arrumado, não apenas limpo, mas muito bem arrumado. - Porque você o deixa fazer isso? - perguntou Melanie a Arthur logo que Kay saiu. - Você quer dizer o modo como ele me trata? Oras, um dia ele será o rei, e eu apenas seu irmão - comentou Arthur tristemente. - Na verdade nem isso, eu sou adotado todos sabem que não possuo sangue real, dizem que é por isso que me importo tanto com os pobres, não tenho as atitudes de um rei - vendo a cara de Arthur, Melanie quis muito lhe contar a verdade, mas sabia que não podia. - Adotado? Você sabe quem é seu pai? – perguntou Melanie que mesmo sabendo a resposta, poderia com isso entender por que Arthur não foi diretamente coroado Rei no lugar de Uther. - Não, já perguntei ao rei, ele conhece meu pai, mas que esse não era um bom momento para que ele viesse me buscar, mas que quando o momento chegar, ele virá, e que até isso acontecer ele seria meu pai e queria ser considerado como tal. – explicou Arthur que não entendia qual o motivo disso. - Então você nunca o viu? Nem uma vez? – essa era outra pergunta que esclareceria o ocorrido, talvez por isso achou que era uma ótima hora para perguntar. - Não, se pensarmos bem, meu pai me deixou aqui muito novo, e o rei tem cuidado de mim como seu filho desde então, por isso o considero como sendo meu único e legitimo pai, achei até estranho ele ter me contado que eu era adotado. – estas palavras fizeram Arthur se recordar vividamente daquele dia. (Espero que goste de flashbacks, porque vai rolar mais um) - Arthur pode vir aqui um momento. – chamou o rei Ector no dia do seu aniversário de 10 anos, que prontamente lhe atendeu. - Filho tem uma coisa que você precisa saber, mas antes quero que compreenda que amo igualmente você e seu irmão, você entende? – Arthur acenou gentilmente que sim com a cabeça e o Rei Ector continuou, em sua face era possível ver que ele não queria dizer as palavras que vieram a seguir, sabia apenas que essa era sua obrigação como rei e como amigo – você não nasceu do ventre de sua mãe, você foi deixado aqui pelo seu pai quando era bem pequeno. – Ector viu os olhos de Arthur se encherem de lágrimas, mas infelizmente não sabia o que dizer, seu preparo como rei não o prepararam para este momento. - Ele não me amava? – por fim perguntou Arthur. - Claro que ele o amava, mais que tudo, só não podia ficar com você naquele momento. – explicou o Rei Ector. - Eu entendo, mas porque não veio me buscar? – as perguntas de Arthur estavam ficando cada vez mais difíceis de responder pois Ector não poderia revelar quem era seu pai. - A hora ainda não chegou, mas tem a minha palavra como rei, esta hora vai chegar, não vamos mais falar nisso porque até lá você meu filho. – com estas duras palavras o rei Ector concluiu a conversa, imagino que alguns pensariam que nem foram palavras duras, isso é por que estão pensando em Arthur, as palavras foram duras para o rei Ector, pois admitiam que um dia perderia Arthur a quem amava como um filho. (Voltando ao celeiro) - Não se preocupe nunca se sabe o que o destino nos reserva - Melanie estava tentando consolá-lo, mas não conseguiu, Arthur saiu triste, achando que nada nunca mudaria, afinal já haviam se passado dois anos daquele dia e se pai nunca aparecera. Como sempre o providente universo fez com que naquele mesmo dia algo diferente acontecesse, depois de terminarem suas tarefas, Melanie e David estavam passeando pelos arredores do castelo, próximos ao pátio principal, quando ouviram o som de espadas se batendo, foram apressadamente ver o que estava acontecendo, o que para sua surpresa, um homem magro, alto, de cabelos loiros, olhos esverdeados, nariz pontudo, bem trajado, de aparência mesquinha e oportunista, treinava Kay e Arthur a manejar uma espada, olhando de longe o Valete de copas achou a técnica horrível, se utilizava basicamente de pura força muscular. - Vamos Arthur defenda-se, faça como seu irmão, lute como um homem - era o professor que ensinava Arthur e Kay a manejar uma espada, eles ficaram algum tempo observando sem serem vistos, nesse curto tempo perceberam que o mestre dava visivelmente mais atenção a Kay do que Arthur, o que ele pensava ser o melhor, afinal Kay poderia vir a ser o futuro rei, enquanto que Arthur nunca seria ninguém, outra coisa que o Valete de Copas observou e odiou nele. - E você se considera um mestre - zombou o Valete de Copas, se mostrando pela primeira vez desde que chegara ali. - Eu tive um mestre que me ensinou a manejar uma espada, ele dizia que um homem que não respeita sua arma e seu adversário está fadado a perder - vendo as roupas do Valete de Copas o professor olhou para ele com desprezo. - Se sua espada falar tão bem quanto sua língua talvez, mas a primeira coisa que aprendemos é reconhecer um fanfarrão, um falastrão, sabemos que existem muitos como você no reino, vocês acham que saber levantar uma espada e matar um porco é saber lutar, uma luta de espadas requer força nos punhos e golpes fortes, algo que com certeza você nem imagina como é - respondeu o professor, fazendo gestos engraçados com a espada com se não soubesse usá-las. - Sinceramente – fazendo uma pausa, onde respirou fundo para não dizer nada dos quais se arrependesse depois. - Até minha mãe vence você - comentou o Valete de Copas, Melanie achou o comentário muito engraçado e começou a rir, afinal lembrando-se de Dariam sabia que ninguém a venceria, inclusive o Valete de Copas, que completou. - E facilmente - agora os dois riam, o professor tomou aquilo como uma grande ofensa, afinal a mãe daquele homem deveria ser uma velha sem o mínimo de coordenação motora sem segurar nada, quem dirá usando uma espada, seria simplesmente um desastre a seu ver, e os dois, que agora estavam a frente do professor, achavam isso engraçado. - Já que pensa assim, deixe que sua espada fale por você - desafiando o Valete de Copas. - Ou será que está com medo? O que seria muito compreensivo e perdoável - o Valete de Copas achou a atitude do professor a pior possível, não podia deixar dessa forma, mas também não poderia vence-lo, pegou uma espada de madeira, mas ao primeiro golpe do professor deixou-a cair no chão, claro que havia sido um golpe desonesto, o valete mal se colocara em posição, e fora atacado. - Desculpe - disse o Valete de Copas mesmo sabendo que aquilo não era sua culpa, se abaixando para pegá-la, foi quando o professor resolveu tirar partido dele, empurrando-o da maneira mais humilhante possível, uma vez caído no chão. - Não devia ter feito isso, eu estava pensando em deixar você sair dessa com honra, mas isso não posso deixar passar - o professor fazia gestos instigando-o a atacar, pareciam ser apenas falsas ameaças, mas não esperou ele terminar de se levantar, atacou ferozmente, o Valete de Copas, que esperava por isso, desviando facilmente. - Você é muito previsível, por não ter habilidade real e honra em combate, sabia que você faria isso - neste momento o Valete de Copas passou a se defender, algo que fazia com facilidade, num certo instante resolveu atacá-lo, a partir daí foi uma luta breve com três, no máximo quatro golpes de espada que colocaram o professor desarmado e caído no chão. - Que isso lhes sirva de lição meninos, nem sempre as coisas são o que parecem. – largando a espada, se voltando para Melanie. Eles estavam saindo quando o professor, que já havia se levantado tentou atacar David por traz. - David!! – gritou Arthur, que teve tempo de ver apenas o sorriso de David, algo que ele achou particularmente esquisito, afinal estava sendo traiçoeiramente atacado. Não demorou para que Arthur entendesse o que se passava, a curta distância que David se movera o colocava a frente do chiqueiro de porcos, de modo que quando o professor chegou a distância correta ele fez um magnífico giro, pegando as mãos do professor e girando novamente, agora o professor que vinha muito rápido, estava andando de costas, a física fez o resto, ele continuou sua trajetória se chocando com a cerca baixa do chiqueiro dos porcos, se desequilibrando o que concluiu o ataque com ele caído na lama ao lado dos porcos. - Eu poderia dizer que finalmente você está no seu lugar, mas sabe como é, não quero ofender os pobres porquinhos. – disse o Valete de Copas ao passar por ele que tentava desajeitadamente se levantar. Não muito distante dali o Rei Ector observava o que acontecia, ele estava numa das sacadas do castelo, um lugar conveniente onde ninguém podia vê-lo, afinal ele sempre acompanhava o desenvolvimento de seus filhos e já fazia algum tempo que decidira trocar o professor, só não havia achado ninguém melhor, até agora. No dia seguinte não foram Kay e Arthur quem levou o café da manhã para eles, mas o próprio rei, havia uma, na verdade uma série de coisas que precisava entender. - Eu vi o que você fez ontem, durante o treinamento, você tem agilidade e honra em combate, poucos cavaleiros possuem essas características juntas. – disse ele logo que chegou se dirigindo ao Valete de Copas. - Afinal quem são vocês? - a pergunta pairou no ar por uns instantes. - A verdade seria muito complicada - iniciou Melanie. - Mas podemos dizer que somos amigos do Rei Uther, nós o ajudamos quando a guerra com o Duque Gorlois começou - o rei arregalou os olhos, examinou-os cuidadosamente. Lembrando-se do que o rei Uther havia lhe contado quando lhe confiara a guarda de Arthur, mas aquilo pareciam ser só lendas, e algumas coisas que lhe disse era simplesmente impossíveis, e ainda mais supondo que aquelas simples pessoas fossem as mesmas que Uther lhe contara, era muito improvável que o que ouvira fosse a total verdade, embora tivesse que concordar David era muito habilidoso com uma espada, talvez por isso tenha dado a eles o benefício da dúvida. - Quatro mulheres e um homem, seu amigo foi preso pelo duque - iniciou o rei esperando que um deles terminasse. - Exatamente, o Rei Uther nos ajudou a resgatá-lo, depois fomos resgatar nossa amiga, acabamos por ajudar ele a falar com a duquesa, isso foi um pouco antes da guerra começar - o Valete de Copas concluiu a história, pulando o máximo de detalhes que pode. - Porque não disseram logo? Qualquer amigo de Uther, é meu amigo também - o Rei Ector havia mudado totalmente sua expressão de dúvida para uma alegre, como quem via velhos amigos. - Você deve entender majestade não temos provas de que realmente o conhecemos, não podíamos bater na sua porta e esperar que acreditasse em nós. – Melanie estava tentando esclarecer o motivo de não terem contado ao Rei Ector, que nesse momento teve aquilo que talvez fosse a pior de suas dúvidas. - Vocês vieram buscar Arthur? – essa era a primeira vez que eles ouviram medo na voz do rei Ector, pois ele o amava como a um filho, e embora soubesse que esse dia chegaria, muitas vezes pediu aos céus que não lhe tirasse Arthur. - Não majestade, como disse nem podemos provar que conhecemos o rei Uther. – aliviado o rei Ector respirou profundamente, mas ainda tinha mais uma pergunta. - Vocês sabem quem é Arthur na verdade? – a pergunta saiu de modo receoso pois ele nem imaginava o que eles saberiam, se haviam falado com o Rei Uther depois de Arthur ser entregue a ele. - Sim, sabemos ele é filho do rei Uther, e provavelmente futuro rei da Inglaterra – tendo ouvido isso não restavam dúvidas, essas pessoas eram quem diziam ser. - Sua sinceridade, na minha opinião é mais que suficiente para identifica-los, vamos ao castelo, arrumarei ótimas roupas para vocês e melhores acomodações. - eles entraram no castelo, o rei imediatamente solicitou a uma camareira que mostrasse os melhores quartos disponíveis a cada um deles, para que tomassem banho e se trocassem, por volta da hora do almoço o rei pediu a camareira que fosse chamá-los para que se sentassem a mesa com ele. - As de Copas, porque disse ao rei Ector quem somos? Isso não pode vir a mudar o que deveria acontecer? – perguntou o Valete de Copas bem baixinho para que ninguém, especialmente a Rainha de Copas não pudessem ouvir. - Ele tem razão, você tem algum plano? – essa era Morigan, bem menos discreta, o que chamou a atenção de todos. - Muito obrigado Morigan, estava tentando ser discreto. – disse o Valete de Copas visivelmente aborrecido, Melanie, no entanto somente riu. - Não vejo a menor graça nisso, você pode ter estragado tudo que viemos fazer aqui, está feliz por isso? - a Rainha de Copas que embora não houvesse entendido de primeira facilmente entendeu do que se tratava. - Não sei, o que você acha Natali? – perguntou Melanie ainda rindo, mas para sua surpresa seu As de Ouro estava completamente perdida em seus próprios pensamentos. - Natali? – disse ela um pouco mais alto, de modo que Natali se assustou – Tudo bem? - Claro As de Copas, só estava concentrada em meus próprios pensamentos. – uma resposta no mínimo evasiva, se querem saber a minha opinião, era algo que Melanie não poderia simplesmente deixar passar, afinal era de seu conhecimento o comprometimento e a dedicação daquela As. - Algum problema? Algo errado com a missão? - Melanie insistiu. - Não só coisas pessoais mesmo, nada que comprometa ou desvie a missão. – Melanie não era alguém que julgava as pessoas, e entendeu que fosse o que fosse Natali não queria falar nesse momento, portanto esperaria uma hora melhor. - Entendo, mas quanto a mudar a lenda, tenho certeza que nada vai mudar, em pouco tempo o rei Ector entrará em guerra, então tudo isso não terá influência sobre nada, seremos apenas hospedes, uma nota de rodapé dentro de toda a história. – Melanie tinha uma ótima justificativa para o que havia feito talvez por isso todos concordaram com ela, inclusive a Rainha de Copas, que nada poderia dizer contra este argumento. Quando chegaram na sala de jantar eles encontraram o rei Ector sentado sozinho numa mesa de dezoito lugares, ele ocupava a posição da ponta oposta ao lado que Melanie e sua equipe entraram, a mesa era feita de madeira, carvalho ou cedro era difícil de dizer pois estava toda arranhada, o que era muito comum na época, as cadeiras também eram de madeira, mas com uma particularidade, eram almofadadas nos assentos e recobertos com veludo vermelho, uma outra coisa também saltava aos olhos, era que a ampla sala tinha suas paredes praticamente revestidas de quadros, e que eles pareciam estar o tempo todo olhando para quem estivesse na sala. - Sejam bem vindos! – disse o rei Ector, se levantando e indicando as cadeiras para que se sentassem, foi exatamente o que fizeram iniciando o almoço. - O que eles fazem a mesa? - questionou Kay assim que entrou na sala, indignado ao ver Melanie e seus companheiros conversando com o rei, Arthur, no entanto, ficou contente ao vê-los ali. - São meus convidados, porque embora não tenham dito isso antes eles são amigos de Uther – esclareceu o Rei Ector. - Como sabe que não estão mentindo? - Kay jamais poderia admitir um erro como aquele, ter julgado tão mal aquelas pessoas. - Estava observando o treinamento de vocês ontem, vi o que ele fez, e com certeza posso não saber muitas coisas, mas reconheço um homem honrado ao vê-lo em batalha, acredite este homem tem padrões muito elevados de honra – se referindo ao Valete de Copas – isso por si só já indica que ele não mentiria, mas além disso ele me contou uma história que é de conhecimento de muito poucos, e comprova ser verdade. – dito isso, Kay não sabia o que dizer considerava ter cometido um imenso engano. - E se ele concordar - se referindo ao Valete de Copas, novamente - ensinara vocês a manipular uma espada - o Valete de Copas ficou surpreso em ouvir isso do rei, afinal não havia lhe dito nada sobre isso, até esse momento. - Com muito prazer majestade, quando devo começar? – era uma pergunta com uma resposta conhecida, todavia o Valete de Copas tinha que faze-la de modo a poder aparentar surpresa. - Esta tarde, quanto às moças, por favor, apreciem sua estada no castelo – assim o Valete de Copas fez uma falsa cara de surpresa e eles concluíram o almoço. - Você acha que isso pode influenciar uma alguma coisa? – a pergunta de Melanie tinha como motivação o fato de que não deveriam influenciar nos eventos da lenda embora acreditasse que já houvessem feito isso. - Eles aprenderão com alguém, acredito que quem não faça tanta diferença , além disso estaremos mais próximos dos fatos, e não se preocupe serei imparcial, ensinarei igualmente aos dois. – com isso o Valete de Copas mostrou que entendia o que fazia e faria seu melhor. Naquela mesma tarde o Valete de Copas começou a ensinar os meninos, Kay achava idiota o jeito dele ensinar, usava espadas de madeira, como esperava que tivessem força para golpear? As espadas eram muito leves, Arthur, no entanto achava aquilo fantástico estava aprendendo como dizia o Valete de Copas, o gladiador e sua espada devem ser um só. Assim prosseguiram, sem nenhuma ocorrência até a tarde do quinto dia, quando no meio de uma lição o Valete de Copas puxou sua espada, com um resultado totalmente inesperado, ao vê-la Kay e Arthur se ajoelharam diante dele. - O que houve meninos? - ele não tinha a menor ideia do que estaria acontecendo, afinal na opinião aquilo além de não fazer nenhum sentido, também acontecia num momento particularmente estranho. - Você é o portador da espada mágica Excalibur, pensamos que ela estivesse com o Rei Uther – a explicação de Arthur foi feita de modo que sua voz tremia, enquanto Kay chorava de medo. - Mágica? Excalibur? Do que está falando? - o Valete de Copas entendia cada vez menos, não havia nada de diferente porque eles diriam aquilo, então Arthur apontou para espada na mão do Valete de Copas, repentinamente tudo fez sentido, eles achavam que a espada dele era Excalibur. - Não, vocês interpretaram mal, esta é uma espada comum, talvez até se pareça com a Excalibur, mas é apenas uma espada - dando a aos meninos, que viraram, olharam, procuraram, mas não encontraram nada de diferente, talvez apenas a acharam meio leve, mas nada fora do normal, devolvendo a ao Valete de Copas, que seguiu normalmente com a aula. - Melanie! - exclamou gentilmente o Valete de Copas após o jantar, quando eles e Morigan, estavam a sós numa sala do castelo - poderia me dizer onde está a outra espada de poliaço? - Guardada, junto com as outras armas, porque? - Melanie não entendeu o motivo da pergunta afinal, onde mais ela estaria, ou seja, para ela aquela era uma pergunta sem qualquer sentido. - Claro onde mais ela poderia estar, é que hoje, durante a aula dos meninos, eu acidentalmente saquei minha espada, os meninos fizeram reverencia, da pra acreditar, eles pensavam ser a Excalibur, que coisa mais boba, não? - no começo ele perecia até engraçado, mas agora estava muito sério. - O mais engraçado é que pelo que entendi, o Rei Uther tem uma igualzinha a esta - Melanie se sentiu atingida por um tijolo, alguma coisa tipo quando alguém em um desenho animado lembra de algo muito importante que deveria ter feito e não fez, aparecendo em sua mente uma animação de algo caindo sobre sua cabeça, ou seja, ela havia esquecido algo, nesse caso a espada. - Essa não, na pressa de sair esqueci ela com o Rei Uther, isso deve ter mudado tudo - Melanie estava muito chateada com ela mesma, jamais imaginou que cometeria tal engano. - Agora nós realmente estragamos a lenda - comentou o Valete de Copas. - Não há mais como saber o que acontecerá, a espada deveria ter sido dada ao Rei Uther pela dama do lago. – ao ouvir Morigan começou a rir de maneira incontrolável, parecia não compreender a gravidade da situação, e vendo isso o Valete indignadamente perguntou - porque está rindo? - Por que nós não estragamos a lenda. - respondeu ela, e antes mesmo que alguém dissesse qualquer coisa, ela começou a explicar. - Valete de Copas, você já pensou como nós conhecemos o Rei Uther? - o Valete de Copas nem havia pensado nisso até aquele momento, mas recordando agora teria que admitir que era uma boa pergunta. - Nós queríamos resgatar o senhor, só que acidentalmente achamos o Rei Uther, e por coincidência, As de Copas estava dentro de um lago quando isso aconteceu e também foi ela quem deu a espada ao Rei Uther, então de certa forma foi à dama do lago quem deu a Excalibur ao Rei Uther. - Pode ser, Morigan, sua ideia se encaixa muito bem com o que está na lenda, só que encaixar não é suficiente, teremos que ir até o Rei Uther para confirmar essa história, só que antes vamos concluir o que precisamos aqui com Arthur - Melanie entendia que precisavam avaliar as consequências do que fizeram, e como isso afetaria a lenda que eles conheciam - pelo menos, agora que sabemos a origem da Excalibur podemos ensinar Arthur a manejá-la com mais eficiência. - Posso dar minha opinião? – Morigan não tinha certeza se queria ou deveria dizer o que havia pensado, por isso perguntou do contrario teria simplesmente dito. - Não – disseram Melanie e o Valete de Copas ao mesmo tempo. - Taaaa, tudo bem. – Morigan aceitar alguma coisa sem discutir, sem dizer absolutamente nada, não era só incomum, era impossível, o que naturalmente aguçou a curiosidade dos dois, pois embora Melanie a conhecesse a pouco tempo também acha isso nada convencional para ela. - Espera, você não vai dizer nada. – qualquer um dois poderia ter dito isso, mas acredito que o impacto do ocorrido afetou mais o valete de Copas fazendo-o ficar um pouco mais lento que Melanie. - Acho que não era importante, só lembrei que também não encontramos Merlin, e Arthur só está aqui por nossa causa. – após Morigan dizer isso todos entenderam aparentemente sem eles a lenda não existiria. - Acredito que isso é importante sim Morigan, e vamos verificar. – embora Morigan houvesse resumido tudo ao fato deles estarem nesta época, por algum motivo Melanie acreditava haver mais, muito mais. - Só tem um problema - era a Rainha de Copas que acabara de entrar na sala. - Nós não vamos sair daqui. - ela se referia ao tempo no cronômetro de Melanie - se não encontrarmos um meio de fazer o tempo diminuir, estamos presos aqui - a ideia parecia não agradar nenhum deles, exceto por Natali que adorava o lugar, mas como se costuma dizer, aquele era um lindo lugar para se visitar, mas ninguém gostaria de morar nele é o que todos, ou quase todos, pensavam. - O tempo continua aumentando Amélia - respondeu Melanie, após olhar o cronômetro - não há nada que possamos fazer sobre isso, e temos um dever a cumprir aqui, logo vamos fazer o que é preciso, e nos preocupar com isso depois - o Valete de Copas e Morigan concordaram com Melanie, a Rainha de Copas vendo a atitude dos restantes, como sempre, lhe deu as costas e saiu. No dia seguinte, como havia feito nos últimos o Valete de Copas se dirigiu a área de treinamento para continuar a ensinar Arthur e Kay, enquanto Melanie e Morgan ´passariam seu tempo pensando no que fariam. - Meninos, a partir de hoje vamos usar espadas de verdade para treinar, Kay você usa minha espada, Arthur você pega outra – devido a descoberta da Excalibur, naquela tarde o Valete de Copas resolveu mudar a maneira como estava ensinando Kay e Arthur, mas tinha que ter certeza que Arthur ficaria com sua espada, assim deu ela a Kay, pois tinha certeza de que ele protestaria, afinal esse era um traço muito forte da personalidade de Kay, ele deveria decidir se outro o fizesse ele certamente não concordaria, tornando as coisas muito mais fáceis para o Valete de Copas. - Eu prefiro uma outra espada, esta não passa de uma imitação idiota, além disso deve estar mal balanceada, treinar como ela seria uma perda de tempo. - resmungou Kay. - Está bem - concordou o Valete de Copas diferentemente das outras vezes. - Darei esta a Arthur e você pega outra. – Kay até demorou um pouca para se decidir fez alguns testes completamente sem sentido com as espadas e por fim escolheu uma, assim se passaram mais três dias, em que Arthur ganhou cada vez mais agilidade e destreza ao manusear uma espada e Kay batia com a maior força que podia. - Hoje teremos uma novidade - indicando Melanie - minha amiga vai treinar conosco - Kay imediatamente virou a cara para Melanie, e vendo isso. - Não se preocupe Kay, eu serei seu oponente, Melanie treinara com Arthur - logo no começo do treinamento o Valete de Copas colocou Kay no chão três vezes, enquanto Arthur e Melanie pareciam estar brincando com as espadas. - Espero que não tenha perdido a vontade de lutar Kay, até Arthur está se saindo melhor. Kay tentou mais duas vezes e caiu mais duas. - Isso não é justo, Arthur está enfrentando uma mulher, deste jeito é claro que se sai melhor do que eu - Kay que ainda no chão, acreditava Arthur tinha maior facilidade por estar uma mulher. - Oras, o grande Kay quer tentar enfrentar uma mulher. - Kay fez pouco caso do que o Valete de Copas disse. - Eu acredito que você não consegue vencê-la, inclusive faria uma aposta que ela vence você facilmente. - Uma mulher? Posso vencê-la a qualquer instante - ressaltou Kay de maneira arrogante. - Por mim tudo bem rapazinho - disse Melanie se virando para ele. - A não ser que você esteja com medo de uma mulher – Melanie disse isso num tom um tanto quando debochado, algo que certamente irritaria qualquer cavaleiro naquela época, e com Kay não foi diferente, ele levantou a espada em sinal de desafio, Melanie fez o mesmo. - Esperem, tem certeza que vence ela, Kay – embora não fosse possível entender, o Valete de Copas teve uma ideia. - Claro. – Kay como sempre estava excessivamente confiante. - Que tal uma aposta? – a partir desse momento Kay prestou mais atenção ao que o Valete de Copas dizia. - Se você vencer peço ao rei para trocar seu treinador, explico a ele que não sou a melhor opção para ensinar você, mas se você perder terá que tratar melhor Arthur. – apesar de não entender essa aposta Kay concordou. Eles estavam posição, Kay foi o primeiro a atacar, isso não assustou Melanie que esperava algo desse gênero, a luta continuou e poucos instantes depois, Kay estava novamente desarmando no chão, sendo que isso se repetiu três vezes. - Vocês estão brincando comigo - gritou Kay, e saiu muito aborrecido, terminando o treinamento daquele dia. Nos dias que se seguiram Kay treinou intensivamente com o Valete de Copas tentando entender porque não conseguia vence-lo, afinal não havia nada de errado em sua técnica, ou pelo menos ele pensava isso e sendo muito orgulhoso para perguntar, caia uma vez após a outra sem dizer nada simplesmente se levantava e reiniciava o treinamento. Arthur e Melanie, no entanto, passaram vários dias treinando juntos, após esse tempo se tornaram grandes amigos, conversavam sobre todos os assuntos, certo dia depois dos treinamentos. - Eu gostaria de lhe fazer uma pergunta meio delicada - disse Arthur a Melanie meio tremulo, ela indicou com a cabeça que sim. - Quem são vocês, sei que não são andarilhos, ou pesquisadores, vocês têm maneiras finas e ao mesmo tempo são guerreiros, e se fosse só seu amigo, poderia até ser, mas também você e suas amigas, é quase impossível - Melanie corou um pouco ao ouvir isso. - Somos amigos, é só o que importa saber, estamos aqui para ajudar, mesmo porque acredito que chegara o dia em que não precisarei responder essa pergunta, você simplesmente encontrará a resposta - disse ela esperando que a resposta satisfizesse Arthur, ele percebeu que ela não falaria, mas sabia que podia confiar nela, afinal eles haviam sido os primeiros a dar a mesma importância a ele que davam a Kay, assim eles caminharam conversando o resto da tarde sem se preocupar e sem voltar a este assunto. - Majestade, lamento dizer, mas em breve teremos que partir - anunciou Melanie durante o jantar dois dias depois, os restantes ficaram surpresos, pois ela não havia dito nada a eles. - Mas porque esta decisão tão repentina, vocês não estão gostando daqui? Alguém fez algo que os desagradou? - o rei queria mesmo compreender esta partida, afinal pela primeira vez Arthur e Kay estavam aprendendo algo que não era apenas bater e correr, até Kay estava ganhando um temperamento muito melhor. - Não se trata disso majestade, apenas temos outros afazeres, espero que compreenda, e como lhe dissemos no primeiro dia queríamos passar apenas alguns dias, já ficamos até demais - Melanie tentava ser o mais breve possível, pois não poderia responder muitas perguntas. - Me lembro de terem dito isso, pensei que houvessem reconsiderado agora que sabemos ter um amigo em comum, mas vejo pelo modo como falou que está decidida, existe algo que possa fazer para que mudem de ideia? – disse o rei Ector. - Infelizmente não majestade. – respondeu gentilmente Melanie - Pois bem, quanto tempo ainda teremos sua companhia? - perguntou o Rei Ector. - Acredito que mais uma semana, majestade - com exceção da Rainha de Copas todos ficaram tristes com isso, mas principalmente Morigan e o Valete de Copas que não compreenderam porque Melanie tomou essa decisão. Após o jantar todos estavam indo para seus aposentos, Melanie em especial, vinha distraidamente com o Valete de Copas, o que para ele era algo muito estranho, de modo que quando chegaram à porta de seu quarto. - Melanie, porque essa repentina mudança de cenário, aconteceu alguma coisa? - perguntou Valete de Copas que parecia preocupado, após constatar que estavam sozinhos. - O que poderia ter acontecido? Está tudo ótimo, estamos num castelo, o rei nos adora, o que mais poderíamos querer? - Melanie fez um belo sorriso, enquanto o Valete de Copas imaginava o que poderia ser, ela ergueu o relógio, o tempo estava finalmente diminuindo - voltar para casa David, cumprir nossa missão e voltar para casa. - Quando você percebeu? - o Valete de Copas que anteriormente estava preocupado abriu um grande sorriso afinal ficou muito contente com a notícia, tanto, que fez a pergunta sem pensar. - Não exatamente percebi - ao ouvir isso ele olhou contrariado para ela. - Eu senti um tipo de pulso, como se estivesse sendo empurrada por todos os lados, foi algo leve, logo depois olhei para o cronômetro e o tempo estava diminuindo. - Pulso? Empurrando de todos os lados? Também senti parecido isso faz umas quatro talvez cinco horas. – um comentário aparentemente sem importância, mas com um efeito que nem com muita criatividade se imaginaria. - Mesma hora que eu, então não é uma coincidência, alguma vez os viajantes relataram estar num local mais tempo do que os registros mostravam? – Melanie pensou que talvez, para o complexo, houvesse chegado no instante do pulso, o que explicaria o ocorrido. - Nunca analisei todas as missões, o mais próximo relatado que eu sei é uma diferença de dois minutos e vinte e seis segundos numa missão simples só foram Terry e um botânico, qualquer coisa sobre DNAs de um tipo de arvore, nunca um período grande como este. – dito isso eles concluíram que isso devia ter lhes acontecido. - Já contou aos outros? - Melanie fez com a cabeça que não, ainda sorrindo - então falamos amanhã - e foram se deitar. No dia seguinte. - Não acredito vamos continuar a missão, viva - gritou Morigan de tão feliz, a Rainha de Copas, no entanto olhou com o mesmo desdém e indiferença de sempre, seu olhar dizia "eu sabia que isso aconteceria", mas isso não estragou a festa dos restantes, no entanto o que realmente chamou a atenção de Melanie foi que a As de Espadas não parecia feliz, parecia, sim, estar preocupada, mas não era o momento de Melanie pensar nisso, mas em seus pensamentos certamente o faria depois. Naquela última semana o Valete de Copas não deu nenhuma folga a Arthur e Kay queria ter certeza de ter ensinado tudo que era possível, finalmente no dia anterior a partida. - Creio ter ensinado a vocês tudo que o tempo permitia, agora é com vocês, mas lembrem-se um cavaleiro que não respeita seu oponente e sua espada está destinado a ser vencido - disse o Valete de Copas no final do treinamento naquele dia, lembrando a eles a primeira coisa que dissera. Melanie e Arthur saíram do treinamento juntos pela última vez, mas curiosamente Arthur estava quieto, talvez por não querer dizer adeus, ou talvez simplesmente não soubesse o que dizer, sua expressão era triste, e Melanie queria dizer algo só não sabia o que. - Algum problema? O gato comeu sua língua? - perguntou Melanie para que ele lhe dissesse algo. - Não, não há nada errado, é que eu não esperava vê-los partir tão cedo - fazendo uma pequena pausa, para pensar no que Melanie dissera. - E não vejo como um gato poderia comer minha língua, aqui nem tem gatos - Melanie riu ao perceber que o verbete ainda não existia, e ao mesmo tempo ficou preocupada com Arthur, gostaria de lhe dizer que um dia ele seria o rei da Inglaterra mas não podia. - Vocês me ensinaram muitas coisas, hoje me sinto diferente de quando vocês chegaram, creio que um dia poderei ser um grande cavaleiro, não apenas o irmão do rei. - Tenho certeza que sim, mas esse sempre foi você apenas que agora você também sabe - Arthur abriu um largo sorriso em sinal de aprovação - e uma coisa eu posso garantir, nós voltaremos a nos ver, talvez demore um pouco, mas tenho certeza. - Neste caso, leve isso com você - Arthur passou para Melanie um bonito anel de ouro, com um desenho - ouse-o assim onde quer que você esteja, não importa quanto tempo passe sempre poderei saber quem é você – assim que colocou o anel, Melanie passou a admira-lo era uma joia muito bonita, porem após algum tempo olhando o anel, ela percebeu que conhecia aquele anel, tratava-se do brasão de Uther, o que significava que Arthur talvez um dia precisasse dele, então precisava devolvê-lo. - Arthur, não é necessário, você vai se lembrar de mim, não se preocupe - mas Arthur insistiu e não pegou o anel de volta. - Quando nos vermos novamente, se você o quiser de volta eu vou entender - eles se abraçaram e foram jantar com os restantes. - Existe alguma coisa que se possa fazer por vocês? - perguntou o Rei Ector a seus convidados, no final do jantar, quase completamente silencioso - depois de tudo que fizeram por meus filhos como posso lhes agradecer? - Majestade, se for possível, gostaríamos de cavalos e provisões, faremos uma longa jornada – se pensarmos bem era um pedido simples feito gentilmente o Valete de Copas. - Se é só isso, estarão a sua disposição pela manhã. - após isso todos foram para seus aposentos. No dia seguinte bem cedo todos de reuniram próximo a entrada do castelo, quase nesse mesmo instante chegaram os cavalos e os mantimentos solicitados pelo Valete de Copas, instantes depois o Rei Uther, Kay e Arthur, eles estavam se despedindo ao som de boa sorte, retornem em breve, quando foram interrompidos. - Senhor, desculpe-me interromper, mas acabamos de ser informados que as fronteiras ao sul foram atacadas, eles necessitam de ajuda com urgência - disse um dos homens do rei na manhã seguinte durante as despedidas, o que as apressou. - Lamento amigos, mas este assunto requer minha total atenção, se não se importarem terei que deixá-los - desculpou-se o Rei Ector e saiu, Melanie e os outros terminaram de se despedir, e partiram, iniciando uma jornada que lhes ocuparia os próximos três dias. Passado esse tempo eles se encontravam diante de um novo castelo, o castelo do rei Uther, ele era tão grande quanto o do rei Ector, e o que parecia ser uma mania, talvez até uma obsessão, um foço o rodeava, pareciam até terem sido projetados pela mesma pessoa, o que era até possível. - Queremos falar com o Rei Uther - disse o Valete de Copas a um homem na porta do castelo assim que chegaram, as portas do castelo se abriram e eles entraram. - Quem devo anunciar? - perguntou um homem, enquanto arqueiros miravam cada um deles caso não fossem o tipo de pessoa em quem se pode confiar. - Diga que somos aqueles que o ajudaram com o Duque Gorlois. - o homem saiu para anunciar os visitantes ao rei - acha que ele vai se lembrar? - Melanie achava que ele se lembraria, mas preferiu confirmar com o Valete de Copas. - Se ele acredita que sua espada é a Excalibur, não tenho a menor dúvida de que se lembrara, afinal quantas pessoas você conhece que ganharam uma espada magica. - comentou o Valete de Copas, e após pensar um pouco. - Na verdade, depois do que aconteceu naqueles dois dias tenho certeza de que ele se lembrara de qualquer forma. - corrigiu ele sabendo que seria impossível alguém se esquecer do que eles fizeram. - Meus amigos, com vão vocês? - o Rei Uther parecia muito feliz em ver Melanie e sua equipe, e passou a cumprimentá-los. - Valete, o acompanhante e protetor das damas, Amélia, a incrível amazona, Natali, a que possui o conhecimento, Morigan, a protegida, e finalmente Melanie a dama do lago, é bom que tenham retornado. - Saudações majestade, é sempre bom rever um velho amigo - cumprimentou o Valete de Copas meio surpreso com a maneira com que o Rei Uther os cumprimentara, mas isso não deixava dúvidas, ele acreditava que Melanie era realmente a dama do lago, e que havia lhe entregue uma espada mágica. - Vocês não mudaram nada, estão exatamente como me lembro de vocês - comentou o Rei Uther que envelhecera nestes anos, ao constatar que seus amigos não haviam envelhecido absolutamente nada. - Bondade sua, majestade - Melanie não poderia concordar com o Rei Uther de forma alguma, seria admitir que havia algo de estranho neles. - Porque se referiu a nós dessa maneira? – perguntou David curioso. - Por que é quem vocês são, você por exemplo, não zela pelas moças? Por que me parece que sua função é protege-las, Amelia não é um excelente lutadora? Por que de que outra forma me venceria? Natali não tem incríveis conhecimentos? Porque ela nos falou da guerra antes de seu início, vocês não protegem Morigan? A meu ver protegem até demais, e por fim não encontrei Melanie em um lago? – perguntas todas retóricas, mas que explicavam muita coisa. - E se não for incomodo, fizemos uma longa viagem gostaríamos de descansar um pouco - pediu ela sabendo que eles precisavam conversar, pois percebeu que se esqueceram de alguns detalhes, o rei chamou um de seus serviçais. - Leve-os aos melhores aposentos para hospedes que temos, quero que não lhes falte nada - e se virando para Melanie. - Espero poder contar com sua companhia no jantar - ela indicou que sim, o serviçal indicou o caminho, e eles foram para seus aposentos. Após alguns minutos Melanie passou em todos os quartos, pedindo a todos que a acompanhasse, agora eles estavam juntos novamente no quarto de Melanie. - David, como vocês resolvem este problema de não envelhecerem durante a missão? - perguntou Melanie, ela não havia pensado nisso, mas assim que o Rei Uther mencionou isso achou que não haviam lhe dito algo. - Simples, queridinha - indagou a Rainha de Copas, debochadamente - nós não nos envolvemos com a história só observamos, ninguém deveria saber que estamos aqui. - Melanie sentiu um calafrio, percebeu que talvez estivesse fazendo tudo errado. - Não se preocupe, As de Copas, sempre acabamos sendo vistos por alguém, e isso nunca impediu a história de seguir seu curso, na verdade nesta época em especial, pelo que percebi, nem haveria história se não estivéssemos aqui - todos acharam curioso este comentário do Valete de Copas, afinal a história não citava nenhum deles, mas era algo que haviam proposto anteriormente, só não de forma aberta como agora. - Certo, fazemos parte dessa história, sabemos que Arthur será o rei, então se podermos ajudar para que isso ocorra, ajudaremos, mas de forma a não perceberem que fomos nós. - Melanie estava convencida a seguir a lenda como ela era conhecida, desde de que não precisassem interferir diretamente na história. - Então vamos deixar a espada com o Rei Uther? - perguntou Morigan achando aquilo muito estanho. - Creio que seja o único jeito, Morigan, afinal não existe dama do lago, além do fato de que não encontramos Merlin nas vezes em que estivemos aqui, isso pode significar que nós somos Merlin, também temos que considerar que a espada foi deixada por acidente, analisando todos esses fatores podemos dizer que nossa influencia foi mínima, ou pelo menos convergente com a história. – Melanie pensava se essa era realmente a coisa certa a fazer, só que agora, talvez não tivesse outro jeito, tudo indicava que um conjunto de coincidências os levara a esse ponto e o única modo de saber como isso terminaria seria seguir a história e ver sua conclusão. - Está decidido, vamos nos preparar para o jantar, amanhã bem cedo temos que ir embora nosso tempo aqui está acabando - cada um deles foi para seu quarto, e se preparou do seu jeito para o jantar. Definitivamente os reis dessa época eram todos iguais, porque ao contemplar a sala de jantar do rei Uther lhes parecia estar novamente com o rei Ector, a sala em questão era idêntica, com apenas duas diferenças os quadros eram outros e naturalmente o rei que estava sozinho a mesa desta vez era o rei Uther. - Boa noite, sentem-se à mesa por favor, meus amigos - o Rei Uther ficou muito feliz ao ver que Melanie e seus amigos entravam todos juntos na sala de jantar. - Ladie Melanie me daria muita honra se sentasse ao meu lado - pediu gentilmente o rei, Melanie aceitou o convite, se sentando a seu lado. - Que motivo os traz aqui, depois de tantos anos? – foi a pergunta do Rei Uther a Melanie, logo depois do jantar, deixou-a meio sem saber o que dizer, não podia dizer que viera buscar sua espada, e depois mudou de ideia. - Viemos lhe fazer uma visita, Majestade, ver se tudo está bem. - Melanie tentou ser breve, para não ter de explicar nenhum dos reais fatos que os levaram a querer vê-lo. - Curioso como vocês sempre aparecem em horas oportunas - nesse instante todos olharam para o Rei Uther imaginando porque - meu único herdeiro é um rapaz que vive com o Rei Ector, seu nome é Arthur, gostaria que fossem buscá-lo para mim. - Sinto muito majestade, mas não será possível - respondeu o Valete de Copas - não porque não queríamos ajudá-lo, mas infelizmente Arthur partiu com o Rei Ector, para uma guerra que se iniciou no sul, o que infelizmente o torna inacessível no momento. - Neste caso a Inglaterra ficara sem rei, não possuo outros herdeiros, e Arthur não é considerado herdeiro legitimo do trono, como sinto que minha vida está no fim, não creio que haja tempo para que ele volte - Uther parecia inconsolavelmente triste por não ter feito nada antes, mas agora parecia ser tarde demais. - Majestade com todo o respeito, como pode saber que não haverá tempo? – perguntou a Rainha de Copas completamente descrente que aquele homem pudesse prever alguma coisa. - Sempre uma língua afiada não é mesmo Amelia? – correspondeu imediatamente o rei Uther – É muito simples, estou velho e doente, tenho no máximo um ano de vida, e isso se tiver muita sorte, quanto a guerra certamente durara muito mais que isso, então não há o que ter dúvidas. - Majestade - sussurrou Natali. - Deve haver um jeito, afinal você possui uma espada mágica - até esse instante ninguém havia tocado neste assunto, talvez por isso repentinamente o clima na sala mudou. - É verdade, Ladie Melanie deixou-a comigo em sua última estada aqui, como deve se lembrar - disse gentilmente o Rei Uther após alguns instantes. - Acha que poderia me ajudar novamente Ladie Melanie? - Melanie olhou para Natali com um cara que poria medo até na Rainha de Copas, mas após pensar um pouco. - Majestade, no próximo inverno, que se aproxima, peça que seja escrito em uma bigorna "AQUELE QUE POSSUIR HONRA, FOR JUSTO, DIGNO, POSSUIR FORÇA DE VONTADE INTOCÁVEL, PURESA DE CORAÇÃO E REMOVER ESTA ESPADA DA BIGORNA, SERA O LEGITIMO REI DA INGLATERRA", e coloque a espada nela - Melanie não acreditava que dissera aquilo, pois acabara de dar um passo na direção da lenda. - Assim será feito, Deus decidira o próximo Rei da Inglaterra - concordou o Rei Uther, e assim após o jantar todos se retiraram a seus aposentos. - Porque disse aquilo ao rei Natali? – perguntou Melanie no caminho quando estavam sozinhos. - Por que precisávamos saber se ele acredita que a espada é magica, eu imaginei que sim devido ao fato dele não ter achado nada de errado no fato de não termos envelhecido por todos esses anos, deduzi que ele acha que somos magos, queria confirmar. – nesse instante todos entenderam a intenção de Natali e o motivo pelos quais aquilo aconteceu, e que se Melanie tivesse pensado dessa forma provavelmente não teria dito nada, mas agora já era tarde para pensar nisso, por que se analisarmos com calma qualquer um poderia remover a espada da bigorna. Na manhã seguinte, eles se levantaram, sabendo que precisavam partir pois o tempo que lhes restara era apenas o suficiente para retornar ao local onde a janela se abriria. - Infelizmente precisaremos ir embora rei Uther. – disse Melanie ao rei logo depois de concluir o café da manhã. - Imaginei que não ficariam por muito tempo, afinal já fizeram o que era preciso, gostaria apenas de agradece-los novamente por virem em meu socorro, seus métodos são estranhos, tenho que admitir, mas confio que fazem o melhor. – algo que após dito, todos entenderam que estava tudo bem, assim Melanie e sua equipe prepararam os cavalos, as provisões e partiram. Eles chegaram ao local da janela com uma certa antecedência de modo que tiveram que esperar um pouco, tempo esse em que nada foi dito, embora cada um tivesse seus próprios pensamentos sobre o que ocorrera. Próximo do instante em que a janela se abriria, estranhamente Natali começou a se afastar do ponto onde seriam transportados, olhando tristemente para os restantes e só parou quando teve certeza de que a janela não a levaria, ao perceber isso Melanie olhava para ela procurando uma explicação, mas nada que ela sabia poderia explicar aquilo, porém, antes que ela pudesse perguntar, Natali começou a falar. - Eu sei que é difícil de entender, Melanie, mas quero ficar aqui, você não se lembra, mas tenho uma doença, os médicos disseram que não viverei muito mais, então gostaria de passar meus últimos dias na época que sempre amei - Melanie não entendia, só sabia que não queria que aquilo acontecesse, mas algo inesperado aconteceu, quando Melanie tentou ir busca-la, o Valete de Copas a segurou, indicando com a cabeça que ela não deveria fazer aquilo, Natali sorriu e foi embora, deixando os demais. - Porque, David? - Melanie não estava brava, apenas triste, queria muito entender. - Por que ela merece, Mel, e além disso você e o Coronel já haviam concordado que ela poderia ficar aqui. - Melanie aceitou, embora não se lembrasse de ter concordado com isso, logo isso não diminuiu sua tristeza, estava sentindo que abandonara Natali, mesmo sabendo que não era isso. - As você acha que vai dar tudo certo? - perguntou Morigan logo após. - Não sei Morigan, mas assim que chegarmos à próxima época vamos saber - Melanie esperava ter feito o que era preciso para que as coisas ocorressem bem, alguns minutos depois a janela se abriu.