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 Engenharia Física – resolução de problemas 

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Wilson José Gonçalves


(organizador)

Engenharia Física
– resoluçã o de problemas –

Volume 1

1ª ediçã o

Campo Grande – MS
Academia de Letras Jurídicas do Estado de Mato Grosso do Sul – ALJ-MS
2021

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 Engenharia Física – resolução de problemas 

Engenharia Física
– resolução de problemas –

Editora
Academia de Letras Jurídicas do Estado de Mato Grosso do Sul

Conselho Editorial
Aires Gonçalves, ALJ-MS. ( in memoria )
André Puccinelli Júnior, Doutor/PUC-SP – UFMS / ALJ-MS.
Fadel Tajher Iunes, ALJ-MS. ( in memoria )
Helder Baruffi, Doutor/USP – UFGD / ALJ-MS.
Júlio Cesar Bebber, Doutor/USP – TRT 24ª Região / ALJ-MS.
Ruy Celso Barbosa Florence, Doutor/PUC-SP, ALJ-MS.
Sérgio Fernandes Martins, Mestre/UGF / ALJ-MS.
Tatiana Azambuja Ujacow, Mestre/UnB – UFMS / ALJ-MS.
Wilson José Gonçalves, Doutor/PUC-SP – UFMS / ALJ-MS.

Ficha Catalográ fica


GONÇALVES, Wilson José (org.).
Engenharia Física – resolução de problemas. Volume 1. Campo Grande-MS: ALJ-
MS, 2021.
154 p.
Inclui referê ncias
1. É tica. 2. Legislaçã o. 3. Profissã o.
CDD

Endereço:
Rua Joaquim Murtinho, 93 – Centro. Campo Grande-MS.
79.002-100
f. + 55 67 98419 1515
e-mail: academiadeletrasjuridicas@bol.com.br

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Wilson José Gonçalves

Engenharia Física
– resoluçã o de problemas –

Academia de Letras Jurídicas do Estado de Mato Grosso do Sul


2021

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 Engenharia Física – resolução de problemas 

Dedicatória
Aos Professores, Técnicos-Administrativos e Familiares.

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Sumário
1 Apresentação............................................................................................................. 7
Contribuição da Engenharia Física na Identificação de “Balas Perdidas”:
compreensão da balística externa no percurso inverso do repouso à saída da boca
do cano da arma.......................................................................................................... 12
Wilson José Gonçalves ............................................................................................12
Dinâmica de Treinamento dos Astronautas: compreensão de métodos físicos e
éticos............................................................................................................................ 69
João Felipe Weber Colman ......................................................................................69
Bianca Figueiredo de Oliveira Dias ..........................................................................69
Aplicabilidade da Engenharia Física no Campo da Economia: compreensão da
econofísica no mercado financeiro..........................................................................105
Anelise Nazareth Dantas Pessoa ...........................................................................105
Nanomedicina: conhecimento sobre segurança para uso da nanotecnologia na
saúde.......................................................................................................................... 129
Danilo Vaz Marques ...............................................................................................129

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1 Apresentação

Fechando o primeiro semestre de 2020, um semestre atípico, no


qual, mais do de repente, o presencial se transformou em remoto, no início
de uma Pandemia. A incerteza, insegurança e demais “in” possíveis surgem
no isolamento social e nas atividades remotas ou home office. Literalmente
a Educação Superior se viu obrigada a se transformar, a se reinventar.
Neste caldeirão de expectativas, emoções, sonhos, as primeiras
aulas foram presenciais, todos juntos e misturados. Uma euforia sem
tamanho. Primeira aula, da disciplina “ Legislação, Ética Profissional e
Cidadania ”, para o curso de Engenharia Química, ocorreu no dia 27 de
fevereiro de 2020, as 15:13, todos empolgados e felizes. Começam as
primeiras orientações. Avisos e recomendações. O Plano de Ensino foi
detalhado e as atividades explicadas.
Porém, após o terceiro encontro houve a suspensão das aulas
presenciais, por estudos dirigidos, não havia mais aulas presenciais na
UFMS, a partir de 17 de março de 2020. Somente, aulas remotas, pelo
WhatsApp.
A realidade da Pandemia do Covid-19, impôs o isolamento social, em
preservação a saúde e a vida. Mas, a missão de educar e continuar as
atividades docentes, bem como o cumprimento do planejamento feito era
um desafio, mas, nada desviou a meta. Tornou o desafio mais difícil que é.
Mas, afinal de conta, nunca foi dito que a tarefa era fácil. Dedicação,
empenho, força, foco e meta. Os dias vão se passando, as orientações, a
comunicação era via WhatsApp.
Para desenvolver está atividade avaliativa, foram necessárias
pesquisa, reflexões, orientações, escrita, correções, revisões e mais
revisões até que os livros estivessem prontos para apresentá-los a
comunidade em geral.
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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Ensinar a técnica de parágrafo e construção de textos técnicos, no


qual o objetivismo predomina, bem como, as exigências científicas se
impõem, permite o exercício da consciência da Legislação (toda atividade
da engenharia é permeada por comandos normativos), da Ética
Profissional, para com os eixos de obrigações do Código de Ética, como a
condenação do plágio em todos os sentidos. Promovendo com isto, a
cidadania, ao refletir sobre a profissão e sua atuação em prol da sociedade.
Para desenvolver a atividade, elegeu-se a técnica de parágrafo, que
em sua composição exige-se uma lógica e sequencialidade rigorosa em sua
forma e, principalmente, em seu conteúdo, como pode-se observar:
Título: subtítulo (objeto de estudo: solução)
Nome do Autor
e-mail:
Resumo: [cinco elementos: 1 Contexto; 2 Objetivo; 3 Método; 4 Resultado; 5
Conclusões].
Palavras-chave: 1 Uma. 2 Duas. 3 Três. 4 Quatro. 5 Cinco.
Sumário: 1 Introdução. 2 Objeto de Estudo. 3 Problema. 4 Solução. 5 Metodologia.
6 Resultado. 7 Discussão. 8 Conclusões. 9 Referência.
1 Introdução
§ - contextualização do tema de modo a situar o leitor;
§ - justificar ou explicar o título;
§ - estabelecer os limites ou a delimitação do texto;
§ - quais os objetivos;
§ - o problema;
§ - as hipóteses a serem trabalhadas;
§ - o método utilizado;
§ - a fundamentação ou revisão bibliográfica;
§ - indicar os principais resultados;
§ - a provável solução;
§ - as principais partes do trabalho e como foram apresentadas;
§ - as razões de se ler o trabalho ou a sua contribuição.

2 Objeto de Estudo
§ - introdução [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO] = indicando o
conteúdo geral do tópico
§ - citação 1 (s) – no mínimo três autores citação direta
§ - comentário – aprende a dialogar com os autores
§ - citação 2 (s) – no mínimo três autores citação direta
§ - comentário – aprende a dialogar com os autores
§ - citação 3 (s) – no mínimo três autores citação direta
§ - comentário – aprende a dialogar com os autores
§ - análise – para compreensão do assunto
§ - conclusão = Assim, [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO]
§ - gancho para próximo tópico [INDICAR COM AS MESMAS PALAVRAS
EXISTENTES NO PRÓXIMO TÓPICO]

3 Problema

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§ - introdução [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO] = indicando o


conteúdo geral do tópico
§ - descrever o problema = USAR O PROBLEMA (PERGUNTA?) DA
INTRODUÇÃO
§ - [...] se possível – citação para demonstrar o problema, sua origem ou demais
aspectos que despertam o interesse ao problema
§ - ao citar deve-se comentar
§ - reforçar o foco do problema na pergunta ou em seus detalhamentos
§ - conclusão = Assim, [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO]
§ - gancho para próximo tópico [INDICAR COM AS MESMAS PALAVRAS]

4 Solução
§ - introdução [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO] = indicando o
conteúdo geral do tópico.
§ - recuperar o problema de pesquisa.
§ - desenvolver as hipóteses indicada na INTRODUÇÃO e outras [...]
§ - primeira hipótese – indicar e demonstrar / refutar o porquê não é a resposta
mais adequada ao problema.
§ - refutar a hipótese.
§ - segunda hipótese – indicar e demonstrar / refutar o porquê não é a resposta
mais adequada ao problema.
§ - refutar a hipótese.
§ - terceira hipótese – indicar e demonstrar que é a resposta mais adequada ao
problema.
§ - a última hipótese é a solução mais adequada ao problema
§ - conclusão = Assim, [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO]
§ - gancho para próximo tópico [INDICAR COM AS MESMAS PALAVRAS]

5 Metodologia
§ - introdução [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO]
§ - descrever os bancos de dados e demais informações de COMO foi feita a
pesquisa
§ - [...]
§ - conclusão = Assim, [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO]
§ - gancho para próximo tópico [INDICAR COM AS MESMAS PALAVRAS]

6 Resultados
§ - introdução [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO] – Balizar-se ou
ORIENTAR-SE pelo texto do RESUMO e da INTRODUÇÃO, de modo a manter a
coerência e coesão do texto agregando os dados reunidos no banco de dados ou
nas referências no qual se apoiou para realizar a pesquisa.
§ - descrever a síntese do banco de dados, ou seja, faça um apanhado de tudo
que pesquisou. Organizando de modo a demonstrar os textos de posição
contrária, se encontrou, bem como a posição favorável. Tanto do objeto de
estudo, do problema e da solução. Além da metodologia que pode ser incluída.
RECOMENDA-SE O USO DO TÍTULO E DO SUMÁRIO PARA COMPOR A
ORGANIZAÇÃO DO BANCO DE DADOS, SUA SINTÉSE E COMENTÁRIOS
§ - REPETIR ESSA ORIENTAÇÃO [PARÁGRAFO] PARA CADA REFERENCIA
CONSULTADA OU QUE JULGA IMPORTANTE PARA A CONSTRUÇÃO DO
TEXTO E DO ENTENDIMENTO DO TEMA [...] – comentar as principais
REFERENCIAS que consultou para elaborar o texto, indicando sua contribuição
§ - [...] – comentar as principais REFERENCIAS que consultou para elaborar o
texto, indicando sua contribuição
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§ - REPETIR ESSA ORIENTAÇÃO [PARÁGRAFO] PARA CADA REFERENCIA


CONSULTADA OU QUE JULGA IMPORTANTE PARA A CONSTRUÇÃO DO
TEXTO E DO ENTENDIMENTO DO TEMA [...] – comentar as principais
REFERÊNCIAS que consultou para elaborar o texto, indicando sua contribuição
§ - fechar a ideia do que se encontrou, no banco de dados, com aquilo escrito no
resumo e na introdução
§ - conclusão = Assim, [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO]
§ - gancho para próximo tópico [INDICAR COM AS MESMAS PALAVRAS]

7 Discussão
§ - introdução [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO]
§ - compreende na seleção dos resultados que garante a construção do Tópico 2,
3, 4 e 5 = discussão dos resultados (tópico anterior)
§ - [...] § - conclusão = Assim, [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO]
§ - gancho para próximo tópico [INDICAR COM AS MESMAS PALAVRAS]

8 Conclusões
A conclusão deve conter os seguintes parágrafos:
§ - parágrafo de introdução com base no texto do resumo
§ - síntese do tópico 2 – objeto de estudo
§ - síntese do tópico 3 – problema
§ - síntese do tópico 4 – solução
§ - síntese do tópico 5 – metodologia de execução
§ - síntese do tópico 6 – resultados
§ - síntese do tópico 7 – discussão
§ - destacar o objetivo – [resumo, introdução] – indicando se alcançou ou não
§ - recuperar o problema a pergunta – [introdução]
§ - responder de forma clara a pergunta USANDO apenas elementos trabalho ou
visto no texto, NADA DE ELEMENTO NOVO.
§ - dizer por que essa solução é a melhor.

9 Referências
De cinco a oito referências – conforme ABNT. Colocar em ordem alfabética por
sobrenome (use o classificar no Word)
Use como base a NBR 6023

Está estrutura pode ser vista, em sua aplicação, nos textos em que o
leitor tem em mãos, comprovando a viabilidade e executoriedade de um
texto técnico-científico, bem como o resultado do processo de ensino-
aprendizado. Reforçando a ideia que o conteúdo dos artigos, deve ou
deveria vincular sua temática com a ementa da disciplina, seja de forma
direta ou indireta. O que foi cumprindo.
Cada autor e autora deve sua dedicação e empenho na proposta de
se pensar a disciplina com base em uma questão prática e direta com a
proposta e a ementa da disciplina.

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Com isto, finalizou-se a programação inicialmente feita e concluída


ao encerramento do semestre. Com isto, traz a alegria e felicidade da
missão cumprida.
O que demonstrar que o amor, a disciplina e a persistência
conduzem a perfeição e ao mesmo tempo um avanço, uma inovação no
campo das ideias que se projeta a mudança da realidade social.
Por fim, como professor e organizador da obra, gostaria de registrar
minha gratidão, pelo voto de confiança recebido, ao acreditar neste projeto.
Encerrando o semestre com chave de ouro, e demonstrando uma
viabilidade de uma ideia.
Muito obrigado, um grande e fraterno abraço a todos e todas.
Campo Grande-MS., Cidade Universitária, 7 de julho de 2021.

Prof. Dr. Wilson José Gonçalves

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Contribuição da Engenharia Física na Identificação de “Balas


Perdidas”: compreensão da balística externa no percurso inverso do
repouso à saída da boca do cano da arma

Wilson José Gonçalves


wilson.goncalves@ufms.br

Resumo: Observa-se que a contribuição da Engenharia Física na


identificação de “balas perdidas”, representa a busca de solução a
um grave problema de instabilidade social e, sobretudo, no
esclarecimento da verdade técnica diante o conflito entre trocas de
tiros de policiais e bandidos, no qual vítimas inocentes são
atingidas, porém, faz-se necessário uma afirmação técnica e
neutra de que ponto o projétil foi disparado ou quem disparou o
tiro. Neste sentido, a compreensão da balística externa no
percurso inverso, isto é, do repouso à saída da boca do cano da
arma, seria a atividade que poderia resolver a questão ou a
dúvida. O objetivo é compreender o percurso da balística externa
no sentido do corpo da vítima até a boca do cano da arma. A metodologia aplicada foi a
pesquisa bibliográfica, pautada em bancos de dados oficiais. Os resultados encontrados
indicam que é possível a atuação do profissional de Engenharia Física na recuperação e
determinação do percurso balístico feito em sentido inverso, entre o corpo da vítima e a
boca da arma. As conclusões são no sentido que as contribuições da Engenharia Física na
identificação de “balas perdidas” permitem a compreensão da balística externa, no qual
pode compreender a identificação do percurso ou trajetória da bala em sentido inverso, que
sai do repouso, no corpo da vítima e recupera o caminho até a saída da boca do cano da
arma, esclarecendo a origem do disparo e resolvendo a questão da dúvida sobre “bala
perdida”. Com isto, traz certeza e verdade sabida.

Palavras-chave: Perícia. Legislação. Direito. Perícia Forense. Investigação Criminal. Crime.

Sumário: 1 Introdução. 2 Contribuição da Engenharia Física na Identificação de “Balas


Perdidas”. 3 Incompreensão da Balística Externa no Percurso Inverso do Repouso à Saída
da Boca do Cano da Arma. 4 Compreensão da Balística Externa no Percurso Inverso do
Repouso à Saída da Boca do Cano da Arma. 5 Metodologia. 6 Resultados. 7 Discussão. 8
Conclusões. 9 Referências.

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1 Introdução
A Engenharia Física pelo seu perfil multidisciplinar e de resolução de
problemas se apresenta no cenário com possibilidades de ofertar uma
contribuição no processo e na identificação de “balas perdidas”, que
representa, sobretudo, no Rio-São Paulo, por ser metrópoles e ter regiões
de conflito urbano, o que é um grave problema de instabilidade social, que
precisa de resolução técnica-científica, de modo a alcançar e obter o
esclarecimento da verdade técnica diante de situações em que se tem a
troca de tiros entre policiais e bandidos. E que nesta troca de tiros vítimas
inocentes são atingidas, e rotuladas de vítimas de “bala perdida”.
Situação que busca resolver ou justificar para sociedade como
inexplicável. Todavia, os profissionais de Engenharia Física podem
contribuir para o debate e a busca de solução. Uma afirmação técnica e
neutra, com os recursos tecnológicos existentes e o conhecimento balístico
em sua compreensão, pode-se pensar e compreender a balística externa no
seu percurso inverso, ou seja, do repouso ou trajeto deixado no corpo da
vítima à saída da boca do cano da arma. O que indicaria que a “bala
perdida” não seria atribuída em casos generalizados, mas, de forma
reduzida ou minimizada, de modo resolver a questão ou a dúvida.
Razão que justifica ou explica a proposta de uma contribuição da
Engenharia Física na identificação de “balas perdidas”, no qual se busca a
compreensão da balística externa, não mais a identificação da balística
interna no cano da arma, ou trajetórias verticalizadas. Mas, de um percurso
inverso, que partisse da situação em repouso da bala ao retorno da saída
da boca do cano da arma.
Esta inversão de percurso, pautaria na resolução, do material
balístico do corpo da vítima para identificar o ponto e a distância do
atirador, afastando o argumento da “bala perdida”.
A proposta se limita em compreender a identificação do percurso
balístico externo, de modo a indicar a provável localização e distância do
atirador. O calibre da arma ou a indicação de tiro ou munição em percurso
de queda com indicação imprecisa ou acerto de alvo aleatório.
Fixa-se os limites na busca de contribuir na realização e
reconstrução do percurso inverso da balística em que se tem como ponto
de repouso o corpo da vítima, a consideração do impacto e queda,
restabelecendo o reposicionamento do momento do impacto, de modo a
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identificar a origem e distância do disparo. Este é o ponto ou a


circunstancias que se quer contribuir para a resolução do problema das
“balas perdidas”.
A questão do objetivo definido na pesquisa é compreender o
percurso da balística externa, que se opõem a balística interna no cano,
para focar o sentido do corpo da vítima, no percurso inverso, até identificar
a boca do cano da arma.
O problema de pesquisa ou investigação se volta para a seguinte
pergunta: Qual a contribuição possível dos profissionais de Engenharia
Física na questão das “balas perdidas” de modo a identificar o local ou
direção da origem do projétil, considerando o ponto de repousa o corpo da
vítima?
Para responder ao problema de pesquisa, de início, elencou-se três
hipóteses, ou prováveis respostas que são:
a) a balística, como parte da criminalística forense, tem em seu
sentido a reunião de equipes multidisciplinar, em relação a complexidade
da restituição ou recuperação de fatos passados, e a Engenharia Física só
pode contribuir com a identificação do percurso entre arma e vítima, se
houver todos os elementos presente;
b) a contribuição do profissional de Engenharia Física, só é possível
se estiver participando deste o momento do levantamento do local do crime
até a coleta final dos vestígios existentes. Não podendo adentrar na perícia
criminal sem ter participado da cena do crime;
c) a Engenharia Física, com uso e recursos tecnológicos e de
conhecimento profissional pode a partir do ponto de repouso, ou trajeto no
corpo da vítima, bem como registro do corpo da vítima no local ou cena do
crime, estabelecer de forma reversa ou de percurso inverso o ponto de
origem do disparo da bala, contribuindo para a desmistificação da “bala
perdida”, podendo estabelecer o repercurso a partir da compreensão da
trajetória inversa entre o corpo da vítima e a boca do cano da arma.
A metodologia de execução ou metodologia aplicada foi pautada na
pesquisa bibliográfica, cujo embasamento se opera nas referências e
publicações extraídas dos bancos de dados oficiais, como o site do Google
Acadêmico, Periódicos Capes, Revistas científicas, tese, dissertações e

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monografias relativas a temática. Também, se respaldou em pesquisa


documental de laudos e pareceres de criminalística.
Para fundamentação teórica da pesquisa, utilizou-se os seguintes
autores e respectivas obras que são: Francisco Augusto. Causa mortis: bala
perdida; Gabriel Ferreira de Oliveira. Uso da Balística Forense na
Elucidação de Crimes ; João Baptista Herkenhoff. Balas perdidas ; Josias de
Souza. Balas Achadas ; Marcus Sadok. Nova perícia é feita para descobrir
origem do tiro que matou menina de oito anos ; Mariana Reade e Patrick
Zeiger. Apartheid 2.0: O Brasil das ‘balas perdidas’ ; Marina Rocha de
Souza. A Responsabilidade Civil do Estado por Danos Advindos de Balas
Perdidas Segundo os Tribunais Pátrios ; Rita Hernandes. Balística Forense:
perícia em armas de fogo e munições – parte 1 ; Robertha Nascimento
Gondim. Balística forense ; Wagner Oliveira. Perícia pode apontar trajetória
da bala que atingiu apartamento .
Os principais resultados encontrados, ao longo da pesquisa, indicam
que é possível a atuação do profissional de Engenharia Física, em equipe
multidisciplinar de perícia forense ou criminalística forense. No qual pode
ter a recuperação e determinação do percurso balístico feito em sentido
inverso, a partir do corpo da vítima até a provável ponto de origem do
disparo ou da boca da arma.
Observa-se que a compreensão da balística externa, pelo
profissional de Engenharia Física, na determinação do percurso inverso, no
qual parte do repouso do projétil, ou do corpo da vítima, pode-se identificar
a origem do local do disparo até a determinação da saída da boca do cano
da arma.
E para desenvolver e registrar o conteúdo investigado, estabeleceu
nove blocos ou tópicos que são: i) introdução – de caráter geral,
apresentando a visão dos principais pontos a serem desenvolvidos; ii) a
definição do objeto de estudo, que é a contribuição da Engenharia Física na
identificação de “balas perdidas”, cuja temática se envolve numa
obscuridade que o domínio do conhecimento das engenharias pode lançar
luzes ao problema ou contribuir com parcela da solução do problema; iii) o
problema de pesquisa, estabelecido como pergunta e que fixa ou se limita a
incompreensão da balística externa no percurso inverso do repousa à saída
da boca do cano da arma. Situação que parece desconhecida ou ignorada,
preferindo a noção de “bala perdida”, como forma de indeterminação da
origem do ponto de partida do disparo; iv) a solução do problema se volta
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na compreensão da balística externa, estabelecer um percurso, partindo do


ponto inverso, em que a bala ou trajetória marcada em repouso possa ser
refeito o percurso até a boca do cano da arma, o que seria a contribuição
na identificação do percurso, e por consequência o local provável de origem
do disparo; v) no tópico da metodologia foi descrito as técnicas e
procedimentos de levantamento e coleta dos dados nos banco de dados
oficiais; vi) nos resultados registraram o conteúdo significativo dos dados
obtidos nos bancos de dados; vii) no tópico da discussão desenvolveu, pela
técnica de diálogo com as fontes ou dos resultados, com o objeto de
estudo, o problema, a solução e a metodologia como fazer os
encaminhamentos a solução do problema, o alcance dos objetivos e a
preparação para as conclusões; viii) nas conclusões tem-se a síntese de
cada tópico, bem como a resposta ao problema de pesquisa formulado e
sua confirmação; e ix) por fim, o registro das referências utilizada para a
fundamentação da pesquisa.
Com isto, reafirma a relevância da temática na contribuição da
Engenharia Física na identificação de “balas perdidas”, cuja problemática
social e a incerteza pela instabilidade que a comoção social projeta em
casos de vítimas que são atingidas sem que possa atribuir qualquer
referência ou indicador da origem da bala. O que pode ser revertido com a
compreensão da balística externa, avaliando o percurso inverso, isto é, do
repouso da bala, ou pela trajetória da bala no corpo da vítima, tem-se a
possibilidade de redimensionar qual seja o ponto de origem, que é a saída
da boca do cano da arma. O que indica na contribuição, a própria razão de
se ler e conhecer o conteúdo desenvolvido.

2 Contribuição da Engenharia Física na Identificação de “Balas Perdidas”


Nas questões sociais ou nos problemas que se evidencia na
sociedade, sobretudo, os denominados direitos sociais, previsto no art. 6º,
da Constituição Federal que são, entre outros, “ direitos sociais a educação,
a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados ”. Pode-se perceber, que a “segurança”
configura entre os direitos sociais, logo, problemas relativos a segurança
que atinge a sociedade deve receber prioridade nas agendas das classes
dos profissionais.

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Neste sentido, a questão problema da identificação de “balas


perdidas”, é um problema social, que envolve o direito à segurança, bem
como, as Engenharias, em especial, a Engenharia Física pode e deve
contribuir ou dar sua contribuição na resolução ou fomentar discussão
sobre prováveis soluções ao problema das “balas perdidas”, que gera no
seio da sociedade a insegurança, a impunidade e, a instabilidade das
instituições.
Para compreender a contribuição da Engenharia Física na
identificação de “balas perdidas”, faz-se necessário predefinir o que seja o
fenômeno das “balas perdidas”, e para isto, João Baptista Herkenhoff
apresenta uma visão geral do assunto, em texto que expressa:
Não há uma definição jurídica do que seja bala perdida. Entretanto, o termo
foi incorporado à linguagem corrente para significar projétil de arma de
fogo que atinge pessoa que não estava envolvida no episódio, fato ou
evento que motivou o disparo. Ou seja, a bala perdida é a bala sem rumo,
que não estava endereçada àquele que pela mesma foi alcançado.
Fica assim entendido que é “vítima de bala perdida” a pessoa que teve a
desdita de estar no lugar errado, na hora errada, e que por este motivo
recebeu o impacto do artefato que lhe causou ferimentos ou morte.
Em outros tempos de Brasil a bala perdida era acontecimento raro, motivo
pelo qual não obteve um adequado tratamento legislativo. Hoje, entretanto,
as balas perdidas frequentam o cotidiano do noticiário.
Conforme levantamento feito pelos jornais “A Gazeta” e “Notícia Agora”, de
Vitória, mais de meia centena de pessoas morreram em consequência de
balas perdidas, nos últimos meses, no Espírito Santo. Suponho que em
outros Estados a situação seja semelhante.
Dentre os casos mais dramáticos registre-se o de uma criança de onze
anos que recebeu um tiro no peito quando estava brincando no quintal de
um vizinho, na Rua José Bonifácio, no bairro Aribiri, em Vila Velha.
Outra ocorrência assustadora foi a de um comerciante de 34 anos, que foi
atingido por bala perdida quando falava com o pai ao telefone no bairro
Cascata da Serra.
Fonte: João Baptista Herkenhoff. Balas perdidas . In. Conteúdo Jurídico. Disponível
em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/45630/balas-perdidas. Acesso
em: 19 abr. 2021.

Tem que o autor é enfático ao revelar que não há uma definição


jurídica do que seja “bala perdida”, porém esclarece que a expressão foi
incorporada a linguagem corrente para indicar ou “ significar projétil de arma
de fogo que atinge pessoa que não estava envolvida no episódio, fato ou
evento que motivou o disparo ”. Reforçando que é uma “bala sem rumo”.

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Mas, não evidencia que seja uma bala sem identificação de origem.
É perdida na destinação e não na origem, que pode ser conhecida ou
identificada.
Por fim, o autor, destaca o problema social e o comparativo que no
passado este fenômeno era raro de acontecer, sendo que passou a ser
frequente e até cotidiano.
O que se infere é que a “bala perdida” é uma “bala sem rumo”, mas,
não sem origem, ou de trajetória provável. Na ideia de trajetória provável
pode-se verificar uma primeira contribuição do profissional de Engenharia
Física na tentativa de identificar a origem do disparo ou a boca da arma.
Em um sentido jurídico, a questão da “bala perdida”, se volta para o
campo da responsabilidade civil, e como preleciona Marina Rocha de
Souza, tem-se que:
A atividade administrativa da polícia que resulta em morte por bala perdida
deve culminar em responsabilização do Estado, uma vez que o dano não
teria ocorrido sem a oportunidade criada pelos seus agentes.
Em um confronto entre policiais e bandidos, a ação dos agentes é
determinante na criação deste episódio. Nestes casos o Estado responde
objetivamente pela morte de civil que decorre de balas perdidas provindas
de embates que envolvam agentes da segurança pública. Sobre esta pauta,
doutrina Sérgio Cavaliere Filho (2011, p. 14): em que pese o entendimento
em contrário, é desnecessário saber se a bala partiu da arma do policial ou
do bandido; relevante é o fato de ter o dano decorrido da ação desastrosa
do Poder Público.
Fonte: Marina Rocha de Souza. A Responsabilidade Civil do Estado por Danos
Advindos de Balas Perdidas Segundo os Tribunais Pátrios . Artigo científico
apresentado ao Curso de Direito do Centro Universitário Fametro. Fortaleza, 2020,
p. 14. Disponível em:
http://repositorio.unifametro.edu.br/bitstream/123456789/229/1/MARINA%20ROCHA
%20DE%20SOUZA%20TCC.pdf. Acesso em: 20 abr. 2021.

A questão da “bala perdida”, o autor visualiza a questão que o dano


ocorrido, seja a lesão ou resultado morte, deve ser visto, no plano da
responsabilidade do Estado, vez que sem a atividade da polícia o evento
não teria ocorrido. No entanto, a hipótese é restritiva, e não contempla
casos em que não se tem o conflito entre policiais e bandidos, e o
fenômeno da “bala perdida”, neste caso, com tiro a esmo advindo de uma
arma que não esteja em troca de tiro. O exemplo que se quer demonstrar, é
o tiro para o alto em comemoração à passagem do ano novo.
A BBC divulgou uma matéria com o seguinte teor:
O que acontece com as balas quando se atira para o alto?

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 Engenharia Física – resolução de problemas 

Celebração comum em diversos países, os tiros para o alto costumam


causar ferimentos sérios e mortes
Atirar para o alto é uma forma muito comum de se celebrar algum evento
especial ou mesmo fazer homenagens em muitos países pelo mundo.
Mas em algumas ocasiões, o que era para ser um festejo acaba em
tragédia. Quando a bala atirada para o ar retorna para o solo ela pode
atingir pessoas, e algumas mortes acidentais já foram registradas em
situações como essa.
Na última segunda-feira, o primeiro-Ministro do Iraque, Haider Al-Abadi,
pediu que os cidadãos encontrassem outras formas de celebrar.
Estudos sugerem que, apesar de a velocidade de uma bala caindo ser bem
menor do que a de uma que acabou de sair da arma, ela é, ainda assim,
suficiente para matar.
Saiba mais sobre essa perigosa tradição:
– Mortes acidentais fizeram com que a prática de atirar para o alto fosse
proibida em alguns lugares
– Se o cano está mais vertical, a bala vai voltar para o solo muito mais
lentamente. Mas se estiver mais inclinado, a bala se comporta mais como
um tiro normal, mantendo mais velocidade até cair.
– Um relatório produzido nos Estados Unidos sugere que uma bala
viajando a 61m/s (220 km/h) poderia penetrar um crânio humano e "causar
uma lesão séria ou até a morte".
– De acordo com um estudo de 1962, uma bala de calibre .30 pode atingir
velocidades finais de 91 m/s (perto de 330 km/h) conforme vai caindo.
– Entre 1985 e 1992, um hospital em Los Angeles tratou 118 pessoas
atingidas por tiros acidentais, 38 delas morreram.
– Relatórios de Porto Rico, onde celebrações com tiros para o alto são
muito populares, indicam que, em média, duas pessoas morrem e 25 ficam
feridas a cada noite de réveillon.
– Comemorações com tiros no Kuwait depois do fim da Guerra do Golfo em
1991 causaram 20 mortes.
– Acidentes como esses levaram à proibição ou às campanhas contra os
tiros para o alto em países como Sérvia, Macedônia, Jordânia e em vários
lugares nos Estados Unidos.
Fonte: BBC. O que acontece com as balas quando se atira para o alto? Disponível
em:
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/02/150129_tiro_balas_alto_gch_rm.
Acesso em: 20 abr. 2021.

Observa-se que a questão da bala para o alto ou tiro para o alto é


uma realidade social. E como se afirma no texto, a bala pode penetrar no
crânio humano e causar lesões ou até a morte.
No caso do conflito, entre policiais e bandidos, a responsabilidade do
agente público, na personificação do Estado, seria um indicador correto
para reparação do dano. No entanto, observando a questão do tiro para o
alto, tem-se uma participação do particular, com a falta de fiscalização e
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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

repressão do Estado, não comportaria a reparação indenizatória pelo


Estado. Mas, pode-se afirmar sobre a identificação da origem ou direção da
bala, analisando os fatores por balística ou perícia criminal.
Em Opinião, na Folha de S.Paulo, datado de 14 de novembro de
1994, Josias de Souza, apresenta uma análise, que atribui o sentido de
“balas achadas”, como se relata abaixo:
Balas achadas
Josias de Souza
BRASÍLIA – Nesses tempos em que as notícias sobre a violência no Rio
irrompem aos borbotões nos monitores de TV instalados em nossas casas,
somos bombardeados com uma expressão de uso cada vez mais
recorrente.
A novidade linguística compõe-se de dois vocábulos: "Bala perdida".
Falamos, obviamente, do projétil de metal arredondado, que serve de
munição às armas de fogo. A palavra "perdida" tem, na expressão que
analisamos, o seu significado mais usual, ou seja, sumida, desaparecida.
No Rio, chama-se de "bala perdida" aquela munição que, disparada por
policiais ou bandidos nos frequentíssimos tiroteios que agitam a cidade,
não chegam a atingir o alvo desejado.
Ora, há uma gritante inadequação no manejo da língua de Camões.
Embora pouco certeiras, errantes mesmo, nem todas as balas de que
tratamos neste artigo merecem a qualificação de "perdidas".
Tome-se um exemplo oferecido pela tragédia carioca na última quinta-feira.
Policiais militares perseguiram quatro suspeitos em fuga, ao pé do morro
da Minerva. O chumbo trocado produziu algumas dúzias de supostas "balas
perdidas".
Uma delas foi encontrada na cabeça da estudante Lidiane Paes da Silva,
uma criança de 13 anos, grávida de três meses, morta no tiroteio.
O exame de balística demonstrou que a bala, neste caso uma "bala
achada", foi cuspida pelo cano da arma de um dos policiais.
As estatísticas indicam que há no Rio, só neste ano, pelo menos mais 16
"balas achadas" no interior de corpos inocentes. Não há, portanto, apenas
balas, mas também atiradores perdidos. É preciso encontrá-los e prendê-
los, sejam bandidos ou policiais.
Como o cirurgião que não possui afinidade com o bisturi ou o motorista
barbeiro, o policial que usa mal a sua arma deve trocar de profissão. Do
contrário, pode virar assassino.
Fonte: Josias de Souza. Balas Achadas. In. Folha de S.Paulo – Opinião. Segunda-
feira, 14 de novembro de 1994. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/11/14/opiniao/5.html. Acesso em: 21 abr.
2021.

A inversão ou adequação semântica de “balas perdidas” para “balas


achadas” revela três situações relevantes ao tema pesquisado, bem como,
direciona com precisão ao problema central:

20
 Engenharia Física – resolução de problemas 

a) a “bala” não é “perdida”, mas, é uma “bala achada” no corpo de


alguém;
b) por exame de balística é possível a demonstração que a bala, foi
disparada pelo cano da arma de alguém, no caso, de um dos policiais;
c) por fim, traz dois questionamentos finais, quais sejam, o primeiro
que existe “atiradores perdidos”. O segundo, se forem policiais, estes
devem utilizar suas armas de modo profissional, caso contrário virão
assassinos.
Nota-se que na discussão da temática das “balas perdidas”, o
profissional de Engenharia Física pode contribuir com seu conhecimento e
aprimoramento em técnicas e encaminhamentos de soluções no sentido da
identificação de “balas perdidas”, pois, entender que o projétil de arma de
fogo que atinge pessoa, que pela circunstância não estava envolvida em
troca de tiros, mas, que foi alvejada por uma “bala sem rumo”, pode, ainda
que não se tenha um tiroteio, mas, um disparo para o alto ou a esmo.
Encontrando-se a bala, no corpo da vítima, tem-se a possibilidade de
estabelecer o caminho inverso, seja em linha reta, linha curva ou de cima
para baixo, considerando o ângulo de percurso, somando-se a velocidade,
peso, condições climáticas e outros fatores, traçar o percurso inverso do
projétil, com auxilio e contribuição do profissional de Engenharia Física.
O estudo e aprimoramento do movimento de projéteis, tendo como
ponto de partida os pressupostos de Aristóteles, em Física I e II, passando
por Galileu e Newton, agregando-se atuais programas de computação e
inteligência artificiais, é possível a simulação inversa do percurso balístico
de repouso a ponto de origem. A contribuição para a balística reversa é
possível, todavia, implicaria em um segundo estudo e detalhamento de
cálculo e experimentos comprobatórios, que não coaduna com a proposta
bibliográfica preliminar apresentada.
Este incremento, que o profissional de Engenharia Física pode, com
suas habilidades e competências multidisciplinar, contribuir para a questão
da “bala perdida”, incorpora no estudo dos movimentos, o reverso do
repouso a origem, o que confirmaria a contribuição da Engenharia Física na
identificação de “balas perdidas”.
Reforçando que a contribuição é o estudo dos movimentos no
reverso do repouso a origem, que implementa a balística forense,

21
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

elucidando o ponto de origem do disparo e, por consequência, a autoria da


ação criminosa ou do disparo da arma.
Assim, pode-se afirmar que o profissional de Engenharia Física, tem
habilidades e competências para oferecer sua contribuição na discussão
sobre as “balas perdidas”, de modo a aprimorar técnicas e encaminhamento
de soluções no sentido de identificar ou na identificação do ponto de origem
de um projétil, considerando o impacto, a trajetória no corpo da vítima,
perfazendo o sentido inverso ou reverso, em que analisa as condições da
balística, com apoio de programas de computação e inteligência artificial,
simular possíveis pontos de origem do disparo. Rompendo com a
insegurança e trazendo elementos técnicos-científicos que possam
comprovar e elucidar o ponto de origem do disparo, o tipo de arma e a
indicação do local de autoria da ação criminosa ou do tiro.
Visto concepção da contribuição da Engenharia Física na
identificação de “balas perdidas”, passa a discutir e descrever o problema
que é a incompreensão da balística externa no percurso inverso do repouso
à saída da boca do cano da arma, no próximo tópico.

3 Incompreensão da Balística Externa no Percurso Inverso do Repouso à


Saída da Boca do Cano da Arma
Os profissionais da Engenharia Física podem contribuir para a
resolução de questões sociais, pautando-se na seara do conhecimento, em
combinação multidisciplinar, com atuação de igual modo, em equipe
interdisciplinar. No caso de “balas perdidas” ou “balas achadas”, a
incompreensão da balística externa, sobretudo, no percurso inverso do
repouso à saída da boca do cano da arma é uma trajetória senão
compreendida, fixa-se a problemática da indeterminação do ponto de
partida do projétil de arma de fogo que atingiu a vítima. Indicando com isto,
o que se conhece por vítima de “bala perdida”.
Este problema, no campo científico, conduz para a seguinte
indagação: Qual a contribuição possível dos profissionais de Engenharia
Física na questão das “balas perdidas” de modo a identificar o local ou
direção da origem do projétil, considerando o ponto de repousa o corpo da
vítima?

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 Engenharia Física – resolução de problemas 

A indagação ou problema de pesquisa, acima mencionada, tem o


foco em questionar qual a contribuição possível dos profissionais de
Engenharia Física, e pode-se afirmar que todos os profissionais que tem
formação multidisciplinar, que atuam em equipe interdisciplinar,
multidisciplinar e transdisciplinar podem contribuir com seus saberes.
No entanto, a questão da configuração da “bala perdida” consiste
num jogo e numa retórica que se torna cômoda ao poder instituído, do que
pautar-se na ciência, técnica e pesquisas no campo da balística e da
perícia forense.
Estar na liderança de um ranking, nem sempre é algo ou motivo de
orgulho, no caso, quando a ONU, atribui ao Brasil a liderança do ranking de
morte por “bala perdida”, n América Latina e no Caribe é algo de se
preocupar e buscar a reversão da situação. Sendo a integra da notícia
abaixo:
ONU: Brasil lidera ranking de mortes por bala perdida na América Latina e
Caribe
Publicado em 05/08/2016 - 00:12 Por Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil -
São Paulo
O Brasil é o país com maior número de mortes por balas perdidas entre os
países da América Latina e Caribe durante os anos de 2014 e 2015,
segundo relatório do Centro Regional das Nações Unidas para a Paz,
Desarmamento e Desenvolvimento na América Latina e Caribe (Unlirec,
sigla em inglês), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU). Os
dados foram contabilizados a partir de casos divulgados pelos meios de
comunicação em 27 países.
A organização não governamental Rio de Paz colocou uma cruz preta na
areia da Praia de Copacabana, na zona sul do Rio. A intenção é protestar
pela morte de crianças, vítimas de balas perdidas no estado (Tomaz Silva)
Protesto na Praia de Copacabana em protesto pela morte de crianças
vítimas de balas perdidas no Rio de Janeiro Tomaz Silva/Agência Brasil
O ranking internacional mostrou que, das 741 ocorrências envolvendo
balas perdidas na América Latina e Caribe, 197 foram no Brasil, resultando
em 98 mortos e 115 feridos. No segundo lugar, está o México com 116
casos (55 mortos e 77 feridos), seguido da Colômbia com 101 ocorrências
(40 mortos e 74 feridos). No total, na América Latina e Caribe foram
registrados 455 feridos e 371 mortos por bala perdida.
Explicações
De acordo com a entidade, essa situação é consequência da proliferação
de armas pequenas e de munições, combinadas com uma série de
variáveis institucionais, sociais e econômicas, que tem dado lugar a níveis
inaceitáveis de violência armada na região.
“Esse estudo dá alguns diagnósticos importantes, porque, em muitos
casos, o discurso das autoridades, principalmente aqui no Brasil, é de

23
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

como se a bala perdida fosse uma coisa que não tem o que se fazer para
evitar”, diz Bruno Langeani, coordenador da área de Sistemas de Justiça e
Segurança Pública do Instituto Sou da Paz. Segundo ele, a pesquisa
mostra que, conhecendo um pouco mais sobre como esses fenômenos
acontecem e quem eles vitimam, é possível propor soluções.
O especialista diz que é importante comparar os países e apresentar o
contexto em que as balas perdidas acontecem. “[Aqui] você tem uma
importância grande das operações da polícia em favela, que é algo que
está bastante em voga com a questão das Olimpíadas no Rio de Janeiro. A
própria escolha de qual arma de fogo você compra para as polícias
interfere na quantidade de casos de balas perdidas”, disse, ao explicar que
armas de alto calibre tem maior potencial de atravessar obstáculos e atingir
pessoas que não estão envolvidas na operação policial.
Motivação
Há um grande número de casos classificados como motivação não
identificada (31%) sobre o tipo de violência relacionado aos casos de balas
perdidas na América Latina e Caribe, pois, no momento da notícia e do
registro, não se tem, muitas vezes, elementos ou pistas que ajudem na
identificação.
Logo em seguida no ranking, aparece a violência de gangues com 15% dos
casos, seguida por criminalidade organizada, com 14%, e crimes comuns
ou roubos armados, com 12%. A violência social ou interpessoal foi a
causa de 10% dos casos e, em 9%, foi identificada a prática de disparar
para o alto em comemorações ou advertências, segundo a pesquisa.
Brasil
Rio de Janeiro - Policiais militares entram em confronto com manifestantes
e reagem sacando armas durante protesto contra desocupação do prédio
da Telemar
As ocorrências que envolvem intervenção legal contra alguma atividade
ilícita, como o roubo ou o crime organizado, é de 19% do total dos casos de
balas perdidas Vladimir Platonow/Agência Brasil
No Brasil, 30% dos casos tem motivação não identificada. No restante, as
três maiores causas são: crime organizado, com 24%, e violência de
gangues e roubos, que ficaram empatados com 16% cada. Os casos de
intervenção legal, ou seja, por parte do estado, ficaram em terceiro lugar,
com 7%. No entanto, esse número corresponde às ocorrências de
intervenção legal isoladas, ou seja, sem nenhum vínculo com algum crime,
devido à falta de especificação nas notícias divulgadas.
As ocorrências que envolvem intervenção legal contra alguma atividade
ilícita, como o roubo ou o crime organizado, é de 19% do total dos casos de
balas perdidas. Na média geral dos países, as intervenções legais isoladas
é 3%, enquanto aquelas combinadas com algum crime, é 11%.
O relatório do Unlirec informa que quase metade de todos os casos de
incidentes relacionados à chamada intervenção legal combinada na região
ocorreram do Brasil. O total de intervenções relacionadas a algum crime,
em todos os países da América Latina e no Caribe pesquisados, resultou

24
 Engenharia Física – resolução de problemas 

em 83 vítimas. No Brasil, esse número foi 37, representando 44,5% do


total.
O documento destacou os incidentes de balas perdidas no processo de
pacificação em favelas, geralmente caracterizadas por confrontos entre a
polícia militar e o crime organizado, mantendo uma tendência observada
anteriormente.
Método de pesquisa
Para Langeani, o fato de os dados serem coletados de notícias veiculadas
por meios de comunicação em cada país pode influenciar o resultado na
comparação com países menores, como El Salvador. Ele destaca que
diversos países, como México, Colômbia e Argentina, tem uma imprensa
forte e ampla e, mesmo assim, apresentaram números menores que os do
Brasil.
“Se não fosse feito através das notícias, não haveria outra forma de
documentar. Mesmo no Brasil, não tem no registro de B.O. [boletim de
ocorrência], uma categoria 'bala perdida'. Então o estudo foi feito com base
nas notícias por falta de um outro meio mais adequado”, disse.
Segundo Langeani, o fato de o Brasil estar no topo do ranking não é uma
surpresa, pois o país tem 60 mil homicídios por ano, o que é considerado
um número alto. “[Com] essa quantidade de violência armada, obviamente,
você vai ter essa questão dos danos colaterais, que são as balas perdidas”.
Soluções
Langeani diz que, entre as soluções, a mais geral tem a ver com o trabalho
específico das polícias para retirar armas ilegais de circulação. Para ele,
esse ponto seria uma das soluções para todos os países e influenciaria
diretamente no problema.
Em relação aos casos em decorrência de intervenção policial, o
coordenador do Instituto Sou da Paz diz ser necessário discutir os
protocolos de atuação da polícia e a escolha do armamento das
corporações. “Todas essas escolhas interferem na questão da bala
perdida. Se você escolhe uma arma que é inadequada para o policiamento,
ela pode gerar mais danos para civis”, disse.
De acordo com Langeani, a troca do armamento mais adequada seria por
carabinas, porque seus disparos atingem uma distância menor e a arma
não dá o chamado tiro de rajada, que, segundo ele, é um tiro que o policial
perde um pouco do controle do alvo no qual está atirando, o que aumenta a
possibilidade de vitimar civis.
Edição: Fábio Massalli
Fonte: Camila Boehm. ONU: Brasil lidera ranking de mortes por bala perdida na
América Latina e Caribe . Agência Brasil - São Paulo. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2016-08/onu-brasil-lidera-
ranking-de-mortes-por-bala-perdida-na-america. Acesso em: 3 maio 2021.

A solução proposta ataca a raiz do problema que é a retirada das


armas. No entanto, até que está solução não seja implementada, a solução
de compreender de onde ou de que lugar partiu a “bala achada”, poderia
sinalizar para uma investigação e culminar na autoria do disparo.
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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

A “bala perdida” é um problema da sociedade brasileira, sobretudo,


no incentivo a impunidade, vez que o tiro a esmo, ao que parece, não
encontra origem do disparo do projétil. O que, do ponto de vista da ciência
e, sobretudo, da Engenharia Física que pode contribuir com a resolução
deste problema, indicando ou estabelecendo critérios ou modo de identificar
o local, direção, distância, posição provável e outros dados que possam
indicar a autoria do disparo. Pois, a partir do local do disparo, pode-se
desdobrar outras investigações, testemunhas, imagens e provas que
vincula o provável atirador. Aspectos relevantes para a ciência forense, que
pode ser uma contribuição significativa dos profissionais da Engenharia
Física.
Está dinâmica da incompreensão da balística externa, em especial,
ao se pensar o percurso inverso, qual seja, do repouso à saída da boca do
cano da arma pode-se identificar o local ou direção da origem do projétil,
vez que se tem o ponto de repouso no corpo da vítima ou na trajetória do
corpo e o ponto em que o projétil foi encontrado.
Assim, firma-se o entendimento que a problemática da
incompreensão da balística externa no percurso inverso do repouso à saída
da boca do cano da arma, não se denomina ou se atribui como ponto sem
origem, ou na expressão popular, ser uma “bala perdida”. É possível uma
contribuição dos profissionais de Engenharia Física na questão ou
colaboração com a ciência forense, podendo haver a superação da questão
de “bala perdida” para “bala achada” e com indicação de provável origem
do ponto do disparo do projétil.
Da questão problema passa ao tópico de solução que é a
compreensão da balística externa no percurso inverso do repouso à saída
da boca do cano da arma, a seguir.

4 Compreensão da Balística Externa no Percurso Inverso do Repouso à


Saída da Boca do Cano da Arma
Com os atuais recursos tecnológicos e os conhecimentos produzidos
por equipe multidisciplinar, cuja visão, sensibilidade e compreensão da
problemática se permite encontrar soluções, até então não pensadas. E na
seara da Balística Forense, a compreensão da balística externa, em sua
peculiaridade ou percurso inverso, isto é, de traz para frente, no qual se

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 Engenharia Física – resolução de problemas 

define o projétil em repouso, perpassando o caminho inverso ou em direção


provável, até a saída da boca do cano da arma que efetuou o disparo.
Compreensão esta que pode indicar o ponto de origem do disparo ao
reconstruir o percurso em seu sentido inverso. E a reconstrução do caminho
percorrido pelo projétil, considerando a integridade do corpus do projétil, o
repouso, o trajeto no corpo da vítima, o ponto de impacto, as variáveis
climáticas e ventos no horário provável do disparo, a distância percorrida, a
direção e o ponto provável de origem.
Tendo um ponto provável de origem do disparo do projétil, permite e
auxilia no processo de investigação e vestígios da autoria do delito. Ou
mesmo, permite reunir outras provas para verificação de pessoas que
estiveram naquele lugar determinado como ponto de origem, seja por meio
indireto, como câmaras, testemunhas ou vestígios.
Com isto, a questão da contribuição possível dos profissionais de
Engenharia Física na questão das “balas perdidas”, de modo a identificar o
local ou direção da origem do projétil que atingiu uma pessoa, considerando
o ponto de repouso o corpo da vítima ou sua trajetória, pode auxiliar na
identificação do autor do disparo do projétil. Ou permitir o desdobramento
de novas investigações a partir do ponto de origem do disparo, desfazendo
a questão das “balas perdidas”.
Firma-se, deste modo, a questão problema que é: Qual a
contribuição possível dos profissionais de Engenharia Física na questão
das “balas perdidas” de modo a identificar o local ou direção da origem do
projétil, considerando o ponto de repousa o corpo da vítima?
Para responder ao problema de pesquisa, formulou-se, de início, três
hipóteses, que passa a discutir cada uma delas.
A primeira hipótese indica que “ a balística, como parte da
criminalística forense, tem em seu sentido a reunião de equipes
multidisciplinar, em relação a complexidade da restituição ou recuperação
de fatos passados, e a Engenharia Física só pode contribuir com a
identificação do percurso entre arma e vítima, se houver todos os
elementos presente ”.
A hipótese indica que a balística, como parte da criminalística
forense, e pode configurar equipes multidisciplinares para a investigação,

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

seja na restituição, recuperação ou investigação de fatos passados. E a


Engenharia Física pode oferecer sua contribuição com saberes e soluções.
No entanto, a última parte é taxativa ao afirmar que só consegue
contribuir “ se houver todos os elementos presentes ”, o que não atende ao
problema proposto, vez que a “bala perdida” recebe está denominação
popular em razão da inexistência de elementos de identificação da origem
do disparo do projétil. Razão por qual, refuta-se a hipótese, pois, neste
exato ponto, é que o profissional de Engenharia Física pode oferecer sua
contribuição, junto a equipe para resolução da autoria do crime, a partir da
indicação do ponto de origem do disparo. Logo, a perícia ou criminalística
forense nem sempre encontra todos os elementos, mas, passa construir a
cena do crime e os fatos, a partir de fragmentos.
A segunda hipótese expressa que: “ a contribuição do profissional de
Engenharia Física, só é possível se estiver participando deste o momento
do levantamento do local do crime até a coleta final dos vestígios
existentes. Não podendo adentrar na perícia criminal sem ter participado da
cena do crime ”.
Nesta hipótese existe dois condicionantes para efetivar a
contribuição do profissional de Engenharia Física que são: a) o profissional
esteja participando do momento do levantamento do local do crime até a
coleta final dos vestígios; b) para fazer a perícia precisa ter participado da
cena do crime.
De forma aparente a hipótese indica uma situação ideal e
recomendada, todavia, nem sempre é possível está situação, seja pelo
tempo decorrido entre o fato criminoso do disparo e a chegada dos peritos,
com a vítima ou cena do crime tenha sido modificado. Por exemplo, ao
socorrer à vítima levando ao hospital. Ou mesmo sendo chamado em
momento diferente. O que pode até voltar a cena do crime ou fazer
reconstituições, o que são alternativas. Diante disto, não se aceita a
hipótese, refutando pela razão que o profissional de Engenharia Física,
pode ser chamado a participar da equipe de investigação forense, sem, no
entanto, que tenha estado na cena, podendo inclusive fazer de forma
indireta, com uso de filmagem, programas de computadores, inteligência
artificial e outras tecnologias. O que leva a refutação da hipótese como
provável resposta adequada a atender o problema proposto.

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 Engenharia Física – resolução de problemas 

Na terceira hipótese tem-se que “ a Engenharia Física, com uso e


recursos tecnológicos e de conhecimento profissional pode a partir do
ponto de repouso, ou trajeto no corpo da vítima, bem como registro do
corpo da vítima no local ou cena do crime, estabelecer de forma reversa ou
de percurso inverso o ponto de origem do disparo da bala, contribuindo
para a desmistificação da “bala perdida”, podendo estabelecer o repercurso
a partir da compreensão da trajetória inversa entre o corpo da vítima e a
boca do cano da arma ”.
A hipótese sinaliza que com os recursos tecnológicos e de
conhecimento do profissional, são possíveis, com os dados obtidos na cena
do crime ou da reconstrução inversa do ponto de repouso do projétil, indicar
qual seja o ponto de origem do disparo, e com isto identificar ou viabilizar
investigações no sentido de estabelecer a autoria do tiro. Hipótese que se
apresenta como adequada ao problema de pesquisa.
O problema de pesquisa questiona qual seria a contribuição dos
profissionais de Engenharia Física na questão das “balas perdidas” e o
modo de identificar o local ou direção da origem do projétil.
A contribuição visualizada pela hipótese é o uso e recursos
tecnológicos e de conhecimento profissional que estabeleça um percurso
inverso ou reverso, partindo-se do ponto de repouso, considerando o
impacto ou deformidade do projétil e outros dados, mas, recuperando o
percurso, via corpo da vítima, e deste ponto, projetar um repercurso de
modo a considerar as condições climáticas, do provável momento do
disparo, e recuperando a direção e, de acordo com a munição e tipo de
arma, estabelecer a distância e o ponto de origem do disparo. Ou
estabelecer o repercurso a partir da compreensão da trajetória inversa entre
o corpo da vítima e a boca do cano da arma.
Em texto de Rita Hernandes, sobre “Balística Forense: perícia em
armas de fogo e munições – parte 1” estabelece que:
A Balística Forense é uma das disciplinas que integra a Criminalística e
seu objetivo principal o estudo das armas de fogo, das munições e dos
seus fenômenos e efeitos, no interesse das infrações penais. O exame de
balística é uma das provas mais contundentes na elucidação de casos de
crimes utilizando armas de fogo.
Os peritos em balística forense são responsáveis pela identificação de
armas, revelação de caracteres de registro que foram adulterados e/ou
suprimidos pelos criminosos. Ele também realiza exames mais completos
em armas, munições, e outros elementos, a procura de provas materiais.

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Esse exame deve ser muito preciso, pois ele pode vir a condenar ou
absolver um réu. Ou seja, muitas vezes, a conclusão de um caso está nas
mãos do perito em balística.
A balística forense divide-se em:
– Balística interna: estuda os fenômenos que se dão no interior da arma de
fogo, até o momento da produção do tiro;
– Balística externa: estuda o que ocorre com o projétil em sua trajetória
pelo meio externo, até atingir o alvo humano;
– Balística médico-legal: também chamada de balística de efeito, estuda os
fenômenos que ocorrem com o projétil que se alojam no alvo humano;
– Balística terminal (o final): estuda os fenômenos que afetam o projétil ao
transfixar o alvo, até sua imobilização final.

Fonte: Rita Hernandes. Balística Forense: perícia em armas de fogo e munições –


parte 1 . Disponível em: https://www.canaldepericia.org/post/bal%C3%ADstica-
forense-per%C3%ADcia-em-armas-de-fogo-e-muni%C3%A7%C3%B5es-parte-1.
Acesso em: 10 maio 2021.

Na ilustração acima, no qual tem-se a balística interna, que


corresponde a percurso entre câmara de disparo até o final do cano com a
liberação do projétil (A  B). Neste momento adentra-se a balística
externa, que corresponde ao percurso da boca do cano da arma até atingir
a vítima ou pessoa humana (B  C). Já o percurso do projétil no corpo
humano, se delega para a balística médico-legal, pois, o percurso pode
sofrer desvio por resistência (C  D) e é identificado microcâmara cirúrgica
que consegue refazer o percurso e perfuração do projétil no corpo humano.
Por fim, o percurso subsequente ou da saída do corpo humano até seu
ponto de repouso (D  E). Que pode receber a seguinte identificação dos
percursos:

30
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Já a balística inversa se propõe, como contribuição da Engenharia


Física, refazer o percurso em sentido contrário, ou seja, estabelecer a
seguinte orientação, conforme explicação e detalhamento da figura abaixo:

Sendo que a definição dos percursos seriam:

A “bala perdida” e o corpo da vítima permitem reestabelecer o


percurso E a D, e D a C, o que presume a inferência para o percurso C a B.
Encontrando o ponto de partida, boca da arma ou provável ponto de origem
do disparo. O que indica a contribuição possível dos profissionais de
Engenharia Física na questão social da “bala perdida” ou “bala achada” e
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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

ponto de origem ou do disparo, pela compreensão do percurso inverso e


com o trabalho em equipe multidisciplinar, vez que a balística médico-legal,
impõem conhecimento de anatomia humana. E na possibilidade de
identificar o percurso “B a A”, pode-se aproximar da autoria do disparo no
ponto “A”.
Assim, a Engenharia Física, com o conhecimento multidisciplinar e o
uso e recursos tecnológicos é possível, não só contribuir, mas, participar do
esclarecimento da questão da “bala perdida”, sobretudo, partindo-se do
ponto de repouso, passando pela trajetória no corpo da vítima e projetando,
de forma reversa ou em percurso inverso o ponto de origem do disparo da
bala. Esta compreensão da balística externa no percurso inverso do
repouso à saída da boca do cano da arma. Identificado este ponto de
origem do disparo, pode abrir novas perspectivas na busca da autoria do
disparo. Equacionando o problema social da “bala perdida” de forma técnica
e científica.
Da compreensão da balística externa no percurso inverso do repouso
à saída da boca do cano da arma, passa a descrever o passo a passo da
metodologia da pesquisa.

5 Metodologia
O trabalho científico de pesquisa exige domínio de linguagem
técnica-científica, ou seja, precisão, clareza e objetividade. Não comporta
uso de sinônimos e termos ou expressões subjetivas ou imprecisas. Como
também, a preocupação com a metodologia, seja na coleta de dados, seja
no desenvolvimento lógico da dinâmica investigativa. O que implica em
saber o conceito de metodologia, bem como o passo a passo realizado na
trajetória e realização da pesquisa.
Desta forma, por metodologia entende-se:
A disciplina Metodologia Científica é eminentemente prática e deve-se
estimular os alunos para que busquem respostas às suas dúvidas. Se nos
referimos a um curso superior, estamos naturalmente nos referindo a uma
Academia de Ciência e, como tal, as respostas aos problemas de aquisição
de conhecimento precisam ser buscadas através do rigor científico e
apresentadas através das normas acadêmicas vigentes.
Dito isto, fica claro que metodologia científica não é um simples conteúdo a
ser decorado pelos alunos, a ser verificado em um dia de prova. É preciso
fornecer aos alunos os instrumentos para que sejam capazes de atingir os

32
 Engenharia Física – resolução de problemas 

objetivos da Academia, que são o estudo e a pesquisa em qualquer área de


estudo. Trata-se então de se aprender fazendo, como sugerem os
conceitos mais modernos da Pedagogia. Este conhecimento fundamenta
práticas e direciona atitudes profissionais mais concisas, buscando ensaios
e acertos, não ensaios e erros.
Procuramos seguir rigorosamente as normas definidas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT para elaboração de trabalhos
científicos.
Qualquer Faculdade nada mais é do que o local próprio da busca
incessante do saber científico. Neste sentido, esta disciplina tem uma
importância fundamental na formação do profissional. Se os alunos
procuram a Academia para buscar saber, precisamos entender que
Metodologia Científica nada mais é do que a disciplina que “estuda os
caminhos do saber”, sendo que “ método ” quer dizer caminho, “ logia ” quer
dizer estudo, e “ ciência ” quer dizer saber. Mas aprender a pesquisar pode
ser prazeroso e, cá entre nós, não é tão difícil assim.
Fonte: Fabiana da Silva Kauark; Fernanda Castro Manhães; Carlos Henrique
Medeiros. Metodologia da pesquisa: guia prático . Itabuna: Via Litterarum, 2010.
Disponível em: https://www.unirv.edu.br/conteudos/fckfiles/files/NDC214%20%20-
%20M%C3%89TODOS%20E%20T%C3%89CNICAS%20DE%20PESQUISA.pdf.
Acesso em: 16 maio 2021.

As autoras destacam-se que a metodologia é prática, sobretudo, na


busca de respostas as dúvidas e problemas que surgem no caminhar
profissional ou acadêmico. A ideia conceitual é que metodologia é o estudo
do caminho do saber , em que método significa, caminho ou além de. E
logia é o estudo.
É a ferramenta que permite alcançar o conhecimento. Destacando-se
que a metodologia pode ser metodologia da pesquisa, metodologia do
trabalho científico, metodologia da execução etc. Por outro lado, tem-se o
método que permite a correção do pensamento e da previsão lógica que se
passa a ter na investigação científica.
A pesquisa foi realizada observando os seguintes pontos:
i) estabeleceu-se uma temática – balística – no qual se apresentava
um problema social que são as “ balas perdidas ”. Numa consulta rápida no
Google com a expressão “balas perdidas”, apresentou 3.430.000
ocorrências ou resultados em 0,39 segundos, como a imagem indica:

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

ii) a partir da temática, iniciou-se o pensamento de uma proposta


(integral), no qual se contemplasse o objeto de estudo, o todo, e qual seria
a solução ao problema social indicado no primeiro momento. Fixando-se a
Proposta = Contribuição da Engenharia Física na Identificação de “Balas
Perdidas”: compreensão da balística externa no percurso inverso do
repouso à saída da boca do cano da arma. Título [objeto de estudo] =
Contribuição da Engenharia Física na Identificação de “Balas Perdidas”:
Problema = incompreensão da balística externa no percurso inverso do
repouso à saída da boca do cano da arma. Solução = compreensão da
balística externa no percurso inverso do repouso à saída da boca do cano
da arma. Com estas definições, estabeleceu-se as palavras-chave para
pesquisa nos bancos de dados;
iii) com a proposta, título, problema e solução, dentro da estrutura e
compreensão de parágrafo, buscou uma etapa de viabilidade da proposta,
pela coleta de dados. A viabilidade da proposta implicaria em encontrar
material de referências que pudesse subsidiar a pesquisa;
iv) a proposta se pautava na estrutura de parágrafo e na pesquisa
bibliográfica ou de revisão. Ou seja, na pesquisa que busca encontrar a
solução ao problema, a partir de outras pesquisas publicadas;
v) na pesquisa bibliográfica, usou-se a rede mundial de computador,
em razão da pandemia e do isolamento social, dividindo em cinco
momentos: a) visão geral e busca de termos para compor um rol de
palavras chave, além das contidas na proposta, título, subtítulo e problema;
b) estabeleceu uma meta de pesquisa (noventa e cinco arquivos); c)
34
 Engenharia Física – resolução de problemas 

elegeu-se os bancos de dados oficiais, entre eles, Google Acadêmico,


SciELO, Portal Periódico Capes; d) criou-se uma pasta que se denomina
banco de dados da pesquisa; e e) procedeu-se a pesquisa com as palavras
chave e a leitura do conteúdo aparente como ementa esperada.
Os resultados foram:
v.i) Google Acadêmico – apresentou 18.700 resultados em 0,06
segundos:

v.ii) No Portal Periódico Capes/MEC, foram encontrados 164


resultados, incluindo o SciELO:

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

vi) com a meta alcançada de arquivos, tese, dissertação,


monografias, TCC, artigos e livros, baixados da rede de computador,
permitiu-se passar a próxima fase, com a consciência que a pesquisa seria
viável, em decorrência da existência de material suficiente para realizar a
pesquisa;
vii) com o perfazimento do banco de dados procedeu-se pela técnica
da leitura objetivada três metas: a) reconhecer o material; b) selecionar os
materiais; e c) proceder ao fichamento dos materiais coletados;
viii) com os arquivos selecionados, ou com o fichamento do material
coletados, obteve-se uma visão do objeto de estudo, da problemática e da
solução provável;
ix) feita a pesquisa, por meio do banco de dados, e com o
fichamento, apto a ser utilizado como citações, passou-se para a fase de
redação do texto, com técnica de parágrafo.
Para a escrita, utilizou-se da técnica de parágrafo, pautando-se na
sequência do título e subtítulo, depois, resumo, sumário, introdução e
demais partes.
Observando-se e tendo atenção a escrita científica e a busca de
fundamentação, diálogo com as fontes de pesquisa.
Na reflexão crítica, sobretudo, com a noção inversa que a “bala
perdida” seria na essência uma “bala achada”, poderia, em sentido inverso
ou reverso do ponto de repouso, perpassando por outros pontos, no caso o
corpo da vítima, estabelecer um terceiro ponto provável que seria a origem
do disparo ou a boca do cano da arma.
Assim, a metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, no qual
pautou-se nos bancos de dados oficiais para obter informações sobre a
temática, sua estruturação por técnica de parágrafo, observando os
conteúdos encontrados, de forma crítica e reflexiva buscou responder ao
problema de pesquisa.
Da metodologia descrita, passa para a indicação dos principais
resultados encontrados durante a pesquisa.

6 Resultados

36
 Engenharia Física – resolução de problemas 

O tópico dos resultados compreende na apresentação do que foi


encontrado e selecionado no banco de dados, indicando os dados
relevantes e complementares até então não utilizados nos tópicos
anteriores, mas, que são suporte da pesquisa.
Lorenna Machado, em texto, “ Como escrever os resultados e
discussão do seu trabalho acadêmico ”, traz uma visão sobre como escrever
a seção ou tópico resultado, que passa a transcrever abaixo:
Seção de Resultados
Os principais resultados da sua pesquisa são descritos aqui, incluindo as
análises estatísticas e se os achados são significativos ou não. Os
resultados são descritos no passado, pois, você estará descrevendo o que
já foi feito.
Uma apresentação organizada facilita o entendimento da sua linha de
raciocínio pelo leitor. Portanto, a maneira como você organiza a descrição
dos seus resultados precisa ser coerente. Você pode seguir a mesma
ordem descrita na seção de metodologia ou uma ordem de relevância, da
resposta mais para menos importante em relação às suas perguntas de
pesquisa ou hipóteses. Seguir a ordem apresentada na seção de
metodologia é muitas vezes mais fácil, pois, assim você garante que cada
método descrito possui resultados relevantes a serem apresentados. Caso
você opte por excluir os resultados de algum experimento, remova também
toda a descrição relacionada ao experimento da metodologia.
Algumas pesquisas geram muitos dados e nesses casos você precisa focar
somente naqueles mais relevantes. Caso você não tenha certeza quais
dados são os mais relevantes para sua pesquisa, releia seus objetivos e
perguntas iniciais para decidir quais precisam ser descritos com mais
detalhes. Independente dos resultados serem favoráveis ou
estatisticamente significantes, se seus achados forem relevantes para sua
pesquisa, eles deverão ser inclusos no trabalho. Os resultados observados
muitas vezes não são os esperados, mas se você conduziu seus
experimentos com qualidade, esses resultados podem gerar dados
importantes para sua área de pesquisa.
A inclusão de tabelas e figuras são importantes para ilustrar seus
resultados, auxiliando a visualização da informação descrita no texto pelo
leitor. Elas devem ser enumeradas consecutivamente, na mesma ordem em
que são mencionadas no texto. Capriche na produção destes itens
considerando a clareza e a facilidade visualizar as informações importantes
do seu trabalho.
A maioria dos leitores, principalmente de artigos científicos, apenas
examinam as tabelas e figuras sem ler o texto. Portanto, certifique-se de
que cada item tenha um título claro e descritivo o suficiente para ser
entendidas sem o auxílio do texto. Além disso, o texto deve complementar
as figuras e tabelas e não repetir e mesma informação. Descreva as
similaridades, diferenças, correlações e tendências implícitas nos
resultados. Compare os dados sem repetir os valores já reportados. Inclua

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

as informações sobre os testes estatísticos realizados, como os valores de


p ou intervalos de confiança e limites.
Fonte: Lorenna Machado. Como escrever os resultados e discussão do seu trabalho
acadêmico . Disponível em: http://proficienciaconsultoria.com.br/como-escrever-os-
resultados-e-discussao-do-seu-trabalho-academico/. Acesso em: 24 maio 2021.

A autora traz pontos sensíveis e de atenção que se deve ser


observado no momento de redigir o tópico resultados, quais sejam; a)
indicar os resultados obtidos no banco de dados, em razão de ser uma
pesquisa bibliográfica, que se julga significativo e complementar ao
entendimento da temática; b) estabelecer uma apresentação organizada,
pautada na linha de raciocínio e de modo coerente; e c) espaço para
registrar similaridades, diferenças, correlações, tendências, contradições e
contrariedades.
Os resultados, na pesquisa bibliográfica, devem refletir ou espelhar a
experts na seleção e formação do banco de dados. Para tanto, a
organização dos pontos relevantes e significativos será feito com base na
sequencialidade dos tópicos, ou seja, o objeto de estudo, a problemática, a
solução e a metodologia. Destacando-se como foram apresentados:
i) Contribuição da Engenharia Física na Identificação de “Balas
Perdidas”
Entender a contribuição da Engenharia Física a partir de seu rol de
habilidades e competências, bem como do perfil do profissional. O que
pode ser encontrado na descrição do curso da UNICAMP que diz:
O curso de Engenharia Física tem como principal diferencial uma formação
mais sólida e diferenciada em Física/Matemática, complementada com
noções imprescindíveis e generalizadas de engenharia, o que torna o
Engenheiro Físico um profissional multiespecialista com sólida formação
técnica e visão de gerenciamento e de mercado, capaz de atuar nas mais
variadas áreas de desenvolvimento e inovação tecnológica, tanto na
indústria quanto em centros de pesquisa.
Mantendo o perfil de engenheiro, mas com uma formação mais completa
em Física contemporânea, o Engenheiro Físico é preparado para lidar com
problemas tecnológicos de fronteira envolvendo geração de energia,
nanotecnologia, novos materiais e dispositivos, da mesma forma que ele
pode atuar no gerenciamento de uma linha de produção, na área de gestão
de pessoal ou no estudo de mercado.
Através do domínio de ferramentas básicas e, do conhecimento específico
adquirido nas áreas de Física avançada e atual, o Engenheiro Físico terá
plena capacidade em propor soluções para os mais diversos problemas
enfrentados pelos setores de produção e de desenvolvimento. Por outro

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 Engenharia Física – resolução de problemas 

lado, também estará preparado para levar em conta nas soluções desses
problemas técnicos.
Fonte: UNICAMP. Engenharia Física . Disponível em:
https://www.prg.unicamp.br/engenharia-fisica/. Acesso em: 24 maio 2021.

Com indica, a Engenharia Física sinaliza para um profissional


multiespecialista apto a desenvolver e inovar tecnologias e soluções com
uso e base na física contemporânea, com capacidade em propor soluções
para os diversos problemas, que a física pode contribuir. Neste sentido e
nesta visão ampla firmou-se o entendimento da contribuição do profissional
de Engenharia Física na questão da “bala perdida”.
No quesito “bala perdida”, Mariana Reade e Patrick Zeiger, explicam
que:
[...] O Brasil vive o drama das balas perdidas. Mas essas balas não foram
“perdidas”. Alguém atirou, e alguém determinou que assim fosse. O Brasil
de hoje tem em sua segurança pública o confronto como algo aceito e
estabelecido.
Segundo a ONG Rio de Paz, 57 crianças com idades entre 0 e 14 anos
foram mortas em decorrência de balas perdidas no Rio de Janeiro entre
2007 e 2019. Em geral são crianças pretas e pobres que vivem em favelas
e perdem suas vidas pelo caminho que traça uma bala perdida. Na atual
política de segurança pública brasileira, tiroteios acontecem em áreas de
grande concentração urbana, em ruas onde há escolas e parques infantis.
Como pode a “caça ao bandido” ter prioridade sobre a segurança de
crianças?

Rio de Janeiro – Mães e familiares de jovens negros mortos por policiais


protestam contra a violência com ativistas da Anistia Internacional em
frente à Igreja da Candelária (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Infelizmente, em 2020, a tragédia continua. Entre outras crianças, Anna
Carolina de Souza Neves (8) e João Pedro Mattos Pinto (14), foram mortos
dentro de suas casas. Não é preciso dizer o que mais eles têm em comum.

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Como pode acontecer que policiais militares –que representam o Estado–


persigam alguém com tiros no meio da cidade? É inadmissível que crianças
morram por balas perdidas, vítimas de confrontos de uma perseguição
policial que sobrepõe a captura de um “criminoso” frente à vida. A dor
dessas famílias é irreparável e o Estado não pode se mostrar indiferente,
sendo absurdo justificar como “dano colateral”. Que pessoa daria a vida de
um filho seu em troca da prisão de um suposto criminoso?
É nossa obrigação moral combater uma política de segurança que, na
prática, diferencia o valor da vida dependendo da classe social. Ou será
que a polícia militar entraria em confronto na frente das escolas mais caras
do Brasil? Será que danos colaterais envolvendo a morte de crianças
brancas também acontecem em bairros de classe alta? Importante lembrar
que a escravidão e a segregação racial foram mecanismos legais de
Estado. Precisamos combater as leis que deixam crianças pretas e pobres
vulneráveis a serem mortas como “danos colaterais” da política de
segurança pública atual. Afinal, quem aceita ouvir falar em danos colaterais
quando se trata de seu filho?
Será que séculos de escravidão e genocídio contra indígenas e
escravizados naturalizaram nosso olhar perante a violência? Séculos de
violência institucionalizada, sistemática e generalizada criaram dois Brasis:
1. O país da civilidade, educação e democracia.
2. O país dos territórios indígenas, das favelas e periferias, onde a lei não
vale muito e as forças de segurança não protegem o cidadão.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade (…)
Nada mais falso no Brasil atual. Nunca existiu fundamental igualdade
perante a lei. Qualquer pessoa que já tenha presenciado uma operação
policial em favela, ou abordagem policial em homens jovens, pobres e
pretos, está ciente desse discrepante modus operandi. É inaceitável que
moradores de favelas sejam tratados pelo Estado com tamanha violência, e
que tiroteios onde o poder público esteja envolvido ocorram perto de
escolas e residências de crianças. Já são décadas de uma política de
segurança pública de confronto que leva milhares de moradores de favelas
a sofrerem uma segregação não assumida e a grave desrespeito aos
Direitos Humanos. Em um Estado democrático de Direito, a favela não
pode ser vista como local onde a vida vale menos.
Fonte: Mariana Reade e Patrick Zeiger. Apartheid 2.0: O Brasil das ‘balas perdidas’ .
Disponível em: https://catracalivre.com.br/quem-inova/apartheid-2-0-o-brasil-das-
balas-perdidas/. Acesso em: 24 maio 2021.

As autoras revelam, não só o problema das “balas perdidas”, mas,


outras questões sociais e de igualdade jurídica que a está problemática
desperta no contexto social, exigindo uma resolução ou alternativa para o
problema.

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 Engenharia Física – resolução de problemas 

ii) Incompreensão da Balística Externa no Percurso Inverso do


Repouso à Saída da Boca do Cano da Arma
A incompreensão da balística externa no percurso inverso do
repouso à saída da boca do cano da arma, revela o problema, mas,
questionado pela inércia ou pacificidade que se atribui o desfecho da
questão de “balas perdidas”.
Francisco Augusto, discorre em texto sobre:
Causa mortis: bala perdida
Não existe bala perdida. Existe bala encontrada. Todo tiro sai de uma arma
ao encontro de um lugar ou pessoa. Ela não se perde no caminho, encontra
o alvo que tem relação indireta com o contexto do tiro. Pode ser um
patrimônio ou uma pessoa. A vítima pode não estar no cenário da troca de
tiros, mas transitava num ambiente violento, de guerra. Todos os dias,
somos devastados com notícias de dezenas de mortes por todo o país. A
frequência de mortes vítimas de balas perdidas é tão elevada, que passou
a ser informada no atestado de óbito. Causa mortis: bala perdida.
No estado do Rio de Janeiro, onde concentram-se e emanam para todo o
país grande parte dos problemas advindos do tráfico de drogas, matou-se
por bala perdida aproximadamente uma pessoa por dia. O cenário é tão
trágico, que crianças são atingidas antes mesmo de nascer. Claudinéia,
uma jovem carioca moradora de uma favela, estava em um mercadinho
quando policiais e traficantes trocaram tiros. Atingida na barriga, foi
submetida a uma cesariana de emergência. O tiro atravessou o quadril da
mãe e atingiu a criança perfurou os pulmões e provocou uma lesão na
coluna.
Fonte: Francisco Augusto. Causa mortis: bala perdida. Disponível em:
https://www.saibamais.jor.br/causa-mortis-bala-perdida/. Acesso em: 24 maio 2021.

O autor atribui, já no título, uma razão inexistente de causa mortis ,


ou seja, “morreu de bala perdida”, no qual tem sua contestação na
afirmativa que “Não existe bala perdida. Existe bala encontrada. Todo tiro
sai de uma arma ao encontro de um lugar ou pessoa”. Com base nesta
última afirmativa, em que “todo tiro sai de uma arma” e estabelece um
percurso em linha reta, salvo diante de um obstáculo, em que o projétil
encontra resistência e provoca o ricochete, mas, mantendo uma trajetória
de possível identificação a partir do ponto de repouso, corpo da vítima e
boca do cano ou da arma.
A incompreensão da balística externa no percurso inverso do
repouso à saída da boca do cano da arma, e a forma fragilizada e de
justificar a ocorrência, surge a expressão bala perdida como referência
àqueles que são atingidos por disparo de arma de fogo que se reputa

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

desconhecer a origem. Porém, a Engenharia Física e os estudos balísticos


indicam para probabilidade de identificar a origem ou ponto de origem do
disparo, nos casos de haver o ponto de repouso, a trajetória no corpo da
vítima, o projétil e demais condições indicar o ponto de origem ou boca da
arma.
Tem-se notícias que a balística e a perícia pode identificar o local ou
ponto de origem da bala perdida, é o que se infere da reportagem de
Marcus Sadok:
Nova perícia é feita para descobrir origem do tiro que matou menina de oito
anos
Reprodução simulada acontece na manhã desta quarta-feira (15)
ATUALIZAÇÃO: TIRO QUE MATOU MENINA ANA CAROLINA PODE TER
SAÍDO DE MATA NOS FUNDOS DA CASA DA FAMÍLIA, ACREDITA
POLÍCIA
Seis dias após a morte da menina Ana Carolina Souza Neves atingida por
uma bala perdida no sofá de casa, a Polícia Civil realiza uma nova perícia,
na manhã desta quarta-feira (15), para tentar identificar de onde partiu o
disparo que matou a criança. Apesar de não ser no mesmo horário que o
crime aconteceu, que foi por volta das 22 horas, os investigadores vão
tentam fazer uma reprodução simulada do caso. Eles explicaram que no
período diurno, a visibilidade é maior e pode ser mais fácil entender a
dinâmica do tiro.
Anna Carolina estava com a família no sofá de casa, em Belford Roxo, na
Baixada Fluminense. Ela foi a primeira criança vítima de bala perdida em
2020. De acordo com a Polícia Militar, tiros foram ouvidos no entorno da
comunidade Parque Esperança, na quinta-feira (9).
Os pais da criança contaram que quando olharam, ela estava caída no
chão. Anna Carolina foi atingida na cabeça e chegou a ser levada para um
hospital da região, mas não resistiu. O vigilante Wagner Neves, pai da
menina, conta que estava construindo um novo quarto e que ela havia
pedido para que fosse todo rosa.
De acordo com a Polícia Civil, traficantes costumam atirar contra viaturas
que passam pelo local. A PM informou que não havia operação no
momento. Cinco pessoas já foram atingidas por balas perdidas no Rio, em
2020. Destas, três morreram. O levantamento é da BandNews FM.
Fonte: Marcus Sadok. Nova perícia é feita para descobrir origem do tiro que matou
menina de oito anos . In. Rádio BandNews – 90.3 FM. Rio de Janeiro. Disponível
em: https://bandnewsfmrio.com.br/editorias-detalhes/nova-pericia-e-feita-para-
descobrir-origem-do. Acesso em: 25 maio 2021.

Observa-se que “nova perícia é feita para descobrir origem do tiro”, o


que confirma a incompreensão da balística externa, como um problema a
ser equacionado nestas questões.

42
 Engenharia Física – resolução de problemas 

iii) Compreensão da Balística Externa no Percurso Inverso do


Repouso à Saída da Boca do Cano da Arma
Na compreensão da balística externa no percurso inverso do repouso
à saída da boca do cano da arma é possível afirmar a direção e a distância
do tiro, como indica Robertha Nascimento Gondim:
A DISTÂNCIA DO TIRO
As características das lesões produzidas por armas de fogo dependem
sempre de dois fatores: a arma e a munição (cartucho).
Dentro da Balística dos Efeitos, o estudo da distância do tiro e dos seus
efeitos tem um destaque especial, pois através do estudo dos efeitos do
tiro, pesquisáveis juntos às lesões, pode-se estabelecer, em muitos casos,
a que distância foi disparado um determinado tiro. (TOCCHETTO, 2009)
Os tiros classificam em encostados, a curta distância e a distância, cada
um com suas particularidades. Nos tiros encostados as lesões se
apresentam com bordas irregulares, estreladas. Pode estar presente um
desenho na pele produzido pela queimadura da boca do cano e da alça de
mira da arma.
Nos tiros a curta distância as lesões se apresentam de forma arredondada
ou ovalar, bordas invertidas, zonas de contusão e enxugo aréola
equimótica, e ainda as zonas de queimadura, tatuagem e esfumaçamento.
Já nos tiros a distância a sua forma pode ser arredondada, ovalar ou
elíptica, as bordas da ferida apresentam irregulares ou invertidas e ainda
zonas de contusão, enxugo e aréola equimótica.
A DIREÇÃO DO TIRO
A direção do tiro em relação ao corpo da vítima será indicada por duas
ordens de elementos; as características do orifício de entrada e a direção
do trajeto da lesão.
Na perícia para determinação da direção do tiro também é necessária a
experimentação com a mesma arma e munição, tomando-se as mesmas
precauções ditas com relação à distância do tiro. Deve-se lembrar que a
inclinação do corpo mantida a mesma linha de visão da arma faz variar o
trajeto do projétil.
Fonte: Robertha Nascimento Gondim. Balística forense . Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/17376/balistica-forense. Acesso em: 25 maio 2021.

Observa-se que a distância ou a direção do tiro é possível sua


identificação com os elementos da cena do crime ou da reconstituição pela
perícia. O que afastaria a noção de “bala perdida” e sinaliza para novas
investigações ou descobertas.
No reforço do entendimento, destaca-se Otaviano de Almeida Júnior,
em sua obra, “ Um estudo sobre o movimento dos projéteis balísticos e sua
trajetória ”, indica que:
1.8 A trajetória e seus elementos

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

No estudo da balística, trajetória é considerada a curva descrita pelo


projétil em seu deslocamento no espaço, desde a origem 𝑃0 (0,0) até o
ponto de queda 𝑃 f (𝑥 f ,0).
Referidos ao plano vertical, determinado pelos eixos ortogonais13 0X e 0Y,
os elementos da trajetória, considerados em nosso estudo, são os
seguintes:
a) Origem P 0 (x 0 , y 0 ) = (0, 0): é o ponto em que o projétil deixa o cano da
arma e inicia seu deslocamento no espaço.
b) Velocidade inicial (v 0 ): é a velocidade do projétil no início de sua
trajetória.
c) Plano horizontal: é o plano que passa pela origem.
d) Linha de tiro: é a linha determinada pelo prolongamento do eixo do cano
da arma.
e) Linha de projeção (𝑥𝑡𝑎𝑛α): é a reta tangente à trajetória na origem;
coincide com a linha de tiro, no momento do disparo.
f) Alcance máximo (X𝑚á𝑥): é a distância horizontal compreendida entre a
origem e o ponto de queda.
g) Altura máxima (Y𝑚á𝑥): é o ponto mais alto ou vértice da trajetória
(ordenada máxima); divide a trajetória em dois ramos, ascendente e
descendente.
h) Ponto de queda P f (X𝑚á𝑥,0): é o ponto em que o projétil retorna ao
plano horizontal do qual foi lançado.
i) Ângulo de projeção ou de tiro (α = θ 0 ): é o ângulo agudo que a reta
tangente à trajetória, na origem, faz com o plano horizontal.
j) Inclinação da trajetória em um ponto genérico : é o
ângulo agudo (θi) formado pela reta tangente à trajetória, no ponto
considerado, e o plano horizontal que contém esse ponto.
k) Ângulo de queda (β = θ f ): é o ângulo agudo que a reta tangente à
trajetória, no ponto de queda, faz com o plano horizontal.
l) Duração da trajetória : é o tempo empregado pelo projétil no
seu deslocamento da origem ao ponto de queda.
Fonte: Otaviano de Almeida Júnior. Um estudo sobre o movimento dos projéteis
balísticos e sua trajetória . São Paulo: Blucher, 2017. Disponível em:
https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fopenaccess.blucher.com.br
%2Fdownload-pdf
%2F349&psig=AOvVaw0HYtk4xPaCMScPrsoNsN4I&ust=1622814128854000&sourc
e=images&cd=vfe&ved=0CA0QjhxqFwoTCJis962--_ACFQAAAAAdAAAAABAJ.
Acesso em: 3 jun. 2021.

Demonstra o autor, que é possível estabelecer a trajetória do projétil


e seus elementos, a partir de dados e fórmulas matemáticas, em
combinação com os elementos da física contemporânea.
Ainda na comprovação de uma compreensão plena da temática,
Gabriel Ferreira de Oliveira, destaca que:
A Mecânica é o ramo da Física responsável pelo estudo dos movimentos
dos corpos, bem como suas evoluções temporais e as equações
44
 Engenharia Física – resolução de problemas 

matemáticas que os determinam. É um estudo de extrema importância, com


inúmeras aplicações cotidianas. Um dos ramos da mecânica é a Mecânica
Clássica. Ela é dividida em Cinemática e Dinâmica. Essa é o estudo das
forças, agente responsável pelo movimento.
As leis de Newton são a base de estudo da Dinâmica. Aquela é o estudo
matemático dos movimentos. As causas que os originam não são
analisadas, somente suas classificações e comparações são feitas. O
movimento uniforme, movimento uniformemente variado e movimento
circular são temas de Cinemática.
A Balística Forense é uma parte da Física/Química aplicada à
Criminalística que estuda as armas de fogo, sua munição e os efeitos dos
disparos (trajetória e os meios que atravessam) por elas produzidos,
sempre que tiverem uma relação direta ou indireta com infrações penais,
visando esclarecer e provar sua ocorrência. Pode ser dividida em balística
interna, externa e de ferimentos, onde cada uma possui seu referencial de
estudo.
Apesar de conteúdo técnico, a balística tem finalidade jurídica penal, valor
probatório e pode causar a condenação ou absolvição do réu. Eraldo
Rabelo em seu livro balística Forense 2° edição editora Sulina - conceitua
balística forense como sendo:
A parte do conhecimento criminalístico e médico-legal que tem por objeto
especial o estudo das armas de fogo, da munição e dos fenômenos e feitos
próprios dos tiros desta arma, no que tiverem de útil ao esclarecimento à
prova de questões de fato, no interesse da justiça penal e civil.
Fonte: Gabriel Ferreira de Oliveira. Uso da Balística Forense na Elucidação de
Crimes . Acta de Ciências e Saúde. Número 5. Volume 2. Ano 2016. Disponível em:
https://www2.ls.edu.br/actacs/index.php/ACTA/article/download/143/133. Acesso
em: 25 maio 2021.

O autor reafirma que a balística é parte da física e, por


consequência, pertence a Engenharia Física o envolvimento da resolução
da problemática da “bala perdida”, em especial, a trajetória, os efeitos, a
identificação da distância e da origem do disparo.
Ainda na confirmação que a perícia forense resolve a problemática
da “bala perdida”, se confirma no seguinte texto:
Perícia pode apontar trajetória da bala que atingiu apartamento
Uma perícia do Instituto de Criminalística (IC) deverá indicar o local de
onde partiu a bala que atingiu a vidraça e a porta de um apartamento no
bairro do Rosarinho, na madrugada desta sexta-feira. Moradores do
Edifício Sítio do Rosarinho, na Avenida Santos Dumont, acordaram
assustados com um barulho por volta da 1h. A moradora do apartamento
atingido, no quarto andar, chegou a levantar durante a madrugada, mas só
percebeu o que havia acontecido pela manhã.
O projétil foi encontrado no meio da sala e estilhaços do vidro quebrado
estavam pelo chão do imóvel. O caso foi registrado na Delegacia de Água
Fria, mas a dona do apartamento ainda irá à Delegacia do Espinheiro, para

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

fazer a solicitação do laudo pericial. Essa foi a segunda vez que uma bala
perdida atingiu o prédio em menos de sete meses.

Vidraça do imóvel foi danificada. Foto: WhatsApp/Divulgação


De acordo com o síndico do edifício, Ewerton Gayo, no primeiro caso, um
carro que estava na garagem do edifício teve o para-brisa quebrado. “Da
primeira vez que isso aconteceu, uma bala acertou a parede da garagem e
depois atingiu o carro de um morador. Isso faz uns sete meses. Registrei
um boletim de ocorrência, mas nunca tive retorno nenhum da polícia”,
contou Ewerton. No episódio dessa madrugada, a moradora estava sozinha
em casa. “Somente pela manhã ela percebeu o que havia acontecido de
fato. O caso também já foi registrado na Polícia Civil e vamos esperar que
as investigações digam alguma coisa. Uma perícia pode identificar a
trajetória da bala”, comentou o síndico do edifício.
Caso Lara
No dia 24 de junho de 2003, a menina Lara de Menezes Albert, 7 anos, foi
atingida na cabeça por uma bala perdida quando estava dentro do
apartamento onde morava com a família no bairro de Boa Viagem, na Zona
Sul da cidade. No primeiro momento da investigação, o caso era um
mistério para a polícia que não sabia de onde teria partido o tiro que feriu a
garota. Somente após uma perícia realizada pelos profissionais do Instituto
de Criminalística (IC) de Pernambuco ficou concluído que o disparo que
atingiu Lara teria partido de um apartamento de um prédio próximo ao dela.

Garota de sete anos foi baleada em Boa Viagem. Foto: Teresa Maia/DP/D.A Press
Com base na trajetória da bala e a posição onde a criança estava, os
peritos não tiveram dúvidas de que o tiro foi disparado de um prédio a 100

46
 Engenharia Física – resolução de problemas 

metros. O resultado foi entregue ao delegado responsável pela


investigação, que solicitou um mandado de busca e apreensão no
apartamento apontado pela perícia. Uma pistola foi encontrada no
apartamento onde morava um tenente da Polícia Militar. Ele negou para a
polícia que tivesse feito o disparo, no entanto, a comparação balística
apontou que o projétil que atingiu a vítima saiu da arma do tenente. O
inquérito foi concluído e o autor indiciado.
Fonte: Wagner Oliveira. Perícia pode apontar trajetória da bala que atingiu
apartamento . Disponível em:
https://blogs.diariodepernambuco.com.br/segurancapublica/?p=10944. Acesso em:
25 maio 2021.

O texto confirma que a perícia pode apontar trajetória da bala e, por


consequência, eliminar a falsa noção de “bala perdida”, a partir de
concepções técnicas científicas.
Ainda, pode-se verificar a distância e o cálculo do ponto de origem,
evidente que, com auxílio tecnológico tem a precisão necessária.
Por fim, destaca-se que para confirmar a possibilidade da medição
da distância tem-se a explicação:
Si se dispara en dirección mía un arma que tiene un alcance de 1.000
metros, y estoy parado a 1.001 metros del arma, ¿puedo ver la bala caer
frente a mí?
La física nos dice que cualquier objeto arrojado en linea horizontal recorre
una trayectoria casi parabólica, con velocidad inicial paralela al suelo. Por
otro lado, existe la gravedad que agrega una componente vertical de
velocidad, de caracter lineal (aumenta proporcionalmente con el tiempo).
El asunto es el siguiente: La mayoría de las armas de fuego proporcionan a
la munición, una velocidad (" V ") superior a la del sonido (por ello, el
estruendo que hacen). A su vez, el proyectil está perfilado
aerodinámicamente para no verse afectado por la fricción del aire. Cuando
uno compra un arma y su respectiva munición, la distancia que dice poder
recorrer, es una aproximación.
¿Cual es el criterio de dicha aproximación? Simple: "Digamosle a la gente
aquella distancia que la bala es capaz de recorrer, sin descender mas de
(" D ") metros de tolerancia respecto de aquella trayectoria totalmente
rectilinea que nosotros consideramos ideal". A dicho concepto se lo llama
"Alcance" (" R ").

Tomemos como ejemplo a uno de mis subfusiles preferidos: "Steyr AUG -


Wikipedia". Uno puede ver que la velocidad máxima de dicha arma es de

47
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

"V=970m/s". Se la considera máxima porque la bala comienza a perder


velocidad a partir de que deja al cañon, por la viscosidad del aire y las
variaciones de presión y temperatura del entorno.
Ahora bien: supongamos que un hombre ensaya dicha arma, queriendo
medir el alcance (" R ") que tiene una bala, tomando como referencia una
tolerancia de "D=2cm=0,02m" de caida máxima respecto de la altura del
disparo.
No voy a explicar como se resuelve matemáticamente el problema. Sin
embargo, se puede llegar a la siguiente expresión que define como calcular
al alcance " R " en función a la velocidad de disparo "V", la tolerancia "D" y
la aceleración de la gravedad "g=9,8m/seg2":
R=V2D/g−−−−−√
Reemplazando por los datos mencionados:
R=9702×0,02m/9,8m/seg2−−−−−−−−−−−−−−−−−−√=62m aprox.
Los valores de tolerancia de descenso son estandares de medición para
cada empresa de manufactura de armamento, y depende del tipo de arma
del que estemos hablando: probablemente, para una escopeta de cañon
recortado, dicha tolerancia sería mucho mayor que para un rifle de
precisión.
Pero creo que esto deja en claro que, con respecto a tu pregunta: si te
posicionas 1 metro mas allá del alcance especificado por el fabricante del
arma, la bala te golpeará igual, solo que es probable que sea alrededor de
"D" centímetros por debajo de la mira.
Digo "probable" porque generalmente, el proceso de medición de
parámetros de un arma es una tarea sumamente rigurosa, que precisa de
analizarla en varias situaciones distintas (de temperatura, presión, altura,
concentraciones química del aire, etc). Por ende, se realizan dichas
mediciones cientas de veces, y se calculan promedios. Esto es necesario
ya que la bala a traves de su trayectoria, se encuentra con fenómenos de
carácter totalmente aleatorio y estocástico, lo que hace que ningún disparo
sea exactamente igual a otro.
Fonte: Frank Girona. Si se dispara en dirección mía un arma que tiene un alcance
de 1.000 metros, y estoy parado a 1.001 metros del arma, ¿puedo ver la bala caer
frente a mí? Disponível em: https://es.quora.com/Si-se-dispara-en-direcci%C3%B3n-
m%C3%ADa-un-arma-que-tiene-un-alcance-de-1-000-metros-y-estoy-parado-a-1-
001-metros-del-arma-puedo-ver-la-bala-caer-frente-a-m%C3%AD. Acesso em: 2 jun.
2021.

Tradução livre:
Se uma arma com um alcance de 1.000 metros for disparada na minha
direção e eu estiver a 1.001 metros da arma, posso ver a bala pousar na
minha frente?
A física nos diz que qualquer objeto lançado em uma linha horizontal
percorre um caminho quase parabólico, com uma velocidade inicial paralela
ao solo. Por outro lado, existe a gravidade que adiciona um componente
vertical da velocidade, de natureza linear (aumenta proporcionalmente com
o tempo).

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 Engenharia Física – resolução de problemas 

O problema é o seguinte: a maioria das armas de fogo fornece munição


com uma velocidade ("V") maior do que a do som (daí o barulho que
fazem). Por sua vez, o projétil é perfilado aerodinamicamente para não ser
afetado pelo atrito do ar. Quando alguém compra uma arma e sua
respectiva munição, a distância que ela afirma poder viajar é uma
aproximação.
Qual é o critério para esta aproximação? Simples: "Vamos dizer às pessoas
a distância que a bala consegue percorrer, sem descer mais que ("D")
metros de tolerância com relação a essa trajetória totalmente retilínea que
consideramos ideal." Este conceito é denominado "Escopo" ("R").

Vamos pegar uma das minhas submetralhadoras favoritas como exemplo:


"Steyr AUG - Wikipedia". Percebe-se que a velocidade máxima dessa arma
é "V = 970m / s". É considerada máxima porque a bala começa a perder
velocidade assim que sai do cano, devido à viscosidade do ar e às
variações de pressão e temperatura do ambiente.
Agora, suponha que um homem teste a dita arma, querendo medir o
alcance ("R") que uma bala possui, tomando como referência uma
tolerância de "D = 2cm = 0,02m" de queda máxima em relação à altura da
tomada.
Não vou explicar como o problema é resolvido matematicamente. Porém, é
possível chegar à seguinte expressão que define como calcular o alcance
"R" com base na velocidade de tiro "V", na tolerância "D" e na aceleração
da gravidade "g = 9,8m / seg2":
R = V2D / g −−−−− √
Substituindo pelos dados mencionados:
R = 9702 × 0,02m / 9,8m / s2 −−−−−−−−−−−−−−−−−−−− √ = 62m aprox.
Os valores de tolerância de queda são padrões de medida para cada
empresa fabricante de armas e dependem do tipo de arma de que estamos
falando: provavelmente, para uma espingarda serrada, essa tolerância
seria muito maior do que para um rifle de precisão.
Mas acho que isso deixa claro que, em relação à sua pergunta: se você se
posicionar 1 metro além da faixa especificada pelo fabricante da arma, a
bala irá atingi-lo da mesma forma, só que é provável que seja em torno de
"D" centímetros por abaixo visão.
Digo "provável" porque geralmente o processo de medir os parâmetros de
uma arma é uma tarefa extremamente rigorosa, que exige analisá-la em
diversas situações (temperatura, pressão, altura, concentrações químicas
do ar, etc.). Portanto, essas medições são feitas centenas de vezes, e as
médias são calculadas. Isso é necessário porque o projétil, ao longo de sua
trajetória, encontra fenômenos totalmente aleatórios e estocásticos, o que
significa que nenhum tiro é igual ao outro.

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Fonte: Frank Girona. Si se dispara en dirección mía un arma que tiene un alcance
de 1.000 metros, y estoy parado a 1.001 metros del arma, ¿puedo ver la bala caer
frente a mí? Disponível em: https://es.quora.com/Si-se-dispara-en-direcci%C3%B3n-
m%C3%ADa-un-arma-que-tiene-un-alcance-de-1-000-metros-y-estoy-parado-a-1-
001-metros-del-arma-puedo-ver-la-bala-caer-frente-a-m%C3%AD. Acesso em: 2 jun.
2021.

O que deve ser considerado, a trajetória real do percurso do projétil,


mas, nada que se pode atribuir como fenômeno de “bala perdida”, mas, ao
contrário, firma-se a compreensão da “bala achada”. Porém, as vezes o
interesse é descobrir a autoria do disparo. Mas, tendo um ponto de origem,
já se tem um rumo investigativo.
Por fim, passa a registrar os conceitos e definições de balística
forense:
Balística Forense – Conceitos e Definições
Arma: é todo objeto que pode aumentar a capacidade de ataque ou defesa
do homem. Podem ser próprias ou impróprias. As armas próprias são
aquelas feitas pelo homem com a finalidade de serem usadas como armas
(pistola, fuzil, revolver etc.). As armas impróprias são aquelas que
eventualmente podem ser usadas por um indivíduo para matar ou ferir seu
semelhante (martelo, machado, foice, etc.).
Balística: é uma parte da Física Aplicada que estuda os projéteis (sua
trajetória, os meios que atravessam etc.) e as armas de fogo.
Portando, a balística é uma ciência forense composta de diversos métodos
de análise e identificação criminalística, dentre eles encontramos a
balística que em sua primeira definição é a parte da física (mecânica), que
estuda o movimento dos projéteis (considera-se como projétil todo corpo
que se desloca livre no espaço em virtude de um impulso recebido),
justificada plenamente como uma disciplina autônoma em seus métodos de
pesquisa e aplicação criminalística. Assim sendo, podemos dizer que a
balística é a ciência da velocidade dos projéteis.
Balística forense: é uma disciplina, integrante da criminalística, que estuda
as armas de fogo, sua munição e os efeitos dos tiros por elas produzidos,
sempre que tiverem uma relação direta ou indireta com infrações penais,
visando esclarecer e provar sua ocorrência.
Balística forense é universalmente utilizada para a análise e a identificação
das armas de fogo, dos projéteis e dos explosivos, em particular para a
criminalística a balística é importante no conhecimento e reconhecimento
das armas de fogo; dos projéteis e dos cartuchos vazios; dos explosivos,
formadores da munição; do confronto do projétil com a arma que efetuou o
disparo.
Armas de fogo: são instrumentos que utilizam a grande quantidade de
gases produzidos pela queima instantânea de uma carga, constituída por
um combustível seco (pólvora ou sucedâneo) como forma de propulsão dos
projéteis. Esta queima somente ocorre na presença de “chama viva” (que
era como se detonavam as armas de fogo antigas: canhões, bombardas,

50
 Engenharia Física – resolução de problemas 

arcabuzes, bacamartes, garruchas etc., com o auxílio de um pavio acesso).


Daí a necessidade de existir nos cartuchos uma segunda mistura
combustível, capaz de se acender (inflamar) quando golpeada. Esta forma
parte da espoleta ou escorva.
Divisão da balística: Segundo os estudos que são submetidos à balística
forense, esta pode ser dividida em: balística interna, balística externa e
balística dos efeitos.

a) Balística interna: conhecida também como balística interior, é a parte da


balística que estuda a estrutura, mecanismos e funcionamento das armas
de fogo, o tipo de metal usado na sua fabricação bem como, a sua
resistência às pressões desenvolvidas na ocasião do tiro.
As armas de fogo são criteriosamente analisadas nesse ramo da balística
forense, assim sendo, além do estudo do funcionamento das armas, da sua
estrutura e mecanismos, este ramo da balística descreve até mesmo as
técnicas do tiro.
b) Balística externa: conhecida também como balística exterior, estuda a
trajetória do projétil, desde a saída da boca do cano da arma até a sua
parada final (repouso).
A balística exterior analisa as condições do movimento, velocidade inicial
do projétil, sua forma, massa, superfície, resistência do ar, a ação da
gravidade e os seus movimentos intrínsecos.
c) Balística dos efeitos: conhecida também como balística terminal ou
balística do ferimento, estuda os efeitos gerados pelo projétil desde que
abandona a boca do cano até atingir o alvo.
Portanto, essa divisão da balística forense busca analisar e descrever os
efeitos causados pelos disparos com armas de fogo. Dentre seus objetos
de análise estão os impactos dos projeteis, os ricochetes desse durante
sua trajetória, as lesões e danos sofridos pelos corpos atingidos. Visando a
partir de métodos científicos identificar os efeitos causados pela arma que
efetuou os disparos para que através dela haja uma futura identificação do
criminoso e sua detenção.
Fonte: Protecta. Glossário Protecta . Apud. Domingos Tochetto Tratado de Perícias
Criminalísticas . Porto Alegre: Sagra – DC Luzzatto, s/d. Disponível em:
https://www.protecta.net.br/news/balistica-forense/. Acesso em: 30 jun.2021.

Estes conceitos ajudam a compreender outros elementos e


fenômenos que possam ocorrer durante a perícia ou diante do caso
concreto, por exemplo, na ocorrência de um impacto do projétil por
ricochete. E outras variáveis.
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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

iv) Metodologia
No tópico de metodologia, a primeira preocupação foi a compreensão
do conceito de metodologia, seu sentido, sua função como ferramenta de
produção de ciência. O acervo sobre metodologia, metodologia científica,
metodologia de produção de texto etc. apresentou-se de forma satisfatória
o quantitativo.
Em relação a pesquisa bibliográfica, a Universidade Estadual de
Goiás, traz um roteiro preciso e objetivo que é:
O que é Pesquisa Bibliográfica
A primeira pergunta que nos vem à cabeça quando temos que elaborar um
trabalho científico é: o que temos que fazer" Ou mesmo: o que vem em 1°
lugar" Para se adentrar a este mundo científico tão diferente, mas muito
fascinante, temos que ter em mente qual a finalidade desse estudo, para
daí partimos para a nossa grande aventura que é a descoberta desse novo
mundo em nossas vidas. O assunto ou tema que vamos estudar é a linha
mestra para a pesquisa que iremos desenvolver. A primeira coisa que
necessitamos fazer é a Pesquisa Bibliográfica ou Levantamento
Bibliográfico.
A Pesquisa Bibliográfica compreende o levantamento de toda a bibliografia
já publicada em forma de livros, periódicos (revistas), teses, anais de
congressos, indexados em bases de dados em formato on-line ou cd-rom.
Sua finalidade é proporcionar ao aluno ou ao pesquisador o acesso à
literatura produzida sobre determinado assunto, servindo de apoio para o
desenvolvimento de trabalhos científicos e análise das pesquisas.
Para a elaboração de uma pesquisa bibliográfica é necessário seguir os
seguintes passos:
1) Escolha do assunto;
2) Identificação;
3) Localização;
4) Compilação;
5) Leitura.
Sugerimos um roteiro para a elaboração de uma Pesquisa Bibliográfica:
a) Determinar, precisamente, o assunto ou tema a ser estudado;
b) Traduzir o assunto para a linguagem de indexação: palavras-chaves,
unitermos ou descritores, cujo objetivo é formular a estratégia de busca
para o levantamento bibliográfico. Em geral, as bibliotecas possuem listas
de termos pré-definidos para a utilização das bases de dados (vocabulários
controlados, catálogos de assuntos e outros).
c) Conhecer os recursos disponíveis na (s) biblioteca (s) onde se efetuará a
pesquisa;
d) Delimitar o período que a pesquisa deverá abranger;
e) Selecionar, a partir do levantamento bibliográfico, o material a ser
pesquisado.

52
 Engenharia Física – resolução de problemas 

f) Consultar bibliografia apresentada em cada documento pesquisado,


artigos de periódicos científicos, teses, capítulos de livros, etc.
g) Evitar restringir o conteúdo das pesquisas aos resumos apresentados
pelas obras de referência ou artigos científicos. Sempre que possível,
chegar ao trabalho original;
h) Utilizar, para solicitar documentos em bibliotecas de outros estados ou
países, o serviço de comutação bibliográfica online COMUT, disponível nas
bibliotecas de Instituições de pesquisa locais. Essa prática pode agilizar o
recebimento do material solicitado e proporcionar um menor custo para o
aluno/pesquisador;
i) Reunir todo o material consultado subdividindo-o por assuntos
específicos e dentro de cada assunto, ordenar cronologicamente. Isso vai
facilitar o trabalho de revisão da literatura, encadeando melhor a sequência
expositiva.
Fonte: Universidade Estadual de Goiás. O que é Pesquisa Bibliográfica . Disponível
em: http://www.ueg.br/noticia/36347_o_que_e_pesquisa_bibliografica. Acesso em:
25 maio 2021.

A roteirização ou passo a passo, integra o trabalho científico que


exige a consciência que conduz ao condicionamento metódico do trabalho,
e a busca do aperfeiçoamento e do detalhamento.
Sem olvidar a pesquisa documental e legislativa, que compôs o
acervo do banco de dados, de modo especial, a percepção de laudos,
pareceres e pericias forenses, que contribuíram no entendimento e na
atividade do profissional de Engenharia Física.
O site da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, revela
em seu banner três situações, que se reflete na questão da “bala perdida”:
1) crime sem prova e sem perícia: incompetência; 2) crime sem prova e
sem perícia: impunidade; e 3) crime com prova e com perícia: verdade. Ao
que indica, “bala perdida”, nesta visão é incompetência ou impunidade.
Questão que pode ser revertida com a “verdade”. Print da página da APCF:

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

O reforço da mensagem que a “verdade” está com a prova e com a


prova pericial ou prova técnica.
Desta forma, os resultados obtidos no banco de dados, formativo da
pesquisa, cuja base e subsídio permitirá a discussão, e por consequência
responder ao problema de pesquisa e
Assim, os resultados obtidos na pesquisa bibliográfica permitiram a
formação de um banco de dados cuja somatória propiciou a resolução do
problema proposto, na pesquisa, indicando a possibilidade da atuação do
profissional de Engenharia Física, em equipe multidisciplinar de perícia
forense ou criminalística forense, com conhecimento da área, contribuir na
solução da questão da “bala perdida”, com a visão técnica, no qual parte do
ponto de repouso, recuperando e sinalizando para o percurso balístico feito
em sentido contrário ou inverso, no qual tem-se a “bala achada”, o percurso
no corpo da vítima, estabelecendo um provável percurso ao ponto de
origem do disparo ou da boca da arma. O que confirmou o entendimento
pelo objeto de estudo, na contribuição da Engenharia Física na
identificação de “balas perdidas”. Encontrando a superação da
incompreensão da balística externa no percurso inverso do repouso à saída
da boca do cano da arma. O que culminou na compreensão da balística
externa no percurso inverso do repouso à saída da boca do cano da arma.
O que perfaz pela metodologia a possibilidade de encontrar resultados
significativos, tanto ao problema, como ao próprio objetivo estabelecido.
Apresentados os principais resultados obtidos no banco de dados,
passa para a discussão.

7 Discussão
O tópico da discussão compreende no momento em que o
pesquisador se interagem com a pesquisa, com os dados, com os
resultados e formula o entendimento encontrado na pesquisa, evidenciando
os elementos encontrados e deles promovendo o diálogo, já não na forma
de comentários, mas, firmando uma posição teórica, argumentativa e,
sobretudo, critica.
Desta feita, tem-se na discussão como sendo:
A discussão é a parte do artigo que se depara com o desafio de manter o
equilíbrio entre erudição e concisão. É importante apresentar ao leitor as
implicações dos resultados obtidos, e, ao mesmo tempo, não desviar
54
 Engenharia Física – resolução de problemas 

significativamente dos achados objetivos. Em outras palavras, algum nível


de especulação sobre o potencial dos achados é esperado, sem, no
entanto, permitir que as asas da imaginação conduzam o texto para o
etéreo domínio do devaneio, sem fundamento em dados obtidos no estudo
em discussão. Tendo em mente as dificuldades acima expostas, serão
feitas algumas sugestões orientadoras sobre como escrever uma
discussão.
Inicialmente, seria oportuno logo no começo do texto colocar, de maneira
objetiva e sucinta, um resumo dos resultados. Por exemplo, "Os dados
obtidos no presente estudo demonstram que o tratamento X mostrou ser
positivo para o tratamento da doença Y. Os efeitos positivos observados
foram consistentes e se mantiveram inalterados frente a diferentes
procedimentos de controle, tais como X, Y e Z.". Logo após essa pequena
revisão da seção de resultados, é importante apontar as potenciais
implicações do estudo, como "o conjunto de achados indicam que, nas
circunstâncias e limitações definidas no presente estudo, o tratamento X
tem o potencial de beneficiar os pacientes portadores da doença Y, sem
apresentar alguns dos efeitos adversos (ou menor custo, ou em menor
tempo, etc.) dos tratamentos convencionais".
Em seguida, seria oportuno comparar os resultados obtidos com a literatura
e expor, ao mesmo tempo, os estudos concordantes e discordantes. Caso
existam estudos que divirjam dos resultados obtidos, seria oportuna a
apresentação das possíveis razões da divergência, tais como, diferentes
protocolos, regimes de tratamento, métodos de avaliação, entre outros.
Não é justo nem mesmo eticamente justificável ignorar deliberadamente os
estudos divergentes. Não se deve deixar de tornar evidente ao leitor em
que medida os resultados do estudo contribuem para o tema. Em outras
palavras, os autores estão em uma posição privilegiada para dizer o que há
de novo no estudo e não devem se furtar a apontá-los.
Após comparar os resultados obtidos em relação aos já existentes, seria
interessante fornecer as bases biológicas que conferem plausibilidade aos
dados obtidos. Nesse ponto, é importante incluir as medidas feitas no
próprio estudo, realizadas com o intuito de determinar as bases
mecanísticas dos efeitos observados e, também, referenciar a literatura
existente que comprovam os mecanismos apontados como responsáveis
pelos efeitos observados. Essa parte da discussão poderia soar como "os
efeitos observados são compatíveis com um aumento da condutância do
canal de sódio, mediada pelo aumento da expressão da proteína Z. As
medidas de expressão gênica do gene que controla a expressão da
proteína Z (Figura XX) corroboram esta hipótese. Em estudo realizado em
roedores, Fulano et al. (referência) demonstraram efeitos similares". Essa
parte da discussão - a explicação dos mecanismos responsáveis pelos
efeitos observados - é uma das mais suscetíveis a declarações
hiperbólicas, ou seja, argumentos que, embora plausíveis, não encontram
suporte nos resultados obtidos. Portanto, caro leitor, cuidado nessa parte!
É também importante na discussão expressar de maneira clara as
limitações do estudo. Por exemplo, não se pode furtar da discussão os

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

pontos fracos do estudo, tais como tamanho da amostra, falta de medidas


complementares que ajudariam a comprovar as hipóteses testadas,
inconsistências com estudos anteriores, e outros pontos que mereçam
comentários. Um reconhecimento objetivo dos pontos fracos não prejudica
a aceitação do estudo e, pelo contrário, demonstra o conhecimento que o
grupo executante tem do assunto e sua seriedade. Portanto, nada de tentar
ignorar as fragilidades. Os revisores do estudo são, via de regra,
especialistas no tema e irão apontar as deficiências do trabalho sob seu
julgamento.
Finalmente, uma maneira elegante de finalizar a discussão é apresentar de
modo resumido as conclusões que se possibilita fazer em face dos
resultados obtidos, como "Em resumo, os resultados obtidos suportam o
conceito de que o tratamento X tem efeitos positivos sobre a doença Y,
indicando ser esta abordagem uma alternativa adicional para o manejo dos
pacientes. Caso sejam confirmados, o tratamento empregado neste estudo
abre novas perspectivas terapêuticas para o controle de uma condição de
extrema importância em termos de saúde pública".
Fonte: Paulo Saldiva. Discussão . Editorial • Rev. Assoc. Med. Bras. 58 (5) • Out
2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ramb/a/fqq56kGQhrj6vLSJKjbBKgq/?
lang=pt. Acesso em: 1 jun. 2021.

Das recomendações do autor, acima, pode se inferir que na


discussão a exposição e o diálogo com os resultados são essenciais,
porém, recomenda-se que faça um resgate de como formulou ou
compreendeu o objeto de estudo, em sua totalidade, a formulação do
problema, de modo específico e detalhado, vez que se permite visualizar
outros problemas em relação ao objeto de estudo. E enfatizar a solução,
indicando sua adequação. Ressaltar também a contribuição da escolha
metodológica.
Ainda, como autor recomenda, na discussão reconhecer e indicar os
pontos fracos ou que precisam aprofundamento, ou mesmo sugestões de
encaminhamento.
Firmando-se que na discussão tem-se a maturidade literal da
pesquisa, a visão crítica e revisionista de cada tópico, com fins de
preparação para as conclusões. É no tópico da discussão que se tem o
coroamento da própria pesquisa.
Com estas orientações, passa a recuperar os pontos abaixo:
i) Contribuição da Engenharia Física na Identificação de “Balas
Perdidas”

56
 Engenharia Física – resolução de problemas 

A Engenharia Física surge no cenário das Engenharias, para


preencher uma lacuna nas soluções de problemas, cujo domínio e a
necessidade de conhecimento da física seja condição imperativa para a
resolução da problemática. E a questão da identificação de “balas
perdidas”, se apresenta como uma lacuna, sem este conhecimento
específico da física, no conjunto e atuação da perícia forense criminal.
Ainda que a expressão “bala perdida” seja popularizada e conhecida,
no campo científico tem seu estranhamento e crítica, pois, não existe, de
forma literal, a “bala perdida”, tem-se a bala achada e o grau de dificuldade
ou complexidade para identificar o ponto de origem do disparo. A “bala
perdida” poderia ser vista como “bala sem rumo”, ou tiro a esmo, sem
direção ou pontaria. Mas, a ação, ainda que se tenha resultado distinto da
vontade de quem praticou a ação, incide responsabilidade jurídica, seja ela
civil, de reparação aos danos, seja penal, administrativa e outras.
Destaca-se que a perícia forense criminal, objetiva a indicação da
dinâmica do crime ou ato delituoso, bem como a materialidade e,
sobretudo, a autoria. No entanto, tem-se a perícia como um todo, sendo
que a Engenharia Física participa dentro de suas habilidades e
competências. Razão que a identificação da origem ou rumo, permite, de
forma genérica, saber se o disparo foi do lado “A” ou do lado “B” do tiroteio,
ou rumo de onde partiu o tiro. Ou concluir que a bala veio, na angularização
superior, ou de cima (céu), no caso de tiro para o alto. Mas, com um
direcionamento de origem, de uma distância possível, a partir da
compreensão de dois ou mais pontos, combinado com o percurso ou
trajetória no corpo da vítima.
Estabelecendo que para a discussão sobre “balas perdidas”, o
profissional de Engenharia Física pode e tem habilidades e competências,
por meio de seu conhecimento e aprimoramento em técnicas, sugerir e
encaminhar proposituras de soluções, entre elas, a ideia de percurso
reverso da trajetória da bala percorrida, considerando três pontos de
trajetória, ou seja, da bala em repouso (1), da saída do corpo da vítima (2),
do percurso no corpo da vítima (3) e, a saída do corpo da vítima (4). Com
estes quatro pontos, somando o conhecimento do projétil, sua capacidade e
distancia provável percorrida, teria o quinto ponto que é a boca da arma (5).
Nota-se que os pontos 1, 2, 3 e 4 são conhecidos e de domínio do
perito ou do profissional de Engenharia Física. Pela trajetória reversa é
possível identificar o quinto ponto. Como se ilustra a figura abaixo:
57
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Está propositura da “trajetória reversa” se confirma com, por


exemplo, com a seguinte notícia:
Laudo mostra trajetória do tiro que matou fiscal de loja em hipermercado;
acusação quer júri popular
A Polícia Científica concluiu o exame pericial que apura as condições que
levaram à morte da fiscal de loja Sandra Maria Aparecida Ribeiro, no
Hipermercado Condor Araucária, na região metropolitana de Curitiba. O
laudo é assinado pelo perito Jerry Cristian Gandin e mostra, por exemplo, a
trajetória da bala que atingiu e matou a vítima. A Banda B teve acesso ao
laudo nesta sexta-feira (29).
De acordo com o documento, a vítima “no momento em que fora alvejada,
estava com o tronco inclinado para a frente, fazendo com que o trajeto do
projetil no interior do corpo fosse estendido” Uma imagem foi divulgada
para mostrar a trajetória do disparo:

Para o advogado da família de Sandra, Igor José Ogar, o laudo tira várias
dúvidas antes existentes no processo. “Entendemos que não haja mais
qualquer dúvida, pois esse laudo não fala, mas demonstra toda a verdade e
elimina todas as dúvidas e controvérsias que existiam anteriormente. Com
isso, esperamos que o Sr. Danir Garbossa venha a sentar no Tribunal do
58
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Júri, ser devidamente julgado, condenado e ter contra si uma condenação


condigna com todos os atos de violência, grosseria e desrespeito
praticados na ocasião”, disse.
Fonte: Banda B. Laudo mostra trajetória do tiro que matou fiscal de loja em
hipermercado; acusação quer júri popular . Disponível em:
https://plantaodoslagos.com.br/categoria/na-mira-da-lei/laudo-mostra-trajetoria-do-
tiro-que-matou-fiscal-de-loja-em-hipermercado-acusacao-quer-juri-popular. Acesso
em: 2 jun. 2021.

Na notícia, o Laudo Pericial, indica pela representação da possível


posição da vítima e da arma no momento do disparo considerando as
posições dos orifícios de entrada e saída de projetil de arma de fogo no
corpo da vítima.
Com isto, a discussão da ‘bala perdida”, pode assumir novos
contornos, dentro do campo da perícia forense criminal, com a contribuição
da Engenharia Física na identificação de “balas perdidas”.
ii) Incompreensão da Balística Externa no Percurso Inverso do
Repouso à Saída da Boca do Cano da Arma
Todavia, a incompreensão da balística externa leva a diagnostico
equivocado ou de senso comum para o sentido de “bala perdida”. Ao
estabelecer critérios e uma visão multidisciplinar passa a verificar que a
noção de “bala perdida” assume uma outra compreensão de “bala achada”.
A questão problema posta em investigação é saber a “ Qual a
contribuição possível dos profissionais de Engenharia Física na questão
das “balas perdidas” de modo a identificar o local ou direção da origem do
projétil, considerando o ponto de repousa o corpo da vítima? ”.
Percebe-se que a problemática das “balas perdidas”, clama por
contribuição, possível, dos profissionais de Engenharia Física, em
particular, por ter o domínio e projeção do tracejamento ou percurso feito
por um projétil lançado por arma de fogo.
E a questão das “balas perdidas”, assume, no Brasil, uma dimensão
de problema social como justificativa de ausência de prova ou incentivo a
impunidade ou irresponsabilidade. O que confirma o diagnóstico que a bala
perdida é algo que não tem o que fazer para evitar ou mesmo investigar a
autoria, ou a atribuição de responsabilidade. Tendo a noção ou estigma que
é uma violência que não tem elementos ou pistas na identificação, direção,
origem ou distância.

59
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

iii) Compreensão da Balística Externa no Percurso Inverso do


Repouso à Saída da Boca do Cano da Arma
Por sua vez, numa visão crítica e com a contribuição da Engenharia
Física, pode-se afirmar de antemão que não há problema sem solução. O
que se tem é falta de conhecimento, estratégias ou planejamentos em
pesquisa e investigação para compreensão da balística externa no percurso
inverso do repouso à saída da boca do cano da arma, o que sinalizaria para
uma contribuição, de modo peculiar para a balística forense, sobretudo, na
balística externa, com o viés reverso ou pela trajetória reversa, que passa a
pensar a questão do projétil em repouso, perpassando o caminho inverso
até chegar na saída da boca do cano da arma que efetuou o disparo.
Esta seria a contribuição do profissional de Engenharia Física na
problemática das “balas perdidas”, em que faz uso e recursos tecnológicos
e de conhecimento profissional para recuperar e reestabelecer um percurso
de forma reversa ou reconstruir o percurso inverso ao do ponto de origem
do disparo da bala, de maneira a poder identificar a direção, a distância e o
ponto de origem do disparo.
Apontado ou identificado o ponto de origem do disparo do projétil que
atingiu a vítima, este dado, pode estabelecer novas perspectivas na busca
ou na investigação da autoria, da arma e de demais envolvidos no evento
delituoso ou no crime.
iv) Metodologia
Na metodologia, a escolha foi a pesquisa bibliográfica e crítica
reflexiva, que permitiu, diante da lacuna existente, poder perceber e
encontrar uma alternativa ao problema proposto de maneira a fundamentar
e consolidar o registra da pesquisa e seu passo a passo, de forma segura e
conduzida.
A opção por formar um banco de dados e utilizar a técnica
construtiva de parágrafo auxiliou o desenvolvimento da pesquisa
assegurando um norte e direcionamento pautando-se no objetivo, e na
busca da resolução do problema da temática.
Os resultados da pesquisa, reunidos em um banco de dados,
permitiram uma visão sobre as possíveis contribuição da Engenharia Física
na identificação de “balas perdidas”, sobretudo, por possuir um perfil com
uma formação diferenciada e completa em física contemporânea.
60
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Sendo o fenômeno das chamadas “balas perdidas”, tem um viés


retórico e argumentativo, que não revela que “balas” não são “perdidas”,
mas, que alguém acionou o gatilho de uma arma, todavia, com intenção ou
não, a bala partiu de um ponto de origem, tem sua propulsão ou
distanciamento a percorrer previamente calculado ou estimado, e, de
acordo com as condições traça um percurso, que foi descrito na sequencia
direta por Otaviano de Almeida Júnior, em “ Um estudo sobre o movimento
dos projéteis balísticos e sua trajetória ”. O que se tem uma prospecção da
trajetória, podendo usar os estudos, num sentido inverso ou reverso.
O que levaria a uma reflexão que a incompreensão da balística
externa, o que poderia incluir a balística médico-legal e balística
subsequente, em seu percurso inverso do repouso à saída da boca do cano
da arma.
A incompreensão da balística reforça a tese da “bala perdida”,
porém, para a Engenharia Física, os estudos podem indicar probabilidade
de identificar a origem ou ponto do disparo ou do tiro.
Por outro lado, a compreensão da balística externa no percurso
inverso do repouso à saída da boca do cano da arma pode determinar o
ponto de origem, a direção, a distância e outros elementos que esclareçam
e desmistificam a noção de “bala perdida”, diante dos fatos, provas e da
verdade.
Esta perspectiva, tanto de compreender o percurso da balística
externa, cujo ponto de partida se opera do projétil em repouso,
perpassando a verificação da trajetória no corpo da vítima até a boca do
cano da arma, de modo a indicar que se tem uma resolução ou
probabilidade de se determinar o ponto de origem, desmistificando a noção
de “bala perdida”, como problema social. Isto, foi possível em decorrência
da escolha metodológica em optar por pesquisa bibliográfica, que
assegurou uma visão teórica preliminar a questão investigada.
Desta forma, pode-se afirmar que a contribuição da Engenharia
Física na identificação de “balas perdidas”, em especial na atuação de
equipe multidisciplinar, possa esclarecer e ter uma explicação no sentido da
compreensão da balística externa no percurso inverso do repouso à saída
da boca do cano da arma.
Firma-se a contribuição da Engenharia Física na identificação de
“balas perdidas”, com a compreensão da balística externa reversa ou
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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

inversa que parte do projétil em repouso até a identificação do ponto


provável da saída do tiro.
Sendo o problema de pesquisa a pergunta: Qual a contribuição
possível dos profissionais de Engenharia Física na questão das “balas
perdidas” de modo a identificar o local ou direção da origem do projétil,
considerando o ponto de repousa o corpo da vítima?
A solução projeta pela pesquisa é que a Engenharia Física, com uso
e recursos tecnológicos, como também do conhecimento especializado da
área da física contemporânea, pode reconstruir ou aproximar o percurso a
partir do ponto de repouso do projétil, passando pelo caminho do corpo da
vítima e projetar, a distância, direcionamento e provável ponto de origem do
disparo do tiro ou da boca do cano da arma.
Este percurso inverso ou reverso permite compreender, pela
trajetória refeita, um percurso da balística externa que se pode identificar o
provável ponto de origem da “bala encontrada”, vista até então como “bala
perdida”, no qual a perícia possa atribuir um novo sentido de “bala achada”.
Firma-se com isto, que o compreender o percurso da balística externa foi
realizado em seu sentido inverso ou reverso, em que se parte da bala em
repouso, refaz o percurso no corpo da vítima e se reposiciona o
direcionamento até a identificação da boca do cano da arma. Tem-se neste
percurso inverso o enfrentamento do objetivo que é compreender o
percurso da balística externa e desmistificar o conceito de bala perdida
para o de bala achada e o ponto de origem do tiro.
O objetivo estabelecido de compreender o percurso da balística
externa no sentido do corpo da vítima até a boca do cano da arma, foi
alcançado em razão de se identificar o percurso inverso ou reverso e
encontrar o ponto de origem do disparo da arma de fogo cujo projétil pode
refazer o percurso. E se encontrada a arma, a sua identificação ou
correspondência, bem como aproxima-se do reconhecimento da autoria do
disparo.
A contribuição do profissional da Engenharia Física é compreender e
refazer a trajetória do projétil encontrado em repouso, perpassar pela
trajetória no corpo da vítima pela perfuração e caminho da saída e entrada
do projétil e lançar uma projeção, considerando os elementos compositivos
da trajetória e o conhecimento da provável distância que o projétil pode
alcançar ou mesmo avaliar a força do impacto ou marcas de aproximação
62
 Engenharia Física – resolução de problemas 

ao ponto de entrada no corpo da vítima. E com isto, identificar o provável


ponto de origem do disparo do tiro.
Com estas perspectivas e contribuição dos profissionais da
Engenharia Física pode-se afirmar que no plano científico a expressão
“balas perdidas”, sofrerá uma restrição significativa, para a desmistificação
pela perícia firmando a máxima da APCF que diz: “ crime sem prova e sem
perícia: incompetência; crime sem prova e sem perícia: impunidade; - crime
com prova e com perícia: verdade ”. Deixando de configurar a “bala perdida”
como fator de “causa mortis”.
Assim, a discussão sobre a contribuição da Engenharia Física na
identificação de “bala perdida”, resultado de pesquisa bibliográfica
encaminhou para o sentido que o profissional de Engenharia Física, com
seu conhecimento e fundamentado nos pressupostos da física
contemporânea pode reverter, com uso de tecnologia e habilidades, a
desmistificação do argumento “bala perdida” como “causa mortis”,
recuperando a verdade, por meio da reconstrução da trajetória do projétil
em seu sentido inverso ou reverso, no qual se tem os pontos conhecidos da
“bala achada”, suas condições e características, a trajetória no corpo da
vítima e com isto projetando-se o provável ponto de origem do disparo do
tiro.
Da discussão passa para as conclusões da pesquisa.

8 Conclusões
A Engenharia Física pode contribuir, na identificação de “balas
perdidas”, que é um problema social e de efeito retórico que leva a
incompetência, a impunidade pela falta da verdade que a perícia deveria
revelar. Esta contribuição advém da compreensão da balística externa, que
o profissional possa verificar e estabelecer uma trajetória da bala em
sentido inverso ou reverso, no qual parte a reconstrução da trajetória do
ponto de repouso (ponto A), passando pelo corpo da vítima, cujas marcas
indicam ponto de saída do projetil e ponto de entrada, destacando que se
está refazendo o percurso inverso (ponto B – saída da bala no corpo da
vítima. Trajetória dentro do corpo da vítima [balística médico legal]. Ponto C
– entrada da bala na vítima). O tracejado de percurso entre os pontos A, B
e C, autoriza, em conjunto com o calibre, a possível arma, as condições
climáticas e de relevo, a projetar um ponto D, que orienta, provável direção,
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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

distância, alcance e ponto indicado como boca da arma que efetuou o


disparo do projétil. Este sentido inverso, que sai do repouso, “bala achada”,
trajetória no corpo da vítima e recuperação provável do caminho até a saída
da boca do cano da arma. Este percurso e ponto de origem do disparo
contribui para resolver a questão da dúvida sobre “bala perdida”, indicando
caminhos para novas investigações sobre a autoria do disparo, pela
trajetória reversa do tiro. O que traria, pela perícia, a certeza e verdade
sabida, na desconstrução de um discurso que se atribui pela expressão
“balas perdidas”.
Um ponto a ser destacado nas habilidades e competências dos
profissionais de Engenharia Física, no que tange a problemática das “balas
perdidas” é que o suporte teórico da seara de conhecimento, bem como, o
aprimoramento de técnicas e recursos tecnológicos, permite a identificação
do ponto de origem de um projétil. Considerando a situação do projétil em
repouso (impacto e deformidade encontrada no projétil), a recuperação do
sentido inverso ou reverso, que a balística pode propiciar, sobretudo, com
ajuda e apoio de programas de computação e inteligência artificial, permite
por simulação de possíveis pontos de origem do tiro. O que levaria a
romper com a insegurança da expressão “balas perdidas”, para elucidar o
ponto de origem do tiro ou disparo, o tipo de arma e a indicação do local de
autoria da ação criminosa ou do disparo.
A problemática da incompreensão da balística externa no percurso
inverso do repouso à saída da boca do cano da arma, em que se atribui ou
denomina um ponto sem origem que se consagrou na expressão popular
como sendo uma “bala perdida”. No esclarecimento ou na contribuição dos
profissionais de Engenharia Física na ciência forense, pode-se ter uma
alternativa ou superação da questão problema, da “bala perdida” para uma
concepção de “bala achada”, e na balística reversa, ter a indicação de
provável ponto de origem ou do disparo do projétil. Indicação do ponto de
origem, pode viabilizar o encontro e responsabilização da autoria do disparo
da arma de fogo.
A afirmativa ou propositura de solução da contribuição da Engenharia
Física, sobretudo, com o conhecimento multidisciplinar e o uso dos
recursos tecnológicos, ter-se-á a afirmativa e participação no
esclarecimento sobre a questão da “bala perdida”. Na condição de ter o
ponto de repouso (bala achada), voltando o direcionamento pela trajetória
no corpo da vítima. Destes três pontos (bala em repouso e suas condições,
64
 Engenharia Física – resolução de problemas 

ponto de saída e ponto de entrada no corpo da vítima, pode encontrar, pela


compreensão da balística externa o percurso inverso do repouso à saída a
boca do cano da arma. Uma vez encontrado o direcionamento, distância e
ponto, provável, de origem do tiro, o que aponta para uma perspectiva na
busca da autoria do disparo. E por consequência, equacionar ou resolver o
problema social da “bala perdida” de maneira técnica e científica.
Na confirmação e no exercício da investigação utilizou-se a pesquisa
bibliográfica, que se apoiou nos bancos de dados oficiais, o que permitiu a
obtenção de informações sobre a temática. Calcando o desenvolvimento do
registro da pesquisa por técnica de parágrafo. Bem como, exercendo a
crítica e reflexão na busca e na resposta ao problema de pesquisa, no qual
a metodologia elegida viabilizou a compreensão da temática e sua solução.
Da metodologia pode-se obter os resultados, que foi num primeiro
momento a constituição de um banco de dados que reuniu condições
teóricas e referenciais para a resolução do problema proposto. O que
garantia a possibilidade da atuação do profissional de Engenharia Física,
em atuação com equipe multidisciplinar de perícia forense ou criminalística
forense, a solução ou contribuição para o problema da “bala perdida”. Pois,
com o conhecimento e a visão a perspectiva da balística reversa, que parte
do ponto de repouso, perpassando pelo corpo da vítima, pode-se encontrar
o ponto de origem do tiro, confirmando a denominação da “bala achada”.
Confirmando a contribuição da Engenharia Física na identificação de “balas
perdidas”. Isto é possível com a superação da incompreensão da balística
externa, cuja atividade se opera no percurso inverso, isto é, do ponto de
repouso para o ponto da saída do projétil da boca da arma.
Com esta superação e contribuição da Engenharia Física na
identificação de “bala perdida”, que tem seu respaldo na pesquisa
bibliográfica, pode-se inferir que com o conhecimento e fundamento nos
pressupostos da física contemporânea, bem como com o uso de tecnologia
e habilidades, permitir a desmistificação do argumento “bala perdida” como
“causa mortis”. O que restabeleceria, por meio da perícia, uma trajetória do
projétil em seu sentido reverso ou inverso, da “bala achada” até o ponto de
origem do tiro.
Ao estabelecer o objetivo de compreender o percurso da balística
externa, cuja trajetória regular se opera da saída do projétil da boca da
arma até o momento do repouso, seja atingindo ou transpassando o corpo
da vítima e parando em um obstáculo, ou sua queda ao solo. Todavia, por
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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

se tratar de “bala perdida”, o objetivo de compreender, se opera na balística


reversa ou inversa que se tem a trajetória refeita a partir do ponto de
repouso até a boca do cano da arma.
O que se questiona como problema foi: Qual a contribuição possível
dos profissionais de Engenharia Física na questão das “balas perdidas” de
modo a identificar o local ou direção da origem do projétil, considerando o
ponto de repousa o corpo da vítima?
Na sociedade e em seus problemas sociais, entre eles a questão da
“bala perdida” clama por respostas. Ou seja, a sociedade demanda por
soluções a seus problemas. E estas soluções, advém por contribuições dos
profissionais que cercam e compõem a sociedade. Dentro deste rol de
profissionais, destaca-se a Engenharia Física que pode contribuir para este
problema, com uso do conhecimento dos elementos da física
contemporânea, dos recursos tecnológicos, com a inteligência artificial e
outros mecanismos disponíveis para, na trajetória reversa, construir o
percurso realizado pelo projétil e com isto, indiciar ou identificar o local ou
direção da origem do tiro, considerando o ponto de repousa, o corpo da
vítima, ponto de entrada da bala e o de saída, bem como o local em que o
projétil foi encontrado em repouso.
A balística reversa ou inversa, pode contribuir com o auxílio do
profissional de Engenharia Física na desmistificação da “bala perdida” para
estabelecer a “bala achada”.
Está propositura da balística reversa estabelecida e acompanhada
por profissional de Engenharia Física, pode contribuir na solução e na
desmistificação da “bala perdida”, indicando o local ou ponto de origem do
disparo, o que pode levar a identificação da autoria do crime e a imputação
de reprimenda, de modo que tais ações não fiquem na impunidade, mas, na
realização da justiça, do respeito aos Direitos da Pessoa Humana e,
sobretudo, oferecer um respostas a sociedade e aos familiares da vítima. O
que se constitui uma alternativa viável e exequível.

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https://www.saibamais.jor.br/causa-mortis-bala-perdida/. Acesso em: 24
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hipermercado; acusação quer júri popular . Disponível em:
https://plantaodoslagos.com.br/categoria/na-mira-da-lei/laudo-mostra-
trajetoria-do-tiro-que-matou-fiscal-de-loja-em-hipermercado-acusacao-quer-
juri-popular. Acesso em: 2 jun. 2021.
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https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/11/14/opiniao/5.html. Acesso em: 21
abr. 2021.
SOUZA, Marina Rocha de. A Responsabilidade Civil do Estado por Danos
Advindos de Balas Perdidas Segundo os Tribunais Pátrios . Artigo científico
apresentado ao Curso de Direito do Centro Universitário Fametro.
Fortaleza, 2020, p. 14. Disponível em:
http://repositorio.unifametro.edu.br/bitstream/123456789/229/1/MARINA
%20ROCHA%20DE%20SOUZA%20TCC.pdf. Acesso em: 20 abr. 2021.

68
 Engenharia Física – resolução de problemas 

UNICAMP. Engenharia Física . Disponível em:


https://www.prg.unicamp.br/engenharia-fisica/. Acesso em: 24 maio 2021.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS. O que é Pesquisa Bibliográfica .
Disponível em:
http://www.ueg.br/noticia/36347_o_que_e_pesquisa_bibliografica. Acesso
em: 25 maio 2021.

69
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Dinâmica de Treinamento dos Astronautas: compreensão de métodos


físicos e éticos

João Felipe Weber Colman


joao.weber@ufms.br

Bianca Figueiredo de Oliveira Dias


bianca_f@ufms.br

Resumo: Nota-se que a dinâmica de treinamento dos astronautas é


uma forma de preparação física e mental para realizar missões e
cumprir objetivos no espaço, agregando de forma positiva para a
humanidade. Sendo analisadas as condições nas quais uma pessoa é
submetida ao ingressar nessa profissão. Tendo em vista, a
compreensão de métodos físicos e éticos aplicados nestes
treinamentos, tal prática consistiria em esclarecer esta questão ou
dúvida. O objetivo é compreender os métodos físicos e éticos aplicados
no treinamento de astronautas. A metodologia usada foi a pesquisa por
artigos com temas relacionados e, visando uma construção com
informações confiáveis, a síntese do conhecimento obtido do tema.
Logo, as fontes têm relevância positiva na área aeroespacial, a fim de
ter uma gama significativa de informações confiáveis. Os resultados
encontrados foram que os métodos usados envolvem processo de
seleção rigoroso e treinamentos em microgravidade e os meios
subaquáticos no preparo dos astronautas. Além da confidencialidade,
sobrevivência e cidadania no setor ético. As conclusões têm o sentido
de que a dinâmica de treinamento dos astronautas consiste em
preparar profissionais selecionados para aguentar situações nas quais
as condições e a física se apresentam de uma forma diferenciada da qual eles estão
adaptados, ademais é necessária a compreensão da física que é presente nesse espaço e
a ética na qual é imposta. Com isto, pode-se compreender os métodos utilizados no
treinamento para a sua formação, na qual um exemplo seria as longas missões que foram
realizadas na estação espacial, que se tem o completo isolamento social.

Palavras-chave: Astronauta. Ética. Física. Método. Treinamento.

Sumário: 1 Introdução. 2 Dinâmica de Treinamento dos Astronautas. 3 Incompreensão dos


Métodos Físicos e Éticos Utilizados em Treinamento de Astronautas. 4 Compreensão de

70
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Métodos Físicos e Éticos Aplicados no Treinamento de Astronautas. 5 Metodologia. 6


Resultados. 7 Discussão. 8 Conclusões. 9 Referências.

1 Introdução
O estudo da dinâmica de treinamento dos astronautas se baseia em
entender como são preparados os profissionais para exercer esta profissão.
O principal motivo para esta profissão existir, é para pesquisas realizadas
em microgravidade. A Estação Espacial Internacional é o principal
laboratório e centro de pesquisa em microgravidade existente, esta estação
recebe visitas anuais de astronautas para realizar pesquisas e projetos, tais
servidores que passam por treinamentos de adaptação à gravidade zero,
treinamentos esses que exigem um preparo físico, ético e psicológicos por
conta dos longos meses de serviço.
A compreensão acerca de como o ambiente para tal profissão ocorre
será necessária para pessoas que desejam entender a respeito sobre como
irão trabalhar. Com tudo, deve-se possuir o entendimento a respeito do
isolamento, por envolver algo que é considerado importante para o
desenvolvimento humano, também conhecer como ocorre a reação da
microgravidade, que envolve uma gravidade abaixo da qual está adequada.
A proposta se limita em compreender os métodos físicos e éticos
aplicados no treinamento de astronautas, de modo a indicar a dinâmica
exigida para a formação de um astronauta. Os equipamentos utilizados, os
métodos psicológicos e os acordos judiciais por questões de
confidencialidade. Fixa-se os limites na busca de contribuir com a
compreensão do treinamento dos astronautas e seus métodos físicos e
éticos aplicados. Este é o ponto ou a circunstância que se quer contribuir
para a formação de novos astronautas.
O objetivo definido na pesquisa é compreender a dinâmica de
treinamento de astronautas e seus métodos físicos e éticos utilizados e
como eles se aplicam na formação de novos profissionais.
Tendo em vista o desconhecimento sobre o assunto e com a
finalidade de ter mais conhecimento sobre tal, a pesquisa gira em torno da
seguinte pergunta: “quais são os métodos utilizados e em quais áreas estes
atuam no treinamento dos astronautas?”.
Para responder ao problema de pesquisa, de início, elencou-se três
hipóteses, ou prováveis respostas que são:
71
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

a) processo de seleção: o primeiro passo é estudar. É obrigatório ser


formado em cursos de exatas, como Engenharia, Matemática, Física ou até
Ciências Biológicas e Medicina. Falar inglês fluente também é essencial.
Além disso, os candidatos a astronauta passam por processos seletivos
que incluem critérios físicos, psicológicos e éticos. Por exemplo, o
postulante à vaga não pode ter uma pressão arterial que ultrapasse os
140/90 e a visão deve ser muito boa, no nível corrigível para 20/20, em
cada olho. O uso de óculos é aceitável. No caso de cirurgias de correção,
esta deve ter sido feita há pelo menos um ano e meio antes de qualquer
submissão a viagens especiais e não pode ter deixado sequelas;
b) treinamento em microgravidade: boa parte do treino em
microgravidade é feito em aparelhos de realidade virtual, com direito a um
capacete e muitos fios conectados ao corpo do candidato que passa pela
experiência simulada de uma missão extra veicular. Os cabos fazem parte
de um dispositivo robótico que coloca realismo na tarefa, fazendo com que
a pessoa sinta também a massa e a inércia dos objetos manipulados
durante a simulação;
c) treinamento em meio subaquático: a fim de superar o impacto da
microgravidade, eles treinam convencionalmente debaixo d'água para
aprender os movimentos que realizarão durante sua missão (treinamento
EVA subaquático; Bolender et al., 2006). Este método de treinamento
explora a flutuabilidade (por meio do Princípio de Arquimedes), que deve
reduzir o impacto da gravidade no corpo, fornecendo "natural
desponderação”.
A metodologia de execução ou metodologia aplicada pautou-se na
pesquisa bibliográfica, cujo embasamento se opera nas referências e
publicações extraídas dos bancos de dados oficiais, como o site Google
Acadêmico, Domínio Público, Periódicos Capes, Revistas científicas, tese,
dissertações e monografias relativas à temática. Também, se apoiou em
pesquisa documental de equipamentos e métodos utilizados em
treinamento de astronautas.
Para a elaboração da parte teórica da pesquisa, utilizou-se os
seguintes autores com suas respectivas obras: Michael Liszka, Matthew
Ashmore, Mark Behnke, Walter Smith, and Tod Waterman of ATK
Spacecraft, Systems and Services for Goddard Space Flight Center. NBL
Pistol Grip Tool for Underwater Training of Astronauts.; Marcelo Possamai
Albuquerque, Cloer Vescia Alves, Felipe Prehn Falcão, Denver Marchese
72
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Orsolin, Thais Russomano. Desenvolvimento de um sistema para


quantificação da desorientação espacial em pilotos.; Angelica D. Garcia,
Jonathan Schlueter and Eddie Paddock. Training Astronauts using
Hardware-in-the-Loop Simulations and Virtual Reality.; The StarChild Team,
Dr. Laura A. Whitlock. Astronautas.; Fabiana da Silva Kauark; Fernanda
Castro Manhães; Carlos Henrique Medeiros. Metodologia da pesquisa: guia
prático.; Lorenna Machado. Como escrever os resultados e discussão do
seu trabalho acadêmico.; Marta Viúla Ramos. Alterações
musculoesqueléticas em ambiente de microgravidade.; Greenleaf, R.
Bulbulian, Bernauer, Haskell e T. Moore. Exercise-training protocols for
astronauts in microgravity; Jacob J. Bloomberg, Brian T. Peters, Helen S.
Cohen e Ajitkumar P. Mulavara. Enhancing astronaut performance using
sensorimotor adaptability training.; Paulo Saldiva. Discussão.
Os principais resultados encontrados, ao longo da pesquisa, foram
que os possíveis métodos utilizados em treinamento de astronautas,
envolvem treinamentos em microgravidade e os meios subaquáticos,
também envolve um processo de seleção rigoroso.
Observe-se que a compreensão dos métodos físicos e éticos, na
dinâmica de treinamento de um astronauta, na determinação de entender
todas as ações tomadas por este profissional antes de exercer seu serviço
fora do ambiente terrestre.
E para desenvolver e registrar o conteúdo informativo, estabeleceu
nove blocos ou tópicos que são: I) introdução - de caráter geral,
apresentando a visão dos principais pontos a serem desenvolvidos; II) a
definição do objetivo de estudo, que é compreender métodos físicos e
éticos aplicados no treinamento de astronautas, cuja a temática se envolve
numa obscuridade que o domínio do conhecimento da físico e ética
trabalhista pode lançar luzes ao problema ou contribuir com parcela da
solução do problema; III) o problema de pesquisa, estabelecido como
pergunta a que fixa ou se limita a incompreensão dos métodos físicos e
éticos utilizados em treinamento de astronautas. Situação que parece
pouco abordada, tendo em vista o baixo número de profissionais
astronautas; IV) a solução do problema se volta a compreensão de métodos
físicos e éticos aplicados no treinamento de astronautas, cujo serviço exige
uma adaptação para trabalho em microgravidade e longo isolamento do
mundo; V) no tópico da metodologia foi descrito as técnicas e
procedimentos de levantamento e coleta dos dados nos banco de dados
73
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

oficiais; VI) nos resultados registraram o conteúdo significativo dos dados


obtidos nos bancos de dados; VII) no tópico da discussão desenvolveu,
pela técnica de diálogo com as fontes ou dos resultados, com o objeto de
estudo, o problema, a solução e a metodologia como fazer os
encaminhamentos a solução do problema, o alcance dos objetivos e a
preparação para as conclusões; VIII) nas conclusões tem-se a síntese de
cada tópico, bem como a resposta ao problema de pesquisa formulando e
sua confirmação; e IX) por fim, o registro das referências utilizada para a
fundamentação de pesquisa.
Com isto, reafirma a relevância da temática na dinâmica de
treinamento dos astronautas, cuja problemática social e a estrutura da
profissão faz com que um astronauta passe por um longo preparo antes da
sua primeira missão. O que pode ser compreendido com a análise dos
métodos físicos e éticos aplicados no treinamento. O que indica na
contribuição, a própria razão de se ler e conhecer o conteúdo desenvolvido.

2 Dinâmica de Treinamento dos Astronautas


Nos problemas que se mostram sobre a incompreensão no
treinamento dos astronautas, destaca-se o uso de força subaquática,
simulação e realidade virtual. Pode-se perceber que há pouco
conhecimento na dinâmica utilizada e é necessário o estudo em cima do
assunto.
Neste sentido, a questão problema da dinâmica de treinamento é o
desconhecimento dos métodos, um problema trabalhista envolvendo a
incompreensão dos métodos e como entendê-los pode contribuir para o
desenvolvimento na área aeroespacial e melhora no treino.
Para compreender a dinâmica de treinamento dos Astronautas, faz-
se necessário pré-definir os métodos físicos e éticos utilizados, sendo um
deles, o treinamento subaquático de astronautas e suas ferramentas, e para
isto, Michael Liszka, Matthew Ashmore, Mark Behnke, Walter Smith e Tod
Waterman apresenta uma visão geral do assunto, em texto que expressa:
A document discusses a lightweight, functional mockup of the Pistol Grip
Tool for use during underwater astronaut training. Previous training tools
have caused shoulder injuries. This new version is more than 50 percent
lighter [in water, weight is 2.4 lb (=1.1 kg)], and can operate for a six-hour
training session after 30 minutes of prep for submersion. Innovations in the
design include the use of lightweight materials (aluminum and
74
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Delrin(Registered TradeMark)), creating a thinner housing, and the


optimization of internal space with the removal of as much excess material
as possible. This reduces tool weight and maximizes buoyancy. Another
innovation for this tool is the application of a vacuum that seats the Orings
in place and has shown to be reliable in allowing underwater usage for up
to six hours.
Fonte: Michael Liszka, Matthew Ashmore, Mark Behnke, Walter Smith, and Tod
Waterman of ATK Spacecraft, Systems and Services for Goddard Space Flight
Center. NBL Pistol Grip Tool for Underwater Training of Astronauts. In NTRS -
Servidor de relatórios técnicos da NASA. Disponível em:
https://ntrs.nasa.gov/citations/20⁹120006613. Acesso em: 19 maio 2021.

Um documento discute uma maquete leve e funcional da ferramenta Pistol


Grip para uso durante o treinamento subaquático de astronautas.
Ferramentas de treinamento anteriores causaram lesões no ombro. Esta
nova versão é mais de 50% mais leve [na água, o peso é 2,4 lb (≈1.1 kg)] e
pode operar por uma sessão de treinamento de seis horas após 30 minutos
de preparação para a submersão. As inovações no design incluem o uso de
materiais leves (alumínio e Delrin®), criando um invólucro mais fino, e a
otimização do espaço interno com a remoção do máximo de excesso de
material possível. Isso reduz o peso da ferramenta e maximiza a
flutuabilidade. Outra inovação dessa ferramenta é a aplicação de um
aspirador que acomoda os Orings no local e tem se mostrado confiável ao
permitir o uso subaquático por até seis horas.
Fonte: Michael Liszka, Matthew Ashmore, Mark Behnke, Walter Smith, and Tod
Waterman of ATK Spacecraft, Systems and Services for Goddard Space Flight
Center. NBL Pistol Grip Tool for Underwater Training of Astronauts . In NTRS -
Servidor de relatórios técnicos da NASA. Disponível em:
https://ntrs.nasa.gov/citations/20⁹120006613. Acesso em: 19 maio 2021.

Tem que os autores são enfáticos ao citar que o treinamento


subaquático e suas ferramentas devem ser leves para não machucar os
astronautas em suas sessões, que duram em média 6 horas, porém
esclarece a eficácia dos materiais utilizados para a produção das
ferramentas. Reforçando que é um treinamento longo e necessita de
equipamentos leves.
Mas, não evidencia que seja um treinamento simples. É submerso
em água e necessita de orientações e normas de segurança para manter a
saúde dos astronautas.
Por fim, os autores destacam outras inovações no meio de
treinamento subaquático, usando outros artefatos nas ferramentas como
aspiradores que acomodam os Orings no local, mostrando-se eficaz nas 6
horas de treinamento.

75
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

O que se infere é que o treinamento subaquático é um preparo com


ferramentas, que não podem ser pesadas, para saúde física do profissional.
Nessa ideia, tem em vista a contribuição do tema para os futuros
profissionais astronautas.
Em um sentido trabalhista, a questão do treinamento tem outros
pontos, como preleciona Marcelo Possamai Albuquerque, Cloer Vescia
Alves, Felipe Prehn Falcão, Denver Marchese Orsolin, Thais Russomano,
tem-se que:
Um dos instrumentos mais utilizados no mundo para se realizar este tipo de
treinamento com pilotos e astronautas é a Cadeira de Bárány, a qual
provoca aceleração angular idêntica à que ocorre em vôo e possui baixo
custo de desenvolvimento e manutenção. Desta forma, a Cadeira
Eletricamente Controlada aperfeiçoada (CREC-ap), teve o seu
desenvolvimento realizado a partir da Cadeira Rotatória Eletricamente
Controlada (CREC) que foi desenvolvida por Piedade (2001) e melhorada
por Gessinger (2005), ambos em suas Dissertações de Mestrado em
Engenharia Elétrica na PUCRS. A CREC-ap teve os seguintes itens
incorporados: estrutura de alumínio, estrutura de aço com apoio para os
pés em MDF, cobertura (black out), freio hidráulico, variador PWM ligado a
uma fonte 24VDC, manche, aplicativo para captação de sinais e
quantificação da desorientação, microcâmera, monitor de vídeo, expansor
de portas USB, software de simulador de vôo, dois conectores rotativos,
régua de distribuição de energia elétrica e um sistema de controle
composto por um computador, um vídeo cassete e uma televisão.
Fonte: Marcelo Possamai Albuquerque, Cloer Vescia Alves, Felipe Prehn Falcão,
Denver Marchese Orsolin, Thais Russomano . Desenvolvimento de um sistema para
quantificação da desorientação espacial em pilotos . In LUME UFRGS. Disponível
em:
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/51425/Resumo_20080300.pdf?
sequence=1. Acesso em: 19 maio 2021.

A questão do método de treinamento utilizando a cadeira de bárány,


os autores visualizam a questão de baixo custo de desenvolvimento e
manutenção, deve ser visto também, a precisão na aceleração angular com
a do vôo, mesmo sendo apenas uma simulação prática. Com o
entendimento do método, conseguiram aprimorar o mesmo com alguns
itens de segurança, por exemplo estruturas de aço para os braços e pernas,
e aprimoramento dos sentidos, como uso de softwares, motores elétricos e
sistema de controle.
Observa-se que a questão do treino feito em uma cadeira de bárány
tem como conceitos para a simulação de voo, usando um computador para
o controle da experiência, o instrutor a qualquer momento pode introduzir
elementos para a desorientação do profissional a ser treinado.
76
 Engenharia Física – resolução de problemas 

No caso da estrutura da cadeira, pode observar que ela é feita com


alumínio, permitindo que o equipamento seja leve, usando estruturas de
aço apenas como peças de apoio, assim mantendo a segurança do
profissional. Cobertura (blackout) para melhor desorientação do usuário da
cadeira, mantendo sua percepção de visão coberta, é instalado freio
hidráulico com a intenção de manter a segurança do profissional no
processo de treinamento. Uma parte essencial da cadeira de bárány, é a
estrutura elétrica, onde contém motor elétrico, captores de sinais e
quantificadores de desorientação, micro câmera, monitor de vídeo e um
software de simulador de voo, tudo ligado a conectores que levam à um
computador que é monitorado pelo instrutor de treino.
No artigo abaixo, publicado online em 5 de janeiro de 2020, Angelica
D. Garcia, Jonathan Schlueter e Eddie Paddock apresentam o método da
realidade virtual:
Throughout the years, astronauts have and will continue to train in various
facilities and environments to prepare for space. During the Space Shuttle
missions, astronaut training was task specific,which encouraged the
exploration of virtual reality as a training solution. As time progressed, the
increasing complexity of these tasks, the need to visualize the full space
environment and structures, and emerging technologies all propelled the
use of virtual reality for astronaut training. The Virtual Reality Training
Laboratory (VRL) was adopted early on as a training facility capable of
modeling entire space vehicles in their true configuration and in an
immersive environment. The VRL also integrates real-time, hardware-in-the-
loop simulation systems and provides training capabilities that enhance
what astronauts learn in other facilities. Given the unforgiving and high-risk
nature of space, astronauts need to be prepared for any number of
situations. The Neutral Buoyancy Lab (NBL), Space Vehicle Mockup Facility
(SVMF), NASA Extreme Environment Mission Operations (NEEMO), and
VRL are just a handful of necessary training facilities that are all used in
parallel to provide a complete training solution for space exploration. The
VRL is frequently used to train for EVA systems such as SAFER, Mass
Handling, and integrated robotics and collaborative sessions to refine and
rehearse for upcoming spacewalks.
Fonte: Angelica D. Garcia, Jonathan Schlueter and Eddie Paddock. Training
Astronauts using Hardware-in-the-Loop Simulations and Virtual Reality . In
Aerospace research central. Disponível em: https://doi.org/10.2514/6.2020-0167.
Acesso em: 19 maio 2021.

Com o passar do tempo, a complexidade crescente dessas tarefas, a


necessidade de visualizar todo o ambiente e as estruturas do espaço e as
tecnologias emergentes impulsionaram o uso da realidade virtual para o
treinamento de astronautas. O Laboratório de Treinamento de Realidade
Virtual (VRL) foi adotado desde o início como uma instalação de
77
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

treinamento capaz de modelar veículos espaciais inteiros em sua


configuração real e em um ambiente imersivo. O VRL também integra
sistemas de simulação de hardware-in-the-loop em tempo real e fornece
recursos de treinamento que aprimoram o que os astronautas aprendem
em outras instalações. Dada a natureza implacável e de alto risco do
espaço, os astronautas precisam estar preparados para uma série de
situações. O Neutral Buoyancy Lab (NBL), Space Vehicle Mockup Facility
(SVMF), NASA Extreme Environment Mission Operations (NEEMO) e VRL
são apenas um punhado de instalações de treinamento necessárias que
são usadas em paralelo para fornecer uma solução de treinamento
completa para exploração espacial. O VRL é frequentemente usado para
treinar sistemas EVA como SAFER, Mass Handling e robótica integrada e
sessões colaborativas para refinar e ensaiar para os próximos passeios
espaciais.
Fonte: Angelica D. Garcia, Jonathan Schlueter and Eddie Paddock. Training
Astronauts using Hardware-in-the-Loop Simulations and Virtual Reality . In
Aerospace research central. Disponível em: https://doi.org/10.2514/6.2020-0167.
Acesso em: 19 maio 2021.

O uso da realidade virtual no treino destaca três situações relevantes


ao tema em questão, bem como, direciona com precisão ao problema
central:
a) necessita visualizar todo o ambiente e as estruturas do espaço;
b) apresenta sistemas de simulação de hardware-in-the-loop em
tempo real, fornecendo recursos de treinamento que aprimoram o que os
astronautas aprendem em outras instalações;
c) por fim, traz dois questionamentos finais, sendo o primeiro que,
dada a natureza implacável e de alto risco do espaço, como os astronautas
são preparados para uma série de situações. O segundo, quais outras
instalações de treinamento são necessárias em paralelo para fornecer uma
solução de treinamento completa para exploração espacial.
Nota-se que na discussão da temática do treinamento dos
astronautas, o astronauta deve estar pronto para todo tipo de treinamento
para que possa estar apto a missões no espaço. Como é um ambiente
diferente do costume e perigoso, é preciso que esteja preparado para
qualquer situação, logo é utilizado vários métodos, como por exemplo treino
subaquático, uso da cadeira de bárány e realidade virtual.
Os estudos realizados nesses métodos, têm como ponto de partida
os estudos aprofundados em ambiente espacial, como o treinamento é feito
em ambiente terrestre, os meios de simulação são usados para diminuir

78
 Engenharia Física – resolução de problemas 

esta diferença de ambiente. Usando programas, equipamentos e


ambientação controlada, a simulação para a experiência espacial do
profissional é eficiente.
Este incremento que a física dá ao treinamento do profissional
astronauta, com seus aspectos de compreensão ambiental usando cálculos
gravitacionais, para aprimorar os meios de simulação, tornando a
experiência mais realista.
Reforçando que a contribuição é o estudo dos aspectos físicos e
éticos implementados em uma dinâmica de treinamento realizado em
ambiente terrestre com a intenção de simular e preparar o futuro
profissional astronauta.
Assim, pode-se afirmar que o astronauta deve adquirir as habilidades
e competências necessárias no espaço por meio de treinamento rigoroso,
visando a saúde física do profissional, além de capacidade para sobreviver
à instabilidade espacial, de modo a aprimorar técnicas e encaminhamento
de astronautas ao espaço, considerando as diferenças existentes entre o
treino e a realidade, tenta-se aprimorar a precisão e qualidade para que os
astronautas não tenham problemas.
Visto a incompreensão dos métodos físicos e éticos utilizados no
treinamento de astronautas, passa-se a discutir e descrever tal problema no
próximo tópico.

3 Incompreensão dos Métodos Físicos e Éticos Utilizados em Treinamento


de Astronautas
Os estudos focados na dinâmica de treinamento dos astronautas
podem contribuir para a formação de futuros profissionais, e na
compreensão de estudantes sobre os assuntos relacionados, pautando-se
na grade de conhecimento em física e ética profissional. No caso do
treinamento corporal e psicológico, os métodos físicos e éticos, sobretudo,
utilizados em treinamento de astronautas não são compreendidos, fixando-
se a problemática de indeterminação dos métodos de treinamento e
preparação psicológica utilizados.
Este problema, no campo científico, conduz para a seguinte
indagação: Quais são os métodos utilizados e em quais áreas estes atuam
no treinamento dos astronautas?
79
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

A indagação ou problema de pesquisa, acima mencionada, tem o


foco em questionar quais os possíveis métodos que são utilizados, e quais
as possíveis áreas destes podem atuar em relação ao treinamento de
astronautas.
No entanto, a questão da dinâmica de treinamento dos astronautas,
consiste no estudo aprofundado dos métodos de seleção e preparo para um
profissional atuar nesta profissão.
Ser um astronauta é considerado uma honra para o profissional, por
ser um serviço de importância para a humanidade. As vagas para exercer
esta profissão são limitadas, por isso é necessário um duro treinamento e
um longo período de seleção para ser um astronauta. StarChild fez uma
pesquisa para esclarecer o que é a profissão de astronauta. Sendo a
abordada abaixo:
A cada dois anos a NASA deve tomar a difícil decisão de selecionar novos
membros para a equipe de astronautas. De milhares de inscrições que são
enviadas de todas as partes do mundo, a NASA seleciona
aproximadamente 100 pessoas para encaminharem-se ao Johnson Space
Center, em Houston, Texas, para uma semana de entrevistas, exames
médicos e orientação. Os 100 candidatos a astronautas são entrevistados
pelo Conselho de Seleção de Astronautas. O conselho procura pessoas
que têm experiência e potencial, pessoas que são motivadas e que têm a
habilidade de trabalhar como parte de um time, e pessoas que comunicam-
se bem. Os candidatos devem ser adaptáveis e devem entender a
tremenda carga de trabalho envolvida em tornar-se um astronauta. Muitos
candidatos cancelaram sua inscrição depois de serem instruídos sobre o
tempo e perigo envolvidos em tornar-se um astronauta.
Candidatos a futuros astronautas devem comprometer-se cedo em suas
carreiras acadêmicas para adquirir as credenciais necessárias para
inscrever-se ao programa de astronauta. É importante que o aluno de
segundo ou primeiro grau vá muito bem na escola, para que ele entre em
uma boa universidade. A educação mínima necessária é o bacharelado de
uma boa faculdade, seguidos de pelo menos três anos de experiência de
trabalho. Entretanto, a maioria dos astronautas continuam seus estudos e
tiraram diplomas de pós-graduação.
Durante a faculdade, futuros candidatos devem concentrar seus estudos
em tecnologia, matemática e campos da ciência. O candidato deve também
esforçar-se para ganhar experiência como estagiário em um dos campos
mencionados. Se o objetivo do candidato é ser piloto/comandante no
programa de astronautas, ele deve ter registrado pelo menos 1000 horas
de voo em comando de um avião a jato antes que o conselho de seleção o
considere. O conselho de seleção envia uma lista final de candidatos ao
administrador da NASA e é ele quem toma a decisão de quem realmente
ingressa no programa. A cada dois anos, aproximadamente vinte pessoas

80
 Engenharia Física – resolução de problemas 

são escolhidas para as vagas na equipe de astronautas. Os astronautas


estão preparados para uma tarefa de voo um ano após o término do
treinamento básico.
TREINAMENTO DE ASTRONAUTA
O treinamento é feito no Johnson Space Center em Houston, Texas. Os
astronautas novatos são treinados em segurança na aeronave, a qual inclui
ejeção, paraquedas e instruções de sobrevivência. Especialistas da missão
e pilotos são treinados em um jato T-38 para que ganhem experiência com
uma aeronave de alta performance. Uma aeronave Gulfstream II, a qual foi
modificada para simular o Ônibus Espacial, também é usada para treinar os
astronautas pilotos. Os astronautas cursam ciências, matemática e
tecnologia básicas, e recebem treinamento em uma réplica do Ônibus
Espacial. Cada astronauta também tem que aprender a funcionar em
ambientes com ausência de peso, e possivelmente aprender a andar no
espaço. O treinamento avançado segue o treinamento básico. O
treinamento avançado consiste de dezesseis cursos diferentes, cobrindo
todos os requisitos de treinamento da tripulação relacionados com o
Ônibus Espacial. O treinamento avançado continua mesmo depois que uma
tarefa de voo seja estipulada para a tripulação. Começando
aproximadamente dez semanas antes da missão, o time de astronautas
começa a simular a missão com o time de controle de voo na Terra, o qual
os auxilia em seu voo.
TAREFAS DE ASTRONAUTA
Comandante: Frequentemente o comandante é também o piloto do Ônibus
Espacial. Comandantes são responsáveis pelo veículo, tripulação, sucesso
da missão, e segurança.
Piloto: O piloto do Ônibus Espacial é o segundo em comando. A primeira
responsabilidade do piloto é controlar e operar o Ônibus Espacial. Pilotos
auxiliam o comandante se necessário. Nos Estados Unidos, os pilotos
devem ser cidadãos desse país.
Especialista da missão: Especialistas da missão são responsáveis por
coordenar todas as operações a bordo. Eles realizam experimentos a
bordo, caminhadas no espaço, e operam a carga útil. Nos Estados Unidos,
especialistas da missão devem ser cidadãos desse país.
Especialista em carga útil: Especialistas em carga útil são profissionais no
campo das ciências físicas ou biológicas, ou técnicos altamente
capacitados que podem operar os equipamentos de carga útil. Eles são
escolhidos pelo patrocinador ou cliente. O treinamento para especialista em
carga útil pode começar até dois anos antes do voo marcado, dependendo
da tarefa que o especialista deve executar.
Fonte: The StarChild Team, Dr. Laura A. Whitlock. Astronautas In StarChild.
Disponível em:
https://heasarc.gsfc.nasa.gov/nasap/docs/shadow/space2_p/astro_p.html. Acesso
em: 2 jun. 2021.

A solução da pesquisa dá ênfase à dificuldade de se tornar um


astronauta, perante a grande quantidade de concorrentes e sua seleção

81
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

detalhada, é possível notar a exigência do currículo bem construído do


profissional. Com isto é notável a importância de um astronauta para a
evolução tecnológica da humanidade.
A dinâmica de treinamento dos astronautas, tem o problema do
desconhecimento público sobre o assunto, tendo em vista a importância
desta profissão, torna-se essencial o descobrimento e divulgação dos
métodos utilizados para seleção e preparo de um astronauta. O que, do
ponto de vista da ciência evidencia os aspectos físicos e éticos presentes
nestes métodos. Pois a partir do momento em que se é necessário à
atuação de um astronauta, a empresa que fornece esse serviço vai em
busca de um profissional usando meios complexos de recrutamento, sem
contar com o treinamento tão fatigante quanto. Com o conhecimento de
aspectos relevantes, novos astronautas terão ideia do treino e os
desenvolvedores das técnicas podem ser capazes de as melhorar.
Assim, firma-se a necessidade do entendimento dos métodos usados
no treinamento de astronautas. É possível que, com a compreensão de
como funciona a seleção e o treino, possa haver uma melhora no
desenvolvimento técnico e na preparação dos profissionais ou das pessoas
interessadas em seguir tal carreira.
Da questão do problema passa ao tópico de solução que é a
compreensão de métodos físicos e éticos aplicados no Treinamento de
astronautas, a seguir.

4 Compreensão de Métodos Físicos e Éticos Aplicados no Treinamento de


Astronautas
Com os atuais recursos tecnológicos e os conhecimentos tidos até o
momento sobre a dinâmica do treinamento, se permite encontrar soluções e
novas técnicas de treino até então não pensadas. Reunindo o
conhecimento atual de todo o treinamento, nota-se a falta do conhecimento
e o quão necessário é a compreensão da parte física e ética para a
continuidade.
Com isto, a questão dos métodos utilizados no treinamento de
astronautas e suas áreas de atuação, de modo a identificar os meios de
procedimento e distinguir suas funções. Utilizando conhecimento físico e

82
 Engenharia Física – resolução de problemas 

ético, para compreender os métodos de seleção e preparo para se tornar


um astronauta.
Firma-se, deste modo, a questão problema que é: Quais são os
métodos utilizados e em quais áreas estes atuam no treinamento de
astronautas?
Para responder ao problema de pesquisa, formulou-se, de início, três
hipóteses, que passam a discutir cada uma delas.
A primeira hipótese indica que "processo de seleção: o primeiro
passo é estudar. É obrigatório ser formado em cursos de exatas, como
Engenharia, Matemática, Física ou até Ciências Biológicas e Medicina.
Falar inglês fluente também é essencial. Além disso, os candidatos a
astronauta passam por processos seletivos que incluem critérios físicos,
psicológicos e éticos. Por exemplo, o postulante à vaga não pode ter uma
pressão arterial que ultrapasse os 140/90 e a visão deve ser muito boa, no
nível corrigível para 20/20, em cada olho. O uso de óculos é aceitável. No
caso de cirurgias de correção, esta deve ter sido feita há pelo menos um
ano e meio antes de qualquer submissão a viagens especiais e não pode
ter deixado sequelas;"
A hipótese indica que os passos a seguir para entrar na carreira de
astronauta, sendo o primeiro deles o estudo, o currículo exigido para esta
profissão é complexo. Outro dos passos a seguir é estar de acordo com os
critérios físicos, psicológicos e éticos, porém em caso de cirurgias, é
necessário que seja feita há no mínimo um ano e meio antes de qualquer
missão espacial.
No entanto, como é exigido um currículo complexo para ingressar na
profissão de astronauta e também se faz necessário que a saúde corporal e
mental do candidato esteja de acordo com os processos seletivos. Esta é a
razão pela qual, refuta-se a hipótese, pois estes processos rigorosos fazem
com que a dificuldade de se tornar um astronauta dificulte o encontro de um
profissional com todos os requisitos exigidos.
A segunda hipótese indica que “ treinamento em microgravidade: boa
parte do treino em microgravidade é feito em aparelhos de realidade virtual,
com direito a um capacete e muitos fios conectados ao corpo do candidato
que passa pela experiência simulada de uma missão extraveicular. Os
cabos fazem parte de um dispositivo robótico que coloca realismo na

83
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

tarefa, fazendo com que a pessoa sinta também a massa e a inércia dos
objetos manipulados durante a simulação.”
Nesta hipótese temos um dos métodos de treinamento utilizados
para simular serviços em microgravidade, sendo utilizado neste treinamento
aparelhos de realidade virtual, com uma variedade de equipamentos para
que o candidato passe pela experiência de simulação. Toda parte elétrica
fica ligada a dispositivos robóticos com a intenção de colocar realismos na
tarefa simulada.
O treinamento em microgravidade é um bom método de treinamento,
entretanto, considerando o custo, a dificuldade de reprodução e, como a
realidade virtual não seria o método mais realista para uma boa
preparação, não seria o método mais conveniente.
A terceira hipótese é “treinamento em meio subaquático: a fim de
superar o impacto da microgravidade, eles treinam convencionalmente
debaixo d'água para aprender os movimentos que realizarão durante sua
missão (treinamento EVA subaquático; Bolender et al., 2006). Este método
de treinamento explora a flutuabilidade (por meio do Princípio de
Arquimedes), que deve reduzir o impacto da gravidade no corpo,
fornecendo "natural de ponderação".
Esta hipótese sinaliza que o meio de treinamento subaquático
utilizado para o preparo de um profissional astronauta, tem por finalidade
superar o impacto da microgravidade, proporcionando uma experiência
submersa em água para o candidato. Enquanto submerso o candidato deve
realizar tarefas, com a infeção explorar a flutuabilidade, utilizando o
princípio de Arquimedes como meio de simulação para seu serviço no
espaço.
Assim, os métodos de treinamento mostrados implicam a dificuldade
de se tornar astronauta, antes de um primeiro treinamento físico, a seleção
ética que ocorre já limita as opções de candidatos possíveis, e com o
decorrer dos treinos práticos, são usados conhecimentos tecnológicos e
físicos, para simulações de impactos gravitacionais causados pela
microgravidade do espaço. Esta compreensão dos métodos físicos e éticos
aplicados no treinamento de astronautas, identificando todos os processos
de seleção e preparo de um profissional astronauta, equacionando o
problema dos métodos utilizados e suas áreas de atuação.

84
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Da compreensão de métodos físicos e éticos aplicados no


treinamento de astronautas, passa a descrever o passo a passo da
metodologia da pesquisa.

5 Metodologia
A pesquisa exige o conhecimento da linguagem técnica-científica,
logo deve-se ter precisão, clareza e objetividade. Deve-se atentar a
preocupação com a metodologia, no banco de dados ou no
desenvolvimento da lógica durante a escrita. O que implica em conhecer o
conceito de metodologia, e como é aplicado no processo de pesquisa.
Desta forma, por metodologia entende-se:
A disciplina Metodologia Científica é eminentemente prática e deve-se
estimular os alunos para que busquem respostas às suas dúvidas. Se nos
referimos a um curso superior, estamos naturalmente nos referindo a uma
Academia de Ciência e, como tal, as respostas aos problemas de aquisição
de conhecimento precisam ser buscadas através do rigor científico e
apresentadas através das normas acadêmicas vigentes.
Dito isto, fica claro que metodologia científica não é um simples conteúdo a
ser decorado pelos alunos, a ser verificado em um dia de prova. É preciso
fornecer aos alunos os instrumentos para que sejam capazes de atingir os
objetivos da Academia, que são o estudo e a pesquisa em qualquer área de
estudo. Trata-se então de se aprender fazendo, como sugerem os
conceitos mais modernos da Pedagogia. Este conhecimento fundamenta
práticas e direciona atitudes profissionais mais concisas, buscando ensaios
e acertos, não ensaios e erros.
Procuramos seguir rigorosamente as normas definidas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT para elaboração de trabalhos
científicos.
Qualquer Faculdade nada mais é do que o local próprio da busca
incessante do saber científico. Neste sentido, esta disciplina tem uma
importância fundamental na formação do profissional. Se os alunos
procuram a Academia para buscar saber, precisamos entender que
Metodologia Científica nada mais é do que a disciplina que “estuda os
caminhos do saber”, sendo que “método” quer dizer caminho, “logia” quer
dizer estudo, e “ciência” quer dizer saber. Mas aprender a pesquisar pode
ser prazeroso e, cá entre nós, não é tão difícil assim.
Fonte: Fabiana da Silva Kauark; Fernanda Castro Manhães; Carlos Henrique
Medeiros. Metodologia da pesquisa: guia prático. Itabuna: Via Litterarum, 2010.
Disponível em: https://www.unirv.edu.br/conteudos/fckfiles/files/NDC214%20%20-
%20M%C3%89TODOS%20E%20T%C3%89CNICAS%20DE%20PESQUISA.pdf.
Acesso em: 9 jun. 2021.

85
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Os autores destacam que a metodologia é prática, sobretudo quanto


as respostas para as dúvidas e problemas que surgem no trajeto tanto
profissional quanto acadêmico. A ideia é que a metodologia é o estudo do
caminho, em que o significado de “método” é caminho, “logia” é estudo, ou
seja, a metodologia se aplica em conhecer o trajeto da pesquisa. Tem-se o
método que permite a correção do pensamento e da previsão lógica durante
a pesquisa.
A pesquisa foi realizada observando os seguintes pontos:
I) estabeleceu-se uma temática - astronauta - no qual se apresenta o
problema de desconhecimento dos métodos de treinamento aplicados para
ser um astronauta. Em uma consulta rápida no Google com a expressão
"treinamento de astronautas", apresentou 326.000 resultados em 0,56
segundos.
II) a partir da temática, iniciou-se o pensamento de uma proposta
(integral), no qual se contemplasse o objetivo de estudo, o todo, e qual
seria a solução ao problema indicado no primeiro momento. Fixando-se a
Proposta = Dinâmica de treinamento dos astronautas: compreensão de
métodos físicos e éticos. Título [objetivo de estudo] = Dinâmica de
Treinamento dos Astronautas: Problema = incompreensão dos métodos
físicos e éticos a serem utilizados no treinamento de astronautas. Solução =
compreensão dos métodos físicos e éticos. Com estas definições,
estabeleceu-se as palavras-chave para pesquisa nos bancos de dados;
III) com a proposta, título, problema e solução, dentro da estrutura e
compreensão de parágrafo, buscou uma etapa de viabilidade da proposta,
pela coleta de dados, A viabilidade da proposta implicaria em encontrar
material de referências que pudesse subsidiar a pesquisa;
IV) a proposta se pautava na estrutura de parágrafo e na pesquisa
bibliográfica ou de revisão. Ou, na pesquisa que busca encontrar a solução
ao problema, e partir de outras pesquisas publicadas;
V) na pesquisa bibliográfica, usou-se a rede mundial de computador,
em razão da pandemia e do isolamento social, dividindo em cinco
momentos: a) visão geral e busca de termos para compor um rol de
palavras chave, além das contidas na proposta, título, subtítulo e problema;
b) estabeleceu uma meta de pesquisa (dez arquivos); c) elegeu-se os
bancos de dados oficiais, entre eles, Google Acadêmico, SciELO, Portal
Periódico Capes; d) criou-se uma pasta que se denomina banco de dados
86
 Engenharia Física – resolução de problemas 

da pesquisa; e e) procedeu-se a pesquisa com as palavras chave e a leitura


do conteúdo aparente como ementa esperada.
Os resultados foram:
V.I) Google Acadêmico - apresentou 69.900 resultados em 0,07
segundos:
V.I) No Portal Periódico Capes/MEC, foram encontrados 6
resultados, incluindo o SciELO:
VI) com a meta alcançada de arquivos, tese, dissertação,
monografias, TCC, artigos e livros, baixados da rede de computador,
permitiu-se passar a próxima fase, com a consciência que a pesquisa seria
viável, em decorrência da existência de material suficiente para realizar a
pesquisa;
VII) com o perfazimento do banco de dados procedeu-se pela técnica
da leitura objetivada três metas: a) reconhecer o material; b) selecionar os
materiais; e c) proceder ao fichamento dos materiais coletados;
VIII) com os arquivos selecionados, ou com o fichamento do material
coletados, obteve-se uma visão do objeto de estudo, da problemática e da
solução provável;
IX) feita a pesquisa, por meio do banco de dados, e com o
fichamento, apto a ser utilizado como citações, passou-se para a fase de
redação do texto, com técnica de parágrafo.
Para a escrita, utilizou-se da técnica de parágrafo, pautando-se na
sequência do título e subtítulo, depois, resumo, sumário, introdução e
demais partes.
Atentando-se à falta de conhecimento acerca deste tema, tem-se a
dúvida sobre os métodos físicos e éticos, incentivando a pesquisa e
divulgando-a para o maior entendimento da pauta.
Assim, a metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, no qual
listou-se em um banco de dados oficiais para obter informações sobre a
temática, sua estruturação por técnica de parágrafo, observando os
conteúdos encontrados, de forma analítica, buscou responder ao problema
de pesquisa.

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Após a metodologia descrita, passa-se para os principais resultados


encontrados com a pesquisa.

6 Resultados
Os resultados da pesquisa compreendem a explicação do
treinamento de astronautas e seus métodos, os quais serão apresentados
neste tópico utilizando novas fontes ainda não utilizadas.
Lorenna Machado, em texto, “Como escrever os resultados e
discussão do seu trabalho acadêmico”, traz uma visão sobre como escrever
a seção ou tópico resultado, que passa a transcrever abaixo:
Seção de Resultados
Os principais resultados da sua pesquisa são descritos aqui, incluindo as
análises estatísticas e se os achados são significativos ou não. Os
resultados são descritos no passado, pois, você estará descrevendo o que
já foi feito.
Uma apresentação organizada facilita o entendimento da sua linha de
raciocínio pelo leitor. Portanto, a maneira como você organiza a descrição
dos seus resultados precisa ser coerente. Você pode seguir a mesma
ordem descrita na seção de metodologia ou uma ordem de relevância, da
resposta mais para menos importante em relação às suas perguntas de
pesquisa ou hipóteses. Seguir a ordem apresentada na seção de
metodologia é muitas vezes mais fácil, pois, assim você garante que cada
método descrito possui resultados relevantes a serem apresentados. Caso
você opte por excluir os resultados de algum experimento, remova também
toda a descrição relacionada ao experimento da metodologia.
Algumas pesquisas geram muitos dados e nesses casos você precisa focar
somente naqueles mais relevantes. Caso você não tenha certeza quais
dados são os mais relevantes para sua pesquisa, releia seus objetivos e
perguntas iniciais para decidir quais precisam ser descritos com mais
detalhes. Independente dos resultados serem favoráveis ou
estatisticamente significantes, se seus achados forem relevantes para sua
pesquisa, eles deverão ser inclusos no trabalho. Os resultados observados
muitas vezes não são os esperados, mas se você conduziu seus
experimentos com qualidade, esses resultados podem gerar dados
importantes para sua área de pesquisa.
A inclusão de tabelas e figuras é importante para ilustrar seus resultados,
auxiliando a visualização da informação descrita no texto pelo leitor. Elas
devem ser enumeradas consecutivamente, na mesma ordem em que são
mencionadas no texto. Capriche na produção destes itens considerando a
clareza e a facilidade de visualizar as informações importantes do seu
trabalho.
A maioria dos leitores, principalmente de artigos científicos, apenas
examinam as tabelas e figuras sem ler o texto. Portanto, certifique-se de
88
 Engenharia Física – resolução de problemas 

que cada item tenha um título claro e descritivo o suficiente para ser
entendidas sem o auxílio do texto. Além disso, o texto deve complementar
as figuras e tabelas e não repetir a mesma informação. Descreva as
similaridades, diferenças, correlações e tendências implícitas nos
resultados. Compare os dados sem repetir os valores já reportados. Inclua
as informações sobre os testes estatísticos realizados, como os valores de
p ou intervalos de confiança e limites.
Fonte: Lorenna Machado. Como escrever os resultados e discussão do seu trabalho
acadêmico . Disponível em: http: http://proficienciaconsultoria.com.br/como-
escrever-os-resultados-e-discussao-do-seu-trabalho-academico/. Acesso em: 24
maio 2021.

A autora traz pontos sensíveis e de atenção que deve ser observado


no momento de redigir o tópico resultados, quais sejam; a) indicar os
resultados obtidos no banco de dados, em razão de ser uma pesquisa
bibliográfica, que se julga significativo e complementar ao entendimento da
temática; b) estabelecer uma apresentação organizada, pautada na linha de
raciocínio e de modo coerente; e c) espaço para registrar similaridades,
diferenças, correlações, tendências, contradições e contrariedades.
Os resultados, na pesquisa bibliográfica, devem refletir ou espelhar a
experts na seleção e formação do banco de dados. Para tanto, a
organização dos pontos relevantes e significativos será feito com base na
sequencialidade dos tópicos, ou seja, o objeto de estudo, a problemática, a
solução e a metodologia. Destacando-se como foram apresentados:
I) Dinâmica de Treinamento dos Astronautas
Para entender a dinâmica de treinamento dos astronautas, a partir do
ponto físico, é necessário a compreensão das mudanças ocorridas no corpo
humano em microgravidade. Neste sentido firmou-se os motivos pelo qual o
treinamento dos astronautas é complexo e necessário para esta profissão.
Sendo esta informação encontrada no trabalho final de mestrado integrado
em medicina da Universidade de Lisboa:
2. Resposta do osso à microgravidade
O esqueleto tem duas funções principais: a primeira é ser uma estrutura
rígida que suporta e move o corpo na superfície terrestre, a segunda é ser
o reservatório de cálcio do corpo
(12). Num ambiente de microgravidade, a função de suporte perde
importância.
Num estudo de bed rest, observou-se um aumento na excreção de cálcio
(13) e nos marcadores de reabsorção óssea (que podem estar aumentados
até 60% com poucas alterações nos marcadores de formação óssea) (14).
Em apenas poucos dias de exposição à microgravidade, a excreção
urinária de cálcio aumenta até 60/70% do normal (15). A densitometria do

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

calcâneo mostra uma tendência para aumento das perdas dos minerais
ósseos com viagens espaciais mais prolongadas (16,17). Os valores são
variáveis devido a heterogeneidade individual e diferentes métodos de
medição, no entanto as perdas são o dobro das observadas em acamados,
portanto a taxa de perda óssea durante uma viagem espacial é superior à
verificada nos análogos terrestres (18,19).
Há pouca evidência que mostre diferenças relacionadas com sexo na taxa
de perda óssea. Certamente, algumas diferenças individuais podem estar
relacionadas com fatores hormonais específicos de sexo, no entanto a
variabilidade dentro do próprio género é grande e tem de ser investigada
melhor. Efetivamente, os homens têm em média, uma maior massa
esquelética, no entanto um estudo de 17 semanas em acamados, mostrou
que a perda óssea era menor em mulheres do que em homens (20)
(medição no calcâneo). No entanto, num estudo durante 60 dias em
acamados (21), em que se avaliou a densidade mineral óssea ao nível da
anca, as mulheres mostravam perda substancial nesse local enquanto os
homens não (22). Usando TAC, avaliou-se a densidade mineral óssea do
osso trabecular e cortical da tíbia após bed rest. Não foram observadas
diferenças significativas entre homens (22,23) e mulheres (24). Estudos
realizados em roedores com suspensão dos membros posteriores,
mostraram uma maior perda de osso trabecular em ratos fêmea (25) e um
efeito distinto nos valores iniciais (ratos que tinham maior volume ósseo
inicial, perdiam menos massa óssea).
Para além da perda óssea, parece haver alterações nas propriedades dos
ossos que os tornam mais fracos. A zona trabecular do osso é mais
suscetível à microgravidade. Por exemplo, no fémur a perda de densidade
mineral óssea é maior nesta zona do que na zona cortical (26). A
densidade mineral óssea está reduzida principalmente nos pontos de
suporte do peso corporal, nomeadamente: pescoço, coluna vertebral, pélvis
e fêmur. Em contraste, os membros superiores não mostram alterações na
densidade mineral óssea (27). Já no crânio, verifica-se um aumento da
densidade óssea (28,29).

Figura 1. Alterações na densidade mineral óssea de várias localizações em


astronautas após 4-14 meses de viagem espacial (15)
Portanto, há diferenças regionais na alteração da densidade mineral óssea.
Pensa-se que as alterações moleculares que acontecem são diretamente

90
 Engenharia Física – resolução de problemas 

influenciadas pela descarga mecânica, mas também podem ser induzidas


por alterações na perfusão. Estudos em ratos com suspensão dos
membros posteriores, mostraram que as alterações na massa óssea
(aumento na cabeça e diminuição na parte inferior do corpo) eram
proporcionais às alterações da perfusão óssea (30), suportando a hipótese
de que alterações na perfusão sanguínea fornecem o estímulo para
remodelação óssea na microgravidade (31).
Para além da descarga e do fluxo sanguíneo alterado, outros fatores da
viagem espacial podem contribuir para a perda de osso: aumento das
hormonas de stress (32), diminuição dos níveis de vitamina D (33),
alterações no ritmo circadiano e balanço calórico diminuído (34).
A perda de densidade óssea é um potencial problema para o retorno após
missões muito longas, a um ambiente com gravidade. A recuperação é um
processo lento, demorando o dobro da duração da missão (35). A taxa de
recuperação após exposição à microgravidade é duas a três vezes mais
lenta do que a taxa de perda óssea (36).
Sintetizando, o principal efeito no sistema esquelético é a perda de massa
óssea (37) devido a um aumento da reabsorção óssea (14). Isto leva ao
aumento da excreção urinária de cálcio, que ao ser eliminado por esta via,
aumenta o risco de formação de cálculos renais.
Fonte: Ramos, Marta Viúla. Alterações musculoesqueléticas em ambiente de
microgravidade . In Universidade de Lisboa. Disponível em:
http://hdl.handle.net/10451/47200. Acesso em: 15 jun. 2021.

Em microgravidade, os ossos reagem de maneira diferente do


convencional, isto é, fora do ambiente terrestre. Sua função de suporte para
o peso do corpo, é desnecessária no espaço, tendo em vista que em tal
ambiente o corpo se mantém suspenso no ar. Porém não só os ossos são
afetados neste processo, temos também uma resposta dada pelo músculo
esquelético em ambiente de microgravidade. Tendo uma reação de perda
de massa muscular, visando 3 diferentes fatores que contribuem para esta
perda:
Três fatores contribuem para a perda de massa muscular durante a viagem:
a remodelação do sistema musculoesquelético, o nível físico antes da
viagem e a incapacidade de manter um balanço energético (76).
• Remodelação do sistema musculoesquelético
A remodelação do sistema músculo esquelético é uma consequência
inevitável do voo espacial. É um achado encontrado em todas as missões
espaciais e análogos terrestres. A redução do tamanho e da força muscular
deve-se à diminuição da carga a que o corpo está sujeito. Os principais
sítios afetados são os músculos com funções anti gravíticas que estão
localizados no tronco e nos membros inferiores (principalmente ao nível da
perna) (45,77). Estas perdas ocorrem apesar de tentativas combinadas de
uma dieta adequada e de um regime de exercício físico vigoroso (78–81).
• Nível físico pré-viagem

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Segundo a base de dados que faz o seguimento longitudinal do estado de


saúde dos astronautas da NASA (LSAH), a taxa média de perda de peso foi
2,4% por 100 dias no espaço (41). No entanto, esta perda de peso é
extremamente variável (82). O tipo de exercício e a quantidade de exercício
pré-viagem são preditores da perda de peso durante a viagem. Quanto ao
tipo de exercício, verificou-se que os astronautas que andavam (o exercício
menos exigente) perdiam menos peso corporal do que aqueles que tinham
regimes de exercício mais agressivos. Quanto à quantidade, verificou-se
que astronautas que exercitavam durante mais do que uma hora, perdiam
mais peso durante a viagem (41). Estes achados são compatíveis com o
facto de os astronautas estarem num estado de hipercompensação pré-
viagem, o que nos leva a pensar que quanto mais atléticos forem os
astronautas, mais suscetíveis são a perda muscular, e que pelo contrário,
quanto mais perto estiverem de um estado basal normal, menor a perda
ponderal.
• Balanço energético negativo
O metabolismo também não se adapta muito bem à microgravidade, uma
vez que a ingestão alimentar durante uma viagem espacial não consegue
igualar os gastos. Assim sendo, não se consegue atingir um balanço
energético ideal e o resultado é um défice energético. A ingestão alimentar
é um fator missão-dependente: estudos demonstram que astronautas na
mesma missão tendem a comer quantidades semelhantes de comida. Isto
sugere que as especificidades da missão influenciam mais a ingestão diária
do que fatores pessoais (83,84).
Fonte: Ramos, Marta Viúla. Alterações musculoesqueléticas em ambiente de
microgravidade . In Universidade de Lisboa. Disponível em:
http://hdl.handle.net/10451/47200 Acesso em: 15 jun. 2021.

Como indicado na citação, o ambiente de microgravidade afeta o


corpo humano de forma diferente do habitual em ambiente terrestre.
Tornando assim necessário o treinamento árduo para os profissionais
astronautas. Usando de diversos equipamentos com conceitos físicos, é
possível este preparo profissional antes de qualquer real missão no espaço.
II) Incompreensão dos Métodos Físicos e Éticos Utilizados em
Treinamento de Astronautas
A incompreensão dos métodos físicos e éticos utilizados em
treinamento de astronautas, revela o problema, tendo em questão quais os
possíveis métodos usados nesse treinamento, sendo esses métodos físicos
já apresentados. Para questões éticas temos o protocolo de treinamento
físico para astronautas na microgravidade. Abordando sobre estes
protocolos:
The question of the composition of exercise protocols for use by astronauts
in microgravity is unresolved. Based on our knowledge of physical working
requirements for astronauts during intra- and extravehicular activity and on
92
 Engenharia Física – resolução de problemas 

the findings from bed-rest studies that utilized exercise training as a


countermeasure for the reduction of aerobic power, deterioration of
muscular strength and endurance, decrements in mood and cognitive
performance, and possibly for bone loss, two exercise protocols are
proposed. One assumes that, during microgravity, astronaut exercise
physiological functions should be maintained at 100% of ground-based
levels; the other assumes that maximal aerobic power in flight can be
reduced by 10% of the ground-based level. A recommended prescription for
in-flight prevention or partial suppression of calcium (bone) loss cannot be
written until further research findings are obtained that elucidate the site,
the magnitude, and the mechanism of the changes. Hopefully these
proposed exercise prescriptions will stimulate further research and
discussion resulting in even more efficient protocols that will help ensure
the optimal health and well-being of our astronauts.
Fonte: Greenleaf, R. Bulbulian, Bernauer, Haskell e T. Moore. Exercise-training
protocols for astronauts in microgravity . In Journal of Applied Physiology. Disponível
em: https://doi.org/10.1152/jappl.1989.67.6.2191 Acesso em: 15 jun. 2021.

A questão da composição dos protocolos de exercícios para uso por


astronautas na microgravidade não está resolvida. Com base em nosso
conhecimento dos requisitos físicos de trabalho para astronautas durante a
atividade intra e extra veicular e nas descobertas de estudos de repouso na
cama que utilizaram o treinamento físico como uma contramedida para a
redução da potência aeróbica, deterioração da força e resistência
muscular, diminuição do humor e desempenho cognitivo e, possivelmente,
para perda óssea, dois protocolos de exercícios são propostos. Supõe-se
que, durante a microgravidade, as funções fisiológicas do exercício do
astronauta devem ser mantidas em 100% dos níveis terrestres; o outro
assume que a potência aeróbica máxima em voo pode ser reduzida em
10% do nível baseado no solo. Uma prescrição recomendada para
prevenção em vôo ou supressão parcial da perda de cálcio (osso) não pode
ser escrita até que sejam obtidos resultados de pesquisas adicionais que
elucidem o local, a magnitude e o mecanismo das mudanças.
Esperançosamente, essas prescrições de exercícios propõem estimular
mais pesquisas e discussões, resultando em protocolos ainda mais
eficientes que ajudarão a garantir a saúde e o bem-estar ideais de nossos
astronautas.
Fonte: Greenleaf, R. Bulbulian, Bernauer, Haskell e T. Moore. Exercise-training
protocols for astronauts in microgravity. In Journal of Applied Physiology. Disponível
em: https://doi.org/10.1152/jappl.1989.67.6.2191 Acesso em: 15 jun. 2021.

Com esta abordagem mostrada, é compreendido a rigidez


profissional exigida dos futuros astronautas, onde se faz necessário uma
competência moral, ética e profissional para engajar na carreira de
astronauta, seguir os protocolos é um passo importante nesta carreira. De
forma que com a competência do profissional, somada ao árduo
treinamento físico, se tem a construção de um astronauta.
93
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

III) Compreensão de Métodos Físicos e Éticos Aplicados no


Treinamento de Astronautas
Com a compreensão dos métodos aplicados no treinamento de
astronautas, tem como opção agora uma forma de melhorar o desempenho
dos astronautas no treinamento. De acordo com o site Frontiers em
Neurociência e Sistemas, foi publicado um artigo mostrando como seria
possível melhorar o desempenho de astronautas usando treinamento de
adaptabilidade sensorimotor.
Astronauts experience disturbances in balance and gait function when they
return to Earth. The highly plastic human brain enables individuals to
modify their behavior to match the prevailing environment. Subjects
participating in specially designed variable sensory challenge training
programs can enhance their ability to rapidly adapt to novel sensory
situations. This is useful in our application because we aim to train
astronauts to rapidly formulate effective strategies to cope with the balance
and locomotor challenges associated with new gravitational environments
— enhancing their ability to “learn to learn.” We do this by coupling various
combinations of sensorimotor challenges with treadmill walking. A unique
training system has been developed that is comprised of a treadmill
mounted on a motion base to produce movement of the support surface
during walking. This system provides challenges to gait stability. Additional
sensory variation and challenge are imposed with a virtual visual scene that
presents subjects with various combinations of discordant visual information
during treadmill walking. This experience allows them to practice resolving
challenging and conflicting novel sensory information to improve their ability
to adapt rapidly. Information obtained from this work will inform the design
of the next generation of sensorimotor countermeasures for astronauts.
Fonte: Jacob J. Bloomberg, Brian T. Peters, Helen S. Cohen e Ajitkumar P.
Mulavara. Enhancing astronaut performance using sensorimotor adaptability training
In Frontiers in Systems Neuroscience. Disponível em:
https://doi.org/10.3389/fnsys.2015.00129 Acesso em: 16 jun. 2021.

Os astronautas experimentam distúrbios no equilíbrio e na função de andar


quando retornam à Terra. O cérebro humano altamente plástico permite
que os indivíduos modifiquem seu comportamento para corresponder ao
ambiente predominante. Os participantes que participam de programas de
treinamento de desafio sensorial variável especialmente projetados podem
aumentar sua capacidade de se adaptar rapidamente a novas situações
sensoriais. Isso é útil em nossa aplicação porque nosso objetivo é treinar
astronautas para formular estratégias eficazes para lidar com os desafios
de equilíbrio e locomotor associados a novos ambientes gravitacionais -
aumentando sua capacidade de “aprender a aprender”. Fazemos isso
acoplando várias combinações de desafios sensório-motores à caminhada
na esteira. Foi desenvolvido um sistema de treinamento exclusivo que
consiste em uma esteira montada em uma base de movimento para

94
 Engenharia Física – resolução de problemas 

produzir o movimento da superfície de suporte durante a caminhada. Este


sistema oferece desafios para a estabilidade da marcha. Variação sensorial
adicional e desafio são impostos com uma cena visual virtual que
apresenta aos sujeitos várias combinações de informações visuais
discordantes durante a caminhada na esteira. Essa experiência permite
que eles pratiquem a resolução de novas informações sensoriais
desafiadoras e conflitantes para melhorar sua capacidade de se adaptar
rapidamente. As informações obtidas neste trabalho informarão o projeto
da próxima geração de contramedidas sensório-motoras para astronautas.
Variação sensorial adicional e desafio são impostos com uma cena visual
virtual que apresenta aos sujeitos várias combinações de informações
visuais discordantes durante a caminhada na esteira. Essa experiência
permite que eles pratiquem a resolução de novas informações sensoriais
desafiadoras e conflitantes para melhorar sua capacidade de se adaptar
rapidamente. As informações obtidas neste trabalho informarão o projeto
da próxima geração de contramedidas sensório-motoras para astronautas.
Variação sensorial adicional e desafio são impostos com uma cena visual
virtual que apresenta aos sujeitos várias combinações de informações
visuais discordantes durante a caminhada na esteira. Essa experiência
permite que eles pratiquem a resolução de novas informações sensoriais
desafiadoras e conflitantes para melhorar sua capacidade de se adaptar
rapidamente. As informações obtidas neste trabalho informarão o projeto
da próxima geração de contramedidas sensório-motoras para astronautas.
Fonte: Jacob J. Bloomberg, Brian T. Peters, Helen S. Cohen e Ajitkumar P.
Mulavara. Enhancing astronaut performance using sensorimotor adaptability
training. In Frontiers in Systems Neuroscience. Disponível em:
https://doi.org/10.3389/fnsys.2015.00129 Acesso em: 16 jun. 2021.

Pode-se observar que é possível melhorar o desempenho dos


astronautas usando de técnicas sensoriais. Os participantes são expostos a
cenas virtuais para modificar seus comportamentos cerebrais, aprimorando
seu desempenho em treinamento.
IV) Metodologia
Neste tópico, os principais objetivos foram compreender o conteúdo
a ser usado nesta seção do artigo, utilizando a citação de Lorenna Machado
para compreensão de como realizar a parte de resultados.
O uso do artigo “Enhancing astronaut performance using
sensorimotor adaptability training” apoia dados sobre o treinamento da
adaptação dos astronautas, os preparando tanto para se adaptarem no
espaço quanto em terra firme ao retornarem.
Já a citação dos artigos “Exercise-training protocols for astronauts in
microgravity” e “Alterações musculoesqueléticas em ambiente de

95
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

microgravidade” baseiam a pesquisa na parte que utiliza a microgravidade


como objeto de estudo dos métodos físicos e éticos do treinamento.
Com os resultados obtidos durante a pesquisa, é iniciada uma
discussão sobre o tema, tendo como finalidade responder o problema inicial
que originou a pesquisa.
Assim, com os resultados obtidos na pesquisa, possibilitou de forma
competente a resolução do problema, identificando o roteiro de seleção e
treinamento dos astronautas, evidenciou-se seus métodos e possibilitou a
resolução de melhora neste treinamento. Com a importância desta
profissão e a resolução criada neste tema, pode-se atuar de forma positiva
para formação de futuros astronautas.
Com os resultados obtidos e já expostos, tem-se a discussão no
próximo tópico.

7 Discussão
O tópico de discussão tem como objetivo à interação do pesquisador
com a pesquisa, usando dos dados e resultados obtidos na pesquisa,
visando formular um diálogo, não em forma de comentários, mas sim em
posição teórica, argumentativa e crítica.
De tal maneira, se tem a discussão como:
A discussão é a parte do artigo que se depara com o desafio de manter o
equilíbrio entre erudição e concisão. É importante apresentar ao leitor as
implicações dos resultados obtidos, e, ao mesmo tempo, não desviar
significativamente dos achados objetivos. Em outras palavras, algum nível
de especulação sobre o potencial dos achados é esperado, sem, no
entanto, permitir que as asas da imaginação conduzam o texto para o
etéreo domínio do devaneio, sem fundamento em dados obtidos no estudo
em discussão. Tendo em mente as dificuldades acima expostas, serão
feitas algumas sugestões orientadoras sobre como escrever uma
discussão.
Inicialmente, seria oportuno logo no começo do texto colocar, de maneira
objetiva e sucinta, um resumo dos resultados. Por exemplo, "Os dados
obtidos no presente estudo demonstram que o tratamento X mostrou ser
positivo para o tratamento da doença Y. Os efeitos positivos observados
foram consistentes e se mantiveram inalterados frente a diferentes
procedimentos de controle, tais como X, Y e Z.". Logo após essa pequena
revisão da seção de resultados, é importante apontar as potenciais
implicações do estudo, como "o conjunto de achados indicam que, nas
circunstâncias e limitações definidas no presente estudo, o tratamento X
96
 Engenharia Física – resolução de problemas 

tem o potencial de beneficiar os pacientes portadores da doença Y, sem


apresentar alguns dos efeitos adversos (ou menor custo, ou em menor
tempo, etc.) dos tratamentos convencionais".
Em seguida, seria oportuno comparar os resultados obtidos com a literatura
e expor, ao mesmo tempo, os estudos concordantes e discordantes. Caso
existam estudos que divirjam dos resultados obtidos, seria oportuna a
apresentação das possíveis razões da divergência, tais como, diferentes
protocolos, regimes de tratamento, métodos de avaliação, entre outros.
Não é justo nem mesmo eticamente justificável ignorar deliberadamente os
estudos divergentes. Não se deve deixar de tornar evidente ao leitor em
que medida os resultados do estudo contribuem para o tema. Em outras
palavras, os autores estão em uma posição privilegiada para dizer o que há
de novo no estudo e não devem se furtar a apontá-los.
Após comparar os resultados obtidos em relação aos já existentes, seria
interessante fornecer as bases biológicas que conferem plausibilidade aos
dados obtidos. Nesse ponto, é importante incluir as medidas feitas no
próprio estudo, realizadas com o intuito de determinar as bases
mecanísticas dos efeitos observados e, também, referenciar a literatura
existente que comprovam os mecanismos apontados como responsáveis
pelos efeitos observados. Essa parte da discussão poderia soar como "os
efeitos observados são compatíveis com um aumento da condutância do
canal de sódio, mediada pelo aumento da expressão da proteína Z. As
medidas de expressão gênica do gene que controla a expressão da
proteína Z (Figura XX) corroboram esta hipótese. Em estudo realizado em
roedores, Fulano et al. (referência) demonstraram efeitos similares". Essa
parte da discussão - a explicação dos mecanismos responsáveis pelos
efeitos observados - é uma das mais suscetíveis a declarações
hiperbólicas, ou seja, argumentos que, embora plausíveis, não encontram
suporte nos resultados obtidos. Portanto, caro leitor, cuidado nessa parte!
É também importante na discussão expressar de maneira clara as
limitações do estudo. Por exemplo, não se pode furtar da discussão os
pontos fracos do estudo, tais como tamanho da amostra, falta de medidas
complementares que ajudariam a comprovar as hipóteses testadas,
inconsistências com estudos anteriores, e outros pontos que mereçam
comentários. Um reconhecimento objetivo dos pontos fracos não prejudica
a aceitação do estudo e, pelo contrário, demonstra o conhecimento que o
grupo executante tem do assunto e sua seriedade. Portanto, nada de tentar
ignorar as fragilidades. Os revisores do estudo são, via de regra,
especialistas no tema e irão apontar as deficiências do trabalho sob seu
julgamento.
Finalmente, uma maneira elegante de finalizar a discussão é apresentar de
modo resumido as conclusões que se possibilita fazer em face dos
resultados obtidos, como "Em resumo, os resultados obtidos suportam o
conceito de que o tratamento X tem efeitos positivos sobre a doença Y,
indicando ser esta abordagem uma alternativa adicional para o manejo dos
pacientes. Caso sejam confirmados, o tratamento empregado neste estudo

97
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

abre novas perspectivas terapêuticas para o controle de uma condição de


extrema importância em termos de saúde pública".
Fonte: Paulo Saldiva. Discussão In Editorial • Rev. Assoc. Med. Bras. 58 (5) • Out
2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ramb/a/fqq56kGQhrj6vLSJKjbBKgq/?
lang=pt. Acesso em: 23 jun. 2021.

Tem-se a recomendação do autor acima, pode se deduzir a


importância da discussão para a pesquisa. Porém é recomendado formular
de forma detalhada o objetivo do estudo e seu problema em sua plenitude,
de forma a permitir observar outros problemas em relação ao estudo.
Realçando a solução e mostrando sua adaptação. Indicar também a
colaboração do apuramento metodológico.
O autor recomenda também que a discussão indique pontos de
imperfeição que necessitam de aprofundamento ou mesmo palpite de
seguimento.
Esclarecendo que no tópico de discussão se tem a responsabilidade
geral da pesquisa, mostrando a perspectiva crítica e analisando a pesquisa,
de modo a fabricar as conclusões. Neste tópico tem-se o coroamento da
própria pesquisa.
Tendo estas orientações, pode-se recobrar os pontos abaixo:

I) Dinâmica de Treinamento dos Astronautas


A dinâmica de treinamento dos astronautas é um tema de grande
complexidade, onde seja necessário conhecimento em várias áreas para se
ter uma compreensão. Para se tornar um astronauta o profissional deve
estar preparado para todo tipo de desafio.
Um dos principais pontos de questionamento, é o conhecimento do
preparo para atuação em microgravidade que um astronauta deve exercer.
Enquanto os serviços do profissional devem ser realizados fora do ambiente
terrestre, seu treinamento, até que o profissional seja enviado ao espaço, é
realizado em sua totalidade em ambiente terrestre, com a gravidade
terrestre presente neste processo.
Tem se a necessidade de equipamentos e métodos de simulação
eficazes neste treinamento. Usando de conhecimento físico, as empresas
no qual trabalham com serviços de astronautas, investem em pesquisas de
simulação para tornar o treinamento mais realista possível.

98
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Substanciando o tema, o estudo da dinâmica de treinamento dos


astronautas contribui com o preparo de um futuro profissional astronauta,
usufruindo de conhecimentos físicos e éticos.
Com isto pode-se entender que a qualificação de um astronauta vem
de treinamentos rigorosos e estudados minucioso para melhor simulação de
microgravidade. Com tudo, os treinamentos exigem seguimento de normas
éticas e morais do profissional e da empresa em questão, visando proteger
a saúde física do profissional.
II) Incompreensão dos Métodos Físicos e Éticos Utilizados em
Treinamento de Astronautas
A incompreensão dos métodos fecha muitas possibilidades de
melhora e inovação no treinamento. Conhecendo como funciona, há como
aperfeiçoar ou alterar onde é necessário a fim de preparar o profissional de
forma eficiente. Além do argumento supracitado, a divulgação pública do
esquema de treinamento permite que os próximos profissionais tenham
ciência do treino e do que será aplicado.
Desde o recrutamento até o fim do preparo do profissional, prova-se
que é complexo e apenas reforça a tese que precisasse conhecer o
processo de treinamento para que evoluções possam ser realizadas a fim
de ter melhores resultados.
III) Compreensão de Métodos Físicos e Éticos Aplicados no
Treinamento de Astronautas
A compreensão dos métodos físicos e éticos aplicados no
treinamento de astronautas, têm uma visão crítica da dificuldade de
ingressar na carreira de astronauta. Além de ser um serviço de longo
período, onde o astronauta por sua vez passa meses fora do ambiente
terrestre, exercendo serviço em ambiente de microgravidade e
acompanhado de uma equipe de poucos integrantes.
Também se tem a dificuldade moral para ser selecionado e se tornar
um astronauta, onde exigem um currículo complexo e também uma saúde
corporal ótima. Após passar pelo período de seleção, tem se o treinamento
físico, onde são exercidos métodos de simulação.
Um desses métodos cogitados na hipótese, é o treinamento de
microgravidade, onde são usados diversos equipamentos de realidade
virtual, com cabos, sensores e capacetes especiais para manter a
99
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

simulação realista. Estes conhecimentos tecnológicos, físicos e éticos


equacionam a questão da compreensão.
IV) Metodologia
A metodologia usada, permitiu a crítica e análise de dados da
pesquisa, usufruindo do banco de dados foi possível a formação dos
argumentos e citações da pesquisa. Esquematizando na técnica de
parágrafos e examinando os conteúdos encontrados foi feita a construção
da resposta da pesquisa.
Os resultados obtidos do banco de dados da pesquisa, consentiram
uma visão da importância da profissão de um astronauta e sua dificuldade
para ingressar nesta carreira. Esclareceu os métodos utilizados nesse
treinamento, visando a resposta do problema.
Sendo abordado a dinâmica de treinamento mostrando sobre a
profissão de astronauta, suas atuações e qualificações. Evidenciando o
motivo desta pesquisa através de conhecimento sobre esta profissão, a
partir desta dinâmica surgiu o problema de incompreensão dos métodos de
treinamento.
Esta incompreensão foi abordada de forma a mostrar superficial,
quais são os métodos físicos e éticos utilizados. Métodos de seleção e
preparo físico, esclarecendo a diferença de atuação em microgravidade e
ambiente terrestre, transferindo para o conhecimento aprofundado, de
modo a compreender os métodos.
Compreensão dos métodos físicos e éticos, mostra os resultados
detalhados das hipóteses criadas para responder o problema, esclarecendo
a ética moral necessária do profissional concorrente para a vaga de
astronauta e os problemas de simulação para preparo físico dos futuros
astronautas.
Todos os resultados encontrados têm se o objetivo de esclarecer
essa dinâmica de treinamento, e todos seus métodos de treinamento
aplicados, sejam éticos e físicos.
Assim, nota-se a importância de compreender os métodos físicos e
éticos utilizados no treinamento de astronautas, assim como todas as
dinâmicas.

100
 Engenharia Física – resolução de problemas 

A dinâmica do treinamento é o objeto a ser estudado, permitindo o


entendimento do tema, dando uma resposta ao problema, como foi
proposto inicialmente.
O problema que rodeia esta pesquisa é: Quais são os métodos
utilizados e em quais áreas estes atuam no treinamento dos astronautas?
Dentre as várias soluções expostas no decorrer do artigo, a principal
e eficiente proposta é o treinamento subaquático, por superar o treino em
microgravidade e a realidade virtual, trazendo experiências realistas,
ensinando os movimentos necessários para as missões.
Explorando a flutuabilidade por meio do Princípio de Arquimedes,
reduz o impacto da gravidade e cria um ambiente semelhante ao espaço.
Esta dinâmica de treinamento tem como os métodos utilizados
desconhecidos, com o aprofundamento no banco de dados tornou-se
evidente esta dinâmica, desenvolvendo o objetivo de compreensão dos
métodos utilizados, descobrindo suas essências físicas e éticas.
Sendo o objetivo estabelecido na pesquisa de compreender os
métodos físicos e éticos aplicados no treinamento de astronautas, foi
atingido de maneira que se identificou tais métodos.
A dinâmica de treinamento dos astronautas por sua vez tem o
propósito de preparo de um profissional cujo seu serviço será de grande
importância para ciência, onde tal serviço é realizado em ambiente de
microgravidade. Com esta compreensão dos métodos utilizados é possível
apoiar e dar uma base aos candidatos e interessados na profissão de
astronauta.
Com as perspectivas trazidas para argumentar sobre a
incompreensão dos métodos, pode-se afirmar que, conhecendo o processo,
haverá melhora no preparo dos profissionais e no próprio treino, o que irá
gerar uma melhora nos resultados.
Assim, esta discussão sobre a dinâmica de treinamento dos
astronautas e seus métodos físicos e éticos utilizados, apoia a pesquisa
bibliográfica, visando a compreensão para apoio de formação dos
candidatos interessados a se tornarem um astronauta. Descobrindo todos
os requisitos exigidos para seleção, e todos os processos físicos para
preparo do corpo humano atuar em microgravidade.

101
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Com o fim desta discussão, passa para o tópico de conclusões.

8 Conclusões
O estudo da dinâmica de treinamento dos astronautas tem como
função preparar um astronauta para sua missão no qual foi selecionado,
baseado em estudos gravitacionais notasse as diferenças de ambiente
afetado pela gravidade, e o ambiente onde se está em microgravidade, não
só este aspecto é influente na dinâmica de treinamento, se tem também o
isolamento. Tendo em vista estes assuntos, a dinâmica de treinamento dos
astronautas tem a função de preparar o profissional para suprir esta
diferença de ambiente e o período de isolamento. O serviço exercido por
um astronauta é importante para a ciência, tornando necessário a
compreensão do tema em questão.
Tendo em vista o ambiente em que o astronauta enfrentará, as
habilidades necessárias para trabalhar neste ambiente serão adquiridas
através do treinamento rigoroso. Com tudo, a empresa fornecedora deste
serviço, tem por sua vez que cumprir com termos de segurança, visando
proteger a saúde física do profissional. O treinamento ocorre com objetivo
de simulação, visando diminuir a diferença física que ocorre no corpo
humano ao estar sobre muito tempo em microgravidade.
Após ter conhecimento da ambientação que o astronauta irá
enfrentar com a ida ao espaço. É criado um problema na pesquisa, onde
prioriza compreender os métodos utilizados no treinamento de astronautas,
abrindo possibilidade de melhora nesse treinamento e também contribuindo
com futuros profissionais que tem o objetivo de se tornar um astronauta.
Com o banco de dados foi possível descobrir os métodos utilizados
no treinamento de astronautas, tais métodos que limitaram as
possibilidades de um profissional se tornar um astronauta. Já na seleção de
profissionais, a empresa fornecedora do serviço exige um currículo de
muita experiência para o cargo, não apenas o currículo como a saúde
corporal e mental do participante. Após o processo de seleção os
concorrentes ao cargo passam por treinamentos e simulações, através de
equipamentos de alta tecnologia e treinamentos com conceitos físicos,
todos estes com fins de preparar o profissional para a microgravidade. Após
o processo de pesquisa usando banco de dados, tem-se a compreensão
dos métodos físicos e éticos aplicados no treinamento de astronautas.
102
 Engenharia Física – resolução de problemas 

A metodologia usada nesta pesquisa, foi uma estrutura de


parágrafos, usando de um sistema bibliográfico, através de um banco de
dados construído por pesquisas em sites oficiais, com o objetivo de
solucionar o problema da pesquisa.
Após a resolução do banco de dados na pesquisa, foram obtidos
resultados que possibilitaram a desenvoltura do problema, identificando a
importância da profissão, processo de seleção e os motivos desse processo
ser rigoroso, cumprindo assim a parte ética e moral da profissão. Foram
encontrados também os métodos físicos, onde foram indicados a maneira
em que o corpo humano se comporta em microgravidade e a importância de
cada método de treinamento para preparar o corpo e mente do profissional
para sua atuação no espaço. E após toda a compreensão dos métodos
físicos e éticos aplicados também obtivemos uma maneira de melhorar
estes métodos.
Com todos os dados da pesquisa, a compreensão dos métodos
físicos e éticos da dinâmica de treinamento dos astronautas tem como
função dar apoio aos interessados na profissão de astronauta, com os
requisitos para passar pelo processo de seleção e os processos físicos de
treinamento.
O objetivo da pesquisa foi estabelecido em compreender os métodos
físicos e éticos aplicados no treinamento de astronautas, com a resolução
do banco de dados construído, foi possível esta compreensão.
A questão aberta na pesquisa foi: " Quais são os métodos utilizados e
em quais áreas estes atuam no treinamento dos astronautas? ”.
De forma a responder esta pergunta, foi formulado a pesquisa em
partes sequenciais, começando por mostrar a importância desta profissão,
destacando a diferença de ambiente em que o astronauta atua,
evidenciando o motivo para termos uma dinâmica de treinamento dos
astronautas. Foram detalhados os métodos de treinamento e sua seleção,
onde foram indicados o processo de seleção, e os quesitos que o
astronauta deve cumprir, seja no currículo ou na saúde corporal e mental,
este processo de seleção por currículo e saúde mental se encaixa nos
estudos de ética, e a seleção sobre saúde corporal do candidato está na
área de medicina. Tem-se após a seleção o treinamento prático, onde são
usados o conhecimento em física e computacional para preparar os
astronautas, treinos com objetivo de simular o espaço e dar sensação de
103
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

microgravidade, simulações em realidade virtual, treino subaquático e


treinos para testar a capacidade do profissional sob pressão gravitacional.
Também tem se questões que abordam objetivos além da pergunta da
pesquisa, formas de melhorar a dinâmica de treinamento dos astronautas,
com uso de sensores para melhorar as funções cerebrais do profissional.
O propósito do estudo da dinâmica de astronautas e seus métodos, é
para apoiar os profissionais com intenção de se tornar um astronauta,
organizando uma perspectiva ampla deste serviço e seu treinamento.
Também com propósitos de dar base de estudo para promover melhoras
neste tema. Tornando o objetivo de pesquisa possível e praticável.

9 Referências
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https://www.scielo.br/j/ramb/a/fqq56kGQhrj6vLSJKjbBKgq/?lang=pt. Acesso
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WHITLOCK, Laura A. Astronautas In StarChild. Disponível em:
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Apresentação disponível em: https://www.youtube.com/watch?


v=SbeqaoqBHMk

105
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

106
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Aplicabilidade da Engenharia Física no Campo da Economia:


compreensão da econofísica no mercado financeiro

Anelise Nazareth Dantas Pessoa


anelise.dantas@ufms.br
Resumo: Trata-se da compreensão da influência da Engenharia Física
no campo da economia, e sua eficácia no setor da econofísica, no que
tange a seu amplo conhecimento em física, cálculo e análise, e na
aplicabilidade de modelos matemáticos para observar riscos e
modelagem do mercado financeiro, ou até mesmo por meio de
algoritmos quantitativos, entretanto, destaca-se por suas análises e
soluções precisas em áreas como flutuações de preços nos mercados
financeiros, por exemplo. O objetivo é compreender como
acontecimentos no mundo da economia se relacionam com as
metodologias da Física e como a Engenharia Física se encaixa nesse
âmbito, beneficiando a economia. A metodologia aplicada foi a pesquisa bibliográfica,
pautada em bancos de dados oficiais, no Google Acadêmico, em revistas científicas e
bibliotecas digitais. Os resultados encontrados mostram que a ação do profissional em
Engenharia Física é eficaz no setor da econofísica, aplicada no campo do mercado
financeiro, podendo não só contribuir para a resolução de problemas, mas, também da
previsão dos mesmos, e para potencializar os retornos obtidos. As conclusões são que as
contribuições da Engenharia Física no campo do mercado financeiro se relacionam entre
as leis e os conceitos básicos da física inclinados ao mercado financeiro, e, como
consequência, estabelecem os riscos e retornos nos mercados, o que colabora, também,
para o desenvolvimento da economia nacional. Desse modo, forma-se a associação de
duas áreas do conhecimento que se completam, trazendo uma interdisciplinaridade, e
mostrando a eficácia da ação de um profissional da Engenharia Física no setor econômico
e financeiro.

Palavras-chave: Engenharia Física. Riscos. Mercado Financeiro. Econofísica.

Sumário: 1 Introdução. 2 Aplicabilidade da Engenharia Física no Campo da Economia. 3


Incompreensão da Econofísica no Mercado Financeiro. 4 Compreensão da Econofísica no
Mercado Financeiro. 5 Metodologia. 6 Resultados. 7 Discussão. 8 Conclusões. 9
Referências.

1 Introdução

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 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Trate-se de evidenciar a importância da compreensão da Engenharia


Física no campo da economia, no contexto da econofísica, levando em
consideração a importância e a necessidade de conciliar as áreas da
engenharia com a física, aplicando os conhecimentos obtidos com o intuito
de proporcionar efeitos positivos para as condições econômicas e sociais,
em âmbito nacional.
Mostra-se a influência que a aplicabilidade da Engenharia Física tem
no que tange ao campo de cálculo e análise, desenvolvendo modelos
matemáticos para observar riscos e modelagem do mercado financeiro, ou
também pela criação de algoritmos quantitativos. Porém, na economia,
destaca-se por sua eficácia em áreas como análises e soluções precisas
em áreas como flutuações de preços nos mercados financeiros.
A razão que explica a proposta da contribuição da aplicabilidade da
Engenharia Física no campo da economia, no qual se busca a
compreensão da econofísica no mercado financeiro, não é apenas sobre os
benefícios que essa interdisciplinaridade traz para a economia nacional e a
modelagem do mercado, mas também sobre evitar múltiplos dos possíveis
efeitos negativos.
A proposta se restringe em observar os riscos do mercado financeiro,
de modo a conjecturar e indicar problemas que trariam irregularidades ao
sistema econômico, e como o Engenheiro Físico em específico contribui
nessa área.
Cabe ressaltar que a questão do objetivo definido na pesquisa é
compreender como as metodologias da Física podem explicar certos
fenômenos no campo da economia e acontecimentos no mundo do mercado
financeiro, ou também como a Engenharia Física se encaixa nesse âmbito e
se adequa beneficiando esse campo.
Logo, problema de pesquisa se volta para a seguinte pergunta:
Como os profissionais de Engenharia Física podem contribuir na questão
econômica, de modo a relacionar a Física com o mercado financeiro,
considerando trazer benefícios para o mesmo?
Para responder ao problema de pesquisa estabeleceu-se três ou
prováveis respostas que são:
a) O Engenheiro Físico deve limitar seus estudos apenas ao
desenvolvimento de cálculos matemáticos e análise de gráficos,
108
 Engenharia Física – resolução de problemas 

destacando o aprofundamento em apenas uma área, como algoritmos por


exemplo;
b) O Engenheiro Físico deve fundamentar-se apenas na
compreensão de ramificações da economia e assegurar o alinhamento com
a política econômica nacional;
c) O Engenheiro Físico deve basear-se em sua capacidade
proporcionada pelo curso de lidar com múltiplos assuntos diferentes, e
investir no aprendizado de desenvolvimento de modelos matemáticos para
investimentos adequados a política econômica atual, que podem trazer
retornos vantajosos, e também serve para aprimorar o mercado financeiro.
A metodologia aplicada baseou-se na pesquisa bibliográfica, a qual
foi pautada em bancos de dados oficiais e obras literárias, como o Google
Acadêmico, SciELO, Google Scholar, revistas científicas, bibliotecas
digitais, livros de educação financeira, teses e dissertações referentes ao
tema. Também, todas as referências foram salvas no aplicativo Zotero®.
Para a elaboração da parte teórica da pesquisa, utilizou-se os
seguintes autores com suas respectivas obras: Aléssio Tony Batista
Celeste; Alex Souza Magalhães; Daniel de Souza Santos. Introdução à
Econofísica: Uma proposta de atividade para o ensino médio . Fernando
Nogueira da Costa. Econofísica: Mudança de Paradigma na Ciência
Econômica . A. Jakimovicz. Econophysics as a New School of Economic
Thought: Twenty Years of Research . William Stanley Jevons. A teoria da
economia política. José Roberto Lessa. Como a Física está revolucionando
a Economia. Rosario Mantegna; H. Eugene Stanley. An Introduction to
Econophysics: Correlations and Complexity in Finances. Mauricio Gomes
Pereira. A seção de discussão de um artigo científico. Mauricio Gomes
Pereira. A seção de resultados de um artigo científico . Gheorghe Savoiu.
Econophysics: Background and Applications in Economics, Finance, and
Sociophysics .
Os principais resultados encontrados, provenientes do banco de
dados ao decorrer da pesquisa, revelam os benefícios que a ação do
profissional de Engenharia Física aplicada no campo da economia traz, e
como ela pode contribuir e é eficaz no setor da econofísica, não só para a
resolução de problemas de investimentos e previsão dos mesmos no
mercado financeiro, mas também para o progresso e melhoria da economia
nacional. Esta ação também mostra- se eficaz no quesito potencialização
109
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

de retornos obtidos e viabiliza apontar o investimento adequado, cujo tenha


como característica baixo risco e alto retorno monetário.
Desse modo, tem-se como solução para a compreensão da
econofísica no mercado financeiro a aplicabilidade das habilidades de um
profissional da Engenharia Física, que tem a capacidade de lidar com a
interdisciplinaridade que a problemática exige.
Para que esse conteúdo fosse desenvolvido e registrado, foram
estabelecidos nove tópicos que são: i) introdução, que no geral, apresenta
a visão dos principais tópicos que serão abordados; ii) a definição do objeto
de estudo, que é a aplicabilidade da Engenharia Física no campo da
economia envolvendo o mercado financeiro; iii) o problema que a pesquisa
se limita, e descrição da incompreensão da econofísica no mercado
financeiro; iv) a solução do problema, que se volta para a compreensão da
econofísica no mercado financeiro; v) a metodologia que expõe as técnicas
utilizadas e o processo de coleta dos dados nos bancos de dados oficiais;
vi) os resultados, que registraram a análise e contextualização do conteúdo
relevante do bancos de dados; vii) o tópico da discussão foi desenvolvido
pela junção da descrição dos outros tópicos e pela análise da solução
encontrada, permitindo seguir para a conclusão; viii) nas conclusões
dispõe-se a síntese de cada tópico, e a resposta ao problema, de modo a
finalizar; e ix) por fim, as referências utilizadas para a elaboração deste
artigo.
Com isto, reafirma quão significativa é a temática proposta sobre a
aplicabilidade da Engenharia Física no campo da economia, cuja
problemática se refere situação da economia nacional e a ignorância
relacionada ao mercado financeiro. O que pode ser revertido com a
compreensão econofísica no mercado financeiro, no que se perfaz o
aperfeiçoamento da economia nacional. A contribuição consiste em obter
sabedoria sobre o assunto, o que leva ao benefício próprio e também da
sociedade em geral.

2 Aplicabilidade da Engenharia Física no Campo da Economia


Em relação à aplicabilidade da Engenharia Física no campo da
economia, no que se confere ao objeto de estudo, têm-se o que se
relaciona com as habilidades que um Engenheiro Físico tem de lidar com as
duas áreas que estão ligadas ao tema, no caso a física e a economia,
110
 Engenharia Física – resolução de problemas 

inclinados ao desenvolvimento de modelos matemáticos e análise de


gráficos, e como a ação do Engenheiro físico em exclusivo se encaixa
nesse âmbito.
Para que se entenda a aplicabilidade da Engenharia Física no campo
da economia, precisa-se primeiro entender porque a economia necessita
das atividades da Engenharia Física. De acordo com José Roberto Lessa,
têm-se que:
Um dos problemas mais estudados atualmente pelos cientistas e
economistas envolve a disparidade e a distribuição de renda da população
buscando e analisando as suas causas e consequências. Como citado, a
economia é caótica e dinâmica, fazendo com que outras ferramentas sejam
capazes de traduzir os fatos em linguagem matemática.
Fonte: José Roberto Lessa. Como a Física está revolucionando a Economia.
Disponível em: https://pt.linkedin.com/pulse/como-f%C3%ADsica-est%C3%A1-
revolucionando-economia-jos%C3%A9-roberto-lessa. Acesso em: 7 maio 2021.

Como apresentado por José Roberto Lessa, a economia tem uma


característica dinâmica. Desse modo, a apresentação mostra que o uso de
ferramentas de linguagens matemáticas apresenta a capacidade de
desenvolver soluções para os problemas existentes na área econômica e
facilita o entendimento e identificação da problemática, o que outras áreas
não poderiam fazer com a mesma eficácia.
Observando que o Engenheiro Físico estuda a fundo as áreas da
matemática e desenvolve habilidades específicas que são necessitadas no
campo da economia, têm-se o motivo da ação do Engenheiro Físico ser
necessitada na área da economia.
Para compreender a aplicabilidade da Engenharia Física no campo
da economia, temos que entender, diante da objetivação supracitada, as
habilidades específicas de um Engenheiro Físico a partir de condutas que
regulamentam a profissão. De acordo com o Artigo 4º da Resolução
CNE/CES 11/2002 – Anexo 4:
Art. 4º A formação do engenheiro tem por objetivo dotar o profissional dos
conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e
habilidades gerais:
I - Aplicar conhecimentos matemáticos, científicos, tecnológicos e
instrumentais à engenharia;
II - Projetar e conduzir experimentos e interpretar resultados;
III - Conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos;
IV - Planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos e serviços de
engenharia; V - Identificar, formular e resolver problemas de engenharia;
VI - Desenvolver e/ou utilizar novas ferramentas e técnicas;

111
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

VI - Supervisionar a operação e a manutenção de sistemas;


VII - Avaliar criticamente a operação e a manutenção de sistemas;
VIII - Comunicar-se eficientemente nas formas escrita, oral e gráfica;
IX - Atuar em equipes multidisciplinares;
X - Compreender e aplicar a ética e responsabilidade profissionais;
XI - Avaliar o impacto das atividades da engenharia no contexto social e
ambiental;
XII - Avaliar a viabilidade econômica de projetos de engenharia;
XIII - Assumir a postura de permanente busca de atualização profissional.
Fonte: Resolução CNE/CES 11, de 11 de março de 2002. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES112002.pdf. Acesso em: 7 maio 2021.

De acordo com o artigo 4º, como já mencionado, a formação do


engenheiro tem como objetivo o exercício de habilidades como análises,
identificação, formulação e resolução de problemas, bem como outros itens
mencionados, o que possibilita a ação do Engenheiro Físico no campo da
economia e da econofísica, pois as mesmas exigem as habilidades que são
desenvolvidas em sua formação.
Ainda sobre a necessidade da matemática na área da economia, o
economista William Stanley Jevons, por sua vez, discorre:
Sustento que todos os autores econômicos devem ser matemáticos na
mesma medida em que são científicos, porque tratam de quantidades
econômicas, e as relações de tais quantidades e todas as quantidades e
relações de quantidades estão dentro do objeto da Matemática. Mesmo
aqueles que mais veemente e claramente protestavam contra o
reconhecimento de seu próprio método, continuamente revelam em sua
própria linguagem o caráter quantitativo de seus raciocínios. [...]A função
dos símbolos matemáticos [...] é a de guiar nossos pensamentos no
escorregadio e complicado processo de raciocínio. A linguagem comum
pode expressar normalmente os axiomas elementares de uma ciência, e
com freqüência também os resultados finais; mas só da forma mais
insatisfatória, obscura e tediosa é que nos pode conduzir através dos
labirintos da inferência.
Fonte: William Stanley Jevons. A teoria da economia política. In. Ed. Nova Cultural.
1988 (1871). Disponível em:
http://www.projetos.unijui.edu.br/economia/files/Jevons.pdf. Acesso em: 7 maio
2021.

Observa-se que o economista escreve que a matemática, que é uma


das áreas que o Engenheiro Físico estuda de forma aprofundada no curso,
é necessária no campo da economia, e como um especialista na área, ele
aponta que os autores econômicos devem ser matemáticos, porque tratam
de relações de quantidades que estão dentro do objeto da Matemática.

112
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Desse modo, a Engenharia Física, sendo um curso interdisciplinar e


com sua forte base envolvendo de forma profunda a matemática, se mostra
uma profissão que agrega de maneira positiva na área econômica. Ao
analisar as citações, é possível identificar que elas se complementam e de
certa forma abordam o mesmo assunto, concluindo-se que a ação do
Engenheiro Físico, pelas características de sua formação serem as mesmas
exigidas para o desenvolvimento da economia, se encaixa nesse âmbito.
Assim, aplicabilidade da Engenharia Física no campo da economia
se mostra eficaz, pois o curso dispõe dos quesitos necessários para a
atuação na área econômica e também forma pessoas com as habilidades
específicas fundamentais para o exercício da profissão.
Conceituado o motivo da aplicabilidade da Engenharia Física ser
necessária no campo da economia, foca-se agora na discussão do
problema da incompreensão da econofísica no mercado financeiro.

3 Incompreensão da Econofísica no Mercado Financeiro


A incompreensão da econofísica no mercado financeiro se torna o
principal problema, pois, por envolver duas grandes áreas com variáveis
diferentes, sendo elas a economia e a física, torna-se um assunto complexo
e, pelo fato de não ser ensinado no cotidiano da população, desenvolve-se
a dificuldade de compreensão.
Com isso, surge o seguinte questionamento: em quais áreas o
Engenheiro Físico deve se aprofundar para ajudar a evitar a incompreensão
da econofísica no mercado financeiro?
Econophysics is an interdisciplinary research field, applying theories and
methods originally developed by physicists in order to solve problems in
economics, usually those including uncertainty or stochastic processes and
nonlinear dynamics. Its application to the study of financial markets has
also been termed statistical finance referring to its roots in statistical
physics.
Fonte: ScienceDirect. Gheorghe Savoiu. Econophysics: Background and
Applications in Economics, Finance, and Sociophysics . Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/topics/economics-econometrics-and-
finance/econophysics. Acesso em: 28 maio 2021.

Tradução Livre
A Econofísica é um campo de pesquisa interdisciplinar, aplicando teorias e
métodos originalmente desenvolvidos por físicos para resolver problemas

113
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

em economia, geralmente aqueles que incluem incerteza ou processos


estocásticos e dinâmica não linear. Sua aplicação ao estudo dos mercados
financeiros também foi denominada finanças estatísticas, referindo-se às
suas raízes na física estatística.
Fonte: ScienceDirect. Gheorghe Savoiu. Econophysics: Background and
Applications in Economics, Finance, and Sociophysics . Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/topics/economics-econometrics-and-finance/
econophysics. Acesso em: 28 maio 2021.

Ao analisar a citação, tem-se que a econofísica é um campo


interdisciplinar. Esse campo engloba tanto variáveis teóricas econômicas,
quanto áreas da física e da matemática.
Para garantir que se evite qualquer defasagem na tentativa da
compreensão da econofísica no mercado financeiro, o Engenheiro Físico
deve focar nas áreas citadas no parágrafo anterior e se aprofundar nos
assuntos da matemática proporcionados ao longo do curso, da mesma
forma que deve focar na área teórica da econômica, que também é tida
durante o curso.
Assim, tem-se que a incompreensão da econofísica no mercado
financeiro é o resultado do desfoque nas áreas necessárias para a solução
do problema, que são a economia e a física. Portanto, quando o
conhecimento em tais áreas é aprofundado, acarreta-se na compreensão
da econofísica no mercado financeiro.
Sobre essa problemática, tem-se que a solução é a compreensão da
econofísica no mercado financeiro, presente no tópico a seguir.

4 Compreensão da Econofísica no Mercado Financeiro


Uma vez que se é dado o problema, a solução se torna necessária.
Nesse tópico serão abordadas diferentes hipóteses e será feita a busca
para a melhor solução do problema, para que enfim se haja a compreensão
da econofísica no mercado financeiro.
Assume-se que a problemática continua a ser a incompreensão da
econofísica no mercado financeiro, elevando-se a questão: Como os
profissionais de Engenharia Física podem contribuir na questão econômica,
de modo a relacionar a Física com o mercado financeiro, considerando
trazer benefícios para o mesmo?

114
 Engenharia Física – resolução de problemas 

A solução é buscada através de três hipóteses que foram formuladas


de início.
A primeira hipótese indica que “o Engenheiro Físico deve limitar seus
estudos apenas ao desenvolvimento de cálculos matemáticos e análise de
gráficos, destacando o aprofundamento em apenas uma área, como
algoritmos por exemplo”.
No entanto, se o Engenheiro Físico limitar seus estudos apenas ao
desenvolvimento de cálculos matemáticos e análise de gráficos, a hipótese
não se sustenta, pelo fato de ser comprovado que o aprofundamento em
apenas uma área do conhecimento não é suficiente para a econofísica, e
que a área é formada pela interdisciplinaridade entre a economia e a física.
A. Jakimowicz escreve que a econofísica é uma área multidisciplinar,
mas também, cita a integração que a área tem com a economia:
After twenty years of its existence, econophysics significantly extended its
scope of research and nowadays deals with practically the majority of
contemporary economic issues. Although it does not fully correspond to
Kuhn’s scheme of scientific revolutions, his dilemma concerns every
transdisciplinary science. Nevertheless, Kuhn’s perspective, after certain
modifications, including introduction of the notion of a transdisciplinary
matrix, provides for evaluation of the previous achievements of
econophysics and determining the conditions of its integration with
economics. However, we can talk about the success of econophysics as a
science and the proper application of its achievements when it creates an
impact on the course of actual economic processes. Econophysicists will
satisfy those conditions when their models result in accurate predictions
and can be used by economists as useful tools for leading an economic
policy.
Fonte: A. Jakimowicz. Econophysics as a New School of Economic Thought: Twenty
Years of Research . Disponível em:
http://przyrbwn.icm.edu.pl/APP/PDF/129/a129z5p01.pdf. Acesso em: 17 jun. 2021.

Tradução Livre
Passados vinte anos da sua existência, a econofísica alargou
significativamente o seu âmbito de investigação e hoje em dia trata com
praticamente a maioria da economia contempor ânea questões. Embora não
corresponda totalmente ao de Kuhn esquema de revoluções científicas, seu
dilema diz respeito a todas as ciências transdisciplinares. No entanto, a
perspectiva de Kuhn, após certas modificações, incluindo a introdução da
noção de uma matriz transdisciplinar, fornece para avaliação das
realizações anteriores da econofísica e determinar as condições de sua
integração com economia. No entanto, podemos falar sobre o sucesso da
econofísica como ciência e a aplicação adequada de suas conquistas
quando ela cria um impacto sobre o curso dos processos econômicos reais.
115
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Econofísicos irá satisfazer essas condições quando seus modelos


resultarem em previsões precisas e podem ser usadas por economistas
como ferramentas úteis para liderar uma política econômica.
Fonte: A. Jakimowicz. Econophysics as a New School of Economic Thought: Twenty
Years of Research . Disponível em:
http://przyrbwn.icm.edu.pl/APP/PDF/129/a129z5p01.pdf. Acesso em: 17 jun. 2021.

A segunda hipótese indica que “o Engenheiro Físico deve


fundamentar-se apenas na compreensão de ramificações da economia e
assegurar o alinhamento com a política econômica nacional”
Essa hipótese não se sustenta por dois fatos: o primeiro é porque a
econofísica é um campo interdisciplinar, e por isso não pode fundamentar-
se em apenas uma área do conhecimento, e mesmo a economia sendo uma
parte muito importante, fundamentar- se apenas nela pode causar prejuízos
ao engenheiro e à empresa que ele trabalha. O segundo é porque a
econofísica utiliza de ferramentas da física e da matemática, portanto, seria
um erro basear- se apenas na parte teórica econômica.
Daniel de Souza Santos, Aléssio Tony Batista Celeste e Alex Souza
Magalhães escreveram em um artigo de introdução à econofísica:
Há muito tempo os físicos vêm utilizando ferramentas oriundas da
mecânica estatística e da física teórica para modelar sistemas complexos,
mas as aplicações no mercado financeiro são mais recentes,
diferentemente dos economistas e dos matemáticos os quais possuem
longa tradição nos estudos financeiros (MANTEGNA, 2000).
Fonte: Aléssio Tony Batista Celeste, Alex Souza Magalhães e Daniel de Souza
Santos. Introdução à Econofísica: Uma proposta de atividade para o ensino médio .
Disponível em:
https://perio dicos.unb.br/index.php/rpf/article/view/18728/21488. Acesso em:
17 junho 2021.

Portanto, vê- se que as aplicações da matemática e da física são


usadas tanto na área da economia em geral, quanto na área do mercado
financeiro.
A terceira hipótese indica que “Engenheiro Físico deve basear-se em
sua capacidade proporcionada pelo curso de lidar com múltiplos assuntos
diferentes, e investir no aprendizado de desenvolvimento de modelos
matemáticos para investimentos adequados a política econômica atual, que
podem trazer retornos vantajosos, e também serve para aprimorar o
mercado financeiro.”
Essa hipótese se mostra a mais adequada para a resolução do
problema, pois engloba os requisitos das habilidades que um Engenheiro
116
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Físico deve ter e engloba as áreas do conhecimento necessárias para


exercer a profissão dentro da área da econofísica.
Assim, a hipótese demonstra como os Engenheiros Físicos podem
contribuir para a economia, integrando as áreas da física e do mercado
financeiro, trazendo benefícios para o mesmo e ao mesmo tempo
evidenciando a capacidade que o Engenheiro Físico tem de lidar com
múltiplos assuntos diferentes, o que resolve o problema em questão.
Após a compreensão da função do Engenheiro Físico para a
compreensão da econofísica no mercado financeiro, vê- se no tópico a
seguir a metodologia aplicada.

5 Metodologia
Para que o texto possua exatidão e assertividade, é necessário o
conhecimento da linguagem técnica- científica. É importante atentar- se à
metodologia, como a pesquisa que foi realizada e ao banco de dados, de
forma que haja coerência durante a escrita.
A metodologia serve para dar praticidade ao texto e mostrar como foi
realizada a pesquisa. A partir da pesquisa, informações compõe a
metodologia a fim de mostrar que o conteúdo apresentado ao longo do
texto é verídico.
A pesquisa foi realizada observando os tópicos a seguir:
I) Estabeleceu-se uma temática-econofísica- na qual se apresenta o
problema da incompreensão da temática relacionada ao mercado
financeiro. Em uma pesquisa rápida no Google com a expressão
“econofísica no mercado financeiro”, apresentaram aproximadamente 4.210
resultados em 0,42 segundos, indicado pela imagem a seguir:

117
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

II) a partir da temática, iniciou-se o desenvolvimento de uma


proposta, na qual estivesse inserido o objeto de estudo, o todo, e a solução
ao problema evidenciado inicialmente. Fixando-se a Proposta =
Aplicabilidade da Engenharia Física no Campo da Economia: compreensão
da econofísica no mercado financeiro. Título [objeto de estudo] =
Aplicabilidade da Engenharia Física no Campo da Economia”: Problema =
incompreensão da econofísica no mercado financeiro. Solução =
compreensão da econofísica no mercado financeiro. Com isto, determinou-
se as palavras-chave para pesquisa nos bancos de dados;
III) Realizou- se uma revisão bibliográfica utilizando a rede mundial
de computador, em razão da pandemia e do isolamento social, dividindo em
cinco momentos: a) busca dos termos contidos nas palavras-chave e na
proposta, retirando do título, problema e solução; b) estabeleceu uma meta
de pesquisa (noventa e cinco arquivos); c) elegeu-se os bancos de dados
oficiais, nos quais estão contidos, Google Acadêmico, SciELO; d) criou-se
uma pasta que se denomina banco de dados da pesquisa; e e) procedeu-se
a pesquisa com as palavras chave e a leitura do conteúdo aparente como
ementa esperada.
Os resultados foram:
IV) Google Acadêmico: Aproximadamente 217 resultados em 0,05
segundos

118
 Engenharia Física – resolução de problemas 

V) SciELO: Utilizando a expressão “econofísica” foram encontrados 8


resultados.
VI) Com a meta de arquivos alcançada, incluindo dados de revistas
científicas, livros de educação financeira, teses e dissertações referentes
ao tema, passou- se para a próxima etapa;
VII) Obteve- se a leitura objetivada dos arquivos e com isso houve a
seleção dos materiais e separou- se por tema salvando no aplicativo
Zotero®, a fim de manter maior organização.
VIII) Utilizou-se da técnica de parágrafo para a escrita, pautando-se
na sequência do título e subtítulo, logo após, o resumo, sumário, introdução
e os demais tópicos.
Dando atenção a todos os fundamentos da escrita científica, cria-se
uma reflexão sobre os dados coletados para que se haja aproveitamento no
texto, o que resulta em clareza e precisão.
Assim, a metodologia se faz necessária, uma vez que com ela, as
informações plotadas no texto passam a ser totalmente verdadeiras, já que
foi feita uma pesquisa bibliográfica pautada em bancos de dados oficiais.
Dispondo de uma análise crítica dos dados coletados, busca- se a
resolução para o problema.
Visto a metodologia, passa a indicar os principais resultados
encontrados no decorrer da pesquisa.

119
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

6 Resultados
O tópico dos resultados compreende na apresentação da análise dos
dados relevantes e complementares que foram encontrados e selecionados
no banco de dados, indicando em uma sequência lógica os tópicos como o
objeto de estudo, problema, solução e metodologia.
Mauricio Gomes Pereira traz a visão de uma forma de escrever o
tópico dos resultados:
1. Apresentar os resultados em sequência lógica no texto e nas
ilustrações. 3, p. 97
Ilustrações compreendem tabelas e figuras. Ilustrações têm a propriedade
de resumir importantes informações que, de outra forma, seriam difíceis de
redigir e enfadonhas de ler. Se bem compostas, concorrem para simplificar
o texto que, de outra maneira, conteria excesso de números e de
explicações. Tabelas e figuras têm especificidades. As tabelas são
utilizadas quando se necessita apresentar dados precisos, grande
quantidade de valores numéricos e informações muito complexas para
serem descritas no texto ou mostradas em figuras. 3, p. 276-97 As figuras são
mais bem empregadas para mostrar cenários, fluxos, tendências ou relação
entre eventos. 3, p. 299-325
2. Enfatizar somente informações importantes e não repetir no texto o que
consta nas ilustrações. 3, p. 97
Menciona-se brevemente o que foi encontrado na pesquisa sem emitir
opinião ou comparação com outros estudos. A parte interpretativa dos
achados estará confinada à discussão, a parte final da estrutura do artigo.
Como a função da seção de resultados é conter os achados da
investigação, é conveniente o autor facilitar seu entendimento pela
elaboração de um texto coerente, no qual guie o leitor para os pontos
principais das ilustrações. Um texto de boa qualidade não contém
duplicação de resultados em ilustrações e no texto. Duplicações mais
entendiam o leitor do que o esclarecem.
3. Indicar a significância estatística dos resultados. 3, p. 97
Os principais achados são expostos acompanhados do respectivo
tratamento estatístico, se dele houver necessidade. Esse procedimento é
comumente necessário, visto a variabilidade inerente aos resultados de
pesquisas clínicas e epidemiológicas. 3, p. 88 Desvios- padrão, intervalos de
confiança, testes estatísticos e valores p serão alguns termos que
aparecem nessa parte do artigo para esclarecer a variabilidade das
estimativas ou levar em conta o papel do acaso nos resultados. 3, p. 255-273
Em conclusão, o leitor espera encontrar na seção de resultados somente
as informações relevantes que o autor reuniu em sua pesquisa. O texto
será o mais simples, objetivo, claro, conciso, ordenado e rigoroso possível,
seguindo-se as regras de comunicação científica habitualmente aceitas. 3,

120
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Para aproximar-se desse ideal, pode-se tentar o caminho trilhado por


p.21-2

autores experientes: revisar, revisar e revisar.


Fonte: Mauricio Gomes Pereira. A seção de resultados de um artigo científico .
Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
49742013000200017. Acesso em: 23 jun. 2021.

O autor traz pontos que se devem ser observados com cautela no


momento de redigir o tópico dos resultados, estes são: a) Utilizar de
ilustrações para apresentar informações importantes de forma resumida e
organizada; b) Enfatizar somente informações importantes e não repetir no
texto o que consta nas ilustrações, de forma a indicar os dados relevantes e
complementares até então não utilizados nos tópicos anteriores, mas, que
são suporte da pesquisa; e c) Indicar a significância estatística dos
resultados, de forma a evitar repetições e colocar somente as informações
de maior relevância.
Os resultados apresentados na pesquisa bibliográfica devem refletir
a eficiência no momento da formação do banco de dados. Para tanto, a
organização dos pontos significativos será feita com base na
sequencialidade dos tópicos, ou seja, o objeto de estudo, a problemática, a
solução e a metodologia. Destacando-se como foram apresentados:
I) Aplicabilidade da Engenharia Física no Campo da Economia
A aplicabilidade da Engenharia Física no campo da economia se da a
partir da habilidade que o perfil profissional do Engenheiro Físico tem de
lidar com assuntos multidisciplinares. O que pode ser encontrado na
descrição do curso da UFSCar que diz:
O curso de Bacharelado em Engenharia Física objetiva a formação de um
engenheiro generalista com uma base científica sólida, que possa atuar em
novas áreas, capacitado a promover a pesquisa e o desenvolvimento
tecnológico por meio da aplicação de conceitos da Física Clássica,
Moderna e Contemporânea, valorizando a sua interação com as demais
ciências e as implicações sociais e ambientais subjacentes.
Fonte: UFSCar. Engenharia Física . Disponível em: https://www.df.ufscar.br/ef.
Acesso em: 23 jun. 2021.

Portanto, vê- se que o curso de Engenharia Física forma um


profissional generalista, capacitado a trabalhar com a interdisciplinaridade
entre as áreas da física e de outras ciências, onde a economia se encaixa.
Neste sentido, a aplicabilidade da Engenharia Física no campo da
economia torna- se possível.
II) Incompreensão da Econofísica no Mercado Financeiro

121
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

A incompreensão da econofísica no mercado financeiro revela- se o


principal problema. Pelo fato de envolver duas grandes áreas com variáveis
diferentes, sendo elas a economia e a física, torna- se um assunto
complexo, inclusive pelo fato da economia ser uma área onde encontra- se
instabilidade, conforme citado por Fernando Nogueira da Costa a seguir:
A complexidade dinâmica relaciona-se com as propriedades das equações
dinâmicas que se consideram para descrever a evolução do sistema
econômico .
A Economia enquanto Ciência recorre fortemente a sistemas dinâmicos
para interpretar a realidade . Estes sistemas são normalmente simples,
envolvem relações lineares e implicam a convergência para um estado
estacionário de ponto fixo.
No entanto, quando se escapa ao conjunto de forças do comportamento
homogêneo e da racionalidade estrita, podem encontrar-se relações
dinâmicas não lineares intrincadas entre variáveis econômicas , o que
conduz a sistemas onde os resultados de longo prazo são não
convencionais, nomeadamente adquirem a forma de aperiodicidade e
movimento caótico .
Conforme Day (1994) destaca, um sistema dinâmico pode ser interpretado
como complexo quando gera, para as suas variáveis endógenas, um
padrão de movimento que não é regular, isto é, que não é um ponto fixo ou
um ciclo periódico .
O caos está associado à complexidade porque ele reflete um resultado de
longo prazo de instabilidade não explosiva e irregular que é determinado
pelas condições iniciais do sistema . Os sistemas caóticos caracterizam-se
pela dependência sensitiva em relação às condições iniciais , o que
significa que dois diferentes estados iniciais, independentemente da
proximidade entre eles, irão gerar f lutuações irregulares de longo prazo
respeitantes a trajetórias completamente distintas.
Fonte: Fernando Nogueira da Costa. Econofísica: Mudança de Paradigma na
Ciência Econômica . Disponível em:
https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2015/09/30/econofisica-mudanca-de-
paradigma-na-ciencia-economica/. Acesso em: 23 jun. 2021.

O autor atribui a complexidade da economia relacionada a


instabilidade e a irregularidade da área, que quando se relaciona com a
física, se não estudada de forma correta, causa o problema em questão da
incompreensão da econofísica no mercado financeiro.
III) Compreensão da Econofísica no Mercado Financeiro
Com a compreensão da econofísica no mercado financeiro, tem- se a
resolução do problema em questão no texto. Para que se haja a
compreensão, foi assumida que a hipótese correta para esse problema é

122
 Engenharia Física – resolução de problemas 

englobar nos estudos tanto a área da física, quanto a da economia, o que é


destacado a seguir:
Among the important areas of physics research dealing with financial and
economic systems, one concerns the complete statistical characterization of
the stochastic process of price changes of a financial asset. Several studies
have been performed that focus on different aspects of the analyzed
stochastic process, e.g., the shape of the distribution of price changes
[22,64,67,105,111,135], the temporal memory [35,93,95,112], and the
higher-order statistical properties [6,31,126]. This is still an active area, and
attempts are ongoing to develop the most satisfactory stochastic model
describing all the features encountered in empirical analyses. One
important accomplishment in this area is an almost complete consensus
concerning the finiteness of the second moment of price changes. This has
been a longstanding problem in finance, and its resolution has come about
because of the renewed interest in the empirical study of financial systems.
Fonte: Rosario Mantegna and H. Eugene Stanley. An Introduction to Econophysics:
Correlations and Complexity in Finances. Disponível em:
http://image.sciencenet.cn/olddata/kexue.com.cn/upload/blog/file/2008/6/200862824
414226176.pdf. Acesso em: 23 jun. 2021.

Tradução Livre
Entre as áreas importantes da pesquisa em física lidam com finanças e
sistemas econômicos, uma diz respeito à caracterização estatística
completa do processo estocástico de variações de preço de um ativo
financeiro. Vários estudos foram realizados com foco em diferentes
aspectos da análise estocástica processo, por exemplo, a forma da
distribuição das mudanças de preço [22,64,67,105,111,135], a memória
temporal [35,93,95,112], e a estatística de ordem superior propriedades
[6.31.126]. Esta ainda é uma área ativa e as tentativas estão em
andamento para desenvolver o modelo estocástico mais satisfatório
descrevendo todas as características encontrados em análises empíricas.
Uma conquista importante nessa área é um consenso quase completo
sobre a finitude do segundo momento das mudanças de preço. Este tem
sido um problema antigo nas finanças, e sua resolução surgiu devido ao
interesse renovado no estudo empírico de sistemas financeiros.
Fonte: Rosario Mantegna e H. Eugene Stanley. An Introduction to Econophysics:
Correlations and Complexity in Finances. Disponível em:
http://image.sciencenet.cn/olddata/kexue.com.cn/upload/blog/file/2008/6/200862824
414226176.pdf. Acesso em: 23 jun. 2021.

Os autores escrevem sobre a análise estocástica, que diz respeito a


uma área da parte estatística da física. Eles relacionam essa área da física
com o desenvolvimento da econofísica, o que comprova a veracidade da
hipótese citada no tópico 4.
IV) Metodologia

123
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

No tópico da metodologia, a primeira preocupação foi a compreensão


da função da metodologia no texto científico para que esta fosse construída
de forma lógica. Utilizou- se das citações de alguns autores para a
construção de tópicos como os resultados e de plataformas para pesquisas,
onde se encontrou a vasta rede de resultados que estão sendo utilizados
nesse artigo.
Com base nas informações geradas pelo banco de dados e citadas
durante a descrição do tópico, juntamente com a análise e discussão dos
dados obtidos, a resposta ao problema da pesquisa foi alcançada.
Assim, os resultados obtidos na pesquisa bibliográfica mostram que
a atuação do Engenheiro Físico, pela sua multidisciplinaridade, permite o
desenvolvimento de soluções no que tange à busca de alternativas para o
desenvolvimento positivo da economia junto ao mercado financeiro.
Outrossim, com os resultados obtidos é visto e comprovado que a
atuação do Engenheiro Físico na econofísica não só é possível, como
necessária.
Apresentados os principais resultados obtidos no banco de dados,
passa-se a discorrer no que concerne à discussão, ponto do próximo tópico.

7 Discussão
O tópico da discussão é fundamentado na síntese dos outros tópicos,
de modo a relacionar os mesmos entre si.
De acordo com Mauricio Gomes Pereira, tem-se a discussão como:
A discussão é o local do artigo que abriga os comentários sobre o
significado dos resultados, a comparação com outros achados de
pesquisas e a posição do autor sobre o assunto. Uma discussão sem
estrutura coerente desagrada, daí a conveniência de organizar os temas
em tópicos. Estrutura passível de ser utilizada consta do quadro. Cada um
dos tópicos informa sobre uma faceta da discussão e seu conjunto fornece
os subsídios para se julgar a adequação dos argumentos, da conclusão e
de todo o texto.
Fonte: Mauricio Gomes Pereira. A seção de discussão de um artigo científico.
Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/pdf/ess/v22n3/v22n3a20.pdf. Acesso em: 26
jun. 2021.

124
 Engenharia Física – resolução de problemas 

O autor descreve o que é o tópico da discussão e como ele deve ser


desenvolvido. De modo a esclarecer a função do tópico da discussão,
mostrando a perspectiva das análises, tem-se a retomada dos pontos a
seguir:
I) Aplicabilidade da Engenharia Física no Campo da Economia
A aplicabilidade da Engenharia Física no campo da economia é um
tema de grande complexidade, onde se faz necessária a
interdisciplinaridade de duas grandes áreas, sendo estas a economia e a
física.
Para que a Engenharia Física seja aplicada no campo da economia,
é preciso que o profissional desenvolva uma base aprofundada na parte
matemática e na parte teórica econômica.
Além disso, para que a ação do profissional da Engenharia Física se
encaixe no âmbito econômico, é necessário relacionar as habilidades que
um Engenheiro Físico tem de lidar com as duas áreas que estão ligadas ao
tema, no caso a física e a economia, inclinados ao desenvolvimento de
modelos matemáticos e análise de gráficos.
Com isto, conclui- se que a aplicabilidade da Engenharia Física no
campo da economia é possível, mas é necessário que o profissional tenha
uma base forte nos estudos de física e economia e desenvolva as
habilidades características de sua formação.

II) Incompreensão da Econofísica no Mercado Financeiro


Dado o problema da incompreensão da econofísica no mercado
financeiro, têm- se as soluções. Com o preparo adequado do profissional de
Engenharia Física, com o intuito de se haver um foco nas áreas
necessárias para a solução da problemática, é possível que se evite e, até
mesmo, elimine o problema.
Dessa maneira, firma-se a necessidade de um preparo profissional
do Engenheiro Físico durante o curso e, também, do foco no conhecimento
aprofundado nas áreas envolvidas no tema, para que se haja a
compreensão da econofísica no mercado financeiro.

125
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

III) Compreensão da Econofísica no Mercado Financeiro


A compreensão da econofísica no mercado financeiro é tida a partir
da hipótese comprovada como correta a partir das pesquisas e análises
deste artigo. A hipótese se liga com os tópicos anteriores, que escreve a
necessidade da integração dos conteúdos aprofundados da física e da
economia, a partir do desenvolvimento de modelos matemáticos que
condizem com a política econômica do momento atual.
Com isto, se a hipótese for seguida de forma correta, equaciona-se
na compreensão da econofísica no mercado financeiro, o que resolve o
problema em questão.
IV) Metodologia
A metodologia aplicada permite a análise dos dados da pesquisa,
originada do banco de dados que foi formado inicialmente, a formação de
hipóteses e a resolução da problemática estabelecida.
Com os resultados encontrados a partir dos tópicos propostos,
evidencia-se o motivo da pesquisa e com isso, traz-se o esclarecimento de
como funciona a aplicabilidade da Engenharia Física no campo da
economia tangente à compreensão da econofísica no mercado financeiro.
Desse modo, é notória a importância da compreensão da econofísica
no mercado financeiro, de forma que haverá a aplicabilidade da Engenharia
Física no campo da economia.
A aplicabilidade da Engenharia Física no campo da economia é o
objeto a ser estudado, havendo uma proposta inicial, o entendimento do
tema e dando uma resposta ao problema encontrado.
O problema desta pesquisa se traz à questão: Como os profissionais
de Engenharia Física podem contribuir na questão econômica, de modo a
relacionar a Física com o mercado financeiro, considerando trazer
benefícios para o mesmo?
Dentre as várias hipóteses propostas para a solução do problema a
de maior eficiência é a que diz que o Engenheiro Físico deve basear-se em
sua capacidade proporcionada pelo curso de lidar com múltiplos assuntos
diferentes, e investir no aprendizado de desenvolvimento de modelos
matemáticos para investimentos adequados a política econômica atual, que

126
 Engenharia Física – resolução de problemas 

podem trazer retornos vantajosos, e também serve para aprimorar o


mercado financeiro.
Com a pesquisa, observa-se que, para que haja o desenvolvimento
do profissional da Engenharia Física no campo da economia, é necessário
que a economia se relacione com as metodologias da física, e com esse
método, o resultado beneficia a economia nacional.
O objetivo definido na pesquisa é compreender como acontecimentos
no mundo da economia se relacionam com as metodologias da Física e
como a Engenharia Física se encaixa nesse âmbito, beneficiando a
economia. Como citado no parágrafo anterior, os resultados da pesquisa
foram atingidos e o objetivo foi alcançado.
Com a compreensão dos métodos para a aplicabilidade da
Engenharia Física no campo da economia, é possível prever, evitar e
eliminar problemas relacionados à econofísica no mercado financeiro, o que
ajuda no desenvolvimento da economia nacional.
Com estas perspectivas, afirma-se que a contribuição dos
profissionais da Engenharia Física pode gerar uma melhora significativa
para os resultados relacionados ao campo econômico.
Assim, esta discussão sobre a aplicabilidade da Engenharia Física
no campo da economia, baseada na pesquisa bibliográfica, visa a
compreensão da econofísica no mercado financeiro. O conhecimento
necessário sobre o tema leva a compreensão de todos os requisitos para
que a ação do profissional de Engenharia Física traga benefícios para o
campo da economia.
Com a discussão encerrada, tem-se as conclusões a seguir.

8 Conclusões
Conclui-se que a contribuição da Engenharia Física no campo da
economia é possível. Essa contribuição se dá à compreensão da
econofísica no mercado financeiro, que o profissional da Engenharia Física,
a partir de suas habilidades e sua capacidade de lidar com assuntos
multidisciplinares, desenvolva modelos matemáticos de modo a relacionar
os conceitos da física e da economia para estabelecer os riscos e retornos
no mercado financeiro.

127
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Um ponto a ser destacado para que se haja a aplicabilidade da


Engenharia Física de modo eficaz é que o profissional se fundamente de
maneira completa no curso, pois o mesmo dispõe de todos os quesitos
necessários para formar pessoas que tenham a capacidade de lidar com a
complexidade do tema proposto.
A problemática da incompreensão da econofísica no mercado
financeiro se faz possível pelo fato de que, além do assunto envolver as
áreas da economia e da física, o que torna o mesmo complexo, também
não é um assunto estudado e ensinado de forma frequente, o que
comprova o problema em questão.
A solução proposta foi baseada em uma das hipóteses desenvolvidas
inicialmente. Esta diz que o Engenheiro Físico deve basear-se em sua
capacidade proporcionada pelo curso de lidar com múltiplos assuntos
diferentes, e investir no aprendizado de desenvolvimento de modelos
matemáticos para investimentos adequados a política econômica atual, que
podem trazer retornos vantajosos, e também serve para aprimorar o
mercado financeiro. Essa hipótese, com base nas pesquisas e análises, foi
classificada como correta, e traz a melhor das soluções para a resolução do
problema, para que haja a compreensão da econofísica no mercado
financeiro.
Para que se houvesse uma pesquisa com dados eficazes foi usada a
pesquisa bibliográfica, que se apoiou em bancos de dados oficiais, o que
tornou possível obter informações verídicas sobre a temática. Utilizando
também a escrita por técnica de parágrafo. Por fim, fazendo a análise dos
dados obtidos para a busca da resposta ao problema de pesquisa, no qual
a metodologia escolhida tornou viável a solução do problema do tema.
A partir da metodologia obtêm-se os resultados, que no início foi a
constituição de um banco de dados que serviu de base para encontrar a
resposta à solução do problema. Com os resultados obtidos comprovou-se
não só possibilidade da atuação do Engenheiro Físico no campo da
economia, mas também os benefícios que a atuação do profissional pode
trazer para a área da econofísica.
A discussão é sobre a aplicabilidade da Engenharia Física no campo
da economia, visando a compreensão da econofísica no mercado
financeiro. O estudo sobre o tema de maneira a integrar a física com a

128
 Engenharia Física – resolução de problemas 

economia gera a compreensão do tema, o que ajuda a encerrar a


problemática em questão.
Estabelecendo o objetivo de compreender a econofísica no mercado
financeiro, no que tange à compreensão dos acontecimentos no mundo da
economia relacionados às metodologias da física, é tido que o curso de
Engenharia Física e seus profissionais se encaixam nesse âmbito, de modo
a solucionar problemas e trazer benefícios.
O problema da pesquisa é questionado da seguinte forma: Como os
profissionais de Engenharia Física podem contribuir na questão econômica,
de modo a relacionar a Física com o mercado financeiro, considerando
trazer benefícios para o mesmo?
Os profissionais da Engenharia Física podem contribuir na questão
econômica desenvolvendo modelos matemáticos e gráficos para que,
inclinando ao mercado financeiro, os erros e riscos sejam previstos e
evitados, beneficiando o mercado financeiro.
A solução citada é a melhor a ser executada pelo fato de que se os
profissionais da Engenharia Física relacionarem as metodologias da física
com a economia, é possível desenvolver o que foi escrito no parágrafo
anterior, o que traz benefícios não só para a empresa que o profissional
trabalha, mas também para a economia nacional.

9 Referências
CELESTE, Aléssio Tony Batista; MAGALHÃES, Alex Souza; SANTOS,
Daniel de Souza. Introdução à Econofísica: Uma proposta de atividade para
o ensino médio . Disponível em:
https://periodicos.unb.br/index.php/rpf/article/view/18728/21488. Acesso
em: 17 jun. 2021.
COSTA, Fernando Nogueira da. Econofísica: Mudança de Paradigma na
Ciência Econômica . Disponível em:
https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2015/09/30/econofisica-
mudanca-de-paradigma-na-ciencia-economica/. Acesso em: 23 jun. 2021.
JAKIMOWICZ, A. Econophysics as a New School of Economic Thought:
Twenty Years of Research . Disponível em:

129
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http://przyrbwn.icm.edu.pl/APP/PDF/129/a129z5p01.pdf. Acesso em: 17 jun.


2021.
JEVONS, William Stanley. A teoria da economia política. In. Ed. Nova
Cultural. 1988 (1871). Disponível em:
http://www.projetos.unijui.edu.br/economia/files/Jevons.pdf. Acesso em: 7
maio 2021.
LESSA, José Roberto. Como a Física está revolucionando a Economia.
Disponível em: https://pt.linkedin.com/pulse/como-f%C3%ADsica-est
%C3%A1-revolucionando-economia-jos%C3%A9-roberto-lessa. Acesso em:
7 maio 2021.
MANTEGNA, Rosario; STANLEY, H. Eugene. An Introduction to
Econophysics: Correlations and Complexity in Finances. Disponível em:
http://image.sciencenet.cn/olddata/kexue.com.cn/upload/blog/file/2008/6/20
0862824414226176.pdf. Acesso em: 23 jun. 2021.
PEREIRA, Mauricio Gomes. A seção de discussão de um artigo científico.
Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/pdf/ess/v22n3/v22n3a20.pdf. Acesso
em: 26 jun. 2021.
PEREIRA, Mauricio Gomes. A seção de resultados de um artigo científico .
Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1679-49742013000200017. Acesso em: 23 jun.
2021.
Resolução CNE/CES 11, de 11 de março de 2002. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES112002.pdf. Acesso em: 7
maio 2021.
SCIENCEDIRECT. Gheorghe Savoiu. Econophysics: Background and
Applications in Economics, Finance, and Sociophysics . Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/topics/economics-econometrics-and-
finance/econophysics. Acesso em: 28 maio 2021.
UFSCar. Engenharia Física . Disponível em: https://www.df.ufscar.br/ef.
Acesso em: 23 jun. 2021.

Apresentação disponível em: https://www.youtube.com/watch?


v=ltXEq0niHvQ

130
 Engenharia Física – resolução de problemas 

131
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Nanomedicina: conhecimento sobre segurança para uso da


nanotecnologia na saúde

Danilo Vaz Marques


danilo.vaz.marques@ufms.br

Resumo: A Nanomedicina tornou-se uma aliada à saúde ao


possibilitar a elaboração de diagnósticos e tratamentos mais
eficazes. A nanotecnologia permite a estruturação de
nanopartículas que apresentam alta seletividade para o sítio de
ação, fato que gera confiabilidade no uso. Tratam-se de inovações
recentes em que o conhecimento sobre segurança no seu uso
deve ser analisado sob outros aspectos e deve ser o fator
preponderante quando comparada a alta eficácia das
nanotecnologias. O objetivo é conhecer aspectos que que
permitam evidenciar a segurança no uso da nanotecnologia na
área biomédica. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica baseado em bancos de
dados oficiais e de acesso público, com investigação no Google Scholar, SciELO, PubMed
e rede mundial de computadores. Os resultados evidenciaram as diversas inovações que a
nanotecnologia proporciona a medicina, com crescimento importante e usos em várias
especialidades, considerada a medicina do futuro. Por serem consideradas tecnologias
recentes, estudos de toxicidade e os potenciais riscos à saúde dos indivíduos é
desconhecida e pouco relatada na literatura. Nesse contexto, a segurança no uso da
nanotecnologia na saúde é questionada, haja vista a ausência de marcos regulatórios,
normativas e protocolos que contribuem para a gestão de risco e segurança dos pacientes.
As conclusões apontam há falta de regulamentação, de normativas e poucos estudos de
nanotoxicidade. A temática precisa ser discutida, para que suas lacunas sejam
preenchidas, haja vista o vasto potencial de uso das nanotecnologias na área da saúde,
garantindo maior confiabilidade nos produtos gerados estímulo ao desenvolvimento e
gestão dos riscos.

Palavras-chave: Nanomedicina. Nanotecnologia. Nanotoxicidade. Regulamentação.

Sumário: 1 Introdução. 2 Nanomedicina. 3 Desconhecimento sobre Segurança no Uso da


Nanotecnologia na Saúde. 4 Conhecimento sobre Segurança no Uso da Nanotecnologia na
Saúde. 5 Metodologia. 6 Resultados. 7 Discussão. 8 Conclusões. 9 Referências.

132
 Engenharia Física – resolução de problemas 

1 Introdução
A nanotecnologia, refere-se à manipulação da matéria em sua escala
atômica ou molecular, o que possibilita criar materiais para diversas áreas,
dentre elas a Medicina. Essas nanoestruturas têm diversas aplicações, pois
consolidam-se como mais estáveis e podem ser incrementadas de vários
componentes conforme a sua finalidade de uso, atuando de maneira
seletiva no organismo. Nesse contexto da fusão entre nanotecnologia e a
área biomédica, surge a Nanomedicina, considerada uma das promessas
quando se fala em medicina do futuro, ao possibilitar ações de prevenção,
diagnóstico, tratamento e reabilitação efetivos. Todavia, são consideradas
tecnologias recentes, em que padrões de produção e uso não estão
regulamentados e os estudos de segurança são escassos.
Apesar de existirem diversos nanomateriais voltados para
diagnóstico e tratamento de doenças, observou-se que há lacunas com
relação aos potenciais riscos que o uso dessa biotecnologia pode trazer as
pessoas, o que torna um tema apropriado para discussão. Com isto,
justifica-se a proposta de pesquisa que se volta para demonstrar
conhecimento sobre a segurança no uso da nanotecnologia no contexto
biomédico.
Ainda que para o uso da nanotecnologia existem diversos fatores
limitantes, tais como falta de investimento, nível de desenvolvimento
tecnológico de um país, estes não serão considerados objeto de pesquisa,
parametrizando a segurança nos aspectos legislativo, normativo e estudos
de toxicidade.
Diante do exposto cabe destacar que a pesquisa foi realizada com o
objetivo de conhecer aspectos pontuais das nanoctenologias que evidencie
sua segurança para uso na área da saúde.
O questionamento baseia-se em: o que é necessário conhecer para
que a nanotecnologia seja considerada segura para uso na área da saúde?
Para solucionar ao problema de pesquisa estabeleceram-se três
prováveis hipóteses, como resposta, que são:
a) A primeira hipótese se fundamenta na falta de investimento para o
desenvolvimento de pesquisa;

133
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

b) A segunda hipótese se pauta na dificuldade que a medicina


tradicional ainda apresentar em conduzir tratamentos utilizando
nanotecnologia;
c) A terceira se fundamenta na deficiência de regulamentação,
padrões nanometrológicos e estudos de nanotoxicidade que possam
garantir a confiabilidade dos produtos gerados para uso em humanos.
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica baseado em
bancos de dados oficiais e de acesso público, com investigação no Google
Scholar, SciELO, PubMed, e rede mundial de computadores. Para gerenciar
e organizar a bibliografia encontrada, foi utilizado o software Zotero, que
contribuiu para realizar a leitura sistemática, objetiva e com avaliação
crítica dos materiais, de forma a permitir um juízo de valor sobre o tema em
questão, colaborado também na confecção das citações e referências
bibliográficas.
Como fundamentação teórica para o embasamento da pesquisa,
utilizou-se dos seguintes autores e respectivas obras: Juliana Cancino;
Valéria S. Marangoni; Valtencir Zucolotto. Nanotecnologia em medicina:
aspectos fundamentais e principais preocupações. Rogério Mamão
Gouveia. A Nanomedicina Teranóstica para diagnóstico e tratamento mais
preciso do câncer. Instituto de Física de São Carlos. Os desafios da
nanotecnologia a serviço da medicina. Scientifica American Brasil.
Nanomedicina no tratamento do câncer. Ana Rita Ramalho Figueiras; André
Brito Coimbra; Francisco José Baptista Veiga. Nanotecnologia na saúde:
perspectivas e aplicações. Liziane Paixão Silva Oliveira; Maria Edevalcy
Marinho; Ellen de Oliveira Fumagali. Nanomedicamentos e os desafios da
ANVISA diante da inexistência de um marco regulatório no Brasil.
Os resultados obtidos no banco de dados elaborado na pesquisa,
consultas bibliográficas e entre outros recursos ressaltam a importância da
Nanomedicina para melhoria na assistência à saúde, porém com destaque
para as principais defasagens que impedem o conhecimento sobre
segurança no seu uso.
A solução ao problema de pesquisa perpassa pelo entendimento da
necessidade de conhecimento sobre segurança no uso da nanotecnologia
na área da saúde como possibilidade para avanços dessa temática na
atualidade e no futuro.

134
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Para desenvolver e registrar a proposta de pesquisa estabeleceu-se


a divisão de nove tópicos que são: 1) parte introdutória, com a visão geral
necessária para a compreensão da temática; 2) A descrição conceitual da
Nanotecnologia e usos na Medicina; 3) Descrição do problema,
desconhecimento sobre segurança no uso da nanotecnologia na área da
saúde 4) Firmou-se pela apresentação e demonstração da utilização da
Nanomedicina; 5) A descrição da metodologia, no qual descreve o passo a
passo da pesquisa e da construção do banco de dados; 6) Apresentou os
principais resultados encontrados no banco de dados, pontuando sua
relevância e contribuição; 7) Destinou-se a um tópico para a discussão, no
qual apropriou-se dos resultados e deles promoveu uma confrontação entre
os autores pesquisados e o próprio pesquisador em uma análise e
avaliação crítica; 8) Destacou-se as principais conclusões da pesquisa; 9)
Registrou-se as referências encontradas e utilizadas durante a pesquisa.
O tema ganha relevância ao buscar o conhecimento sobre a
segurança no uso da nanotecnologia na medicina, como maneira de
fomentar avanços nas defasagens encontradas e, por conseguinte
colaborar para uma abrangência de seu uso na área da saúde.

2 Nanomedicina
A interligação entre nanotecnologia e as ciências da saúde,
possibilitou o surgimento de um novo ramo de atuação das nanoestruturas,
a Nanomedicina, tendo como foco o desenvolvimento de estruturas para
prevenir, diagnosticar e tratar doenças.
A Nanomedicina permite a utilização de materiais e estruturas em
escala reduzida o que facilita a interação entre os diversos componentes do
corpo humano, que estão na mesma medida.
A alta prevalência de doenças crônicas não transmissíveis e o
surgimento de doenças infecçiosas com potencialidade pandêmica
ressaltam a importância do desenvolvimento de tecnologias assertivas na
prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças. Neste sentido, a
insegurança no uso da Nanomedicina na atualidade é uma perda para a
saúde, sobretudo para os sistemas públicos, haja vista as suas
potencialidades e a redução de custo que a mesma proporciona.

135
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Para compreender a contribuição da Nanomedicina na atualidade,


faz-se necessário apresentar uma visão geral do seu uso, conforme o texto
expressa:
La nanomedicina agrupa tres áreas principales: nanodiagnóstico, liberación
controlada de fármacos (nanoterapia) y medicina regenerativa. El
nanodiagnóstico consiste en el desarrollo de sistemas de análisis e imagen
para detectar enfermedades o mal funcionamiento celular en las primeras
etapas. La nanoterapia tiene como objetivo llegar a nanosistemas activos
que contengan elementos de reconocimiento para actuar o transportar y
liberar fármacos exclusivamente en las células o áreas afectadas, con el fin
de lograr un tratamiento más efectivo, minimizando los efectos
secundarios. La medicina regenerativa tiene como objetivo reparar o
reemplazar tejidos y órganos dañados utilizando herramientas de
nanotecnología.
Fonte: Laura M. Lechuga. Nanomedicina: apliación de la nanotecnología en la
salud . Disponível em:
https://digital.csic.es/bitstream/10261/44635/1/7_Nanomedicina.pdf. Acesso em: 14
abr. 2021.

Destaca-se as principais aplicações da nanomedicina em diferentes


contextos, mostrando a pluralidade de métodos que as nanotecnologias
oferecem à área médica. Ademais, cabe destacar a seletividade que as
nanopartículas possuem, o que garante eficácia no seu uso.
Ademais, o diagnóstico em medicina é algo complexo, envolvendo a
interligação de variáveis para se chegar a um diagnóstico eficiente. Dessa
forma, a nanomedicina proporciona diagnósticos precisos e confiáveis,
devido à sensibilidade dos nanomateriais desenvolvidos, um fato diferencial
para evitar erros.
A área de diagnósticos tem sido amplamente beneficiada com estudos e
aplicações da Nanotecnologia. Como exemplo, temos os kits de diagnóstico
à base de nanopartículas que atuam no conceito de Point-of-Care (POC) ,
para diagnóstico de doenças de maneira simples, sem a necessidade de
grandes equipamentos e, sempre que possível, manuseados pelo próprio
paciente. Esses sistemas estão em consonância com recentes
determinações da OMS, que priorizam o diagnóstico genético ou de
proteínas a partir de sistemas POC , direcionados à COVID-19.
Fonte: Valtencir Zucolotto. A importância da Nanoctenologia no combate à COVID-
19 . Disponível em: https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/nanotecnologia-e-covid-19/.
Acesso em: 14 abr. 2021.

Nesse contexto, a nanotecnologia mostra-se versátil ao possibilitar


diagnóstico de um vírus recente, com metodologia simples, sem
aparelhagem sofisticada ou técnicas que demoram para elucidar uma
infecção.
136
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Todavia, uma das áreas que ganham destaque e se desenvolvem na


Nanomedicina é a nanofarmacologia, com a formulação de
nanomedicamentos que atuam de maneira seletiva e por conseguinte
reduzem os efeitos colaterais, pois promove segurança na entrega do
medicamento no sítio de ação.
Além de diagnóstico, a nanotecnologia auxilia em muitas terapias, sendo
que quase todo remédio de última geração é baseado em nanotecnologia.
Ocorre que um dos grandes avanços da medicina tem sido permitir que o
princípio ativo de um remédio seja liberado no local e na quantidade
necessária. Isso reduz os efeitos colaterais, além de aumentar a eficiência
do tratamento. Todos devem ter observado como as sessões de
quimioterapia são menos agressivas do que no passado e em quase todos
os tipos de tratamento. Isso se deve, em grande parte, à liberação
controlada dos remédios. Além disso, algumas doenças incuráveis até há
pouco tempo, hoje podem ser curadas. Um exemplo incrível é o câncer de
fígado. Alguns tipos já são curáveis a partir de nanotecnologia”, relata o
cientista, que reforça como a nanotecnologia tem a ver com a liberação
controlada dos remédios. “Acontece que o princípio ativo é encapsulado em
nanoestruturas, como se fossem pequenas naves (nanonaves) que
circulam pelo corpo humano e só liberam o remédio quando o tumor
cancerígeno é encontrado. Sem esse controle preciso seria impossível
atingir os resultados que hoje são obtidos”.
Fonte: Osvaldo Novais de Oliveira Junior. A importância da Nanotecnologia para a
saúde. Disponível em: https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/a-importancia-da-
nanotecnologia-para-a-saude/. Acesso em: 14 abr. 2021.

As nanoterapias utilizadas representam um ganho para a sociedade,


além disso abre caminho para o tratamento de doenças que até então não
tinham se quer perspectiva de diagnóstico e tampouco tratamento.
Ao analisar os autores citados, pode-se afirmar que nanomedicina
representa uma revolução na área biomédica, como elencado nas suas
diversas aplicações, representando, avanços ao conduzir diagnósticos com
melhor acurácia e terapias menos invasivas ao organismo humano.
Assim, compreende-se que a Nanomedicina consegue ligar as
diversas tecnologias nanoestruturadas ao contexto biomédico, tendo ampla
atuação e por isso sendo caracterizada como uma das áreas promissoras
da atualidade, devido a sua capacidade generalista, em criar, aprimorar e
aplicar dispositivos à área da saúde, na mesma escala das moléculas
constituintes do corpo. Entretanto, esses fatores não são preditivos de
segurança, haja vista existir outros contextos que precisam ser analisados
para garantir queuma tecnologia é segura ou apresenta riscos mínimos
para uso na saúde.
137
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Após abordagem do contexto da Nanomedicina, surge a motivação


para discutir a questão problema que é desconhecimento sobre a
segurança no uso da nanotecnologia na área da saúde.

3 Desconhecimento sobre Segurança no Uso da Nanotecnologia na Área da


Saúde
A nanotecnologia é considerada uma inovação recente, possui
aplicações em diversas áreas. Contudo, apresenta lacunas quanto ao
desconhecimento acerca da segurança que o uso dessas inovações pode
acarretar ao ser humano quando utilizadas na área da saúde.
Com isto surge a questão problema, o desconhecimento sobre
segurança no uso da nanotecnologia na área da saúde com a seguinte
indagação: o que é necessário conhecer para que a nanotecnologia seja
classificada como segura na assistência à saúde?
O desconhecimento sobre segurança deve-se a inexistência de
legislações específicas acerca dessa inovação, conforme o artigo
“Nanotecnologia e sua regulamentação no Brasil”:
Verificou-se que a regulamentação da nanotecnologia é um dos maiores
desafios a serem debatidos entre o governo e os diversos grupos de
interesses brasileiros, considerando as particularidades das características
físico-química dos nanomateriais, seus potenciais riscos e seu interesse
comercial. Assim como ocorre a nível mundial, observou-se que, mesmo
com o crescimento do comércio de nanoprodutos, a regulamentação
desses produtos é praticamente inexistente, centrada mais na regulação de
organismos privados. Dessa forma, no Brasil, a Portaria 245 do Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) de 2012 pode ser considerada a
única regulamentação vigente até o presente momento.
Fonte: Luísa Lauermann Lazzaretti; Haide Maria Hupffer. Nanotecnologia e sua
regulamentação no Brasil. Disponível em:
https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistagestaoedesenvolvimento/articla/
view/1792#:~:text=A%20pesquisa%20aponta%20que%20n%C3%A3o,exemple
%20da%20maioria%20dos%20pa%C3%ADses. Acesso em: 5 abr. 2021.

Ressalta-se que essa falta de regulamentação, torna deficitária a


gestão dos nanoprodutos gerados. A inexistência de marco regulatório
contribui para deficiências nos parâmetros normativos de aferição -
nanometrologia- cuja função é supervisionar o desenvolvimento dessas
138
 Engenharia Física – resolução de problemas 

tecnologias de forma responsável. Ademais, sem parâmetros nanométricos,


os estudos de nanotoxicidades e interação das nanoestruturas com
sistemas biológicos são pouco conclusivos, podendo haver divergência e
falta de confiabilidade nos resultados.
Assim, há uma limitação do ponto de vista legislativo, normativo e
toxicológico com relação ao uso da nanotecnologia na área da saúde.
Esses fatores interferem na qualidade e confiabilidade no uso dos materiais
nanomédicos, o que corrobora para a desconhecimento sobre a segurança
no uso das nanotecnologias.
Do problema proposto, segue a procura de sua solução, que será
detalhado no próximo tópico, mirando o conhecimento sobre segurança no
uso da nanotecnologia na área da saúde.

4 Conhecimento sobre Segurança no Uso da Nanotecnologia na Área da


Saúde
A nanotecnologia é uma ciência multidisciplinar, estando relacionada
a manipulação de materiais em escala molecular e atômica, o que permite o
desenvolvimento de nanoestruturas com diversas finalidades e com alta
especificidade. Os nanomateriais tem seus benefícios bastante elucidados,
porém seus riscos permanecem obscuros, provocando um apagão de
informações. No que tange ao conhecimento sobre segurança no uso das
nanotecnologias na área da saúde, a falta de regulação é um grave
problema a ser superado.
Nesse contexto cabe ressaltar a importância e a definição de
regulação para as nanoinovações:
A regulação é o reflexo da avaliação de perigos e riscos que um material
pode representar para qualquer ser humano, animal ou componente da
natureza. O escopo primordial é definir medidas que abarquem a avaliação
e gestão de riscos, imperativas para a mitigação dos perigos aos quais a
saúde e o ambiente possam ser expostos. Restringindo-se tais riscos em
níveis mais aceitáveis frente à sociedade, a análise de risco comumente é
atingida mediante estudos prévios, de caráter ambiental, toxicológico e ou
epidemiológico, que buscam encontrar as provas que caracterizem os
riscos
Fonte: Aldo Pacheco Ferreira, Leonardo da Silva Sant’Anna. A Nanotecnologia e a
Questão da sua Regulação no Brasil: Impactos à Saúde e ao Ambiente . Disponível
em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/15157/2/171-866-1-PB.pdf. Acesso
em: 18 abr. 2021.

139
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Por conseguinte, é imperativo, recuperar a questão problema da


pesquisa, ou seja, perguntar qual motivo gera desconhecimento sobre a
segurança do uso da nanotecnologia na área da saúde?
Em um detalhamento ou análise a questão problema, verifica-se que
tem três circunstâncias que se impõem no domínio do saber: a) A primeira
hipótese se fundamenta na falta de investimento para o desenvolvimento de
pesquisa; b) Segunda hipótese se pauta na dificuldade que a medicina
tradicional ainda apresenta em conduzir tratamentos utilizando
nanotecnologia; c) A terceira se fundamenta na ausência de marcos
regulatórios, padrões de aferição que normatizem os nanomateriais criados
e estudos toxicológicos que possam garantir a confiabilidade dos produtos
gerados para uso em humanos.
No sentido de atender o problema de pesquisa, estabeleceu se a
princípio, três hipóteses para o balizamento das respostas.
A primeira hipótese, fixa a problemática na insuficiência dos recursos
destinados ao desenvolvimento de pesquisa no Brasil.
De fato, esses cortes têm impacto significativo na descoberta e uso
de novas nanotecnologias de maneira confiável, porém o que dificulta esse
processo é a retenção de conhecimento dentro das instituições devido a
diminuta interação entre universidades e empresas.
Na segunda hipótese, volta-se a dificuldade que a área biomédica
tem em utilizar nanomedicina. Esse fato é multicausal, perpassando pela
formação dos profissionais até a fragilidade dos sistemas públicos de
saúde, sobretudo com parques tecnológicos ainda defasados, preferindo
optar por terapias convencionais.
A terceira parte de aspectos essenciais de segurança em saúde, da
vigilância em saúde e sanitária, das normativas que devem ser adotadas
até que uma nova tecnologia possa ser utilizada como tratamento inovador.
Essa hipótese é adequada ao problema, visto que está de acordo
com a as ações propostas pela de Vigilância Sanitária que é garantir que
insumos e serviços destinados à saúde sejam seguros, de qualidade e com
eficácia comprovada.
Assim, a regulação de nanoprodutos destinados é essencial para
garantir a segurança, seja qual for o seu destino, haja vista a disciplinar a

140
 Engenharia Física – resolução de problemas 

aferição, a avaliação, as medidas de controle, o que possibilita criar


confiabilidade no seu uso e aumentar a sua abrangência.
Destarte, do uso da nanotecnologia no diagnóstico e tratamento de
doenças passa a discutir e indicar a metodologia de execução da pesquisa
a seguir.

5 Metodologia
A metodologia concretiza-se como um meio para adquirir
determinado conhecimento, auxiliando na formação do pensamento de
modo a organizar as fundamentações utilizadas em uma dissertação.
A metodologia científica é capaz de proporcionar uma compreensão e
análise do mundo através da construção do conhecimento. O conhecimento
só acontece quando o estudante transita pelos caminhos do saber, tendo
como protagonismo deste processo o conjunto ensino/aprendizagem. Pode-
se relacionar então metodologia com o “caminho de estudo a ser
percorrido” e ciência com “o saber alcançado”.
O conhecimento científico obtido no processo metodológico tem como
finalidade, na maioria das vezes, explicar e discutir um fenômeno baseado
na verificação de uma ou mais hipóteses. Sendo assim, está diretamente
vinculado a questões específicas na qual trata de explicá-las e relacioná-
las com outros fatos.
O caminho pelo qual se propõem a obter o conhecimento científico deve
sempre ser direcionado por procedimentos técnicos e metodológicos bem
definidos visando fornecer subsídios necessários na busca de um resultado
provável ou improvável para a hipótese pesquisada, além de auxiliar na
detecção de erros e na tomada de decisão do cientista.
Fonte: Fabíola Silva Garcia Praça. Metodologia da pesquisa científica: organização
estrutural e os desafios para redigir o trabalho de conclusão. Disponível em:
http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170627112856.pdf. Acesso em: 19
abr. 2021.

Nessa produção, optou-se por fazer uma pesquisa on-line em busca


de obras que contribuíssem com informações relevantes para a confecção
do texto. Optou-se por técnica de estruturação de parágrafos para produção
textual, resultando em uma coesão e coerência entre os pensamentos
expostos da pesquisa bibliográfica.
O tema foi escolhido, conforme visto no título da produção. Por
conseguinte, foi verificado a sua viabilidade por meio de materiais digitais
disponíveis para leitura. Foi observado um número expressivo de
141
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

publicações para a temática pretendida, servindo de apoio para a


fundamentação do artigo.
Na busca por fundamentação teórica, foi utilizada a pesquisa
bibliográfica em bancos de dados oficiais e de acesso público, com
investigação no Google Scholar, SciELO, PubMed e rede mundial de
computadores.
Para gerenciar a bibliografia encontrada, foi utilizado o software
Zotero, colaborando confecção das citações e referências bibliográficas. Na
sequência da pesquisa bibliográfica, foi realizado uma triagem do material
encontrado. Os materiais relevantes foram organizad em pastas
individualizadas na área de trabalho, realizado fichamento e nomeadas
conforme a estruturação do artigo, possibilitando uma visão estrutural a fim
de facilitar e encontrar as referências principais e a sua localização no
texto.
Na sequência, o título e o subtítulo da produção foram evidenciados,
sendo que o primeiro equivale ao objeto de estudo e o segundo indica a
solução da problemática.
Através do banco de dados, foi confeccionado o resumo, dividido em
cinco tópicos, contexto, objetivo, metodologia, resultados e conclusões, o
que possibilita uma leitura dinâmica e informativa sobre o conteúdo a ser
dissertado. Adiante, produziu-se o sumário, uma parte essencial do artigo,
pela razão de trazer de forma simples e objetiva os assuntos exposto ao
longo da dissertação, fundamentando-se na técnica da sequencialidade do
título, consistindo na organização dos tópicos apresentados no texto. Por
conseguinte, o texto foi estruturado em concordância com o sumário
proposto.
Assim, a metodologia adotada baseia na construção do banco de
dados sedimentado em buscadores acadêmicos e sites oficiais, utilizando o
método da leitura objetiva, retirando dos materiais o mínimo e suficiente de
informações que acresceria fundamentações ao texto. Finalizando com a
escolha da temática e analisando a sua disponibilidade de produção.
Em seguida, passa-se a apresentar os resultados extraídos.

6 Resultados

142
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Os resultados consistem na etapa em que são apresentadas às


análises do que foi aferido na revisão bibliográfica. Nesse contexto, denota
os conteúdos que permitem enunciar a segurança no uso da
nanotecnologia na área da saúde.
A coletânea bibliográfica utilizada para o desenvolvimento da
pesquisa, foi selecionada conforme os objetivos específicos do trabalho.
Todavia, para a construção e análise do referencial teórico realizou-se uma
pesquisa bibliográfica em artigos, periódicos, e fontes oficiais on-line.
Dessa forma, em consonância com a orientação de obedecer a uma
sequência lógica e objetiva, os resultados extraídos do banco de dados,
delinearam-se sobre o objeto de estudo, o problema, a solução e a
metodologia:
a) Nanomedicina
O objeto de estudo centralizou-se na Nanomedicina, abordando as
novas opções de diagnóstico e tratamento de doenças, usando
nanotecnologia, evidenciando os impactos positivos que essas
metodologias oferecem.
De acordo com o artigo “Nanotecnologia em medicina: aspectos
fundamentais e principais preocupações”, destaca-se o trecho que revela a
importância dos nanomaterias para a sua utilização na área biomédica.
A utilização de nanomateriais em medicina faz com que as instrumentações
e metodologias tradicionais de análise sejam melhoradas a cada nova
descoberta. Por isso, a utilização de técnicas de diagnóstico baseadas em
nanopartículas oferece uma alta sensibilidade, como no caso do
diagnóstico de cânceres em estágios iniciais. Por exemplo, se uma
nanopartícula for suficientemente seletiva na marcação de uma célula
cancerígena e esta for diagnosticada por imagem ou outra técnica analítica
altamente sensível, aumentará as chances do paciente ter a cura completa
da doença sem atingir os outros níveis da doença, como a metástase.
A possibilidade de incorporação de vários tipos de moléculas na superfície
de uma única nanopartícula permite a adição de propriedades adicionais ao
nanomaterial. Assim, o acúmulo de nanomateriais em tecidos tumorais
também pode ser realizado por meio da funcionalização de sua superfície
com biomoléculas como proteínas, peptídeos, aptâmeros e anticorpos
específicos, que reconheçam especificamente células ou tecidos de
interesse.
Outra linha de pesquisa que tem avançado é a do desenvolvimento de
nanopartículas com radiomarcação para aplicações em imagens e
radioterapia. Estudos mostram a eficiência na combinação de terapias

143
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

fotodinâmicas para o tratamento de cânceres na região do pescoço e


cabeça.
Fonte: Juliana Cancino, Valéria S. Marangoni, Valtencir Zucolotto. Nanotecnologia
em medicina: aspectos fundamentais e principais preocupações. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
40422014000300022#:~:text=A%20nanomedicina%20surgiu%20como%20uma,na
%20literatura%20desde%20seu%20surgimento. Acesso em: 24 abr. 2020.

O artigo mencionado, destaca as principais características das


terapias em Nanomedicina, como o aumento na sensibilidade e
consequente diagnóstico precoce de doenças, tratamentos eficazes com
toxicidade reduzida, que são fatores primordiais para terapias bem-
sucedidas e seguras.
Entretanto, o artigo “Nanomedicina: o avanço da tecnologia na
saúde”, traz em sua abordagem a importância da Nanomedicina, mas
possibilita também uma reflexão sobre os riscos que essa revolução
tecnológica pode oferecer em suas terapias e ao meio ambiente.
Como toda tecnologia para qual são estimados grandes impactos como
resultados de sua difusão, a nanotecnologia oferece não só benefícios
como também riscos. Outros riscos consideráveis podem ser vislumbrados
em função do tamanho e da propriedade de auto replicação de
nanoestruturas.
Um dos problemas a serem solucionados é entender o que tem de ser feito
para que esses materiais possam ser fabricados, usados e descartados de
maneira segura e ambientalmente correta.
A nanomedicina é um dos ramos mais promissores da medicina
contemporânea, retendo boa parte dos esforços científicos na busca de
novos tratamentos para doenças como o câncer e a AIDS, entretanto a
nanomedicina ainda depende de muitos avanços científicos e tecnológicos,
já que a tecnologia necessária para a aplicação da nanomedicina ainda é
muito imatura.
Fonte: Maurício Carles, Lígia Hermosilia. Nanomedicina: o avanço da tecnologia na
saúde. Disponivel em:
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/Bj5N8tm6u1DWd5b_2
013-5-28-11-16-48.pdf. Acesso em: 20 abr. 2021.

É de fundamental importância a gestão de risco, visando


sobretudo elucidar as características dessa nova tecnologia,
monitorar seus efeitos e administrar possíveis danos detectados ao
longo dos processos em Nanomedicina.
Percebe-se que o desenvolvimento tecnológico é essencial para a
sociedade atual, porém o quão seguro essas tecnologias são deve ser a
parte principal do contexto desde a sua criação até a sua finalidade.

144
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Desse modo, torna-se relevante adentrar na insegurança que


permeia o uso da nanotecnologia na área da saúde.
b) Desconhecimento sobre segurança no uso da nanotecnologia na
área da saúde
O objeto de estudo que é, a Nanomedicina, apesar das inúmeras
aplicações vem permeada de desconhecimento quanto trata-se da
segurança de seu uso na área da saúde conforme retrata o artigo
“Questões bioéticas relacionadas ao uso da nanomedicina: revisão
integrativa”:
A nanomedicina traz à tona muitas questões de natureza ética, quanto ao
seu uso, suas aplicações e até mesmo consequências para a sociedade e o
meio ambiente. Ainda se fazem necessárias maiores pesquisas e
compreensão do assunto, para que a nanotecnologia avance em todas as
áreas do conhecimento, auxiliando os presentes e as futuras gerações.
A falta de conhecimento sobre a toxicidade das nanopartículas,
imunogenicidade, biocompatibilidade e estabilidade pode divergir com os
propósitos bioéticos, como a valorização humana e a integridade da vida.
Fonte: Osmar Júnior Vieira Ramires, Barbara da Silva Alves, Rúbia Gabriela
Fernandes Salgado, Shana Pires Ferreira, Mariana Appel Hort. Questões bioéticas
relacionadas ao uso da nanomedicina: revisão integrativa. Disponível em:
https://periodicos.furg.br/vittalle/article/view/6176. Acesso em: 28 abr. 2021.

Todavia, a segurança nas interações das partículas em escala


nanometrica com as biomoléculas orgânicas são uma das principais
preocupações a nível mundial devido à falta de padronização nos métodos
de análise e regulamentação específica.
Nanomateriais sintéticos, como partículas de ouro, prata ou óxido de ferro,
estão se tornando cada vez mais complexos. No entanto, os regulamentos
atuais sobre manuseio e avaliação de risco de medicamentos dificilmente
se aplicam às nanopartículas. “As PMEs suíças do setor farmacêutico
estão de olho no desenvolvimento para poder usá-las em produtos
inovadores”, diz Peter Wick, pesquisador da Empa e coordenador do
consórcio internacional “GoNanoBioMat”. Com o objetivo de promover a
pesquisa em nanopartículas médicas seguras, os pesquisadores
recentemente desenvolveram métodos e diretrizes para análise de risco
dos minúsculos remédios do futuro. Um aspecto fundamental aqui é um
procedimento, com o qual os nanomateriais médicos podem ser
identificados no início do processo de desenvolvimento como promissores
ou perigosos. “O conceito” seguro por projeto “foi desenvolvido para tornar
os processos dispendiosos de P&D mais eficientes”, explica Wick.
Enquanto os pesquisadores inicialmente adaptaram o conhecimento
existente das áreas de química, biologia, farmacologia e medicina para a
nanoescala, também foram revelados os pontos críticos no
desenvolvimento e aplicação de novos materiais nanomédicos.
145
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Simplesmente determinar o número de partículas em uma solução está se


mostrando um obstáculo. Dependendo do método, existem diferentes
concentrações que podem ser decisivas para futuras pesquisas, como
mostrou a pesquisa da Empa. “É absolutamente crucial padronizar métodos
e análises de nanopartículas em nível global para esclarecimentos de
segurança no processo de desenvolvimento”, diz Wick. “As tecnologias já
estão sendo usadas, mas até o momento não há requisitos regulatórios
correspondentes”, diz Stefan Mühlebach, da Vifor Pharma, que é membro
do conselho consultivo especializado e apóia o conceito de “segurança por
projeto”. A segurança do paciente só será garantida se um padrão global
for desenvolvido com base nesse conceito, acrescenta ele. O mesmo vale
para testes de novas terapêuticas em potencial no curso posterior do
desenvolvimento, por exemplo, em ensaios pré-clínicos em culturas de
células. Para avaliar as oportunidades e os riscos da nanomedicina, são
necessários padrões claros. Esses métodos e padrões devem ser únicos,
uma vez que as nanopartículas podem se comportar de maneira
completamente diferente das drogas convencionais devido ao seu pequeno
tamanho. Quando inaladas, as pequenas partículas penetram facilmente
através dos delicados alvéolos na corrente sanguínea ou através das
células intestinais do trato digestivo para o corpo. Até a barreira
hematoencefálica, que é um limite impenetrável para muitos medicamentos,
pode ser atravessada por nanopartículas.
Fonte: Minapim Magazine. A Caminho da Nanomedicina Segura . Disponível em:
https://minapim.com/a-caminho-da-nanomedicina-segura/. Acesso em: 1 maio 2021.

Depreende-se que esse obscurantismo impede que a nanotecnologia


tenha confiabilidade plena no seu uso e que possa avançar nessa área.
Cabe destacar que são escassos os trabalhos que abordam segurança no
uso da nanotecnologia no contexto biomédico, haja vista procurarem
evidenciar os impactos na saúde do trabalhador e em aspectos ambientais.
Desse modo, como via para construir os resultados torna-se
relevante adentrar no conhecimento sobre o conceito de segurança na área
da saúde e as responsabilidades da ANVISA buscando interligar ao
contexto da nanotecnologia.
c) Conhecimento Segurança no uso da nanotecnologia na saúde
Ao proceder da pesquisa foi buscado a definição de segurança com
intuito de compreender seus conceitos para construir o texto, sendo
necessário também entender o princípio da Constituição que garante
proteção à vida, normativas do Código de Defesa do Consumidor e
aspectos relacionados à Vigilância Sanitária no uso da nanotecnologia na
saúde.

146
 Engenharia Física – resolução de problemas 

Com relação à segurança trata-se de um estado ou condição de


quem ou do que está livre de perigos, incertezas, assegurado de danos e
riscos eventuais; situação em que nada há a temer. No âmbito jurídico para
analisar o conceito de segurança deve-se partir do princípio constitucional
que garante a proteção a vida e a saúde, direitos fundamentais,
inalienáveis e indissociáveis dos indivíduos. Interligado a Constituição
Federal, o Código de Defesa do Consumidor, protege o consumidor de
práticas, serviços e produtos que possam ocasionar danos a sua
integridade física, sendo de fundamental importância para a concretização
dessas pregorrativas, ações de Vigilância Sanitária.
Em consoante, de acordo com a Lei nº 8.080/1990 por Vigilância
Sanitária entende-se um conjunto de ações que são capazes de eliminar,
diminuir ou prevenir riscos à saúde que podem estar relacionados ao meio
ambiente, a produção, circulação e a prestação de serviços de interesse da
saúde. Essas ações fazem parte do conjunto de atividades realizadas pela
ANVISA.
A ANVISA atua no controle sanitário de produtos sejam eles
nacionais e importados, objetivando garantir que esses insumos sejam
seguros, de qualidade e com eficácia comprovada. Nesse sentido, o papel
preponderante desse Órgão Regulador é garantir a segurança no uso das
nanotecnologias na saúde.
Desse modo, o uso seguro da nanotecnologia na saúde deve ser
uma premissa fundamental seja qual for o seu contexto, haja vista as
fundamentações constitucionais e do Código de Defesa do Consumidor que
garante a proteção à vida e segurança dos indivíduos.
O artigo Nanomedicamentos e os Desafios da Anvisa diante
Inexistência de um Marco Regulatório no Brasil reflete justamente a
importância dos aspectos regulatórios para compreender a segurança no
uso das nanotecnologias:
Compreende-se que a chegada de uma nova tecnologia demande tempo de
adaptação dos órgãos reguladores, de modo que estes possam entender a
nova tecnologia, adotar protocolos para o exame do risco associado ao seu
consumo e estabelecer padrões para realização dos testes necessários.
Em se tratando de medicamentos, sabe-se que a autorização das agências
reguladoras é precedida de uma série de testes que visam determinar a
segurança e a eficácia terapêutica do novo medicamento. Um medicamento
para ser aprovado passa por testes pré-clínicos e clínicos. Primeiramente
se testa os efeitos do novo fármaco em laboratório e em animais. A

147
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

depender dos resultados, passa-se para os testes em humanos. Os testes


clínicos são compostos de quatro fases que são definidas, entre outros
critérios, pelo número e condição de saúde das pessoas testadas. O
processo para autorização de um novo medicamento no mercado é
rigoroso, demorado e custoso. De fato, nos procedimentos utilizados
atualmente não há mecanismos que testem especificamente os impactos
das nanopartículas, mas o medicamento como um todo. Para a criação de
medidas destinadas a examinar os efeitos da nanotecnologia é necessário
primeiramente que se conheça quais os produtos fazem uso dessa
tecnologia.
Fonte: Liziane Paixão Silva Oliveira, Maria Edevalcy Marinho, Ellen de Oliveira
Fumagali. Nanomedicamentos e os Desafios da Anvisa diante Inexistência de um
Marco Regulatório no Brasil. Disponível em:
https://www.researchgate.net/journal/Amazon-s-Research-and-Environmental-Law-
2317-8442. Acesso em: 3 maio 2021.

Logo, a revisão bibliográfica permitiu elucidar que segurança não


pode ser balizada apenas no contexto de eficácia e efetividade das
nanotecnologias, devendo ser permeada por questões que possibilitem o
gerenciamento de risco quanto ao uso dessas inovações. Partido dessa
premissa com relação ao uso das nanotecnologias na área da saúde,
percebe-se uma lacuna literária para delinear sua segurança.
Assim, as nanotecnologias são de fato alternativas promissoras,
contudo, não podem ser consideradas seguras para serem utilizadas,
devido à ausência de normativas, padrões nanométricos e estudos que
garantam a segurança no seu uso e riscos mínimos aos pacientes.
Portanto, com os resultados apresentados agora faz-se a discussão
no próximo tópico.

7 Discussão
A discussão consiste na sedimentação dos dados pesquisados,
momento em que o objeto de estudo, o problema, a solução, a metodologia
e os resultados são interligados e analisados com um olhar crítico e ao
mesmo tempo reflexivo sobre o tema, denotando o que se avança ou
acrescenta para o contexto pesquisado. Nessa perspectiva pode-se citar
que:
A discussão é o local do artigo que abriga os comentários sobre o
significado dos resultados, a comparação com outros achados de
pesquisas e a posição do autor sobre o assunto. Uma discussão sem
estrutura coerente desagrada, daí a conveniência de organizar os temas
em tópicos. Estrutura passível de ser utilizada consta do quadro. Cada um
148
 Engenharia Física – resolução de problemas 

dos tópicos informa sobre uma faceta da discussão e seu conjunto fornece
os subsídios para se julgar a adequação dos argumentos, da conclusão e
de todo o texto.
Fonte: Mauricio Gomes Pereira. A seção de discussão de um artigo científico .
Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
49742013000300020. Acesso em: 5 maio 2021.

Na discussão ocorre o coroamento da pesquisa, caracterizado pela


interpretação dos dados, da formulação do objeto de estudo, da
problemática, da proposta de solução e do método utilizado.
Para realização da pesquisa, estabeleceu-se como objetivo conhecer
aspectos normativos, regulatórios e estudos de toxicidade sobre a
nanotecnologia na área da saúde afim de evidenciar a segurança no seu
uso.
E o problema de pesquisa baseou-se na seguinte pergunta: o que é
necessário conhecer para que a nanotecnologia seja considerada segura
para uso na área da saúde?
No tópico 2, apresentou-se a construção do objeto de pesquisa que é
a Nanomedicina, cujo foco se deu no conhecimento sobre a nanotecnologia
estruturada no contexto biomédico. Nota-se que a manipulação da matéria
em escala atômica e ou molecular otimiza diversas funcionalidades desses
materiais, pois eles estão na mesma escala das moléculas orgânicas. Com
isso o universo de atuação da nanomedicina é amplo e possibilita o avanço
aos problemas emergentes na área da saúde.
No tópico 3, reservou-se para firmar a problemática na seguinte
indagação ou pergunta: o que é preciso compreender para que a
nanotecnologia seja considera segura para uso na área da saúde?
No tópico 4, buscou a solução no sentido de averiguar normativas,
protocolos e estudos que permitam classificar a Nanoctenologia como
segura para ser usada na área da saúde.
No tópico 5 a pesquisa bibliográfica juntamemente com o
gerenciamento dos dados encontrados possibilitou uma leitura sistemática e
crítica sobre o tema em questão colaborando na elucidação dos resultados
obtidos.
A discussão é essencial na pesquisa, pois neste momento ocorre
interação entre o pesquisador e sua coletânea bibliográfica, pois os

149
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

resultados são filtrados e confrontados de maneira a conduzir para o tópico


da conclusão.
Na discussão da Nanomedicina, identifica-se que o objeto de estudo
tem ampla utilidade na área da saúde, devido a possibilidade de criar
métodos e estruturas eficientes e eficazes, pois estão estruturadas na
mesma escala das biomoléculas orgânicas. Entretanto, percebeu-se a falta
de parâmetros que garantam a utilização segura dessas inovações no
contexto biomédico, o que compromete seu uso na prática.
Desse modo, indica-se como uma das causas de insegurança a
ausência de pesquisas toxicológicas ou conforme discutido no artigo
“Nanotecnologia em medicina: aspectos fundamentais e principais
preocupações”, pois a falta de regulamentação dessas estruturas está
intimamente ligada a deficiência em pesquisas toxicológicas, sendo
necessário o desenvolvimento de padronização e regulações interligadas a
certificações e guias ISO já existentes e adaptadas ao cenário.
O inverso da problemática, ou seja, o conhecimento sobre a
segurança do uso das nanotecnologias na área da saúde se apresenta
como a solução ao objeto de estudo ou à aplicação da Nanomedicina.
Nesse ponto o conceito de segurança interligada a Vigilância
Sanitária, ao Código de Defesa do Consumidor e a Constituição Federal
são essenciais para melhor compreensão do termo e para construção do
texto.
Por segurança entende-se um estado ou condição de quem está livre
de perigos e incertezas, uma situação em que há nada a temer. No âmbito
jurídico a proteção a vida e a garantia a saúde é um direito fundamental do
indivíduo. Todavia o consumidor de serviços e produtos em saúde deve ter
sua integridade física assegurada. Logo, para que isso ocorra ações de
Vigilância Sanitária são essenciais, visto que são um conjunto de ações
capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde.
Com relação ao estudo da Nanomedicina, tendo por base
conhecimento sobre segurança no seu uso na área da saúde, pauta-se na
demanda emergente de métodos de prevenção e diagnóstico efetivos e
tratamentos menos agressivos e com assertividade, conforme destaca a
matéria “A medicina teranóstica para diagnóstico e tratamentos mais
precisos contra o câncer”

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Existem algumas barreiras que limitam e dificultam os tratamentos do


câncer por quimioterapia e radioterapia convencionais. Dentre essas
barreiras podemos destacar a não especificidade de ação dos
quimioterápicos e das radiações exclusivamente em células com tumores.
Essa falta de especificidade faz com que tanto as drogas quanto as
radiações utilizadas nessas terapias destruam, também, células saudáveis
no organismo dos pacientes, levando a uma série de efeitos colaterais e
restringindo as doses que podem ser aplicadas. Além disso, as drogas
empregadas em quimioterapia podem ser retidas no organismo, sofrendo
degradação e impedindo que as células com tumores recebam a dose
necessária para o tratamento. A eficácia de uma formulação em
nanomedicina é considerada superior à dos fármacos tradicionais, dada por
sua acumulação seletiva em locais afetados pelo câncer e pela diminuição
de danos aos tecidos saudáveis, resultando em uma entrega controlada
dos agentes de tratamento e proporcionando maior eficácia das terapias
devido à redução da toxicidade nas intervenções químio e radioterápicas.
Fonte: Rogério Mamão Gouveia. A medicina pernóstica para diagnóstico e
tratamentos mais precisos contra o câncer. Disponível em:
https://www.cdtn.br/ultimas-noticias/121-newsletter/. Acesso em: 20 abr. 2021.

Neste momento da discussão, pauta-se na indagação do que é


preciso conhecer para que a nanotecnologia seja considerada segura para
ser usada na área da saúde. Por conseguinte, passa-se a ser visto os
parâmetros reguladores, parâmetros de aferição e estudos de toxicidade
que possam demonstrar a sua segurança.
Cabe destacar que a legislação brasileira pouco avança na temática
abordada, o que compromete a regulamentação no país e por conseguinte
prejudica o desenvolvimento de pesquisas e a tecnologia nacional.
Ademais, partículas em escala nanométrica apresentam alta
reatividade e funcionalidade química. Logo, os métodos de análise
qualitativos e quantitativos existentes não funcionam para os materiais em
escala nano, fato que prejudica a acurácia dos estudos e pode promover
divergência em resultados de estudos de toxicidade, o que limita o controle
sobre possíveis efeitos adversos decorrentes do uso dessas tecnologias.
Diante dessas informações o objetivo da pesquisa foi alcançado, pois
foi possível conhecer as fragilidades que permeiam a segurança das
nanotecnologias no âmbito biomédico e evidenciar que a gestão de risco
ainda é deficiente nessa área o que limita seu potencial uso e compromete
sua segurança.

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Logo, entendimento dos aspectos que elucidaram a insegurança no


uso da nanotecnologia na saúde, permite uma reflexão sobre as lacunas e
o obscurantismo que permeia a Nanomedicina.
As defasagens encontradas denotam a ausência do agente regulador
em produtos e serviços destinados à saúde, Anvisa, que permanece a
margem, indo contra as ações de Vigilância Sanitária que deveriam
assegurar o uso de produtos e serviços em saúde livre de riscos.
Assim, toda inovação tecnológica na área da saúde deve ter sua
segurança validada seguindo regulamentações que normatizem e
comprovem de fato que aquela tecnologia apresenta efeitos adversos
aceitáveis e ou que não coloquem a integridade física das pessoas em
risco.
Das discussões, passa para o próximo tópico que são as conclusões.

8 Conclusões
No estudo do tema “Nanomedicina: conhecimento sobre a segurança
no uso na área da saúde” conclui-se que há um obscurantismo sobre a
segurança no uso dos nanomaterais de um modo geral o que permite inferir
a mesma premissa para a área da saúde. Pode-se categorizar que urge a
necessidade da criação de leis e parâmetros normativos para a das
nanoestruturas a serem utilizadas. Ademais, há uma carência em estudos
conclusivos sobre toxicidade dos nanomateriais, interligada as lacunas das
interações dessas nanoestruturas com biomoléculas.
A nanomedicina é uma área promissora no contexto biomédico,
apresentando aplicações em diversas especialidades, com metodologias
efetivas e superiores as convencionais. Por estarem na mesma escala das
moléculas constituintes do corpo humano, essas estruturas são eficientes e
versáteis, devido a possibilidade de incrementar em um mesmo material
diferentes compostos, o que permite potencializar sua atividade e torna-las
seletivas para um sítio de ação. Contudo esses fatores não podem ser
considerados sinônimos de segurança, haja vista essa temática ser
complexa e recente.
Portanto, essas questões motivam o problema levantado que é a
falta de conhecimento sobre parâmetros de segurança com relação ao uso
da nanotecnologia na área da sáude.
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Por conseguinte, a solução ao problema de pesquisa perpassa em


conhecer aspectos normativos e estudos de toxicidade acerca do uso das
nanotecnologias e direcioná-la ao contexto biomédico.
Para atingir esse propósito como metodologia utilizada foi feita a
pesquisa bibliográfica baseado em bancos de dados oficiais e de acesso
público, com investigação no Google Scholar, SciELO, PubMed e rede
mundial de computadores.
Outrossim, a metodologia utilizada contribuiu para analisar o
conhecimento sobre segurança do uso das nanotencologias na área da
saúde. A partir desse ponto, foi possível evidenciar que a nanoestruturas
não podem ser consideras seguras para uso na área da saúde, destacando-
se como principais causas: falta de regulamentação pelas autoridades
competentes; maiores estudos que possam evidenciar padrões de
toxicidade na interação entre sistemas orgânicos e nanoestruturas; e
inexistência de métodos analíticos padronizados para estudar as
nanoestruturas.
Ademais, na discussão fica evidente que um marco regulatório ainda
está longe de ser estabelecido. Isso colabora para que essa tecnologia se
desenvolva sem supervisão responsável, sem qualquer parâmetro
normativo e de aferição, impactando na gestão de risco e na falta de
controle sobre possíveis efeitos adversos decorrentes do uso dessas
tecnologias na área da saúde.
Com relação ao objetivo delineado inicialmente, este foi atingido,
pois foi possível evidenciar parâmetros que contribuem para determinar se
a nanotecnologia é segura ou não para ser aplicada na área da saúde.
Ao questionamento do estudo este tinha como pergunta: qual motivo
gera desconhecimento sobre a segurança do uso da nanotecnologia na
área da saúde?
Logo, a partir da pergunta que motiva a estruturação do trabalho foi
possível compreender que ao se conhecer a deficiência de regulamentação,
da falta de padrões nanometrológicos e dos poucos estudos de
nanotoxicidade, há um estimulo para que a temática seja discutida e
tenham suas lacunas preenchidas, haja vista o vasto potencial de uso das
nanotecnologias na área da saúde, garantindo confiabilidade nos produtos
gerados e estimulo aos desenvolvimentos de novas biotecnologias.

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Essa solução apresentada é a melhor, pois toda inovação


tecnológica na área da saúde deve ter sua segurança validada seguindo
regulamentações que normatizem e comprovem de fato que aquela
tecnologia apresenta efeitos adversos aceitáveis e ou que não coloquem a
integridade física das pessoas em risco, garantido a segurança no seu uso.

9 Referências
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https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/nanotecnologia-e-covid-19/. Acesso em:
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Apresentação disponível em: https://www.youtube.com/watch?


v=J4MKJC6Lvrk

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 Engenharia Física – resolução de problemas 

https://www.youtube.com/channel/UC4Ar4y-Xx7Pd6GGSA7Jas1Q

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