Você está na página 1de 239

 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Volume 1

1
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Wilson José Gonçalves


(organizador)

Engenharia Química
– compromisso com a sustentabilidade –
Volume 1

1ª ediçã o

Campo Grande – MS
Academia de Letras Jurídicas do Estado de Mato Grosso do Sul – ALJ-MS
2021

2
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Engenharia Química
– compromisso com a sustentabilidade –

Editora
Academia de Letras Jurídicas do Estado de Mato Grosso do Sul

Conselho Editorial
Aires Gonçalves, ALJ-MS. ( in memoria )
André Puccinelli Júnior, Doutor/PUC-SP – UFMS / ALJ-MS.
Fadel Tajher Iunes, ALJ-MS. ( in memoria )
Helder Baruffi, Doutor/USP – UFGD / ALJ-MS.
Júlio Cesar Bebber, Doutor/USP – TRT 24ª Região / ALJ-MS.
Lúcio Flavio Joichi Sunakozawa, Mestre/UCDB – UEMS-MS.
Ruy Celso Barbosa Florence, Doutor/PUC-SP, ALJ-MS.
Sérgio Fernandes Martins, Mestre/UGF / ALJ-MS.
Tatiana Azambuja Ujacow, Mestre/UnB – UFMS / ALJ-MS.
Wilson José Gonçalves, Doutor/PUC-SP – UFMS / ALJ-MS.

Ficha Catalográ fica


GONÇALVES, Wilson José (org.).
Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade. Volume 1. Campo
Grande-MS: ALJ-MS, 2021.
231 p.
Inclui referê ncias
1. É tica. 2. Legislaçã o. 3. Profissã o.
CDD

Endereço:
Rua Joaquim Murtinho, 93 – Centro. Campo Grande-MS.
79.002-100
f. + 55 67 98419 1515
e-mail: academiadeletrasjuridicas@bol.com.br
Arte da Capa de Rayan Peixoto Fleming

3
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Wilson José Gonçalves

Engenharia Química
– compromisso com a sustentabilidade –
Volume 1

Academia de Letras Jurídicas do Estado de Mato Grosso do Sul


2021

4
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Dedicatória
Aos Professores, Técnicos-Administrativos e Familiares.

Corpo Docente
Adilson Beatriz João Batista Gomes de Souza
Adriana Pereira Duarte Juliano Carvalho Cardoso
Airton Carlos Notari Júlio Alberto Peres Ferencz Júnior
Amilcar Machulek Júnior Larissa Gabriela Ávila
Ana Camila Micheletti Lilian Ferreira Berti
Andre Luis Soares da Fonseca Lilian Milena Ramos Carvalho
Bruno Dias Amaro Lincoln Carlos Silva de Oliveira
Bruno Gabriel Lucca Marco Antônio Utrera Martines
Carlos Eduardo Domingues Martha Janete de Giz
Nazário Nadya Kalache
Cassio Pinho dos Reis Nidia Cristiane Yoshida
Celso Cardoso Olivier Francois Vilpoux
Charlene Marcondes Avelar Onofre Salgado Siqueira
Clóvis Lasta Fritzen Patrícia de Oliveira Figueiredo
Dario Xavier Pires Paulo de Sousa Carvalho Júnior
Diego Carvalho Barbosa Alves Rafael Lucas de Arruda
Elen Viviani Pereira Spreafico Rebeca Yndira Cabrera Padilla
Elias Tayar Galante Saulo Gomes Moreira
Fabio Mallmann Zimmer Sérgio Carvalho de Araújo
Fernanda Rodrigues Garcez Sergio Leandro Espindola Preza
Geraldo Vicente Martins Silvio Cesar de Oliveira
Glaucia Braz Alcantara Sônia Maria Monteiro da Silva
Glaucius Lahnke de Oliveira Burigato
Glauder Guimarães Ghinozzi Thiago Pedro Pinto
Isabela Porto Cavalcante Walmir Silva Garcez
Jamal Rafique Khan Widinei Alves Fernandes
Janusa Soares de Araújo Wilson José Gonçalves

5
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Sumário
1 Apresentação............................................................................................................. 7
Engenharia Química no Processamento de Fertilizante Orgânico: observação das
normativas para certificação de produtos.................................................................12
Wilson José Gonçalves ............................................................................................12
Engenharia Química na Produção de Maquiagens Hipoalergênicas: controle de
riscos alérgicos na utilização de produtos para pele..............................................74
Andriely Costa de Mattos .........................................................................................74
Isabela dos Santos Corrêa Crivelli ...........................................................................74
Engenharia Química na Farmacologia Fitoterápica: viabilidade do potencial
terapêutico dos canabinoides..................................................................................109
Amanda Bernardes de Lima ...................................................................................109
Engenharia Química na Nanotecnologia: regulamentação nos impactos à saúde e ao
meio ambiente........................................................................................................... 150
Vitória Corrêa Barbosa ...........................................................................................150
Engenharia Química na Produção de Nanomateriais: atenção para os métodos de
descarte com avaliação de toxicidade....................................................................182
Matheus Rocha de Souza Silva..............................................................................182

6
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

1 Apresentação

O ano de 2021, continua marcado pela Pandemia, triste, mas, sem


deixar a vida ficar em vão. O ensino remoto, com base na tecnologia e no
Google Meet e aplicativos, foram os meios de aproximar e continuar. Nunca
os versos de Fernando Pessoa foram tão presentes:
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
“Tudo vale a pena, Se a alma não é pequena ”, ainda que não seja o
ideal, mas, foi feito o possível e o impossível, para manter a chama do
ensino e da educação viva.
Os efeitos do distanciamento social e da rotima de notícias tristes por
quem nos deixa, são combustíveis para continuar a caminhar, a acreditar
na educação que o mundo por vir será melhor, que o novo normal será
diferente.
Neste espiríto, buscou levar o primeiro semestre e deixar um pouco
deste legado.
Nas aulas da disciplina “ Legislação, Ética Profissional e Cidadania ”,
o foco era a legislação, em sua vertente normativa, no qual se enfatizou as
normas de conhecimento, normas técnicas, normas éticas, normas legais e
normas internacionais. Sem olvidar o conceito de direito, o ordenamento
jurídico, o sistema jurídico, a ética, a ética profissional, a legislação, com
destaque ao direito do trabalho, lei de licitação, os direitos humanos e as
concepções de cidadania.
Em paralelo, desenvolvia-se a estrutura do pensamento, da crítica,
7
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

da vinculação e sistematização de conteúdos, bem como, da expressão


técnica da escrita como forma e exercício da prática profissional.
O saber escrever é antes de tudo, saber pensar, pesquisar, refletir,
criar e materializar soluções. Como a Engenharia foca na resolução de
problemas, ou seja, encontrar soluções, deve ter como habilidades e
competências a escrita, que nada mais é do que a extensão de projetos,
planejamentos, memoriais, contratos, avaliações, relatórios e outros tantos
documentos que o profissional de Engenharia tem que produzir em suas
atividades do cotidiano.
Qualidades que os autores desenvolveram com esta atividade, o qual
tenho muito orgulho de fazer parte. E para desenvolver está atividade
avaliativa, foram necessárias pesquisa, reflexões, orientações, escrita,
correções, revisões e mais revisões até que o livro estivesse pronto para
apresentá-los a comunidade em geral.
Ensinar a técnica de parágrafo e construção de textos técnicos, no
qual o objetivismo predomina, bem como, as exigências científicas se
impõem, permite o exercício da consciência da Legislação (toda atividade
da engenharia é permeada por comandos normativos), da Ética
Profissional, para com os eixos de obrigações do Código de Ética, como a
condenação do plágio em todos os sentidos. Promovendo com isto, a
cidadania, ao refletir sobre a profissão e sua atuação em prol da sociedade.
Para desenvolver a atividade, elegeu-se a técnica de parágrafo, que
em sua composição exige-se uma lógica e sequencialidade rigorosa em sua
forma e, principalmente, em seu conteúdo, como pode-se observar:
Título: subtítulo (objeto de estudo: solução)
Nome do Autor
e-mail:
Resumo: [cinco elementos: 1 Contexto; 2 Objetivo; 3 Método; 4 Resultado; 5
Conclusões].
Palavras-chave: 1 Uma. 2 Duas. 3 Três. 4 Quatro. 5 Cinco.
Sumário: 1 Introdução. 2 Objeto de Estudo. 3 Problema. 4 Solução. 5 Metodologia.
6 Resultado. 7 Discussão. 8 Conclusões. 9 Referência.
1 Introdução
§ - contextualização do tema de modo a situar o leitor;
§ - justificar ou explicar o título;
§ - estabelecer os limites ou a delimitação do texto;
§ - quais os objetivos;
§ - o problema;
§ - as hipóteses a serem trabalhadas;
§ - o método utilizado;
§ - a fundamentação ou revisão bibliográfica;

8
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

§ - indicar os principais resultados;


§ - a provável solução;
§ - as principais partes do trabalho e como foram apresentadas;
§ - as razões de se ler o trabalho ou a sua contribuição.

2 Objeto de Estudo
§ - introdução [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO] = indicando o
conteúdo geral do tópico
§ - citação 1 (s) – no mínimo três autores citação direta
§ - comentário – aprende a dialogar com os autores
§ - citação 2 (s) – no mínimo três autores citação direta
§ - comentário – aprende a dialogar com os autores
§ - citação 3 (s) – no mínimo três autores citação direta
§ - comentário – aprende a dialogar com os autores
§ - análise – para compreensão do assunto
§ - conclusão = Assim, [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO]
§ - gancho para próximo tópico [INDICAR COM AS MESMAS PALAVRAS
EXISTENTES NO PRÓXIMO TÓPICO]

3 Problema
§ - introdução [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO] = indicando o
conteúdo geral do tópico
§ - descrever o problema = USAR O PROBLEMA (PERGUNTA?) DA
INTRODUÇÃO
§ - [...] se possível – citação para demonstrar o problema, sua origem ou demais
aspectos que despertam o interesse ao problema
§ - ao citar deve-se comentar
§ - reforçar o foco do problema na pergunta ou em seus detalhamentos
§ - conclusão = Assim, [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO]
§ - gancho para próximo tópico [INDICAR COM AS MESMAS PALAVRAS]

4 Solução
§ - introdução [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO] = indicando o
conteúdo geral do tópico.
§ - recuperar o problema de pesquisa.
§ - desenvolver as hipóteses indicada na INTRODUÇÃO e outras [...]
§ - primeira hipótese – indicar e demonstrar / refutar o porquê não é a resposta
mais adequada ao problema.
§ - refutar a hipótese.
§ - segunda hipótese – indicar e demonstrar / refutar o porquê não é a resposta
mais adequada ao problema.
§ - refutar a hipótese.
§ - terceira hipótese – indicar e demonstrar que é a resposta mais adequada ao
problema.
§ - a última hipótese é a solução mais adequada ao problema
§ - conclusão = Assim, [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO]
§ - gancho para próximo tópico [INDICAR COM AS MESMAS PALAVRAS]

5 Metodologia
§ - introdução [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO]
§ - descrever os bancos de dados e demais informações de COMO foi feita a
pesquisa
§ - [...]
9
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

§ - conclusão = Assim, [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO]


§ - gancho para próximo tópico [INDICAR COM AS MESMAS PALAVRAS]

6 Resultados
§ - introdução [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO] – Balizar-se ou
ORIENTAR-SE pelo texto do RESUMO e da INTRODUÇÃO, de modo a manter a
coerência e coesão do texto agregando os dados reunidos no banco de dados ou
nas referências no qual se apoiou para realizar a pesquisa.
§ - descrever a síntese do banco de dados, ou seja, faça um apanhado de tudo
que pesquisou. Organizando de modo a demonstrar os textos de posição
contrária, se encontrou, bem como a posição favorável. Tanto do objeto de
estudo, do problema e da solução. Além da metodologia que pode ser incluída.
RECOMENDA-SE O USO DO TÍTULO E DO SUMÁRIO PARA COMPOR A
ORGANIZAÇÃO DO BANCO DE DADOS, SUA SINTÉSE E COMENTÁRIOS
§ - REPETIR ESSA ORIENTAÇÃO [PARÁGRAFO] PARA CADA REFERENCIA
CONSULTADA OU QUE JULGA IMPORTANTE PARA A CONSTRUÇÃO DO
TEXTO E DO ENTENDIMENTO DO TEMA [...] – comentar as principais
REFERENCIAS que consultou para elaborar o texto, indicando sua contribuição
§ - [...] – comentar as principais REFERENCIAS que consultou para elaborar o
texto, indicando sua contribuição
§ - REPETIR ESSA ORIENTAÇÃO [PARÁGRAFO] PARA CADA REFERENCIA
CONSULTADA OU QUE JULGA IMPORTANTE PARA A CONSTRUÇÃO DO
TEXTO E DO ENTENDIMENTO DO TEMA [...] – comentar as principais
REFERÊNCIAS que consultou para elaborar o texto, indicando sua contribuição
§ - fechar a ideia do que se encontrou, no banco de dados, com aquilo escrito no
resumo e na introdução
§ - conclusão = Assim, [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO]
§ - gancho para próximo tópico [INDICAR COM AS MESMAS PALAVRAS]

7 Discussão
§ - introdução [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO]
§ - compreende na seleção dos resultados que garante a construção do Tópico 2,
3, 4 e 5 = discussão dos resultados (tópico anterior)
§ - [...] § - conclusão = Assim, [USAR AS PALAVRAS DO TÍTULO DO TÓPICO]
§ - gancho para próximo tópico [INDICAR COM AS MESMAS PALAVRAS]

8 Conclusões
A conclusão deve conter os seguintes parágrafos:
§ - parágrafo de introdução com base no texto do resumo
§ - síntese do tópico 2 – objeto de estudo
§ - síntese do tópico 3 – problema
§ - síntese do tópico 4 – solução
§ - síntese do tópico 5 – metodologia de execução
§ - síntese do tópico 6 – resultados
§ - síntese do tópico 7 – discussão
§ - destacar o objetivo – [resumo, introdução] – indicando se alcançou ou não
§ - recuperar o problema a pergunta – [introdução]
§ - responder de forma clara a pergunta USANDO apenas elementos trabalho ou
visto no texto, NADA DE ELEMENTO NOVO.
§ - dizer por que essa solução é a melhor.

9 Referências

10
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

De cinco a oito referências – conforme ABNT. Colocar em ordem alfabética por


sobrenome (use o classificar no Word)
Use como base a NBR 6023

Está estrutura pode ser vista, em sua aplicação, nos textos em que o
leitor tem em mãos, comprovando a viabilidade e executoriedade de um
texto técnico-científico, bem como o resultado do processo de ensino-
aprendizado. Reforçando a ideia que o conteúdo dos artigos, deve ou
deveria vincular sua temática com a ementa da disciplina, seja de forma
direta ou indireta. O que foi cumprindo.
Cada autor e autora deve sua dedicação e empenho na proposta de
se pensar a disciplina com base em uma questão prática e direta com a
proposta e a ementa da disciplina.
Com isto, finalizou-se a programação inicialmente feita e concluída
ao encerramento do semestre. Com isto, traz a alegria e felicidade da
missão cumprida.
O que demonstrar que o amor, a disciplina e a persistência
conduzem a perfeição e ao mesmo tempo um avanço, uma inovação no
campo das ideias que se projeta a mudança da realidade social.
Por fim, como professor e organizador da obra, gostaria de registrar
minha gratidão, pelo voto de confiança recebido, ao acreditar neste projeto.
Encerrando o semestre com chave de ouro, e demonstrando uma
viabilidade de uma ideia.
Muito obrigado, um grande e fraterno abraço a todos e todas.
Campo Grande-MS., Cidade Universitária, 10 de julho de 2021.

Prof. Dr. Wilson José Gonçalves

11
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

12
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Engenharia Química no Processamento de Fertilizante Orgânico:


observação das normativas para certificação de produtos

Wilson José Gonçalves


wilson.goncalves@ufms.br
Resumo: As Engenharias cumprem a função de resolução de
problemas, em especial, a Engenharia Química, pela abrangência e
a necessidade de revisar seus produtos e processos, de modo a
adequá-los a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável,
proposto pela ONU. Associando a sustentabilidade e o
agronegócio, um dos pontos que se pode e deve a Engenharia
Química, contribuir, é no processamento de fertilizante orgânico,
sobretudo, a observação das normativas para certificação de
produtos. Entre os pontos a serem observados, para a certificação
do processo e produto, tem-se as definições, exigências,
especificações, garantias, grau de tolerância, registro junto aos órgãos competentes,
embalagem e rotulagem próprias. O objetivo é conhecer as normativas e procedimentos de
registro, junto ao MAPA, e a certificação de processamento de fertilizante orgânico. A
metodologia foi a pesquisa bibliográfica e documental, com base nos bancos de dado
oficiais e em documentos e legislação pertinente. Os resultados encontrados indicam que a
certificação, perpassa pela observância da Lei nº 6.894/80 e respectivo Regulamento.
Destacando que fertilizante, é a substância mineral ou orgânica, natural ou sintética,
fornecedora de um ou mais nutrientes vegetais. Também se encontrou a distinção entre
registro, obrigatório a todos os produtos no MAPA. E, que a certificação se apresenta como
guia de controle de qualidade e selo. As conclusões são que a Engenharia Química, dentro
da atuação profissional para o processamento de fertilizante orgânico, precisa observar o
registro no MAPA, bem como as normativas e diretrizes para certificação de produtos ou
recebimento do selo de controle de qualidade.

Palavras-chave: Legislação. MAPA. Registro de Produtos. Lei nº 6.894/80. Regulamento.


Cidadania.

Sumário: 1 Introdução. 2 Engenharia Química no Processamento de Fertilizante Orgânico.


3 Inobservação das Normativas para Certificação de Produtos. 4 Observação das
Normativas para Certificação de Produtos. 5 Metodologia. 6 Resultados. 7 Discussão. 8
Conclusões. 9 Referências.

13
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

1 Introdução
A visão holística traz em seu bojo um olhar diferente sobre as
questões do mundo, na relação com o ser humano. Está concepção,
sobretudo, para as Engenharias que tem por função e missão, a resolução
de problemas sociais. E a Engenharia Química, em seu destaque e
abrangência de atuação, tem agregado o sentido de revisar seus produtos e
processos, na denominada “Engenharia ‘Química’ Verde”, não só para
corrigir fatos preteridos, mas, para atender e adequar fatos presente e
futuros, de modo a sintonizar com a Agenda 2030, para o Desenvolvimento
Sustentável. Nesta linha de pensamento, a Engenharia Química, pode e
deve contribuir entre tantas atividades, atuar no processamento de
fertilizantes orgânicos, em especial com as normativas para certificação de
processo e produto. Observando as exigências, especificações, garantias,
grau de tolerância, registro junto aos órgãos competentes, embalagem,
rotulagem e o controle de qualidade. Este é o foco que se busca ao
desenvolver a “ Engenharia Química no Processamento de Fertilizante
Orgânico: observação das normativas para certificação de produtos ”.
A justificativa para a proposta de “ Engenharia Química no
Processamento de Fertilizante Orgânico: observação das normativas para
certificação de produtos ”, incide numa visão da Química Verde, no qual se
tem a preocupação com a sustentabilidade, meio ambiente e qualidade de
vida para as gerações presentes e futuras. E a obtenção da certificação
pela observação das normativas são um indicador significativo que o
processo e produto obedece uma sistematização, controle e
compatibilidade com o meio a ser aplicado. Com isto, justifica-se a
preocupação com o processamento de fertilizante orgânico.
A proposta se restringe aos fertilizantes orgânicos e as normativas
para certificação de produtos. Não sendo objeto de investigação a inovação
tecnológica, outros tipos de fertilizantes, sobretudo, os inorgânicos,
sintéticos etc. Também, não será estendido as normativas internacionais ou
aos padrões de outros países, mas, da regulamentação interna brasileira.
O objetivo da proposta é conhecer as normativas e os procedimentos
de registro e demais documentação, junto ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento –MAPA, para a certificação de processamento de
fertilizante orgânico.

14
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

A questão investigada ou problema de pesquisa se volta para a


seguinte indagação: O que é necessário e indispensável ao profissional de
Engenharia Química no processamento de fertilizante orgânico, para ter, no
mercado, um produto “verdadeiramente” orgânico?
Na busca e norteamento da resposta ou prováveis respostas, ao
problema de pesquisa, estabeleceu-se, de forma prévia, três hipóteses, que
são:
a) a primeira hipótese indica que o necessário e indispensável é a
experiência profissional e os estágios ou práticas desenvolvidas para se
alcançar um produto “verdadeiramente” orgânico;
b) a segunda hipótese direciona para a questão do rótulo do produto,
bastando colocar, em destaque, que o produto é orgânico;
c) a terceira hipótese é no sentido que são necessários e
indispensáveis ao profissional, da Engenharia Química, o domínio e
conhecimento pleno da legislação, de seguir os passos, procedimentos e
burocracia exigida pelos órgãos fiscalizadores, entre eles o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, para que se possa usar, de
forma correta, a certificação de processamento de fertilizante orgânico,
posto no mercado consumidor, de modo a ser um produto
“verdadeiramente” orgânico.
Na realização da investigação a metodologia foi a pesquisa
bibliográfica e documental. Sendo que a pesquisa bibliográfica se pautou
nos bancos de dados oficiais como o site do Google Acadêmico, Periódicos
Capes, SciELO Livros, SciELO Artigos, Domínio Público e bibliotecas
digitais. A pesquisa documental foi realizada em documentos oficiais,
pareceres e legislação pertinente, tanto nos sites oficiais como
planalto.gov.br, como do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento – MAPA.
Para compor a fundamentação teórica da pesquisa utilizou-se das
seguintes referências, que se destacam, bem como as demais que incluem
e indicam no tópico 9, que são, respectivamente autores e obras: Embrapa
– Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Processo de fabricação de
biofertilizante ; Marco Antônio Leal, Produção de fertilizante orgânico de
origem 100% vegetal por meio da compostagem . Embrapa; Maria Celia
Martins de Souza, Certificação de Produtos Orgânicos . IEA - lnstituto de
Economia Agrícola; Maria Cristina Prata Neves, Capítulo 11 – Certificação
15
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

como Garantia da Qualidade dos Produtos Orgânicos; Nutriceler,


Fertilizante Certificado para Agricultura Orgânica ; Organicsnet. Manual de
certificação de produtos orgânicos ; Paulo E. Trani; Maurilo Monteiro Terra;
Marco Antonio Tecchio; Luiz Antonio Junqueira Teixeira; e Jairo Hanasiro,
Adubação Orgânica de Hortaliças e Frutíferas .
Os resultados obtidos ou encontrados mostram que a certificação e o
processo de certificação perpassam pela observância da Lei nº 6.894/80 e
respeito Regulamento. Como também, de portarias e outras regulamentas
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. Por outro
lado, destaca-se que o conceito de fertilizante, como matéria ou substância
mineral ou orgânica, natural ou sintética, que fornece um ou mais nutrientes
vegetais a planta. Encontra-se, como critério obrigatório de controle e
acompanhamento dos órgãos competentes a distinção entre registro e
certificação, sobretudo, nos produtos no Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento – MAPA. O registro é a existência do produto dentro do
processo de produção. Enquanto que a certificação é o controle de
qualidade tanto do processo, como do produto.
A indicação e o encaminhamento para a certificação de produtos,
junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, é a
observação das normativas e seu fiel cumprimento, bem como, da
apresentação de documentos exigidos ou solicitados, fixando com isto o
roteiro normativo e procedimental para a certificação de Fertilizantes
Orgânicos.
No desenvolvimento da investigação e para fins de registro
estabeleceu nove tópicos que são: i) uma introdução de natureza geral com
descrição dos principais pontos, justificativa problema, hipóteses e
fundamentação teórica; ii) o conceito de fertilizante orgânico e a atuação do
profissional de Engenharia Química no processamento; iii) a descrição e
detalhamento do problema de pesquisa; iv) a indicação da solução ao
problema, discutindo cada uma das hipóteses apresentadas; v) a descrição
da metodologia da pesquisa em seu passo a passo; vi) o apontamento dos
resultados encontrados nos bancos de dados e dos documentos; vii) a
formulação da discussão com o material encontrado e a confrontação crítica
e reflexiva da temática; viii) as principais conclusões, a indicação do
alcance do objetivo da pesquisa e a propositura da solução ao problema
investigado; e ix) o registro das referências consultadas ao longo da
pesquisa.
16
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Com isto, tem-se um percurso de compreensão da necessidade de


se observar as normativas para a certificação de produtos, em especial, os
fertilizantes orgânicos, cuja regulamentação é de competência do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. Sendo que ao
profissional de Engenharia Química que irá atuar neste seguimento precisa
do conhecimento da processualística e da normativa para certificação, de
igual modo, todos os profissionais de Engenharia Química necessitam ter
este conhecimento das normativas e das exigências dos órgãos
reguladores, de fiscalização e acompanhamento, para poder informar e
colaborar na melhoria ou na certificação de outros produtos e processos
que venham a atuar.

2 Engenharia Química no Processamento de Fertilizante Orgânico


No cenário global e nas preocupações ambientais, de produção de
alimentos e conservação da natureza, bem como os pressupostos e
fundamentos da química verde, no qual a revisão e atenção para os
processos e produtos que não agridem ao meio ambiente e a saúde
humana, assegurando um bem-estar e a existência e sobrevivência das
gerações futuras. Neste cenário, a função da Engenharia Química no setor
do agronegócio, da produção de alimento e preservação da natureza,
sobretudo, a conservação do solo, tem-se, entre outros aspectos também
relevante, mas, passa-se a destacar o processamento de fertilizante
orgânico, sobretudo seus diversos tipos e composições, no uso e aplicação
na correção e no fortalecimento do solo, apresentando condições favoráveis
e adequadas ao surgimento e crescimento da flora na proteção do solo.
A participação do profissional da Engenharia Química no
processamento de fertilizante orgânico, de modo a contribuir no
aprimoramento do processo e na obtenção de produtos com qualidade e
uniformidade, como também a preocupação com a certificação do produto,
representa um ganho significativo para o meio ambiente, a saúde humana e
as gerações futuras.
Marco Antônio Leal, da Embrapa Agrobiologia, discorre sobre
“Produção de fertilizante orgânico de origem 100% vegetal por meio da
compostagem ”, no seguinte texto:
Os fertilizantes orgânicos são insumos utilizados para manter a fertilidade
do solo, sendo aplicados em grande volume e, geralmente, de forma
periódica. Sua demanda é crescente, o que tem promovido aumentos
17
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

significativos dos preços desses insumos nos últimos anos. Os fertilizantes


orgânicos tradicionalmente utilizados, como o esterco bovino e a cama de
aviário, possuem custo elevado e são de difícil obtenção em algumas
regiões. Podem apresentar problemas de contaminação química, como
resíduos de carrapaticidas e antibióticos. Também podem apresentar
contaminação biológica, como sementes de plantas invasoras e organismos
que causam doenças ao homem. São produtos que apresentam
dificuldades para o seu transporte e armazenamento, devido à sua elevada
umidade e à emissão de odores.
A crescente demanda por fertilizantes orgânicos pode ser suprida por meio
da utilização de resíduos e subprodutos resultantes da produção
agropecuária, da atividade agroindustrial e do ambiente urbano. Centenas
de milhões de toneladas de materiais orgânicos são gerados anualmente
no Brasil. O aproveitamento desses materiais é fundamental para promover
a sustentabilidade da agricultura nacional e a conservação do ambiente,
reduzindo as perdas de nutrientes e otimizando o seu aproveitamento.
Essa reciclagem evita que os nutrientes se acumulem em determinado
local, podendo causar problemas ambientais, enquanto são demandados
em outros locais para produção vegetal.
Antes de serem empregados na produção agropecuária, os materiais
orgânicos devem passar por processos de estabilização e
descontaminação. A compostagem é uma tecnologia que visa a aumentar a
eficiência desses processos, proporcionando condições ideais para a
transformação de resíduos e subprodutos em fertilizantes orgânicos
humificados, ricos em nutrientes e isentos de contaminação química e
biológica. Apesar de sua importância, a compostagem é pouco conhecida
no Brasil, pois as tecnologias utilizadas foram desenvolvidas em outros
países. É necessário criar processos de compostagem adequados à nossa
realidade, que aproveitem os materiais localmente disponíveis e que
reduzam a quantidade de mão de obra necessária.
Atenta a esta demanda, a Embrapa, em parceria com outras instituições,
desenvolve diversas ações visando à criação de tecnologias de
compostagem inovadoras. Um exemplo é a tecnologia que utiliza apenas
matérias-primas 100% vegetais para produção de fertilizantes orgânicos,
desenvolvida na Embrapa Agrobiologia. Como utiliza matérias-primas que
são isentas ou apresentam reduzida carga de contaminação química e
biológica, o processo de compostagem é mais simples, sem a necessidade
de se realizar revolvimentos periódicos, o que reduz o emprego de mão de
obra e torna mais viável a sua utilização por parte de pequenos
agricultores. Essa compostagem pode ser realizada na pequena
propriedade rural e também em grande escala, pois seu processo de
produção é muito simples.
Fonte: Marco Antônio Leal. Produção de fertilizante orgânico de origem 100%
vegetal por meio da compostagem . Embrapa. Disponível em:
https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/1865056/artigo-producao-de-
fertilizante-organico-de-origem-100-vegetal-por-meio-da-compostagem. Acesso em:
22 abr. 2021.

18
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

O autor traz a noção de fertilizante orgânico como insumo com a


finalidade de fertilizar o solo. E como é um produto aplicado de forma
periódica, a demanda é crescente, o que reflete no mercado consumidor.
Disponibilizando fertilizante orgânico, porém, com problemas de
contaminação química, como é o caso, indicado, de resíduos de
carrapaticidas e antibióticos, como também de sementes de plantas
invasoras e organismo que provocam doenças. Para isto, os materiais
orgânicos, ou a matéria prima do fertilizante orgânico devem passar por um
processo de estabilização e descontaminação, como também o ponto de
unidade do material resultante.
A garantia da isenção de contaminação química é um dos pontos de
preocupação e na padronização do processo e do resultado do produto.
Entre os processos, o autor, aponta a compostagem, como um processo
simples.
No entanto, não faz referência ao padrão de qualidade, a
uniformidade ou obtenção de certificação do produto para disponibilizar no
mercado consumidor.
Paulo E. Trani; Maurilo Monteiro Terra; Marco Antonio Tecchio; Luiz
Antonio Junqueira Teixeira; e Jairo Hanasiro, no texto “ Adubação Orgânica
de Hortaliças e Frutíferas ”, traz a colação o conceito de fertilizante orgânico
ou adubo, bem como, dados, ainda que de 2001 a 2009, pode refletir o
mercado consumidor e o conceito, atual que é:
O adubo ou fertilizante orgânico é o produto de origem vegetal, animal ou
agro-industrial que aplicado ao solo proporciona a melhoria de sua
fertilidade e contribui para o aumento da produtividade e qualidade das
culturas.
Segundo a ABISOLO, no período de 2001 a 2009 observou-se um
expressivo crescimento de 12 vezes na comercialização de fertilizantes
orgânicos (de 100.000 para 1.200.000 toneladas) no Brasil. A
comercialização de fertilizantes organominerais praticamente dobrou, de
1800.000 t para 3.400.000 t nesse mesmo período. A fruticultura com
participação de 48% e a olericultura (cultivo de hortaliças) com participação
de 26% sobre o valor das vendas, são as principais responsáveis pelo
consumo de fertilizantes orgânicos no Brasil em relação às outras culturas.
Os fertilizantes orgânicos e também os organominerais podem ser
produzidos na propriedade agrícola ou adquiridos de fabricantes e
distribuidores especializados.
Fonte: Paulo E. Trani; Maurilo Monteiro Terra; Marco Antonio Tecchio; Luiz Antonio
Junqueira Teixeira; e Jairo Hanasiro. Adubação Orgânica de Hortaliças e Frutíferas .
Instituto Agronômico de Campinas. Disponível em:
https://www.bibliotecaagptea.org.br/agricultura/adubacao/ADUBACAO

19
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

%20ORGANICA%20DE%20HORTALICAS%20E%20FRUTIFERAS.pdf. Acesso em:


22 abr. 2021.

A conceituação de fertilizante orgânico ou adubo, dos autores, traz


como base de definição a origem ou matéria-prima do produto, seja ela de
origem vegetal, animal ou agroindustrial que tenha a finalidade de propiciar
melhoria e contribuição no aumento da produtividade e qualidade das
culturas.
O conceito de fertilizante orgânico se constitui em um tripé, (1)
origem da matéria-prima, (2) da finalidade e do (3) resultado. Logo, para ser
um fertilizante orgânico tem que ter sua origem da matéria-prima em
vegetal, animal ou agroindustrial. Ter a finalidade de melhoria e
contribuição para o solo e a planta. E ter resultado no aumento da
produtividade e qualidade das culturas.
No entanto, o dado significativo é a comercialização de fertilizantes
apresentou um percentual crescente, indicando a relevância do produto no
contexto da produção e na preocupação na qualidade do solo.
Este dado de procura na comercialização de fertilizante desperta a
atenção para a qualidade do produto posto no mercado, vez que o processo
e o produto podem trazer sérios riscos à saúde humana se não observado a
normativa de uso, aplicação e contaminantes e impurezas.
Tem-se no conceito de fertilizante orgânico, porém, o quesito
qualidade e certificação do produto, passa a transcender a questão e
exigindo a intervenção de um profissional qualificado para acompanhar o
processo e o produto. No caso, existe empresas que disponibiliza no
mercado consumidor um fertilizante certificado para agricultura orgânica,
como se registra no texto abaixo:
Fertilizante Certificado para Agricultura Orgânica
Com a regulamentação do setor orgânico no Brasil, as empresas tiveram
maior clareza para investir neste mercado em larga expansão.
Fertilizantes especiais certificados para agricultura orgânica
A Nutriceler é promotora de inovações, e tem em seu portfólio uma gama
de tecnologias certificadas conforme a legislação nacional, contando com
vários fertilizantes indicados para o mercado orgânico certificado. Entre os
principais produtos podemos destacar o TOP-N, primeiro fertilizante
certificado para agricultura orgânica com fonte de nitrogênio na forma
líquida para aplicação foliar, possibilitando o suprimento deste mineral
importante mineral de forma rápida e precisa conforme a demanda da
cultura. Além deste, temos tecnologias com fonte de potássio, zinco, boro,
molibdênio, enxofre, cobalto e magnésio.

20
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Fonte: Nutriceler. Fertilizante Certificado para Agricultura Orgânica . Disponível em:


http://www.nutriceler.com.br/adubacao-foliar/fertilizante-certificado-para-agricultura-
organica. Acesso em: 22 abr. 2021.

No informativo no site da Nutriceler, pode-se verificar o rol de


fertilizantes específicos para cada planta, com atenção para o quesito da
certificação, que busca atestar a qualidade dos produtos ofertados.
Neste sentido, a ideia de fertilizante orgânico, enquanto produto para
o mercado consumidor, tem como exigência o registro e a certificação no
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, cujo
procedimento e orientação é:
Obter certificado de registro automático de produto fertilizante, corretivo,
condicionador de solo e substrato para plantas
Obter autorização prévia para importação de fertilizantes, inoculantes e
corretivos
O que é?
Trata-se de uma funcionalidade no Sistema SIPEAGRO onde as
solicitações de registro de produtos, que não possuem exigência legal de
trabalho de pesquisa que ateste a viabilidade e eficiência de seu uso
agrícola, enviados pelos estabelecimentos produtores ou importadores, são
deferidas automaticamente pelo sistema e o Certificado de Registro do
produto poderá ser emitido pelo Representante legal ou RT da empresa
logo após o envio da solicitação. As categorias de produtos Inoculante,
Remineralizador e Biofertilizante não estão contemplados nessa
funcionalidade em razão da exigência legal de trabalho de pesquisa de
eficiência agronômica desses produtos.
Quem pode utilizar este serviço?
Estabelecimentos Produtores e Importadores de fertilizantes, corretivos de
solos, substrato para plantas e condicionadores de solo.
Possuir o registro de estabelecimento deferido no Sistema SIPEAGRO, na
atividade Produtor ou Importador, nas categorias Fertilizante Mineral,
Fertilizante Orgânico, Corretivo, Substrato para Plantas ou Condicionador
de Solo.
Etapas para a realização deste serviço
Solicitar registro do estabelecimento produtor ou importador
O interessado solicita registro do estabelecimento produtor ou importador
As orientações para o registro estão detalhadas no manual do SIPEAGRO
disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/registro-de-produtos-
e-estabelecimentos/fertilizantes-inoculantes-e-corretivos
Após análise, não havendo pendências, é realizada a vistoria in loco.
Não havendo irregularidades, a solicitação é deferida.
O próprio responsável poderá emitir o certificado de registro do
estabelecimento
DOCUMENTAÇÃO
Documentação em comum para todos os casos
Documentos relacionados no art. 5º da IN nº 53/2013 disponível em
21
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

http://www.agricultura.gov.br/assuntos/insumos-agropecuarios/insumos-
agricolas/fertilizantes/legislacao/in-53-2013-com-as-alteracoes-da-in-6-de-
10-3-16.pdf
Solicitar registro do produto
O responsável técnico do estabelecimento produtor ou importador que teve
o registro do estabelecimento deferido solicita o registro do produto. Ao
enviar, o Responsável Técnico da empresa receberá um e-mail automático
do SIPEAGRO, informando do deferimento. O próprio Responsável Técnico
poderá emitir o certificado de registro do produto.
Fonte: Governo do Brasil. Obter certificado de registro automático de produto
fertilizante, corretivo, condicionador de solo e substrato para plantas. SIPEAGRO –
Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos Agropecuarios. Disponível em:
https://www.gov.br/pt-br/servicos/obter-certificado-de-registro-automatico-de-
produto-fertilizante-corretivo-condicionador-de-solo-e-substrato-para-plantas.
Acesso em: 22 abr. 2021.

Sistema SIPEAGRO, permite e agiliza a obtenção de certificado de


registro automático de produto fertilizante, corretivo, condicionador de solo
e substrato para plantas, ofertado no site do Governo ou do MAPA –
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A base da fiscalização, controle e acompanhamento é do MAPA, bem
como dos procedimentos e processos. No âmbito do Ministério, como
afirmado acima, tem seu encaminhamento pelo sistema SIPEAGRO. Uma
vez reunida a documentação exigida e verificada sua regularidade e não
havendo pendências, passa para a fase da vistoria in loco ou fiscalização
presencial.
A documentação exigida encontra-se listada no art. 5º, da IN nº
53/2013 que indica como sendo:
Art. 5º Para obtenção de registro e de cadastro ou para renovação de
registro ou cadastro devem ser atendidas em função da classificação do
requerente as seguintes exigências quanto à documentação, instalações,
equipamentos, controle de qualidade e assistência técnica:
I - os seguintes documentos atualizados devem ser digitalizados e
anexados ao sistema próprio a ser disponibilizado pelo MAPA, por
intermédio de metodologia eletrônica:
a) para o registro de Estabelecimento Produtor, bem como para o registro
de Estabelecimentos Comercial, Importador e Exportador de produtos a
granel:
1. instrumento social do estabelecimento (primeiro Contrato Social ou ATA
de constituição) e suas alterações contratuais, ou contrato consolidado
registrado no órgão competente, no qual deve constar endereço e
localização, sendo que no Objetivo Social a habilitação para funcionamento
do estabelecimento; e no caso de filiais deve ser apresentada também a
alteração contratual ou ATA com a sua criação;

22
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

2. inscrições federal, estadual e municipal;


3. licença ambiental ou autorização de funcionamento equivalente,
conforme legislação estadual ou municipal;
4. Certificado de Registro de Pessoa Jurídica no Conselho de Classe;
5. Certificado de Anotação de Função Técnica (AFT) ou de Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART);
6. declaração de que todas as exigências legais relativas à identificação
dos produtos embalados ou a granel (informações obrigatórias e
facultativas e as proibições) são atendidas tanto na embalagem ou
rotulagem como na nota fiscal e no material de propaganda;
7. croqui de localização, indicando principais vias de acesso, pontos de
referência e coordenadas geográficas;
8. planta baixa esquemática das instalações de produção, em formato A4,
contendo os locais para armazenagem de matérias-primas devidamente
numerados e com a respectiva capacidade mássica ou volumétrica, o local
para armazenagem dos produtos acabados, o local para varreduras, para
produtos devolvidos, para embalagens, a localização dos equipamentos,
bem como a localização do escritório, do almoxarifado, da unidade de
manutenção, do vestiário, dos banheiros, do refeitório, dentre outros;
9. planta baixa esquemática em formato A4, de cada unidade de processo;
10. quando existirem, os contratos de prestação de serviços de análises
laboratoriais de controle de qualidade, industrialização, armazenagem e
embalagem;
b) para o registro de Estabelecimento Comercial, Importador e Exportador
que adquirem e revendem exclusivamente produtos embalados:
1. instrumento social do estabelecimento (primeiro Contrato Social ou ATA
de constituição) e suas alterações contratuais, ou contrato consolidado
registrado no órgão competente, no qual deve constar endereço e
localização, e no Objetivo Social a habilitação para funcionamento do
estabelecimento; sendo que no caso de filiais deve ser apresentada
inclusive a alteração contratual ou ATA com a sua criação;
2. inscrições federal, estadual e municipal;
3. planta baixa esquemática das instalações em formato A4;
4. croqui de localização, indicando principais vias de acesso, pontos de
referência e coordenadas geográficas;
5. quando existir, o contrato de prestação de serviços de análises
laboratoriais de controle de qualidade e de armazenagem;
6. Certificado de Registro de Pessoa Jurídica no Conselho de Classe,
somente para os Estabelecimentos Importadores de produtos; e
7. Certificado de Anotação de Função Técnica (AFT) ou de Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART), somente para os Estabelecimentos
Importadores de produtos.
c) para o Cadastro de Laboratórios;
1. instrumento social do estabelecimento (primeiro Contrato Social ou ATA
de constituição) e suas alterações contratuais, ou contrato consolidado
registrado no órgão competente;

23
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

2. inscrições federal, estadual e municipal e Certidão de Registro de


pessoa jurídica junto ao conselho de classe;
3. croqui de localização, indicando principais vias de acesso, pontos de
referência e coordenadas geográficas;
4. planta baixa esquemática das instalações em formato A4;
5. certificado de Anotação de Função Técnica (AFT) ou de Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART);
6. comprovação de participação em programa interlaboratorial na área
objeto do cadastro ou a comprovação de que tem implementado um
sistema de qualidade laboratorial;
7. fluxograma operacional contendo descrição de todo o fluxo da amostra
no laboratório, da recepção até a análise, com informações sobre o sistema
de registros, seu monitoramento e arquivamento;
d) para o Cadastro de Prestadores de Serviço de Armazenagem e de
Acondicionamento;
1. instrumento social do estabelecimento (primeiro Contrato Social ou ATA
de constituição) e suas alterações contratuais;
2. inscrições federal, estadual e municipal;
3. licença ambiental expedida pelo órgão competente, no caso de
armazenagem a granel e acondicionamento de produtos;
4. croqui de localização, indicando principais vias de acesso, pontos de
referência e coordenadas geográficas;
5. planta baixa esquemática das instalações em formato A4, contendo a
localização e identificação das áreas de armazenagem e a localização dos
equipamentos de embalagem;
e) para o Cadastro de Fornecedores de Minérios:
1. instrumento social (primeiro contrato Social ou ATA de constituição) e
suas alterações contratuais;
2. inscrições federal, estadual e municipal;
3. portaria(s) de Concessão de Lavra para cada minério abrangido pela
legislação específica que irá fornecer e revender;
4. contrato de fornecimento de minério(s) firmado entre a detentora da
concessão de lavra e o revendedor;
f) para o Cadastro de Geradores de Materiais Secundários:
1. instrumento social (primeiro Contrato Social ou ATA de constituição) e
suas alterações contratuais;
2. inscrições federal, estadual e municipal;
3. descrição do processo de obtenção do material secundário;
4. licença ambiental ou autorização equivalente fornecida pelo órgão
ambiental competente;
5. croqui de localização, indicando principais vias de acesso, pontos de
referência e coordenadas geográficas;
II - as instalações e equipamentos devem ser localizados, projetados,
construídos, adaptados e mantidos de forma que sejam adequados às
operações a serem executadas, conforme a classificação do
estabelecimento quanto à atividade e categoria, atendendo plenamente à
finalidade de uso proposto e garantindo a integridade, segurança e

24
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

conformidade das matérias-primas e produtos acabados, devendo dispor,


além de uma unidade administrativa, de:
a) para os produtores de fertilizantes e biofertilizantes:
1. unidade de armazenamento de matéria-prima;
2. equipamento de movimentação da matéria-prima;
3. equipamento para dosagem de matéria-prima;
4. unidade de beneficiamento e de mistura, de reação e de fermentação;
5. equipamento de granulação;
6. equipamento de pesagem;
7. equipamento de embalagem;
8. unidade de armazenamento de produto acabado;
b) para os produtores de corretivos, de remineralizadores e de substrato
para plantas:
1. unidade de armazenamento de matéria-prima;
2. equipamento de movimentação de matéria-prima;
3. unidade de moagem ou beneficiamento;
4. unidade dosadora e de mistura;
5. unidade de pesagem;
6. unidade de embalagem;
7. unidade de armazenamento de produto acabado;
c) para os produtores de inoculantes:
1. estufa bacteriológica com regulagem de temperatura;
2. câmara de fluxo laminar;
3. sala de fermentação com paredes construídas ou revestidas com
materiais impermeáveis e laváveis, que devem ainda ser lisas, sem frestas
ou rachaduras, fáceis de limpar e desinfetar;
4. caldeira com reaproveitamento do condensado ou autoclave;
5. fermentadores de material inalterável, dotados de fechamento hermético
e filtro para a entrada de ar durante o resfriamento;
6. compressor de ar dotado de filtro para a eliminação de água e óleo;
7. filtros bacteriológicos;
8. sistema de movimentação e de armazenamento adequados para
matéria-prima e produto acabado;
9. sistema de embalagem e pesagem de produto;
10. instalações e equipamentos para o controle de qualidade;
d) para estabelecimentos importador e comercial que adquirem e
comercializam produtos a granel ou importam produtos a granel para
comercialização em embalagens próprias:
1. instalação para armazenagem, com áreas individualizadas para
produtos, de acordo com tipo, registro ou autorização e garantias;
2. equipamento para movimentação de produto;
3. unidade de pesagem de produto;
4. unidade embaladora;
e) para estabelecimentos importador e comercial que adquirem e revendem
produtos embalados: unidade para armazenagem;
f) para os prestadores de serviços de análises laboratoriais:

25
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

1. instalações adequadas para o recebimento, controle e análise das


amostras dos diferentes produtos, de modo a evitar contaminações
cruzadas;
2. equipamentos condizentes com as analises e metodologias propostas;
g) para os prestadores de serviços de armazenagem:
1. instalação para armazenagem de produtos;
2. equipamento de movimentação de produtos;
3. unidade de pesagem;
h) para prestador de serviço de acondicionamento:
1. unidade para armazenagem de produtos;
2. equipamento de movimentação de produtos;
3. equipamento para homogeneização de produtos;
4. unidade de pesagem;
5. unidade embaladora;
III - controle de qualidade:
1. os estabelecimentos produtor, importador, exportador, bem como o
estabelecimento comercial de produtos a granel, são responsáveis pela
qualidade dos produtos por ele fabricados, importados, exportados e
comercializados, e os estabelecimentos na condição de comerciantes de
produtos embalados, são responsáveis pela correta armazenagem,
proteção e guarda destes, enquanto detentores dos mesmos, de modo que
seja garantida a adequabilidade dos produtos aos fins a que se destinam,
sendo cumpridos os requisitos estabelecidos pela legislação de regência;
2. a descrição do controle de qualidade deve contemplar:
2.1. procedimentos padronizados e instruções de trabalho para todas as
etapas da produção com identificação dos respectivos responsáveis;
2.2. programas de manutenção preventiva para instalações e equipamentos
e de calibração periódica de equipamentos;
2.3. procedimentos para detecção de não conformidades em produtos e
processos, com investigação de causas, avaliação, registro e adoção de
medidas para prevenir sua repetição;
2.4. Plano de amostragem para análise de qualidade de matérias-primas e
produtos acabados, cuja elaboração deve levar em consideração as
diretrizes estabelecidas nas normas NBR 5426 e NBR 5427 ou sistema
similar aprovado pelo MAPA;
2.5. Sistema de documentação e registros das intervenções realizadas em
relação a todos os requisitos do controle de qualidade; e
2.6. Programa de rastreabilidade e critérios e procedimentos para o
recolhimento de produtos não conformes ou de formas de compensação ao
consumidor, observado o disposto nos §§ 3º e 5º deste artigo.
IV - para fins de registro e fiscalização será exigida assistência técnica
permanente de profissional habilitado, com a consequente
responsabilidade funcional, quando se tratar de atividade de produção e
importação, bem como quando se tratar de atividade de comercialização de
produtos a granel.
§ 1º As exigências previstas nos incisos I, II e III deste artigo poderão ser
ampliadas ou suprimidas em função da(s) especificidade(s) da(s)

26
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

atividade(s) a ser(em) desenvolvida(s) pelo requerente do registro ou


cadastro junto ao MAPA, desde que tecnicamente justificada pela
fiscalização.
§ 2º As informações previstas nos incisos II e III do caput farão parte do
memorial descritivo relativo às instalações, equipamento e de controle de
qualidade.
§ 3º A empresa deve manter no estabelecimento, pelo prazo de cinco anos,
os registros e documentos referentes aos procedimentos citados no inciso
III deste artigo, arquivados de forma organizada e de fácil acesso,
impressos ou em meio digital.
§ 4º Os prestadores de serviço de análises laboratoriais, terão prazo de
doze meses contados da publicação desta Instrução Normativa para
atender o disposto no item 6, alínea “c”, inciso I deste artigo.
§ 5º O recolhimento de produto não conforme, de que trata o art. 46 do
anexo do Decreto nº 4.954, de 2004, deve ser feito obrigatoriamente:
I - quando se tratar de produto contaminado, esteja ele no comércio ou em
poder do consumidor ou agricultor;
II - quando o produto apresentar deficiência das garantias registradas ou
declaradas, nos seguintes casos:
a) estiver no comércio e não for possível a sua reetiquetagem para
adequação às garantias reais;
b) for uma exigência do consumidor ou agricultor adquirente e detentor do
produto, quando não houver acordo deste com o vendedor do insumo sobre
formas de compensação para suprir a deficiência apresentada pelo
produto.
§ 6º Observado o disposto no § 5º deste artigo, fica estabelecido o prazo
de até dez dias, após sua efetivação pelo estabelecimento, para a
comunicação ao MAPA do recolhimento de produto de que trata o inciso II
do Art. 75 do Anexo do Decreto nº 4.954, de 2004.
§ 7º Fica também obrigada a se cadastrar no MAPA, como gerador de
material secundário, a pessoa física ou jurídica que vier revender estes
materiais gerados por terceiros, para uso direto na agricultura ou como
matéria-prima para a fabricação de produtos, cuja comercialização deve
observar o disposto no art. 16 do Anexo do Decreto nº 4.954, de 2004.

Após a vistoria in loco e deferida a solicitação, o próprio Responsável


Técnico poderá emitir o certificado de registro do produto.
A IN nº 53/2013, por sua vez tem por fundamento a Lei nº 6.894, de
16 de dezembro de 1980 e respectivas normas regulamentadoras.
Sendo que o rol normativo sobre fertilizante pode ser visto na
seguinte relação:
Confira abaixo as legislações sobre fertilizantes, inoculantes e corretivos
disponíveis no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Lei nº 6.894, de 16/12/1980, alterada pela Lei 12.890/2013

27
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Dispõe sobre a inspeção e a fiscalização da produção e do comércio de


fertilizantes, corretivos, inoculantes, biofertilizantes, remineralizadores e
substratos para plantas, destinados à agricultura, e dá outras providências.
Decreto nº 4.954, de 14/01/2004, com alterações do Decreto nº 8.384/2014
Aprova o Regulamento da Lei no 6.894, de 16 de dezembro de 1980, que
dispõe sobre a inspeção e fiscalização da produção e do comércio de
fertilizantes, corretivos, inoculantes, ou biofertilizantes, remineralizadores e
substratos para plantas destinados à agricultura.
Instrução Normativa nº 53, de 23/10/2013, com as alterações da IN nº 3 de
15/01/2020
Estabelece as disposições e critérios para as definições, a classificação, o
registro e renovação de registro de estabelecimento, o registro de produto,
a autorização de comercialização e uso de materiais secundários, o
cadastro e renovação de cadastro de prestadores de serviços de
armazenamento, de acondicionamento, de análises laboratoriais, de
empresas geradoras de materiais secundários e de fornecedores de
minérios, a embalagem, rotulagem e propaganda de produtos, as
alterações ou os cancelamentos de registro de estabelecimento, produto e
cadastro e os procedimentos a serem adotados na inspeção e fiscalização
da produção, importação, exportação e comércio de fertilizantes,
corretivos, inoculantes, biofertilizantes, remineralizadores, substrato para
plantas e materiais secundários; o credenciamento de instituições privadas
de pesquisa; e os requisitos mínimos para avaliação da viabilidade e
eficiência agronômica e elaboração do relatório técnico-científico para fins
de registro de fertilizante, corretivo, biofertilizante, remineralizador e
substrato para plantas na condição de produto novo.
Instrução Normativa nº 39, de 08/08/2018
Estabelece as regras sobre definições, exigências, especificações,
garantias, registro de produto, autorizações, embalagem, rotulagem,
documentos fiscais, propaganda e tolerâncias dos fertilizantes minerais
destinados à agricultura.
Instrução Normativa nº 5, de 10/03/2016
Estabelece as regras sobre definições, classificação, especificações e
garantias, tolerâncias, registro, embalagem, rotulagem e propaganda dos
remineralizadores e substratos para plantas, destinados à agricultura.
Instrução Normativa nº 37, de 13/10/2017
Aprova os métodos oficiais para realização de ensaios em amostras
oriundas do controle oficial de fertilizantes e corretivos, constantes do
Manual de Métodos Analíticos Oficiais para Fertilizantes e Corretivos
indexado ao International Standard Book Number (ISBN) sob o número
978-85-7991-109-5.
Instrução Normativa nº 13, de 24/03/2011
Aprova as normas sobre especificações, garantias, registro, embalagem e
rotulagem dos inoculantes destinados à agricultura, bem como as relações
dos micro-organismos autorizados e recomendados para produção de
inoculantes no Brasil.
Instrução Normativa nº 30, de 12/11/2010

28
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Estabelece os métodos oficiais para análise de inoculantes, sua contagem,


identificação e análise de pureza.
Instrução Normativa nº 61, de 08/07/2020
Estabelece as regras sobre definições, exigências, especificações,
garantias, tolerâncias, registro, embalagem e rotulagem dos fertilizantes
orgânicos e dos biofertilizantes, destinados à agricultura.
Instrução Normativa nº 35, de 04/07/2006
Aprova as normas sobre especificações e garantias, tolerâncias, registro,
embalagem e rotulagem dos corretivos de acidez, de alcalinidade e de
sodicidade e dos condicionadores de solo, destinados à agricultura.
Instrução Normativa nº 27, de 05/06/2006, alterada pela IN SDA 07 de
12/04/2016
Estabelece os limites de concentrações máximas admitidas para agentes
fitotóxicos, patogênicos ao homem, animais e plantas, metais pesados
tóxicos, pragas e ervas daninhas para produzir, importar ou comercializar
fertilizantes, corretivos, inoculantes e biofertilizantes.
Instrução Normativa nº 51, de 04/11/2011
Estabelece critérios regulamentares e os procedimentos de fiscalização,
inspeção, controle de qualidade e sistemas de análise de risco, fixados
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para
importação de animais, vegetais, seus produtos, derivados e partes,
subprodutos, resíduos de valor econômico e dos insumos agropecuários.
Instrução Normativa nº 14, de 16/10/2003
Estabelece as normas para registro no Sistema Integrado de Comércio
Exterior - SISCOMEX para as importações de fertilizantes, corretivos,
inoculantes e biofertilizantes, e suas respectivas matérias-primas.
Instrução Normativa nº 08, de 02/07/2003
Dispensa de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento - MAPA os fertilizantes, corretivos e inoculantes importados
diretamente pelo consumidor final, para seu uso próprio.
Instrução Normativa nº 28, de 25/09/2009
Estabelece os métodos analíticos oficiais para determinação dos agentes
patogênicos a plantas em substratos, descritos no Anexo IV da Instrução
Normativa SDA nº 27, de 5 de junho de 2006.
Instrução Normativa nº 31, de 23/10/2008
Altera os subitens 3.1.2, 4.1 e 4.1.2, do Anexo à Instrução Normativa SDA
nº 17, de 21 de maio de 2007.
Instrução Normativa nº 17, de 21/05/2007
Aprova os Métodos Analíticos Oficiais para Análise de Substratos e
Condicionadores de Solos.
Instrução Normativa nº 24, de 20/06/2007
Reconhece os métodos analíticos para determinação de metais pesados
tóxicos em fertilizantes, corretivos agrícolas, condicionadores de solo e
substratos para plantas.

29
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

O rol normativo acima tem por finalidade permitir uma orientação e


visualização das normativas sobre a temática em estudo, para posterior
aprofundamento.
O conceito de fertilizante orgânico tem sua definição legal como
sendo “ produto de natureza fundamentalmente orgânica, obtido por
processo físico, químico, físico-químico ou bioquímico, natural ou
controlado, a partir de matérias-primas de origem industrial, urbana ou
rural, vegetal ou animal, enriquecido ou não de nutrientes minerais ” (cf. Art.
2º, inciso III, letra “b”, do Anexo ao Decreto nº 4.954, de 14 de janeiro de
2004, que Regulamenta a Lei nº 6.894, de 16 de dezembro de 1980).
De igual modo, é preciso salientar que existem tipos de fertilizantes
orgânicos, entre eles destacam-se:
i) fertilizantes orgânicos simples – são aqueles obtidos a partir de
matéria natural vegetal ou animal. E contém um ou mais nutrientes, e são
exemplos os restos de folhas, esterco;
ii) fertilizantes orgânicos do tipo misto – obtidos por matéria orgânica,
mas, feitos a partir da mistura de dois ou mais fertilizantes orgânicos
simples;
iii) fertilizantes orgânicos do tipo composto – produzidos por
processos físicos, químicos, físico-químico ou bioquímicos, naturais ou
controlados. Em regra, tem por base a matéria-prima de origem industrial,
urbana ou rural, animal ou vegetal, isoladas ou misturadas. Podendo ser
enriquecidos de nutrientes minerais, princípios ativos ou agentes capazes
de transformar as características físicas, químicas ou biológicas do
fertilizante;
iv) fertilizantes organominarais – como o nome indica é o resultante
da mistura física ou combinação de fertilizantes orgânicos e minerais;
v) fertilizantes de lodo de esgoto – são ditos como fertilizantes
orgânicos compostos, elaborados a partir de tratamento de esgotos
sanitários e resultam de produtos seguros para a agricultura orgânica;
vi) fertilizantes orgânicos de vermicomposto – são aqueles
resultantes da digestão da matéria orgânica, como restos vegetais, estercos
e outros resíduos orgânicos consumidos por minhocas;

30
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

vii) fertilizantes orgânicos de lixo – resultam da utilização de resíduos


sólidos domiciliares na compostagem, podendo gerar produtos seguro na
agricultura, observando os limites de contaminantes.
O uso de fertilizante orgânico, em sua tipologia, contribui e apresenta
vantagens ao meio ambiente e aos recursos naturais, sobretudo, em razão
da diversidade que pode oferecer e propiciar em sua aplicação, diverso ou
diferente dos fertilizantes inorgânicos que são padronizados em suas
substâncias.
Ainda, nas áreas de competência da Engenharia Química, destaca-
se que na as orientações na publicação para “ Engenharia Química - Os
Profissionais e as suas Atribuições ”, em especial no demonstrativo do
“Quadro 5 - principais áreas de atuação dos engenheiros da modalidade
química e os respectivos empreendimentos relacionados à modalidade ” que
registra os seguintes pontos:
[...]
p) Fabricação de outros produtos químicos
- Indústria de fabricação de produtos químicos para agricultura, incluindo
adubos, fertilizantes e agrotóxicos;
- Indústrias agroquímicas: fabricação de pesticidas, nutrientes, inseticidas,
fungicidas, herbicidas, etc.; [...].
Fonte: Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – CONFEA. Engenharia
Química - Os Profissionais e as suas Atribuições . Disponível em:
https://www.confea.org.br/sites/default/files/uploads/cartilha_eng_quim_PDFsite_co
mpact.pdf. Acesso em: 10 jun. 2021.

Tem-se nas orientações do CONFEA a atribuição do profissional de


Engenharia Química no fabril de produtos químicos para agricultura, o que
inclui adubos, fertilizantes e agrotóxicos. E na agroquímica, destaca-se os
nutrientes.
Dentro da concepção da indústria, opera-se o processamento de
fertilizante que é o conjunto das etapas de transformação do recebimento
da matéria-prima até a finalização do produto em sua embalagem para o
transporte e consumo.
Todavia, se não houver um controle de qualidade, um
acompanhamento no processamento ou processo de fabricação e a análise
do fertilizante orgânico, este acarretar desvantagens, sobretudo, com a
presença de agentes patogênicos. Razão de se ter, não só o registro do
produto, mas, também sua certificação e rastreabilidade. Com isto, o
profissional de Engenharia Química se faz necessário, como Responsável

31
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Técnico de modo a garantir o processo de produção e o produto final, que


não venha a representar um risco ou perigo a saúde humana ou do meio
ambiente.
Assim, a Engenharia Química, por atuação de seus profissionais
atuam no processamento de fertilizante orgânico, seja na identificação, pelo
cumprimento do conceito legal de fertilizante orgânico como “ produto de
natureza fundamentalmente orgânica, obtido por processo físico, químico,
físico-químico ou bioquímico, natural ou controlado, a partir de matérias-
primas de origem industrial, urbana ou rural, vegetal ou animal, enriquecido
ou não de nutrientes minerais ” (cf. Art. 2º, inciso III, letra “b”, do Anexo ao
Decreto nº 4.954, de 14 de janeiro de 2004, que Regulamenta a Lei nº
6.894, de 16 de dezembro de 1980), que relevante no controle do processo
de produção, do produto, de seu registro e da certificação por profissionais
habilitados e com Responsabilidade Técnica, não só para garantir o tipo de
fertilizante, mas, também para o mesmo seja colocado no mercado como
produto sem risco para saúde humano ou ao meio ambiente.
Visto o conceito de fertilizante orgânico, passa a descrever o
problema de pesquisa que é a inobservação das normativas para
certificação de produtos.

3 Inobservação das Normativas para Certificação de Produtos


Em se tratando de processamento de fertilizante orgânico, destaca-
se que ao profissional de Química, incumbe a atribuição de ser o
Responsável Técnico pelo produto até a sua utilização final pelo
consumidor. Desta forma, a certificação de produtos, integra a concepção
de controle de qualidade, seja no recebimento da matéria-prima, no
processo de fabricação, na estocagem, no transporte e na destinação final
para o consumidor. O controle de qualidade neste percurso garante o
padrão de qualidade e ao mesmo tempo identifica falhas de produção ou
qualquer outro elemento contaminante ou comprometedor do produto. Para
tanto, a inobservação das normativas para certificação de produtos
fertilizantes orgânicos leva ao cancelamento ou suspensão da certificação,
além de implicações jurídicas e indenizatórias, por uso inadequado e o
engano ao consumidor.
A questão da inobservância das normativas para a certificação de
produtos, conduz ao problema de pesquisa que foi estabelecida a partir da
32
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

seguinte indagação: O que é necessário e indispensável ao profissional de


Engenharia Química no processamento de fertilizante orgânico, para ter, no
mercado, um produto “verdadeiramente” orgânico?
A questão se volta para as habilidades e competências do
profissional de Engenharia Química, sobretudo, quando se identifica a
inobservância das normativas, sejam elas de conhecimento, técnicas,
éticas, legais, internacionais e outras. No caso em análise, a problemática
da inobservância das normativas para a certificação do processamento de
fertilizante orgânico e sua colocação no mercado consumidor com o devido
atestado, selo ou confirmação de origem, procedência e, sobretudo, a
certificação do controle de qualidade do produto orgânico. Atestando ser
ele, com processamento e tendo em seu conteúdo, tão somente, o descrito
e prometido no rótulo, ou seja, livre de patologias e outras impurezas
indesejadas.
Razão que precisa reunir as habilidades e competências, observando
a estrita normativa técnica, para atender os quesitos necessários e
indispensável no processamento de fertilizante orgânico.
Veja como a indústria se apresenta no mercado, com seus produtos
orgânicos:
Fertilizante Orgânico Classe A
Aprovado pela Ecocert
Resultante do processo, com rígido controle de qualidade, de
compostagem aeróbica da matéria orgânica (materiais de origem animal ou
vegetal constituídas por substâncias contendo carbono na sua estrutura
molecular). Esta decomposição ocorre pela ação de micro-organismos e
enzimas, resultando na produção de ácidos húmicos, indispensáveis no
solo para que as plantas consigam absorver os nutrientes.
O composto orgânico oferece altos teores nutricionais para as culturas em
geral, melhorando as condições físicas e químicas do solo, livre de
contaminantes como metais pesados e elementos microbiológicos,
podendo ser usado na agroecologia em geral desde que respeitadas as
dosagens que cada cultura exige.
Como é desenvolvido?
O Composto Orgânico ou Condicionador de Solo da Adubare está aprovado
pela Empresa Ecocert Brasil por ser um produto com controle de qualidade
superior, atendendo os parâmetros exigidos pela certificadora.
É produzido com materiais orgânicos humificados, o que concentra macros
e micros nutrientes essenciais à vida vegetal. O Composto Orgânico Classe
A proporciona, além de adubação, uma nova textura aos solos permitindo
um excelente enraizamento com maior aproveitamento das regas e dos
nutrientes.

33
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Quando usar?
Você pode usar o Composto Orgânico Adubare para aumentar a fertilidade
do seu solo de acordo com recomendação técnica ou segundo o seu
hábito. Lembre-se: matéria orgânica nunca é demais para o solo e é
indispensável para uma boa produção.
Aprovado pela ECOCERT Insumos
O registro RS 12379 10010-3: possui resíduos de agroindústria, serragem
de madeira e resíduos de criação e abate de animais de acordo com as
exigências fitossanitárias ou sanitárias estabelecidas pelo Serviço de
Defesa Agropecuária - SEDESA/DT e órgão ambiental. Produto não
conforme segundo os regulamentos orgânicos internacionais Europa, USA
e Japão, logo não poderão ser utilizados em lavouras com certificação
orgânica sob tais regulamentos.
O registro RS 12379 10012-0: possui em sua composição resíduos de
agroindústria (precisamente torta de filtro, engaço de uva), fosfato natural e
aparas de fumo. Produto em conformidade com os regulamentos orgânico
nacional (Lei 10.831/03) e internacional (Europa, USA e Japão).
Fonte: Adubare. Fertilizante Orgânico Classe A. Disponível em:
http://www.adubare.com.br/produtos_fert_organico_certificado.html. Acesso em: 2
maio 2021.

O texto remete a observância rigorosa à Lei nº 10.831/03, que por


sua vez remete ao regulamento pelo Decreto nº 6.323, de 27 de dezembro
de 2007, que por sua vez estabelece os critérios de certificação da
produção orgânica, o que implica no uso de insumos de mesma origem.
A inobservância das normativas tem suas implicações no
desenquadramento ou no não enquadramento como produto orgânico. O
que se projeta na produção dos insumos, no caso, de fertilizante orgânico,
sob responsabilidade técnica de um profissional da química.
Reafirmando que o problema da inobservância normativa como
problema do profissional de Engenharia Química no processamento de
fertilizante orgânico conduz ao impedimento de se ter ou colocar no
mercado um produto orgânico, por falta de requisitos legais ou de controle
de qualidade certificada.
Assim, a inobservação das normativas para certificação de produtos,
pelos profissionais de Engenharia Química no processamento de fertilizante
orgânico acarreta o impedimento e a certificação do produto posto no
mercado consumidor com o selo de produto “verdadeiramente” orgânico.
Da descrição da questão problema passa a indicar e discutir as
hipóteses e a provável solução com observação das normativas para

34
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

certificação de produtos, cujo responsável técnico deva ater de forma


rigorosa.

4 Observação das Normativas para Certificação de Produtos


No mercado consumidor a competitividade a busca por produtos
diferenciado e com certificação de origem, processo, rastreabilidade e
rigoroso controle de qualidade, impõem aos Responsáveis Técnicos pelo
controle e qualidade dos insumos, da matéria-prima, do processo de
elaboração, embalagem, estocagem e logística. Também precisa o rigor na
observação das normativas para obtenção da certificação de produtos, no
caso, de fertilizantes orgânicos. Sendo que a certificação agrega valor ao
produto e ao mesmo tempo garante o controle de qualidade em decorrência
de um zelo, procedimentos e protocolos no processo produtivo até o
produto final junto ao consumidor.
Para tanto, nota-se que a questão investigada ou o problema de
pesquisa foca na seguinte questão: O que é necessário e indispensável ao
profissional de Engenharia Química no processamento de fertilizante
orgânico, para ter, no mercado, um produto “verdadeiramente” orgânico?
Estabelecendo no questionamento o que é necessário e
indispensável ao profissional de Engenharia Química para, no exercício da
atividade, como Responsável Técnico, posso no processamento de
fertilizante orgânico, considerando deste o acompanhamento dos insumos
ou matéria-prima, a fase de processo ou de produção, no qual busca a
melhor técnica, a observância dos protocolos e acompanhamento da
produção até a transformação no produto final, apto para o
encaminhamento ao mercado consumidor, trajeto logístico este, que
também recebe atenção e acompanhamento, além de orientar o consumidor
na forma adequada do armazenamento do produto, sua conservação e
utilização ou empregabilidade na destinação final.
Na resolução ou resposta ao problema estabeleceu-se, de início, três
hipóteses que passa a ser discutida.
Na primeira hipótese tem se que “ o necessário e indispensável é a
experiência profissional e os estágios ou práticas desenvolvidas para se
alcançar um produto “verdadeiramente” orgânico ”.

35
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

De uma forma perfunctória, deve-se considerar a experiência


profissional e os estágios ou práticas, todavia, a formação teórica e a
vontade de fazer é que são imperativos necessários ao se ter uma
experiência, estágio e práticas de sucesso. Porém, no campo dos produtos
orgânicos ou dos fertilizantes orgânicos, o necessário e indispensável é a
observância rigorosa das normativas que regem a experiência e as práticas
do profissional. Diante da inobservância normativa, não se realiza o
processo ou mesmo não se alcança o produto orgânico. Mesmo com a
experiência profissional, com estágios realizados não se obtém a
certificação do produto. Logo, a experiência, o estágio e a vivência não
responde ao problema ou não garante o alcance de um produto orgânico. O
que se refuta está hipótese.
Na segunda hipótese tem-se a resposta como sendo: “ direciona para
a questão do rótulo do produto, bastando colocar, em destaque, que o
produto é orgânico ”.
A rotulação ou rótulo do produto para o mercado consumidor e para
a identificação do produto é necessário e indispensável.
Todavia, o rótulo ou a rotulagem que não tenha correspondência com
o produto, se apresenta como crime de fraude, falsificação ideológica e
outras tipificações que levam ao engano e prejuízo ao consumidor, diante
de um produto que possui uma embalagem e rótulo com conteúdo distinto
ao que se propaga ou diz.
A Instrução Normativa nº 61, de 8 de julho de 2020, do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, estabelece “ as regras sobre
definições, exigências, especificações, garantias, tolerâncias, registro,
embalagem e rotulagem dos fertilizantes orgânicos e dos biofertilizantes,
destinados à agricultura ”. No entanto, reafirma que a rotulagem tem que
corresponder ao produto e ao conteúdo da embalagem.
Havendo divergência, entre o escrito no rotulo do produto e o produto
embalado, em especial, para fins de lucro ou levar ao erro o consumidor
está se praticando crime nas relações de consumo. Também, fere o dever
de informar e o direito à informação, previsto no Código de Defesa do
Consumidor.
Logo, a colocação do rótulo sobre o produto, não é uma garantia de
ser um produto orgânico. Salvo se entender todo processo de rotulação e
certificação, observando as normativas, procedimentos de
36
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

acompanhamento etc. Caso contrário, a hipótese se apresenta genérica e


não responde ao problema, o que leva a sua refutação.
Na terceira hipótese tem-se a indicação que: “ são necessários e
indispensáveis ao profissional, da Engenharia Química, o domínio e
conhecimento pleno da legislação, de seguir os passos, procedimentos e
burocracia exigida pelos órgãos fiscalizadores, entre eles o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, para que se possa usar, de
forma correta, a certificação de processamento de fertilizante orgânico,
posto no mercado consumidor, de modo a ser um produto
“verdadeiramente” orgânico ”.
Esta hipótese, indica que são necessários e indispensáveis, ao
profissional, os seguintes pontos:
a) domínio e conhecimento pleno da legislação;
b) a documentação que são os passos;
c) os procedimentos e burocracia, dos órgãos competentes;
d) o processamento e a produção dentro dos parâmetros de
qualidade previsto nas normativas;
e) observância do cumprimento das diretrizes normativas no
processamento, na embalagem, transporte e comercializar de produtos
orgânicos, no caso fertilizante orgânico.
Com isto, tem-se um produto “verdadeiramente” orgânico, no caso de
fertilizante orgânico.
Esta hipótese, atende a questão do problema de investigação e
indica de forma expressa o que é necessário e indispensável para o
processamento de fertilizante orgânico, em especial, a obtenção de
certificação do produto para colocação no mercado consumidor.
Assim, os quesitos necessários e indispensáveis aos profissionais de
Engenharia Química para o processamento, seja o processo ou produto
final, para ser considerado como “verdadeiramente” orgânico, como é o
caso dos fertilizantes orgânicos, perpassa pelo conhecimento e domínio
pleno das normativas e sua efetiva aplicação no processamento e
finalização do produto, garantindo a observação do rigor normativo exigido
pelos órgãos fiscalizadores, entre eles o Ministério da Agricultura, Pecuária

37
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

e Abastecimento – MAPA. Com a observação efetiva das normativas, pelos


profissionais e indústria, garante-se a certificação de produtos orgânicos.
Da observação das normativas para certificação de produtos
orgânicos, como é o caso de fertilizantes orgânicos, passa a descrever a
metodologia da pesquisa a seguir.

5 Metodologia
A metodologia compreende a ferramenta ou instrumental que permite
e qualifica o trabalho como ciência, distinguindo de texto livre, redação ou
de literatura. A metodologia compreende no encaminhamento e
norteamento do passo a passo para resolver um problema de forma
consciente e controlado.
Na conceituação tem-se que a metodologia, segundo William Costa
Rodrigues, é:
Conceitos e Definições
• Metodologia Científica:
– É um conjunto de abordagens, técnicas e processos utilizados pela
ciência para formular e resolver problemas de aquisição objetiva do
conhecimento, de uma maneira sistemática.
Fonte: William Costa Rodrigues. Metodologia Científica. FAETEC/IST. Paracambi.
2007. Disponível em:
http://pesquisaemeducacaoufrgs.pbworks.com/w/file/fetch/64878127/Willian
%20Costa%20Rodrigues_metodologia_cientifica.pdf. Acesso em: 17 maio 2021.

Observa-se que a metodologia é consiste em técnicas e processos


utilizados pela ciência para formular e resolver problemas. Como ciência, a
metodologia, assegura sua sistematização, o que garante qualidade e
controle dentro de uma lógica direcionada e de previsibilidade.
Neste sentido, a metodologia foi a pesquisa bibliográfica e
documental.
A pesquisa bibliográfica, nas preleções de Maria Cristiane Barbosa
Galvão, na obra “ O levantamento bibliográfico e a pesquisa científica ”,
explicita que:
Pode-se afirmar, então, que realizar um levantamento bibliográfico é se
potencializar intelectualmente com o conhecimento coletivo, para se ir
além. É munir-se com condições cognitivas melhores, a fim de: evitar a
duplicação de pesquisas, ou quando for de interesse, reaproveitar e
replicar pesquisas em diferentes escalas e contextos; observar possíveis
falhas nos estudos realizados; conhecer os recursos necessários para a
38
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

construção de um estudo com características específicas; desenvolver


estudos que cubram lacunas na literatura trazendo real contribuição para a
área de conhecimento; propor temas, problemas, hipóteses e metodologias
inovadores de pesquisa; otimizar recursos disponíveis em prol da
sociedade, do campo científico, das instituições e dos governos que
subsidiam a ciência.
Logo, a pesquisa científica inovadora, diferenciada do que foi até então
produzido, requer prévio levantamento bibliográfico de qualidade.
Qualidade que pode ser alcançada graças a um grande esforço coletivo e
ao conhecimento de metodologias adequadas de busca por informação
relevante.
Fonte: Maria Cristiane Barbosa Galvão. O levantamento bibliográfico e a pesquisa
científica. Disponível em:
http://www2.eerp.usp.br/nepien/disponibilizararquivos/levantamento_bibliografico_cr
istianegalv.pdf. Acesso em: 17 maio 2021.

A autora afirma que o levantamento ou pesquisa bibliográfica


potencializa o conhecimento e, pode-se afirmar que é a base para qualquer
pesquisa, pois, conduz ao estado da arte ou o estado atual do
conhecimento sobre determinada matéria ou conteúdo.
Na pesquisa documental tem-se a seguinte explicação conceitual:
O que é Pesquisa documental:
A pesquisa documental é um tipo de pesquisa que utiliza fontes primárias,
isto é, dados e informações que ainda não foram tratados científica ou
analiticamente. A pesquisa documental tem objetivos específicos e pode
ser um rico complemento à pesquisa bibliográfica.
Os documentos analisados podem ser atuais ou antigos, e podem ser
usados para contextualização histórica, cultural, social e econômica de um
lugar ou grupo de pessoas, em determinado momento da história. Por essa
razão, é um tipo de pesquisa bastante utilizado nas ciências sociais e
humanas.
A pesquisa documental permite fazer análises qualitativas sobre
determinado fenômeno, mas também é possível fazer análises
quantitativas, quando se analisam bancos de dados com informações
numéricas, por exemplo.
Fonte: Significados. Significado de Pesquisa documental . Disponível em:
https://www.significados.com.br/pesquisa-documental/. Acesso em: 18 maio 2021.

A pesquisa documental tem como aporte investigativo conhecer e


obter dados e informações de fonte primária que não recebeu tratamento
científico ou analítico.
Desta feita, a investigação foi pautada nos pressupostos da pesquisa
bibliográfica e documental. Com esta definição passou a construir a
pesquisa em seu passo a passo.

39
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Para iniciar a investigação, com a definição da metodologia da


pesquisa bibliográfica e documental. No entanto, o primeiro passo foi a
definição de uma temática compositiva do objeto de estudo. Neste sentido,
a ideia voltou-se para fertilizante.
A ideia de fertilizante é aberta e abrangente. O que impôs um corte,
ou seja, passa a focar uma espécie de fertilizante, no caso, o “fertilizante
orgânico”. Ainda, a proposta, estava aberta e ao mesmo tempo, precisaria
incluir a seara de estudo ou campo de saber. No caso, incluir a “Engenharia
Química”, o que permitiu sinalizar para o processamento de fertilizante
orgânico. Com isto o objeto de estudo estava pré-definido.
O próximo passo, seria estabelecer o problema e a solução, no
âmbito do subtítulo.
A problemática se voltou para a inobservação das normativas para
certificação de produtos, no caso, fertilizantes orgânicos. A solução, pela
técnica do “ter ou não-ter”, indicava a exigência ou a observância das
normativas para certificação do produto.
Proposta formulada e idealizada, precisaria seguir para etapa da
viabilidade da pesquisa, ou seja, iniciar a formação de banco de dados, de
modo a alcançar um mínimo de referências possíveis para a execução e
obtenção de uma solução satisfatória ao problema posto.
Na investigação bibliográfica, de início, optou-se pelos seguintes
bancos de dados oficiais e sites que são: Google Acadêmico, Periódicos
Capes, SciELO Livros, SciELO Artigos, Domínio Público e bibliotecas
digitais.
Acessando o Google Acadêmico, utilizando-se das palavras-chave
contida na proposta resultou em 40.100 ocorrências em 0,08s. Como se
observa, na figura abaixo:

40
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

No Portal Periódicos Capes, ainda fazendo consulta livre, obteve-se


um resultado de 726 ocorrências. Conforme se registra na imagem abaixo:

41
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

No SciELO Livros, não obteve resultados significativos. Já o material


do SciELO Artigos, os mais significativos foram captados do Google
Acadêmico.
No site do Domínio Público encontrou-se material significativo e em
quantidade, forma encontrados 85 itens, o que sinaliza para afirmar da
viabilidade da pesquisa, como se comprova pela imagem abaixo:

As bibliotecas digitais, também foram consultadas, obtendo-se


resultados positivos.
No tocante a pesquisa documental o site de legislação e do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, encontrou-se
material suficiente, para viabilizar a pesquisa. Ao utilizar o buscador no site
do MAPA, que foi direcionado ao “gov.br” com a expressão “fertilizante
orgânico”, resultou em 3687 ocorrência, conforme se verifica na imagem
abaixo:

42
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

No entanto, utilizando-se filtro ou aspa para reduzir e focar a


pesquisa o resultado ainda foi significativo, ou seja, obteve-se 318
ocorrências, conforme se demonstra abaixo:

Entre os documentos, destaca as normativas, sendo que Instrução


Normativa nº 61, de 8 de julho de 2020, na qual estabelece as regras sobre
definições, exigências, especificações, garantias, tolerâncias, registro,
embalagem e rotulagem dos fertilizantes orgânicos e dos biofertilizantes,
destinados à agricultura .

43
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Na pesquisa documental, permitiu conhecer as normativas, e por


consequência, os procedimentos de registro junto ao MAPA, bem como
estabelecer a certificação de processamento de fertilizante orgânico.
Confirmado a viabilidade da pesquisa em quantitativo de material,
passou-se para formar um banco de dados específico, no qual estabeleceu
uma meta e pré-seleção dos materiais encontrados, definindo pela leitura
do título e da ementa. Deste material, foram selecionados e fichados um rol
de vinte textos. Que por sua vez, passou por uma leitura objetivada, não só
para conhecer, mas, para extrair e fazer o fichamento necessário para
obtenção do conhecimento.
Vencido esta etapa, passou para seguinte que é a compreensão,
organização e escrita do trabalho científico. Para tanto, utilizou-se da
técnica de construção de texto por parágrafo.
O início operou-se pelo título e subtítulo. No título tem-se a descrição
do objeto de estudo. E no subtítulo a solução do problema.
Confirmado o título e subtítulo, por meio da pesquisa, elaborou-se o
resumo, conforme ABNT NBR 6028, que se destaca ou evidencia cinco
informações: i) contexto – indicando o título e subtítulo; ii) objetivo – verbo
no infinitivo; iii) metodologia – descreveu como elaborou o banco de dados;
iv) os resultados – encontrados no banco de dados; e v) as conclusões –
que se pode inferir dos resultados obtidos.
Seguindo para a elaboração da introdução com observância e
parâmetro em doze parágrafos. E procedendo-se de igual modo aos demais
tópicos até o final, sempre observando as orientações e o balizamento
estabelecido na etapa anterior.
Com isto, permitiu encontrar, no banco de dados pesquisado, a
solução ao problema de pesquisa, bem como,
Assim, a metodologia da investigação foi a pesquisa bibliográfica e
documental, que assegurou a constituição de um banco de dados que
subsidiou a compreensão dos conceitos e a dinâmica da busca pela
resolução do problema proposto. A pesquisa bibliográfica permitiu
consolidar os conceitos fundamentais e necessários. Enquanto que a
pesquisa documental permitiu o conhecimento das normativas e
procedimentos de registro e a certificação de processamento de fertilizante

44
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

orgânico, junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento –


MAPA.
Da visão da metodologia passa a discorrer sobre os principais
resultados encontrados nos bancos de dados.

6 Resultados
Os resultados, como o próprio nome indica, consiste na somatória
dos dados obtidos durante a pesquisa. Nota-se que estes podem
apresentar de forma distinta, observando o tipo de pesquisa. Para pesquisa
de campo ou levantamento de informações, os resultados podem ser
apresentados de maneira quantitativa ou qualitativa. Será quantitativa com
a indicação de dados números que se expressa na amostra o percentual
significativo de um determinado dado. Enquanto que a pesquisa qualitativa
os resultados se revestem nos pontos relevantes e emblemáticos que
contribuíram para a formação e compreensão da pesquisa, em seu objeto
de estudo, na problemática e na solução.
Por resultados entende-se e deve ressaltar os seguintes aspectos:
A importância da seção de Resultados em artigos acadêmicos
A função da seção de Resultados é apresentar objetivamente os seus
resultados-chave, sem interpretação, em uma sequência ordenada e lógica,
usando tanto materiais ilustrativos (tabelas e figuras) quanto texto.
Enquanto a seção de Métodos explica como os dados foram coletados, a
seção de Resultados apresenta quais dados foram reunidos. Resumos de
análises estatísticas podem aparecer no texto ou nas tabelas ou figuras
pertinentes.
A seção de Resultados deve ser organizada em torno de uma série de
tabelas e/ou figuras em sequência, para apresentar suas principais
descobertas em uma ordem lógica. O texto da seção de Resultados segue
essa sequência e fornece respostas para as perguntas ou hipóteses que
você investigou. Resultados negativos importantes também devem ser
relatados. Os autores geralmente escrevem o texto da seção de Resultados
com base nessa sequência de tabelas e figuras.
Um erro comum é que os autores confundam as informações das seções
de Resultados e de Discussão. No geral, há duas maneiras básicas de
organizar os resultados:
– Apresentando todos os resultados em uma seção, seguidos pela
discussão (talvez em uma seção diferente);
– Apresentando os resultados e a discussão em partes.
O método de organização que você deverá usar dependerá da quantidade
e do tipo de resultados obtidos em sua pesquisa. Você deve procurar um

45
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

método de apresentação que torne as informações e ideias que você


apresenta as mais claras possíveis para o leitor. O estilo geralmente é
ditado pela revista alvo.
Quando a revista determina que os resultados e a discussão sejam duas
seções separadas, observe a diferença em suas funções:
– Resultados = Apresentação dos dados (as experiências mostraram
que…)
– Discussão = Interpretação dos dados (os experimentos sugerem que …)
Estilo da linguagem
A seção de Resultados deve ser escrita de maneira concisa e objetiva.
Independentemente do campo de estudo, há algumas recomendações
comuns:
– Use a voz passiva, embora a voz ativa possa ser usada quando
necessário
– Use o tempo passado
– Evite estruturas de parágrafos repetitivas
– Não interprete dados aqui [...]
Fonte: Enago Academy. A importância da seção de Resultados em artigos
acadêmicos. Disponível em:
https://www.enago.com.br/academy/importance-of-results-section-in-
academic-papers/. Acesso em: 26 maio 2021.

O texto tem seu foco na importância da seção de resultados,


apontando que a função ou finalidade deste tópico é apresentar de forma
objetiva os resultados coletados, sem que se tenha qualquer interpretação,
ou julgamento de juízo. Fixando-se que no tópico de metodologia descreveu
o como procurou e onde procurou. Enquanto que no tópico de resultados
explicita os dados encontrados e reunidos.
Seguindo a orientação da preleção acima, passou-se a organizar os
resultados observando a sequencialidade do sumário, em que se elege
primeiro o objeto de estudo, em seguida o problema, a solução e a
metodologia. Sendo o que passa a apresentar.
i) Engenharia Química no Processamento de Fertilizante Orgânico
Na construção do objeto de estudo de pesquisa, este deve o foco na
participação do profissional de Engenharia Química em sua atuação no
processamento de fertilizante orgânico. Isto se confirma com o texto a
seguir:
Engenharia Química: como se insere no agronegócio?
Nesse conteúdo, iremos abordar:
– Agronegócio, agroindústria e suas relações com a engenharia química;
– Produtos químicos utilizados no campo, desenvolvidos graças a
tecnologias da engenharia química;

46
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

– Tratamento de resíduos provenientes da agropecuária.


A Engenharia Química é uma das engenharias com campo de atuação mais
abrangentes que existem. Por definição, é aquela responsável pelos
processos industriais e pela otimização dos mesmos, cuidando das
transformações de natureza físico-química que ocorrem nas plantas fabris.
Ou seja, ela é incumbida de desenvolver e aplicar processos em larga
escala, gerindo-os após a implementação.
Em nosso cotidiano, por exemplo, ela se expressa quando abastecemos
um carro com etanol combustível, proveniente de processos na indústria
sucroalcooleira que estão embasados em tecnologias desenvolvidas graças
à engenharia química. O trabalho desses engenheiros também é visto
quando usamos um objeto de plástico, cuja fabricação é possibilitada por
tal ramo da engenharia.
Entretanto, poucos sabem que a Engenharia Química também se insere no
agronegócio, estando presente, de forma direta e indireta. Esse diz
respeito às atividades abrangidas pela cadeia produtiva do setor primário,
que está cada vez mais ligada ao secundário. Tal fato se justifica pela
necessidade de se mover constantes inovações em meio ao competitivo
mercado brasileiro, onde o agronegócio representa 21% do PIB nacional,
segundo a CNA.
Agronegócio e agroindústria
Tendo em mente o conceito de agronegócio, faz-se possível entender a
agroindústria, que é a interface entre agricultura e indústria. Há, assim, a
transformação de matérias-primas de natureza agropecuária em produtos
com características desejáveis por quem detém o processo, como maior
prazo de validade e menor perecibilidade.
A agroindústria também diz respeito à indústria dedicada à agricultura,
envolvendo a fabricação de insumos, isto é, fertilizantes, defensivos ou
agrotóxicos, herbicidas, rações, dentre outros. É possível, nesse contexto,
levar esse tipo de produto químico da escala laboratorial à industrial graças
à atuação da engenharia química e agronômica.
Assim, observa-se a inserção da engenharia química em etapas que
precedem a própria produção agropecuária, já que esses produtos citados
são usados em colheitas para maximizar e otimizar a produtividade das
safras.
Insumos no agronegócio: o que são?
Os insumos são produtos, por vezes químicos, utilizados para obter a
produtividade desejada na colheita e a melhor qualidade dos produtos
cultivados. Além disso, também são responsáveis pela aceleração dos
ciclos de plantio, podendo se dividir em insumos agrícolas e pecuários.
Nesse contexto, os agrícolas podem ser, ainda, subdivididos em
fertilizantes e defensivos, enquanto que, na parte de pecuários, pode-se
falar especialmente em rações.

47
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Fertilizantes: Os fertilizantes são insumos sintéticos – também chamados


de adubos sintéticos por essa razão – usados para fornecer os nutrientes
necessários ao crescimento saudável da planta, de forma a abastecê-los
artificialmente no caso de sua ausência ou de leves correções. O tipo mais
conhecido é o NPK, que oferece aos vegetais os macronutrientes
primários, nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), usualmente pouco
abundantes no solo. O desenvolvimento dos fertilizantes se deu graças à
criação da Síntese de Haber-Bosch, processo basilar no desenvolvimento
da engenharia química que fixa nitrogênio na forma de amônia. Assim, o
desenvolvimento de rotas produtivas bem planejadas é vital nesse campo.
Defensivos agrícolas e herbicidas: Também conhecidos como agrotóxicos,
são componentes utilizados na agricultura de forma a controlar possíveis
pragas que afetam a produtividade da plantação. Estima-se que a
implementação de herbicidas, em especial, poupou mão de obra e trabalho
de máquinas em 80%, por substituir a remoção mecânica de ervas
daninhas. Nesse sentido, uma das estratégias importantes na área de
engenharia nesse segmento é a de Pesquisa e Desenvolvimento. Isso pois
condiz a um campo que sofre constantes mudanças no quesito ambiental e
sanitário, tendo muitas exigências por estar relacionado à saúde dos
consumidores.
Rações: A engenharia química entra sutilmente como forma de auxiliar
tanto no desenvolvimento da formulação, quanto na magnificação de uma
produção em escala laboratorial à piloto e, finalmente, à industrial.
Fonte: Propeq. Engenharia Química: como se insere no agronegócio? Disponível
em: https://propeq.com/post/agronegocio-engenharia-quimica/. Acesso em: 16 maio
2021.

A inserção do profissional de Engenharia Química no agronegócio é


explicito e demonstrado sua inserção nas atividades. Todavia, observa-se
que ao descrever os fertilizantes como insumo sintético. O que não impede
a leitura e a projeção para fertilizante orgânico. Como também sua ênfase

48
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

no processamento do produto, o transporte, armazenamento e utilização ou


destinação final pelo consumidor, na lavoura.
No que tange, de modo específico ao processamento de fertilizante
orgânico, ou de modo preciso, biofertilizante tem-se a seguinte orientação:
Processo de fabricação de biofertilizante
Resíduos agroindustriais podem ser um problema ambiental se não
utilizados na forma adequada. Por outro lado, a adubação é uma das
operações mais custosas para a agricultura e responsável por boa parte do
custo de produção das hortaliças. Esses resíduos podem ser bem
aproveitados como fontes de nutrientes para a agricultura e podem, em
proporção e forma adequadas, serem utilizados como fertilizantes, além de
terem potencial de reduzir o custo de produção de hortaliças e melhorar a
qualidade do solo.
O biofertilizante é um adubo orgânico líquido utilizado para complementar a
adubação de fertilizantes sólidos e que pode ser produzido dentro da
propriedade rural, com materiais fáceis de serem encontrados no comércio
e até na propriedade, cuja preparação ocorre em um tempo relativamente
curto.
Ele fornece nutrientes essenciais para as plantas e auxilia no controle de
doenças e de insetos por conter microrganismos benéficos ao solo. É
aplicado via pulverizações nas folhas ou junto com a água de irrigação,
propiciando uma resposta mais rápida que os fertilizantes sólidos. Utiliza-
se na concentração de 2% para mudas e 5% para plantas no campo.
A parte sólida do biofertilizante também pode ser utilizada para adubação
de covas, ou empregada como inóculo para nova compostagem. As etapas
de preparo do biofertilizante são:
1) mistura dos ingredientes (terra de mata, composto orgânico ou esterco;
farelo de arroz ou algodão; farelo de mamona; farinha de ossos; resíduo de
sementes; cinzas; rapadura ou açúcar mascavo; amido de mandioca e
água).
2) adição de água em um tambor ou bombona plástica.
3) agitação três vezes ao dia, durante cinco minutos, ou aeração com
auxílio de compressor de ar, em intervalos programados de uma hora. Após
08 dias, o biofertilizante pode ser utilizado.
É indicado para preparo e uso pelos produtores de hortaliças
convencionais e orgânicas em todas as regiões do território nacional.
Espera-se que a preparação do biofertilizante na propriedade possa
contribuir para redução dos custos com adubação, aumento na
sustentabilidade dos cultivos, na qualidade do solo e na produtividade.
Fonte: Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Processo de
fabricação de biofertilizante . Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-
solucoes-tecnologicas/-/produto-servico/804/processo-de-fabricacao-de-
biofertilizante. Acesso em: 26 maio 2021.

Nota-se que o aprimoramento da tecnologia de processamento, o


controle de qualidade, a determinação e classificação do produto, bem
49
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

como, a certificação para levar o produto além porteira, ou colocá-lo no


mercado consumidor, impõem a participação direta do profissional de
Engenharia Química.
A exigência de um produto diferenciado e de qualidade no mercado,
impõem um grau de profissionalismo por parte dos envolvidos e observado
os fatores normativos.
ii) Inobservação das Normativas para Certificação de Produtos
A contrassenso, ou seja, ao contrário da boa lógica e da razão, ao
afrontar ou não observar as normativas que regem ou disciplinam uma
matéria, o profissional não só está indo na contramão, mas, também
obstaculariza o avanço e o desenvolvimento e o estado da arte do
conhecimento, das regras de convivência e da própria postura profissional.
Indicando com isto, que, por exemplo, a busca da excelência, do padrão de
qualidade, da melhor técnica e da conquista de um diferencial no mercado
coloca em risco na atitude ou ação de inobservação das normativas,
quando se trata da finalidade para certificação de produtos.
A inobservância normativa no processamento e na produção de
fertilizante orgânico, pelo profissional ou quem esteja envolvido na dinâmica
produtiva, conduz a duas situações: a) não obtém a certificação; ou b) pode
perder a certificação que o produto tinha, em razão de vistoria, fiscalização,
controle ou acompanhamento das agências certificadoras, ou mesmo pela
falta de registro, sanção por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento – MAPA.
A questão investigada ou problema de pesquisa se volta para a
seguinte indagação: O que é necessário e indispensável ao profissional de
Engenharia Química no processamento de fertilizante orgânico, para ter, no
mercado, um produto “verdadeiramente” orgânico?
Inclui neste âmbito da inobservação das normativas, sejam elas
normas de conhecimento, normas técnicas, normas éticas, normas legais
ou normas internacionais. Nota-se que, no âmbito técnico, a inobservância
se opera, não só pelo desconhecimento, mas, pela imperícia profissional ao
ignorar os procedimentos indicados nos manuais de certificação de
produtos orgânicos, como se relata abaixo:
Manual de certificação de produtos orgânicos
1. O que é certificação de produtos orgânicos?

50
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

A certificação de produtos orgânicos é o procedimento pelo qual


uma certificadora, devidamente credenciada pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e “acreditada”
(credenciada) pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Inmetro), assegura por escrito que
determinado produto, processo ou serviço obedece às normas e
práticas da produção orgânica.
A certificação apresenta-se sob a forma de um selo afixado ou
impresso no rótulo ou na embalagem do produto.
Cabe ao Ministério da Agricultura credenciar, acompanhar e
fiscalizar os organismos de certificação que, mediante prévia
habilitação do MAPA, farão a certificação da produção orgânica e
deverão atualizar as informações dos produtores para alimentar o
cadastro nacional de produtores orgânicos. Estes órgãos, antes de
receberem a habilitação do Ministério, passarão por processo de
acreditação do Inmetro.
No exterior, o órgão internacional que credencia as certificadoras é
a IFOAM, International Federation of Organic Agriculture
Movements, que é a federação internacional que congrega os
diversos movimentos relacionados com a agricultura orgânica.
No que abrange a fiscalização, esta será feita nas unidades de
produção, estabelecimentos comerciais e industriais, cooperativas,
órgãos públicos, portos, aeroportos, postos de fronteira, veículos e
meios de transporte e qualquer ambiente onde se verifique a
produção, beneficiamento, manipulação, industrialização,
embalagem, acondicionamento, distribuição, comércio,
armazenamento, importação e exportação.
Quando houver indício de adulteração, falsificação, fraude e
descumprimento da legislação serão tomadas as seguintes
medidas: advertência, autuação, apreensão dos produtos, retirada
do cadastro dos agricultores autorizados a trabalhar com a venda
direta e suspensão do credenciamento como organismo de
avaliação. As punições serão mantidas até que se cumpram as
análises, vistorias ou auditorias necessárias. Também poderão ser
aplicadas multas que variam entre R$ 100 e R$ 1 milhão de reais.
No Brasil o produtor orgânico deve fazer parte do Cadastro
Nacional de Produtores Orgânicos, o que é possível somente se
estiver certificado por um dos três mecanismos descritos a seguir:
“Certificação por Auditoria – A concessão do selo SisOrg é feita por
uma certificadora pública ou privada credenciada no Ministério da
Agricultura. O organismo de avaliação da conformidade obedece a
procedimentos e critérios reconhecidos internacionalmente, além
dos requisitos técnicos estabelecidos pela legislação brasileira”.
“Sistema Participativo de Garantia – Caracteriza-se pela
responsabilidade coletiva dos membros do sistema, que podem ser
produtores, consumidores, técnicos e demais interessados. Para
estar legal, um SPG tem que possuir um Organismo Participativo

51
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

de Avaliação da Conformidade (Opac) legalmente constituído, que


responderá pela emissão do SisOrg.”
“Controle Social na Venda Direta – A legislação brasileira abriu
uma exceção na obrigatoriedade de certificação dos produtos
orgânicos para a agricultura familiar. Exige-se, porém, o
credenciamento numa organização de controle social cadastrado
em órgão fiscalizador oficial. Com isso, os agricultores familiares
passam a fazer parte do Cadastro Nacional de Produtores
Orgânicos.”
A importância da certificação, além da garantia da qualidade do
produto/serviço ao consumidor, está na regulamentação dos
processos e tecnologias de produção necessárias para a
manutenção de padrões éticos do movimento orgânico e
credibilidade do produto e produtor no comércio.
2. Por que certificar?
O estabelecimento de normas para regular a produção, o
processamento, a certificação e a comercialização de produtos
orgânicos surgiu da necessidade de os consumidores terem
segurança quanto à qualidade dos produtos que adquirem, pelo
filão de mercado que surgiu em vários países, impulsionado pelo
crescimento da demanda por produtos cultivados com métodos da
agricultura orgânica.
A diferenciação de produtos orgânicos ocorre com base em suas
qualidades físicas, decorrentes principalmente da ausência de
agrotóxicos e adubos químicos, por exemplo, que estão mais
diretamente relacionadas à forma como esses produtos foram
produzidos. Estas características embutidas nos produtos
orgânicos não podem ser observadas com facilidade no momento
da compra. A distância entre consumidores e produtores e a
incapacidade de se ter certeza quanto à forma pela qual os
produtos orgânicos foram produzidos justificam a necessidade de
monitoramento da produção por uma terceira parte, independente.
A certificação é, portanto, uma garantia de que produtos rotulados
como orgânicos tenham de fato sido produzidos dentro dos padrões
da agricultura orgânica. A emissão do selo ou do certificado ajuda a
eliminar, ou pelo menos reduzir, a incerteza com relação à
qualidade presente nos produtos, oferecendo aos consumidores
informações objetivas, que são importantes no momento da
compra.
O desenvolvimento do mercado de produtos orgânicos depende
fundamentalmente da confiança dos consumidores na sua
autenticidade, que, por sua vez, só pode ser assegurada por
legislação e/ou programas de certificação eficientes.
Quando os consumidores decidem pela compra de produtos
orgânicos e pelo pagamento de um prêmio por efeitos positivos à
saúde e redução de impacto ambiental, entre outros atributos, eles
esperam obter, em troca, um produto de origem orgânica garantida.

52
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Assim como os produtores orgânicos, que arcam com custos de


produção mais elevados, os consumidores desejam estar
protegidos contra os falsos produtos orgânicos.
Fonte: Organicsnet. Manual de certificação de produtos orgânicos .
Disponível em: https://www.organicsnet.com.br/certificacao/manual-
certificacao/. Acesso em: 16 maio 2021.

O afronto normativo ou sua inobservação gera a obstacularização no


acesso, uso e prerrogativas de certificação e de reconhecimento pelo
mercado e órgãos fiscalizadores de boas práticas, de programas, de
liberação de produtos finais, de consciência de processamento e produção
de produtos que atendam às exigências e observações normativas de
qualidade, controle e segurança.
Esta visão da inobservância normativa e não obtenção de
certificação é retratada no seguinte texto:
Certificação
Certificação é o procedimento de verificação e de confirmação da
conformidade do produto ou do processo com relação a padrões
estabelecidos. É um meio de assegurar, ao consumidor, o cumprimento
desses padrões. A confirmação pode ser feita pelo produtor, diretamente
ao consumidor. É o caso das vendas de cestas entregues em domicílio,
onde uma relação de confiança é estabelecida entre o produtor e o
consumidor. A confirmação também pode ser feita pelo distribuidor. O
melhor exemplo é a garantia apregoada por algumas empresas sobre a
origem dos produtos expostos em seus supermercados. Entretanto, quando
a cadeia de produção se torna complexa, mais distante fica o consumidor
do produtor, surgindo a necessidade de uma confirmação feita por uma
terceira pessoa, a certificadora. Normalmente, quando se fala em
certificação, entende-se que os procedimentos são feitos por essa terceira
pessoa, a certificadora, baseada num sistema independente de verificação
de confirmação da conformidade.
Tanto produtos como processos e serviços podem ser certificados, e cada
tipo de certificação deve desenvolver seus próprios procedimentos de
verificação, bem como punições resultantes da não-observação dos
padrões estabelecidos.
Fonte: Maria Cristina Prata Neves. Capítulo 11 – Certificação como Garantia da
Qualidade dos Produtos Orgânicos. in. Agroecologia: Princípios e Técnicas para
uma Agricultura Orgânica Sustentável. Disponível em:
https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/AgrobCap11ID-mbQRTLB0do.pdf.
Acesso em: 27 maio 2021.

A autora discorre sobre o processo de certificação, como etapa que


se busca assegurar um cumprimento de padrão de qualidade, seja em
processo, produto ou serviço. No caso, enfatiza que a não-observação dos
padrões estabelecidos de qualidade, boas práticas e demais expressões

53
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

normativas, resulta em punições das mais diversas ordens, sejam


advertência, notificações, multas e cancelamento da certificação.
iii) Observação das Normativas para Certificação de Produtos
A observação normativa é regra básica de convivência em sociedade
e para o exercício profissional, no tocante aos fertilizantes orgânicos
existem leis que contemplam e regulamentam, em razão do interesse
público que existe no setor do agronegócio e, em particular, na agricultura.
A Lei nº 6.894, de 16 de dezembro de 1980, que traz os seguintes
termos:
LEI Nº 6.894, DE 16 DE DEZEMBRO DE 1980.
Dispõe sobre a inspeção e a fiscalização da produção e do comércio de
fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes ou biofertilizantes,
remineralizadores e substratos para plantas, destinados à agricultura, e dá
outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o CONGRESSO
NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º A inspeção e a fiscalização da produção e do comércio de
fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes ou biofertilizantes,
remineralizadores e substratos para plantas, destinados à agricultura, são
regidos pelas disposições desta Lei.
Art 2º A inspeção e a fiscalização previstas nesta Lei serão realizadas pelo
Ministério da Agricultura.
Parágrafo único. O Ministério da Agricultura poderá delegar a fiscalização
do comércio aos Estados, ao Distrito Federal e aos Territórios.
Art 3º Para efeitos desta Lei, considera-se:
a) fertilizante, a substância mineral ou orgânica, natural ou sintética,
fornecedora de um ou mais nutrientes vegetais;
b) corretivo, o material apto a corrigir uma ou mais características
desfavoráveis do solo;
c) inoculante, a substância que contenha microorganismos com a atuação
favorável ao desenvolvimento vegetal.
d) estimulante ou biofertilizante, o produto que contenha princípio ativo
apto a melhorar, direta ou indiretamente, o desenvolvimento das plantas.
e) remineralizador, o material de origem mineral que tenha sofrido apenas
redução e classificação de tamanho por processos mecânicos e que altere
os índices de fertilidade do solo por meio da adição de macro e
micronutrientes para as plantas, bem como promova a melhoria das
propriedades físicas ou físico-químicas ou da atividade biológica do solo;
f) substrato para plantas, o produto usado como meio de crescimento de
plantas.
Art. 4º As pessoas físicas ou jurídicas que produzam ou comercializem
fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes ou biofertilizantes,
remineralizadores e substratos para plantas são obrigadas a promover o

54
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

seu registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,


conforme dispuser o regulamento.
§ 1º (VETADO).
§ 2º Os produtos a que se refere este artigo deverão ser igualmente
registrados no Ministério da Agricultura.
3º - Para a obtenção dos registros a que se refere este artigo, quando se
tratar de atividade de produção industrial, será exigida a assistência
técnica permanente de profissional habilitado, com a consequente
responsabilidade funcional.
Art. 5º - A infração às disposições desta Lei acarretará, nos termos
previstos em regulamento, e independentemente de medidas cautelares, a
aplicação das seguintes sanções:
I - advertência;
II - multa igual a 5 (cinco) vezes o valor das diferenças para menos, entre o
teor dos macronutrientes primários indicados no registro do produto e os
resultados apurados na análise, calculada sobre o lote de fertilizante
produzido, comercializado ou estocado;
Ill - multa de até 1.000 (mil) vezes o maior valor de referência estabelecido
na forma da Lei nº 6.205, de 29 de abril de 1975, aplicável em dobro nos
casos de reincidência genérica ou específica;
IV - condenação do produto;
V - inutilização do produto;
VI - suspensão do registro;
VII - cancelamento do registro;
VIII - interdição, temporária ou definitiva, do estabelecimento.
§ 1º A multa poderá ser aplicada isolada ou cumulativamente com outras
sanções.
§ 2º - A aplicação das sanções previstas neste artigo não prejudicará a
apuração das responsabilidades civil ou penal das pessoas físicas e
jurídicas e dos profissionais mencionados no § 3º do art. 4º.
Art. 6º - A inspeção e a fiscalização serão retribuídas, respectivamente, por
preços públicos e taxas calculadas com base no maior valor de referência
resultante da Lei nº 6.205, de 29 de abril de 1975, de acordo com a tabela
anexa.
§ 1º - A inspeção será efetuada sempre que houver solicitação por parte
das pessoas físicas ou jurídicas referidas nesta Lei.
§ 2º Nos termos do regulamento, o Ministro de Estado da Agricultura
estabelecerá os valores e a forma de recolhimento dos preços públicos.
§ 3º - Para efeito do disposto neste artigo, considera-se:
a) inspeção - a constatação das condições higiênico-sanitárias e técnicas
dos produtos ou estabelecimentos;
b) fiscalização - a ação externa e direta dos órgãos do Poder Público
destinada à verificação do cumprimento das disposições aplicáveis ao
caso.
Art 7º O Poder Executivo determinará as providências que forem
necessárias ao controle da inspeção e da fiscalização previstas nesta Lei.
Art 8º Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

55
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Art 9º Revogam-se a Lei nº 6.138, de 8 de novembro de 1974, e demais


disposições em contrário.
Brasília, em 16 de dezembro de 1980; 159º da Independência e 92º da
República.
JOÃO FIGUEIREDO
Ângelo Amaury Stábile
A Lei institui a inspeção, a fiscalização da produção e do comércio de
fertilizantes, biofertilizante e outros.
Todavia, a noção de certificação de produto, além do enquadramento
legal, também deve se submeter ou observar as normativas técnicas de
qualidade da certificadora, conforme texto de
1. O que é certificação de produtos orgânicos
A certificação é o procedimento pelo qual uma terceira parte, independente,
assegura, por escrito, que um produto, processo ou serviço obedece a
determinados requisitos, através da emissão de um certificado. Esse
certificado representa uma garantia de que o produto, processo ou serviço
é diferenciado dos demais. No caso de produtos orgânicos, a certificação é
um instrumento, geralmente apresentado sob a forma de um selo afixado
ou impresso no rótulo ou na embalagem do produto, que garante que os
produtos orgânicos rotulados foram produzidos de acordo com as normas e
práticas da agricultura orgânica.
As agências certificadoras precisam ser credenciadas por um órgão
autorizado que reconheça formalmente que uma pessoa ou organização
tem competência para desenvolver determinados procedimentos técnicos
de fiscalização da produção. No caso de produtos orgânicos, o órgão que
credencia internacionalmente as certificadoras é a International Federation
of Organic Agriculture Movements (IFOAM), que é a federação
internacional que congrega os diversos movimentos relacionados com a
agricultura orgânica.
A iniciativa de adesão à certificação orgânica é voluntária, quando não
houver legislação que regulamente o assunto. Os casos com suspeita de
fraude, quando detectados, são passíveis de avaliação por uma comissão
de certificação e outra de ética. Conforme a avaliação dessas comissões, a
agência certificadora pode aplicar punições que podem chegar à exclusão
do agricultor ou comerciante oportunista, impedindo o uso do selo orgânico.
Quando existe legislação específica para isso, seja federal, estadual ou
municipal, a rotulagem orgânica passa a ser obrigatória para esses
produtos. Os infratores ficam sujeitos às penalidades previstas na lei. A
regulamentação dos processos e tecnologias de produção é necessária
para manter os padrões éticos do movimento orgânico e para fortalecer a
confiança do consumidor no produto. Serve para orientar os produtores
orgânicos e promover o comércio desses produtos entre fronteiras, uma
vez que a qualidade orgânica é garantida pela presença do selo.
2. Porque certificar

56
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

O estabelecimento de normas para regular a produção, o processamento, a


certificação e a comercialização de produtos orgânicos surgiu da
necessidade de os consumidores terem segurança quanto à qualidade dos
produtos que adquirem, pelo filão de mercado que surgiu em vários países,
impulsionado pelo crescimento da demanda por produtos cultivados com
métodos da agricultura orgânica.
A diferenciação de produtos orgânicos ocorre com base em suas
qualidades físicas, decorrentes principalmente da ausência de agrotóxicos
e adubos químicos, por exemplo, que estão mais diretamente relacionadas
à forma como esses produtos foram produzidos. Estas características
embutidas nos produtos orgânicos não podem ser observadas com
facilidade no momento da compra. A distância entre consumidores e
produtores e a incapacidade de se ter certeza quanto à forma pela qual os
produtos orgânicos foram produzidos justificam a necessidade de
monitoramento da produção por uma terceira parte, independente.
A certificação é, portanto, uma garantia de que produtos rotulados como
orgânicos tenham de fato sido produzidos dentro dos padrões da
agricultura orgânica. A emissão do selo ou do certificado ajuda a eliminar,
ou pelo menos reduzir, a incerteza com relação à qualidade presente nos
produtos, oferecendo aos consumidores informações objetivas, que são
importantes no momento da compra.
A certificação orgânica começa a ser exigida para alguns produtos
destinados à exportação, como soja, café, mel, hortaliças, óleos
essenciais, óleo de dendê, caju, açúcar, mate, citrus, banana e guaraná.
Nesses casos, a organização certificadora precisa, na maioria das vezes,
ser credenciada pela IFOAM ou pelas normas ISO-65 para emitir um
certificado que tenha reconhecimento internacional.
O desenvolvimento do mercado de produtos orgânicos depende
fundamentalmente da confiança dos consumidores na sua autenticidade,
que, por sua vez, só pode ser assegurada por legislação e/ou programas
de certificação eficientes. O novo ramo de atividade que surge com a
regulamentação da agricultura orgânica pode ser desempenhado com
diferentes níveis de seriedade, compromisso ético, transparência e
competência.
Quando os consumidores decidem pela compra de produtos orgânicos e
pelo pagamento de um prêmio por efeitos positivos à saúde e redução de
impacto ambiental, entre outros atributos, eles esperam obter, em troca, um
produto de origem orgânica garantida. Assim como os produtores
orgânicos, que arcam com custos de produção mais elevados, os
consumidores desejam estar protegidos contra os falsos produtos
orgânicos.
3. Quem pode certificar
A certificação orgânica pode ser feita por agências locais, internacionais ou
por parcerias entre elas. Pode também ser realizada por grupos de
pequenos produtores, desde que existam mecanismos internos de controle
que sigam os padrões da agricultura orgânica. Nesses casos, é comum a

57
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

comercialização da produção através de feiras de produtores e não há


preocupação com exportação.
Para que uma agência certificadora de produtos orgânicos venha a
funcionar legalmente, precisa credenciar-se junto ao órgão oficial
competente, caso haja legislação. Deve também credenciar-se junto à
IFOAM e obter o certificado ISO-65 para que o selo emitido seja
reconhecido internacionalmente. Precisa ainda estabelecer suas próprias
normas, padrões e procedimentos de certificação, mas que devem,
necessariamente, estar subordinados tanto à legislação vigente em cada
país quanto à organização credenciadora.
As normas geralmente se referem à forma como os produtos de origem
orgânica são produzidos. A prática mais comum é a definição de diretrizes
gerais e a descrição de práticas culturais, tecnologias e/ou insumos
permitidos, proibidos ou de uso restrito nesse modo de produção. A
reputação das agências certificadoras constitui um aspecto fundamental,
pois denota persistência de seriedade na produção e de qualidade dos
produtos.
A IFOAM foi a organização pioneira na criação de uma estrutura mundial
de certificação orgânica, que contava, em 1999, com 14 agências
credenciadas para emitir certificados de reconhecimento internacional.
Seus padrões forneceram parâmetros para a legislação sobre produtos
orgânicos de diversos países. Existem, ainda, certificadores independentes
que tendem a atuar com base local. Até o momento, ainda não há um
sistema que seja plenamente reconhecido no mundo todo e que possa
fornecer a garantia da qualidade orgânica dos produtos.
Fonte: Maria Celia Martins de Souza. Certificação de Produtos Orgânicos . IEA -
lnstituto de Economia Agrícola. Disponível em:
http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=260#:~:text=Para%20que
%20uma%20ag%C3%AAncia%20certificadora,selo%20emitido%20seja
%20reconhecido%20internacionalmente. Acesso em: 27 maio 2021.

Na noção de certificação, o texto acima, explicita três pontos


fundamentais que são traduzidos por perguntas: 1. O que é certificação de
produtos orgânicos; 2. Porque certificar; e 3. Quem pode certificar.
Na primeira tem que a certificação é o procedimento para assegurar,
de forma escrita ou por selo, que um produto, processo ou serviço
obedeceu a todos os requisitos de um padrão de qualidade, origem e
garantia de conteúdo. Inclusive a legislação específica.
As razões para certificar, entre tantas, é a distinção ou diferenciação
que se atribui a mercadoria certificada, seja ela por razões de origem,
processo, produto e entrega final ao consumidor.
E por fim, quem pode certificar são agências certificadoras
credenciadas pelos órgãos oficiais competente para tais fins.

58
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

iv) Metodologia
Na metodologia a base foi a pesquisa bibliográfica e documental,
razão que o foco deve por fundamento e orientação a pesquisa
bibliográfica.
Angélica Silva de Sousa, Guilherme Saramago de Oliveira e Laís
Hilário Alves, apresenta na abertura do texto uma citação que resume o
sentido geral da pesquisa bibliográfica que é:
A Pesquisa Bibliográfica: princípios e fundamentos
[...] elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente
de: livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais,
boletins, monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet,
com o objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com todo
material já escrito sobre o assunto da pesquisa. Na pesquisa bibliográfica,
é importante que o pesquisador verifique a veracidade dos dados obtidos,
observando as possíveis incoerências ou contradições que as obras
possam apresentar (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 54).
Fonte: Angélica Silva de Sousa, Guilherme Saramago de Oliveira e Laís Hilário
Alves. A Pesquisa Bibliográfica: princípios e fundamentos . Disponível em:
https://www.google.com/search?q=Pesquisa+bibliogr
%C3%A1fica+segundo+autores&rlz=1C1GCEA_enBR948BR948&ei=_QuxYJaFNd-
n5OUP_sGVuA4&start=10&sa=N&ved=2ahUKEwjW9-
mp2OzwAhXfE7kGHf5gBecQ8tMDegQIAhA7&biw=1920&bih=880. Acesso em: 28
maio 2021.

A citação acima, indica três pontos essências, na formulação da


pesquisa bibliográfica que são: a) os materiais ou referências publicadas; b)
o contato com todo material já publicado; e c) a verificação das fontes,
dados, as incoerências ou contradições.
Na construção do objeto de estudo, deve como foco a atuação do
profissional de Engenharia Química no processamento de fertilizante
orgânico. O que implica no domínio da cadeia produtiva, com a seleção dos
insumos, observando a origem e a composição, o transporte, recebimento e
processamento na indústria. Acompanhando a produção com o produto
final, com o empacotamento, armazenagem, transporte e aplicação ou
consumo final pelo destinatário. Por se tratar de fertilizante orgânico, o
acompanhamento, deste a matéria-prima até a entrega e consumo final do
produto exige uma atenção por parte do controle de qualidade, e sobretudo,
nos quesitos normativos e de certificação.
Na problemática verificou-se, tanto na legislação, como a percepção
do consumidor final do produto que a adulteração do produto ou a falha no

59
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

controle de qualidade pode acarretar, conforme a legislação, punições,


multas e exclusão do selo de garantia ou de produto orgânico.
Destacando-se a Lei nº 6.894/80, dispõe sobre a inspeção e a
fiscalização da produção e do comércio de fertilizantes e outros. Tendo o
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, como
responsável por regulamentação e normativas específicas, no que diz
respeito ao fertilizante orgânico. Inclusive é o MAPA é o órgão responsável
pelo registro, controle e acompanhamento, bem como das certificadoras.
Tendo como solução a rígida e metódica atenção nas normativas e
condições de certificações.
Por fim, a metodologia investigativa pela pesquisa bibliográfica e
documental propiciou uma autonomia e um significativo número de material
sobre a temática, o que garantiu a viabilidade e o êxito da pesquisa.
Assim, os resultados obtidos na pesquisa bibliográfica e documental
sobre o profissional de Engenharia Química no processamento de
fertilizante orgânico, no qual se tem a problemática da inobservação das
normativas para obtenção e manutenção da certificação de produtos. O que
impõem ser necessário e indispensável para que se possa colocar no
mercado consumidor um produto que tenha o processamento de fertilizante
orgânico dos requisitos do registro e do órgão de certificação do produto.
Da explanação e apresentação dos resultados, passa para o tópico
da discussão.

7 Discussão
O tópico ou seção de discussão compreende o momento ápice da
pesquisa, no qual o pesquisador reflete os dados encontrados com sua
visão de mundo e os parâmetros, o problema e objetivo, de modo, literal,
promover a discussão é compreender a totalidade, tanto do objeto de
estudo, de seu problema, solução e a fórmula pesquisada.
Confirma este pensamento nas preleções de Lorenna Machado que
diz:
SEÇÃO DE DISCUSSÃO
A discussão é a parte mais importante do seu trabalho. É aqui que você irá
interpretar e analisar criticamente os resultados obtidos. Nesta seção você
responde as suas perguntas de pesquisa e justifica a sua abordagem. A

60
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

discussão estabelece uma ligação entre o que foi descrito na introdução,


baseado na literatura disponível sobre o assunto, e como o seu estudo se
desenvolveu para responder os objetivos ou hipóteses que te incentivaram
a conduzir sua pesquisa. É preciso fazer uma avaliação crítica dos seus
resultados, comparando-os com achados de estudos similares, e descrever
como seus dados contribuem para o entendimento ou avanço do seu
campo de pesquisa. As implicações dos seus resultados e limitações do
seu trabalho também precisam ser descritos de forma clara e objetiva.
Entretanto, não repita as informações já apresentadas ou descreva novos
resultados na seção de discussão.
A discussão tende a ser a seção mais longa de um trabalho acadêmico ou
científico. Portanto, você pode dividir as informações em subseções para
ajudar o leitor a seguir sua linha de raciocínio. Muitas pessoas organizam
um esboço com os principais pontos a serem discutidos, seguindo a ordem
de apresentação dos resultados. Dessa forma, você discute como os seus
resultados te ajudam a responder suas perguntas, se eles são consistentes
com a literatura ou trazem fatos inovativos para seu campo de pesquisa. Se
seus achados são diferentes da literatura consultada, explique as razões
que levaram aos resultados controversos. Pode ser que seu estudo tenha
uma amostragem maior e mais representativa do tópico avaliado do que
estudos anteriores, por exemplo.
Conclua sua discussão resumindo as implicações das suas descobertas,
explique a importância prática dos seus resultados para sua área de
conhecimento e forneça sugestões do que pode ser feito para
complementar sua pesquisa em trabalhos futuros.
Fonte: Lorenna Machado. Como escrever os resultados e discussão do seu trabalho
acadêmico . Disponível em: http://proficienciaconsultoria.com.br/como-escrever-os-
resultados-e-discussao-do-seu-trabalho-academico/. Acesso em: 6 jun. 2021.

Tem-se nos ensinamentos acima, que é na discussão o momento da


interpretação e análise crítica dos resultados e da própria pesquisa.
Avançando além do que já se apresentou.
Desta forma, a discussão será dividida em duas dois blocos. Sendo o
primeiro, voltado a recuperação, análise e interpretação do objeto de
estudo, do problema, da solução e da metodologia. No segundo bloco,
destinado a análise e interpretação dos resultados.
a) Engenharia Química no Processamento de Fertilizante Orgânico
No que diz respeito ao objeto de estudo, ou seja, a Engenharia
Química no processamento de fertilizante orgânico foi necessária
estabelecer que o processamento de fertilizante orgânico compreende uma
etapa da produção e do produto como resultado final. Todavia, o
entendimento que o processamento depende do controle de qualidade do
material ou da matéria-prima, para que o processamento, assumido pelo
61
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

profissional de Engenharia Química, está etapa seja executado na


conformidade dos padrões e indicador que o produto final deve se
apresentar e ser posto no mercado consumidor. Garantindo ainda, o
armazenamento, a vida útil e a aplicação final pelo usuário do produto.
E por fertilizante orgânico entende-se como insumo a ser utilizado no
solo para manter e melhorar sua fertilização.
A função da Engenharia Química no setor do agronegócio, na
agricultura orgânica, tem uma exigência, além de observar as normativas,
também, os indicadores das certificadoras para garantir a qualidade e o
padrão do produto final.
A participação do profissional da Engenharia Química no
aprimoramento do processo, na rentabilidade do produto, como na melhoria
e no desempenho, tanto do processamento como do produto final. Ter um
fertilizante orgânico que seja produzido em tempo menor, com qualidade
superior e que atenda o mercado orgânico, dentro de uma visão da química
verde é o ideal a ser perseguido. Isto confirma o ganho para o meio
ambiente, a saúde humana e as gerações futuras.
Por outro lado, firma-se o entendimento que o conceito de fertilizante
orgânico se pauta em um tripé: (1) origem da matéria-prima, (2) da
finalidade e do (3) resultado. O que se observa:
(1) origem da matéria-prima – na composição do fertilizante orgânico
a origem e a qualidade da matéria-prima interferem e influenciam no
produto final. Razão do controle de qualidade da matéria-prima para
obtenção de um produto de qualidade e com vocação a certificação
orgânica. A matéria-prima tem que ser de origem vegetal, animal ou
agroindustrial. Matéria-prima de origem industrial, mineral, sintético e
similares não gera produto para certificação;
(2) da finalidade – o produto ter a finalidade de melhoria e
contribuição para o solo e a planta, outras finalidades, descaracteriza o
produto, como é o caso de tingir ou alterar o aspecto da planta, sobretudo,
flores para mudar de cor ou trazer cores diversas do natural. A alteração do
solo pode refletir na coloração da planta;
(3) resultado – com o uso do fertilizante, espera-se como resultado o
aumento da produtividade e a qualidade das culturas. E com a intervenção
que se busca o desenvolvimento econômico, social e ambiental.
62
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

O registro junto aos órgãos competentes, sobretudo, no Ministério da


Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, para a produção de
fertilizante orgânico é requisito para o pleito de certificação do produto.
Como visto, exige-se um rol de documentação estabelecida por Instrução
Normativa do MAPA, que deve ser observada de modo rigoroso. Inclui,
também requisito de controle de qualidade do processo e do produto.
b) Inobservação das Normativas para Certificação de Produtos
No entanto, a inobservação das normativas para certificação de
produtos, traz como consequência a não obtenção da certificação no caso
do produto não ter. E na hipótese de ter a certifica, mas, ocorrer a
inobservação das normativas para certificação de produto, este pode perder
ou ser caçado a certificação que já possui, pois, tratando-se de processo de
produção e produto certificado, o padrão, a boa prática e o rigor metódico
de produção deve ser um quesito de atenção por parte do profissional de
Engenharia Química.
Nota-se que a certificação posta no produto, ou na garantia do
processo, indica e sinaliza para o consumidor sobre a qualidade do produto
e sua formulação em boas práticas no momento de sua elaboração. É o
chamado selo de qualidade para o consumidor.
Não havendo os padrões de qualidades ou a composição em termos
exatos tanto do processo, como do produto. Isto leva a questão problema
que foi: O que é necessário e indispensável ao profissional de Engenharia
Química no processamento de fertilizante orgânico, para ter, no mercado,
um produto “verdadeiramente” orgânico?
A inobservância normativa é um dos obstáculos para o
enquadramento ou desenquadramento na obtenção de produtos orgânicos,
desejado com certificação.
c) Observação das Normativas para Certificação de Produtos
O caminho da certificação, corresponde ao caminho do
reconhecimento da procedência, qualidade e segurança do produto, diante
das exigências normativas e das diretrizes das certificadoras.
A observância dos preceitos da Lei nº 10.831/03, que remete ao
regulamento pelo Decreto nº 6.323, de 27 de dezembro de 2007, no qual
indica e estabelece os critérios de certificação da produção orgânica,

63
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

devem ser feitos de modo rigoroso, pelo profissional, que deseja um


produto certificado.
Nota-se que é necessário e indispensável ao profissional da
Engenharia Química, o domínio e o conhecimento pleno da legislação
vigente, incluindo os passos, procedimentos e a burocracia exigida pelos
órgãos fiscalizadores e certificadoras. Incluir a percepção de mercado
consumidor, vez que há uma proteção e defesa ao consumidor, em
legislação específica como o Código de Defesa do Consumidor, que tutela
todas as relações de consumo, seja na área urbana, rural, comercial,
industrial e agropecuária.
Ou seja, para obter a certificação de produtos orgânicos, no caso de
fertilizante orgânico, o profissional da Engenharia Química, precisa
observar e estar atendo as normativas para obter e manter a certificação de
seus produtos, para colocar no mercado consumidor.
d) Metodologia
Para concretizar a pesquisa cientifica, é indicado que o pesquisador
passe a contar e apoiar-se na metodologia, cujo sentido subsidiado ao
profissional, é de propiciar uma ferramenta de trabalho investigativo que
garante, pelo passo a passo, a estabelecer os objetivos de forma clara e
precisa, bem como definir o problema, delimitar o objeto de estudo e
avançar na busca de soluções que responda ao problema, balizado pelo
objetivo e apoiado pelo método elegido.
Na pesquisa, a metodologia foi a investigação bibliográfica e
documental.
Ainda, que a pesquisa bibliográfica seja considerada o ponto de
partida de todas as pesquisas, é um tipo de pesquisa que permite a
autonomia, na visão de mundo, a partir das ideias que os autores
divulgaram em suas publicações.
Por outro lado, a pesquisa documental e a pesquisa legislativa
fornecem subsídios de ordem técnica e de procedimentos a serem
observados. Sobretudo, que são vistas como fontes primárias de dados e
informações.
Pontos metodológicos que trouxeram segurança e direcionamento
sobre o conteúdo debatido.

64
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Com a metodologia pode-se revelar os resultados obtidos nos


bancos de dados oficiais, sites e demais fontes, sobretudo, na rede mundial
de computadores.
No tópico dos resultados tem-se a somatória dos dados obtidos na
pesquisa, logo, agrega o núcleo a ser lido, analisado, interpretado e
compreendido em sua forma crítica. Com a recuperação do objeto de
estudo, no caso a Engenharia Química no processamento de fertilizante
orgânico, permite-se uma visualização crítica e reflexiva sobre a temática
investigada. No tópico seguinte tem-se a problemática que é a
inobservação das normativas para certificação de produtos, o que se indaga
sobre a resistência da inobservação normativa. E na solução, encontra-se a
indicação que o profissional deve observar as normativas para obtenção do
registro e da certificação do produto. Finalizando, a discussão com a
adequação da metodologia. É o que passa a apresentar a seguir.
i) Engenharia Química no Processamento de Fertilizante Orgânico
É importante observar a participação e inserção do profissional de
Engenharia Química no agronegócio, em especial, no processamento de
fertilizante orgânico, no controle de qualidade, no registro e na certificação
do produto.
A noção de processamento implica deste o recebimento, escolha e
seleção da matéria-prima, o processo de transformação até a embalagem e
encaminhamento do produto ao consumidor final.
Firmado o entendimento da competência da Engenharia Química na
fabricação de produtos químicos para agricultura, o que inclui, os
fertilizantes, a indústria agropecuária, em especial, com os nutrientes.
Formando com isto, a competência e habilidade no processamento de
fertilizantes orgânicos, que se identifica no conjunto das etapas de
transformação, seja de forma direta, na transformação do recebimento da
matéria-prima até a finalização do produto em sua embalagem para o
transporte e consumo. Como em sua forma indireta, contribuindo na
elaboração e concepção de projetos indicadores de instalações,
equipamentos, métodos e demais meios e instrumentos para potencializar e
melhorar o processamento de fertilizantes orgânicos. Podendo incluir no rol,
entre outros o biofertilizante, o adubo e nutrientes.

65
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Ainda, é preciso considerar, dentro da categoria dos fertilizantes,


aqueles com aplicação via solo, via aplicação foliar, cultivo hidropônico,
fertirrigação, aplicação via semente e das soluções para pronto uso.
Desta forma, o profissional de Engenharia Química pode atuar no
processamento de fertilizante orgânico, seja na indústria agropecuária ou
na química para agricultura. Acompanhando o processo, seja no controle de
qualidade, seja no âmbito da obtenção do registro e da certificação do
produto.
ii) Inobservação das Normativas para Certificação de Produtos
No entanto, a atuação do profissional de Engenharia Química que
não observa as normativas, tem como efeito a perda ou não se alcança o
status para certificação de produtos, no caso fertilizante orgânico, sendo
impedido de participar do mercado consumidor exigente. Ou mesmo, fazer
circular seus produtos sem entraves ou fiscalizações que impede ou cerceia
a venda de produto não registrado.
Desta feita, a inobservação das normativas é um cerceamento ou
obstacularização para a conquista de mercado exigente. Inclui o sentido
normativo amplo, ou seja, inobservação das normativas, sejam elas normas
de conhecimento, normas técnicas, normas éticas, normas legais ou
normas internacionais.
Isto leva a indagação do problema investigado que é: O que é
necessário e indispensável ao profissional de Engenharia Química no
processamento de fertilizante orgânico, para ter, no mercado, um produto
“verdadeiramente” orgânico?
Para superar e responder ao problema pontua-se, pelo menos dois
conceitos: a) processo de fertilizante orgânico; e b) um produto orgânico.
O primeiro conceito de processo de fertilizante orgânico, precisa, de
modo essencial, que se observa as normas de conhecimento, sobretudo,
entender que o processo, não se resume ou restringe a linha de produção
dentro da indústria. Tem-se a visão do processamento que aglutina
processo e produto, bem como a fase pré-industrial, industrial e pós-
industrial. Nota-se que a dinâmica do processamento inicia e tem como
preocupação a geração e obtenção dos insumos ou da matéria-prima, para
elaboração e composição do produto, dentro da dinâmica do
processamento e da transformação.
66
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Na agroquímica, ou sua incidência no agronegócio, os marcos


delimitadores são pontuados como cadeia produtiva, sistema produtivo e
complexo produtivo, que transcende na inclusão da pesquisa, tecnologia,
inovação, disruptura, mercado consumidor, governo e aspectos
internacionais, como os commodities. Pontos que implicam e correspondem
ao conhecimento e controle de qualidade deste a obtenção dos insumos,
antes do perímetro da indústria. Seu processamento, no período ou na linha
ou espaço de montagem, dentro dos limites da indústria, no ambiente
controlado. E projeta-se depois da indústria na logística, ou percurso da
indústria, distribuição, comercialização e consumo final ou mercado
consumidor. Nota-se que este ponto está fora do perímetro da indústria,
porém, o reverso alcança o processamento na indústria.
O segundo conceito é o produto que por sua vez recebe aceitação ou
refutação do consumidor ou do mercado consumidor, fazendo-se um
percurso inverso de observação. Ou seja, o profissional da Engenharia
Química que não observa o processamento, processo, produto e as
normativas que a regulamenta, estão sujeitos a fiscalização dos órgãos
competentes, mas, de forma incisiva a aceitabilidade do consumidor ou do
próprio mercado consumidor.
A exigência de observação das normativas, entre elas, as normas
internacionais, em particular, as de sustentabilidade, química verde e
desenvolvimento comprometido com as gerações futuras e o resgate do
passivo ambiental e dos processos em desconformidade com a melhor
técnica, são finalidades a serem perseguidas.
A ilustração abaixo permite uma visão da dinâmica do
processamento:

67
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

A dinâmica do processamento, impõem o domínio das normas de


conhecimento, das normas técnicas, normas éticas, normas legais e
normas internacionais. A inobservância de qualquer ciclo normativo, rompe-
se a dinâmica. E também inclui um ponto sensível que é o mercado. A
indústria atende ao mercado consumidor, porém, este é exigente, impondo
transparência e informação de todo o processamento. O mercado tem sua
auto-regulamentação, é o que se depreende das lições de Adam Smith, na
obra “ A Mão Invisível ”, cujo sentido, na administração, poderia ser visto
como interferência natural do mercado na economia, por meio do que se
produz, o que se produz, na relação do que se consume ou deixa de
consumir. Em outras, palavras, é a voz do mercado ditando o que produzir
e como produzir, seja por uso de insumo ou matéria-prima que o mercado
aceita, seja por processo ou produto final, que tenha os pressupostos de
sustentabilidade, respeite a natureza, exerça a responsabilidade social,
compromisso ambiental, reciclagem, que não explore a mão-de-obra, seja
infantil, de estrangeiro ou análoga à escravidão etc. Nota-se que a
inobservância normativa leva ao embargo do produto.
iii) Observação das Normativas para Certificação de Produtos
Por sua vez a observação das normativas viabiliza a legalidade, da
obtenção de insumos, processo e produto, bem como obtenção de
certificação, cujo sentido é atribuir garantias ao consumidor que o produto
atende as exigências indicadas em seu rótulo.
Na esfera dos fertilizantes, a Lei nº 6.894, de 16 de dezembro de
1980, traz em seu bojo os requisitos necessários e indispensáveis para o
correto e legal processamento de fertilizante orgânicos e outros.
68
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Atribui-se a peculiaridade a produtos orgânicos que tenham como


traço a ausência de agrotóxicos e derivados de química não orgânica. O
que se garante no processamento, se os insumos ou a matéria-prima
tiverem tais características. Pois, compromete no processamento o
resultado do produto final.
Ao discutir o produto final, este deve estar de acordo com a
certificação ou certificadora, para atribuir e garantir a qualidade do produto
rotulado em sua conformidade. Fator que pode ser decisivo no momento a
decisão de comprar ou não o produto. A certificação, sobretudo, por
organizações de reconhecimento internacional, como é a IFOAM, uma
organização pioneira na criação de uma estrutura mundial de certificação
orgânica, seus padrões forneceram parâmetros para a legislação sobre
produtos orgânicos de diversos países. O que reforça o pressuposto da
exigência e observância das normativas.
iv) Metodologia
Na realização da investigação a indicação ou recomendação da
pesquisa bibliográfica foi a indicada e desenvolvida. O que propiciou, pelo
banco de dados, uma visão sobre a temática e seus desdobramentos. E
pela pesquisa documental pautou-se num suporte de informação direto,
favorecendo o entendimento.
Tanto a pesquisa bibliográfica, como a documental assegura a
autonomia investigativa e autoriza um número significativo de material
sobre o tema pesquisado, fornecendo um sentido ao profissional de
Engenharia Química o conteúdo necessário para entender o processamento
de fertilizante orgânico, como também o que é necessário e indispensável
para se colocar no mercado consumidor, que cada dia exige produto
certificado, o que não foge à regra o fertilizante orgânico.
Implicando-se o acompanhamento das alterações e modificações das
normativas, bem como sua atualização. O que impõem a percepção e
atenção para a metodologia, como instrumento da cientificidade do trabalho
técnico e científico.
Destaca-se que a Engenharia Química no processamento de
fertilizante, entendido de maneira ampla e, de um percurso extensivo, deste
a obtenção da matéria-prima até a entrega do produto ao consumidor final,
é de boa prática que o profissional se pauta ou atenha em sua observação
das normativas, sobretudo, para obter ou conservar a certificação de
69
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

produtos orgânicos, o cumprimento das exigências, tanto dos órgãos


fiscalizadores, como com atenção as exigências das certificadoras.
Estabelecendo com isto que a Engenharia Química no
processamento de fertilizante orgânico, assume o exercício profissional de
uma das searas, de competências e habilidades, que é a agroquímica, tanto
no acompanhamento do processo, da melhoria da técnica produtiva, de
métodos de trabalho, de concepção de equipamentos, dinâmica de
trabalho, de produto e subproduto que se direciona ao processamento de
fertilizante orgânico.
O que conduziu a pesquisa, enquanto problema de investigação, foi
a questão: O que é necessário e indispensável ao profissional de
Engenharia Química no processamento de fertilizante orgânico, para ter, no
mercado, um produto “verdadeiramente” orgânico?
Para responder ao problema formulado, indica que é necessário e
indispensável ao profissional de Engenharia Química no processamento de
fertilizante orgânico a observação irrestrita, tanto das exigências do órgão
de registro, como as exigências das certificadoras, para conseguir e manter
a certificação de produtos. Observando o controle de qualidade no
recebimento da matéria-prima, do processamento, da embalagem e
transporte do produto ao consumidor final.
Sendo a proposta de objetivo da pesquisa em conhecer as
normativas e os procedimentos de registro e demais documentação, junto
ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, para a
certificação de processamento de fertilizante orgânico.
O objetivo de conhecer as normativas, compreende no caminho
necessário e indispensável ao profissional de Engenharia Química, diante
da atividade de processamento de fertilizante orgânico, conhecer, entre
outras as seguintes normativas:
– Lei nº 6.894, de 16/12/1980, alterada pela Lei 12.890/2013;
– Decreto nº 4.954, de 14/01/2004, com alterações do Decreto nº
8.384/2014;
– Instrução Normativa nº 8, de 02/07/2003;
– Instrução Normativa nº 14, de 16/10/2003;
– Instrução Normativa nº 27, de 05/06/2006;
– Instrução Normativa nº 35, de 04/07/2006;
– Instrução Normativa nº 17, de 21/05/2007;
– Instrução Normativa nº 24, de 20/06/2007;
– Instrução Normativa nº 31, de 23/10/2008;

70
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

– Instrução Normativa nº 28, de 25/09/2009;


– Instrução Normativa nº 30, de 12/11/2010;
– Instrução Normativa nº 13, de 24/03/2011;
– Instrução Normativa nº 51, de 04/11/2011;
– Instrução Normativa nº 53, de 23/10/2013;
– Instrução Normativa nº 5, de 10/03/2016;
– Instrução Normativa nº 37, de 13/10/2017;
– Instrução Normativa nº 39, de 08/08/2018;
– Instrução Normativa nº 61, de 08/07/2020;
– NBR 5426;
– NBR 5427.

Destacando-se que o rol normativo acima, é exemplificativo, sem


olvidar as normas internacionais, sobre meio ambiente, sustentabilidade e
compromisso social, econômico e ambiental.
As atividades do profissional de Engenharia Química, como todas as
engenharias, são regidas por normativas, sejam elas normas de
conhecimento, normas técnicas, normas éticas, normas legais e normas
internacionais. Com isto, ao exercer a atividade no seguimento de
agroquímica, no caso, processamento de fertilizante orgânico, cujo objetivo
é ter ou colocar no mercado um produto certificado, a observância
normativa se impõe com rigor, vez que além das exigências dos órgãos de
registro, também deve buscar os quesitos ou requisitos exigidos pelas
certificadoras, para alcançar o padrão de qualidade para o recebimento da
certificação.
Além disto, observar dentro das normativas internacionais, por
exemplo, a questão da sustentabilidade, da proteção ao meio ambiente e as
futuras gerações. Combinado, por exemplo, com normas de conhecimento,
exige-se no seguimento da química verde, a preocupação com a saúde
humana, como também, a reversão do passivo ambiental, que deve ser
incluído no rol das preocupações do profissional de Engenharia Química.
Com isto, tem-se a atuação do profissional de Engenharia Química
no processamento de fertilizante orgânico um cuidado especial com a
observância das normativas para se manter e continuar no mercado com
um produto diferenciado ou certificado.
Assim, a discussão que se conduziu foi no sentido de que o
profissional de Engenharia Química para o exercício de sua atividade na
seara do processamento de fertilizante orgânico, precisa desenvolver as
etapas de produção de acordo com a legislação ou as normativas, de modo
71
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

a obter, de início, o registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e


Abastecimento – MAPA, e de igual modo, para obter e manter a certificação
do produto. Sob pena de cancelamento do registro ou mesmo o
impedimento do uso da certificação do produto, e por consequência o
comprometimento ou dúvida sobre a qualidade do que se produz.
Da discussão passa a apresentar as conclusões.

8 Conclusões
Dentro da atuação do exercício profissional de Engenharia Química,
tem-se o processamento de fertilizante orgânico, cuja exigência legal
impõem a observância normativa, tanto para o registro junto ao MAPA,
como acatamento das diretrizes para certificação de produtos que se deseja
receber o selo de controle de qualidade.
O entendimento do conceito legal de fertilizante orgânico é “ produto
de natureza fundamentalmente orgânica, obtido por processo físico,
químico, físico-químico ou bioquímico, natural ou controlado, a partir de
matérias-primas de origem industrial, urbana ou rural, vegetal ou animal,
enriquecido ou não de nutrientes minerais ” (cf. Art. 2º, inciso III, letra “b”, do
Anexo ao Decreto nº 4.954, de 14 de janeiro de 2004, que Regulamenta a
Lei nº 6.894, de 16 de dezembro de 1980). Observa-se que o controle do
processo de produção, do produto, do registro, da certificação e
acompanhamento por profissional habilitado e com Responsabilidade
Técnica é uma exigência para garantir o tipo de fertilizante e sua
manutenção no mercado consumidor, de modo que o produto não ofereça
risco para a saúde humano e ao meio ambiente.
Todavia, a problemática se estabelece a partir que ocorre ou se
identifica a inobservância das normativas para o processamento, o produto,
o registro e a certificação, sem tais cuidados pelos profissionais de
Engenharia Química ou a inobservação das normativas que rege a matéria
não se tem um produto, posto no mercado consumidor, tido como
“verdadeiramente” orgânico.
Sendo necessário e indispensáveis aos profissionais de Engenharia
Química a estrita observância das normativas no processamento de
fertilizante orgânico em toda extensão do processo. Pois, a garantia e
continuidade do registro e da certificação, depende da observação do rigor
72
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

normativo exigido pelos órgãos fiscalizadores, entre eles o Ministério da


Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA.
Inferências estas, do rigorismo na observância das normativas, são
alcançadas pela investigação que se pautou na pesquisa bibliográfica e
documental, sobretudo, do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento – MAPA.
O que se obteve como resultados da pesquisa bibliográfica e
documental forma um rol de referências e a formação de um banco de
dados, sobre a temática, indicando que a problemática da inobservação das
normativas impede o registro e não permite a certificação.
Desta forma, é necessário e indispensável a observância das
normativas que regem o processamento, o produto e o coloca no mercado
consumidor dentro de um parâmetro legal, no caso do processamento de
fertilizante orgânico observar os requisitos do registro e as diretrizes do
órgão de certificação do produto são condições indispensável que o
profissional responsável deve conduzir sua atuação para obter ou manter a
certificação do produto.
O que conduziu a discussão foi que o profissional de Engenharia
Química, ao exercer suas atividades, no caso de processamento de
fertilizante orgânico, deve fazer com observância nas normativas que rege
a atividade, sendo que ao desenvolver cada etapa do processo de
produção, precisa estar de acordo com a legislação, tanto para obter o
registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento –
MAPA, como para atender as exigências e diretrizes das certificadoras.
Neste sentido, a condução da pesquisa deve como objetivo conhecer
as normativas, os procedimentos de registro e demais documentação
exigida pelo MAPA, para o registro junto ao órgão, bem como, a busca pela
certificação do produto, de modo a executar o processamento de fertilizante
orgânico dentro dos parâmetros normativos.
O que leva ao problema de pesquisa que foi: O que é necessário e
indispensável ao profissional de Engenharia Química no processamento de
fertilizante orgânico, para ter, no mercado, um produto “verdadeiramente”
orgânico?
Reafirma que é necessário e indispensável ao profissional de
Engenharia Química no processamento de fertilizante orgânico, para ter, no
73
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

mercado consumidor, um produto visto e dito como “verdadeiramente”


orgânico, três quesitos básicos: a) observar as normativas dos normativas,
com o devido registro do produto no órgão competente, bem como, o
preenchimento e atenção as diretrizes das certificadoras, com atribuição de
selo; b) atenção e controle na dinâmica do processamento, com o devido
cuidado deste o recebimento da matéria-prima até a entrega final do
produto ao consumidor; e c) manter a padronização do produto, com o
devido rigor o padrão de qualidade e a observância na atualização
normativa pelos órgãos responsáveis.
Tem-se os três quesitos básicos elencados, como imperativo da
atividade profissional do Engenheiro Químico, reforçando que a
observância das normativas e sua aplicabilidade ou incidência no
processamento do fertilizante orgânico deve voltar-se para atenção na
atualização, alteração e mudanças que ocorrem na legislação ou nas
normativas.

9 Referências
ADUBARE. Fertilizante Orgânico Classe A. Disponível em:
http://www.adubare.com.br/produtos_fert_organico_certificado.html. Acesso
em: 2 maio 2021.
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Processo de
fabricação de biofertilizante . Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-
de-solucoes-tecnologicas/-/produto-servico/804/processo-de-fabricacao-de-
biofertilizante. Acesso em: 26 maio 2021.
ENAGO ACADEMY. A importância da seção de Resultados em artigos
acadêmicos. Disponível em:
https://www.enago.com.br/academy/importance-of-results-section-in-
academic-papers/. Acesso em: 26 maio 2021.
GALVÃO, Maria Cristiane Barbosa. O levantamento bibliográfico e a
pesquisa científica. Disponível em:
http://www2.eerp.usp.br/nepien/disponibilizararquivos/levantamento_bibliogr
afico_cristianegalv.pdf. Acesso em: 17 maio 2021.
GOVERNO DO BRASIL. Obter certificado de registro automático de produto
fertilizante, corretivo, condicionador de solo e substrato para plantas.
SIPEAGRO – Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos
74
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Agropecuarios. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/servicos/obter-


certificado-de-registro-automatico-de-produto-fertilizante-corretivo-
condicionador-de-solo-e-substrato-para-plantas. Acesso em: 22 abr. 2021.
LEAL, Marco Antônio. Produção de fertilizante orgânico de origem 100%
vegetal por meio da compostagem . Embrapa. Disponível em:
https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/1865056/artigo-
producao-de-fertilizante-organico-de-origem-100-vegetal-por-meio-da-
compostagem. Acesso em: 22 abr. 2021.
MACHADO, Lorenna. Como escrever os resultados e discussão do seu
trabalho acadêmico . Disponível em:
http://proficienciaconsultoria.com.br/como-escrever-os-resultados-e-
discussao-do-seu-trabalho-academico/. Acesso em: 24 maio 2021.
NEVES, Maria Cristina Prata. Capítulo 11 – Certificação como Garantia da
Qualidade dos Produtos Orgânicos. in. Agroecologia: Princípios e Técnicas
para uma Agricultura Orgânica Sustentável. Disponível em:
https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/AgrobCap11ID-
mbQRTLB0do.pdf. Acesso em: 27 maio 2021.
NUTRICELER. Fertilizante Certificado para Agricultura Orgânica . Disponível
em: http://www.nutriceler.com.br/adubacao-foliar/fertilizante-certificado-
para-agricultura-organica. Acesso em: 22 abr. 2021.
ORGANICSNET. Manual de certificação de produtos orgânicos . Disponível
em: https://www.organicsnet.com.br/certificacao/manual-certificacao/.
Acesso em: 16 maio 2021.
PROPEQ. Engenharia Química: como se insere no agronegócio? Disponível
em: https://propeq.com/post/agronegocio-engenharia-quimica/. Acesso em:
16 maio 2021.
RODRIGUES, William Costa. Metodologia Científica . FAETEC/IST.
Paracambi. 2007. Disponível em:
http://pesquisaemeducacaoufrgs.pbworks.com/w/file/fetch/64878127/Willian
%20Costa%20Rodrigues_metodologia_cientifica.pdf. Acesso em: 17 maio
2021.
SIGNIFICADOS. Significado de Pesquisa documental . Disponível em:
https://www.significados.com.br/pesquisa-documental/. Acesso em: 18 maio
2021.

75
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

SOUSA, Angélica Silva de; OLIVEIRA, Guilherme Saramago de; e ALVES,


Laís Hilário. A Pesquisa Bibliográfica: princípios e fundamentos . Disponível
em: https://www.google.com/search?q=Pesquisa+bibliogr
%C3%A1fica+segundo+autores&rlz=1C1GCEA_enBR948BR948&ei=_QuxY
JaFNd-n5OUP_sGVuA4&start=10&sa=N&ved=2ahUKEwjW9-
mp2OzwAhXfE7kGHf5gBecQ8tMDegQIAhA7&biw=1920&bih=880. Acesso
em: 28 maio 2021.
SOUZA, Maria Celia Martins de. Certificação de Produtos Orgânicos . IEA -
lnstituto de Economia Agrícola. Disponível em:
http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=260#:~:text=Para
%20que%20uma%20ag%C3%AAncia%20certificadora,selo%20emitido
%20seja%20reconhecido%20internacionalmente. Acesso em: 27 maio
2021.
TRANI, Paulo E.; TERRA, Maurilo Monteiro; TECCHIO, Marco Antonio;
TEIXEIRA, Luiz Antonio Junqueira; e HANASIRO, Jairo. Adubação
Orgânica de Hortaliças e Frutíferas . Instituto Agronômico de Campinas.
Disponível em:
https://www.bibliotecaagptea.org.br/agricultura/adubacao/ADUBACAO
%20ORGANICA%20DE%20HORTALICAS%20E%20FRUTIFERAS.pdf.
Acesso em: 22 abr. 2021.

76
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Engenharia Química na Produção de Maquiagens Hipoalergênicas:


controle de riscos alérgicos na utilização de produtos para pele

Andriely Costa de Mattos


andriely.costa@ufms.br

Isabela dos Santos Corrêa Crivelli


isabela.crivelli@ufms.br
Resumo: As Engenharias atuam na resolução de problemas práticos,
visando aperfeiçoar algo existente ou criar um novo. Sobretudo, a
Engenharia Química, pela dimensão, tem o intuito de verificar suas
produções, a fim de adequá-las às necessidades da globalização da
indústria química. Vinculando as novas tecnologias e o tripé da
sustentabilidade, algo que deve ser atribuído a Engenharia Química, é
a produção de maquiagens hipoalergênicas, com foco no controle dos
riscos alérgicos na utilização de produtos para pele. A fiscalização,
para o devido controle da produção, deve atentar-se ao planejamento,
componentes químicos, embalagem e rotulagem próprias, grau de
toxicidade e registro junto aos órgãos competentes. O objetivo é
analisar a composição química de acordo com a ANVISA (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária), e certificar a produção das
maquiagens. A metodologia foi a pesquisa bibliográfica e documental,
com base nos bancos de dados oficiais, com averiguação no Google
Acadêmico, SciELO, Redalyc e nas coletâneas de legislação do
Planalto. Os resultados encontrados evidenciam que o controle é feito
pela Câmara Técnica de Cosméticos da ANVISA, autonomia ligada ao
Ministério da Saúde e pela Resolução RDC nº. 7, de 10 de fevereiro de
2015. Frisando que maquiagem é uma substância natural ou sintética para uso externo na
pele, é necessário o controle da produção e certificação para evitar enfermidades aos seus
consumidores. As conclusões obtidas pela Engenharia Química, dentro da atuação
profissional na produção de maquiagens, evidenciam a necessidade de trabalhar vinculado
às especificações da ANVISA, bem como os regulamentos para o controle das produções.

Palavras-chave: Maquiagem. ANVISA. Controle de Produtos. Resolução RDC nº 7.


Alergias.

Sumário: 1 Introdução. 2 Engenharia Química na Produção de Maquiagens


Hipoalergênicas. 3 Descontrole de Riscos Alérgicos na Utilização de Produtos para Pele. 4

77
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Controle de Riscos Alérgicos na Utilização de Produtos para Pele. 5 Metodologia. 6


Resultados. 7 Discussão. 8 Conclusões. 9 Referências.

1 Introdução
As diferentes formas com que os indivíduos entendem o mundo
refletem nas Engenharias, as quais consistem na aplicação de
conhecimentos técnicos, matemáticos, sociais e econômicos na resolução
de problemas práticos, tendo em vista aprimorar algo existente ou
desenvolver novas tecnologias. Pela sua importância e extensão
profissional, a Engenharia Química tem integrado a verificação de suas
produções à globalização que a indústria sofre a cada dia não só para
reparar ocorrências postergadas, mas atender e adequar ocorrências
presentes e futuras a fim de conciliar com o tripé da sustentabilidade, isto é,
sociedade, ambiente e economia. Neste raciocínio, a Engenharia Química
tem de colaborar entre sua dimensão de atividades, operar na produção de
maquiagens hipoalergênicas, em particular no controle de riscos alérgicos
na utilização de produtos para pele, atentando-se ao planejamento,
componentes químicos, embalagem e rotulagem próprias, grau de
toxicidade e registro junto aos órgãos competentes. Este é o cerne que se
procura ao elaborar a “Engenharia Química na Produção de Maquiagens
Hipoalergênicas: controle de riscos alérgicos na utilização de produtos para
pele” .
A escolha de “Engenharia Química na Produção de Maquiagens
Hipoalergênicas: controle de riscos alérgicos na utilização de produtos para
pele” como proposta, advém da preocupação com possíveis reações
alérgicas entre os consumidores, refletindo uma necessidade de fiscalizar a
produção dessas mercadorias, visando bem-estar e conforto. O
acompanhamento e controle dos componentes utilizados na produção é um
fator importante que passa segurança na utilização. Com isso, expõe-se a
importância da produção de maquiagens hipoalergênicas.
A proposta limita-se às maquiagens hipoalergênicas e aos riscos
alérgicos na utilização destes produtos para pele. Dessa forma, não será
objeto de estudo outros tipos de maquiagens, como as antialérgicas,
veganas, sintéticas, dentre outras. Em conjunto, serão analisadas alergias
da epiderme, excluindo as análises de demais categorias de alergia.
O objetivo do tema escolhido é analisar a composição química das
maquiagens, verificando a viabilidade do uso de certos elementos de
78
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA para


certificação da produção das maquiagens.
O problema de pesquisa analisado se volta para a seguinte questão:
Qual é o conhecimento necessário e a designação do Engenheiro Químico
na produção de maquiagens hipoalergênicas para ser viável disponibilizar
em mercado um produto seguro e rotulado como hipoalergênico?
Na averiguação e direcionamento da solução ou prováveis soluções,
ao problema de pesquisa, consolidou-se, de forma prévia, três hipóteses,
que são:
a) a primeira hipótese aponta que o necessário e designado é
vivência profissional e técnicas elaboradas para chegar a um produto que
seja seguro;
b) a segunda hipótese leva a rotulagem do produto, na qual basta
colocar, em evidência, que o produto é hipoalergênico;
c) a terceira hipótese é na percepção que é necessário e designado
ao profissional da Engenharia Química ter propriedade e pleno
entendimento da legislação, de seguir o planejamento da produção e
trâmites impostos pelos órgãos fiscalizadores, entre eles a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, para que se detenha, de forma
correta, a certificação da produção de maquiagens hipoalergênicas e possa
ser disponibilizado em mercado um produto seguro e rotulado como
hipoalergênico.
Na busca por materiais e fontes através da pesquisa bibliográfica e
documental como metodologia, utilizou-se bancos de dados oficiais para
averiguação; o site do SciELO, Redalyc, Google Acadêmico para a
pesquisa bibliográfica, e para procurar pela legislação pertinente e
documentos oficiais referentes à temática, o site oficial planalto.gov.br, tal
como o site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA.
Na fundamentação teórica desta pesquisa, aproveitou-se os
seguintes autores e suas relativas obras: Luzimar Teixeira. Atributos
Ligados à Segurança em Cosméticos ; Agência Nacional de Vigilância
Sanitária - Anvisa. Classificação de Produtos de Higiene Pessoal,
Cosméticos e Perfumes ; Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa.
Guia para Avaliação de Segurança de Produtos Cosméticos ; Raiane Soares
de Oliveira. Uso de Maquiagem Associado a Reações de Hipersensibilidade
79
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Imediata: Uma Revisão Integrativa ; Mariana de Figueiredo Silva Hafner,


Ana Carolina Rodrigues e Rosana Lazzarini. Dermatite alérgica de contato
a cosméticos: análise retrospectiva de uma população submetida aos
testes de contato entre 2004 e 2017 ; Miriam Machado Cunico e Cristina
Peitz de Lima. Os Cosméticos e o Risco da Vaidade Precoce ; Suzana Maria
do Nascimento. et al . Cosméticos faciais que contém parabeno: Quais
efeitos colaterais podem causar na pele? ; Ana Paula Coelho Penna
Teixeira. et al . Análise Descritiva das Notificações de Eventos Adversos de
Produtos Cosméticos Registradas no Notivisa, no Período de 2006 a 2018 ;
Airyne de Souza Benvenutti, Andressa Veiga, Luciane Silvia Rossa e Fábio
Seigi Murakami. Avaliação da Qualidade Microbiológica de Maquiagens de
Uso Coletivo .
Os principais resultados alcançados ou obtidos demonstram que a
fiscalização e o controle são feitos pela Câmara Técnica de Cosméticos da
ANVISA, autonomia ligada ao Ministério da Saúde e pela Resolução RDC
nº. 7, de 10 de fevereiro de 2015. Como também, outras portarias e
regulamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA.
Salientando que a maquiagem é uma substância natural ou sintética para
uso externo na pele, sendo utilizada para fins estéticos. É exigido registro
do produto na ANVISA, a fiscalização e a certificação de sua produção com
o intuito de evitar possíveis enfermidades aos seus consumidores.
O método e a execução com a finalidade de controlar os riscos
alérgicos adstrito à Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, é o
acompanhamento e a fiscalização de acordo com as normativas, bem
como, possíveis substituições de componentes químicos agressivos,
impondo um planejamento a ser cumprido para a diminuição das
enfermidades.
No desenvolvimento da pesquisa e com a finalidade de registrar,
estabeleceu-se nove tópicos: i) uma introdução generalizada e sucinta com
descrição de informações mais relevantes, justificativa do problema, teorias
e base teórica; ii) o conceito de maquiagens hipoalergênicas e o papel do
profissional de Engenharia Química no processamento; iii) a descrição
detalhada do problema pesquisado; iv) a indicação da solução ao problema,
analisando cada uma das hipóteses levantadas; v) a descrição detalhada
da metodologia utilizada na pesquisa; vi) a descrição dos resultados obtidos
através dos bancos de dados e documentos; vii) a inscrição da discussão
com o material encontrado e a confrontação crítica e reflexiva da temática;
80
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

viii) as principais conclusões, a demonstração do alcance do objetivo da


pesquisa e a proposta de solução ao problema investigado; e ix) os dados
das referências consultadas no decorrer da pesquisa.
Com isto, obtém-se um caminho de entendimento da necessidade de
se analisar o controle dos riscos alérgicos na utilização de produtos para
pele, em particular, as maquiagens hipoalergênicas, da qual a
regulamentação é de competência da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária - ANVISA. Tangendo ao profissional de Engenharia Química que
atuará neste ramo, a compreensão da processualística e das normas para o
controle, do mesmo modo, ter o entendimento da regulamentação e das
determinações dos órgãos responsáveis, da inspeção e orientação para
poder coordenar avanços e inovações; instruir, cooperar e gerenciar
produções em diferentes áreas que o mesmo possa vir a atuar.

2 Engenharia Química na Produção de Maquiagens Hipoalergênicas


Na visão estética e na área da saúde, ao que se refere a produção
de cosméticos, o bem-estar humano e a preservação ambiental, cabe à
legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA auxiliada
pelo tripé da sustentabilidade, a revisão e a atenção para a produção de
itens que não agridam a higidez do consumidor e a biosfera. Neste
raciocínio, a Engenharia Química no setor industrial, da produção de
cosméticos, em particular para a saúde da pele, entre outros fatores
importantes, destaca-se a produção de maquiagens hipoalergênicas,
apresentando condições favoráveis para não adquirir reações alérgicas em
seu uso e aplicação.
A atuação do Engenheiro Químico na produção de maquiagens
hipoalergênicas, de forma a aperfeiçoá-la para obter produtos com
qualidade e consistentes, como também a preocupação com o controle da
produção, representa uma forma significativa para a saúde humana e o
meio ambiente.
Luzimar Teixeira, da faculdade Estácio, relata sobre: “Atributos
Ligados à Segurança em Cosméticos”, no seguinte excerto:
Hipoalergênicos
Significado/Comentário:

81
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Produto com menor potencial de causar reações alérgicas; o termo não é


recomendado pelo FDA (Food and Drug Administration) pois todo o produto
cosmético em tese, não deve ter potencial sensibilizante
Ensaios recomendados em humanos:
Ensaio de compatibilidade cutânea, de sensibilização e fotossensibilização,
sem ocorrência de reações.
Fonte: Luzimar Teixeira. Atributos Ligados à Segurança em Cosméticos. Disponível
em: http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/04/atributos-
relativos-a-seguranca-em-cosmeticos.pdf. Acesso em: 2 maio 2021.

O autor explica a classificação de um produto como “hipoalergênico”,


que deve ser um produto com riscos de reações alérgicas reduzidos em
relação a outros disponíveis no mercado, mas em teoria, todo cosmético
deve ser seguro em sua utilização e uma margem de incerteza não deveria
existir quando o produto em questão não possui restrições de venda, pois é
utilizado com frequência.
Esse potencial sensibilizante, porém, advém do uso de componentes
químicos que são, acessíveis e de menor custo, que em contrapartida
trazem riscos à dermatologia.
Todo produto está suscetível a reagir de forma negativa mesmo com
certificação hipoalergênica, o ideal é que o consumidor, antes de utilizá-lo
na área determinada, teste em uma pequena região para que qualquer
dúvida seja suprida.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no texto “Classificação de
Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes” traz a definição de
cosméticos, divididos pelo grau, no qual a maquiagem está inserida em
ambos, que é:
Classificação de Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes:
1. Definição de Produtos Grau 1: são produtos de higiene pessoal
cosméticos e perfumes cuja formulação cumpre com a definição adotada no
item 1 do Anexo I desta Resolução e que se caracterizam por possuírem
propriedades básicas ou elementares, cuja comprovação não seja
inicialmente necessária e não requeiram informações detalhadas quanto ao
seu modo de usar e suas restrições de uso, devido às características
intrínsecas do produto, conforme mencionado na lista indicativa "LISTA DE
TIPOS DE PRODUTOS DE GRAU 1" estabelecida no item "I" deste Anexo.
2. Definição de Produtos Grau 2: são produtos de higiene pessoal
cosméticos e perfumes cuja formulação cumpre com a definição adotada no
item 1 do Anexo I desta Resolução e que possuem indicações específicas,
cujas características exigem comprovação de segurança e/ou eficácia, bem
como informações e cuidados, modo e restrições de uso, conforme

82
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

mencionado na lista indicativa "LISTA DE TIPOS DE PRODUTOS DE


GRAU 2" estabelecida no item "II" deste Anexo.
3. Os critérios para esta classificação foram definidos em função da
probabilidade de ocorrência de efeitos não desejados devido ao uso
inadequado do produto, sua formulação, finalidade de uso, áreas do corpo
a que se destinam e cuidados a serem observados quando de sua
utilização.
Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. Classificação de Produtos
de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes. Disponível
em:https://www.gov.br/anvisa/pt-br/acessoainformacao/perguntasfrequentes/
cosmeticos/conceitos-e-definicoes. Acesso em: 2 maio 2021.

Seguindo as definições da Agência Nacional de Vigilância Sanitária,


produtos de grau 1 são genéricos, de composição básica e que não
necessitam de informações quanto ao uso por não possuírem restrições ou
objetivos específicos ligados a tratamento e/ou proteção.
Enquanto produtos de grau 2 são específicos para tratamento,
proteção e/ou tem um público alvo, o que significa uma necessidade de
desenvolvimento focado em eficácia e comprovação científica, além de
rótulos específicos de como utilizá-lo.
O autor determina o que são cosméticos e faz referência aos tipos,
todavia não explica como os recursos técnicos e científicos devem ser
empregados para que as reações sejam hipoalérgicas.
Há algumas considerações gerais e exigências mínimas que a
ANVISA impõe para que sejam produzidos cosméticos seguros ao uso.
Abaixo segue um excerto desses termos:
Considerando que a ausência de risco não existe e, dadas as dificuldades
para estabelecer conceitos relativos a uma condição razoavelmente
previsível de uso, o responsável por um produto cosmético deve empregar
recursos técnicos e científicos suficientemente capazes de reduzir
possíveis danos aos usuários, ou seja:
a) formular o produto com ingredientes diferenciados, conforme
estabelecido nas RDC 211/05 e Portaria 295/98 e suas atualizações, e
reconhecidamente seguros (BRASIL, 2005a; BRASIL, 1998);
b) obter dados de segurança dos produtos acabados;
c) seguir as Boas Práticas de Fabricação e Controle, conforme
estabelecido na Portaria 348/97 e suas atualizações (BRASIL, 1997);
d) fornecer informações ao consumidor, da maneira mais clara possível, a
fim de evitar o uso inadequado do produto;
e) avaliar as reações ocasionadas por produtos cosméticos disponíveis no
mercado, utilizando-se das ferramentas da Cosmetovigilância (BRASIL,
2005b);

83
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. Guia para Avaliação de


Segurança de Produtos Cosméticos. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-
br/centraisdeconteudo/publicacoes/cosmeticos/manuais-e-guias/guia-para-
avaliacao-de-seguranca-de-produtos-cosmeticos.pdf. Acesso em: 2 maio 2021.

O guia permite ao profissional da Engenharia Química chegar à


obtenção do controle e avaliação dos produtos cosméticos por meio do uso
de componentes adequados em sua produção, da fiscalização e aprovação
dos passos e do resultado final para que o produto em questão seja
verificado em laboratório e eficaz, além de não acarretar riscos ao
consumidor.
Para ser eficiente em sua aplicação e finalidade, disponibilizar o
“modo de uso” com linguagem simples e direta em local de fácil visibilidade.
Em conjunto ao acompanhamento de possíveis reações que venham a
ocorrer e ação imediata para sanar tais falhas.
Esse embasamento metódico é promovido através do órgão
responsável pela certificação de um produto ao mercado, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA.
Requisito para a utilização da classificação, maquiagem
hipoalergênica, “A menção hipoalergênica pode ser atribuída àqueles
produtos cujo baixo potencial alergênico é reconhecido e comprovadamente
reduzido, em relação a produtos do mesmo tipo e de função similar.”
(Parecer Técnico nº 5, de 28 de setembro de 2001 apresentado pela
Comissão Técnica de Assessoramento na Área de Cosméticos - CTAC e
Câmara Técnica de Cosméticos - CATEC).
Portanto, a utilização dos produtos hipoalergênicos é benéfica à pele
se comparado aos cosméticos normais, pois eles têm componentes menos
agressivos e passam por um processo de fiscalização e controle de
qualidade rigoroso.
Desta forma, é explícita a necessidade de um Engenheiro Químico,
para acompanhar e fiscalizar essa produção e garantir que as exigências
sejam seguidas.
Assim, como uma das áreas de atuação do Engenheiro Químico é a
cosmetologia, e o seu trabalho é sempre na busca de meios de produção e
produtos de eficiência, a sua atividade na indústria de maquiagens
hipoalergênicas se faz necessária para que se cumpra o requisito para a
utilização da classificação “maquiagem hipoalergênica” de forma correta,

84
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

também há uma exigência para que ocorra toda a fiscalização determinada,


o controle de segurança e os testes necessários, para disponibilizar ao
consumidor um produto seguro e que obedece a sua rotulagem como
hipoalergênico.
Observado o conceito de maquiagens hipoalergênicas, passa-se a
retratar o problema de pesquisa que é o descontrole de riscos alérgicos na
utilização de produtos para pele.

3 Descontrole de Riscos Alérgicos na Utilização de Produtos para Pele


No que se refere a produção de maquiagens hipoalergênicas, o
Engenheiro Químico se sobressai, recebendo atribuição de ser o
Responsável Técnico pelo produto até a chegada para os consumidores e
sua utilização. Desta maneira, o controle de qualidade, presente na
certificação de produtos, faz-se necessário durante todas as etapas da
produção até o fornecimento final para os consumidores. O controle de
qualidade realizado neste caminho garante o padrão de qualidade e ao
mesmo tempo permite que falhas sejam identificadas ou qualquer elemento
químico contaminante e/ou comprometedor aos usuários. Para isto, o
descontrole de riscos alérgicos na utilização de produtos para pele leva a
suspensão ou adiamento da certificação, além de consequências jurídicas e
indenizatórias, por uso inapropriado e o engano dos usuários.
A falta de controle das reações alérgicas em consumidores advém da
questão que foi estabelecida como problema a ser analisado: Qual é o
conhecimento necessário e a designação do Engenheiro Químico na
produção de maquiagens hipoalergênicas para ser viável disponibilizar em
mercado um produto seguro e rotulado como hipoalergênico?
O conhecimento necessário para evitar tais ocorrências, exige um
Engenheiro Químico durante o processo inteiro, com entendimento das
exigências na produção de cosméticos hipoalergênicos, bem como, da
fiscalização e normas a serem seguidas. Na questão do descontrole dos
riscos alérgicos em produtos para a pele deve se atentar aos componentes
que vão ser utilizados e devidos testes que devem ser feitos, para ter um
produto certificado, seguro e hipoalergênico. Afirmando após feita a devida
fiscalização estar de acordo com as normativas, não contendo
85
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

componentes agressivos ao consumidor e que possam causar


enfermidades. Tendo em sua rotulagem indicações sobre o modo de uso e
toda a sua composição.
Por isso, o profissional deve ter conhecimento sobre os cosméticos
hipoalergênicos, seguindo as exigências da ANVISA, e através de análise,
encontrar os melhores componentes para ser possível disponibilizar um
produto seguro no mercado.
A maquiagem está presente na vida das pessoas desde muito tempo atrás.
A partir da modernização da indústria e da crescente demanda de produtos
cada vez melhores e mais pigmentados, os óxidos metálicos começaram a
ser adicionados: cádmio, cobalto, cromo, níquel, arsênio, mercúrio e
chumbo. Estes eram alguns dos metais tóxicos que eram obtidos a partir
dos aparatos metálicos que eram utilizados na fabricação dos produtos.
A insegurança do uso dos cosméticos usados pelos seres humanos está
estampada em diversos estudos, que relatam dentre outras informações,
que o níquel, cromo e cobalto, estão relacionados ao surgimento de
alergias oriunda de maquiagens com a presença deste. Os experimentos
relatam também o perigo da associação desses materiais com a presença
de nanopartículas de óxidos metálicos. Esta associação acaba causando a
absorção dos metais citados, mesmo eles sendo inertes e insolúveis
(CEZIMBRA, 2014).
Fonte: Raiane Soares de Oliveira. Uso de Maquiagem Associado a Reações de
Hipersensibilidade Imediata: Uma Revisão Integrativa. Disponível em:
http://www.sistemasfacenern.com.br/repositorio/admin/acervo/603be0a039d5a98398
027e4bf2e73651.pdf. Acesso em: 11 maio 2021.

A autora discorre sobre o uso de componentes inadequados para


aplicação na pele e possíveis causadores das reações alérgicas pelo seu
caráter tóxico, tais componentes, mesmo produzindo maquiagens
pigmentadas, traz insegurança na utilização do cosmético, proporcional a
intensidade do pigmento.
O descontrole dos riscos alérgicos é causado, em partes, pela falta
de fiscalização na utilização de óxidos metálicos, que deveriam ser
substituídos por componentes seguros, pois a maquiagem é um produto de
uso diário e com isso a pele absorve esses tóxicos causando enfermidades.
Reforçando que o problema do descontrole de riscos alérgicos na
utilização de produtos para pele, como sendo responsabilidade do
Engenheiro Químico na produção de maquiagens hipoalergênicas leva ao
embargo de se ter ou colocar em comércio um produto hipoalergênico
seguro e que possa ser rotulado dessa forma, por falta do cumprimento de
exigências legais ou de controle de qualidade legitimada.

86
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Assim, o descontrole de riscos alérgicos na utilização de produtos


para pele, através dos Engenheiros Químicos na produção de maquiagens
hipoalergênicas, provoca o embargo e a certificação do produto colocado
em comércio como seguro e rotulado hipoalergênico.
Da descrição do problema de pesquisa passa a apontar e debater as
hipóteses e a provável solução com controle de riscos alérgicos na
utilização de produtos para pele, do qual o responsável técnico deve
restringir-se de forma disciplinada.

4 Controle de Riscos Alérgicos na Utilização de Produtos para Pele


No comércio de produtos cosméticos, a busca por mercadorias
diferenciadas e com certificação de origem, produção e severo controle de
qualidade, obrigam os Responsáveis Técnicos a ter responsabilidade sobre
o controle de qualidade dos componentes químicos, da matéria-prima, da
produção, embalagem e rotulagem, armazenamento e a logística. Bem
como necessita severidade no controle de riscos alérgicos na utilização de
produtos para pele, neste caso, das maquiagens hipoalergênicas. Visto que
o controle integra valor ao produto e ao mesmo tempo assegura uma
certificação rigorosa em consequência da dedicação assídua, metodologias
e regulamentações na produção do produto até chegar à mercadoria final
ao usuário.
Para isto, verifica-se que o problema de pesquisa analisado se volta
para a seguinte questão: Qual é o conhecimento necessário e a designação
do Engenheiro Químico na produção de maquiagens hipoalergênicas para
ser viável disponibilizar em mercado um produto seguro e rotulado como
hipoalergênico?
Determinando na problemática qual o conhecimento necessário e
designação do Engenheiro Químico para a atividade de Responsável
Técnico, na produção de maquiagens hipoalergênicas, observando desta o
acompanhamento dos elementos químicos ou matéria-prima, a fase
completa de produção, na qual se procura a técnica ideal, a execução dos
protocolos até a chegada no produto final, pronto para o direcionamento ao
comércio, caminho logístico este, que obtém supervisão, além da

87
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

orientação adequada do armazenamento do produto, seu acondicionamento


e aplicação no destino final aos consumidores.
Na resposta ao questionamento determinou-se, a princípio, três
hipóteses que passam a ser estudadas.
Na primeira hipótese tem-se que “ o necessário e designado é a
vivência profissional e técnicas elaboradas para chegar a um produto que
seja seguro”.
A vivência profissional e o conhecimento de técnicas a serem
aplicadas são relevantes, entretanto, há também a necessidade de se
estudar as normas e a fiscalização exigida, os componentes indicados e os
contraindicados, pois quando o que está sendo produzido são cosméticos
hipoalergênicos, a margem de risco deve ser inexistente, por se tratar de
produtos aplicados na pele. Para o controle dos riscos alérgicos, é
importante o seguimento das normativas, a substituição de componentes
com potencial alergênico e a fiscalização com rigor do processo inteiro. Não
sendo suficiente apenas a vivência profissional e o conhecimento de
técnicas na produção de maquiagens hipoalergênicas. O que se opõe a
esta hipótese.
Na segunda hipótese tem-se a resposta que: “leva à rotulagem do
produto, na qual basta colocar, em evidência, que o produto é
hipoalergênico”.
A rotulagem do produto para comércio e para seu reconhecimento é
necessária.
A informação de que o produto é hipoalergênico é obrigatória em sua
rotulagem, se de fato for, para ser transparente com o consumidor, mas
apenas isso não é suficiente e não evita potenciais alérgicos, ainda é
preciso apresentar certificação de fiscalização, comprovando que ele é
hipoalergênico. Para prevenir risco alérgico, é indicado apresentar também
no rótulo junto com sua classificação seu modo de usar, para que não haja
confusão em sua utilização e possíveis reações por erro em sua aplicação.
Logo, apenas colocar em evidência no rótulo que o produto é
hipoalergênico não traz um controle dos riscos alérgicos, a não ser que
apresente certificação de tal rotulagem, e também instruções sobre seu
uso. Dessa forma, a hipótese não se faz suficiente à resolução do
problema, o que a faz ser refutada.

88
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Na terceira hipótese tem-se a determinação que: “é necessário e


designado ao profissional da Engenharia Química ter propriedade e pleno
entendimento da legislação, de seguir o planejamento da produção e
trâmites impostos pelos órgãos fiscalizadores, entre eles a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, para que se detenha, de forma
correta, a certificação da produção de maquiagens hipoalergênicas e possa
ser disponibilizado em mercado um produto seguro e rotulado como
hipoalergênico”.
Nesta hipótese, se diz necessário e designado ao Engenheiro
Químico os seguintes elementos: ter propriedade e pleno entendimento da
legislação, para que não ocorra transgressões; seguir o planejamento da
produção e trâmites impostos pelos responsáveis da fiscalização, dessa
forma, evitando o uso de produtos inadequados a tal rotulagem e
removendo possíveis riscos na produção e utilização do produto; e
obtenção da certificação e rotulagem de forma correta, produzindo assim,
um produto hipoalergênico que segue todas as normativas, sendo assim,
seguro para sua comercialização e ao consumidor.
Logo, sanado os problemas verificados, demonstrando também o que
é necessário e designado ao profissional ao disponibilizar um produto
seguro e rotulado como hipoalergênico em mercado, ela corresponde ao
necessário.
Assim, o necessário e designado ao Engenheiro Químico para a
produção de cosméticos hipoalergênicos seguros, desde a escolha dos
componentes adequados, processo industrial e rotulagem, é o
conhecimento das normativas, legislação e um trabalho de acordo com a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, para que ocorra o
controle dos riscos alérgicos e uma fiscalização adequada durante o
processo de produção inteiro. Sendo seguidas as normas com rigor, por
profissionais com conhecimento pleno na área, a rotulagem de um produto
como “hipoalergênico” que é seguro em sua utilização na pele é garantida.
Da análise do controle de riscos alérgicos na utilização de produtos
para a pele, tal como as maquiagens hipoalergênicas, passa-se a
apresentar a metodologia usada na pesquisa a seguir.

5 Metodologia

89
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

A metodologia integra-se como a ferramenta que possibilita a


qualificação do trabalho como ciência, sobressaindo dos demais tipos
textuais. A metodologia entende-se no seguimento do passo a passo para
solucionar uma questão de forma segura.
Na definição tem-se que a metodologia, segundo Eduardo Moresi, é:
Metodologia científica entendida como um conjunto de etapas
ordenadamente dispostas que você deve vencer na investigação de um
fenômeno. Inclui a escolha do tema, o planejamento da investigação, o
desenvolvimento metodológico, a coleta e a tabulação de dados, a análise
dos resultados, a elaboração das conclusões e a divulgação de resultados.
Fonte: Eduardo Moresi. Metodologia da Pesquisa . Brasília. 2003. Disponível em:
https://www.academia.edu/download/34909124/MetodologiaPesquisa-
Moresi2003.pdf. Acesso em: 23 maio 2021.

E na definição de Pedro Demo tem-se que a metodologia, é:


Metodologia é uma preocupação instrumental. Trata das formas de se fazer
ciência. Cuida dos procedimentos, das ferramentas, dos caminhos. A
finalidade da ciência é tratar a realidade teórica e praticamente. Para
atingirmos tal finalidade, colocam-se vários caminhos. Disto trata da
metodologia.
Fonte: Pedro Demo. Introdução à Metodologia da Ciência . São Paulo. 1985.
Disponível em:
http://maratavarespsictics.pbworks.com/w/file/fetch/74301206/DEMO-Introducao-a-
Metodologia-da-Ciencia.pdf. Acesso em: 23 maio 2021.

Percebe-se que a metodologia se compreende como uma realização


de etapas impostas de forma ordenada pela ciência para formular e
solucionar problemas. A metodologia, como ciência, permite a segurança
na elaboração do passo a passo da pesquisa, o que assegura qualidade e
controle dentro de uma logicidade encaminhada e prevista.
Nesta lógica, a pesquisa bibliográfica e documental foi a metodologia
utilizada.
De acordo com Neusa Dias de Macedo, no livro “Iniciação à
Pesquisa Bibliográfica” , a pesquisa bibliográfica é:
Conceito restrito: é a busca de informações bibliográficas, seleção de
documentos que se relacionam com o problema de pesquisa (livros,
verbetes de enciclopédia, artigos de revistas, trabalhos de congressos,
teses etc.) e o respectivo fichamento das referências para que sejam
posteriormente utilizadas (na identificação do material referenciado ou na
bibliografia final).
Conceito amplo: No sentido amplo, a pesquisa bibliográfica é entendida
como o planejamento global-inicial de qualquer trabalho de pesquisa, o
qual envolve uma série de procedimentos metodológicos, configurados em
etapas de trabalho.
90
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Fonte: Neusa Dias de Macedo. Iniciação à Pesquisa Bibliográfica . São Paulo. 1995.
Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=2z0A3cc6oUEC&oi=fnd&pg=PA7&dq=inicia%C3%A7%C3%A3o+
%C3%A0+pesquisa+bibliogr%C3%A1fica&ots=SD-jbfvpGE&sig=ZGFfnGPDsO64x-
m9sYopathH6Fk. Acesso em: 23 maio 2021.

A autora compreende a pesquisa bibliográfica em dois conceitos, um


restrito e outro amplo, correlacionando-os é possível afirmar que é a base
para qualquer pesquisa, pois possibilita o conhecimento sobre determinada
matéria ou assunto.
A definição de pesquisa documental estudada na obra “Pesquisa
Qualitativa em Geografia: reflexões teórico-conceituais e aplicadas” , é:
A pesquisa documental é entendida como a análise de materiais que não
receberam tratamento analítico/científico ou podem ser reelaborados de
acordo com os objetos de pesquisa. A seleção do documento dependerá da
questão que se busca responder. Nesse sentido, apresenta-se uma
discussão acerca da pesquisa documental e dos principais materiais
considerados documentos.
A pesquisa documental representa um recurso capaz de trazer
contribuições importantes para a pesquisa, porque pode auxiliar na
compreensão dos fatos. Assim, os documentos merecem atenção especial
nos estudos qualitativos.
Os documentos podem dizer muito acerca dos princípios e normas que
regem o comportamento de um grupo e as relações entre diferentes
grupos. Esse procedimento pode ser combinado com outras técnicas, como
entrevista e observação. Geralmente, recorre-se aos documentos quando
se busca identificar uma ou mais tendências no comportamento de um
fenômeno.
Fonte: Glaucio José Marafon, Julio Cesar de Lima Ramires, Miguel Angelo Ribeiro e
Vera Lúcia Salazar Pessôa. Pesquisa Qualitativa em Geografia: reflexões teórico-
conceituais e aplicadas. Rio de Janeiro. 2013. Disponível em:
http://books.scielo.org/id/hvsdh/pdf/marafon-9788575114438.pdf#page=203. Acesso
em: 23 maio 2021.

Os autores afirmam que a pesquisa documental permite


compreender e obter dados e informações de origens primárias que não
receberam tratamento científico, analítico ou que podem ser reelaborados
obedecendo os objetivos da pesquisa.
Neste caso, a busca por materiais e fontes foi traçada nos preceitos
da pesquisa bibliográfica e documental. Com os conceitos estabelecidos,
passou-se a desenvolver a pesquisa em seu passo a passo.
Após a definição da metodologia da pesquisa bibliográfica e
documental, iniciou-se a descrição. A primeira etapa foi definir o tema do
objeto de estudo que iria direcionar o trabalho.
91
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Logo no início, houve um consenso sobre os cosméticos, em


específico, as maquiagens, mas é um tema com abrangência ampla, o que
levou a um direcionamento para as “maquiagens hipoalergênicas” que
carecem de atenção e qualidade. Ainda era necessária uma área
específica, pois as maquiagens envolvem diferentes profissionais, e dessa
forma incluiu-se a “Engenharia Química” que implica o controle por meio da
gestão e fiscalização das reações alérgicas na utilização dos produtos.
A etapa seguinte foi voltada ao subtítulo, estabelecendo qual o
problema e a respectiva solução. O problema nessa área é o descontrole
das reações alérgicas resultante da utilização dos cosméticos, na temática,
os hipoalergênicos. A solução para tal problema, seguindo a lógica de “ter
ou não ter”, resulta no controle das reações alérgicas na utilização de
produtos para pele.
Com a proposta já definida, foram feitas pesquisas para viabilidade
do tema, iniciando assim o banco de dados, com o intuito de reunir uma
quantidade satisfatória de possíveis referências a serem utilizadas no
momento de formulação de hipóteses para solução da problemática acima
apresentada.
Na montagem do banco de dados utilizou-se a pesquisa bibliográfica,
dando preferência a sites com fontes confiáveis e dados oficiais como,
Redalyc, SciELO, Google Acadêmico e planalto.gov.br.
Em todas as fontes, fazendo uso das palavras-chave, foram
encontrados materiais satisfatórios para a pesquisa, o que confirma a
viabilidade da proposta. Após essa primeira apuração de documentos, foi
feita uma seleção e análise mais criteriosa, com intuito de manter apenas
arquivos relevantes, como documentos oficiais da ANVISA e aprofundar-se
no assunto, obtendo também conhecimento dos dados. Com um total de
vinte e seis textos relacionados ao tema, havia quantidade suficiente de
material para consulta.
Já com o banco de dados pronto, a próxima etapa foi o
entendimento, organização e início efetivo da escrita do artigo científico.
Nesse momento utilizou-se a construção do texto por meio de parágrafos.
Começou com a formulação do título e subtítulo, em que se descreveu o
objeto de estudo e após, a solução da problemática.
Após feita a confirmação do título e subtítulo por meio da
averiguação no banco de dados, foi formulado o resumo, seguindo a ABNT
92
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

NBR 6028, apresentando cinco informações relevantes: i) contexto -


situando o título e subtítulo; ii) objetivo - verbo no infinitivo; iii) metodologia
- descrição sucinta da formulação do banco de dados; iv) os resultados - o
que foi encontrado no banco de dados; e v) as conclusões - os resultados
obtidos.
O próximo passo avançou para a produção da introdução por meio
de doze parágrafos explicativos, sempre analisando os parâmetros e as
orientações estabelecidas no passo anterior. Dando continuidade, foram
formuladas hipóteses pautadas no banco de dados, contendo possíveis
soluções a problemática, elaborou-se um tópico demonstrando por meio de
fontes confiáveis quais as falhas que resultam no problema.
Em sequência realizou-se consulta nos textos do banco de dados
com a finalidade de encontrar soluções viáveis, e descrever os resultados
encontrados.
Assim, para metodologia de busca, utilizou-se a pesquisa
bibliográfica e documental, que proporcionou a construção de um banco de
dados que auxiliou no entendimento dos conceitos e na busca da solução
do problema proposto. A pesquisa bibliográfica permitiu firmar as definições
essenciais e indispensáveis. Ao mesmo tempo que a pesquisa documental
proporcionou o conhecimento da legislação e protocolos da produção de
maquiagens hipoalergênicas, de acordo com a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária - ANVISA.
Depois de vista a metodologia passa-se a apresentar os principais
resultados descobertos nos bancos de dados.

6 Resultados
O item que aborda os resultados compõe-se na exposição do que foi
obtido e separado no banco de dados, apontando dados pertinentes e
adicionais que até o momento não foram usados nos itens anteriores, mas
que são de apoio à pesquisa.
Fauze Najib Mattar, Fábio Roberto Fowler, Mauro Calixta Tavares e
Robert Wright Pieren, no texto, “Redação de Documentos Acadêmicos -
Conteúdo e Forma”, trazem um entendimento de como proceder no item
dos resultados de um trabalho acadêmico:
Resultados
93
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Destina-se a ressaltar as evidências que esclareçam cada questão


levantada através de análises quantitativas e qualitativas das informações
e dados obtidos, sempre relacionando esses resultados com os objetivos,
questões e hipóteses a pesquisa e dando-lhes significado frente ao
referencial teórico. Compreende também este Item uma discussão dos
resultados frente aos objetivos propostos no estudo.
Fonte: Fauze Najib Mattar, Fábio Roberto Fowler, Mauro Calixta Tavares e Robert
Wright Pieren. Redação de Documentos Acadêmicos - Conteúdo e Forma.
Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5200476/mod_resource/content/1/Reda
%C3%A7%C3%A3o%20de%20documentos.pdf. Acesso em: 31 maio 2021.

E na concepção de Marcos Eduardo Zambanini, Rosângela Sarmento


Silva, Rúbia Oliveira Corrêa e Thaís Ettinger Oliveira Salgado, em texto,
“Manual para Elaboração e Normalização de Trabalhos Acadêmicos” , os
resultados são:
Esta é a fase em que os dados alcançados são apresentados, comentados
e interpretados com auxílio de gráficos, tabelas ou figuras. Ao longo da
realização da pesquisa, o autor vai adquirindo cada vez mais
conhecimentos que o tornam capaz para interpretar os dados obtidos e tirar
conclusões sobre eles, portanto é a melhor comprovação de que o autor
conhece tanto o assunto quanto os métodos que empregou ao longo de
toda a pesquisa. Sendo assim, a apresentação e análise dos dados ou
resultados é onde e quando o pesquisador interpreta os dados encontrados
na pesquisa contendo toda a argumentação com a capacidade de
interpretar criticamente os resultados.
Fonte: Marcos Eduardo Zambanini, Rosângela Sarmento Silva, Rúbia Oliveira
Corrêa e Thaís Ettinger Oliveira Salgado. Manual para Elaboração e Normalização
de Trabalhos Acadêmicos. Disponível em:
https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/14040/2/ManualTCC-DAD.pdf. Acesso em: 31 maio
2021.

Os autores trazem uma visão importante de como e quais aspectos


são relevantes na hora de montar o tópico de resultados, que estejam
vinculados com os demais tópicos já descritos, além de demonstrar ao leitor
que o autor do trabalho tem domínio do assunto.
Os resultados, com método de pesquisa bibliográfica, têm de retratar
a qualidade na separação e elaboração do banco de dados. Para isto, o
ordenamento dos assuntos importantes e pertinentes será feito com o
seguimento dos itens, ou seja, o objeto de estudo, o problema, a possível
solução e o método utilizado. Evidenciando como foram expostos:
i) Engenharia Química na Produção de Maquiagens Hipoalergênicas
Entre as atuações do Engenheiro Químico está a gestão dos
processos industriais de produção, tornando-se assim, o responsável por
94
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

fiscalizar e decidir quais os melhores componentes a serem utilizados na


fórmula. Dessa forma, o profissional se faz necessário na produção de
maquiagens hipoalergênicas.
Pela grande quantidade de fórmulas que compõem produtos cosméticos,
há uma necessidade de se ter um responsável por fiscalizar e garantir que
não haja efeitos tóxicos ou adversos nos seus usuários, ou seja, garantir a
qualidade dos mesmos, e para essa função têm-se os setores regulatórios
competentes que prestam esse serviço. (APOLINÁRIO 2013).
Fonte: Raiane Soares de Oliveira. Uso de Maquiagem Associado a Reações de
Hipersensibilidade . Disponível em:
http://www.sistemasfacenern.com.br/repositorio/admin/acervo/603be0a039d5a98398
027e4bf2e73651.pdf. Acesso em: 31 maio 2021.

Em conjunto com os responsáveis pela fiscalização, o profissional da


Engenharia Química garante a procedência do processo inteiro, pois tem o
conhecimento das normativas e das leis que regem a indústria de
cosméticos hipoalergênicos.
No artigo, as autoras demonstram que os componentes utilizados na
produção influenciam em conjunto com a frequência do uso e a associação
a outros cosméticos, por esta razão, os ingredientes a serem utilizados
devem seguir as normas e exigências substituindo os componentes
agressivos por outros semelhantes em sua finalidade.
Os cosméticos fazem parte do cotidiano da população e são mais usados
pelas mulheres, que em média aplicam 12 produtos por dia, os quais
podem conter até 168 componentes diferentes, enquanto os homens usam
até seis produtos com média de 85 componentes.
Embora os efeitos adversos mais comuns causados pelo uso de
cosméticos sejam as dermatites irritativas, as dermatites alérgicas de
contato (DAC) também ocorrem, correspondem a cerca de 1% das reações.
A incidência de DAC varia de acordo com a região, frequência de uso dos
cosméticos, poder alergênico dos produtos usados e acessibilidade para
testes de contato (que confirmam o diagnóstico). O fator de risco para sua
ocorrência é o aumento do uso de cosméticos, de modo que a população
mais acometida é a feminina na faixa dos 20 aos 55 anos.
Fonte: Mariana de Figueiredo Silva Hafner, Ana Carolina Rodrigues e Rosana
Lazzarini. Dermatite alérgica de contato a cosméticos: análise retrospectiva de uma
população submetida aos testes de contato entre 2004 e 2017 . Disponível em:
https://www.anaisdedermatologia.org.br/pt-dermatite-alergica-contato-cosmeticos-
analise-articulo-S2666275220303076. Acesso em: 31 maio 2021.

Para evitar essas reações alérgicas o ideal é a utilização de produtos


hipoalergênicos por conterem componentes menos agressivos à pele e que
mesmo com o tempo e frequência de uso, o potencial alergênico é
insignificante.

95
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

ii) Descontrole de Riscos Alérgicos na Utilização de Produtos para


Pele
O descontrole de riscos alérgicos na utilização de produtos para
pele, aborda o problema, mas é interpelado por causa dessas reações que
se concede a solução da questão pela composição destes produtos.
Miriam Machado Cunico e Cristina Peitz de Lima, em texto, “Os
Cosméticos e o Risco da Vaidade Precoce”, dissertam sobre:
Em busca da beleza imposta pela sociedade globalizada, muitas pessoas
utilizam os cosméticos sem considerar a composição química, indicação e
a validade dos mesmos. Apesar das substâncias utilizadas em cosméticos
estarem sujeitas a normas de órgãos reguladores e precisarem ser
registradas na ANVISA, o perigo que as mesmas representam é inegável.
As reações alérgicas podem ser produzidas por exposição contínua de um
indivíduo a uma determinada substância presente em um cosmético. Pode
ocorrer uma combinação de uma substância com algumas proteínas
presentes no organismo, causando falhas bioquímicas ou enzimáticas, cuja
intensidade depende da genética do indivíduo. O cérebro humano reage
interpretando que está há um invasor e produz histamina, visando
neutralizar a ação da substância “agressora”. Contudo, os efeitos da
histamina variam de pessoa para pessoa, e em todos os casos ocorre uma
redução da imunidade das mesmas e aumento da propensão a doenças.
Em casos mais extremos de sensibilização, causa o fechamento das vias
respiratórias e morte por sufocação.
A composição dos cosméticos usados diariamente por milhares de pessoas
contém substâncias potencialmente perigosas para a saúde. O uso
prolongado pode provocar doenças mais graves, como o câncer. A ditadura
da beleza imposta pela sociedade e explorada em comercias de produtos
cosméticos desponta nas crianças e adolescentes o interesse precoce e
desnecessário por estes produtos. Assim, o uso exagerado de formulações
cosméticas por esta faixa etária sem a devida orientação de pais e
responsáveis, muitos dos quais sem noção do perigo, acaba por aumentar
a incidência dos quadros alérgicos e irritações cutâneas, assim como de
intoxicações por ingestão.
Fonte: Miriam Machado Cunico e Cristina Peitz de Lima. Os Cosméticos e o Risco
da Vaidade Precoce . Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Miriam-
Cunico/publication/216900480_Os_cosmeticos_e_o_risco_da_vaidade_precoce/
links/568eeeda08ae78cc051615ed/Os-cosmeticos-e-o-risco-da-vaidade-
precoce.pdf. Acesso em: 31 maio 2021.

As autoras explicam como a utilização desenfreada de cosméticos


desprovida de conhecimento de como são compostos, podem resultar em
reações alérgicas, pois sabe-se que os cosméticos vendidos ainda
possuem substâncias que acabam sendo agressivas para a pele do
usuário, ou seja, o uso contínuo desses produtos pode resultar em alergias,
96
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

desde leves até as graves, que é dada não pelo próprio produto, mas sim
por alguma substância presente em sua fórmula.
Para combater esse descontrole de riscos alérgicos na utilização de
produtos para pele, é necessária uma alteração na composição da fórmula,
não fazendo uso desnecessário de componentes com potencial de reação.
No entanto, a Engenharia Química e os estudos realizados acerca da
composição química dos produtos para pele, como as maquiagens, indicam
a probabilidade de se produzir produtos hipoalergênicos que possibilitem a
utilização frequente e segura pois é composto por componentes inofensivos
mesmo que sejam utilizados durante anos. Entretanto, é adequado que
comece o uso após a infância.
Tem-se produtos que utilizam parabenos em suas composições o
que pode acarretar reações alérgica aos usuários, é o que Suzana Maria do
Nascimento. et al , discorre no texto “Cosméticos faciais que contém
parabeno: Quais efeitos colaterais podem causar na pele?”:
Atualmente existem vários produtos faciais disponíveis no mercado, com
múltiplos benefícios. Ao serem aplicados sobre a pele, os cosméticos
interagem com os queratinócitos presentes na epiderme, com os folículos
pilosos e as glândulas sudoríparas. Este processo é chamado de
permeação cutânea, no qual o ativo estabelece sua função desejada na
pele. (LEONARDI, 2008).
Para conservar os produtos e mantê-los livres de microrganismos, bem
como, prolongar sua boa qualidade, a indústria utiliza conservantes, em
especial a classe dos parabenos (REBELLO, 2005). Os mais comuns entre
as formulações são o metilparabeno e o propilparabeno e devem respeitar
o limite de porcentagem que os conservantes devem ter ao serem
adicionados nos cosméticos (SONI et al., 2002). Um produto ao ser
aplicado pode causar irritabilidade na pele, isso é chamado de reação
imunológica e as principais disfunções são as dermatites (SANTOS, 2008).
Este estudo analisa os conservantes da classe parabenos nas formulações
cosmetológicas, visto que, muitas pessoas sofrem reações alérgicas ou
desencadear patologias cutâneas como dermatites e acne ao utilizar
cosméticos faciais com esses compostos. Além disso, o profissional da
estética deve compreender as reações adversas que podem ocorrer na
pele antes de adquirir produtos com estes ingredientes. O esteticista deve
compreender toda fisiologia da pele e os diferentes tipos antes de aplicar
qualquer ativo.
Apesar das reações que possam ser desencadeadas por tais ativos, é
necessário que os produtos cosméticos contenham conservantes, para
inibir a proliferação de microrganismos e mantê-los seguros para uso por
um determinado tempo.
Fonte: Suzana Maria do Nascimento. et al . Cosméticos faciais que contém
parabeno: Quais efeitos colaterais podem causar na pele? . Disponível em:
97
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/cosmeticos-faciais. Acesso em:


31 maio 2021.

Os autores evidenciam que os produtos cosméticos ao serem


aplicados na pele do indivíduo reagem com as células produtoras de
queratina presentes na epiderme, com os produtores de pelos e as
glândulas sudoríparas ocasionando uma permeação na pele pelos
produtos, o que pode acabar gerando uma irritabilidade na pele. Isto é
conhecido como resposta imunológica dada pelo próprio organismo ao
rejeitar as substâncias que entraram em contato com a pele.
Nota-se, porém, que há uma necessidade de utilizar conservantes
nos cosméticos para que ocorra a inibição da propagação de microrganismo
e possam mantê-los seguros para utilização por um tempo determinado,
mesmo que estas substâncias sejam as causadoras de problemas cutâneos
em seus usuários.
iii) Controle de Riscos Alérgicos na Utilização de Produtos para Pele
No controle de riscos alérgicos na utilização de produtos para pele é
necessário a implantação do sistema de cosmetovigilância, dissertado por
Ana Paula Coelho Penna Teixeira. et al:
No início de 2006, entrou em vigor no Brasil a Resolução da Diretoria
Colegiada (RDC) no 332, de 1º de dezembro de 2005, que trata da
implementação do sistema de cosmetovigilância em todas as empresas
fabricantes e/ou importadoras de Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos
e Perfumes. Esta normativa determina que as empresas fabricantes e/ou
importadoras de tais produtos, instaladas no território nacional, deverão
implementar um Sistema de Cosmetovigilância, a partir de 31 de dezembro
de 2005.
Apesar de ter sido instituída em 2005, foi apenas em 2006 que a Anvisa
passou a receber as notificações envolvendo produtos cosméticos, com a
implementação do Sistema de Notificação para a Vigilância Sanitária
(Notivisa), sistema informatizado da Agência para o recebimento e
monitoramento das notificações de EA que envolvem produtos sujeitos à
vigilância sanitária.
Os dados referentes às notificações são utilizados para subsidiar o Sistema
Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) a identificar desvios de qualidade,
EA (Eventos Adversos) ou efeitos não desejados dos produtos, ampliar o
conhecimento de seus efeitos, alterar recomendações sobre seu uso e
cuidados quando indicado, regular os produtos comercializados no país e,
de forma geral, promover ações de proteção à saúde pública.
Fonte: Ana Paula Coelho Penna Teixeira. et al. Análise Descritiva das Notificações
de Eventos Adversos de Produtos Cosméticos Registradas no Notivisa, no Período
de 2006 a 2018 . Disponível em:

98
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

https://www.redalyc.org/jatsRepo/5705/570566202004/index.html. Acesso em: 31


maio 2021.

Observa-se que o sistema de cosmetovigilância que a ANVISA


implantou ajudou na contribuição para o monitoramento das possíveis
reações alérgicas que os produtos podem ocasionar, além de manter um
controle de qualidade rigoroso, possibilitando ampliar o conhecimento sobre
seus efeitos, modificar especificações sobre o uso quando recomendados,
e dessa forma promover a preservação da saúde pública.
Airyne de Souza Benvenutti, Andressa Veiga, Luciane Silvia Rossa e
Fábio Seigi Murakami, discutem sobre a importância do cumprimento das
normativas acerca dos produtos para pele:
Atualmente, a cada ano o setor de cosméticos tem registrado aumento
significativo como demonstram os dados da Associação Brasileira da
Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), os
quais indicam que a balança comercial dos produtos de Higiene Pessoal,
Perfumaria e Cosméticos nos últimos dez anos, demonstrou um
crescimento médio de 7,5% a.a. nas exportações, e de 19,5% a.a. nas
importações entre 2004 e 2014 (ABIHPEC, 2015).
Para acompanhar esse crescimento, é necessário o emprego de normas de
fabricação dos produtos cosméticos, no sentido de “organizar e seguir a
produção dos mesmos de forma segura”, conforme estabelecido na RDC no
48 de 25 de outubro de 2013, do Ministério da Saúde, a qual enfatiza a
importância do cumprimento do Manual de Boas Práticas de Fabricação
para produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes. Para tal, é
imprescindível assegurar a proteção microbiológica, e assim permitir que o
produto esteja livre de micro-organismos que possam causar danos à
saúde humana, uma vez que isto é de amplo interesse dos consumidores e
de órgãos fiscalizadores (SIQUEIRA, 2005; PINTO; KANEKO; PINTO,
2010).
A fim de minimizar os riscos microbiológicos, uma etapa importante do
processo de desenvolvimento de um cosmético é a escolha dos
conservantes (SIQUEIRA, 2005). Levando em consideração que as
características essenciais de qualidade esperadas pelo consumidor vão,
desde a eficácia cosmética até a segurança do produto, sendo
indispensável a investigação de microrganismos patogênicos, tendo em
vista que estes contaminantes podem estar presentes na matéria prima,
nos equipamentos, no ambiente de produção, nos operadores e até mesmo
nos materiais de embalagem (PINTO, KANEKO; PINTO, 2010).
Fonte: Airyne de Souza Benvenutti, Andressa Veiga, Luciane Silvia Rossa e Fábio
Seigi Murakami. Avaliação da Qualidade Microbiológica de Maquiagens de Uso
Coletivo . Disponível em:
https://revistas.unipar.br/index.php/saude/article/view/5701. Acesso em: 31 maio
2021.

99
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Os autores evidenciam o crescimento do consumo no setor dos


cosméticos e que, para acompanhar este consumo, deve-se empregar as
normativas de fabricação dos produtos cosméticos, desta maneira
mantendo uma organização e seguimento na produção deles de modo
seguro.
Neste sentido, uma etapa importante na produção é a escolha dos
conservantes, para que ocorra um controle dos riscos microbiológicos,
posto que isto é de interesse tanto dos consumidores quanto dos órgãos
fiscalizadores.
Ainda é importante ressaltar que a realização de uma investigação
minuciosa de micro-organismos causadores de doenças é indispensável,
pois estes contaminantes podem existir durante todas as etapas da
produção.

iv) Metodologia
No item de metodologia, em seu primeiro momento atentou-se a
evidenciar o conceito de metodologia, sua função como instrumento na
elaboração da ciência, para que obtivesse compreensão do termo. O
método que se demonstrou aceitável para a pesquisa foi o quantitativo.
Em entendimento acerca da pesquisa bibliográfica, Marcos Eduardo
Zambanini, Rosângela Sarmento Silva, Rúbia Oliveira Corrêa e Thaís
Ettinger Oliveira Salgado, trazem o conceito que é:
Bibliográfica - A pesquisa bibliográfica é baseada em materiais já
elaborados, em especial, livros e artigos científicos. Sua principal
vantagem é permitir, ao investigador, uma ampla cobertura dos fenômenos.
A elaboração da fundamentação teórica não caracteriza a pesquisa como
bibliográfica. Um exemplo de pesquisa bibliográfica é a bibliometria, onde
se é levantada a publicação acerca de determinado tema, em determinado
local em determinado espaço temporal, com metodologia clara de seleção
do material.
Fonte: Marcos Eduardo Zambanini, Rosângela Sarmento Silva, Rúbia Oliveira
Corrêa e Thaís Ettinger Oliveira Salgado. Manual para Elaboração e Normalização
de Trabalhos Acadêmicos . Disponível em:
https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/14040/2/ManualTCC-DAD.pdf. Acesso em: 31 maio
2021.

100
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

A realização dessa forma de pesquisa, por meio dos passos por ela
exigidos, contribuem para que o trabalho científico obtenha uma
observação metódica, que leva a busca do aprimoramento e da descrição
em detalhes.
Não esquecendo da pesquisa documental que compõe o banco de
dados, de modo significativo, para que se compreenda a realização do
trabalho do profissional de Engenharia Química seguindo as diretrizes e
protocolos impostos pelos órgãos reguladores.
Deste modo, os resultados obtidos pelo banco de dados, que
configuram a pesquisa, da qual o suporte possibilitará a discussão e por
esta razão responder ao problema de pesquisa.
Assim, os resultados alcançados após pesquisas acerca da temática
e problemática, indicam que o profissional de Engenharia Química, que
tenha conhecimento das normativas e que possa auxiliar na fiscalização,
deve atuar nas indústrias cosméticas no controle de qualidade de acordo
com a Câmara Técnica de Cosméticos da ANVISA, contribuindo com
inovações nas fórmulas, analisando possíveis falhas, substâncias que
reagem com frequência em consumidores de cosméticos, substituindo
componentes agressivos, com isso, controlando as reações alérgicas
causadas pelas maquiagens. Garantindo o registro, a rotulagem, que deve
conter o modo de uso a fim de evitar utilização de forma errada, e a
certificação necessárias na comercialização.
Com a apresentação dos principais resultados obtidos no banco de
dados, passa-se a realizar a discussão.

7 Discussão
O item da discussão é entendido como o diálogo entre o pesquisador
e os dados, a problemática, e as resoluções. Desenvolve a compreensão da
pesquisa, esclarecendo tudo o que foi obtido através dela resultando em
interação e esclarecimento. Agora não por comentários, mas impondo um
posicionamento crítico com base teórica e argumentação.
Mário Sérgio Oliveira Swerts, em texto, “Manual para Elaboração de
Trabalhos Científicos” , traz uma visão sobre como elaborar o item
discussão, transcrito abaixo:

101
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

A discussão é considerada uma etapa fundamental ao trabalho científico,


na qual se exploram as ideias centrais da pesquisa, apoiadas nos
resultados ou na revisão de literatura (quando for trabalho de pesquisa
bibliográfica).
Para se redigir uma discussão, inicia-se explorando o porquê da pesquisa
e da metodologia empregada, evoluindo à interpretação dos resultados,
chegando a considerações lógicas e objetivas.
Devem-se estabelecer relações e associações, analisando causas e
efeitos, esclarecendo as limitações dos métodos e, se for pertinente, propor
novos métodos e técnicas. Neste texto, pode-se ainda mostrar
concordâncias e discordâncias, faz-se comentários sobre o trabalho, mas
apoiados na literatura, bem como nos resultados colhidos (ESTRELA e
SABINO, 2001)
Fonte: Mário Sérgio Oliveira Swerts. Manual para Elaboração de Trabalhos
Científicos . Disponível em:
http://files.jtxtbr.webnode.com/200000022-6106662fa0/normasdepublicacoes.pdf.
Acesso em: 8 jun. 2021.

O autor, afirma que o tópico da discussão é uma etapa fundamental


para o trabalho/pesquisa, pois é nele que ocorre a apresentação e o diálogo
com os resultados obtidos, contudo, aconselha-se que realize uma
recuperação do porquê desse objeto de pesquisa e da metodologia
utilizada, bem como o problema de pesquisa e a sua solução, podendo até
encontrar outros problemas no tocante ao objeto de estudo.
Além disto, o autor aconselha, o estabelecimento de relações e
associações, causas e efeitos, podendo ainda propor novas estratégias e
técnicas.
Indicando que neste tópico, é importante uma visão crítica dos
tópicos já abordados na pesquisa, a fim de preparar-se para as conclusões.
Visto que, é no item da discussão que a pesquisa é consolidada.
A partir destas instruções, se conduz a recuperação dos assuntos a
seguir:
i) Engenharia Química na Produção de Maquiagens Hipoalergênicas
A produção dos cosméticos hipoalergênicos exige um controle,
conhecimento e acompanhamento do processo com rigor, o que faz com
que o profissional de Engenharia Química seja essencial neste processo.
As reações alérgicas na utilização do produto é uma problemática e um
obstáculo a ser estudado, fazendo o uso das habilidades do Engenheiro
Químico.

102
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Em tese, os produtos não deveriam ter potencial reativo à pele,


porém, não existe um produto hipoalergênico a todos, pois cada pele reage
e absorve de forma individual. A alternativa dos hipoalergênicos traz uma
opção com menos componentes agressivos, conservantes, e outros
reagentes, de forma que a utilização destes se torna segura aos
consumidores.
A ANVISA disponibiliza uma classificação aos cosméticos quanto à
sua composição e qual a rotulagem exigida, na fabricação dos
hipoalergênicos, se encaixa nos produtos de grau 2, tem que haver toda a
sua composição no rótulo, assim como, o modo de utilização específico do
produto. Também exige uma produção com testes de segurança, eficácia e
comprovação científica, porém, a lacuna é não ter especificidade nos
recursos que devem ser empregados.
O profissional de Engenharia Química que estiver trabalhando com a
produção de maquiagens hipoalergênicas tem um guia para avaliação de
segurança do produto que será utilizado como roteiro para fiscalização e
obtenção da eficácia, com riscos ao consumidor erradicados. Assim como
uma rotulagem em local visível em conjunto com o modo de uso, dessa
forma obtém-se a certificação pela ANVISA.
Durante o processo inteiro, e após a obtenção do produto final, os
acompanhamentos de possíveis reações na pele devem continuar sendo
realizados, sempre atento a componentes que podem ser substituídos.
ii) Descontrole de Riscos Alérgicos na Utilização de Produtos para
Pele
O descontrole que há nos riscos e reações alérgicas quanto ao uso
de cosméticos, traz uma problemática a ser estudada e solucionada, o
profissional da Engenharia Química traz uma solução por ser alguém que
irá fiscalizar e acompanhar o processo inteiro, seguindo todas as normas,
fazendo o uso dos componentes mais adequados e mantendo um padrão
de qualidade até o produto final. Atento a falhas durante o processo para
solução imediata das mesmas.
A lacuna encontrada e selecionada foi “Qual o conhecimento
necessário e a designação do Engenheiro Químico na produção de
maquiagens hipoalergênicas para ser viável disponibilizar em mercado um
produto seguro e rotulado como hipoalergênico?”.

103
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

A dificuldade de produzir um produto hipoalergênico reflete uma


necessidade que deve ser suprida, pois é na utilização errônea de
componentes agressivos e desnecessários, na falta de fiscalização no
processo e no uso inadequado pelos usuários que ocorrem as falhas, isso
se dá pela falta de conhecimento do profissional responsável, que deveria
sanar esses problemas, necessitando do Engenheiro Químico para exercer
tal serviço.
iii) Controle de Riscos Alérgicos na Utilização de Produtos para Pele
Para o profissional da Engenharia Química, não há falhas que não
possam ser resolvidas. Ocorre na produção de maquiagens hipoalergênicas
a falta de conhecimento na área ou falta de experiência no assunto, pois
tem que estar atento aos componentes e resultados após sua utilização,
tais faltas podem ser resolvidas com uma pesquisa e um estudo das
normativas, sempre acompanhando os órgãos responsáveis.
Para obtenção do controle, todas as etapas devem estar sendo
supervisionadas, desde a escolha dos componentes, produção,
embalagem, rotulagem, armazenagem até o transporte adequado ao local
de acesso ao consumidor. Seguindo sempre um planejamento para que não
haja falhas. Acompanhada, portanto, por um profissional que tenha pleno
entendimento da legislação e do processo de certificação do produto,
sempre em trabalho de acordo com a ANVISA.
iv) Metodologia
Na metodologia, escolheu-se o método de pesquisa bibliográfica e
documental, de forma crítica e atenta, que possibilitou compreender e
encontrar uma solução para o problema estudado de forma segura e
direcionada ao basear e fortalecer o texto da pesquisa e suas etapas.
Desta forma, a elaboração de um banco de dados e a utilização da
técnica construtiva dos parágrafos possibilitou que a pesquisa se
desenvolvesse de forma direcionada e baseada no objetivo, e na
averiguação da resposta para o problema de pesquisa.
Os resultados obtidos por pesquisa e agrupados em um banco de
dados, proporcionam uma interpretação sobre as possibilidades da
colaboração da Engenharia Química na produção de maquiagens
hipoalergênicas, em especial, por possuir uma formação multidisciplinar em
química.
104
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Uma das áreas em que o Engenheiro Químico pode atuar, é nas


produções industriais e a área de cosméticos hipoalergênicos necessita de
um profissional para atuar nessa fiscalização durante o processo inteiro,
como dito pela Raiane Soares de Oliveira, em “Uso de Maquiagem
Associado a Reações de Hipersensibilidade.”.
O cuidado e a necessidade dos produtos hipoalergênicos se dão,
pois, as pessoas, em sua rotina diária, utilizam cosméticos variados e com
frequência, essa associação de produtos pode gerar uma reação entre
componentes e até mesmo na pele, gerando o descontrole dos riscos
alérgicos, e a opção dos hipoalergênicos traz uma composição com
elementos não agressivos. Sendo importante também a fiscalização
baseada nas normas impostas pelos órgãos competentes.
O controle nas reações alérgicas deve ser feito por meio de escolha
rigorosa dos componentes e conservantes a serem utilizados, tendo
cuidado na etapa dos conservantes, pois são perigosos à saúde de acordo
com a quantidade empregada ou o tipo escolhido.
A compreensão de toda a pesquisa realizada e dos resultados
obtidos, foi um resultado de uma metodologia pautada em arquivos e
documentos obtidos pela pesquisa bibliográfica, que garantiu uma visão
técnica acerca do tema escolhido. Possibilitando a visualização dos
problemas relacionados ao tema e o entendimento do necessário para
elaboração de soluções.
Deste modo, é possível confirmar a colaboração da Engenharia
Química na produção de maquiagens hipoalergênicas, em particular na
atividade de responsável técnico, possibilitando o entendimento acerca do
controle de riscos alérgicos na utilização de produtos para pele.
Assegura-se a colaboração da Engenharia Química na produção de
maquiagens hipoalergênicas, com o entendimento do controle de riscos
alérgicos para produtos utilizados na pele.
Pertencendo ao problema de pesquisa o questionamento: Qual é o
conhecimento necessário e a designação do Engenheiro Químico na
produção de maquiagens hipoalergênicas para ser viável disponibilizar em
mercado um produto seguro e rotulado como hipoalergênico?
A resposta trabalhada pela pesquisa é que o profissional de
Engenharia Química deve ter propriedade e pleno entendimento da
105
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

legislação, bem como ser capaz de seguir o planejamento da produção e os


trâmites impostos pelos órgãos fiscalizadores, além do conhecimento da
química dos cosméticos, para que detenha, de modo correto, a certificação
da produção de maquiagens hipoalergênicas e a disponibilização de um
produto seguro e rotulado como hipoalergênico.
Esta composição química possibilita entender, por sua análise de
acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, a
viabilidade do uso de certos elementos químicos e por consequência
habilitar a certificação da produção das maquiagens, a fim de produzir
mercadorias seguras e hipoalergênicas.
O objetivo instaurado de analisar a composição química, de acordo
com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, e certificar a
produção das maquiagens, alcançou-se devido a identificação de elementos
químicos perigosos que compunham as maquiagens e a verificação da
necessidade de substituição de tais elementos, levando à produção de
maquiagens com fins hipoalergênicos, desta forma seguras para a
utilização pelos consumidores.
A colaboração do Engenheiro Químico é analisar a composição
química dos produtos e certificar a produção destes, além de compreender
a legislação que os regula, possibilitando dessa forma identificar os
causadores de reações alérgicas aos consumidores e realizar sua
substituição, para que as mercadorias produzidas sejam seguras aos
usuários.
Desta maneira, as possibilidades e a colaboração do Engenheiro
Químico no controle dos riscos alérgicos ocasionados pelo uso de produtos
na pele, proporcionam confirmar que na química, como ciência, o que de
fato determina as maquiagens como “hipoalergênicas” são elementos
utilizados na produção dessas mercadorias. Permitindo a restrição de
reações alérgicas na utilização destes produtos para a pele.
Assim, o debate acerca da Engenharia Química na produção de
maquiagens hipoalergênicas, decorrência de pesquisa bibliográfica
direcionou para o caminho que o Engenheiro Químico, com compreensão e
noção de química, usando tecnologias e suas habilidades, a análise da
composição química das maquiagens, para que se tornasse possível a
produção de produtos hipoalergênicos, a fim de levar segurança e conforto
aos usuários destas mercadorias.
106
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Realizada a discussão, direciona-se para as conclusões do trabalho.

8 Conclusões
Ao findar a apresentação dos tópicos acima, conclui-se que, se faz
necessário um profissional da Engenharia Química que seja responsável
pela fiscalização e seguimento das normativas impostas pela ANVISA na
produção de maquiagens hipoalergênicas, selecionando os componentes
ideais à fórmula e realizando os devidos.
Dentre as atuações do Engenheiro Químico, encontra-se a
cosmetologia, e como esse profissional está ligado a inovações, padrão de
qualidade, segurança e eficiência, sua atuação na produção de cosméticos
hipoalergênicos é ideal. Uma vez que trabalha para disponibilizar em
mercado um produto com riscos à saúde erradicados, além de realizar sua
produção conforme as leis, as normas, a rotulagem adequada, impostas
pelos órgãos responsáveis por estes produtos.
Perante análise do descontrole dos riscos alérgicos na utilização de
produtos para pele, observou-se que a falta de atenção aos conservantes e
suas quantidades, rotulagem indevida levando ao uso inapropriado e a
utilização de componentes agressivos à pele, resultou em tal problema. É
possível que estas falhas sejam evitadas com a presença de um
profissional da Engenharia Química para fiscalizar o processo, inovar e
substituir o necessário, realizar os devidos testes exigidos pelos órgãos
responsáveis e analisar quais são os problemas recorrentes, para que
sejam resolvidos.
Em relação ao controle de riscos alérgicos na utilização de produtos
para pele, pode concluir-se que é necessário um profissional da Engenharia
Química como responsável, que tenha pleno entendimento na área de
cosméticos hipoalergênicos, esteja atualizado quanto às normas, leis e
exigências impostas, utilize de componentes com análise prévia e seguros,
faça os devidos testes e aplique todas as fiscalizações necessárias durante
a produção inteira. Desta forma, chegando ao produto ideal e seguro para
os consumidores.
A metodologia, pautada em artigos obtidos nos sites confiáveis por
meio da pesquisa bibliográfica e documental, foi essencial para o
entendimento pleno da proposta, análise dos possíveis problemas que
107
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

resultaram no descontrole dos riscos alérgicos na utilização de produtos


para pele, da mesma forma que serviu para conclusão de quais seriam as
formas de resolução, balizadas pela legislação vigente e protocolos
exigidos pela ANVISA na produção de maquiagens hipoalergênicas.
Desta forma, os resultados demonstram que o profissional de
Engenharia Química necessita de conhecimento das normativas e que
possa ser capaz de auxiliar na fiscalização, além de poder atuar nas
indústrias cosméticas na área de controle de qualidade ligado junto à
Câmara Técnica da Anvisa, colaborando com inovações, resolução de
problemas e, portanto, controlando os riscos alérgicos gerados pelas
maquiagens. Ademais, garantindo que o planejamento inteiro da produção
seja efetivado e assim seja ofertado um produto seguro e certificado para
comercialização e utilização por seus consumidores.
E com a pesquisa realizada, mostra-se que o Engenheiro Químico,
com noção plena de química, fazendo a utilização de tecnologias e suas
habilidades, seja capaz de realizar uma análise eficaz da composição
química das maquiagens, para que possibilite a produção de produtos
hipoalergênicos seguros e desta forma, levando segurança e conforto aos
usuários destas mercadorias.
A pesquisa teve como objetivo analisar a composição química, de
acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, com foco
na verificação da viabilidade do uso de certos elementos químicos
agressivos à saúde da epiderme humana, além de certificar a produção das
maquiagens, desta forma após a discussão dos resultados e as conclusões
obtidas é possível observar que se alcançou o objetivo conforme o
esperado.
Desta maneira, o problema de pesquisa se dá em volta do
questionamento de qual é o conhecimento necessário e designado do
Engenheiro Químico na produção de maquiagens hipoalergênicas para ser
viável disponibilizar em mercado um produto seguro e rotulado como
hipoalergênico?
O Engenheiro Químico necessita ter o conhecimento em relação ao
planejamento total da produção de cosméticos hipoalergênicos, da
fiscalização e regulamentação impostas pelos órgãos responsáveis por
estes produtos. Desta forma, evitando a utilização de componentes
agressivos e inadequados para sua rotulagem e erradicando possíveis
108
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

riscos alérgicos aos usuários e problemas na produção, possibilitando,


portanto, a obtenção da certificação e rotulagem de forma apropriada e
efetiva, produzindo desta maneira, uma maquiagem hipoalergênica que
acompanha as normativas, logo seja segura para sua disponibilização em
mercado e para o uso por seus consumidores.
Esta solução evidencia-se a melhor pois, visto que, como os
produtos veiculados em mercado ainda possuem componentes agressivos
que geram riscos alérgicos aos seus usuários, a análise destes se mostra
importante para que se obtenha de forma efetiva o controle da produção de
maquiagens hipoalergênicas e dos riscos alérgicos aos seus usuários.

9 Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Classificação
de Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes. Disponível
em:https://www.gov.br/anvisa/pt-br/acessoainformacao/perguntasfrequentes
/cosmeticos/conceitos-e-definicoes. Acesso em: 2 maio 2021.
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ANVISA. Guia para
Avaliação de Segurança de Produtos Cosméticos. Disponível em:
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/cosmeticos/
manuais-e-guias/guia-para-avaliacao-de-seguranca-de-produtos-
cosmeticos.pdf. Acesso em: 2 maio 2021.
BENVENUTTI, Airyne DE SOUZA; VEIGA, Andressa; ROSSA, Luciane
SILVIA e MURAKAMI, Fábio SEIGI. Avaliação da Qualidade Microbiológica
de Maquiagens de Uso. Avaliação da Qualidade Microbiológica de
Maquiagens de Uso Coletivo. Disponível em:
https://revistas.unipar.br/index.php/saude/article/view/5701. Acesso em: 31
maio 2021.
CUNICO, Miriam MACHADO e LIMA, Cristina PEITZ DE. Os Cosméticos e
o Risco da Vaidade Precoce. Disponível em:
DEMO, Pedro. Introdução à Metodologia da Ciência . São Paulo. 1985.
Disponível em:
http://maratavarespsictics.pbworks.com/w/file/fetch/74301206/DEMO-
Introducao-a-Metodologia-da-Ciencia.pdf. Acesso em: 23 maio 2021.

109
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

HAFNER, Mariana DE FIGUEIREDO SILVA; RODRIGUES, Ana Carolina e


LAZZARINI, Rosana. Dermatite alérgica de contato a cosméticos: análise
retrospectiva de uma população submetida aos testes de contato entre
2004 e 2017 . Disponível em: https://www.anaisdedermatologia.org.br/pt-
dermatite-alergica-contato-cosmeticos-analise-articulo-
S2666275220303076. Acesso em: 31 maio 2021.
MACEDO, Neusa DIAS DE. Iniciação à Pesquisa Bibliográfica . São Paulo.
1995. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=2z0A3cc6oUEC&oi=fnd&pg=PA7&dq=inicia%C3%A7%C3%A3o+
%C3%A0+pesquisa+bibliogr%C3%A1fica&ots=SD-
jbfvpGE&sig=ZGFfnGPDsO64x-m9sYopathH6Fk. Acesso em: 23 maio 2021.
MARAFON, Glaucio José; RAMIRES, Julio Cesar DE LIMA; RIBEIRO,
Miguel Angelo e PESSÔA, Vera Lúcia SALAZAR. Pesquisa Qualitativa em
Geografia: reflexões teórico-conceituais e aplicadas. Rio de Janeiro. 2013.
Disponível em: http://books.scielo.org/id/hvsdh/pdf/marafon-
9788575114438.pdf#page=203. Acesso em: 23 maio 2021.
MATTAR, Fauze NAJIB; FOWLER, Fábio Roberto; TAVARES Mauro
CALIXTA e PIEREN, Robert WRIGHT. Redação de Documentos
Acadêmicos - Conteúdo e Forma. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5200476/mod_resource/content/1/
Reda%C3%A7%C3%A3o%20de%20documentos.pdf. Acesso em: 31 maio
2021.
MORESI, Eduardo. Metodologia da Pesquisa . Brasília. 2003. Disponível em:
https://www.academia.edu/download/34909124/MetodologiaPesquisa-
Moresi2003.pdf. Acesso em: 23 maio 2021.
NASCIMENTO, Suzana Maria do. et al. Cosméticos faciais que contém
parabeno: Quais efeitos colaterais podem causar na pele? . Disponível em:
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/cosmeticos-faciais.
Acesso em: 31 maio 2021.
OLIVEIRA, Raiane SOARES DE. Uso de Maquiagem Associado a Reações
de Hipersensibilidade Imediata: Uma Revisão Integrativa. Disponível em:
http://www.sistemasfacenern.com.br/repositorio/admin/acervo/603be0a039d
5a98398027e4bf2e73651.pdf. Acesso em: 11 maio 2021.

110
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

SWERTS, Mário Sérgio OLIVEIRA. Manual para Elaboração de Trabalhos


Científicos. Disponível em: http://files.jtxtbr.webnode.com/200000022-
6106662fa0/normasdepublicacoes.pdf. Acesso em: 8 jun. 2021.
TEIXEIRA, Ana Paula COELHO PENNA. et al. Análise Descritiva das
Notificações de Eventos Adversos de Produtos Cosméticos Registradas no
Notivisa, no Período de 2006 a 2018. Disponível em:
https://www.redalyc.org/jatsRepo/5705/570566202004/index.html. Acesso
em: 31 maio 2021.
TEIXEIRA, Luzimar. Atributos Ligados à Segurança em Cosméticos.
Disponível em:
http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/04/atributos-
relativos-a-seguranca-em-cosmeticos.pdf. Acesso em: 2 maio 2021.
ZAMBANINI, Marcos Eduardo; SILVA, Rosângela SARMENTO; CORRÊA,
Rúbia OLIVEIRA e SALGADO, Thaís ETTINGER OLIVEIRA. Manual para
Elaboração e Normalização de Trabalhos Acadêmicos. Disponível em:
https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/14040/2/ManualTCC-DAD.pdf. Acesso em: 31
maio 2021.

Apresentação disponível em: https://www.youtube.com/watch?


v=RGaENV6RHkA

111
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

112
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Engenharia Química na Farmacologia Fitoterápica: viabilidade do


potencial terapêutico dos canabinoides

Amanda Bernardes de Lima


amanda.bernardes@ufms.br
Resumo: As Engenharias configuram-se como o ramo da ciência cujo
propósito é estudar os sistemas físico, químico e biológico no intuito
de transformar matéria-prima em utilidades para sociedade, com
ênfase na Engenharia Química pela imposição na averiguação dos
processos e produto final. Logo, como a Engenharia Química, a
Farmacologia preocupa-se com a produção, formulação e efeitos
provocados por medicamentos; em particular na Farmacologia
Fitoterápica, o objeto de estudo são os fitoterápicos que, segundo a
ANVISA, definem-se como medicamentos obtidos com o emprego
exclusivo de matérias-primas vegetais. Por conseguinte, uma das
funções fundamentais da Engenharia Química na Farmacologia Fitoterápica é realizar
análises designadas a determinar a viabilidade do potencial terapêutico dos canabinoides,
substâncias derivadas da planta Cannabis sativa. O objetivo é inteirar sobre a viabilidade
do potencial terapêutico dos canabinoides em tratamentos. A metodologia foi uma pesquisa
bibliográfica em banco de dados oficiais e na literatura sobre a temática. Os resultados
evidenciam que o fato de o mecanismo de ação e os efeitos colaterais dos canabinoides
ainda não ser conhecido com exatidão não invalida sua utilização para fins medicinais,
visto que o uso de fitoterápicos obtidos a partir da Cannabis mostrou efetividade em
tratamentos como: a minimização de dores neurológicas em portadores de esclerose
múltipla, estimulação do apetite em pacientes com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
(AIDS), pressão intraocular reduzida em casos de glaucoma e ação anticonvulsiva em
condições de epilepsia. As conclusões apontam que os canabinoides apresentam
viabilidade fitoterápica desde que sejam utilizados conforme orientações médicas, a fim de
reduzir efeitos colaterais.

Palavras-chave: Farmacologia. Fitoterápicos. Canabinoides. Cannabis sativa. Potencial


terapêutico. Tratamento.

Sumário: 1 Introdução. 2 Engenharia Química na Farmacologia Fitoterápica. 3 Inviabilidade


do Potencial Terapêutico dos Canabinoides. 4 Viabilidade do Potencial Terapêutico dos
Canabinoides. 5 Metodologia. 6 Resultados. 7 Discussão. 8 Conclusões. 9 Referências.

113
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

1 Introdução
Desde o nascimento, o ser humano está em constante contato com o
ambiente que o cerca e, durante a sua trajetória, busca compreender o
funcionamento da natureza de modo a usufruir dos recursos cedidos por
ela. Dessa forma definem-se as engenharias, pautadas no propósito de
compreender os sistemas físico, químico e biológico a fim de transformar as
matérias-primas extraídas do meio em formas úteis para a sociedade. A
Engenharia Química, por sua vez, realça-se pela imposição na averiguação
dos processos utilizados na obtenção de bens e pelo controle de qualidade
dos produtos finais. Seguindo essa lógica, a Farmacologia configura-se
como uma vertente da Engenharia Química cujo papel é analisar a
produção, formulação e efeitos colaterais provocados por medicamentos;
em específico na Farmacologia Fitoterápica busca-se investigar os
fitoterápicos, que foram conceituados pela ANVISA como medicamentos
obtidos a partir do emprego exclusivo de matérias-primas vegetais, ou seja,
a Engenharia Química na Farmacologia Fitoterápica contribui para a
determinação da viabilidade do potencial terapêutico de substâncias
oriundas de plantas, em especial os canabinoides, derivados da planta
Cannabis sativa . A Cannabis sativa , também conhecida como Maconha, é
aplicada com fins medicinais desde a antiguidade, para tratar doenças
como a malária e as convulsões, além de amenizarem as dores do parto.
Contudo, a utilização recreativa da Maconha provocou uma mudança de
ótica sobre a planta, restringindo-a apenas às suas propriedades
psicoativas. Apesar dos tabus acerca da Cannabis sativa , no momento
atual, um número significativo de pessoas faz uso da planta para prevenir
ou tratar enfermidades.
A proposta “Engenharia Química na Farmacologia Fitoterápica:
viabilidade do potencial terapêutico dos canabinoides” tem por alvo a
utilização dos recursos analíticos da Engenharia Química, em destaque a
inspeção pautada no controle de qualidade do produto final. Desse modo, a
associação entre a Engenharia Química e a Farmacologia Fitoterápica é
fundamentada na apuração dos efeitos gerados por canabinoides no
organismo a fim de constatar suas propriedades terapêuticas de modo a
classificá-los como uma praticável medicamentação alternativa aos
tratamentos clínicos tradicionais cujos resultados demonstram a ineficácia
dos fármacos usuais.

114
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Essa proposta está limitada a uma análise do potencial terapêutico


dos canabinoides e sua viabilidade como fitoterápico em tratamentos
alternativos. Não sendo objeto de observação as normativas da ANVISA
requisitadas para a regulamentação de medicamentos fitoterápicos.
O objetivo da proposta é inteirar sobre a viabilidade do potencial
terapêutico dos canabinoides buscando sua utilização em tratamentos
alternativos a partir de estudos e do consumo medicinal da Cannabis sativa
pela população.
O problema investigado volta-se para a seguinte indagação: O que
torna os canabinoides viáveis para se converterem em matéria-prima para
fitoterápicos?
Na busca para decifrar a problemática exposta, estabeleceu-se, de
forma prévia, três hipóteses:
a) a primeira hipótese indica a facilitação do requerimento de
produtos à base de canabinoides;
b) a segunda hipótese sinaliza o solo e o clima brasileiros
compatíveis para o cultivo da Cannabis sativa;
c) a terceira hipótese baseia-se nos ensaios e análises científicos
acerca das propriedades terapêuticas dos canabinoides, atentando-se
também a etnofarmacologia – conhecimento popular de medicamentos - em
particular, os saberes que remetem as plantas medicinais, visando à
constatação da viabilidade dos canabinoides converterem-se em matéria-
prima para fitoterápicos.
Na operação dessa proposta, a metodologia utilizada foi uma
pesquisa bibliográfica pautada em sites de banco de dados oficiais como o
SciELO Artigos, Google Acadêmico, Redalyc, bibliotecas digitais e
periódicos, englobando artigos científicos e dissertações sobre a temática.
Com o intuito de fornecer alicerce à investigação, foram selecionados
os seguintes autores e suas respectivas composições: Natália Silva
Fortuna; Rogério Tiyo; Geyse Freitas. Cannabis sativa: uma alternativa
terapêutica para saúde; Rafaella L. A. Matos; Luciene Angélica Spinola;
Larissa L. Barboza; Danielle R. Garcia; Tanos C. C. França; Raphael S.
Affonso. O Uso do Canabidiol no Tratamento da Epilepsia; Gabriel Augusto
Matos Gonçalves; Carmen Lúcia Ruiz Schlichting. Efeitos Benéficos e
Maléficos da Cannabis Sativa ; Luiz André A. S. Barreto. A Maconha
115
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

(Cannabis sativa) e Seu Valor Terapêutico; Bruna Yumi Sunaga . Efeitos


Terapêuticos e Tóxicos da Cannabis Sativa; Franciele Castilhos Medeiros;
Priscilla Bazzo Soares; Renan Almeida de Jesus; Débora Gafuri Teixeira;
Mônica Michele Alexandre; Giuliana Zardeto-Sabec. Uso medicinal da
Cannabis sativa (Cannabaceae) como alternativa no tratamento da
epilepsia; Rafael Maciel de Paulo; Breno Silva de Abreu. Cannabis no
Gerenciamento de Patologias; Luana dos Santos Fonseca Peixoto; Iasmin
Fares Menezes de Lima; Carolina Pereira da Silva; Luana Gonçalves
Pimentel; Vanessa Bastos de Souza Rolim Lima; Kássia Regina de
Santana; Francisco Braga da Paz Júnior; Eliana Santos Lyra da Paz.
Ansiedade: o uso da Cannabis sativa como terapêutica alternativa frente
aos benzodiazepínicos.
Os resultados encontrados revelam que a forma de atuação dos
canabinoides bem como os efeitos colaterais surtidos no organismo
humano ainda são desconhecidos de maneira geral. Não obstante, os
estudos e as experiências com a aplicação de Cannabis sativa como
solução alternativa sinalizam a existência de propriedades terapêuticas
significativas em tratamentos clínicos em que a medicamentação usual
mostrou-se ineficiente. Ademais, o emprego por parte da sociedade de
medicamentos à base de Cannabis sativa indica sua viabilidade fitoterápica.
Pessoas portadoras de esclerose múltipla utilizam esses fitoterápicos com
uma alternativa para as dores neurológicas; pacientes com AIDS (Síndrome
da Imunodeficiência Adquirida) podem utilizá-los como estimuladores de
apetite; em forma de colírios podem auxiliar na redução da pressão
intraocular de indivíduos com glaucoma, além de executar ações
anticonvulsivas em situações de epilepsia.
A provável solução indica que os canabinoides exibem potencial
terapêutico. A sua viabilidade pode ser averiguada através de estudos
científicos e da etnofarmacologia a fim de constatar de maneira
experimental os efeitos gerados pela Cannabis sativa no organismo.
No andamento da investigação, estabeleceram-se nove tópicos, os
quais são: i) uma introdução de ótica geral que descreve os principais
pontos da temática; ii) o conceito de Farmacologia Fitoterápica como
também a contribuição da Engenharia Química na produção de
medicamentos fitoterápicos; iii) a exposição do problema da pesquisa; iv) a
descrição da solução do problema; v) a apresentação da metodologia de
pesquisa utilizada no desenvolvimento da proposta; vi) os resultados
116
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

obtidos a partir de banco de dados oficiais; vii) a discussão formulada a


partir do material bibliográfico encontrado; viii) a apresentação das
conclusões ressaltando os pontos principais do material bibliográfico
utilizado; ix) as referências analisadas na execução da pesquisa.
Destarte, o discorrer dessa proposta conduz a compreensão das
propriedades terapêuticas de medicamentos obtidos a partir do emprego
dos canabinoides, expondo tanto os benefícios quanto os efeitos colaterais
gerados pelos fitoterápicos no organismo. Ademais, é apresentada a
contribuição da Cannabis sativa como uma solução alternativa a
tratamentos clínicos cujos métodos tradicionais não indicaram êxito,
sinalizando, portanto, a sua viabilidade como um fitoterápico.

2 Engenharia Química na Farmacologia Fitoterápica


A natureza configura-se como uma fonte essencial de recursos
usufruídos pelos seres humanos desde a antiguidade, a utilização desses
recursos permitiu que a humanidade pudesse nutrir-se e hidratar-se como
também curar-se. A aplicação de plantas para finalidades medicinais
desencadeou uma importante seção de estudo: Farmacologia Fitoterápica,
empenhada a analisar as características dos vegetais e sua ação
terapêutica, ou seja, os efeitos que as substâncias encontradas nas plantas
podem causar no organismo. Desse modo, a Engenharia Química na
produção de fitoterápicos apresenta como função não apenas o
planejamento da produção desses medicamentos como também o controle
da qualidade do produto final e a análise das matérias-primas utilizadas,
garantindo a procedência do remédio.
A Engenharia Química, por conseguinte, atua na Farmacologia
Fitoterápica com a finalidade verificar a viabilidade dos insumos aplicados à
formulação de medicamentos, de modo a fornecer para a sociedade
soluções alternativas de medicamentação em tratamentos clínicos.
Na Revista de Información Científica, o artigo “ Farmacologia de Las
Plantas Medicinales ”, conceitua a fitoterapia:
La fitoterapia, nombre que se aplica al uso medicinal de las plantas, nunca
ha dejado de tener vigencia. Muchas de las especies vegetales utilizadas
por sus virtudes curativas entre los antiguos egipcios, griegos y romanos
pasaron a formar parte de la farmacopea medieval, que más tarde se vio
enriquecida por el aporte de los conocimientos del Nuevo Mundo. Dichas
plantas medicinales y los remedios que entonces utilizaban se siguen
117
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

usando actualmente. A principios de este siglo, el desarrollo de la química


y el descubrimiento de complejos procesos de síntesis orgánica
desembocaron en la puesta en marcha, por parte de la industria
farmacéutica, de una nueva producción de medicamentos. No se debe
olvidar que los remedios a base de plantas medicinales presentan una
inmensa ventaja con respecto a los tratamientos químicos. En las plantas
los principios activos se hallan siempre biológicamente equilibrados por la
presencia de sustancias complementarias, que van a potenciarse entre sí,
de forma que en general no se acumulan en el organismo, y sus efectos
indeseables están limitados. [...]
Fonte: Dayani Soler Cano; Camilo Macías Bestard; Elizabeth Pereira Relis; Yasmín
Dranguet Olivero; Vivian Guzmán Guzmán; e Alfonso Calzada Rodríguez.
Farmacologia de Las Plantas Medicinales . Revista Información Científica.
Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=551757317013. Acesso em: 5
maio 2021.

Tradução livre do autor:


A fitoterapia, nome que se aplica ao uso medicinal das plantas, nunca
deixou de ter validade. Muitas das espécies de plantas usadas por suas
características curativas entre os antigos egípcios, gregos e romanos
passaram a fazer parte da farmacopeia medieval, que mais tarde foi
enriquecida pela contribuição do conhecimento do Novo Mundo. Essas
plantas medicinais e os remédios que então se utilizavam ainda são usados
atualmente. No princípio deste século, o desenvolvimento da química e a
descoberta de complexos processos de síntese orgânica levaram ao início,
pela indústria farmacêutica, de uma nova produção de medicamentos. Não
se deve esquecer que os remédios fitoterápicos têm uma vantagem imensa
sobre os tratamentos químicos. Nas plantas, os princípios ativos são
sempre biologicamente equilibrados pela presença de substâncias
complementares, que se potencializam mutuamente, de modo que em geral
não se acumulam no organismo, e seus efeitos indesejáveis são limitados.
[...]

Conforme o exposto pelos autores, a fitoterapia define-se como a


utilização de medicamentos fitoterápicos, ou seja, formulados a base de
plantas no tratamento de enfermidades. Tal abordagem terapêutica é
utilizada desde a antiguidade, no entanto, sua aplicação na atualidade
ainda está em vigor. Ademais, os conhecimentos advindos dessa prática
foram desenvolvendo-se e aprimorando-se com o passar dos anos e com a
evolução da ciência.
E depois, o texto sinaliza também para os benefícios dos
fitoterápicos em relação aos medicamentos convencionais, como o
equilíbrio biológico dos princípios ativos possibilitado pelas plantas, o que
pode reduzir os efeitos colaterais.

118
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Para produzir um fitoterápico é necessário o estudo prévio da planta


que será utilizada como matéria-prima, de modo a compreender as suas
propriedades terapêuticas e as suas características bioquímicas. O texto
abaixo traz uma explicação sobre os estágios de pesquisa para elaborar
uma nova medicação fitoterápica:
O desenvolvimento de fitoterápicos inclui várias etapas e envolve um
processo interdisciplinar, multidisciplinar e interinstitucional. As áreas de
conhecimento envolvidas vão desde a antropologia botânica, botânica,
agronomia, ecologia, química, fitoquímica, farmacologia, toxicologia,
biotecnologia, química orgânica até a tecnologia farmacêutica. [...] Os
estudos fitoquímicos compreendem as etapas de isolamento, elucidação
estrutural e identificação dos constituintes mais importantes do vegetal,
principalmente de substâncias originárias do metabolismo secundário,
responsáveis, ou não, pela ação biológica. Esses conhecimentos permitem
identificar a espécie vegetal, conjuntamente com ensaios de atividade
biológica, analisar e caracterizar frações ou substâncias bioativas.
Ressalta-se ainda a importância para o desenvolvimento de fitoterápicos do
estabelecimento de marcadores químicos, que são indispensáveis para o
planejamento e monitoramento das ações de transformação tecnológicas
aliado a estudos de estabilidade dos produtos intermediário e final. Para
isso, o conhecimento da estrutura química tem especial relevância no caso
de substâncias facilmente degradáveis por fatores tais como luz, calor e
solventes, atrelados ao processo tecnológico. A avaliação da atividade
biológica inclui a investigação da atividade farmacológica e toxicológica
das substâncias isoladas, de frações obtidas ou extratos totais da droga
vegetal. A necessidade de constatar e verificar a atividade biológica de
uma planta e dos produtos derivados pode ser abordada sob dois pontos
de vista. O primeiro, é investigar uma sequência de aspectos, iniciando
pela seleção das ações farmacológicas atribuídas à planta. Seleciona-se a
atividade farmacológica específica a ser explorada, identificando-se o
farmacógeno, e quais respectivas substâncias podem apresentar a
atividade farmacológica propriamente dita. Sequencialmente identifica-se a
concentração e potência da substância ativa em questão, buscando
inclusive a presença ou não de substâncias tóxicas na fração de interesse.
O segundo diz respeito ao estabelecimento de estratégias de
desenvolvimento tecnológico, no qual a sua validação exige a conservação
da composição química e, sobretudo, da atividade farmacológica a ser
explorada. [...]
Fonte: Ana Cristina Oltramari Toledo; Lilian Lúcio Hirata; Marilene da Cruz M.
Buffon; Marilis Dallarmi Miguel; Obdulio Gomes Miguel. Fitoterápicos: uma
abordagem farmacotécnica . Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/237662723_Fitoterapicos_uma_abordagem
_farmacotecnica?enrichId=rgreq-4ab3617492f86e3ac53c3e0be9fdfda3-
XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzIzNzY2MjcyMztBUzo5NzY5MjQ1Nzg5Nzk4N
0AxNDAwMzAzMTA1MTA4&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf. Acesso em: 5
maio 2021.

119
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Para elaborar um novo fitofármaco é necessária a contribuição de


diversos ramos da ciência no intuito de compreender cada característica
específica da planta e seu efeito gerado. Além de estabelecer marcadores
químicos durante as análises que tem por função auxiliar na inspeção das
transformações sofridas pelas substâncias de modo a verificar sua
estabilidade na forma de produto.
Faz-se necessário também o estudo das respostas biológicas das
substâncias isoladas, derivadas, fracionadas ou na forma de extratos, a fim
de fiscalizar sua atividade farmacológica e toxicológica. Iniciando pela
pesquisa farmacológica, é escolhida uma propriedade terapêutica da planta
e é observada qual fração do vegetal possui tal propriedade; após, é
analisada a concentração do princípio ativo e também a inexistência ou não
de elementos tóxicos. O outro ângulo a ser verificado é a viabilidade como
produto, é observada a sua elaboração de modo a garantir a imutabilidade
das ações terapêuticas e da formulação do fitofármaco.
Outra perspectiva importante a ser analisada é a maneira como o
fitofármaco apresenta-se, a sua forma farmacêutica, que se refere aos seus
caracteres físicos. A escolha da forma farmacêutica deve considerar os
pontos: efetividade e prudência do agente terapêutico, permitindo seu
consumo pleno, e o modo de uso, verificando a via de aplicação. Com isso,
algumas formas farmacêuticas são citadas no seguinte texto:
Dentre as necessidades de adequar-se a forma farmacêutica à via de
administração com vistas à mais efetiva biodisponibilidade, tem-se as
formas sólidas, onde se destacam os pós destinados a preparações
extemporâneas, constituídos por drogas vegetais pulverizadas empregadas
na obtenção de preparações medicinais aquosas extrativas, normalmente
por infusão, ou preparações medicinais alcóolicas extrativas e/ou produtos
secos para a dissolução, a quente ou a frio, em líquido adequado (água,
misturas hidroalcoólicas, óleos, etc.). [...] As cápsulas, as quais
representam 60% das formulações comercializadas nas farmácias de
manipulação, são uma das formas farmacêuticas de maior aceitação. São
destinadas à administração oral, vaginal ou retal (Miguel, M. D. et al.,
2002). Os comprimidos, caracterizados por conter a dose de componentes
ativos individualizada na própria forma, são obtidos pela compactação de
matérias-primas sólidas. Em paralelo tem-se os comprimidos revestidos
(drágeas), caracterizados pelo revestimento em camadas múltiplas, de
composições heterogêneas, constituídos principalmente por sacarose, ou
comprimidos peliculados (film tablets) em que o revestimento é de
composição homogênea, de baixa espessura, formado por agentes
filmógenos poliméricos sintéticos. Ao se considerarem as formas
farmacêuticas semi-sólidas, têm-se [...] pomadas ou cremes de

120
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

consistência elevada são destinados à aplicação sobre a pele. As matérias-


primas vegetais incorporadas abrangem desde as sólidas, como extratos
secos e pós, até as líquidas, como soluções extrativas nos mais diversos
sistemas de solventes. [...] Quanto às formas farmacêuticas líquidas, têm-
se resinas, óleos e o sumo das partes frescas do vegetal, os quais são
utilizados para uma ampla variedade de preparações fitoterápicas aquosas
obtidas por diversos métodos. [...] As tinturas, soluções extrativas
alcoólicas ou hidroalcoólicas, são preparadas com base em drogas
vegetais ou, ainda, como extratos de plantas, são preparadas com etanol,
misturas hidroalcoólicas em várias concentrações, éter ou misturas destes,
de tal modo que uma parte da droga é extraída com mais de duas partes,
mas menos de dez partes de líquido extrator, isto é 10 ml de tintura devem
corresponder aos componentes solúveis de 1 g de droga. [...] E os xaropes,
considerados preparações medicinais aquosas açucaradas, apresentam
alta concentração de sacarose, normalmente superior a 40% (m/V).
Fonte: Ana Cristina Oltramari Toledo; Lilian Lúcio Hirata; Marilene da Cruz M.
Buffon; Marilis Dallarmi Miguel; Obdulio Gomes Miguel. Fitoterápicos: uma
abordagem farmacotécnica . Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/237662723_Fitoterapicos_uma_abordagem
_farmacotecnica?enrichId=rgreq-4ab3617492f86e3ac53c3e0be9fdfda3-
XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzIzNzY2MjcyMztBUzo5NzY5MjQ1Nzg5Nzk4N
0AxNDAwMzAzMTA1MTA4&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf. Acesso em: 5
maio 2021.

O texto evidencia que a diversidade das formas farmacêuticas é


necessária para que se possa atender às diferentes necessidades e vias de
aplicação. As formas podem ser classificadas em três grupos: sólidos,
semissólidos e líquidos.
Entre os sólidos é possível destacar: os pós, que de modo geral são
usados para preparar soluções; as cápsulas, que podem ser administradas
via oral, vaginal ou retal; e os comprimidos, portadores do princípio ativo
individualizado originado da compactação da matéria-prima sólida.
No grupo dos semissólidos: pomadas e cremes, que têm por
finalidade a aplicação sobre a pele, sua formulação pode conter matérias-
primas nos estados sólido e líquido.
Por fim, na categoria dos líquidos: resina, óleo e sumo extraídos dos
fragmentos frescos da planta, e são destinados às preparações
fitoterápicas; as tinturas configuram-se soluções extrativas alcoólicas ou
hidroalcoólicas que podem apresentar diferentes concentrações; e os
xaropes, que se caracterizam por serem soluções aquosas contendo
açúcar.

121
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

A fitoterapia conceitua-se como a utilização de vegetais para fins


terapêuticos, logo, fitoterápicos é a nomenclatura para os medicamentos
formulados a partir de plantas. A fitoterapia incitou a Farmacologia
Fitoterápica, seção da Engenharia Química que estuda os caracteres e
propriedades das substâncias derivadas de vegetais, analisando seu
comportamento quando exposta a outras substâncias e ao organismo.
Dessa forma, para desenvolver um fitoterápico é preciso uma observação
interdisciplinar de modo a englobar a atividade farmacológica como também
a sua viabilidade para o consumo populacional e para a indústria
Farmacêutica. Ademais, com o propósito de otimizar, a farmacologia dispõe
de inúmeras formas farmacêuticas que abrangem às necessidades de modo
de aplicação desses fitoterápicos, dentre as quais destacam-se os pós,
cápsulas, comprimidos, pomadas, cremes, resinas, óleos, sumos, tinturas e
xaropes.
Assim, enfatiza-se o papel da Engenharia Química na concepção de
fitoterápicos, desenvolvendo pesquisas e ensaios com foco na verificação
de substâncias derivadas de vegetais de modo a observar as suas
propriedades farmacológicas e a sua praticabilidade na sociedade, dessa
forma, promover novas alternativas nos tratamentos clínicos.
Analisado o exposto, passa a discutir a problemática da proposta que
é a inviabilidade do potencial terapêutico dos canabinoides.

3 Inviabilidade do Potencial Terapêutico dos Canabinoides


Dialogando-se sobre a Farmacologia Fitoterápica, ou seja, o estudo
das plantas para fins medicinais, é destacável o papel do perito em Química
na análise da praticabilidade de um vegetal na formulação de um
fitoterápico, que pode ser conceituado como o medicamento produzido
exclusivamente com a aplicação de matérias-primas vegetais. Dentre as
plantas medicinais estudadas é plausível realçar a Cannabis sativa cujas
propriedades medicinais são notórias desde a antiguidade. Os canabinoides
configuram-se como substâncias derivadas da Cannabis sativa , com ênfase
no Canabidiol (CBD) e no THC (tetrahidrocanabinol). Desse modo, compete
ao Engenheiro Químico, por meio de ensaios, sinalizar a inviabilidade do
potencial terapêutico dos canabinoides a fim de indicar a sua efetividade ou
não como medicina alternativa.

122
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

A investigação da inviabilidade do potencial terapêutico dos


canabinoides dirige ao impasse da proposta, designado pela seguinte
interrogação: O que torna os canabinoides viáveis para se converterem em
matéria-prima para fitoterápicos?
A indagação inclina-se as aptidões e perícias do especialista em
Química, em particular as análises das características bioquímicas da
Cannabis sativa de modo a apontar a sua inviabilidade como matéria-prima
para fitoterápicos. Por conseguinte, incumbe ao profissional da Engenharia
Química a função de estudar os canabinoides destacando suas
propriedades terapêuticas e os efeitos colaterais gerados no organismo do
ser humano, com o propósito de constatar sua atividade farmacológica.
O seguinte texto sinaliza alguns dos notáveis efeitos do consumo da
Cannabis sativa :
Os efeitos das preparações do extrato da planta variam muito dependendo
da dosagem, modo de preparo, tipo de planta utilizada, modo de
administração, personalidade de quem consome e origens culturais e
sociais. A característica mais comum de intoxicação por maconha é um
estado de "Dreamer", isto é, sonolência e tranquilidade. Muitas vezes, há
momentos de clareza que permitem recordar acontecimentos esquecidos, e
os pensamentos aparecem em sequências não relacionadas. Altera a
percepção de tempo e o espaço afetado. A ingestão de doses elevadas
provoca alucinações visuais e auditivas. Um exemplo típico é a euforia,
excitação e felicidade interior. Em alguns casos, pode-se ter uma
depressão no final do consumo. Apesar do comportamento impulsivo são
raros os casos de violência. Alguns minutos de inalação durante o fumo
correspondem, segundo relatos, há um aumento na frequência cardíaca, os
brônquios começam a relaxar, os vasos sanguíneos dilatam resultando em
olhos avermelhados. Estudos realizados em humanos tem demostrado que
o uso crônico da C. Sativa prejudica a memória em curto prazo, danificando
a concentração. As reações adversas da Cannabis são divididas em duas
categorias: as decorrências do hábito de cachimbar a planta, ou seja, fumar
e os ocasionados pelo isolamento das principais substâncias, os
canabinóides. O fumo permanente da maconha gera alterações celulares
do sistema respiratório e eleva os casos de câncer de pulmão. Um dos
efeitos associados a longo tempo de exposição aos canabinóides é a
dependência das decorrências psicoativas com a interrupção do uso. Os
sintomas da dependência dos efeitos psicotrópicos da planta são:
irritabilidade, insônia, agitação câimbras e náuseas. Evidências científicas
atuais têm sustentado que a utilização de maconha por usuários
adolescentes aumenta a possibilidade de desenvolver esquizofrenia ou
outras doenças mentais. Apesar de a exposição à C. sativa não constituir
causa necessária nem suficiente para o desencadeamento da
esquizofrenia, provavelmente representa uma causa contribuinte que

123
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

interage com outros fatores, tanto conhecido, como a herança genética ou


o ambiente onde os usuários estão inseridos, quanto desconhecidos,
culminando no transtorno mencionado. O uso da maconha pode
desencadear sintomas psicóticos incluindo alucinações, delírios, alterações
na percepção, fala e pensamento desorganizados, delírios, alucinações e
outras alterações na percepção. Pesquisas também mostram que a
Cannabis não causa dependência física, como a cocaína, heroína, nicotina
e cafeína e que a interrupção do uso não irá causar sinal de abstinência
como o álcool e a heroína. Seu uso prolongado em certas situações pode
causar um vício psicológico, e pode levar ao consumo de outras drogas.
Por ser uma poderosa droga alucinogênica e psicotrópica, seu uso sem
controle é perigoso. A Cannabis para uso medicinal tem vários efeitos
benéficos documentados, tais como: melhora de náuseas e vômitos;
estimulação do apetite entre pacientes que usam tratamentos
quimioterápicos e em doentes com AIDS (Síndrome da imunodeficiência
adiquirida), diminuição da pressão intra-ocular, além de efeitos analgésicos
gerais, enfim o extrato da planta pode ser benéfico para uma grande
variedade de doenças, da esclerose múltipla à depressão12,13. Apesar dos
efeitos de longo prazo da Cannabis estejam sendo estudados, até então há
muito para se concluir. Várias pesquisas investigaram se o uso prolongado
de Cannabis pode contribuir para o desenvolvimento de diversas
patologias, tais como, transtorno bipolar, oscilações de humor, doenças
cardíacas ou outros distúrbios mentais. Suas reações sobre a memória, a
inteligência, as funções respiratórias e a possível relação entre o uso de
Cannabis com transtornos mentais, como a psicose, a esquizofrenia, o
transtorno de despersonalização e a depressão, ainda estão em discussão
e não foram confirmados. De acordo com o conhecimento científico que se
tem até o momento não permite afirmar, ainda, se as alterações cognitivas
associadas ao uso crônico podem melhorar com a abstinência prolongada
ou se os déficits neuropsicológicos podem ser irreversíveis.
Fonte: Natália Silva Fortuna; Rogério Tiyo; Geyse Freitas. Cannabis sativa: uma
alternativa terapêutica para saúde . Revista Uningá Review. Disponível em:
http://34.233.57.254/index.php/uningareviews/article/view/1980. Acesso em: 11 maio
2021.

O excerto exposto enfatiza que, para examinar os efeitos provocados


pelo uso dos canabinoides, é imprescindível atentar-se à composição da
droga como também a sua via de administração, a quantidade consumida
ademais do indivíduo consumidor e da esfera social em que ele se
encontra.
As aplicações da Cannabis sativa podem ser classificadas de dois
modos: recreativa e medicinal. O uso recreativo, em geral, é executado por
meio do fumo e isento de fiscalização médica; seus efeitos colaterais são
diversos, os quais são de possível destaque os sintomas psicológicos
como: alucinações, mudanças de humor, dificuldades na pronúncia de
124
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

palavras e no arranjo de ideias; além do disso, o fumo pode acarretar a um


aumento na frequência cardiorrespiratória e desencadear câncer nos
pulmões. Estudos indicam também que a Cannabis sativa não possui índice
de vício significativo como as outras drogas psicoativas, entretanto os
usuários podem sentir a carência dos efeitos psicológicos que provocam
uma tranquilidade e alegria interior momentânea. Há ensaios também sobre
a utilização dos canabinoides em considerável período, e a probabilidade
desse consumo causar alterações mentais, como esquizofrenia, entretanto,
tal teoria ainda não se encontra confirmada. Já a aplicação medicinal da
Cannabis sativa demonstrou resultados efetivos no apetite, na pressão
intraocular como também na amenização de dores.
Dessa forma, configura-se como crucial a observação das
características químicas e biológicas da Cannabis sativa por parte do
profissional da Química.
Reforça-se que sinalizar a inviabilidade do potencial terapêutico dos
canabinoides é função incumbida ao Engenheiro Químico atuante na
Farmacologia Fitoterápica, dessa maneira apontar a sua praticabilidade ou
não na forma de matéria-prima para fitoterápicos, indicando a
disponibilidade de soluções alternativas.
Assim, a inviabilidade do potencial terapêutico dos canabinoides é
demonstrada pelo profissional da Engenharia Química que atua no campo
da Farmacologia Fitoterápica de modo a classificar as propriedades
bioquímicas e farmacológicas da Cannabis sativa como efetivas ou não na
prática da fitoterapia. Ademais, a porção significativa dos efeitos adversos
provocados pela planta são resultados da utilização recreativa e
clandestina, ou seja, uso de produtos sem a certificação feita por um
profissional da Química habilitado.
Da problemática descrita, passa a discorrer sobre a provável solução
que se apresenta como a viabilidade do potencial terapêutico dos
canabinoides.

4 Viabilidade do Potencial Terapêutico dos Canabinoides


A demanda por fármacos fitoterápicos tem se expandido nos
correntes anos; isso se deve, em particular, à procura por soluções
alternativas de tratamentos clínicos. Pacientes que buscam respostas na
125
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

fitoterapia, em geral, não obtiveram êxito em tratamentos que utilizam


medicação tradicional, e esperam encontrar na medicina alternativa novos
meios terapêuticos para sanar suas necessidades. A Cannabis sativa , por
sua vez, configura-se como uma das plantas aplicadas na forma de
fitoterápico desde a antiguidade, ou seja, as características bioquímicas
dos canabinoides – substâncias oriundas da Cannabis sativa – são
observadas e, logo, estudadas há muitos anos. Dessa forma, o perito em
Química que opera na Farmacologia Fitoterápica é capacitado a efetuar
ensaios clínicos e discorrer sobre os resultados farmacológicos exibidos
pelas substâncias da planta, por conseguinte, o Engenheiro Químico é
habilitado a apontar a viabilidade do potencial terapêutico dos
canabinoides, confirmando, portanto, a sua efetividade na forma de
medicamentos.
Por isso, essa investigação sintetiza seu problema a seguinte
indagação: O que torna os canabinoides viáveis para se converterem em
matéria-prima para fitoterápicos?
Observando a interrogação, nota-se que ela tem por alvo estabelecer
os motivos pelos quais a aplicação dos canabinoides é considerada
praticável na fitoterapia. Logo, os profissionais da Engenharia Química que
atuam na produção de fitoterápicos devem direcionar suas atividades às
análises bioquímicas da Cannabis sativa de modo a determinar suas
propriedades terapêuticas; e partir do aspecto fitoterápico que se pretende
empregar em uma nova fórmula de medicamento, definir a forma
farmacêutica apta a atender as necessidades dos pacientes que a
utilizarão.
Na ação de esclarecer o problema apresentado foram designadas
três hipóteses, as quais são:
A primeira hipótese sugere a resposta como: “ facilitação do
requerimento de produtos à base de canabinoides ”.
Apesar da ANVISA ter simplificado a importação de medicamentos
contendo canabidiol, devido à demanda significativa, reduzindo a
documentação e dados solicitados para requerimento do fármaco, o plantio
e a pesquisa dos aspectos terapêuticos bem como a produção de produtos
a base Cannabis sativa ainda é proscrita no Brasil, sendo necessário
solicitar autorização da ANVISA para aplicações da planta para fins
medicinais e científicos de modo que a sua prática seja controlada e
126
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

supervisionada. Com isso, a permanência dos canabinoides nas “ Listas de


Substâncias Entorpecentes, Psicotrópicas, Precursoras e Outras sob
Controle Especial ” impossibilita o desenvolvimento pleno dos estudos das
propriedades da Cannabis sativa , dificultando a sua atividade na indústria
farmacêutica. Essa hipótese deve ser refutada.
A segunda hipótese volta-se para as particularidades geográficas do
Brasil: “ sinaliza o solo e o clima brasileiros compatíveis para o cultivo da
Cannabis sativa ”.
Sobre o plantio da Cannabis sativa em território brasileiro, o artigo de
Sérgio Barbosa Ferreira Rocha traz algumas informações sobre a aptidão
agronômica da planta:
A análise do ranking final da aptidão agrícola indicou que existem poucas
áreas consideradas inaptas ao cultivo de Cannabis sativa L. no Brasil.
Estas áreas foram consideradas inaptas por dois fatores principais: o
primeiro considera que, o período favorável para a fase vegetativa e/ou de
floração disponível nesta área não foi suficiente para a planta acumular a
quantidade de graus-dia necessária para concluir a referida fase fisiológica.
Esta situação pode ser exemplificada no sul do Brasil, onde devido às
baixas temperaturas o ciclo da cultura é estendido e, por esse fator, a
planta não consegue acumular os graus dia necessário dentro do período
analisado. Neste caso, a planta tende a passar por alguma situação de
estresse, o que não é favorável para que se obtenham as melhores
produtividades.
A segunda situação ocorre quando o fotoperíodo do local não é o indicado
para a variedade analisada. Este fator pode influenciar algumas áreas
muito próximas à linha do equador, onde a variação entre o comprimento
do dia e da noite são relativamente menores, quando não insignificantes,
em relação à outras regiões do planeta. Para ambas a situação é indicado
avaliar a possibilidade de adequação da variedade a ser cultivada nestas
áreas, atendendo a necessidade edafoclimática da região.

127
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Figura 1. Mapa da classificação da aptidão agrícola brasileira para cultivo Cannabis


sativa L.
A partir da análise destes dados é possível confirmar que o Brasil possui
grande potencial para o cultivo de Cannabis spp. para fins de uso medicinal
e industrial, já que, de acordo com a variedade e a finalidade do cultivo, as
áreas que receberam classificação de aptidão para o cultivo entre boa e
ótima foram responsáveis por valores entre 70% e 95% do território
nacional. Para o cultivo de fibras o território brasileiro possui entre 80% e
95% de áreas com aptidão entre boa e ótima. Para o cultivo de flores este
percentual foi superior a 80% e para o cultivo e sementes superior a 70%.
Fonte: Sérgio Barbosa Ferreira Rocha. Potencial Brasileiro para o Cultivo de
Cannabis Sativa L. para Uso Medicinal e Industrial . Disponível em:
https://cannabisamanha.com.br/wp-content/uploads/2019/07/artigo_sergiobarbosa.p
df. Acesso em: 18 maio 2021.

Observando o excerto, é notório o potencial agrícola dos solos


brasileiros para o cultivo da Cannabis sativa , visto que as regiões
habilitadas a produzir a planta configuram, no mínimo, 70% do território
nacional, seja para desenvolver o plantio, as fibras, as flores ou as
sementes; demonstrando, dessa forma, a capacidade possuída pelo Brasil
de cultivar a Cannabis sativa com propósito comercial. Contudo, a
potencialidade agrônoma não é suficiente para justificar a viabilidade dos
canabinoides na produção de fitoterápicos, uma vez que a efetividade de
um composto requer os estudos sobre os efeitos gerados nos organismos
dos indivíduos que os consomem, portanto, a hipótese deve ser refutada.
A terceira hipótese direciona-se aos “ ensaios e análises científicos
acerca das propriedades terapêuticas dos canabinoides, atentando-se
também a etnofarmacologia – conhecimento popular de medicamentos - em
particular, os saberes que remetem as plantas medicinais, visando à

128
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

constatação da viabilidade dos canabinoides converterem-se em matéria-


prima para fitoterápicos ”.
Essa hipótese aponta que, para demonstrar a eficiência e a
estabilidade dos canabinoides em uma formulação farmacológica e, por
conseguinte, constatar a sua viabilidade, é fundamental atentar-se aos
estudos desenvolvidos sobre a Cannabis sativa no que tange às suas
atividades terapêuticas, bem como examinar os resultados obtidos através
do consumo dos canabinoides pela população e também considerar a
perícia da sociedade na aplicação dessa planta em tratamentos de
enfermidades, dessa forma, abranger de forma plena as características
bioquímicas da Cannabis sativa , possibilitando a sua utilização para fins
médicos.
O artigo O Uso do Canabidiol no Tratamento da Epilepsia , traz os
seguintes esclarecimentos acerca do mecanismo de ação de um dos
principais canabinoides, o Canabidiol:
4.1. Mecanismo de Ação do Canabidiol
Tanto a anandamida quanto o ∆ 9 -THC são agonistas parciais do receptor
CB1, ou seja, induzem uma resposta mais fraca do que o agonista total. 87,91
Em contraste, o CBD apresenta baixa afinidade pelo CB1, atuando como
agonista inverso no receptor CB2. 92
Embora o mecanismo de ação do CBD não esteja completamente
esclarecido, é provável que ele interaja com receptores específicos, tal
como o ∆ 9 -THC. O CBD possui a habilidade de facilitar a sinalização dos
endocanabinoides por intermédio do bloqueio da recaptação ou hidrólise
enzimática da anandamida. Todavia, apresenta baixa afinidade pelos
receptores CB1 e CB2. 93 Porém, sugere-se que a capacidade do CBD de
ampliar a biodisponibilidade da anandamida esteja relacionada com sua
ação antipsicótica. 94
Além disso, o CBD apresenta caráter agonístico nos receptores
serotonérgicos do tipo 5-HT1A, envolvidos na modulação da ansiedade e
da depressão, 68,95 o que parece justificar suas propriedades ansiolíticas. 15,96
Entretanto, os efeitos antieméticos manifestados pelo CBD, provavelmente
estão relacionados com a habilidade do canabinoide em modular a
transmissão serotoninérgica. 97
O CBD é capaz de ativar os receptores vaniloides do tipo 1 (TRPV1), 98
canais iônicos que integram vários estímulos nociceptivos, incluindo a dor e
reflexos protetores, 99 o que representa implicações importantes na
elucidação dos efeitos do CBD no alívio da dor e como anti-inflamatório. 90
No sistema nervoso central, o TRPV1 localiza-se nos terminais pós-
sinápticos e é ativado pela anandamida. 100
As propriedades anti-inflamatórias do CBD também podem ser explicadas
pela inibição da isoforma induzível da óxido nítrico-sintase (iNOS) e da

129
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

interleucina 1β (IL-1β). Apesar do reconhecido potencial farmacológico, o


local preciso em que o CBD exerce seus efeitos neuroinflamatórios ainda
não chegou a ser inteiramente esclarecido. 101
Recentes estudos apontam as propriedades antiproliferativas e pró-
apoptóticas do CBD, bem como uma ação inibitória na migração de células
cancerosas, interferindo também na adesão e invasão destas células,
sendo esses efeitos úteis para o tratamento de diversos tipos de câncer. 92
Em 2006, Ligresti e colaboradores elucidaram o efeito inibitório do CBD
sobre o processo de metástase e sobre o crescimento de diferentes linhas
de células de tumor da mama (MCF-7, MDA – MB – 231), apresentando-se
menor em células normais. Os resultados dos experimentos indicaram a
capacidade do CBD de incitar a apoptose por várias vias, incluindo a
ativação direta ou indireta de receptores CB2 e TRPV1, sendo essas vias
representantes das células MDA – MB – 231. 52
O CBD parece impedir a metástase por regular a expressão da proteína Id-
1 que age inibindo fatores básicos de transcrição que controlam a
diferenciação celular, desenvolvimento e carcinogênese, e está associada
a um fenótipo proliferativo. O aumento dessa proteína induz a propagação
e invasão de células carcinogênicas. 102
Tanto o CBD quanto o ∆ 9 -THC apresentam propriedades neuroprotetoras e
antioxidantes, e atuam inibindo a excitotoxicidade mediada por NMDA
(Nmetil-D-aspartato) em situações de trauma causado por lesão da cabeça,
acidente vascular cerebral (AVC) e doenças neurodegenerativas. 103
Um aspecto positivo da aplicação terapêutica do CBD é a ausência de
efeitos adversos e tóxicos em diversos estudos in vivo e in vitro da
administração do CBD em ampla faixa de concentrações. 12 Além disso, a
administração aguda de CBD, por diversas vias, não produziu efeitos
tóxicos significativos em humanos; e a administração crônica por um mês
em voluntários saudáveis (doses diárias entre 10 a 400 mg), não provocou
nenhuma alteração em exames neurológicos, psiquiátricos ou clínicos. 17
Apesar do relato da existência de efeitos adversos menores em alguns
estudos, como exemplo a inibição do metabolismo hepático da droga, em
visão geral, os dados clínicos disponíveis sugerem que há segurança na
administração do CBD em uma ampla faixa de dosagem, em conformidade
com os resultados de ensaios clínicos com modelos animais. 104
Fonte: Rafaella L. A. Matos; Luciene Angélica Spinola; Larissa L. Barboza; Danielle
R. Garcia; Tanos C. C. França; Raphael S. Affonso. O Uso do Canabidiol no
Tratamento da Epilepsia . Revista Virtual de Química. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.21577/1984-6835.20170049. Acesso em: 18 maio 2021.

O texto a permite visualizar as ações ocasionadas pela utilização do


Canabidiol no organismo humano; proporciona também o conhecimento de
suas atividades terapêuticas, por exemplo, na amenização das dores e na
atuação anti-inflamatória, ambos os dados obtidos através de pesquisas
tecnocientíficas. Ademais, as investigações relativas ao Canabidiol
possibilitaram comtemplar as suas atividades antiproliferativas e pró-

130
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

apoptóticas, além de uma ação inibitória na migração de células


cancerosas, demonstrando sua plausível prática no tratamento de câncer.
Destarte, essa hipótese atende a problemática da proposta,
sinalizando os motivos pelos quais os canabinoides apresentam-se viáveis
para serem aplicados na formulação de fitoterápicos.
Assim, as intervenções fundamentais do perito em Engenharia
Química na produção de fitoterápicos formulados a base de canabinoides é
analisar a constituição biológica e química da Cannabis sativa ,
classificando seus elementos em quesito estrutura e atividade terapêutica,
de modo a certificar as atuações e efeitos colaterais exercidos no
organismo humano. É indispensável acatar ao conhecimento popular das
plantas medicinais, ponderando sobre as experiências vivenciadas pelos
indivíduos que utilizam a Cannabis sativa como fármaco.
Visto a viabilidade do potencial terapêutico dos canabinoides, passa
a discorrer a seguir a metodologia aplicada no desenvolvimento da
proposta.

5 Metodologia
A metodologia configura-se como um mecanismo que estrutura os
recursos aplicados numa análise. No contexto da pesquisa científica, eleger
uma metodologia significa definir uma estratégia de investigação de modo a
conduzir a pesquisa de maneira eficiente e objetiva, visando alcançar
respostas de uma determinada incógnita.
Ademais da definição formal de metodologia científica, Mirian
Goldenberg, em seu livro “ A arte de pesquisar ”, aponta uma nova ótica
acerca dos processos envolvidos em estudos:
[...] Metodologia Científica é muito mais do que algumas regras de como
fazer uma pesquisa. Ela auxilia a refletir e propicia um “novo” olha sobre o
mundo: um olhar científico, curioso, indagador e criativo. [...]
Fonte: Mirian Goldenberg. A arte de pesquisar . Disponível em:
http://www.unirio.br/cchs/ess/Members/lobelia.faceira/ensino/programa-de-pos-
graduacao-em-memoria-social/seminario-de-pesquisa-doutorado-memoria-social/
textos/goldenberg-a-arte-de-pesquisar. Acesso em: 25 maio 2021.

Segundo a autora, a metodologia científica facilita a resolução da


incompreensão das ocorrências do cotidiano, promovendo não apenas

131
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

respostas como também incita os indivíduos a buscarem soluções para


seus dilemas individuais.
Tendo a metodologia como uma coleção de artifícios empregados na
execução de ensaios, a técnica utilizada nessa proposta foi a pesquisa
bibliográfica e documental.
A pesquisa bibliográfica foi conceituada por Antônio Carlos Gil da
seguinte forma:
4.3 O QUE É PESQUISA BIBLIOGRÁFICA?
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora
em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa
natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes
bibliográficas. Boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como
pesquisas bibliográficas. As pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas
que se propõem a uma análise das diversas posições acerca de um
problema, também costumam ser desenvolvida quase exclusivamente
mediante fontes bibliográficas.
As fontes bibliográficas são em grande número e podem ser assim
classificadas:

Os livros constituem as fontes bibliográficas por excelência. Em função de


sua forma de utilização, podem ser classificados como de leitura corrente
ou de referência.
Os livros de leitura corrente abrangem as obras referentes aos diversos
gêneros literários (romance, poesia, teatro etc.) e também as obras de
divulgação, isto é, as que objetivam proporcionar conhecimentos científicos
ou técnicos.
Os livros de referência, também denominados livros de consulta, são
aqueles que têm por objetivo possibilitar a rápida obtenção das
informações requeridas, ou, então, a localização das obras que as contém.
Dessa forma, pode-se falar em dois tipos de livros de referência: livros de
referência informativa, que contém a informação que se busca, e livros de
referência remissiva, que remetem a outras fontes.
Os principais livros de referência informativa são: dicionários,
enciclopédias, anuários e almanaques. Os livros de referência remissiva
podem ser globalmente designados como catálogos. São constituídos por
132
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

uma lista ordenada das obras de uma coleção pública ou privada. Há vários
tipos de catálogos, que podem ser classificados de acordo com o critério de
disposição de seus elementos; os tipos mais importantes são: alfabético
por autores, alfabético por assunto e sistemático. Neste último, as obras
são ordenadas segundo as referências lógicas de seu conteúdo.
Publicações periódicas são aquelas editadas em fascículos, em intervalos
regulares ou irregulares, com a colaboração de vários autores, tratando de
assuntos diversos, embora relacionados a um objetivo mais ou menos
definido. As principais publicações periódicas são os jornais e as revistas.
Estas últimas representam nos tempos atuais uma das mais importantes
fontes bibliográficas. Enquanto a matéria dos jornais se caracteriza
principalmente pela rapidez, a das revistas tende a ser muito mais profunda
e mais bem elaborada. [...]
Fonte: Antônio Carlos Gil. Como Elaborar Projetos de Pesquisa . Disponível em:
http://www.uece.br/nucleodelinguasitaperi/dmdocuments/gil_como_elaborar_projeto
_de_pesquisa.pdf. Acesso em: 25 maio 2021.

Portanto, a investigação bibliográfica é a utilização de obras como


livros, artigos, teses, dissertações e também textos publicados em veículos
de comunicação como os jornais e as revistas para elaborar uma
investigação acerca do problema que se objetiva solucionar.
Mediante a definição de pesquisa bibliográfica, edificou-se o
desenvolvimento desta proposta.
Com o propósito de desencadear uma análise bibliográfica, foi
determinada, de imediato, a temática da proposta que se volta para a
aplicação de canabinoides em medicação alternativa.
De modo a focalizar a investigação, foi definido o objeto de estudo
como farmacologia fitoterápica, em outras palavras, remédios à base de
matéria-prima vegetal, visto que os canabinoides são encontrados na planta
Cannabis sativa . Para nortear a pesquisa, foi acrescentado ao objeto de
estudo a “Engenharia Química”, com intuito de especificar a pesquisa ao
papel do engenheiro químico que atua na formulação de fitoterápicos, com
ênfase, na função de verificação de insumos e controle de qualidade do
produto final.
Estabelecido o objeto de estudo, a seguinte etapa era definir o
subtítulo que se configura como a solução da temática, cuja técnica de
construção volta-se para o “ter ou não-ter”. Com isso, tendo em conta que o
problema da proposta é a inviabilidade do potencial terapêutico dos
canabinoides, a solução é, por conseguinte, a indicação da viabilidade do
potencial terapêutico dos canabinoides.

133
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Tendo a proposta de pesquisa delineada, a próxima fase seria


deliberar sobre a praticabilidade do tema, para isso, foi feito um
levantamento de obras sobre o assunto em sites de banco de dados
oficiais, aspirando encontrar um número suficiente de composições que
permitissem a execução da investigação.
No processamento da pesquisa bibliográfica, priorizou-se os sites
que oferecem coletâneas oficiais, os quais são, Google Acadêmico, SciELO
Artigos, Redalyc e repositórios de universidades. Conforme o avanço da
pesquisa, foram obtidas referências à temática de natureza geral e
aprofundada, constatando a vigência da proposta. Essas notas foram
copiadas e armazenadas em pasta arquivo no computador. Cumprida a
averiguação da efetividade da proposta, passou-se à construção do artigo.
A produção dessa investigação científica fundamentou-se na
aplicação do método de parágrafos para conceber o artigo. Essa técnica
compreende a utilização de parágrafos para sistematizar a sequência lógica
da proposta de modo a promover o seu entendimento.
Para iniciar a construção da pesquisa, a partir do título e subtítulo da
proposta, foi desenvolvido o resumo de acordo com as normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR) 6028 que sinalizam que o
resumo deve conter cinco elementos, os quais são: contexto – situando o
leitor acerca do título e subtítulo; objetivo – indicando a finalidade da
pesquisa por meio de um verbo no infinitivo; metodologia – relativa ao tipo
de pesquisa e os instrumentos usados na sua concepção; resultados –
obtidos no banco de dados; e as conclusões – o que se é possível
compreender mediante os resultados encontrados.
Continuando a elaboração da proposta, a estratégia utilizada conta
com a conceituação do objeto de estudo – Engenharia Química na
Farmacologia Fitoterápica; a descrição do problema – Inviabilidade do
Potencial Terapêutico dos Canabinoides; a exposição da solução –
Viabilidade do Potencial Terapêutico dos Canabinoides; apresentação da
metodologia aplicada; mostra dos resultados; discussão dos resultados;
conclusões com realce dos principais pontos do trabalho e o que se pode
inteirar sobre a pesquisa; e as referências, ou seja, os dados manipulados
na formulação do artigo.
Assim, a metodologia da proposta foi regulada pela busca
bibliográfica que promoveu a constituição de um banco de dados que foi
134
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

utilizado para fundamentar a investigação, proporcionando a compreensão


dos princípios adotados pelos profissionais da Química na sinalização da
viabilidade fitoterápica dos canabinoides na produção de fármacos.
Da descrição da metodologia, passa a discursar os resultados
obtidos por meio do material bibliográfico.

6 Resultados
Os resultados configuram-se como os dados obtidos que promovem
o fundamento da pesquisa, fornecendo-lhe sustentação. Tratando-se de
investigação bibliográfica, os resultados equivalem às referências
encontradas no desenvolvimento da pesquisa que possibilitaram a
efetividade da execução da análise.
Na obra “ Como escrever uma tese, monografia ou livro científico
usando o word” , os autores trazem a seguinte descrição acerca do tópico
Resultados:
O corpo principal do texto conclui com a apresentação dos Resultados.
Este capítulo é composto por uma secção de conclusões, no qual é feita
uma súmula dos principais resultados obtidos, em particular, a verificação
das hipóteses apresentadas no início; uma secção referente às limitações
do estudo; e outra com recomendações para pesquisa futura.
Fonte: Alexandre Pereira; Carlos Poupa. Como escrever uma tese, monografia ou
livro científico usando o word . Disponível em:
https://static.fnac-static.com/multimedia/PT/pdf/9789726189466.pdf. Acesso em: 1
jun. 2021.

Conforme os autores, os resultados além de indicarem os dados


centrais obtidos na apuração constatando a vigência da proposta, eles
também oportunizam a concepção de novas pesquisas. Por conseguinte, o
estudo adquire uma atribuição social de transmitir os novos saberes
permitindo o progresso dos pesquisadores, da ciência em si, e da
sociedade.
Para a organização lógica da apresentação dos resultados,
estabeleceu-se três segmentos:
i) Engenharia Química na Farmacologia Fitoterápica
Segundo a dissertação intitulada “ Profissionais da Química ”, o papel
desempenhado pelo Engenheiro Químico é:
Engenheiro Químico: O engenheiro químico é o profissional que elabora,
executa e controla projetos de instalação e expansão de indústrias
135
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

químicas. Ou seja, é ele quem participa de todas as etapas do processo de


produção e transformação físico-química de substâncias em escala
industrial. Matérias primas naturais, sejam orgânicas ou inorgânicas são
convertidos em cimento, medicamentos, fertilizantes, plásticos, alimentos,
gasolina e tantos outros produtos que fazem parte do nosso dia-a-dia.
Muitas vezes os produtos da engenharia química são matérias primas de
outras indústrias de transformação, como a automobilística, moveleira,
têxtil, etc. (ENGENHEIRO..., 2011). [...]
Fonte: Luiz Eduardo Gomes; Jandira Aparecida Simoneti. Profissionais da Química .
Disponível em: https://anaisonline.uems.br/index.php/semex/article/view/604.
Acesso em: 1 jun. 2021.

O trecho expõe que o profissional de Engenharia Química é


habilitado a participar das diversas operações que compõem o processo de
fabricação de produto, desde a seleção da matéria-prima que será aplicada
até a verificação do produto final. Dessa forma, analisar a exequibilidade da
produção.
O texto “ Plantas medicinais: a necessidade de estudos
multidisciplinares ” apresenta um diagrama sobre os processos envolvidos
nos estudos farmacológicos de plantas medicinais:

136
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

O Esquema 2 integra trabalhos fitoquímicos e farmacológicos


caracterizando desta forma, colaborações interdisciplinares. A avaliação
farmacológica de extratos brutos, frações e substâncias isoladas deve
seguir rigorosamente as indicações terapêuticas empíricas divulgadas por
estudos etnobotânicos. A seleção correta de testes biológicos específicos,
permitirá uma avaliação do uso terapêutico da espécie vegetal, fornecendo
também, informações sobre a toxicidade da planta.
Fonte: Maria Aparecida M. Maciel; Angelo C. Pinto; Valdir F. Veiga Jr.; Noema F.
Grynberg; Aurea Echevarria. Plantas medicinais: a necessidade de estudos
multidisciplinares . Química Nova. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0100-
40422002000300016. Acesso em: 1 jun. 2021.

O esquema demonstra a indispensabilidade do conhecimento de


diversas ciências para poder sinalizar a viabilidade de um vegetal
converter-se em matéria-prima para fitoterápicos. Entre as ciências
aplicadas na investigação, convém realçar a química (orgânica, orgânica
sintética e medicinal), a fitoquímica, a farmacologia e a etnobotânica. Desse
modo, o perito em Química encarrega-se de averiguar as decorrências dos
ensaios laboratoriais das plantas medicinais.

ii) Inviabilidade do Potencial Terapêutico dos Canabinoides


A aplicação dos canabinoides como matéria-prima para fitoterápicos
mostra-se inviável diante da insuficiência de estudos que constatem os
efeitos resultantes da utilização da Cannabis sativa por humanos. Além
disso, no cenário atual, a Cannabis sativa demonstra popularidade entre as
drogas psicoativas utilizadas pela população mundial, conferindo à planta
um estigma social, o que a restringiu as suas propriedades psicoativas para
uma parcela significativa de pessoas.
Visando esclarecer os efeitos provocados pelo uso da Cannabis
sativa, o artigo a seguir traz alguns dos sintomas:
Efeitos tóxicos da Cannabis Sativa
O Delta-9-tetra-hidrocanabinol (THC) produz tantos efeitos diferentes que
se torna difícil classificá-lo de outra forma que não como a única droga
psicoativa que afeta a mente e o comportamento. Doses elevadas de THC
podem causar ansiedade, que podem vir a desencadear ou agravar um
quadro psicótico 19, 20 .
[...]
Esses efeitos ainda são incertos e podem ser contraditórios. Foi
comprovado que o THC é realmente um depressor, porem se consumir a
maconha em grupo ela traz euforia. Geralmente em indivíduos sozinhos
tem-se sensação de relaxamento e sonolência 16, 23 .

137
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Já em doses altas, os efeitos podem mudar um pouco, apresentando perda


de memória recente e dificuldade de realizar certas tarefas que exigem um
desempenho mental. Pode haver ainda uma estranheza e irrealidade do
seu ego 9 .
Essa substancia traz alucinação e paranoia. O pensamento do ser humano
se torna confuso e desagregado. Sua ansiedade do dia-dia pode atingir
estado de pânico 22 .
As experiências individuais aparecem quando a pessoa passa por
dificuldades onde não há estimulo algum de ninguém para ajudá-lo
expondo assim suas fraquezas. A maioria das vezes a maconha é fumada
de forma solitária, por apresentar uma reflexão, onde essa pessoa vai
buscar uma motivação em si mesmo em forma de pensamentos. [...].
Os prazeres físicos que envolvem os sentidos, como a dança, ouvir
músicas e assistir a filmes, também são realçados pelo uso da Cannabis
sativa .
O uso moderado da maconha não leva à tolerância. Porem existe também
relatos de entorpecimento gradativo, perturbação psicomotora, aumento de
apetite, aumento do sono e perda da noção de espaço e tempo 18 .
Quando ingeridos em doses elevadas, pode-se constatar uma adaptação
aos efeitos do delta-9-THC, tanto mentais quanto físicos, sendo a
dependência psíquica a mais constante 21 .
É fato que o uso crônico da maconha (grandes quantidades consumidas em
um curto intervalo de tempo, com frequência regular) afeta o coração, já
que acelera os batimentos chegando a dobrar a pulsação. Em contrapartida
atua como dilatador de brônquios e vasos sanguíneos 11 .
O usuário crônico pode experimentar sérios problemas pulmonares (asma,
bronquite, câncer, etc.), neurológicos, reprodutivos, hepáticos,
imunológicos e gastrintestinais 18 .
Quando fumada, os canabinoides se agregam ao fluxo sanguíneo pelas
paredes dos pulmões e por todo o sistema cardiovascular, indo diretamente
para o cérebro. O ato de fumar Cannabis promove então um ótimo sistema
de distribuição de THC, extremamente rápido e eficiente além de aumentar
o índice de risco de câncer no pulmão 10 .
[...]
O uso da maconha em associação com outras drogas pode vir a acentuar
alguns efeitos. Em associação com o álcool, por exemplo, ambas possuem
seus efeitos salientados, ou seja, uma pessoa sob estas condições não
pode realizar nenhuma atividade perigosa, ou que requeira uma
motricidade 26 .
Já a fumaça do tabaco é mortal e causa sérios danos ao pulmão e além de
anular os efeitos medicinais da maconha, o cigarro ainda acentua os
efeitos maléficos da Cannabis sativa . O delta-9-tetra-hidrocanabinol
provoca broncodilatação e o tabaco o inverso 9 .
Fonte: Gabriel Augusto Matos Gonçalves; Carmen Lúcia Ruiz Schlichting. Efeitos
Benéficos e Maléficos da Cannabis Sativa . Revista Uningá Review. Disponível em:
http://revista.uninga.br/index.php/uningareviews/article/view/1560. Acesso em: 1
jun. 2021.

138
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

A monografia de Luiz André A. S. Barreto também exibe


determinados efeitos dos canabinoides quando utilizado em conjunto com
outras substâncias:
4.3.1. Efeitos sinérgicos da Cannabis sativa
O uso da Cannabis em associação com outras drogas pode vir a acentuar
alguns efeitos tanto destas como daquela. Em associação com o álcool, por
exemplo, ambas têm seus efeitos salientados. Assim sendo, uma pessoa
sob estas condições não pode realizar nenhuma atividade perigosa, ou que
requeira motricidade. Em associação com a cafeína presente em
refrigerantes e no café, os efeitos sedativos e indução ao sono da
Cannabis são suprimidos, gerando até casos de insônia (Conrad 2001).
O tabaco e a Cannabis possuem características antagônicas, influindo uma
nos efeitos esperados da outra. O tabaco por exemplo, atua como
vasoconstritor inibindo o efeito vasodilatador da maconha. A fumaça do
tabaco é mortal e causa sérios danos ao pulmão e anula os efeitos
medicinais da Cannabis . O THC provoca bronquiodilatação e o tabaco o
inverso. A Cannabis é usada para estimular o apetite enquanto o tabaco o
inibe. Assim, não é recomendada a mistura das duas drogas, pois o tabaco
ainda acentua os efeitos maléficos da Cannabis como a ação dos
componentes não ativos (alcatrão e nicotina) presentes na queima da
maconha de má qualidade, responsáveis pela ação cancerígena desta
(Conrad 2001).
Um fato curioso é a ação do THC na presença de adrenalina, muito comum
quando o usuário é pego em flagrante. Os efeitos da Cannabis são
suprimidos e os sentidos ficam mais aguçados, assim como a concentração
(Ronca 1987).
Fonte: Luiz André A. S. Barreto. A Maconha (Cannabis sativa) e Seu Valor
Terapêutico . Disponível em:
https://repositorio.uniceub.br/jspui/handle/123456789/2435. Acesso em: 1 jun. 2021.

Visto as explicações, torna-se notável que os efeitos colaterais dos


canabinoides traduzem-se acentuados quando produtos feitos à base da
Cannabis sativa são utilizados de maneira incoerente, ou seja, drogas
clandestinas que não foram avaliadas por profissionais da Química
capacitados. Ademais, o uso simultâneo dos canabinoides com demais
substâncias pode inibir os sintomas da Cannabis sativa como também
possibilitar que os efeitos prejudiciais dos canabinoides sobressaiam-se.
Portanto, os excertos salientam a importância dos ensaios científicos para
demonstrar a efetividade da planta na aplicação terapêutica.
iii) Viabilidade do Potencial Terapêutico dos Canabinoides
A sinalização das propriedades terapêuticas dos canabinoides como
efetiva é possível através de investigações tecnocientíficas, que irão
determinar as características bioquímicas da planta, e da valorização da
139
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

etnofarmacologia – saber popular acerca de medicamentos. Dessa forma, é


plausível pontuar determinadas atividades terapêuticas dos canabinoides.
A Esclerose Múltipla (EM) é definida como uma doença neurológica,
autoimune e crônica desencadeada através de ações degenerativas e
inflamatórias que acomete o revestimento dos neurônios – células
pertencentes ao Sistema Nervoso associadas aos impulsos nervosos. Em
pessoas com EM, as células imunológicas atacam o sistema de defesa do
organismo acarretando em inflamações que prejudicam as funcionalidades
do cérebro, cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal. Dentre os
sintomas comuns encontram-se: espasmos musculares, incontinência
urinária, coordenação motora prejudicada e visão falha, formigamentos e
dormências, fraqueza, desequilíbrio e vertigem. O excerto abaixo apresenta
as atividades fitoterápicas dos canabinoides na EM:
6.9 Esclerose múltipla
[...]
Evidências do uso de canabinoides para o tratamento da EM têm sido
observadas desde a antiguidade. Experimentos demonstraram que o
componente Δ9- THC possui a habilidade de reduzir a espasticidade,
rigidez e tremores musculares, por ação agonista em receptores CB1
(PERTWEE, 2002; BAKER et al., 2000). O CBD foi reportado por possuir
propriedades anti-inflamatórias e neuroprotetoras pela regulação da
homeostase de glutamato e redução de estresse oxidativo. A evidência de
que os processos de neuroinflamação, desmielinização e
neurodegeneração ocorrem de maneira paralela na EM, levou ao interesse
do uso de CBD para o tratamento do mesmo. Atualmente, o medicamento
Sativex®, que contém tanto o Δ9- THC como o CBD, é amplamente
utilizado para o tratamento de EM, com foco em dores neuropáticas
(MECHA; FELIÚ; GUAZA, 2017).
Fonte: Bruna Yumi Sunaga . Efeitos Terapêuticos e Tóxicos da Cannabis Sativa .
Disponível em: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/49841. Acesso em: 1 jun.
2021.

Como visto, os canabinoides podem amenizar os sintomas da EM,


por meio das suas atividades anti-inflamatórias e neuroprotetoras, por seu
papel agonista nos receptores CB 1, promovendo a ativação da célula e a
resposta biológica.
A Epilepsia configura-se como uma síndrome neurológica que
provoca Crises Epilépticas – que podem ser conceituadas como a resposta
a uma descarga anormal de neurônios. As Crises Epiléticas podem variar
desde sutis – mudança contida de comportamento, pausa das atividades
em progresso - a perceptíveis – convulsões. Devido ao fato de alguns
pacientes epiléticos demonstrarem resistência aos medicamentos
140
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

tradicionais, logo, a pesquisa por novos remédios é indispensável, e a ação


do Canabidiol no tratamento de Epilepsia é notório, o que pode ser
explicado na composição:
3.3 EPILEPSIA
[...] Vários efeitos farmacológicos do canabidiol podem atuar inibindo o
mecanismo de recaptação e na degradação da anandamida (BRAIDA et al.,
2003). Por ser complexa, a farmacologia do canabidiol pode abranger
interações diretas e/ou indiretas com receptores de diversos sistemas de
controle das células (CAMPOS et al., 2012).
A anandamida compõe um ativador parcial do receptor canabinóide tipo 1
(CB1), pois possui grande afinidade por ele. É possível que a anandamida
aumente a ativação do CB1 quando este receptor não esta ocupado,
podendo reduzir a ativação caso o receptor esteja ocupado com um ligante
ao qual possui baixa afinidade, como é o caso do canabidiol e do 2-AG,
que é um endocanabinóide agonista seletivo do receptor CB1 (LIMA et al.,
2016). Pode ocorrer uma interação farmacológica sobre o receptor CB1
entre o canabidiol e os dois endocanabinóides (anandamida e 2-AG)
causando inversão do efeito, onde a concentração do canabidiol se eleva
(CAMPOS et al., 2012; CAMPOS; GUIMARÃES, 2008; BRAIDA, 2003).
O aumento da atividade epileptiforme se origina de circuitos cuja
localização dos receptores CB1 esteja presentes em neurônios
glutamatérgicos, podendo ser reduzidos com a ação do canabidiol,
interrompendo o foco de origem. O uso sistêmico do canabidiol pode fazer
com que ocorra o acúmulode anandamida em qualquer local onde esta seja
produzida, ocorrendo por ação sináptica, liberação tônica e/ou através de
ação hormonal (TASKER; DI; MALCHER-LOPES, 2005; KATONA;
FREUND, 2012).
O agonismo do 2-AG é mais forte comparado a anandamida sobre o
receptor CB1, mesmo tendo efeito parcial sobre o receptor, a afinidade da
anandamida se mostra maior comparado ao 2- AG (LIMA et al., 2016).
Enquanto a anandamida se acumula em seus sítios de ação, ela pode
retirar e substituir o 2-AG nos receptores, no caso do uso sistêmico do
canabidiol onde na sequência ocorra interação entra a anandamida e o 2-
AG, pode acontecer na manutenção de um ponto intermediário onde os
receptores CB1 se encontrem desativados, mas também não estejam
totalmente ativados pelo 2-AG (LOPES, 2014). Acontecendo o estímulo
para produzir endocanabinóides, o canabidiol irá atuar aumentando a
ativação do receptor CB1 por anandamida em receptores que estejam
desocupados, em contraposição, o canabidiol irá atuar reduzindo a
ativação do receptor CB1 pela interação do 2-AG, acontecendo à
substituição do endocanabinóide pela anandamida que se encontra em
excesso, moderando assim, que haja a ativação dos circuitos neuronais
que estejam envolvidos na propagação da atividade epileptiforme (LOPES,
2014).
Após obter resultados positivos do uso do canabidiol no tratamento de
convulsões nos testes em ratos, Cunha et al. (1980) realizou um

141
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

experimento clínico onde foram tratados oito pacientes com doses diárias
de canabidiol (nos quais foram administrados cerca de 200 a 300 mg/dia
durante quatro meses), entre os oito pacientes, quatro relataram estarem
livres de convulsões, três relataram uma melhora significativa e apenas um
paciente não apresentou resposta ao composto. Em contraposição, apenas
um paciente que recebeu placebo relatou melhora clínica. [...]. Foram
realizados vários exames para constatarem ausência de efeitos tóxicos do
composto.
A ausência de efeitos adversos e tóxicos se torna um ponto positivo do uso
terapêutico do canabidiol, o que foi comprovado em vários estudos in vivo e
in vitro (ZUARDI et al., 2012). Além disso, o uso do canabidiol, sendo
administrado por diversas vias, não apresentou efeitos tóxicos
significativos em testes com humano. A utilização do composto em
voluntários saudáveis, durante um mês (doses diárias entre 10 a 400 mg),
não provocou alterações em exames psiquiátricos, neurológicos ou clínicos
(CUNHA et al., 1980).
Fonte: Franciele Castilhos Medeiros; Priscilla Bazzo Soares; Renan Almeida de
Jesus; Débora Gafuri Teixeira; Mônica Michele Alexandre; Giuliana Zardeto-Sabec.
Uso medicinal da Cannabis sativa (Cannabaceae) como alternativa no tratamento
da epilepsia . Disponível em: https://doi.org/10.34117/bjdv6n6-623. Acesso em: 1
jun. 2021.

Visto o exposto, as atividades fitoterápicas dos canabinoides


expressaram eficiência ao operar na epileptogênese – procedimento em
que o cérebro, saudável de forma inicial, começa a poder reproduzir crises
epiléticas – e na amenização dos sintomas da Epilepsia que pode tornar o
portador incapaz.
Ademais, os produtos formulados a partir da Cannabis sativa podem
também contribuir na atenuação dos sintomas de doenças como a AIDS
(Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), glaucoma e ansiedade:
Relação entre a Cannabis e as patologias
[...] Ao observar que em pacientes com SIDA (Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida) o uso da Cannabis aumenta o apetite e o sono
e diminui a ansiedade e a as dores, perceberam que o dronabinol também
reduz a perda de peso e até mesmo induz o ganho de peso. Baseado
nessa afirmação, um estudo analisou que ao inibir os receptores
canabinóides (CB1), através do rimonabanto (antagonista canabinóide), há
um bloqueio na ação dos endocanabinóides e consequentemente inibe a
ação estimulante ao apetite. O rimonabanto também atua na perda de peso
ao estimular a lipólise. Deste modo, o medicamento Acomplia
(Rimonabanto) é utilizado em alguns países para a redução do apetite e no
tratamento de obesidade.
A C. sativa é utilizada também em pacientes com glaucoma que
apresentam pressão intraocular. No glaucoma, canais se fecham e
impedem a passagem de um fluido, conhecido como humor aquoso, que
fica acumulado no interior do olho gerando uma pressão ocular que pode
142
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

causar até mesmo a cegueira progressiva. O tratamento para glaucoma é


cirúrgico, químico ou com o consumo da Cannabis. A erva tem a
capacidade de secar os olhos gerando a redução do humor aquoso
acumulado, assim não havendo a necessidade de desobstruir os canais.
[...]
Fonte: Rafael Maciel de Paulo; Breno Silva de Abreu. Cannabis no Gerenciamento
de Patologias . Disponível em:
http://revistafacesa.senaaires.com.br/index.php/revisa/article/view/247. Acesso em 1
jun. 2021.

Acerca da ansiedade, o trecho abaixo apresenta os mecanismos dos


canabinoides que logram auxiliar no tratamento:
[...] Entre os fitocanabinóides, o THC e o CBD são os principais compostos
responsáveis pelas ações farmacológicas da planta, que pode ser usada
como hipnótico e tranquilizante no tratamento de ansiedade, histeria e
compulsividade reportado na Índia antes de 1.000 a.C. (Escobar, 2018;
Gurgel et al., 2019).
[...] O interesse no estudo desta planta se deve à identificação de seus
principais constituintes ativos, os fitocanabinóides Δ9-THC e CBD e à
descoberta de receptores canabinóides e de substâncias endógenas
(endocanabinóides) agindo sobre eles (Costa, 2017). O sistema
endocanabinóide é considerado um regulador fisiológico homeostático
único e difundido. Sua principal função é a neuromodulação, capaz de
gerar efeitos que alteram a percepção da dor, fome, esquecimento,
ansiedade, aprendizado e memória. Além disso, influencia no controle
motor, na imunidade, na proliferação de células tumorais e, inclusive, no
processo inflamatório (Noronha, 2018). Os CB1 e CB2 são receptores
canabinóides do tipo 1 e tipo 2, respectivamente. Ambos, estão acoplados
à proteína G inibitória (proteína G) (Oliveira & Lima, 2016). Os CB1 estão
distribuídos preferencialmente no sistema nervoso central (SNC),
principalmente na pré-sinapse e medeiam os efeitos psicotrópicos dos
canabinóides. Quando ativados, inibem a adenilato ciclase diminuindo a
conversão de ATP em AMPc o que gera hiperpolarização neuronal e
diminui a liberação de neurotransmissores tais como GABA, glutamato,
noradrenalina, serotonina e dopamina, podendo influenciar a cognição,
percepção, funcionamento motor, apetite, sono, neuroproteção,
neurodesenvolvimento e liberação hormonal. Ao ligar-se ao receptor CB1, o
Δ9- THC medeia à maioria dos efeitos no SNC. Os receptores CB2 estão
localizados preferencialmente no sistema imunológico e hematopoiético,
mas também já foram encontrados em algumas áreas do SNC, havendo
uma expressão aumentada deles em determinados estados patológicos, tal
como dor crônica. Neste contexto, os receptores canabinóides interferem
com várias vias de sinalização para exercerem os seus efeitos nos
diferentes tecidos e órgãos (Nunes, 2016; Costa, 2017).
Fonte: Luana dos Santos Fonseca Peixoto; Iasmin Fares Menezes de Lima;
Carolina Pereira da Silva; Luana Gonçalves Pimentel; Vanessa Bastos de Souza
Rolim Lima; Kássia Regina de Santana; Francisco Braga da Paz Júnior; Eliana
Santos Lyra da Paz. Ansiedade: o uso da Cannabis sativa como terapêutica

143
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

alternativa frente aos benzodiazepínicos . Disponível em:


https://doi.org/10.34117/bjdv6n7-631. Acesso em 1 jun. 2021.

Os fragmentos apontam para a relevância dos canabinoides


Canabidiol e THC (tetrahidrocanabinol) entre os demais, visto que eles
dispõem de destaque nos estudos. As ações dos canabinoides no
organismo podem promover o apetite, auxiliar na insônia, diminuir dores e a
pressão intraocular, ajudar com a obesidade, efeitos calmantes em casos
de ansiedade além de histeria e compulsão.
Os resultados obtidos por meio do levantamento do banco de dados
permitiram inteirar sobre as propriedades terapêuticas dos canabinoides,
possibilitando a discussão fundamentada e o atingimento do objetivo da
pesquisa como também a resposta à indagação da proposta.
Assim, os dados apanhados no desenvolvimento da pesquisa
bibliográfica propiciaram responder a problemática da investigação
sinalizando a viabilidade dos canabinoides como matéria-prima de
fitoterápicos ademais de proporcionar o conhecimento acerca das
características bioquímicas da Cannabis sativa e suas atividades
terapêuticas, e de como os peritos em Química podem averiguá-las. As
destacáveis ações terapêuticas da Cannabis são: analgésicas, anti-
inflamatórias, neuroprotetoras e estimulantes.
As análises das propriedades da Cannabis sativa devem abranger
uma metodologia multidisciplinar além de atentar-se à etnofarmacologia e
as experiências de usuários da forma medicinal da planta.
Apontados os resultados, passa a dissertar a discussão.

7 Discussão
A discussão pode ser descrita como uma recapitulação dos
resultados obtidos a partir do material bibliográfico visando à interpretação
dos dados de modo a elaborar a concepção da investigação. Por
conseguinte, a discussão define-se como a observação minuciosa do objeto
de estudo, problema e solução da pesquisa.
Mauricio Gomes Pereira descreve a discussão:
A discussão é o local do artigo que abriga os comentários sobre o
significado dos resultados, a comparação com outros achados de
pesquisas e a posição do autor sobre o assunto. Uma discussão sem

144
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

estrutura coerente desagrada, daí a conveniência de organizar os temas


em tópicos. Estrutura passível de ser utilizada consta do quadro. Cada um
dos tópicos informa sobre uma faceta da discussão e seu conjunto fornece
os subsídios para se julgar a adequação dos argumentos, da conclusão e
de todo o texto.
Maneira conveniente de iniciar a Discussão consiste em realçar, com
poucas palavras, os achados mais importantes ou os conhecimentos novos
desvendados pela pesquisa.
Fonte: Mauricio Gomes Pereira. A seção de discussão de um artigo científico .
Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
49742013000300020&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 10 jun. 2021.

De acordo com a concepção do autor, a discussão de um artigo


científico é a relação dos resultados obtidos na pesquisa de modo a
compará-los, além de o desenvolvedor da pesquisa explicitar sua postura e
interpretação dos dados. O autor evidencia também que a discussão deve
apresentar um desencadeamento lógico de ideias para que os leitores não
se confundam e a obra não fique maçante. Ademais, Mauricio sugere que
os conteúdos principais da proposta devem ser organizados em tópicos e
destacados.
Para desenvolver a discussão, selecionou-se três seções:
i) Engenharia Química na Farmacologia Fitoterápica
A Farmacologia é a ciência responsável por estudar substâncias
possíveis de apresentarem atividade terapêutica, destacando suas
características biológicas, químicas e sua ação quando administrada em
humanos. Portanto, o profissional da Química que atua nesse campo está
habilitado a analisar e demonstrar as propriedades farmacológicas da
matéria, indicando sua resposta curativa e sua toxicidade, ou seja, a
praticabilidade ou não de um novo fármaco.
A Fitoterapia identifica-se como tratamento em que há a aplicação de
fitoterápicos, isto é, medicamentos formulados com a utilização única de
elementos originados de vegetais conforme a definição da ANVISA. A
seção de estudo de fitoterápicos é uma subdivisão da Farmacologia
denominada Farmacologia Fitoterápica. O perito em Química que atua
nessa área deve possuir além do conhecimento de fármacos, entendimento
de botânica e também atentar-se aos saberes populares sobre o emprego
medicinal de plantas – etnofarmacologia. Com isso, tem-se que a análise de
plantas que podem ou não servirem de matéria-prima para fitoterápicos
incorpora um ensaio multidisciplinar para que se possa apontar, de forma

145
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

eficiente e detalhada, as propriedades bioquímicas, terapêuticas e tóxicas


dos vegetais.
Dessa forma, o Engenheiro Químico que opera na Farmacologia
Fitoterápica apresenta-se capacitado a realizar pesquisas que sinalizem a
improbabilidade ou não de novos fitoterápicos.
ii) Inviabilidade do Potencial Terapêutico dos Canabinoides
Tendo em vista que a problemática da investigação dirige-se para a
interrogação “ O que torna os canabinoides viáveis para se converterem em
matéria-prima para fitoterápicos? ”, o impasse da proposta, por
consequência, é o que torna os canabinoides inviáveis para formular
fitoterápicos.
Em concordância com os resultados, o que classificaria os
canabinoides como inexecutáveis em tratamentos médicos alternativos são:
a sua utilização recreativa, sendo popular o fumo; a administração de
produtos a base de Cannabis sativa em simultâneo com outras substâncias,
o que pode resultar em anulação das ações benéficas dos canabinoides
e/ou realce dos efeitos contraproducentes; e o número insuficiente de
estudos que constatem os as respostas biológicas dos humanos quando
seus organismos são expostos aos canabinoides visto que cada pessoa
pode exibir não apenas reações gerais, mas também reações individuais.
Logo, é notório que o aproveitamento de produtos obtidos a partir de
canabinoides isento de acompanhamento médico qualificado e de
comprovação científica feita por um profissional da Engenharia Química
atuante na Farmacologia Fitoterápica torna a Cannabis sativa impraticável
na fitoterapia.
iii) Viabilidade do Potencial Terapêutico dos Canabinoides
A viabilidade do potencial terapêutico dos canabinoides assimila os
ensaios laboratoriais para verificar as características e as atividades
proporcionadas pela planta como um todo e também as propriedades
específicas disponibilizadas por uma seção do vegetal; além da vivência da
população usuária da Cannabis medicinal e a história da planta ao decorrer
do tempo, a etnofarmacologia pode ajudar na identificação da ação curativa
da planta como também indicar o seu fragmento em que se pode encontrar
determinada prática farmacológica, dispondo aos cientistas um norteamento
para as suas análises.
146
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Os resultados apontaram para ações anti-inflamatórias,


neuroprotetoras – por sua atribuição agonista aos canabinoides,
analgésicas e estimulantes. Ademais, já existem no mercado fármacos
obtidos com o emprego da Cannabis sativa , como o Sativex®, por exemplo.
A fitoterapia com a aplicação de canabinoides como tratamento
alternativo para doenças cujas intervenções médicas tradicionais não
obtiverem efetividade já beneficiou portadores de epilepsia, ansiedade,
glaucoma, AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), esclerose
múltipla, obesidade, insônia, dores e transtornos psiquiátricos como histeria
e compulsões.
Os dados obtidos através da pesquisa bibliográfica propiciaram o
entendimento de que o profissional de Engenharia Química operante na
Farmacologia Fitoterápica é apto a discorrer sobre a praticabilidade dos
canabinoides na forma de medicamentos fitoterápicos, visto que a análise
farmacológica da Cannabis sativa requer um estudo multidisciplinar e o
Engenheiro Químico possui conhecimentos químicos e biológicos que
permitem sua atuação em todas as etapas de produção desde a seleção de
matérias-primas até a verificação da qualidade do produto final.
O perito em Química pode sinalizar eficiência dos remédios
formulados com canabinoides por meio da manifestação dos resultados
obtidos em ensaios laboratoriais pré-clínicos e clínicos expondo os efeitos
favoráveis e as toxicidades. Ademais, o histórico da aplicação popular da
planta na medicina alternativa deve ser reconhecido e utilizado como fonte
de informação.
Apesar de a Cannabis sativa ser empregada na fitoterapia desde a
antiguidade, o seu uso recreativo resumiu a planta às suas atividades
psicoativas, categorizando-a apenas como uma das principais drogas de
abuso – substâncias que promovem mudanças no exercício biológico do
organismo, podendo ser alterações temporárias ou infindáveis. Logo, a
inviabilidade do potencial terapêutico dos canabinoides volta-se para o
emprego clandestino da Cannabis .
A viabilidade do potencial terapêutico dos canabinoides, no que lhe
concerne, inclina-se para o emprego medicinal da planta, exercendo o
papel de solução alternativa de enfermidades quando os pacientes
apresentam resistência às intervenções clínicas.

147
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Com isso, tem-se que o especialista em Engenharia Química que


trabalha na Farmacologia Fitoterápica é capaz de exercer a sinalização da
viabilidade do potencial terapêutico dos canabinoides, explicitando seus
efeitos curativos e nocivos.
Desse modo, declara-se o papel da Engenharia Química no que
tange a averiguação de possíveis novos fitoterápicos, examinando a
matéria-prima, a produção e o produto final, atentando-se a invariabilidade
da fórmula do medicamento além da sua forma – comprimido, cápsulas,
xarope, extrato, pomada, etc.
Atendendo a questão da pesquisa que se exibe como sendo: O que
torna os canabinoides viáveis para se converterem em matéria-prima para
fitoterápicos?
A provável resposta a problemática da proposta tenciona-se para as
pesquisas e testes científicos que possam constatar as propriedades
terapêuticas da Cannabis sativa e a sua estabilidade na forma de
constituinte de fármacos fitoterápicos, ademais de comtemplar o
entendimento da população consumidora da Cannabis medicinal.
As análises dos aspectos bioquímicos e farmacológicos dos
canabinoides promoveram o entendimento do funcionamento dessas
substâncias quando aplicadas de maneira medicinal para possibilitar novas
alternativas de tratamentos médicos.
O objetivo da proposta estipulado como inteirar, ou seja, conhecer a
viabilidade do potencial terapêutico dos canabinoides foi atingido uma vez
que se observou as atividades curativas da Cannabis sativa quando
administrada de forma adequada em pessoas. Constatando a sua
possibilidade como solução alternativa.
A atuação do profissional de Engenharia Química nos estudos
farmacológicos da Cannabis sativa visa compreender as particularidades
bioquímicas da planta para poder catalogá-la como medicinal e viável para
medicamentos, realizando pesquisas sobre a literatura correspondente,
ensaios tecnocientíficos que analisem as respostas do organismo ao entrar
em contato com os canabinoides considerando a etnofarmacologia. A
Cannabis sativa mostrou-se efetiva para tratamentos da epilepsia,
esclerose múltipla, glaucoma, ansiedade e outros transtornos psíquicos.

148
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Desse modo, os peritos em Química ativos na Farmacologia


Fitoterápica contribuem para demonstrar as atividades terapêuticas dos
canabinoides como, por exemplo, a ação anti-inflamatória. Logo, cooperar
para disponibilizar uma nova forma de tratamento, aumentando as opções
de recursos para pacientes ausentes de respostas eficientes aos
medicamentos tradicionais.
Assim, a discussão acerca da praticabilidade dos canabinoides na
fitoterapia voltou-se para as habilidades do Engenheiro Químico na
Farmacologia Fitoterápica, em destaque, os seus conhecimentos da
química e da biologia e suas aptidões em executar experimentos que
fomentem a análise de vegetais que poderão se transformar em matéria-
prima para fármacos. Ademais, os testes laboratoriais podem também
indicar quais as atividades curativas que os canabinoides são capazes de
exercer além de determinar a forma farmacêutica mais estável para o
composto químico que originará um novo medicamento.
Visto a discussão, passa a expor as conclusões da investigação.

8 Conclusões
É concebível concluir que os fármacos obtidos empregando a
Cannabis sativa são eficazes em tratamentos alternativos, e que a forma
correta de administração desses fitoterápicos demandam inspeção médica
qualificada para comtemplar a minimização dos sintomas adversos.
O profissional da Engenharia Química é habilitado a operar em todas
as fases da produção de um produto, desde a apuração das matérias-
primas até a averiguação do produto final. Desse modo, o perito em
Química atuante na Farmacologia Fitoterápica – estudo de medicamentos a
base de vegetais – possui conhecimentos multidisciplinares incluindo a
química, a biologia e a farmacologia, por conseguinte, ele é apto a executar
investigações e testes laboratoriais que direcionem ao apontamento da
efetividade de uma planta como matéria-prima para fitoterápicos e as suas
prováveis atividades terapêuticas, ademais o Engenheiro Químico deve
deliberar acerca da forma farmacêutica cabível ao desígnio do fármaco de
modo a garantir a imutabilidade de sua composição química. Promovendo,
então, uma nova ferramenta a medicina alternativa.

149
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Ponderando acerca da problemática da investigação, nota-se que a


inviabilidade fitoterápica dos canabinoides reside nos efeitos colaterais da
planta que se encontram acentuados na aplicação recreativa da Cannabis
sativa cuja utilização geral é o fumo; além do uso sem orientação
profissional apropriada que pode acarretar em um consumo de fármacos
não autenticados pelo especialista em Química. Logo, os ensaios
tecnocientíficos são indispensáveis para classificar as ações terapêuticas
e/ou tóxicas dos canabinoides.
A solução do problema de pesquisa sinaliza para as análises
laboratoriais da Cannabis sativa . O perito em Engenharia Química atuante
na Farmacologia Fitoterápica é incumbido a examinar os aspectos
biológicos e químicos da planta, visando à identificação das atividades
terapêuticas da Cannabis em amostras determinadas de forma prévia,
dessa maneira, localizar as seções da planta que apresentam propriedades
farmacológicas e quais elas são. O Químico deve atentar-se também à
etnofarmacologia – os entendimentos das civilizações quanto a plantas e
suas aplicações medicinais – buscando compreender as práticas populares
da Cannabis sativa de modo a orientar as investigações científicas.
No decorrer da execução da pesquisa bibliográfica - metodologia
selecionada para nortear a investigação – foi proporcionado o entendimento
a respeito das técnicas aplicadas pelos especialistas em Química para
deliberar sobre a praticabilidade dos canabinoides como elemento
integrante de formulações de medicamentos fitoterápicos além de atinar
acerca de suas ações terapêuticas e em quais tratamentos médicos podem
ser úteis, como também seus sintomas tóxicos e como preveni-los. A
investigação bibliográfica consiste numa busca de textos que possibilitem a
formação de um banco de dados que assegure o suporte da proposta.
Os resultados promovidos pela construção do banco de dados
propiciaram o conhecimento dos métodos multidisciplinares da averiguação
das características bioquímicas e da detecção das ações farmacológicas
que cada amostra da Cannabis sativa demonstra. Dentre atividades
terapêuticas dos canabinoides sobressaem-se as anti-inflamatórias e
analgésicas, as neuroprotetoras e estimulantes, que contribuem para sanar
enfermidades como glaucoma, ansiedade, insônia, histeria, compulsão,
epilepsia, esclerose múltipla e auxiliar no apetite.
Assimilando a discussão quanto ao papel do profissional de
Engenharia Química na demonstração da viabilidade do potencial
150
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

terapêutico dos canabinoides, é possível constatar a indispensabilidade do


reconhecimento dos saberes populares sobre plantas medicinais e da
realização de ensaios laboratoriais que confirmem os aspectos curativos da
Cannabis sativa bem como a forma farmacêutica cabível a fórmula do
fitoterápico que comtemple a ação farmacológica esperada e otimize a
administração do medicamento.
A proposta foi tencionada a conhecer as propriedades terapêuticas
dos canabinoides de modo a apontar a sua viabilidade para intervenções
médicas alternativas. A partir da pesquisa bibliográfica foi plausível lograr o
objetivo da investigação.
Com isso, retorna-se ao questionamento que resume a problemática
da proposta: O que torna os canabinoides viáveis para se converterem em
matéria-prima para fitoterápicos?
O que torna os canabinoides viáveis para serem aplicados como
matéria-prima para fitoterápicos são os resultados efetivos das pesquisas
acerca da literatura oficial da temática e testes tecnocientíficos bem como a
observação das vivências da sociedade consumidora da Cannabis
medicinal que confirmaram a existência de atividades terapêuticas eficazes.
Os efeitos curativos dos canabinoides podem ser detectados em
tratamentos alternativos para o glaucoma – diminuição da pressão
intraocular; esclerose múltipla – amenização das dores; epilepsia – ação
anticonvulsiva; AIDS – estímulo do apetite; ansiedade, histeria, compulsão
e insônia – sintomas calmantes.
Essa solução exibe-se como a melhor, visto que os ensaios
laboratoriais realizados por profissionais da Química capacitados promovem
o aumento das soluções alternativas para intervenções clínicas,
proporcionando aos pacientes que apresentam resistência aos
medicamentos tradicionais novas possibilidades de tratamento.

9 Referências
BARRETO, Luiz A. S. A Maconha (Cannabis sativa) e Seu Valor
Terapêutico . Disponível em:
https://repositorio.uniceub.br/jspui/handle/123456789/2435. Acesso em: 1
jun. 2021.

151
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

CANO, Dayani Soler; BESTARD, Camilo Macías; RELIS, Elizabeth Pereira;


OLIVERO, Yasmín Dranguet; GUZMÁN, Vivian Guzmán; RODRÍGUEZ,
Alfonso Calzada. Farmacologia de Las Plantas Medicinales . Revista
Información Científica. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?
id=551757317013. Acesso em: 5 maio 2021.
DIAS, Bruno Pedro. A Cannabis sativa – uma abordagem acerca do uso
medicinal, políticas públicas e legalização . Disponível em:
http://repositorio.unesc.net/handle/1/6025. Acesso em: 15 abr. 2021.
FORTUNA, Natália Silva; TIYO, Rogério; FREITAS, Geyse. Cannabis
sativa: uma alternativa terapêutica para saúde . Revista Uningá Review.
Disponível em:
http://revista.uninga.br/index.php/uningareviews/article/view/1980. Acesso
em: 11 maio 2021.
GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa . Disponível em:
http://www.uece.br/nucleodelinguasitaperi/dmdocuments/gil_como_elaborar
_projeto_de_pesquisa.pdf. Acesso em: 25 maio 2021.
GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar . Disponível em:
http://www.unirio.br/cchs/ess/Members/lobelia.faceira/ensino/programa-de-
pos-graduacao-em-memoria-social/seminario-de-pesquisa-doutorado-
memoria-social/textos/goldenberg-a-arte-de-pesquisar. Acesso em: 25 maio
2021.
GOMES, Luiz Eduardo; SIMONETI, Jandira Aparecida. Profissionais da
Química . Disponível em:
https://anaisonline.uems.br/index.php/semex/article/view/604. Acesso em: 1
jun. 2021.
GONÇALVES, Gabriel Augusto Matos; SCHLICHTING, Carmen Lúcia Ruiz.
Efeitos Benéficos e Maléficos da Cannabis Sativa . Revista Uningá Review.
Disponível em:
http://revista.uninga.br/index.php/uningareviews/article/view/1560. Acesso
em: 1 jun. 2021.
MACIEL, Maria Aparecida M.; PINTO, Angelo C.; VEIGA Jr, Valdir F.;
GRYNBERG, Noema F.; ECHEVARRIA, Aurea. Plantas medicinais: a
necessidade de estudos multidisciplinares . Química Nova. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S0100-40422002000300016. Acesso em: 1 jun.
2021.
152
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

MATOS, Rafaella L. A.; SPINOLA, Luciene Angélica; BARBOZA, Larissa L.;


GARCIA, Danielle R.; FRANÇA, Tanos C. C.; AFFONSO, Raphael S. O Uso
do Canabidiol no Tratamento da Epilepsia . Revista Virtual de Química.
Disponível em: http://dx.doi.org/10.21577/1984-6835.20170049. Acesso em:
18 maio 2021.
MEDEIROS, Franciele Castilhos; SOARES, Priscilla Bazzo; JESUS, Renan
Almeida de; TEIXEIRA, Débora Gafuri; ALEXANDRE, Mônica Michele;
ZARDETO-SABEC, Giuliana. Uso medicinal da Cannabis sativa
(Cannabaceae) como alternativa no tratamento da epilepsia . Disponível em:
https://doi.org/10.34117/bjdv6n6-623. Acesso em: 1 jun. 2021.
PAULO, Rafael Maciel de; ABREU, Breno Silva de. Cannabis no
Gerenciamento de Patologias . Disponível em:
http://revistafacesa.senaaires.com.br/index.php/revisa/article/view/247.
Acesso em 1 jun. 2021.
PEIXOTO, Luana dos Santos Fonseca; LIMA, Iasmin Fares Menezes de;
SILVA, Carolina Pereira da; PIMENTEL, Luana Gonçalves; LIMA, Vanessa
Bastos de Souza Rolim; SANTANA, Kássia Regina de; PAZ JÚNIOR,
Francisco Braga da; PAZ, Eliana Santos Lyra da. Ansiedade: o uso da
Cannabis sativa como terapêutica alternativa frente aos benzodiazepínicos .
Disponível em: https://doi.org/10.34117/bjdv6n7-631. Acesso em 1 jun.
2021.
PEREIRA, Alexandre; POUPA, Carlos. Como escrever uma tese,
monografia ou livro científico usando o word . Disponível em:
https://static.fnac-static.com/multimedia/PT/pdf/9789726189466.pdf. Acesso
em: 1 jun. 2021.
PEREIRA, Mauricio Gomes. A seção de discussão de um artigo científico .
Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1679-49742013000300020&lng=pt&nrm=iso.
Acesso em: 10 jun. 2021.
ROCHA, Sérgio Barbosa Ferreira. Potencial Brasileiro para o Cultivo de
Cannabis Sativa L. para Uso Medicinal e Industrial . Disponível em:
https://cannabisamanha.com.br/wp-content/uploads/2019/07/artigo_sergiob
arbosa.pdf. Acesso em: 18 maio 2021.

153
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

SUNAGA, Bruna Yumi. Efeitos Terapêuticos e Tóxicos da Cannabis Sativa .


Disponível em: http://repositorio.unifesp.br/handle/11600/49841. Acesso
em: 1 jun. 2021.
TOLEDO, Ana Cristina Oltramari; HIRATA, Lilian Lúcio; BUFFON, Marilene
da Cruz M.; MIGUEL, Marilis Dallarmi; MIGUEL, Obdulio Gomes.
Fitoterápicos: uma abordagem farmacotécnica . Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/237662723_Fitoterapicos_uma_ab
ordagem_farmacotecnica?enrichId=rgreq-
4ab3617492f86e3ac53c3e0be9fdfda3-
XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzIzNzY2MjcyMztBUzo5NzY5MjQ1Nzg
5Nzk4N0AxNDAwMzAzMTA1MTA4&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf.
Acesso em: 5 maio 2021.

Apresentação disponível em: https://www.youtube.com/watch?


v=DhRkmHMhhQM

154
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Engenharia Química na Nanotecnologia: regulamentação nos


impactos à saúde e ao meio ambiente

Vitória Corrêa Barbosa


vitoria.barbosa@ufms.br
Resumo: A tecnologia advinda de partículas com dimensões de
extrema pequenez, da ordem de um a cem nanômetros, chamada
de nanotecnologia tem eficiência acima comparada com as de
escala normal por conta da sua área de superfície, tendo uma
rapidez e absorção ótima. São utilizadas em inúmeros setores,
como por exemplo, medicamentos, eletrônicos, cosméticos,
alimentos, automóveis, entre outros. Entretanto, as mesmas
podem trazer impactos à saúde e ao meio ambiente necessitando
de uma correta e adequada regulamentação. A Engenharia
Química possui dezenas ramos de atuação, e um é deles é o
controle de qualidade dos produtos, e analisar seus riscos e malefícios a sociedade e ao
meio ambiente. O objetivo é mergulhar nas leis e projetos apresentados no Brasil sobre
como esta a questão da regulamentação dos nanomateriais. A metodologia aplicada é a
pesquisa por documentos e o estudo de leis utilizando fontes como Domínio Público,
Google Acadêmico, SciELO e o Senado. Os resultados encontrados foram que no Brasil e
no mundo ainda é escasso de regulamentação dessa inovação tecnologia, recente foi pré-
aprovado Projeto de Lei nº 880 que propõe o Marco Legal da Nanotecnologia e Materiais
Avançados no Brasil, e caso seja aprovado será a primeira lei que se refere à
nanotecnologia no País, estimulando a pesquisa, desenvolvimento científico, e a
capacitação da nanotecnologia. As conclusões são que o Brasil não possui uma
regulamentação especifica e adequada para assunto, ou seja, possui uma carência no
cuidado com as consequências e nos investimentos desta área, necessitando urgente de
uma.

Palavras-chave: Nanotecnologia. Regulamentação. Brasil. Projeto de Lei nº 880. Saúde.


Meio Ambiente.

Sumário: 1 Introdução. 2 Engenharia Química na Nanotecnologia. 3 Desregulamentação


nos Impactos à Saúde e ao Meio Ambiente. 4 Regulamentação nos Impactos à Saúde e ao
Meio Ambiente. 5 Metodologia. 6 Resultados. 7 Discussão. 8 Conclusões. 9 Referências.

155
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

1 Introdução
Existem dezenas de tipos de Engenharias e estão presentes na
sociedade em âmbito social, científico e econômico. A Engenharia Química
possui uma abrangente gama de funções, dentre elas, a participação no
processo de fabricação: a qual fiscaliza as etapas do processo, averigua a
regulamentação e faz o controle de qualidade do produto. A nanotecnologia
está crescendo, e da mesma maneira que a Engenharia essa ciência é
multidisciplinar - química, física, direito, biologia -, ou seja, traz impactos
em diversas áreas. A evolução da ciência, segurança dos seres humanos e
a preservação do meio ambiente devem correr em harmonia. Os materiais
nanotecnológicos já são presentes na sociedade atual, sendo utilizados e
descartados sem possuir a devida regulamentação necessária, podendo
então trazer riscos tanto para geração atual quanto para as próximas. Este
é o foco que se busca ao desenvolver a “Engenharia Química na
Nanotecnologia: regulamentação nos impactos à saúde e ao meio
ambiente”.
A explicação para a proposta “Engenharia Química na
Nanotecnologia: regulamentação nos impactos à saúde e ao meio
ambiente” envolve uma parte da química que é denominada Química Verde
sendo o “desenvolvimento de produtos químicos e processos que buscam a
redução ou eliminação do uso e da geração de substâncias perigosas”,
definição aceita pela IUPAC em 1993. Portanto, a incerteza de que essa
inovação tecnológica não traz riscos e impactos a sociedade e ao meio
ambiente justifica a necessidade de uma regulamentação.
A proposta será específica apenas para os materiais que usufruem
da tecnologia de nanopartículas e a regulamentação de seus impactos. Irá
abordar a regulamentação em outros países, contudo o foco principal será a
regulamentação no Brasil.
O objetivo é conhecer as leis e projetos apresentados no Brasil,
sobre como está a questão da regulamentação dos nanomateriais. Analisar
quais são as necessidades do país e o papel do governo junto com o
Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação.
A questão discutida na pesquisa se pauta na seguinte dúvida: A
nanotecnologia no Brasil possui regulamentação?
Na pesquisa e busca da resposta à questão discutida, encontrou se
as seguintes hipóteses:
156
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

• A primeira hipótese diz que o Brasil não possui uma


regulamentação adequada.
• A segunda hipótese indica que o Brasil possui um projeto de lei pré-
aprovado que será o marco legal da nanotecnologia e materiais avançados
no Brasil.
• A terceira hipótese é que, da mesma forma que o mundo, o Brasil
também necessita de uma regulamentação específica e segura para as
tecnologias que utilizam as nanopartículas.
Na realização de busca por informações foi utilizada a metodologia
de análise de documentos, projetos e leis. Sendo a pesquisa realizada em
diversas plataformas, dentre elas o Google Acadêmico, SciELO, Domínio
Público, documentos oficiais do Ministério da ciência tecnologia e inovação
e legislação encontradas no site do senado.
O trabalho teve como fundamentação bibliográfica: Maria Fernanda
Marques Fernandes e Carlos A. L. Filgueiras. Um panorama da
nanotecnologia no Brasil (e seus macro-desafios); Luísa Lauermann
Lazzarett e Haide Maria Hupffer. Nanotecnologia e sua regulamentação no
Brasil; Airton Guilherme Berger Filho. Nanotecnologia e o princípio da
precaução na sociedade de risco; Aldo Pacheco Ferreira e Leonardo da
Silva Sant’Anna. A Nanotecnologia e a Questão da sua Regulação no
Brasil: Impactos à Saúde e ao Ambiente; Pimentel. Revista Brasileira de
História & Ciências Sociais. Pesquisa documental: pistas teóricas e
metodológicas.
Os resultados encontrados foram que o Brasil não possui uma
regulamentação oficial em relação à nanotecnologia. Há um Projeto de Lei
nº 880 que propõe o Marco Legal da Nanotecnologia e Materiais Avançados
no Brasil, que se for aprovado será a primeira legislação no Brasil voltada e
específica para os materiais feitos com as nanopartículas. A população já
está usufruindo desta tecnologia que por ser “nova” ainda é limitada.
Entretanto, a sua utilização não deixa de ser notória, e em resultado os
seus riscos e impactos a saúde e ao meio ambiento ganham destaque na
mesma frequência. Então o Brasil, que não possui uma regulamentação,
precisa com urgência se responsabilizar por uma.
A criação e o investimento em estudos para que no Brasil possa ter a
regulamentação desta inovação é necessária, porque da mesma forma que

157
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

a nanotecnologia cresce e atinge novas áreas, seus riscos e impactos


também crescem ao mesmo tempo.
No decorrer da pesquisa e com a finalidade de registro obteve se
nove tópicos: I) uma introdução com a contextualização da proposta
apresentada, as prováveis hipóteses a serem discutidos, o problema e a
possível solução; II) a área de atuação do Engenheiro Químico responsável
pela análise do processo de produção e o controle de qualidade; III) análise
aprofundada do problema da pesquisa; IV) trata – se do detalhamento da
possível solução, discutindo uma das hipóteses apresentadas; V) a
metodologia utilizada para adquirir as informações necessárias; VI) os
resultados finais encontrados com o estudo do banco de dados; VII) a
discussão do conjunto das informações obtidas inclui o problema e a
solução; VIII) apresenta a conclusão final da pesquisa, apontando o que
deve fazer em relação ao problema; IV) a fixação das referências utilizadas
ao longo de todo o processo.
Nesse sentido, conclui que ter uma regulamentação é necessário e
importante. A nanotecnologia está estrando com rapidez no cotidiano das
pessoas. A Engenharia Química entra com o papel de analisar e formular
uma regulamentação, controlar a qualidade dos materiais produzidos por
nanopartículas.

2 Engrenharia Química na Nanotecnologia


Na atualidade, século XXI, a preocupação com a procedência dos
alimentos, roupas, e de produtos de uso pessoal está se tornando um
assunto de importância e notoriedade. A dúvida de quais são as
consequências para o meio ambienta e a saúde dos mesmos passou ser a
interesse da sociedade. É necessário para ter uma qualidade de vida boa, a
natureza e saúde estarem em dia e em equilíbrio, o mínimo a se fazer é
preservar e manter em boa forma os dois. O Engenheiro Químico possui
uma função importante para chegar ao que foi citado antes, tendo um papel
fundamental na produção de qualquer coisa. O controle de qualidade,
analisar o produto está pronto para uso, quais são riscos e impactos,
averiguar a composição, entre outros exemplos fazem parte da vida
profissional de um engenheiro químico.
A nanotecnologia ainda carente de estudos e regulamentação sobre
os seus riscos e impactos a saúde e ao meio ambiente. A Engrenharia
158
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Química em parceria com outros profissionais e o governo deve buscar e


estudar sobre.
Maria Fernanda Marques Fernandes e Carlos A. L. Filgueiras
escrevem sobre “Um panorama da nanotecnologia no Brasil (e seus macro
desafios)” , no seguinte texto:
A nanotecnologia é, essencialmente, transdisciplinar, envolvendo químicos,
físicos, biólogos, engenheiros e farmacêuticos, entre outros profissionais.
No entanto, pode-se dizer que os químicos têm um papel central para o
desenvolvimento da nanotecnologia. Para se ter uma ideia da importante
ligação entre a química e a nanotecnologia, basta comparar suas
definições. Química é a ciência que trata da composição, estrutura e
propriedades da matéria, em nível atômico e molecular, bem como das
reações que se produzem entre os elementos ou as moléculas. Já as
nanociências e as nanotecnologias (N&N) englobam projeto, manipulação,
produção e montagem no nível atômico e molecular.
Um nanômetro é a bilionésima parte do metro. A nanoescala vai de cerca
de 100 nanômetros até aproximadamente 0,2 nanômetro. Para efeito de
comparação, uma fileira de dez átomos de hidrogênio tem um nanômetro
de comprimento e um único fio de cabelo tem 50 mil nanômetros de
diâmetro.5 Nanociência é “o estudo dos fenômenos e a manipulação de
materiais nas escalas atômica, molecular e macromolecular, onde as
propriedades diferem significativamente daquelas em uma escala maior”,
enquanto nanotecnologias são “o design, a caracterização, a produção e a
aplicação de estruturas, dispositivos e sistemas controlando forma e
tamanho na escala nanométrica.” Embora sejam coisas distintas, muitas
vezes, como forma de simplificação, utiliza-se somente o termo
nanotecnologia para se referir ao conjunto das N&N.
Fonte: Maria Fernanda Marques Fernandes e Carlos A. L. Filgueiras. Um panorama
da nanotecnologia no Brasil (e seus macro-desafios). Instituto de Química,
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/qn/v31n8/50.pdf. Acesso em: 7 maio 2021.

Os escritores trazem uma visão ampla da nanotecnologia, citando


quais disciplinas e profissionais ela envolve. Fica evidente, que para se
desenvolver matérias na escala nano é necessário o trabalho e esforço em
conjunto, entretanto os autores deixam em evidencia o destaque do químico
para o seu desenvolvimento. A química estuda as transformações ocorridas
no dia a dia, e a composição molecular e atômica da matéria, em comum
com a nanotecnologia como diz o autor envolvem projeto, manipulação,
produção e montagem no nível atômico e molecular.
A nanociência se difere da nanotecnologia, enquanto uma é o estudo
das partículas nanos que possuem uma inferioridade significativa em
comparação com as de escala não nano, a outra é a prática, a aplicação e
159
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

o desenvolvimento de estruturas, sistemas e dispositivos em escala


manométrica. Apesar de serem distintas, possuem uma característica em
comum que é trabalhar com a escala nano, em consequência disso para
ficar prático de se comunicar é abreviado para N&N, para relacionar a
nanoescala.
Luísa Lauermann Lazzarett e Haide Maria Hupffer discorrem sobre a
nanotecnologia e sua crescente no mercado consumidor, no seguinte texto:
Muitos estudiosos consideram essa tecnologia como constituinte da Quarta
Revolução Industrial, pois essa tecnologia faz parte de uma evolução
tecnológica tão significativa que representa, juntamente com outras
tecnologias, alterações históricas inimagináveis como em relação ao
tamanho diminuto, à velocidade do desenvolvimento dessas novas
tecnologias e ao elevado grau de complexidade devido aos diferentes
agentes envolvidos nesse processo, como as universidades,
pesquisadores, fabricantes, governos e a sociedade em geral, através de
grupos de interesses. Nanoprodutos já estão disponíveis no mercado
consumidor em larga escala e, consequentemente, há um crescimento da
exposição à essa tecnologia tanto por parte dos pesquisadores,
trabalhadores quanto dos consumidores. Ademais, esses produtos são
utilizados e descartados em diferentes ambientes sem o devido controle e
regulamentação, podendo causar graves problemas às presentes e futuras
gerações. O principal objetivo do presente artigo é observar como está a
regulação e a normatização de produtos e aplicações com nanotecnologia
no Brasil, principalmente em relação à caracterização dos nanomateriais, à
indicação na rotulagem desses produtos e políticas de pesquisa,
desenvolvimento e comercialização das nanotecnologias. Como objetivos
específicos, será conceituada a nanotecnologia e a nanociência, descritas
suas potencialidades, benefícios, riscos, investimentos em pesquisa e o
mercado internacional e brasileiro nanotecnologia.
Fonte: Luísa Lauermann Lazzarett e Haide Maria Hupffer. Nanotecnologia e sua
regulamentação no Brasil. Disponível em:
https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistagestaoedesenvolvimento/article/
view/1792/2432. Acesso em: 7 maio 2021.

As autoras discorrem sobre como a nanotecnologia está sendo uma


revolução no mundo atual, sua inovação na pequenez e na velocidade é
considerada relevante. O mercado consumidor está se apossando e
mergulhando nesta tecnologia a cada dia que se passa, e com o marketing
digital que na atualidade está em diferentes plataformas mostrando apenas
os benefícios para os consumidores em consequência os enganando. Na
nanotecnologia há dezenas de qualidade, não é atoa que está crescendo de
forma exponencial, mas o seu descarte inadequado e falta de uma
regulamentação sólida traz maléficos tanto para saúde humana quanto para
o meio ambiente. Deve haver pesquisas e estudos para descobrir novos
160
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

benefícios, mas suas consequências para o mundo e aqueles que no


mesmo habitam também devem ser analisadas
O autor Airton Guilherme Berger Filho discorre sobre os riscos da
nanotecnologia, no seguinte texto:
A Organização não Governamental canadense Erosion, Technology and
Concentration, conhecida como Grupo ETC, em diversas publicações na
Internet e publicações impressas analisa os múltiplos impactos da
nanotecnologia sobre a sociedade, a economia e o meio ambiente. A partir
de uma perspectiva ampla, segundo os pesquisadores do ETC (2009),
podemos agrupar quatro grandes problemas para a coletividade
decorrentes do uso da nanotecnologia:
1. O controle tecnológico na nano escala como elemento fundamental para
o controle corporativo. Conforme ETC as tecnologias em nano escala
fazem parte da estratégia operativa para o controle corporativo da
indústria, dos alimentos, da agricultura e da saúde no século XXI. A
nanotecnologia protegida pelos Direito de Propriedade Intelectual pode
significar o avanço na privatização da ciência e uma terrível concentração
de poder corporativo, pelas grandes empresas transnacionais.
2. Controle social a partir convergência entre informática, biotecnologia,
nanotecnologia e ciências cognitivas: “A convergência ocorre quando a
nanotecnologia se funde com a biotecnologia (permitindo o controle da vida
através da manipulação de genes) e com Tecnologia da Informação
(permitindo o controle do conhecimento através da manipulação de Bits) e
com Neurociência cognitiva (permitindo o controle da mente através da
manipulação dos neurônios).” O grupo ETC utiliza o termo BANG, para
apresentar a convergência tecnológica entre bits, átomos, neurônios e
genes. Conforme os estudos dessa organização não governamental o
BANG “trata-se de uma cruzada tecnológica para controlar toda a matéria,
vida e conhecimento.”
“De acordo com a teoria do Little BANG, os neurônios podem ser
reengenheirados de tal forma que nossas mentes “falem” diretamente a
computadores ou membros artificiais; vírus podem ser engenheirados para
atuarem como máquinas ou, potencialmente, como armas; redes de
computadores podem ser fundidas com redes biológicas para desenvolver
inteligência artificial ou sistemas de vigilância. De acordo com o governo
norte-americano, a convergência tecnológica irá “melhorar o desempenho
humano” nos locais de trabalho, nos campos de futebol, nas salas de aula
e nos campos de batalha”. (ETC, 2005, p. 24).
3. Riscos Ambientais e Riscos para a Saúde Humana: a nanobiotecnologia
pode criar fusão entre a matéria viva e a não viva, resultando em
organismos híbridos e produtos que não são fáceis de controlar e se
comportam de maneiras não previsíveis. Alta reatividade e mobilidade e
outras propriedades advindas de seu pequeno tamanho também têm
grande probabilidade de acarretar novas toxicidades. Diversas são as
indagações quanto aos riscos do contato com nanopartículas para a
segurança dos trabalhadores e dos consumidores. O grande problema
161
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

reside no fato de que ao se utilizar de nano implementos, não se tem


certeza dos fatores nocivos provenientes dos produtos e subprodutos
nanotecnológicos. Alguns estudos publicados demonstraram que cobaias
submetidas a partículas “nano” apresentaram modificações
morfofisiológicas drásticas, alguns resultando em morte. Devido ao
tamanho reduzido fica difícil determinar o grau de dispersão nano
estruturas no meio ambiente.
4. A incerteza científica acerca das nanopartículas e o vácuo na
regulamentação: Dados toxicológicos sobre nano partículas manufaturados
são escassos, mesmo existindo produtos comerciais no mercado (insumos
agrícolas, cosméticos, filtros solares). Os critérios utilizados para saber a
toxicidade das substâncias na escala macro não trazem certezas quando
confrontados com a nanotecnologia. Não existem metodologias confiáveis
para estabelecer diferença entre as propriedades encontradas na
“Macroescala” e na “Nanoescala”. É importante evidenciar que no Brasil
inexistem leis e dispositivos capazes de prevenir ou até mesmo abordar as
peculiaridades dessa nova revolução tecnológica. As normas jurídicas que
podem ser utilizadas para, por exemplo, autorizar a comercialização de um
determinado produto nanotecnológico para a agricultura não diferem das
normas e critérios técnicos para os demais produtos, pois não existe uma
diferenciação pelo Direito entre o tratamento legal da nanotecnologia e de
outras tecnologias.
Fonte: Airton Guilherme Berger Filho. Nanotecnologia e o princípio da precaução na
sociedade de risco. Disponível em: https://scholar.google.com.br/citations?
user=0GFHjHoAAAAJ&hl=pt-BR. Acesso em: 7 maio 2021.

O autor pegou informações da Organização não Governamental


canadense Erosion, Technology and Concentration para discutir sobre os
impactos da nanotecnologia. Ele distribuiu em quatro tópicos: 1 – Controle
Tecnológico, 2 – Controle social, 3 – Riscos Ambientais e Riscos para a
Saúde Humana, e o 4 – A incerteza científica acerca das nanopartículas e o
vácuo na regulamentação. Como já citado a nanotecnologia engloba
diversas áreas, e nesses quatro pontos fica explícito alguma delas, como
por exemplo: ciência, sociedade, meio ambiente, saúde e tecnologia. Existe
uma necessidade do controle tecnológico porque as nanopartículas estão
ligadas de forma intima ao dia a dia dos seres humanos, nos alimentos,
indústrias têxteis, cosméticos, entre outros. O meio ambiente e os seres
humanos são expostos a centenas de riscos a cada segundo, e por isso o
que poder ser evitado e melhorado para ter como consequência uma
qualidade de vida superior ao que se tem, é necessário ser feito.
Partículas tão pequenas, ao mesmo tempo, possuem uma dimensão
e espaço tão grande no mundo. Compreende-se que tudo para ter um
resultado legal deve passar pelas etapas de forma correta até chegar a

162
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

quem irá usufruir do mesmo e possuir uma regulamentação específica. A


nanotecnologia, quarta revolução industrial, está abrangendo em velocidade
máxima, dominará o mundo das indústrias, citada em parágrafos anteriores,
em anos. Seus estudos, pesquisas e testes devem procurar evoluir na
mesma sincronia porque isto significa que está ocorrendo como o previsto.
Assim, fica evidente que regulamentação da nanotecnologia é
indispensável para resultados de qualidade referentes à saúde e ao meio
ambiente. Entrar em harmonia é necessário e precisa ser rápido para poder
evitar impactos. Sempre é necessário de ater a ambos os lados, a ação
possui uma reação, e por mínima que seja é essencial saber domina lá e
combater contra. O Engenheiro Químico possui uma função direta na
formulação da regulamentação, participando do controle de qualidade.
Visto o conceito de nanotecnologia, passa a descrever o problema de
pesquisa que é a Desregulamentação da nanotecnologia nos Impactos à
Saúde e ao Meio Ambiente.

3 Desregulamentação da Nanotecnologia nos Impactos à Saúde e ao Meio


Ambiente
O Engenheiro Químico está incumbido de funções desde os
processos de produção até a logística de venda. Os processos passam pelo
mesmo, exemplos: quais materiais vão ser utilizados, como vai ser feito o
processo de confecção, prevenção de acidentes nas fábricas, e não menos
importante às consequências do produto para o Meio Ambiente e Saúde da
população. Para que essas etapas sejam bem-sucedidas é necessária uma
regulamentação segura, confiável e completa, são anos de estudos para
oferecer qualidade, com as necessárias informações na rotulagem,
especificação dos benefícios e riscos. Entretanto, a nanotecnologia que
está inclusa na rotina das pessoas não possui a regulamentação que
deveria. Considerada a “Quarta Revolução Industrial”, ou seja, uma
evolução para o século XXI a desregulamentação é algo para se preocupar,
ter cuidado e exigir mudanças.
A questão discutida na pesquisa se pauta na seguinte dúvida: A
nanotecnologia no Brasil possui regulamentação?
A indagação discorrida se trata da preservação de vidas e do mundo
em que as quais vivem. O Engenheiro Químico carrega consigo
163
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

responsabilidade de certificar – se desde a preparação do produto até as


suas consequências. O Brasil não é uma potência mundial com um avanço
tecnológico significativo no mesmo nível que os Estados Unidos, porem
possui focos indústrias e responsabilidades com a sua nação. Em
decorrência do espaço em que a nanotecnologia está ganhando, sem
dúvidas, é necessário uma regulamentação exclusiva do Brasil.
O desenvolvimento da nanotecnologia está estimulado e crescente, e vem
atendendo às demandas e aos consequentes desafios para a sociedade,
incluindo, principalmente, fármacos, insumos e cosméticos. Assim, as
abordagens nanotecnológicas nos cuidados à saúde tem sido uma área de
vital relevância nos dias atuais. Produtos farmacêuticos e dispositivos
médicos são produtos finais, considerados os mais importantes mercados
para a nanotecnologia durante a primeira década do século XXI. Os
mercados potenciais como, por exemplo, os de tecnologias químicas,
biotecnologia, informação e de comunicação estão no estágio intermediário
da produção, porém são incluídos nos produtos finais para o usuário em
mercados como o da saúde.
Com o objetivo de promover o desenvolvimento de novos produtos e
processos em nanotecnologia, com vistas ao aumento da competitividade
da indústria no país, algumas iniciativas foram desenvolvidas pelo Governo
Federal. Em suma, o panorama geral da nanociência e nanotecnologia no
país revela que esta tecnologia está sendo desenvolvida e comercializada.
Entretanto, semelhante desempenho ainda ressente de uma regulação com
normas e padrões que constituam instrumentos importantes para a
fabricação de produtos – como ocorreu no processo de regulação dos
produtos transgênicos.
O desenrolar da nanotecnologia é fato e, concomitantemente, será
implementado o desenvolvimento e potencialidades de novos produtos, os
quais, em pouco tempo estarão sendo utilizados pela população. Porém, da
mesma forma que se desenvolve as nanotecnologias, urge o
desenvolvimento de metodologias mitigatórias dos subprodutos advindos
dos processos de produção, de forma a não se ter contaminações no
ambiente e impacto na saúde. Entretanto, deve-se insistir em uma
abordagem preventiva aos possíveis riscos para o ambiente e à saúde
humana. Questões de nanosegurança e meio ambiente estão relacionadas
à percepção de risco, ao princípio da precaução, ao desenvolvimento
sustentável e às diversas aplicações da nanotecnologia. Com efeito, fica
evidente que havendo ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência
de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para
postergar medidas eficazes e economicamente viáveis à prevenção de
impactos a saúde e ao ambiente.
Aspectos concernentes a regulação de nanomaterias é um conceito
importante para a avaliação e a gestão das implicações da nanotecnologia
que parece destinada a se tornar o próximo foco de debate acalorado sobre
a relação entre as novas tecnologias, os riscos e a sustentabilidade. Esta
inclui a totalidade dos atores, regras, convenções, processos e
164
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

mecanismos envolvidos com a forma e como a informação de risco


relevante é coletada, analisada e comunicada, juntamente com as decisões
de gestão que são tomadas. O fluxograma da figura 2 expressa os passos
principais de processos e regulamentações referentes aos produtos
elaborados com a tecnologia-nano, em especial, quanto as ações das
nanoestruturas e nanosistemas ativos liberados no meio ambiente,
ressaltando por conseguinte, quais implicações podem incidir à saúde
pública, denotado pelo comportamento dinâmico e a multifuncionalidade de
compostos nanoestruturados.
Fonte: Aldo Pacheco Ferreira e Leonardo da Silva Sant’Anna. A Nanotecnologia e a
Questão da sua Regulação no Brasil: Impactos à Saúde e ao Ambiente. Disponível
em: http://dx.doi.org/10.18024/1519-5694/revuniandrade.v16n3p119-128. Acesso
em: 11 maio 2021.

Figura 2. Fluxo evidenciando o risco para nanoestruturas e nanosistemas


ativos e a necessidade de regulação do processo.

A citação acima descreve a importância e quais são as etapas que


envolvem o desenvolvimento de um produto referente à nanotecnologia.
Além de saber quais são os riscos e os impactos a saúde e ao meio
ambiente, em conjunto, deve tomar precauções em decorrência dos
possíveis malefícios. Ter cuidado nunca vai ser inútil, porque com a
frequência que trazem benéficos, os riscos e impactos podem ser
amplificados, ou seja, em vez de fazer o esperado que é uma melhoria
acaba resultando no contrário.
Reafirmando que a situação problema é desregulamentação da
nanotecnologia nos impactos a saúde e ao meio ambiente, e que faz parte
da profissão do Engenheiro Químico ajustar, pesquisar, estudar e criar uma
regulamentação. O foco é que não se sabe se a nanotecnologia cumpre o
seu propósito que é ser benéfico ou se faz no sentindo oposto.

165
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Assim, a desregulamentação da nanotecnologia, pelos profissionais


da área de Engenharia Química, traz consequências tanto para o meio
ambiente quanto para a saúde dos seres humanos, prejudicando ambos.
Da descrição da questão problema passa a indicar e discutir as
hipóteses e a provável solução que é ter uma regulamentação presando
benefícios, qualidade de vida e a segurança.
4 Regulamentação nos Impactos à Saúde e ao Meio Ambiente
Os consumidores atuais estão buscando saber tudo sobre o produto
adquirido, como por exemplo: precedência, efeitos, impactos, teste em
animais e componentes. Sempre foi necessário ter uma rigorosidade para
avaliar todas as etapas de produção até ser colocado para venda, mas
agora que as pessoas estão buscando se interessar, a regulamentação
precisa ser o dobro. Na mesma intensidade que o mundo está se
preocupando em cuidar da saúde e da natureza, também estão avaliando
os produtos a serem com critérios que antes eram inúteis e fúteis. Essa
preocupação da sociedade é benéfica, as produções são manuseadas com
melhores condições e em consequência os resultados finais são de elevada
qualidade.
A questão discutida na pesquisa se pauta na seguinte dúvida: A
nanotecnologia no Brasil possui regulamentação?
Tendo como base a pergunta do problema, a regulamentação faz
parte do processo de produção de todos os produtos utilizando qualquer
material, a necessidade de cuidar do que está sendo preparado e quais são
os impactos tanto é intensa. O Engenheiro Químico está incluso na
participação da elaboração das etapas de produção, um dos principais
atores com responsabilidades significativas na elaboração de uma
regulamentação. A nanotecnologia, apesar de já estar presente em diversos
produtos e ser a e evolução deste século, ainda, não possui uma
regulamentação no Brasil.
A primeira hipótese aborda que “o Brasil não possuir uma
regulamentação adequada”.
De modo ligeiro, o fato do Brasil não ter uma regulamentação
específica voltada para a nanotecnologia interfere na qualidade dos seus
produtos que possuem a nanotecnologia e influencia na falta de
profissionalismo ou capacidade dos engenheiros químicos do país. O Brasil
166
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

está agindo de forma incorreta em não possui uma regulamentação, o fato


de possuir profissionais com procedências excelentes não é necessário. As
empresas e indústrias que trabalham com a nanotecnologia possuem, com
certeza, o dever de buscar profissionais com patamares significativos,
porém a legislação do país também deve acompanhar este nível
construindo uma regulamentação exemplar.
Na segunda hipótese tem-se que “o Brasil possui um projeto de lei
pré-aprovado que será o marco legal da nanotecnologia e materiais
avançados no Brasil”.
Apesar de um projeto pré-aprovado ser um começo isto não o
suficiente, as coisas não funcionam quando ficam apenas no papel, elas
possuem a necessidade de serem colocadas em prática. As burocracias a
serem resolvidas têm em sua consequência a demora e o atraso da
aprovação das leis, tendo então influencia no desenvolvimento da
nanotecnologia no Brasil. A nova tecnologia com seu tamanho significante,
a nova era da tecnologia, não merece e é inadmissível ter apenas uma pré-
aprovação de uma lei, a rapidez para por em prática o Marco Legal da
Nanotecnologia e Materiais Avançados no Brasil precisa ser eficaz. A
nanociência requer uma atenção especial por ser, como estudiosos a
nomeiam, a quarta revolução industrial.
Na terceira hipótese fala que “Da mesma forma que o mundo, o
Brasil também necessita de uma regulamentação específica e segura para
as tecnologias que utilizam as nanopartículas”.
Nesta hipótese a necessidade de que a nanotecnologia precisa ter
uma regulamentação específica e segura. O resultado de qualidade é
esperado por todos, entretanto para isso o seu processo de produção
precisa ser eficiente e eficaz, não adianta esperar algo se não se prepara
para isso. Uma regulamentação é indiscutível para que uma nova
tecnologia cresça de forma próspera e tenha uma eficácia legal. O
Engenheiro Químico deve, por meio de seus conhecimentos, montar um
regulamento que prevê todos os riscos expostos ao estarem utilizando do
material em questão, quais será os impactos a curto e longo prazo, além de
ter quais as medidas necessárias para contê-los. Segurança, qualidade,
eficiência, preservação e dedicação são fatores que não devem andar
separados, todas essas características precisam ser inclusas na
regulamentação pronta para ser colocada em prática.

167
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Assim, produtos com qualidade e eficiência requerem Engenheiros


Químicos bons e uma regulamentação específica. O Brasil não possuir uma
regulamentação para a nanotecnologia é inadmissível, as pessoas e o meio
ambiente não são coisa inúteis que não precisam de uma atenção especial,
pelo contrário, são duas dádivas do mundo que devem ser preservadas e
cuidadas com atenção. Ter uma regulamentação com todas as etapas a ser
seguidas, analisada e estudada por profissionais de qualidade deveria ser
um pré-requisito obrigatório.
Da regulamentação da nanotecnologia no Brasil, passa a descrever a
metodologia da pesquisa.
5 Metodologia
A metodologia é uma ferramenta que auxilia na busca por
informações que irão formar e complementar o trabalho em questão.
A definição de metodologia, segundo Bruyne (1991), a metodologia é a
lógica dos procedimentos científicos em sua gênese e em seu
desenvolvimento, não se reduz, portanto, a uma “metrologia” ou tecnologia
da medida dos fatos científicos. A metodologia deve ajudar a explicar não
apenas os produtos da investigação científica, mas principalmente seu
próprio processo, pois suas exigências não são de submissão estrita a
procedimentos rígidos, mas antes da fecundidade na produção dos
resultados.
Fonte: Bruyne. PUC – RJ. Disponível em:
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/9443/9443_4.PDF. Acesso em: 26 maio 2021.

Entende – se que a metodologia não foca apenas nos resultados e


comprovações, mas também nos processos de produção, dando a devida
importância às etapas levando em consideração suas exigências para obter
– se resultados de níveis elevados.
Neste caso, a metodologia utilizada foi documental e o estudo de
leis.
Segundo Pimentel, a pesquisa documental possui a seguinte
verdade:
“Com o intuito de contribuir para a utilização da análise documental em
pesquisa esse texto apresenta o processo de uma investigação. [...] São
descritos os instrumentos e meios de realização da análise de conteúdo,
apontando o percurso em que as decisões foram sendo tomadas quanto às
técnicas de manuseio de documentos: desde a organização e classificação
do material até a elaboração das categorias de análise.”

168
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Fonte: Pimentel. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais. Pesquisa


documental: pistas teóricas e metodológicas . Disponível em:
https://periodicos.furg.br/rbhcs/article/view/10351/pdf. Acesso em: 27 maio 2021.

A pesquisa documental é um método comum e válido para se obter


informações de segurança e qualidade. Deve – se ter um cuidado ao
selecionar quais documentos irá utilizar e quais são as fontes de sua
pesquisa.
Definição do conceito de pesquisa documental:
A pesquisa documental é um tipo de pesquisa que utiliza fontes primárias,
isto é, dados e informações que ainda não foram tratados científica ou
analiticamente. A pesquisa documental tem objetivos específicos e pode
ser um rico complemento à pesquisa bibliográfica. Os documentos
analisados podem ser atuais ou antigos, e podem ser usados para
contextualização histórica, cultural, social e econômica de um lugar ou
grupo de pessoas, em determinado momento da história. Por essa razão, é
um tipo de pesquisa bastante utilizado nas ciências sociais e humanas.
Além disso, permite fazer análises qualitativas sobre determinado
fenômeno, mas também é possível fazer análises quantitativas, quando se
analisam bancos de dados com informações numéricas, por exemplo.
Fonte: Naína Tumelero. Pesquisa Documental . Disponível em:
https://blog.mettzer.com/pesquisa-documental/. Acesso em: 27 maio 2021.

Tem-se a definição de lei, que é um dos meios utilizados para


obtenção de dados:
Lei (do verbo latino ligare, que significa "aquilo que liga", ou legere, que
significa "aquilo que se lê") é uma norma ou conjunto de normas jurídicas
criadas através dos processos próprios do ato normativo e estabelecidas
pelas autoridades competentes para o efeito.
A palavra lei pode ser empregada em três sentidos diferentes, conforme a
abrangência que se pretenda dar a ela. Numa acepção amplíssima, lei é
toda a regra jurídica, escrita ou não; aqui ela abrange os costumes e todas
as normas formalmente produzidas pelo Estado, representadas, por
exemplo, pela Constituição federal, medida provisória, decreto, lei
ordinária, lei complementar, etc. Já num sentido amplo, lei é somente a
regra jurídica escrita, excluindo-se dessa aceção, portanto, o costume
jurídico. Por fim, numa aceção técnica e específica, a palavra lei designa
uma modalidade de regra escrita, que apresenta determinadas
características; no direito brasileiro, são técnicas apenas a lei
complementar e a lei ordinária.
Fonte: Câmara Municipal Cajamar – Estado de São Paulo. Disponível em:
https://www.cmdc.sp.gov.br/texto/12. Acesso em: 27 maio 2021.

Uma ordem comum a toda sociedade, que deve ser estudada e


conhecida. Fonte de pesquisa com segurança significativa, que leva em

169
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

consideração inúmeras variantes abrangendo a uma gama extensa de


ações, comportamento e classes sociais.
Desse modo, a pesquisa teve como base a pesquisa documental e o
estudo das leis. Com essa definição montou o trabalho. Então, teve como
objetivo a busca relacionada à nanotecnologia e sua regulamentação.
O conceito de nanotecnologia é amplo e está em pauta na
atualidade. A pesquisa, em consequência das características citadas
anterior, teve que ser filtrada e utilizar palavras – chaves relacionadas ao
tema para ter um número de resultados significante. O Engenheiro Químico
deveria ser incluso nos assuntos do trabalho, pois é essencial ao se falar
de regulamentação. Com isto, o objetivo do que iria ser o trabalho estava
pré-definido.
O próximo passo seria estabelecer o problema e a solução, no
âmbito do subtítulo.
A problemática teve com foco a desregulamentação no Brasil, nesta
situação, da nanotecnologia. A solução, pela técnica do “ter ou não-ter”,
ficou exigida a necessidade de se ter uma regulamentação voltada para
nanotecnologia.
A proposta de interesse e formulada, deveria passar por etapas para
analisar sua viabilidade, ou seja, construir um banco de dados com
qualidade utilizando leitura objetivada e adquirir informações suficientes
para formular uma solução ao problema.
Na investigação documental teve por opção de início as seguintes
fontes: Google Acadêmico, SciELO Livros, SciELO Artigos, Domínio Público
e o Senado.
Acessando o Google Acadêmico, buscando pelas palavras chave do
título obteve – se como resultado: 4.510 resultados em 0,05 segundos.
No SciELO artigos utilizando o mesmo foco de pesquisa teve como
resultado: 412 artigos relacionados a proposta. No SciELO livros não
mostrou nada de importância.
No site do Domínio Publico teve 881 casos encontrados que
abordavam o tema da proposta.

170
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

No Senado o objetivo era buscar se tinha a existência de alguma lei


ou projeto relacionado ao tema em questão, e o resultado foi: PL 880/ 2019,
que seria o Marco Legal da Nanotecnologia no Brasil.
Após a validação da pesquisa da quantidade por documentos para
ter como base do artigo, em seguida como citado nos parágrafos anterior
faz – se a leitura objetivada selecionando de 15 a 20 artigos para retirar
informações de qualidade para compor o trabalho.
Passando por esta etapa, inicia a parte prática da formulação e
organização dos parágrafos de texto.
O início operou-se pelo título e subtítulo. No título tem-se a descrição
do objeto de estudo. E no subtítulo a solução do problema.
Tendo a certeza do título e subtítulo, por meio da leitura objetivada,
elaborou-se o resumo, conforme ABNT NBR 6028, que se destaca ou
evidencia das seguintes informações: i) contexto – indicando o título e
subtítulo; ii) objetivo – verbo no infinitivo; iii) metodologia – descreveu como
elaborou o banco de dados; iv) os resultados – encontrados no banco de
dados; e v) as conclusões – que se pode inferir dos resultados obtidos.
Em seguida ocorre a elaboração da introdução contendo nela doze
parágrafos. E procedendo-se de igual modo aos demais tópicos até o final,
sempre observando as orientações e o balizamento estabelecido na etapa
anterior.
Assim, o método utilizado foi pesquisa documental e o estudo de leis,
adquirindo uma boa base para construir o trabalho. A pesquisa documental
deu a oportunidade de retirar todas as informações necessárias para conter
as dúvidas relacionadas ao tema da proposta. O estudo das leis permitiu
observar a situação da nanotecnologia no Brasil, e o como está o
andamento da sua evolução no país.
Da visão da metodologia passa a discorrer sobre os principais
resultados encontrados nos bancos de dados.

6 Resultados
O material selecionado como base da pesquisa documental teve
como resultado a ênfase na falta de regulamentação. Por ser uma inovação
do século XXI, tinha como esperado resultados contrários aos obtidos, pela
171
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

nanotecnologia estar infiltrada em dezenas de áreas na sociedade, tinha –


se como expectativa uma regulamentação completa, pesquisas avançadas
e investimentos significantes tanto do Brasil quanto do mundo.
O Brasil não é um país de primeiro mundo, comparado ao nível dos
Estados Unidos, por exemplo, mas possui um polo industrial de qualidade.
O território nacional brasileiro tem inteira capacidade de buscar melhores
recursos e garantias aos seus produtos constituídos de nanopartículas.
A construção do banco de dados teve como alicerce artigos, textos,
documentos, leis, livros e etc., tendo como principal resultado de que o
Brasil não possui uma regulamentação para nanotecnologia.
Segundo uma pesquisa realizada por integrantes da Fundação
Oswaldo Cruz e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem a seguinte
questão:
Aspectos jurídicos: Normas legais
O Poder Executivo participa no processo legislativo sendo que propõe
alguns projetos de leis, votam projetos, além de sancionar, promulgar,
publicar e regulamentar as leis. Os projetos de leis tramitam no Congresso
Nacional e cabe ao Poder Legislativa a responsabilidade para que as leis
sejam constitucionais, através do aperfeiçoamento dos mecanismos de
controle e fiscalização, em alguns casos, com a parceria do Poder
Judiciário. As informações jurídicas encontradas foram organizadas
segundo sua identificação, situação e tramitação (tabela 1), onde se
contextualizou as posições do Brasil de 1991 a 2015.
Aspectos jurídicos envolvendo a Nanotecnologia quanto sua regulação no
Brasil (1991-2015).
PL 5076/2005 - 18/04/2005 arquivado - Dispõe sobre a pesquisa e o uso da
nanotecnologia no País, cria Comissão Técnica Nacional de
Nanossegurança - CTNano, institui Fundo de Desenvolvimento de
Nanotecnologia - FDNano, e dá outras providências.
PL 00131/2010- 05/08/2013 arquivado- Altera o Decreto-Lei nº 986, de 21
de outubro de 1969, que institui normas básicas sobre alimentos, e a Lei nº
6.360, de 23 de setembro de 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária a
que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos
e correlatos, cosméticos, saneantes e outros produtos, e dá outras
providências, para determinar que rótulos, embalagens, etiquetas, bulas e
materiais publicitários de produtos elaborados com recurso à
nanotecnologia contenham informação sobre esse fato.
PL 5133/2013- 04/02/2015 - Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.
Desarquivado nos termos do Artigo 105 do RICD, em conformidade com o
despacho exarado no REQ-5/2015. - Regulamenta a rotulagem de produtos
da nanotecnologia e de produtos que fazem uso da nanotecnologia.

172
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

PL 6741/2013 - 12/03/2015 em tramitação - Comissão de Meio Ambiente e


Desenvolvimento Sustentável (CMADS). Designado Relator, Dep. Bruno
Covas (PSDB-SP). - Dispõe sobre a Política Nacional de Nanotecnologia, a
pesquisa, a produção, o destino de rejeitos e o uso da nanotecnologia no
país, e dá outras providências.
Fonte: Aldo Pacheco Ferreira, Leonardo da Silva Sant’Anna. A Nanotecnologia e a
Questão da sua Regulação no Brasil: Impactos à Saúde e ao Ambiente . Centro de
Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana / Escola Nacional de Saúde
Pública Sérgio Arouca / Fundação Oswaldo Cruz e Universidade Estadual do Rio de
janeiro, Faculdade de Direito, Rio de Janeiro, Brasil. Disponível em:
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/15157/2/171-866-1-PB.pdf. Acesso em: 1
jun. 2021.

Após ser consultada a situação de cada um dos projetos leis


apresentados acima, encontrou que todos permanecem no mesmo estado.
Há novas constituições que serão discutidas nos próximos parágrafos. O
texto acima foi referido do ano de 1991 a 2015, não ocorreram mudanças
significativas até o ano atual que é 2021, entretanto há a necessidade de
serem explanadas e discutidas.
O NANoREG é um projeto que foi criado pela União Europeia no ano de
2017, para coletar e promover estudos sobre nanotecnologia, a fim de
subsidiar pesquisadores, gestores, cientistas. È composto por um consórcio
com mais de 50 instituições, entre empresas, universidades, institutos de
pesquisa e órgãos de governo, sob financiamento da União Europeia. Tem
também como objetivo de levantar informações e apresentar um conjunto
de propostas de avaliação de risco aos órgãos reguladores dos países e às
indústrias, ao abordar aspectos de segurança da nanotecnologia, assim
como regulamentação no tema (GOVERNO 2020).
O Brasil é signatário do NANoREG que, por intermédio do Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovação, vem apresentando esforços para oferecer
referências para o desenvolvimento de produtos nanotecnológicos com
níveis de eficiência e segurança. Assim, a simples adoção dos elementos
que preconizem as atividades de desenvolvimento e comercialização de
soluções nanos a partir de princípios previstos pelo NANoREG permite de
plano, o alinhamento do Brasil aos outros 84 países signatários, além da
conformidade com o que estabelece a Organização Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE). (GOVERNO FEDERAL, 2020).
Vale lembrar que, atualmente, oito laboratórios do Sistema Nacional de
Laboratórios de Nanotecnologia (SisNano) estão credenciados para atuar
com especificações do NANoREG. Essas unidades receberam R$ 3milhões
do MCTIC entre 2014 e 2017 para se adequar à regulamentação
internacional. As instituições credenciadas são: INMETRO, que exerce a
coordenação cientifica do NANoReg-Brasil; o CETENE, a EMBRAPA, a
UFRGS, a USP, a FURG, a UFMG e a UNICAMP (MCTI,2020).
Em que pese a importância e o reconhecimento do alinhamento regulatório
preconizado pelo NANoREG e os princípios difundidos pela OCDE, o Brasil
carece de um marco regulatório que leve em conta as especificidades da

173
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

agenda de pesquisa na área nano, o perfil dos atores científicos inovativos


e o panorama de desenvolvimento e comercialização de soluções
nanotecnológicas pelo Brasil.
A regulamentação da nanotecnologia é urgente e é assunto de vital
importância na comunidade cientifica e tecnológica mundial, bem como de
governos e de organizações internacionais. (SEBRAE,2014).
A ausência de uma regulamentação sobre nanotecnologia, permite, por
exemplo, e entre outros, que qualquer novo produto nanotecnológico entre
no mercado sem classificação de origem nanotecnológica, mas como um
produto químico, um medicamento ou cosmético, suscitando inúmeras
questões técnicas que demandam de respaldo cientifico e acadêmico.
Inexiste segurança no que toca a nanomedicina ou nanoagro ou
nanoalimentos, por exemplo.
Dada a extrema importância do tema, seu alcance e dimensão, este artigo
analisa o Projeto de lei nº 880 de 2019 que visa estabelecer o Marco Legal
da Nanotecnologia no Brasil, pré-aprovado pelo Parlamento brasileiro, via
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com incentivos à pesquisa e à
capacitação científica e tecnológica e à formação de recursos humanos no
campo de nanotecnologia.
Para tanto, foram estudados os Projetos de Lei nº5076/2005, 5133/2013,
6471/2013, que objetivavam a regulamentação da nanotecnologia no Barsil,
e especialmente a análise e o estudo do PROJETO de lei 880 que
atualmente esta direcionando a possível nova legislação brasileira sobre
nanotecnologia.
Fonte: A nova legislação da nanotecnologia no Brasil - um estudo recente projeto
lei n 880 que cria a primeira lei no Brasil sobre nanotecnologia . Disponível em:
http://engemausp.submissao.com.br/22/arquivos/669.pdf. Acesso em: 1 jun. 2021.

A NANoREG é um avanço para o crescimento da nanotecnologia no


mundo, impulsiona e também ampara as pesquisas relacionadas a esta
nova tecnologia proporcionando ajuda financeira. O Brasil tem como
responsável por essa questão o Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação que vem se esforçando para obter destaque e sucesso nesta
área. Por ser um país signatário a NANoREG também segue suas diretrizes
e regras para segurança da nanotecnologia.
Na visão da NaNoREG o Brasil tem uma situação precária, não tendo
segurança alguma e em consequência a livre circulação de qualquer
produto feito a partir das nano partículas no mercado consumidor. O
resultado disso são consequências para o Meio Ambiente e para saúde
humana, além de que são desconhecidas por falta de investimento,
pesquisa e segurança.
O projeto lei que está sendo analisada no Brasil é um passo
significativo para nanotecnologia.

174
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

O Senado diz a respeito do projeto lei as seguintes informações:


Projeto de Lei n° 880, de 2019.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou, nesta quarta-feira
(19), o Marco Legal da Nanotecnologia, com incentivos à pesquisa e à
capacitação científica e tecnológica e à formação de recursos humanos na
área da nanotecnologia. Do senador Jorginho Mello (PL-SC), o PL
880/2019 segue para análise da Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT).
A nanotecnologia se dedica à manipulação de materiais em escala atômica
e molecular, que equivale a um bilionésimo do metro. A tecnologia tem
aplicação em setores como medicina, eletrônica, computação, física,
química, biologia e engenharia de materiais. O projeto busca estruturar as
políticas públicas e ações governamentais nessa área.
O projeto traz como estratégias: apoiar o desenvolvimento e a utilização de
nanotecnologias por empresas brasileiras, melhorar a qualidade dos
produtos e serviços com insumos nanotecnológicos, e contribuir para o
aumento da produtividade e da competitividade no mercado internacional.
“Exaltamos a oportunidade e a conveniência da iniciativa do senador
Jorginho de Mello que ousou enfrentar, com brilhantismo, tema delicado e
complexo de nossa agenda, que contribuirá, não temos dúvidas, para o
desenvolvimento nacional e para a geração de empregos qualificados em
nossa economia”, disse o relator, senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL).
O relator sugeriu várias mudanças ao projeto em um texto substitutivo. Ele
retirou do texto original a previsão de criação dos Programas Nacionais de
Nanossegurança, de Descoberta Inteligente de Novos Materiais e de
Desenvolvimento de Materiais Avançados. Segundo Rodrigo, a criação dos
programas não pode ocorrer por iniciativa do Poder Legislativo, por ser
prerrogativa dos Executivos federal e dos estados e municípios.
Normas
De acordo com o substitutivo, o Marco Legal da Nanotecnologia deve
estimular o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação na área.
As atividades de inovação devem observar princípios como precaução,
sustentabilidade ambiental, solidariedade, responsabilidade do produtor,
boa-fé, cooperação, lealdade e transparência entre todos os agentes
envolvidos.
Por sugestão do Ministério Público do Trabalho, o relator incluiu no texto
diretrizes para assegurar a redução dos riscos à saúde, à higiene e à
segurança. Entre elas, avaliação e controle dos possíveis impactos à saúde
dos trabalhadores, formação, educação e capacitação profissional
permanente e incentivo à inclusão de pessoas com deficiência no mercado
de trabalho.
Pelo texto, compete à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos
municípios investir no sistema de inovação brasileiro e promover a
formação de recursos humanos na área de nanotecnologia. Também é de
competência de todos os entes da Federação estimular e apoiar alianças
estratégicas e projetos de cooperação entre empresas, instituições de
pesquisa científica e tecnológica (ICTs) e entidades privadas sem fins

175
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

lucrativos voltados para atividades de pesquisa e desenvolvimento de


nanotecnologia.
O acompanhamento, a avaliação e a revisão da política pública para a
nanotecnologia serão definidos em regulamento, a ser definido por cada
esfera da Federação. A regulamentação deve prever a participação de
representantes do governo, de setores empresariais, das universidades e
da sociedade civil organizada.
Princípios
O projeto altera a Lei de Inovação Tecnológica (Lei 10.973, de 2004) para
incluir a nanotecnologia no rol de setores beneficiados com medidas de
incentivo à inovação e à pesquisa científica. As ações devem observar
princípios ambientais, éticos, sanitários e de segurança, além de estimular
o empreendedorismo e fortalecer o ecossistema de inovação do Brasil.
O PL 880/2019 introduz ainda novos conceitos na Lei de Inovação
Tecnológica. O texto prevê, por exemplo, a Iniciativa Brasileira de
Nanotecnologia, uma política nacional “com o objetivo de criar, integrar e
fortalecer ações governamentais para promover o desenvolvimento
científico e tecnológico da nanotecnologia”. O projeto inclui ainda o
Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologias (SisNano), com
caráter multiusuário e de acesso aberto a instituições públicas e privadas.
A proposta também altera a Lei das Licitações (Lei 8.666, de 1993) para
que os serviços produzidos com insumos manufaturados brasileiros que
tenham utilizado nanotecnologia ou novos materiais tenham margem de
preferência em concorrências públicas.
Fonte: Senado. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/02/19/marco-legal-da-
nanotecnologia-avanca. Acesso em: 1 jun. 2021.

Como foi citada acima a nanotecnologia é presente na medicina,


eletrônica, computação, física, química, biologia e engenharia de materiais.
Este projeto lei é uma ótima iniciativa do governo para obter resultados de
qualidade. A criação de programas de NanoSegurança é um dos picos de
relevância, por se tratar da preservação da vida humana e da natureza.
A nanotecnologia já passou da hora de ser uma das tecnologias com
prioridade no Brasil, seu crescimento trará benefícios ao país, por exemplo,
na economia. O Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologias
(SisNano), acesso as escolas públicas e privadas, é uma iniciativa de nível
e contribuições significante para sociedade em formação.
Que o PL 880/2019, Marco Legal da Nanotecnologia, seja apenas o
início de investimentos. A nanotecnologia necessita de atenção, cuidado,
dedicação e segurando, é uma tecnologia que tem excelentes aspectos de
agregação e crescimento do país.

176
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

O Brasil não tem posse de uma regulamentação voltada para


nanotecnologia. Uma tecnologia de recorrência nos dias atuais, usufruir
desta inovação e não ter a certificação de segurança é um risco diário em
que o país está exposto. Está situação precisa ser mudada com urgência,
não aceitável algo tão influencia sobre a vida de um país inteiro estar sem
uma regulamentação segura e correta.
Assim, o Brasil e o mundo têm que tomar medidas relacionadas a
esta situação, ficar empacado no mesmo lugar desprovido de uma
regulamentação é arriscado e perigoso. O projeto lei apresentado em 2019
foi uma iniciativa para buscar recursos, investimentos e resultados com
eficiência.
Ao fechar os resultados obtidos, será apresentado o próximo tópico
recorrente da discussão.

7 Discussão
A parte da discussão é onde são argumentados todos os dados
coletados durante a formação do artigo.
Tem-se como discussão o seguinte:
A discussão é o local do artigo que abriga os comentários sobre o
significado dos resultados, a comparação com outros achados de
pesquisas e a posição do autor sobre o assunto. Uma discussão sem
estrutura coerente desagrada daí a conveniência de organizar os temas em
tópicos. Estrutura passível de ser utilizada consta do quadro. Cada um dos
tópicos informa sobre uma faceta da discussão e seu conjunto fornece os
subsídios para se julgar a adequação dos argumentos, da conclusão e de
todo o texto.
Maneira conveniente de iniciar a Discussão consiste em realçar, com
poucas palavras, os achados mais importantes ou os conhecimentos novos
desvendados pela pesquisa. Essa síntese, útil em relatos complexos, é
omitida nos textos curtos.
A discussão, habitualmente, constitui uma seção de difícil preparação. É
aquela em que o iniciante mais se complica em sua redação e, comumente,
elabora um texto extenso e confuso. Seu tamanho não deveria ultrapassar
um terço do artigo. Se ocupar mais da metade do texto correspondente à
estrutura IMRD (introdução, método, resultado e discussão), a discussão é
longa e, provavelmente, mal feita.
Compor um texto adequado decorre de aprendizado. A associação entre
iniciante e pesquisador experiente em comunicação científica reflete-se
positivamente. A escrita na forma aqui sugerida, estruturada, facilita o
trabalho e evita a omissão de partes essenciais. Utilize-a ou alguma outra
177
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

que se adapte ao tema ou ao modo como pretende conduzir a discussão.


Na prática, são encontradas amplas variações nessa estruturação,
notadamente quanto à terminologia adotada, à importância que se confere
a cada uma das partes, à sequência de sua apresentação e ao fato de dois
tópicos serem, por vezes, debatidos simultaneamente. Para se familiarizar
com os assuntos abordados, inspecione artigos publicados nos bons
periódicos científicos.
Essa iniciativa constitui aprendizado para auxiliar a busca pela coerência
na reflexão e na revisão de um texto.
Fonte: Mauricio Gomes Pereira. A seção de discussão de um artigo científico .
Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/pdf/ess/v22n3/v22n3a20.pdf. Acesso em: 11
jun. 2021.

Seguindo o raciocínio do autor a discussão é onde os resultados são


debatidos e esclarecidos. Tem que ter uma organização de qualidade,
separando em tópicos, distribuindo a discussão apresentada para melhor
entendimento do leitor. Esta parte do artigo requer paciência e leitura, tem
que buscar todos os lados do problema a ser resolvido, realçar de forma
sucinta o foco principal do trabalho.
Com estas recomendações, irão ser retomados os seguintes tópicos:
I) Engrenharia Química na Nanotecnologia
A Engenharia Química surge no Brasil em 1996, ou seja, é uma
profissão recente e ainda não conhecida por um número significativo. As
diversas áreas em que o engenheiro químico pode assumir são
impressionantes, sua função tem importando desde o processo de
produção até a hora em que o produto vai para prateleira. A Nanotecnologia
é uma inovação ainda incerta na questão de quais são as suas
consequências tanto para o meio ambiente quanto para os seres humanos.
O Engenheiro Químico pode assumir a função de montar uma
regulamentação para a tecnologia advinda da nanociência para ter
conhecimentos de quais são seus resultados, e ter o controle de qualidade
da sua produção. Sendo então, uma qualificação voltada para o bem-estar
da sociedade.
Segundo o American Institute of Chemical Engineers (AIChE, EUA) e a
Institution of Chemical Engineers (IChemE, Reino Unido): “A Engenharia
Química dedica-se à concepção, desenvolvimento, dimensionamento,
melhoramento e aplicação dos processos e dos seus produtos. Neste
âmbito, inclui-se a análise econômica, dimensionamento, construção,
operação, controle e gestão das unidades industriais que concretizam
esses Processos, assim como a investigação e formação nesses domínios”.
O Engenheiro Químico, portanto, é um profissional de formação
generalista, que atua no desenvolvimento de processos para a produção de
178
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

produtos diversos, em escala industrial nas áreas de: alimentos,


cosméticos, biotecnologia, fertilizantes, fármacos, cimento, papel e
celulose, nuclear, tintas e vernizes, polímeros, meio ambiente, entre outras.
Projeta, supervisiona, elabora e coordena processos industriais; identifica,
formula e resolve problemas de engenharia relacionados à indústria
química; supervisiona a manutenção e operação de sistemas. Desenvolve
tecnologias limpas, processos de reciclagem e de aproveitamento dos
resíduos da indústria química que contribuem para a redução do impacto
ambiental. Coordena e supervisiona equipes de trabalho, realiza estudos
de viabilidade técnico-econômica, executa e fiscaliza obras e serviços
técnicos e efetua vistorias, perícias e avaliações, emitindo laudos e
pareceres técnicos. Em suas atividades, considera aspectos referentes à
ética, à segurança, e aos impactos ambientais.
Em sua formação, o Engenheiro Químico adquire um perfil técnico
generalista, humanista, crítico e reflexivo, que o capacita a absorver e
desenvolver novas tecnologias para a resolução de problemas,
considerando seus aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais e
culturais, com visão ética e humanística, em atendimento às demandas da
sociedade.
ATIVIDADES QUE COMPETEM AOS ENGENHEIROS QUÍMICOS:
a) Gestão, supervisão, coordenação, orientação técnica;
b) Coleta de dados, estudo, planejamento, anteprojeto, projeto,
detalhamento, dimensionamento e especificação;
c) Estudo de viabilidade técnico-econômica e ambiental;
d) Assistência, assessoria, consultoria;
e) Direção de obra ou serviço técnico;
f) Vistoria, perícia, inspeção, avaliação, monitoramento, laudo, parecer
técnico, auditoria, arbitragem;
g) Desempenho de cargo ou função técnica;
h) Treinamento, ensino, pesquisa, desenvolvimento, análise,
experimentação, ensaio, divulgação técnica, extensão;
i) Elaboração de orçamento;
j) Padronização, mensuração, controle de qualidade;
K) Execução de obra ou serviço técnico;
l) Fiscalização de obra ou serviço técnico;
m) Produção técnica e especializada;
n) Condução de serviço técnico;
o) Condução de equipe de produção, fabricação, instalação, montagem,
operação, reforma, restauração, reparo ou manutenção;
p) Execução de produção, fabricação, instalação, montagem, operação,
reforma, restauração, reparo ou manutenção;
q) Operação, manutenção de equipamento ou instalação;
r) Execução de desenho técnico, nas indústrias químicas e petroquímicas e
de alimentos; produtos químicos; tratamento de água e instalações de
tratamento de água industrial e de rejeitos industriais; seus serviços afins e
correlatos.

179
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Fonte: CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA – CONFEA.


ENGENHARIA QUÍMICA - Os Profissionais e as suas Atribuições . Disponível em:
https://www.confea.org.br/sites/default/files/uploads/cartilha_eng_quim_PDFsite_co
mpact.pdf. Acesso em: 11 jun. 2021.

Com isso, a nanotecnologia tem que ter uma regulamentação


especifica para ela e a Engenharia Química pode ter uma contribuição
significativa para este objetivo.
II) Desregulamentação da nanotecnologia nos Impactos à
Saúde e ao Meio Ambiente
Contudo, a falta de uma regulamentação para tal tecnologia é um
risco porque os seres humanos e o meio ambiente, ambos, ficam expostos
às consequências não conhecidas ou estudadas. Enquanto esta
desregulamentação da nanotecnologia se manter no Brasil, a insegurança e
a incerteza da qualidade do produto em destaque serão recorrentes.
O problema do artigo gira em torno da seguinte interrogação: A
nanotecnologia no Brasil possui regulamentação?
O papel do engenheiro químico para conter este problema, se
destaca. A Engenharia Química assume um destaque na qualidade de vida
dos brasileiros, há uma necessidade da atuação deste profissional para
obtenção de produtos de qualidade e com um selo de segurança para uso
sem preocupação.
A falta de regulamentação é uma barreira desconhecida por parte
dos consumidores dos produtos advindos da nanotecnologia. As pessoas
fazem uso dos mesmos, sem questionar quais são as consequências para
sua saúde e a natureza em que vive. A falta de informação e de interesse
tem como sequela o prejuízo no próprio que nem sabe o que está
utilizando.
III) Regulamentação nos Impactos à Saúde e ao Meio
Ambiente
Um problema para ser sanado, óbvio que precisa de uma solução. O
dilema proposto pelo artigo possui uma forma de solucionar óbvia que é a
criação de uma regulamentação para a nanotecnologia buscando prevenir
toda a população e o meio ambiente de sofrerem impactos negativos. As
autoridades governamentais junto com os profissionais adequados,
incluindo o engenheiro químico, devem trabalhar para sanar o problema.

180
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

A nanotecnologia é considerada recente no Brasil, entretanto já


possui uma abrangência considerável, fazendo parte da vida de diversos
brasileiros. Os rótulos dos produtos devem ser completos, as
características como, por exemplo: precedência, efeitos, impactos, teste em
animais e componentes estão ganhando importância na sociedade.
O cuidado com a saúde do corpo e com a preservação do meio
ambiente é indiscutível. Os riscos e os impactos de novos produtos e
tecnologias devem ser conhecidos e estudados pelos profissionais atuantes
na área para resultados de qualidade e garantia de segurança. O Brasil tem
o papel de buscar recursos para uma regulamentação adequada para a
nanotecnologia presando o que foi citado antes: segurança e qualidade de
vida.
IV) Metodologia
A metodologia escolhida para discorrer o trabalho foi a pesquisa
documental e a analise de leis, que proporcionou uma gama de informações
para relacionar ao problema a buscar a solução. A busca por documentos
relacionados ao tema tem uma gama de palavras – chaves já que
engenharia química e nanotecnologia são assuntos abrangentes.
Para obtenção de informações de qualidade foram utilizadas
diferentes plataformas, dentre elas: Google Acadêmico, SciELO Livros,
SciELO Artigos, Domínio Público e o Senado. A partir de pesquisa e leitura
objetiva encontrou – se as informações necessárias para compor o artigo
por completo.
Os resultados alçados através da metodologia citada no parágrafo
anterior é que o Engenheiro Químico tem a participação em diversas áreas
que atingem a sociedade e que o Brasil ainda é precário no investimento a
nanotecnologia não tendo uma regulamentação especifica para a mesma.
A Engenharia Química é uma profissão multifuncional podendo
participar de diversas formas e etapas da elaboração de um produto. O
controle da qualidade do produto é uma área ocupada com frequência pelos
engenheiros químicos por possuírem um conhecimento multidisciplinar e
vasto. A criação de uma regulamentação consta com um profissional
atuante da engenharia química analisando quais são os impactos que o
produto em discussão irá trazer a saúde dos seres humanos e ao meio
ambiente.

181
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

O Brasil não tem toda estrutura e investimento para obter – se


resultados legais para a nanotecnologia, a situação atual do país é
razoável. O fato de não possuir uma regulamentação é um problema,
entretanto um passo está sendo tomado, que é o Projeto – Lei lançado em
2019 que será o Marco Legal da Nanotecnologia caso seja aprovado e
colocado em prático.
Está longe de ser suficiente para um país com a dimensão do Brasil,
ainda há caminho para ser percorrido, é necessário interesse para buscar
uma melhor qualidade de vida aos brasileiros, investimentos, estudos e
pesquisas que levam anos e anos, mas que são necessários para ter
respostas.
Nesse sentido, pode se concordar que a Engenharia Química tem
participação de prestígio na regulamentação da nanotecnologia, e ainda
com sua contribuição de forma multidisciplinar podendo atuar em etapas
diferentes para ter um resultado junto tanto para os seres humanos quanto
para o meio ambiente.
O controle de qualidade, a averiguação dos seus impactos e a forma
da sua produção fica a cargo dos Engenheiros Químicos tendo então uma
contribuição significante e importante para produtos se tornarem
qualificados os suficientes para o mercado consumidor.
O problema do artigo gira em torno da seguinte dúvida: A
nanotecnologia no Brasil possui regulamentação?
A solução proposta pela pesquisa é que há uma necessidade do
Brasil e do mundo ter uma regulamentação para a nanotecnologia por
atingir a vida das pessoas e ao meio ambiente de diferentes formas. Os
investimentos em recursos tecnológicos para o crescimento do país e uma
condição de vida plausível para população são indispensáveis.
Tendo como foco buscar compreender a atual situação do Brasil em
relação à nanotecnologia, analisando se há leis, o que elas apresentam e
se está vigorando. Buscar entender quais são investimentos e projetos
voltados de forma especifica para esta inovação tecnologia.
A dúvida em que o artigo se perdurava foi sanada seguindo a ideia
do objetivo que era entender quais as intenções no cenário atual para
nanotecnologia, de forma especifica nos seus impactos na saúde e ao meio
ambiente. A situação encontrada não foi feliz, há uma lacuna a ser tampada
182
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

em relação à importância e o cuidado com as consequências advindas dos


materiais provenientes da nanociência.
O Engenheiro Químico apesar de ser um profissional no mercado de
trabalho possui uma importância magnifica e indispensável, contribuindo
para evolução do mundo. O Brasil não é um país de primeiro mundo,
entretanto é digno de uma capacitação para recursos tecnológicos. Uma
regulamentação para uma tecnologia tão significante na vida pessoas é
algo indispensável e indiscutível, o território nacional não possuir uma é
como ir dormir todos os dias com a dúvida se está fazendo bem ou não.
Com a analise dos recursos obtidos ficam evidentes quais são as
funções da Engenharia Química no mundo e esclarece as providencias
relacionadas ao Brasil para nanotecnologia tendo impacto na saúde da
população e ao meio ambiente.
Assim, a partir da discussão sobre a Engenharia Química na
Nanotecnologia: regulamentação nos impactos à saúde e ao meio
ambiente, tendo como base os bancos de dados obtidos através da
metodologia explicada, concluiu-se a importância tanto do Engenheiro
Químico quanto da regulamentação voltada para nanotecnologia com o
propósito de harmonia entre as pessoas, o meio ambiente e do mundo. A
qualidade de vida e preservação da natureza são as prioridades para o
mundo evoluir sempre buscando oferecer o melhor.
Após a discussão, tem-se as conclusões.

8 Conclusões
Ter uma regulamentação para a nanotecnologia presando por
segurança e preservação da saúde e do meio ambiente é uma necessidade
no Brasil, que inda carece por investimentos voltados nesta área de
tecnologia.
O profissional da Engenharia Química possui um currículo
multidisciplinar, tendo como possibilidade a atuação em diversas áreas,
dentre elas, o controle de qualidade e o processo de produção. A
regulamentação da nanotecnologia conta com as especificações do
engenheiro químico, tendo como objetivo conhecer os impactos a saúde e
ao meio ambiente para combater contra.

183
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Contudo, o fato do Brasil não possuir uma regulamentação é um


problema sério, e que tem a necessidade de ser sanado de forma rápido.
Essa precariedade de investimentos na nanotecnologia, de forma infeliz,
traz consequências para população e ao meio ambiente, como por exemplo:
a falta de segurança e um produto de qualidade indiscutível.
Apenas uma regulamentação irá solucionar esta incógnita, sendo
montada e estudada por profissionais de qualidade, dentre eles, os
Engenheiros Químicos. A criação de leis e normas para esta tecnologia
classificada como recente e a “Quarta Revolução” é bem-vinda ao Brasil
que ainda não possui nenhuma especifica tendo então uma deficiência no
controle de qualidade dos produtos advindos da nanotecnologia
A ausência de legislação e investimentos para a nanotecnologia no
Brasil foi constada a partir de uma pesquisa documental e da análise de leis
do país, sobretudo buscando entender quais as propostas de projetos e
como está a situação atual do Brasil.
O Brasil deixa a desejar no quesito investimentos a nanotecnologia,
entretanto, o Projeto de Lei nº 880 proposto no ano de 2019 representando
o Marco Legal da Nanotecnologia e Materiais Avançados no Brasil é uma
iniciativa de representatividade significante para resultados qualificados
presando saúde e segurança do país e daqueles que no mesmo habitam.
Apesar de não ser o suficiente porque a nanotecnologia é possui prestígio
por todo o mundo e é apostada como a “Quarta Revolução Industrial”, ou
seja, há uma necessidade de investimentos constantes e atenção especial.
A partir de toda discussão incluída no artigo fica claro a importância
tanto do Engenheiro Químico quanto da regulamentação que se relacionam
de forma direta tendo participação desde o processo de produção até a
hora de ser apresentado ao mercado consumidor. Os dois buscam o mesmo
alvo que é contribuir para o bem-estar humano e conservação do meio
ambiente assegurando de forma correta resultados de eficiência.
Nesta perspectiva, a proposta seguida pela pesquisa teve como
objetivo conhecer a atual situação brasileira relacionando seus
investimentos, leis, regulamentação e ministérios voltados ao crescimento e
ao uso adequado da nanotecnologia.
A dúvida que gira em torno de todo artigo é: A nanotecnologia no
Brasil possui regulamentação?

184
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

O Engenheiro Químico é tem participação para ter produtos e


tecnologia de qualidade, suas habilidades no controle de qualidade são
necessárias. A Engenharia Química é um curso recente no Brasil, contudo
não muda o fato de possuir profissionais capacitados e qualificados. A
regulamentação da nanotecnologia é ausente no Brasil, de forma
contraditória, pois esta tecnologia possui espaço de influência.
A solução ideal para sanar o problema é a criação de uma
regulamentação específica para nanotecnologia buscando a harmonia entre
a evolução das tecnologias e o cuidado com a saúde e o meio ambiente. A
participação do Engenheiro Químico é um dos quesitos indispensáveis para
um produto final de qualidade.

9 Referências
A NOVA LEGISLAÇÃO DA NANOTECNOLOGIA NO BRASIL - um estudo
recente projeto lei n 880 que cria a primeira lei no Brasil sobre
nanotecnologia. Disponível em:
http://engemausp.submissao.com.br/22/arquivos/669.pdf. Acesso em: 1 jun.
2021.
BRUYNE. PUC – RJ. Disponível em:
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/9443/9443_4.PDF. Acesso em: 26 maio
2021.
CÂMARA MUNICIPAL CAJAMAR – ESTADO DE SÃO PAULO. Disponível
em: https://www.cmdc.sp.gov.br/texto/12. Acesso em: 27 maio 2021
CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA – CONFEA.
ENGENHARIA QUÍMICA - Os Profissionais e as suas Atribuições.
Disponível em:
https://www.confea.org.br/sites/default/files/uploads/cartilha_eng_quim_PDF
site_compact.pdf. Acesso em: 11 jun. 2021.
FERREIRA, Aldo Pacheco; SANT’ANNA, Leonardo da Silva. A
Nanotecnologia e a Questão da sua Regulação no Brasil: Impactos à Saúde
e ao Ambiente. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.18024/1519-5694/revuniandrade.v16n3p119-128.
Acesso em: 11 maio 2021.

185
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

FERREIRA, Aldo Pacheco; SANT’ANNA, Leonardo da Silva. A


Nanotecnologia e a Questão da sua Regulação no Brasil: Impactos à Saúde
e ao Ambiente. Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia
Humana / Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca / Fundação
Oswaldo Cruz e Universidade Estadual do Rio de janeiro, Faculdade de
Direito, Rio de Janeiro, Brasil. Disponível em:
https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/15157/2/171-866-1-PB.pdf .
Acesso em: 1 jun. 2021.
FILHO, Airton Guilherme Berger. Nanotecnologia e o princípio da precaução
na sociedade de risco. Disponível em:
https://scholar.google.com.br/citations?user=0GFHjHoAAAAJ&hl=pt-BR.
Acesso em: 7 maio 2021.
LAZZARETT, Luísa Lauermann; HUPFFER, Haide Maria. Nanotecnologia e
sua regulamentação no Brasil.Disponível em:
https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistagestaoedesenvolvimento/
article/view/1792/2432. Acesso em: 7 maio 2021.
MARQUES , Maria Fernanda; FILGUEIRAS , Carlos A. L.. Um panorama da
nanotecnologia no Brasil (e seus macro-desafios). Instituto de Química,
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/qn/v31n8/50.pdf. Acesso em: 7 maio 2021.
PEREIRA, Mauricio Gomes. A seção de discussão de um artigo científico.
Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/pdf/ess/v22n3/v22n3a20.pdf. Acesso
em: 11 jun. 2021.
PIMENTEL. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais. Pesquisa
documental: pistas teóricas e metodológicas. Disponível em:
https://periodicos.furg.br/rbhcs/article/view/10351/pdf. Acesso em: 27 maio
2021.
SENADO. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/02/19/marco-legal-da-
nanotecnologia-avanca. Acesso em: 1 jun. 2021.
TUMELERO, Naína. Pesquisa Documental. Disponível em:
https://blog.mettzer.com/pesquisa-documental/. Acesso em: 27 maio 2021.

186
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Apresentação disponível em: https://www.youtube.com/watch?


v=MHQSGDYZrN8

187
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Engenharia Química na Produção de Nanomateriais: atenção para os


métodos de descarte com avaliação de toxicidade

Matheus Rocha de Souza Silva


matheus_rocha@ufms.br
Resumo: O mercado da nanotecnologia está a caminho de ser
promissor, para tanto é importante considerar que pelo auxílio da
engenharia química na produção de nanomateriais, a atenção para
métodos de descarte e a avaliação da toxicidade mostram-se
eficientes. Destaca-se a importância da sustentabilidade mediante ao
cronograma da ONU até 2030 referentes ao consumo e produção
responsáveis. Vista a periculosidade no manuseio de certos
nanomateriais é possível observar que estes são tóxicos ao meio
ambiente e organismos vivos. Dessa forma é necessário um
desenvolvimento nos processos de biossegurança, pois a
contaminação pelo contato com nanomateriais em superfícies epiteliais externas, se dá
pelo descarte indevido dessas substâncias. O objetivo é reforçar as medidas de
biossegurança com foco na produção de nanomateriais, descartar os resíduos químicos de
modo adequado, e analisar o grau de toxicidade e as diretrizes de rotulagem dos produtos
segundo a norma da ABNT NBR 14725 (Informações sobre segurança, saúde e meio
ambiente). A metodologia utilizada foi a pesquisa e análise de dados bibliográficos com
enfoco no Google Acadêmico, SciELO, artigos da Science Direct, e normativas da ABNT.
Os resultados mostram que o descarte correto dos nanomateriais deve agir conforme o
regulamento da REACH (Registro, Avaliação, Autorização e Restrição de Produtos
Químicos) e a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS). As conclusões são que as empresas e profissionais devem
seguir as normas propostas, a fim de estabelecer um desenvolvimento industrial de
maneira sustentável e a diminuição da ecotoxicidade.

Palavras-chave: Nanotecnologia. Nanomateriais. Descarte. Normas. Toxicidade. ABNT.


PNRS. NBR 14725. Produtos Químicos. Engenharia Química. Resíduos. Nanopartículas.

Sumário: 1 Introdução. 2 Engenharia Química na Produção de Nanomateriais. 3


Desatenção para os Métodos de Descarte com Avaliação de Toxicidade. 4 Atenção para os
Métodos de Descarte com Avaliação de Toxicidade. 5 Metodologia. 6 Resultados. 7
Discussão. 8 Conclusões. 9 Referências.

188
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

1 Introdução
Com o desenvolvimento das teorias físico-químicas surge um novo
âmbito na ciência como um todo, a criação de novas substâncias, novos
compostos, como os nanomateriais. Sobretudo a Engenharia Química tem
papéis importantes referentes à fiscalização, controle de qualidade, não
excludente os métodos de descarte e avaliação da toxicidade desses
materiais. Com isso destaca-se a importância de cumprir com o cronograma
estabelecido pela ONU até o ano de 2030, pois mediante o consumo e
produção responsáveis adapta-se os nanomateriais ao mercado. Vista a
periculosidade no manuseio de nanomateriais, métodos que reforçam a
segurança laboratorial, são necessários para evitar a contaminação por
manipulação indevida dos nanomateriais, seguindo as devidas normas da
ABNT NBR 14725 (Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente).
Este é o foco que se busca ao desenvolver a “Engenharia Química na
Produção de Nanomateriais: atenção para os métodos de descarte com
avaliação de toxicidade”.
A justificativa para a proposta de “Engenharia Química na Produção
de Nanomateriais: atenção para os métodos de descarte com avaliação de
toxicidade” incide em uma visão sustentável da química, onde materiais têm
um papel fundamental, e ao mesmo tempo fazem com que o meio ambiente
não seja degradado. Sendo que os nanomateriais também podem chegar
nesse pensamento com desenvolvimento nos métodos de descarte e
avaliação da toxicidade. Com isto, justifica-se a preocupação com a
produção de nanomateriais, pois quando se analisa os danos em nível
celular, estes podem ser irreparáveis.
A proposta se restringe à produção de nanomateriais com atenção
para os métodos de descarte e avaliação da toxicidade. Não sendo objeto
de estudo novos tipos de nanofármacos, sobretudo nanodispositivos e
nanossensores. Também não será estendido às normativas internacionais,
mas, da regulamentação interna brasileira, com acréscimo da Agência
Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho.
O objetivo da proposta é reforçar as medidas de biossegurança com
foco na produção de nanomateriais, descartar os resíduos químicos de
modo adequado, com controle de pH e analisar o grau de toxicidade de
acordo com as diretrizes de rotulagem dos produtos químicos, segundo a

189
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

norma da ABNT NBR 14725 (Informações sobre segurança, saúde e meio


ambiente), para que o descarte possa ser efetuado sem danos ao meio
ambiente.
O problema de pesquisa se volta para a seguinte indagação: O que é
indispensável ao Engenheiro Químico realizar na produção de
nanomateriais, a fim de obter métodos eficientes de descarte, sem
problemas de contaminação entre trabalhadores, e danos ao meio
ambiente?
Na busca de prováveis respostas ao problema de pesquisa,
estabeleceu-se, de forma prévia, três hipóteses, que são:
a) A primeira hipótese indica que o necessário é indicar no rótulo o
grau de toxicidade do nanomaterial em questão, para evitar mistura com
reagentes inadequados;
b) A segunda hipótese direciona ao descarte dos nanomateriais em
corpos aquáticos, para evitar altos custos;
c) Na terceira hipótese a resposta é relacionada à atenção para os
métodos de descarte, não só pelo controle do pH do solo, como também
evitar a contaminação de lençóis freáticos e corpos aquáticos, devido aos
nanomateriais serem apolares e podem consequentemente prejudicar a
fauna marinha. Além disso, cabe ao processo de descarte dos
nanomateriais, decompô-los em subprodutos, os quais são biodegradáveis,
e seguir as normas da ABNT referentes à segurança e saúde dos
trabalhadores (uso dos devidos equipamentos), e maio ambiente, além da
PNRS, para o armazenamento de resíduos sólidos, no caso os
nanomateriais.
Na realização da investigação a metodologia foi a pesquisa
bibliográfica e documental. Sendo que a pesquisa bibliográfica se pautou
em bancos de dados oficiais pelo Google Acadêmico, SciELO artigos, além
de artigos da Science Direct. A pesquisa documental foi realizada em
documentos oficiais, pareceres e legislação pertinente, nos sites,
planalto.gov.br em questão da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 que
institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), abnt.org.br
responsável normas técnicas da ABNT (referentes às informações de
segurança, saúde, e meio ambiente), e osha.europa.eu relativo ao REACH
(Registro, Avaliação, Autorização e Restrição de Produtos Químicos).

190
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Para compor a revisão bibliográfica, selecionou-se as seguintes


referências como que se destacam, entre outras presentes no tópico 9, que
são os seguintes autores e obras: Isabella Fernandes Delgado; e Francisco
J.R. Paumgartten, Desafios atuais da pesquisa em toxicologia: Avaliação
da toxicidade de nanomateriais manufaturados para o desenvolvimento.
Henriqueta Louro; Teresa Borges; e Maria João Silva , Nanomateriais
manufaturados: novos desafios para a saúde pública. Andreza Copatto
Serra Martiolli; e Fabriciano Pinheiro, Nanotecnologia: uma breve discussão
sobre os impactos da nanotecnologia à saúde humana e ao meio ambiente.
Centro Universitário FEI, Engenharia Química Uma área de fácil adaptação
aos avanços da ciência e dos grandes desafios da sociedade moderna.
Matheus P. Paschoalino; Glauciene P. S. Marcone; e Wilson F. Jardim, Os
nanomateriais e a questão ambiental.
Os resultados mostram que o descarte correto dos nanomateriais
deve agir conforme o regulamento do REACH (Registro, Avaliação,
Autorização e Restrição de Produtos Químicos) e a Lei nº 12.305, de 2 de
Agosto de 2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS). Estes por sua vez garantem uma noção da periculosidade dos
nanomateriais a serem descartados, por isso mostram-se necessárias
reações de neutralização para o controle do pH dos locais de descarte,
além do reforço nos processos de segurança laboratorial, uso de máscaras,
óculos de proteção, e luvas específicas, já que os nanomateriais têm uma
estrutura capaz de alterar as informações do DNA, o que causa tumores e
morte das células afetadas, explicando a preocupação sobre o assunto.
Garantir a avaliação de toxicidade dos nanomateriais, junto ao
descarte de forma adequada, com os devidos processos, e observação das
respectivas normativas com seu devido cumprimento, junto ao regulamento
do REACH (Registro, Avaliação, Autorização e Restrição de Produtos
Químicos), e PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos).
No desenvolvimento da proposta e para fins de registro estabeleceu
nove tópicos que são: I) uma introdução sobre a criação de novas
substâncias, mediante o desenvolvimento das teorias físico-químicas, com
descrição dos principais pontos e problemas; II) a capacidade dos
nanomateriais de causar menos danos ao ambiente por meio do
desenvolvimento nos processos de descarte e avaliação da toxicidade; III) a
descrição e detalhamento do problema de pesquisa; IV) a indicação da
solução ao problema, discutindo cada uma das hipóteses apresentadas; V)
191
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

a descrição da metodologia da pesquisa em seu passo a passo; VI) o


apontamento dos resultados encontrados nos bancos de dados e dos
documentos; VII) a formulação da discussão com o material encontrado e a
confrontação crítica e reflexiva da temática; VIII) as principais conclusões, a
indicação do alcance do objetivo da pesquisa e a propositura da solução ao
problema investigado; e IX) o registro das referências consultadas ao longo
da pesquisa.
Dessa forma, tem-se a necessidade de observar as normativas a fim
de garantir segurança para os envolvidos no desenvolvimento de
substancias químicas, em especial os nanomateriais, os quais levam riscos
com seu manuseio. Portanto há necessidade de exercer métodos de
descarte eficientes, para que não ocorram acidentes graves com
nanomateriais, como é observado por exemplo em possíveis reações
referentes às nanopartículas de titânio, além disso, tais processos podem
corroborar para uma manipulação desses resíduos nocivos antes de entrar
em contato com quaisquer tecidos vivos.

2 Engenharia Química na Produção de Nanomateriais


Mostra-se necessário o cuidado com o meio ambiente mediante a
falta de recursos, alterações climáticas, ou extinção de espécies. Essa
preocupação vem com a falta de consideração do ser humano para com a
natureza, logo, normativas e regras são estabelecidas pela Química e para
planejar, um desenvolvimento sustentável, e produção e consumo
responsáveis, portanto observa-se a importância da Engenharia Química na
produção de nanomateriais. Desta forma é de responsabilidade do
Engenheiro Químico, a fiscalização, controle de qualidade, além de analisar
formas e métodos alternativos de descarte que são superiores e eficientes
aos atuais, com objetivo no descarte e avaliação da toxicidade de
nanomateriais tendo também como foco sua produção em manufatura ou
larga escala, sobretudo sem danos ao meio ambiente.
Isabella Fernandes Delgado; e Francisco J.R. Paumgartten,
discorrem sobre “Desafios atuais da pesquisa em toxicologia: Avaliação da
toxicidade de nanomateriais manufaturados para o desenvolvimento” e
trazem no artigo informações sobre nanomateriais, nanomedicina, e
nanotoxicologia. Mesmo que os dados sejam limitados ao ano de 2013, traz
consigo informações relevantes.
192
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Em 2011 o relatório de um workshop internacional sobre a avaliação da


segurança dos produtos nanotecnológicos observou que “não estamos nem
começando a compreender os potenciais efeitos sobre a saúde, nem temos
todas as respostas que o público, autoridades reguladoras e decisores
políticos necessitam”. De acordo com a opinião dos participantes do
workshop, talvez a nanotoxicologia ainda esteja longe de definir uma
estratégia preditiva de ensaios. No que diz respeito aos riscos reprodutivos
e de desenvolvimento (ou seja, nanotoxicologia do desenvolvimento), ainda
estamos tomando os primeiros passos nesse sentido.
De fato, uma pesquisa na base de dados Pubmed (01 de setembro de
2013) revelou que nanotoxicologia do desenvolvimento não só surgiu muito
mais tarde do que o campo mãe da nanotecnologia mas também suscitou
menos interesse de pesquisa do que o estudo da toxicidade dos
nanomateriais em indivíduos adultos (Tabela 1)37. Ema et al.38,
Campagnolo et al.39 e Sun et al.40 em 2010, 2012 e 2013,
respectivamente, revisaram a literatura sobre a toxicidade reprodutiva e do
desenvolvimento de nanomateriais manufaturados, enquanto Juch et al. em
2013 abordaram a interferência de NPs na função placentária humana41.
As revisões anteriores e a pesquisa bibliográfica no Pubmed (Tabela 1)
mostraram consistentemente que há relativamente poucos estudos sobre a
toxicidade reprodutiva e do desenvolvimento de NPs e que pouco se sabe
sobre os efeitos das NPs na placenta durante o início da gravidez.
Fonte: Isabella Fernandes Delgado; e Francisco J.R. Paumgartten . Desafios atuais
da pesquisa em toxicologia: Avaliação da toxicidade de nanomateriais
manufaturados para o desenvolvimento. Instituto Nacional de Controle de Qualidade
em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz (INCQS/Fiocruz), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Disponível em:
https://visaemdebate.incqs.fiocruz.br/index.php/visaemdebate/article/download/
114/109/. Acesso em: 5 maio 2021.

Os autores trazem uma ideia de que o campo da nanotecnologia


surgiu bem antes de que pudessem ser introduzidos métodos de descarte,
avaliação da toxicidade de algumas nanopartículas, tanto quanto o estudo
aprofundado da nanotoxicologia do desenvolvimento. Os autores também
destacam no campo da nanomedicina, em questão da toxicidade
reprodutiva, quando a placenta entra em contato e sofre efeito de
nanopartículas.
Portanto deve-se analisar que existe uma certa ausência no que se
refere a métodos de biossegurança, já que pela frase: “não estamos nem
começando a compreender os potenciais efeitos sobre a saúde, nem temos
todas as respostas que o público, autoridades reguladoras e decisores
políticos necessitam”. Dessa forma se mostra necessário o
desenvolvimento desses procedimentos de segurança destinados aos
nanomateriais, bem como algumas das interações com organismos vivos,

193
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

como é o exemplo presente no texto sobre a placenta humana, além da


observação e cumprimento das normativas responsáveis.
Henriqueta Louro; Teresa Borges; e Maria João Silva discorrem no
texto sobre “Nanomateriais manufaturados: novos desafios para a saúde
pública”. No trecho selecionado do artigo presente na Revista Portuguesa
de Saúde Pública, os autores citam a periculosidade do contato com
nanomateriais, métodos comuns de exposição, efeitos genotóxicos, além de
dados de exposição em um período de dois anos nos Estados Unidos.
A exposição humana a NM pode ocorrer durante as várias fases do ciclo de
vida do NM (fig. 1), desde a síntese, produção e inclusão nos produtos
(exposição ocupacional) até à utilização desses mesmos produtos
(exposição do consumidor); a eliminação dos NM e consequente
acumulação no ambiente poderá constituir ainda uma fonte de exposição
humana (exposição ambiental). A presença de NM no ar pode dever-se a
processos de erosão de materiais fabricados ou à
produção/utilização/manipulação de pós-nanoparticulados em processos
industriais, sendo que a via inalatória constitui a via de exposição humana
mais relevante, particularmente, em contexto ocupacional. Em relação à
exposição por via oral, sabe-se que os NM incorporados em alimentos,
suplementos alimentares ou mesmo em embalagens alimentares, bem
como os originários de solos ou águas contaminadas, poderão ser
absorvidos através do intestino de mamíferos e, assim, originar,
eventualmente, efeitos sistémicos. A via transdérmica é também
importante, quer em termos ocupacionais quer quando se trata da
utilização de produtos de cosmética e higiene pessoal contendo NM na sua
composição, apesar de o conhecimento sobre a capacidade de os NM
penetrarem (ou não) na pele permanecer ainda inconclusivo.
Se, por um lado, foi estimado que, entre 1981-83, cerca de 2,7 milhões de
trabalhadores se encontravam expostos a nanomateriais de dióxido de
titânio nos EUA, por outro lado, apenas temos conhecimento de um estudo
nos EUA que se preocupou em avaliar a exposição inalatória e dérmica aos
nanotubos de carbono durante a manipulação de material não refinado. Na
UE, a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Local de Trabalho
(European Agency for Safety and Health at Work, EU-OSHA) estima que
entre 300.000 a 400.000 postos de trabalho lidam diretamente com a
nanotecnologia. Os nanomateriais fabricados são manuseados em muitos
mais locais de trabalho ao longo da cadeia de abastecimento e 75%desses
locais de trabalho são pequenas e médias empresas.
Fonte: Henriqueta Louro; Teresa Borges; e Maria João Silva . Nanomateriais
manufaturados: novos desafios para a saúde pública. Revista Portuguesa de Saúde
Pública, Volume 31, Issue 2, 2013, Pages 188-200, ISSN 0870-9025. Disponível
em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0870902512000399. Acesso
em: 6 maio 2021.

194
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Os autores reforçam os problemas em relação à exposição indevida


a nanomateriais, seja ou pela linha de produção e elaboração desses
materiais, ou pela utilização e eliminação errada dos nanomateriais,
denominados pelos autores como: exposição ocupacional, exposição do
consumidor e exposição ambiental. No texto os autores afirmam que a
principal maneira de exposição aos nanomateriais seria por inalação, e para
isso deve-se criar algum tipo de EPIs (Equipamento de Proteção Individual),
capaz de barrar tais impurezas, as nanopartículas para que os profissionais
em contato não tenham casos graves devido à reação com seu organismo.
Em relação às vias orais, como ingestão de alimentos, suplementos
alimentares ou mesmo as embalagens, enfim, substâncias contaminadas
pelo nanomateriais, também em análise águas contaminadas, ou mesmo
produtos cosméticos ou de higiene pessoal permanece com poucas
informações sobre, logo pode-se perceber que um estudo é necessário
mediante ao efeito dos nanomateriais na pele, ou pela ingestão dos
nanomateriais por organismos vivos.
Outro ponto importante a se destacar é em questão da quantidade de
trabalhadores em pequenas e médias empresas trabalhando com a
nanotecnologia, cerca de 300 mil a 400 mil postos de trabalho. Como é
possível analisar no artigo, nos anos entre 1981-83 cerca de 2,7 milhões de
trabalhadores se encontravam em contato com dióxido de titânio, e as
autoridades apenas se preocuparam em analisar a exposição inalatória e
dérmica durante a manipulação de nanotubos de carbono, ou seja pode-se
afirmar que a biossegurança e proteção individual não era respeitada em
nenhuma hipótese, isso leva a pensar o quanto esses nanomateriais
poderiam ter alterado o estado das moléculas de cada trabalhador, já que
não se havia um controle adequado, um descarte correto, ou mesmo
avaliação correta da toxicidade das nanopartículas.
Andreza Copatto Serra Martiolli; e Fabriciano Pinheiro neste artigo
discorrem que está em primeiro lugar a segurança dos trabalhadores, e que
medidas de precaução devem ser tomadas a fim de não arriscar a vida dos
trabalhadores. Mostra-se também que é necessária uma avaliação
adequada dos nanomateriais antes de sua comercialização, pois esses têm
a obrigação de serem de menor risco para a sua manipulação. E reforça
que a interação com nanosubstâncias pode causar sérios danos à saúde.
De acordo com convenções internacionais, entende-se por Princípio da
Precaução: “Quando alguma atividade ameaça à saúde humana ou o meio
ambiente, medidas de precaução devem ser tomadas, inclusive quando as
195
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

relações de causa e efeito não são totalmente estabelecidas de maneira


científica (NANOACTION, 2007, p. 4)”.
Este princípio deve ser empregado quando falamos de nanotecnologia,
atribuindo responsabilidade àqueles que realizam atividades com
nanotecnologia que possam gerar danos e que estes, promovam a
participação pública nos processos de decisão de suas aplicações.
Também deve ser considerada a proibição de comercialização de uso de
nanomateriais não provados, assim como, exigir dos fabricantes o
compromisso de que os produtos apresentem baixo risco. É necessária
uma completa avaliação dos nanomateriais antes de sua comercialização
e, além disso, recursos devem ser destinados para pesquisas de produtos,
processos e usos de materiais de menor risco (NANOACTION, 2007, p. 4).
O conhecimento atual sugere que a exposição a certos nanomateriais,
nano-aparelhos ou produtos derivados da nanobiotecnologia, pode causar
danos significativos à saúde e ao meio ambiente. A nanoescala pode dotá-
los de propriedades físicas, químicas e biológicas inovadoras, entretanto, a
mobilidade, a alta reatividade e outras propriedades podem ser
responsáveis por efeitos toxicológicos desconhecidos (NANOACTION,
2007, p. 4).
Sendo assim, se faz necessário que durante o processo de avaliação do
risco, se considere as propriedades exclusivas dos nanomateriais, ou seja,
não se pode estudar e prognosticar o potencial de toxicidade com relação
ao perfil de massa total dos compostos, isto é, sem estar em nano-forma.
As regulamentações baseadas no princípio da precaução são críticas para
os novos desenvolvimentos, onde os efeitos a longo prazo ainda são
desconhecidos. Não é aceitável que o princípio da precaução seja ignorado
utilizando como justificativa a falta de dados ou de evidências de riscos ou
danos específicos (NANOACTION, 2007, p. 4).
Fonte: Andreza Copatto Serra Martiolli; e Fabriciano Pinheiro. Nanotecnologia: uma
breve discussão sobre os impactos da nanotecnologia à saúde humana e ao meio
ambiente. Centro de Pós Graduação Oswaldo Cruz. Disponível em:
https://oswaldocruz.br/revista_academica/content/pdf/Edicao_08_Andrezza_Martioli.
pdf. Acesso em: 6 maio 2021.

Julga-se o pensamento posto no artigo como correto, já que a


segurança dos trabalhadores deve ser colocada em primeiro lugar. Porém
apesar de seguir as devidas normativas, a fim de evitar prováveis riscos na
manipulação ou no descarte, existem efeitos toxicológicos denominados
desconhecidos segundo os autores, ou seja, ainda se mostra necessário o
estudo desses efeitos, seja na reatividade, nas propriedades físico-
químicas e biológicas, ou pela exposição a certos nanoaparelhos, e isso
poderá futuramente implicar no estudo da nanomedicina.
Os nanomateriais são caracterizados por serem substâncias ou
materiais químicos de tamanho que podem variar entre 1 e 100 nanômetros
(nm). Os nanomateriais podem ter propriedades benéficas, segundo o
196
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Comitê Científico dos Riscos para a Saúde Emergentes e Recentemente


Identificados (SCENIHR), além disso apontam que essas substâncias
também podem trazer riscos concretos à saúde, mesmo aqueles que não
possuem um efeito tóxico. Portanto é necessário recorrer à Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a qual é responsável pelo
armazenamento e descarte correto da maioria dos nanomateriais.
Destaca-se que existem diferentes tipos de nanomateriais já
fabricados, entre eles estão:
Nanopartículas de metais e óxidos - são aquelas que servem de
semicondutores e isolantes. Os óxidos metálicos também podem atuar
como catalizadores em várias reações importantes do ponto de vista
tecnológico.
Nanopartículas de dióxido de titânio - são amplamente usadas em
cosméticos e produtos de beleza pessoal, por sua característica de
bloquear raios ultravioletas, também aproveitada no funcionamento de
baterias solares.
Nanopartículas metálicas e cerâmicas - as nanopartículas metálicas são
usadas em construção de sensores, microeletrônica, catálise, ação
bactericida, células fotovoltaicas, dentre outras, devido às suas intrínsecas
propriedades ópticas, eletrônicas, magnéticas e catalíticas. Já as
nanopartículas cerâmicas são utilizadas como condutores e
semicondutores, pigmentos, e em ultra polimentos.
Nanotubos de Carbono - por serem cerca de 100 vezes mais resistentes do
que o aço, além de serem mais leves, podem ser usados na construção
civil, fuselagem de veículos, utilização em células voltaicas devido a ser um
bom condutor de energia, além de ter um grande potencial na
nanomedicina.
Nanopartículas de metais preciosos - esses tipos de nanopartículas (ouro
coloidal, prata coloidal, platina, paládio) podem ser utilizadas como
catalisadores em algumas reações específicas, além de participar no
desenvolvimento de detectores mais sensíveis e modernos à radiação.
Nanofibras poliméricas - as nanofibras poliméricas vêm sendo utilizadas
para uso como scaffolds (estruturas tridimensionais utilizadas como
suporte, que promovem a proliferação celular, ou colonização de células)
para engenharia de tecidos como cartilagens, ossos, vasos sanguíneos
arteriais, coração e nervos.

Entretanto, deve-se levar em consideração que os nanomateriais, por


serem compostos diferentes entre si, podem possuir diferentes reações
com outras substâncias, que por sua vez, se estudadas, podem em
consequência evitar acidentes em laboratórios, linhas de produção,
fábricas, armazenamento, e como objetivo principal, no descarte. Para tanto
reforça-se a avaliação da toxicidade por meio de testes comprovados, os

197
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

quais seguem as respectivas normativas da ABNT, e a Política Nacional de


Resíduos Sólidos (PNRS).
Assim, a Engenharia Química na produção de nanomateriais, por
meio das empresas, pesquisadores e profissionais, com observação no
descarte de nanocompostos, nanopartículas, ou nanofibras de maneira
correta, seguindo as devidas orientações segundo normativas e leis
impostas, além de considerar o consumo e produção responsáveis do
cronograma de 2030 da ONU. Não obstante a avaliação da toxicidade dos
nanomateriais é necessária para que a segurança das pessoas e o meio
ambiente (fauna e flora) não sejam colocadas em risco.
Analisado o conceito da produção de nanomateriais, passa a
discorrer sobre o problema de pesquisa que é a Desatenção para os
métodos de descarte com avaliação de toxicidade.

3 Desatenção para os Métodos de Descarte com Avaliação de Toxicidade


No que se refere aos nanomateriais, é necessário que as empresas e
trabalhadores tenham controle de sua produção, mostrem processos
eficientes, descarte sem danos ao meio ambiente, métodos de segurança
para laboratórios ou estoque seguro de reagentes para a produção dos
nanomateriais. Para tanto, protocolos e normativas devem ser seguidos
para garantir segurança aos envolvidos, já que ainda existem nanomateriais
cujos efeitos são desconhecidos, ou que seu descarte demanda altos
custos, por isso não é realizado, o que desencadeia a desatenção para
métodos de descarte e avaliação da toxicidade dos nanomateriais.
A desatenção para métodos de descarte e avaliação da toxicidade,
implica diretamente ao problema de pesquisa: O que é indispensável ao
Engenheiro Químico realizar na produção de nanomateriais, a fim de obter
métodos eficientes de descarte, sem problemas de contaminação entre
trabalhadores, e danos ao meio ambiente?
O problema a ser observado é de responsabilidade do Engenheiro
Químico, devido ao controle de qualidade e segurança das
nanosubstâncias, nanocompostos, ou nanopartículas, de acordo com as
normativas de segurança, meio ambiente, normas técnicas, além da política
de armazenamento. Em questão da desatenção para métodos de descarte
e avaliação de toxicidade, é possível que a produção de nanomateriais seja
198
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

arriscada, caso as devidas medidas não sejam levadas em consideração,


devido à reatividade dos nanomateriais e sua toxicidade com seres vivos e
o ecossistema.
Importante apontar as pesquisas realizadas nos Estados Unidos, as quais
forneceram informações sobre como estruturas como os fulerenos se
juntam na água para formar partículas grandes. Este é o primeiro estudo a
mostrar quais fatores afetam o tamanho desses agregados de partículas
(REVISTA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 2015). Nela, os pesquisadores
escolheram o fulereno, uma molécula composta de 60 átomos de carbono,
como seu modelo de nanomaterial, que tem uma ampla faixa de aplicação.
O que se desconhece ainda é qual seu destino quando liberado no meio
ambiente. Assim, nos Estados Unidos, por exemplo, as normas para
descarte dos fulerenos são as mesmas aplicadas ao carvão mineral
comum, justamente pelo desconhecimento de seus efeitos. Embora o
carvão seja muito parecido com o grafite (também carbono puro), ele é
muito diferente do C60 (REVISTA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 2015).
Portanto, quanto maior a produção utilizando-se de nanomateriais, maior o
descarte dos mesmos no final de sua utilização, o que gera a preocupação
deste manejo em virtude dos possíveis riscos ambientais. E assim,
imprescindível a regulação de tal nova tecnologia.
Fonte: Daniele Weber da Silva; e Wilsen Engelmann. A Era Nanotecnológica e
Risco: O enfrentamento da regulação através do diálogo entre as fontes do direito.
Revista de Estudos Jurídicos UNA. Disponível em:
http://revistasgraduacao.una.emnuvens.com.br/rej/article/download/46/45. Acesso
em: 17 maio 2021.

O texto informa sobre pesquisas realizadas nos Estados Unidos


sobre os fulerenos e mostra que na água se juntam e formam grandes
agregados de partículas, sendo que é possível usar desta reação
hidrofóbica para a sua separação de outros componentes. Porém como dito
no texto seu destino quando liberado no meio ambiente é incerto.
Em virtude dos possíveis riscos ao meio ambiente como mencionado
no texto, é imprescindível a regulação dos nanomateriais no que se refere
ao descarte correto, mas ainda se tem uma preocupação no final da
utilização do fulereno em específico, o que também é o caso da maioria dos
nanomateriais, porque não foram desenvolvidos os métodos de descarte
adequados, desta forma se mostra uma desatenção para os métodos de
descarte e a avaliação de toxicidade.
Reitera-se que o problema da desatenção para os métodos de
descarte e avaliação de toxicidade, encaminha para danos à saúde humana
e ao meio ambiente, devido à manipulação indevida dos nanomateriais, ou

199
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

pelo descarte incorreto sem a avaliação prévia adequada dos


nanomateriais.
Assim, a desatenção para os métodos de descarte com avaliação de
toxicidade, pelos responsáveis, Engenheiros Químicos, acarreta em
problemas relacionados à saúde, alguns irreversíveis, além de danificar o
meio ambiente.
A partir da questão problema, surgem possíveis respostas e atitudes
que podem ser colocadas em prática para evitar a contaminação por
nanomateriais entre trabalhadores, bem como danos agressivos ao meio
ambiente, e em consequência também surge a provável solução seguida
das devidas normativas a serem estudadas.

4 Atenção para os Métodos de Descarte com Avaliação de Toxicidade


Em meio à produção de nanomateriais, são observados muitos
problemas referentes ao destino, ou mesmo, outras formas de reutilizar
seus resíduos. Desta forma deve-se ter atenção para métodos de descarte
eficientes com avaliação de toxicidade desses compostos, onde se inclui a
verificação do pH da substância, se podem transformar-se em outros
compostos não biodegradáveis, se há a possibilidade de remediação caso
as nanopartículas entrem em contato direto, ou como se dá a alteração do
DNA (material genético) pelos nanomateriais.
Ademais, destaca-se que o problema de pesquisa se volta para a
seguinte indagação: O que é indispensável ao Engenheiro Químico realizar
na produção de nanomateriais, a fim de obter métodos eficientes de
descarte, sem problemas de contaminação entre trabalhadores, e danos ao
meio ambiente?
Observa-se que no questionamento é indispensável ao Engenheiro
Químico obter métodos de descarte, com foco na produção de
nanomateriais. É necessário considerar todas as possíveis etapas na
produção de qualquer nanopartícula ou nanocomposto: processos de
obtenção, reações intermediárias, processos de separação, sendo que tais
processos devem obedecer às devidas normativas e regulamentações para
evitar acidentes em laboratório, problemas de contaminação entre
trabalhadores, e acidentes no uso dos nanomateriais.

200
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Também se analisa a questão ambiental, onde os processos para


obter o nanomaterial requerido e o descarte devem ao máximo obedecer às
regras de sustentabilidade, processos renováveis e reutilizáveis, a fim de
obedecer ao cronograma da ONU de 2030.
Com intuito de resolver o problema de pesquisa são estipuladas três
prováveis soluções a serem discutidas.
Na primeira hipótese verifica-se que “que o necessário é indicar no
rótulo o grau de toxicidade do nanomaterial em questão, para evitar mistura
com reagentes inadequados”.
É importante acrescentar ao rótulo do recipiente contendo o
nanomaterial para se averiguar um local de descarte correto, além de evitar
mistura indevida com reagentes.
De certa forma considerar na rotulagem do produto, a toxicidade,
informações sobre mistura de reagentes, prováveis reações e instabilidades
pode ajudar a encaminhar para novos métodos de descarte, porém apenas
estamos nos tratando da parte teórica do assunto, já que é preciso o estudo
preciso sobre os métodos de descarte alternativos, e avaliação da
toxicidade. Além disso problemas como a formulação de EPIs para os
trabalhadores encarregados de manipular tais nanosubstâncias, ou o
estudo da nanotoxicologia (testes in vitro e in vivo) e realização de testes
controlados podem ser de suma importância para a solução do problema de
pesquisa.
Na segunda hipótese a solução é: “direciona ao descarte dos
nanomateriais em corpos aquáticos, para evitar altos custos”.
É válido o descarte dos nanomateriais em corpos aquáticos, para
aproveitar suas propriedades físico-químicas, dessa forma pode-se utilizar
desse método para solubilizar ou separar misturas de nanopartículas com
menos custos.
É perceptível que o descarte de nanomateriais necessita de uma
regulamentação, pois sem a consciência do descarte, é possível a
contaminação de leitos fluviais, marinhos, e possivelmente do lençol
freático, devido ao seu poder de penetração.
Seria possível estudar sobre o comportamento dos nanomateriais em
corpos aquáticos, já que alguns nanomateriais em contato com a água
formam conglomerados de partículas, devido à diferença de polaridade.
201
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Também se leva em consideração sobre o perigo toxicológico e


ecotoxicológico, pois haverá tanto a contaminação da água potável para os
seres humanos quanto a contaminação das populações animais aquáticos,
dessa forma é necessário o desenvolvimento de filtros específicos a fim de
barrar partículas muito pequenas como os nanomateriais, como já é o caso
do tecido N95, que atua com energia eletrostática.
Na terceira hipótese a resposta é relacionada “à atenção para os
métodos de descarte, não só pelo controle do pH do solo, como também
evitar a contaminação de lençóis freáticos e corpos aquáticos, devido aos
nanomateriais serem apolares e podem consequentemente prejudicar a
fauna marinha. Além disso, cabe ao processo de descarte dos
nanomateriais, decompô-los em subprodutos, os quais são biodegradáveis,
e seguir as normas da ABNT referentes à segurança e saúde dos
trabalhadores (uso dos devidos equipamentos), e maio ambiente, além da
PNRS, para o armazenamento de resíduos sólidos, no caso os
nanomateriais”.
Esta hipótese indica que para o Engenheiro Químico alguns tópicos
são importantes para a solução do problema:
a) Ter controle e cuidado com o pH do local de descarte;
b) Evitar a contaminação de corpos aquáticos (lagos, rios, mares,
oceanos), pois pela maioria ser insolúvel em água pode consequentemente
afetar o meio ambiente e a fauna marinha;
c) Estudar reações que possam transformar as nanopartículas em
substâncias biodegradáveis descartáveis, a fim de minimizar os problemas
com a ecotoxicidade no processo de descarte;
d) Obedecer as normas da ABNT, em especifico NBR 14725,
referentes à saúde, segurança e meio ambiente no que diz respeito às
diretrizes de rotulagem, classificação de perigo, e demais informações de
segurança necessárias para o manuseio dos nanomateriais;
e) Agir conforme a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 que institui
a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a fim de obter a melhor
maneira do armazenamento dos nanomateriais, e seguir os devidos
protocolos para tal.
Assim, o necessário a ser abordado pelos Engenheiros Químicos em
relação à produção de nanomateriais, é destinar atenção para métodos de
descarte eficientes respeitando normativas de segurança saúde e meio
ambiente (ABNT NBR 14725), além de seguir as devidas políticas de
202
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

armazenamento de resíduos sólidos (PNRS) em relação aos nanomateriais,


além da avaliação de toxicidade desses nanomateriais para evitar contágio
pela manipulação indevida, e contaminação do meio ambiente.
Da observação dos processos para o descarte correto, incluindo
analise do pH, contaminação de corpos aquáticos e observação das
políticas de armazenamento e as normativas para manipulação dos
nanomateriais, passa a descrever a metodologia utilizada para a pesquisa.

5 Metodologia
A metodologia é algo essencial para o desenvolvimento de artigos
científicos, pois permite avaliar a veracidade dos fatos, ou comprovação
destes, já que está ligada a observação de um problema, interpretação de
conceitos e produção de textos.
De modo a conceituar a metodologia, explica Carina Oliveira, o que
vem a sê-la, sua importância e seus objetivos:
“Metodologia são passos . O conhecimento para ser feito precisa de uma
ordem e a metodologia te dá essa ordem, fazendo com que você consiga
chegar ao fim de uma forma mais organizada. O objetivo da metodologia é
a organização do pensamento científico. É um instrumento que vai te
ajudar a ficar mais organizado dentro do processo” , explica Carina Oliveira,
fisioterapeuta especializada em dermatofuncional.
Podemos descrever a metodologia como uma série de procedimentos
realizados para desenvolver uma pesquisa que visa responder uma
pergunta de investigação. Vale destacar que a disciplina é responsável por
produzir ciência e ainda acompanhar o seu modelo de tratamento.
De acordo com Luciana Bilitário, coordenadora do curso de Fisioterapia da
Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, a “metodologia científica
deve ser um conteúdo muito prazeroso. Você vai aplicar não só na
graduação, mas também em sua pós-graduação. E na prática clínica, pois
é onde você aprende a escolher uma técnica, um artigo para validar o que
você faz”.
Fonte: Carina Oliveira; Luciana Bilitário; e Érika Pedreira. Por que é importante
estudar Metodologia Científica? Disponível em:
https://www.sanarsaude.com/portal/carreiras/artigos-noticias/metodologia-cientifica-
fisioterapia-importante-estudar. Acesso em: 27 maio 2021.

Nota-se que para assuntos com foco na ciência, comprovação por


dados experimentais, tabelas e afins, a metodologia científica é necessária,
a fim de preservar o conhecimento obtido por dados experimentais. Vale
analisar que a metodologia científica pode não só colaborar com respostas

203
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

ao problema de pesquisa, como também promover problemas e perguntas


para tal.
Em observância do uso de dados bibliográficos e pesquisa
documental, estes também possuem sua importância, como explicita o
resumo do artigo sobre “a arte da pesquisa bibliográfica na busca do
conhecimento”.
A pesquisa bibliográfica é uma das etapas da investigação científica e por
ser um trabalho minucioso requer tempo, dedicação e atenção por parte de
quem resolve empreendê-la. Este artigo tem como objetivo apresentar as
várias etapas da arte do levantamento bibliográfico na busca do
conhecimento com a intenção de facilitar o caminho percorrido pelo
pesquisador até a informação desejada.
Fonte: Luciana Pizzani; Rosemary Cristina da Silva; Suzelei Faria Bello; e Maria
Cristina Piumbato Innocentini Hayashi. A arte da pesquisa bibliográfica na busca do
conhecimento. Revista Digital e Ciência da Informação. Universidade Federal de
São Carlos. 2012. Disponível em:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/download/1896/
pdf_28/2549. Acesso em: 27 maio 2021.

Sobre isso, tem-se a conclusão que a pesquisa de dados


bibliográficos permite ao pesquisador, acessar a informação da forma
desejada em meio a busca de conhecimento, além de ser uma das etapas
para investigação científica, e transmitir o conhecimento de determinado
conteúdo e ter noção dos principais assuntos tangentes ao mesmo tema, ou
até se a pesquisa proposta é inovadora ou não.
Para a realização da investigação, escolheu-se o tema
nanomateriais, em seguida foram pesquisados dados bibliográficos,
documentos, e artigos que discorrem sobre nanomateriais.
Em relação aos nanomateriais é possível dizer sobre a produção de
nanocompostos, nanobiologia, nanomedicina, ou nanoengenharia. Portanto
delimita-se o tema para a produção de nanomateriais. Com isso, predefine-
se o tema da pesquisa.
A próxima etapa é identificar problemas e soluções para o tema
“produção de nanomateriais”.
A problemática teve foco na desatenção para os métodos de
descarte com avaliação de toxicidade, em questão da produção de
nanomateriais, podendo ser seu processamento, sua manipulação, ou
descarte de resíduos. E para isso indicava-se o obedecimento de leis como
a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), além do cumprimento de

204
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

protocolos de biossegurança indicado por normas da ABNT, no caso a NBR


14725.
Na busca por dados bibliográficos, optou-se pelo acesso pelos
seguintes bancos de dados oficiais: Google Acadêmico, SciELO artigos, e
artigos da Science Direct.
No Google Acadêmico, utilizando as palavras-chave resultou em
1.100 em 0,03s. Como se observa, na figura abaixo:

No site SciELO artigos, buscou-se com diferentes ideias de palavras


devido à falta de artigos referente ao descarte e toxicidade. A pesquisa
resultou em 8 ocorrências conforme a figura abaixo:

205
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

No site da Science Direct, pesquisou-se as palavras-chave referentes


à saúde e nanomateriais. A pesquisa mostrou 39.391 resultados, como se
observa na figura abaixo:

Em continuação da metodologia, na procura por dados documentais


pertinentes, verifica-se o site “gov.br” na procura de legislações referente
ao armazenamento de nanomateriais, ou mesmo descarte, porém não
foram encontrados resultados pertinentes para construir uma ideia, ou
mesmo que mostrassem normativas a serem obedecidas, mesmo com
alteração de palavras-chave, então foi pensado em analisar outras
regulações para os nanomateriais, sendo possível observar na figura
abaixo:

206
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Portanto, foi necessário acessar o site de normas técnicas


“abnt.org.br” e identificar como palavra-chave “resíduos”. E assim foi
possível analisar que existem procedimentos que podem ajudar no
armazenamento, transporte, manipulação e descarte de substâncias
classificadas perigosas, no caso os nanomateriais, conforme se verifica na
imagem abaixo:

Entre os documentos destaca-se a norma da ABNT NBR 14725


(Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente), juntamente com a
Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS), que apesar de não se enquadrar como norma
técnica, tem uma importância no que se refere ao armazenamento de
resíduos sólidos, e maneira de manipulá-los.
Além disso, como foi mencionado os nanomateriais por serem
substâncias classificadas como perigosas, possuem normas específicas,
como apresentado na figura abaixo:

207
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Ademais também é de análise a regulação europeia, mais especifico


o REACH (Registro, Avaliação, Autorização e Restrição de Produtos
Químicos), em que pode ser acessado pelo site “ osha.europa.eu”, de que
“os fabricantes e fornecedores devem disponibilizar, ao longo da cadeia de
abastecimento, informações sobre os riscos gerados pelas substâncias e
as formas de os combater”, conforme se demonstra abaixo:

Depois do processo de averiguação de dados bibliográficos e


documentais, foram selecionados cerca de 15 textos para passar por uma
interpretação e leitura objetivada, a fim da obtenção do conhecimento
necessário para o desenvolvimento do artigo.
Após esta etapa, passa-se para a compreensão, organização dos
dados obtidos ao longo do artigo, para a criação do texto científico.

208
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Em seu início tem-se o título abordando o tema a ser trabalhado,


com descrição do objeto de estudo, por conseguinte no subtítulo, a solução
do problema em questão.
Após o desenvolvimento do título e subtítulo foi elaborado o resumo
conforme ABNT NBR 6028, com uso de cinco informações: i) contexto –
indica o título e subtítulo; ii) objetivo – contém as propostas a serem
trabalhadas, todas no modo infinitivo; iii) metodologia – descreve como
elaborou a pesquisa e busca por dados bibliográficos e documentais; iv) os
resultados – mostra os resultados encontrados no banco de dados; e v) as
conclusões – que se pode inferir dos resultados obtidos.
Após escrito o resumo, elaborou-se a introdução, a qual é distribuída
em doze parágrafos, todos sendo devidamente analisados em relação à
etapa anterior como forma de balizamento.
Com isso foi possível analisar tanto o problema de pesquisa, como
sua solução, utilizando os dados obtidos na pesquisa de materiais
documentais e bibliográficos para o desenvolvimento de pensamentos
sobre o assunto.
Na continuação da elaboração do artigo, analisa-se a metodologia, a
qual tem objetivo reafirmar a dissertação e os argumentos do autor, além
de validar o banco de dados.
Em continuidade são apresentados os resultados da pesquisa, o que
o autor tem a acrescentar, o que a solução da pesquisa acrescenta na
solução-problema.
Logo depois tem-se espaço para a discussão dos resultados, onde
são apresentados os argumentos do autor.
Por fim são apresentadas as conclusões do trabalho, realces dos
pontos julgados importantes, para situar o leitor do fim do artigo, e em
sequência encontra-se as referências, ou seja, os materiais usados para a
formulação do artigo.
Assim, a metodologia da proposta teve utilização de dados
bibliográficos para a efetivação do artigo, compreensão de certos conceitos
referentes à produção de nanomateriais, com foco no descarte e avaliação
de toxicidade, enquanto que a pesquisa documental permitiu o
conhecimento de normativas importantes referentes à manipulação de
substâncias denominadas perigosas. De mesmo modo deve se analisar
209
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

propriedades físico-químicas e outras restrições em cada caso, já que os


nanomateriais não tem uma regulamentação própria.
Da visão da metodologia passa a discorrer sobre os principais
resultados encontrados nos bancos de dados.

6 Resultados
No tópico dos resultados, são levados em consideração as ideias
obtidas com o desenvolvimento do banco de dados, além de buscar e
indicar dados relevantes e complementares que não foram utilizados em
tópicos anteriores, sendo estes importantes para a solução do problema de
pesquisa.
Mauricio Gomes Pereira, discorre sobre como progredir no tópico de
resultados em um artigo científico, por meio de sua proposta: “A seção de
resultados de um artigo científico”.
Primeiramente, apresentam-se as características dos sujeitos do estudo.
São informações demográficas, socioeconômicas, clínicas ou de outra
natureza que descrevem o grupo ou os grupos estudados. Em geral, essa
comunicação é feita sob a forma de tabela. O leitor, ao inspecionar esses
dados, poderá verificar se os procedimentos de seleção adotados
produziram a amostra adequada para o estudo ou, no caso de estudos
analíticos, se os grupos são comparáveis. Serve também para indicar a que
população os resultados são generalizáveis. Outra conduta recomendada,
para compor a parte inicial da seção de resultados, é relatar como se
chegou à amostra final utilizada na análise dos dados. Se a descrição for
complexa para aparecer no texto, sugere-se que seja inserido um gráfico
de fluxo (ou fluxograma) contendo o detalhamento da seleção dos sujeitos
da pesquisa e os motivos de exclusão de participantes.
Após a apresentação de detalhes descritivos da amostra investigada, tem
lugar a especificação dos resultados principais obtidos. Resultados
principais são os diretamente relacionados ao objetivo do artigo. Se esse
objetivo puder ser transformado em pergunta, tem-se nesta parte do texto a
resposta a essa pergunta. O autor revelará o que encontrou, na forma mais
adequada de apresentação: diferenças de médias, medidas de associação
(risco relativo, razão de chances, razão de prevalências) ou o que for mais
apropriado para expressar os resultados.
Na sequência, há ainda lugar para expor os achados secundários
relevantes ou inesperados que mereçam menção.
Fonte: Mauricio Gomes Pereira. A seção de resultados de um artigo científico.
Universidade de Brasília. Brasília- DF. Brasil. Disponível em:
http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
49742013000200017. Acesso em: 2 jun. 2021.

210
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Conforme o autor, para redigir o tópico dos resultados são


necessárias informações demográficas, socioeconômicas e clínicas que
possam descrever a importância de agir conforme a solução do problema,
pois quando o leitor analisar devidamente estes recursos, confirmará se vai
de encontro às suas ideias, e se descreve de forma adequada os conceitos
abordados.
Outro ponto importante em questão dos resultados é em relação ao
processo para se chegar em determinado resultado ou pensamento
proposto, tendo em vista a análise do banco de dados.
i) Engenharia Química na produção de nanomateriais
Antes de analisar o problema e a solução de pesquisa, vale entender
o objeto de estudo: a Engenharia Química mediante à produção de
nanomateriais. Pode-se de acordo com o centro universitário FEI,
apresentando a seguinte proposta compreender a importância da
Engenharia Química nos mais variados processos.
Os engenheiros químicos hoje são essenciais em setores de manufatura,
petroquímica, processamento de alimentos e bebidas, produtos
farmacêuticos, papel e celulose, produtos químicos especiais, saúde,
construção civil, microeletrônica, materiais eletrônicos e avançados,
polímeros, serviços comerciais, biotecnologia, indústrias de saúde e
segurança ambiental, Universidades, entre outros.
Fonte: Centro Universitário FEI. Engenharia Química Uma área de fácil adaptação
aos avanços da ciência e dos grandes desafios da sociedade moderna. Disponível
em: https://fei.edu.br/engenhariadofuturo/quimica.html#:~:text=Esses
%20profissionais%20s%C3%A3o%20fundamentais%20no,envolvidos%20na
%20gera%C3%A7%C3%A3o%20de%20energia. Acesso em: 3 jun. 2021.

É importante ressaltar a participação do Engenheiro Químico na


produção de nanomateriais, pois este é responsável pelo desenvolvimento
de métodos alternativos de produção, novas tecnologias, novas formas de
processamento, todas visando no reaproveitamento de materiais,
combatendo a ecotoxicidade, a fim de buscar a sustentabilidade.
No que se refere aos nanomateriais, Matheus P. Paschoalino,
Glauciene P. S. Marcone, e Wilson F. Jardim explicam sobre a crescente
expansão da produção e aplicação dos nanomateriais, e seus efeitos.
O crescente investimento em N&N impulsiona o mercado mundial e
potencializa o consumo de materiais, produtos e processos voltados para
esta área. Contudo, observa-se que do montante destinado a este tipo de
pesquisa, é escassa a quantia empregada em estudos de avaliação da
toxicidade dos nanomateriais, exemplificado aqui pelos EUA, que do total
investido em N&N no ano de 2007, apenas 3% foram destinados a estudos
211
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

de avaliação de risco dos mesmos. Uma aparente exceção a esta


tendência é a União Europeia, visto que o seu investimento para os
próximos anos (£ 3,5 bilhões) contempla amplamente as pesquisas
voltadas para a avaliação da toxicidade e ecotoxicidade de nanomateriais e
questões de segurança em geral.
A produção anual estimada de materiais que contêm substâncias em
nanoescala saltou de 1.000 toneladas em 2004 para 5.000 atualmente, com
a perspectiva de que a marca de 100.000 toneladas seja atingida na
próxima década. Estes números indicam a inevitável exposição humana e
ambiental aos nanomateriais já presentes em cerâmicas, catalisadores,
filmes e ligas metálicas, além do uso na indústria de cosméticos,
nanoeletrônica, biotecnologia, instrumentação, sensores e na área
ambiental.
A crescente produção e aplicação de nanomateriais tem provocado a ampla
discussão sobre os riscos potenciais destes materiais ao ambiente e à
saúde humana. A reflexão a respeito desta questão é bastante pertinente,
uma vez que, além das inúmeras perspectivas oriundas do
desenvolvimento de uma gama de novos materiais, há o potencial risco de
contaminação ambiental, dadas as características intrínsecas das
nanopartículas, como tamanho, área superficial e capacidade de
aglomeração/dispersão, as quais podem facilitar a translocação destas
pelos compartimentos ambientais e ocasionar, de forma acumulativa, danos
à cadeia alimentar. Estes aspectos justificam a importância da investigação
sobre a disponibilidade, degradabilidade e toxicidade dos nanomateriais.
Estudos direcionados a tais questões constituem uma necessidade real.
Contudo, a escassez e a desproporcionalidade de investimentos para
avaliar a toxicidade dos nanomateriais são refletidas no número de
trabalhos científicos publicados sobre o assunto. Dentre os 73.138 artigos
publicados que apresentavam os tópicos nanotecnologia, nanomateriais ou
nanopartículas, apenas 1.230 abordavam a questão da toxicidade e
ecotoxicidade dos mesmos.
Dentro deste contexto, a presente revisão aborda o conhecimento atual
sobre a interação dos nanomateriais com os diferentes receptores
ambientais, as técnicas de caracterização fundamentais mais utilizadas
para investigar a correlação com os possíveis efeitos tóxicos, a tendência
dos métodos aplicados na avaliação toxicológica e ecotoxicológica,
finalizando com a discussão atual sobre a regulamentação e padronização
que envolve a manufatura e o uso dos materiais e produtos baseados na
nanotecnologia.
Fonte: Matheus P. Paschoalino; Glauciene P. S. Marcone; e Wilson F. Jardim. Os
nanomateriais e a questão ambiental. Instituto de Química, Universidade Estadual
de Campinas. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/qn/a/J4kFgpGnQKH7yJ4w65JPhRq/?lang=pt. Acesso em: 3
jun. 2021.

ii) Desatenção para os Métodos de Descarte com Avaliação de


Toxicidade

212
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

A desatenção para os métodos de descarte com avaliação de


toxicidade implica em questão da poluição e intoxicação do meio ambiente.
Em consequência deve-se atentar que tal problema não impede a produção
de nanomateriais em si, mas a segurança dos trabalhadores, ou de quem
entrará em contato com as nanopartículas descartadas.
Em sequência no material de Nina Koja Cassali, são apresentados
em vários anos, dados que podem medir de certa forma a periculosidade de
alguns nanomateriais, bem como seu potencial tóxico no quadro a seguir:

Fonte: Nina Koja Cassali. A Responsabilidade Empresarial Prevista no Art. 931 do


Código Civil de 2002 Aplicada à Progressiva Inclusão de Nanotecnologia no Setor
de Ar Condicionado Automotivo: uma proposta para aplicação do princípio da
precaução e gestão do risco Inerente ao uso e descarte de materiais
nanoestruturados . Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Disponível
em: http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/6901. Acesso em: 3 jun.
2021.

213
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

O autor se preocupou em obter informações provenientes de outros


139 artigos publicados no portal virtual LQES (Laboratório de Química do
Estado Sólido) para a formulação do quadro apresentado. Com estes dados
pode-se inferir que a desatenção para métodos de descarte e avaliação de
toxicidade em meio à produção de nanomateriais, tem a chance de
apresentar quadros de Alzheimer ou insuficiência respiratória nos
infectados, poluição de corpos aquáticos e danos aos animais.
A desatenção para os métodos de descarte com avaliação de
toxicidade é algo que se for ignorado, irá trazer problemas relacionados à
saúde humana, problemas relacionados ao meio ambiente, e perigos ainda
desconhecidos pelos pesquisadores referentes à utilização dos
nanomateriais. Entretanto, com o apoio das indústrias que produzem tais
compostos e o cumprimento de leis e normativas estabelecidas pelos
órgãos responsáveis, além do apoio vindo do desenvolvimento de novos
métodos de descarte e avanços na avaliação de toxicidade de
nanopartículas “engenheiradas” ou não, amenizam-se os problemas
relacionados ao descontrole da biossegurança na produção de
nanomateriais.
No artigo sobre “integração normativa para avanços científicos com
nanotecnologia” os autores Loreci Gottschalk Nolasco; e Nivaldo dos
Santos ressaltam a importância do princípio constitucional da precaução,
visando em métodos de descarte de nanomateriais sem agressão ao meio
ambiente, bem como a avaliação de toxicidade atrelada à Constituição
Brasileira.
2 GESTÃO PRECAUCIONAL DE RISCOS NANOTECNOLÓGICOS: O
PRINCÍ-PIO CONSTITUCIONAL DA PRECAUÇÃO
Ao dispor sobre as exigências previstas no art. 225, §1º, V, da Constituição
Federal de 1988 (CF/1988), o Estado brasileiro reconheceu que vivemos
em uma “sociedade de risco” (BECK, 2010), exigindo-se a criação de
mecanismos de controle como aqueles arrolados na Lei de Política
Nacional do Meio Ambiente, precisamente o procedimento de
Licenciamento Ambiental, em que os órgãos ambientais competentes,
baseados em laudos técnicos (comunicações interdisciplinares), definem
critérios e ações preventivas e compensatórias para concessão da
autorização administrativa. Com isso, a Constituição incumbiu o Poder
Público de controlar o emprego de técnicas que comportem riscos para a
vida, à qualidade de vida e ao meio ambiente, exigindo explicitamente a
implementação de medidas de precaução (exemplo, Estudo Prévio de
Impacto Ambiental), e de forma implícita assegurou a aplicação do instituto
da responsabilidade civil prospectiva (futuras gerações), fundado no
princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º e 170).
214
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Três são os bens jurídicos (direitos fundamentais) expressamente tutelados


no que se refere à nanotecnologia: a vida, a saúde e o meio ambiente.
Todos com supedâneo na CF/1988 e com perspectiva intergeracional
(princípio da equidade intergeracional), a exemplo da proteção ambiental
estabelecida para as presentes e futuras gerações no artigo 225, caput,
que, numa relação intratemporal e intertemporal, fundamenta a aplicação
do princípio da precaução voltada para uma amplitude temporal
(prospectiva), envolvendo o princípio da solidariedade entre gerações ou
da responsabilidade de longa duração, impositiva da equidade entre
pessoas vivas no presente e pessoas que nascerão no futuro, como pilar
do desenvolvimento sustentável (reconhecido como princípio da Ordem
Econômica na CF/1988, art. 170, VI) e do Direito Ambiental.
Com todo sistema jurídico socioambiental global preocupado com questões
referentes à proteção do meio ambiente, o Estado se vê impulsionado a
lançar programas que influenciem meios alternativos de preservação, como
por exemplo, através do incentivo ao desenvolvimento tecnológico voltado
para o enfoque ambiental.
Fonte: Loreci Gottschalk Nolasco; e Nivaldo dos Santos. Integração Normativa para
Avanços Científicos com Nanotecnologia. Revista da Faculdade de Direito da UFG,
[S. l.] , v. 43, 2020. DOI: 10.5216/rfd.v43.45284. Disponível em:
https://www.revistas.ufg.br/revfd/article/view/45284. Acesso em: 9 jun. 2021.

iii) Atenção para os Métodos de Descarte com Avaliação de


Toxicidade
A manipulação e produção de nanomateriais está atrelada à
formulação de uma regulamentação para materiais oriundos da
nanotecnologia, em que incentivos à pesquisa e inovação são importantes
para a atenção para métodos de descarte com avaliação de toxicidade.
Conforme a publicação feita no dia 19/02/2020 no site
“https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/02/19/marco-legal-da-
nanotecnologia-avanca”:
Marco Legal da Nanotecnologia é aprovado na CCJ
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou, nesta quarta-feira
(19), o Marco Legal da Nanotecnologia, com incentivos à pesquisa e à
capacitação científica e tecnológica e à formação de recursos humanos na
área da nanotecnologia. Do senador Jorginho Mello (PL-SC), o PL
880/2019 segue para análise da Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT).
[...]
O projeto altera a Lei de Inovação Tecnológica (Lei 10.973, de 2004) para
incluir a nanotecnologia no rol de setores beneficiados com medidas de
incentivo à inovação e à pesquisa científica. As ações devem observar
princípios ambientais, éticos, sanitários e de segurança, além de estimular
o empreendedorismo e fortalecer o ecossistema de inovação do Brasil.
O acompanhamento, a avaliação e a revisão da política pública para a
nanotecnologia serão definidos em regulamento, a ser definido por cada

215
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

esfera da Federação. A regulamentação deve prever a participação de


representantes do governo, de setores empresariais, das universidades e
da sociedade civil organizada.
Fonte: Agência Senado; Marco Legal da Nanotecnologia é aprovado na CCJ.
Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/02/19/marco-
legal-da-nanotecnologia-avanca. Acesso em: 9 jun. 2021.

Observa-se a importância de incluir a nanotecnologia em setores


beneficiados de pesquisa e desenvolvimento científico, como dito na
matéria, para “observar princípios ambientais, éticos, sanitários e de
segurança”, o que vai de encontro à solução-problema sobre atenção para
métodos de descarte com avaliação de toxicidade, mostrando que ainda é
necessário o investimento na parte de segurança laboratorial relacionada à
nanotecnologia.
Para melhor compreensão do assunto, José Renato Alves Schmidt,
discorre sobre “Avaliação de Risco Envolvendo a Manipulação de
Nanomateriais em um Laboratório de Pesquisa”, trazendo não só dados
teóricos, como também dados experimentais de toxicidade de
nanomateriais de SiO2 (dióxido de silício), focando em análises qualitativas
de risco.
TOXICOLOGIA DAS NP
Com o crescente número de produtos com nanotecnologia, a exposição aos
NM também aumenta, podendo ocorrer em qualquer fase do ciclo de vida
do produto, desde a síntese, fabricação, uso e indo até o descarte,
implicando em diversas exposições como: ocupacional, ambiental e do
consumidor (LOURO; BORGES; SILVA, 2013).
Para realizar as avaliações dessas exposições ao longo de todo o ciclo de
vida do produto, são necessários estudos toxicológicos. Diante dessa
necessidade surgiu à área chamada de nanotoxicologia, com o objetivo de
estudar e avaliar a toxicidade de NM e nanodispositivos e seus efeitos nos
organismos (BAKAND; HAYES, 2016; OBERDÖRSTER; OBERDÖRSTER;
OBERDÖRSTER, 2005; PASCHOALINO; MARCONE; JARDIM, 2010).
Atualmente esses estudos sobre toxicidade envolvendo os NM carecem de
mais informações (BAKAND; HAYES, 2016; GONÇALVES, 2014; HALLOCK
et al., 2009; HOYT; MASON, 2008; KELLY, 2009; LOURO; BORGES;
SILVA, 2013; MATHIAS; ROMANO; ROMANO, 2014; RICCARDI;
GUASTALDI, 2013).
Para avaliar a toxicidade de um produto são realizados ensaios
toxicológicos que visam definir se o produto apresenta ou não efeitos
tóxicos ou nocivos e, se for o caso, qual é a natureza destes efeitos e seu
grau de toxicidade. Nesses ensaios os organismos vivos são expostos a
diferentes concentrações das substâncias de interesse e são analisados os
efeitos adversos causados sobre estes organismos, como por exemplo,
imobilidade, morte, alterações morfológicas e fisiológicas (MATIAS, 2014).

216
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Os estudos da toxicidade se dividem em três tipos: aguda, sub crônica e


crônica. A primeira visa demonstrar a ocorrência de efeitos severos em um
curto espaço de tempo em relação ao ciclo de vida do organismo-teste,
após a exposição desses a uma única dose ou concentração da
substância-teste em diferentes diluições. Já a toxicidade sub crônica
estuda o efeito resultante de administrações repetidas de uma substância
durante um período intermediário do ciclo de vida de determinada espécie
e a toxicidade crônica destina-se a caracterizar o perfil toxicológico de uma
substância em uma espécie, após uma exposição repetida e prolongada,
cobrindo o ciclo de vida de forma representativa (MATIAS, 2014).
Estudos mais específicos também são feitos com os NM como: a
Carcinogenicidade, Mutagenicidade, Teratogenicidade e a Reprodução
(MATIAS, 2014).
Fonte: José Renato Alves Schmidt. Avaliação de Risco Envolvendo a Manipulação
de Nanomateriais em um Laboratório de Pesquisa . Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/176917. Acesso em: 9 jun. 2021.

O autor ressalta que devido ao aumento no número de produtos que


utilizam da nanotecnologia, devem ser levados em consideração as etapas
para a certificação do produto, sendo uma delas, a avaliação de toxicidade
do nanomaterial, pois sem o devido cuidado, aumentam os riscos em
relação à exposição desde a produção dos nanomateriais, até seu descarte,
mostrando a importância da nanotoxicologia.
Outro ponto a ser trabalhado é o descarte de nanoresíduos. A fim de
se resolver o problema da desatenção para métodos de descarte, além da
avaliação de toxicidade (já comentada), é analisado o artigo de Joana da
Silva Maziero, sobre “Avaliação da toxicidade de nanopartículas de prata
em microcrustáceos aquáticos e em embriões de Danio rerio”
Devido aos seus diversos atributos como tamanho, elevada área
superficial, formato variado e alto poder bactericida, as nanopartículas de
prata (NPAg) vem sendo amplamente utilizadas em diversos setores da
indústria: curativos, devido a sua capacidade bactericida; no interior de
refrigeradores de alimentos, para retardar a deterioração; em palmilhas
antimicrobianas, para evitar odores; em purificadores de ar; em
instrumentos cirúrgicos e etc. A utilização abrangente das NPAg tem
provocado grande preocupação na área acadêmica, principalmente
ecotoxicológica, quanto aos impactos e riscos potenciais que estas podem
causar ao meio ambiente e à saúde humana. Baseado nessas
considerações, este trabalho teve como objetivo verificar e comparar o
nível de toxicidade de duas amostras de NPAg, estabilizadas com goma
arábica (GA) e reduzidas com Tri-Alanina (Amostra 1: NPAg com tamanho
aproximado de 25 nm e Amostra 2: NPAg com tamanho aproximado de 75
nm), utilizando ensaios in vitro e in vivo. O teste in vitro de citotoxicidade,
foi realizado seguindo a norma ISO 10993 - 5 pelo método de incorporação
217
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

do corante vermelho neutro, em células da linhagem NCTC-L929, para


obtenção do IC50 (índice de citotoxicidade, concentração da amostra que
induz 50% de lise ou morte celular); os ensaios in vivo de ecotoxicidade
aguda, de acordo com a norma brasileira ABNT NBR 12713, utilizando
como organismo teste a Daphnia similis, para obtenção da CE50
(concentração efetiva da amostra que causa imobilidade em 50% dos
organismos expostos); e embriotoxicidade aguda de acordo com o
protocolo da OECD 236, utilizando como organismo teste o Danio rerio,
para obtenção da CL50 (concentração letal da amostra que causa
mortalidade em 50% dos organismos expostos). Os resultados obtidos para
a Amostra 1: foram IC50 de 2,57 mg L-1, CE50 de 4,40 μg L-1, e CL50 de
177 μg L-1; Amostra 2: IC50 de 2,61 mg L-1, CE50 de 6,55 μg L-1 e CL50
de 673 μg L-1. Estes resultados mostram que os organismos aquáticos são
mais sensíveis às NPAg do que as células em cultura, elevando a
importância de se realizar mais estudos relacionados às adversidades que
essas nanopartículas podem causar. Além disso, mostra-se necessário
verificar o descarte das mesmas no meio ambiente, visto que no Brasil
ainda não há legislações que quantifiquem os limites permissíveis para
esse descarte.
Fonte: Joana da Silva Maziero. Avaliação da toxicidade de nanopartículas de prata
em microcrustáceos aquáticos e em embriões de Danio rerio. Dissertação (Mestrado
em Tecnologia Nuclear – Materiais) – Instituto de Pesquisas Energéticas e
Nucleares, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/85/85134/tde-30092019-152923/en.php.
Acesso em: 9 jun. 2021.

Após a análise do resumo do artigo em questão, compreende-se que


no Brasil não há legislações que permitem quantificar um descarte correto,
já que tais compostos são recentes na indústria química. Portanto deve-se
seguir os protocolos relacionados aos resíduos sólidos no geral, pela PNRS
(Política Nacional de Resíduos Sólidos), além do regulamento europeu da
REACH (Registro, Avaliação, Autorização e Restrição de Produtos
Químicos), garantindo o descarte adequado para cada substância,
baseando-se na toxicidade de cada composto.
iv) Metodologia
Ao elaborar o tópico da metodologia, é interessante analisar seu
conceito, ou seja, o que vem a ser metodologia, e qual sua importância em
um artigo científico.
Dessa forma recorre-se à explicação da autora Heloisa Helena T. de
Souza Martins, sobre a metodologia qualitativa de pesquisa, com foco em
questões éticas, históricas e sociológicas.
Antes de mais nada é preciso esclarecer que metodologia é entendida aqui
como o conhecimento crítico dos caminhos do processo científico,

218
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

indagando e questionando acerca de seus limites e possibilidades (Demo,


1989). Não se trata, portanto, de uma discussão sobre técnicas qualitativas
de pesquisa, mas sobre maneiras de se fazer ciência . A metodologia é,
pois, uma disciplina instrumental a serviço da pesquisa; nela, toda questão
técnica implica uma discussão teórica.
Outra distinção importante, extraída do estudo Fundamentos empíricos da
explicação sociológica , de Florestan Fernandes (1959), é a que se deve
estabelecer entre, de um lado, métodos técnicos ou métodos de
investigação ou seja, processos pelos quais a realidade é investigada, ou
ainda, "as manipulações analíticas através das quais o investigador
procura assegurar para si condições vantajosas de observação dos
fenômenos" (Fernandes, 1959, p. 13) e, de outro, métodos lógicos , isto é,
os processos de formação das inferências e de explicação da realidade,
que Florestan chama de métodos de interpretação .
Um rápido olhar pela história da sociologia permite perceber que essa área
do conhecimento foi sempre marcada pela necessidade de definir seu
objeto com clareza e precisão, bem como de compreender como se
aplicam os fundamentos da ciência e os princípios do método científico no
campo sociológico. O objetivo dessa busca foi a superação das análises
impressionistas e extracientíficas acerca das sociedades e a valorização da
ciência enquanto forma de saber positivo, um discurso intelectual diante da
realidade, que pressupõe "determinados procedimentos de obtenção,
verificação e sistematização do conhecimento e uma concepção do mundo
e da posição do homem dentro dele" (Fernandes, 1977, p. 50).
[...]
A metodologia qualitativa, mais do que qualquer outra, levanta questões
éticas, principalmente, devido à proximidade entre pesquisador e
pesquisados. Ainda que a maioria dos pesquisadores (especialmente os
sociólogos) dedique pouca atenção a essa questão, existe uma elaborada
discussão principalmente entre os antropólogos que procura dar conta dos
problemas decorrentes da relação de alteridade entre os dois pólos na
situação de pesquisa. Refiro-me, particularmente, às possíveis
consequências para a vida de pessoas, grupos e culturas da presença (e
da intromissão) de indivíduos portadores de saber, estilo de vida e cultura
diferentes. A presença de pesquisadores, muitas vezes disfarçada, pode
envolver os observados, pode manipulá-los de acordo com seus interesses
e objetivos, introduzindo tensões, provocando rupturas. Segundo Zaluar
(1986), o cientista social não deve esquecer que a relação que se
estabelece entre o observador e o observado é uma relação social e
política.
Fonte: Heloisa Helena T. de Souza Martins. Metodologia qualitativa de pesquisa .
Universidade de São Paulo. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1517-
97022004000200007. Acesso em: 9 jun. 2021.

Com a metodologia qualitativa de pesquisa, observa-se que o uso


desta beneficia tanto o pesquisador como o pesquisado devido à sua
proximidade e obtenção de informações, já que para que se aprenda sobre
219
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

determinado conteúdo deve haver tensões, contradições, pensamentos,


perguntas, e até exceções, dessa forma o conhecimento irá atingir cada vez
mais, pois interessados no tema, os pesquisadores poderão utilizar o artigo
como fonte de informação e busca de conhecimento.
Objetivando na pesquisa documental e legislativa, a qual está
presente no banco de dados, pode-se examinar as normativas, leis que
possam restringir o uso inadequado dos nanomateriais, e regulamentações
para a manipulação, que contribuam no exercício da Engenharia Química
em meio à produção de nanomateriais.
Na Revista Gestão e Desenvolvimento, é articulada a
“Regulamentação da Nanotecnologia no Brasil”. Com isso, é possível
perceber que devido ao Brasil não possuir uma regulamentação de fato,
está no caminho de garantir uma, por meio de agências reguladoras
específicas como mencionado abaixo:
4 A REGULAMENTAÇÃO DA NANOTECNOLOGIA NO BRASIL
As discussões sobre a regulamentação das nanotecnologias é assunto
recente na maioria dos países que desenvolvem produtos e aplicações com
nanopartículas. A intenção é trazer à discussão como o Brasil está
buscando regular a nanotecnologia, razão pela qual não será dado ênfase
às iniciativas de regulamentação em outros países. Entende-se que é
necessária uma coordenação internacional para discutir os riscos das
nanotecnologias e sua regulamentação.
A título de exemplo, pode-se dizer que o empenho até o presente momento
para a regulação das nanotecnologias está mais centrado em organismos
não governamentais e organismos internacionais, como a Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a União
Europeia e as normas ISO. Na União Europeia, as discussões estão
registradas no regulamento da REACH (Registro, Avaliação, Autorização e
Restrição de Produtos Químicos), nos documentos da European Agency for
Safety and Health at Work ; OSHA; Occupational Nanotechnologies
Industries Association (NIA), FDA. Nos países asiáticos conta-se com a
ANF-Asia Nano Forum, com o Comitê de Medidas de Segurança para
nanomateriais do Japão e com a Chinese Academy of Sciences , SAICM e
International Council on Nanotechnology – ICON. Nos Estados Unidos
observa-se o Ato de Controle de Substâncias Tóxicas (TSCA) e as ações
do National Institute for Health (NIH) FDA (Food and Drug Administration ).
Contudo, até o presente momento não se verifica uma legislação global
específica ou unificada para os nanomateriais, logo, os nanoprodutos são
registrados nos mais variados países através das agências reguladoras
específicas daquele país, sendo cada situação avaliada individualmente.
(HANKIN; CABALLERO, 2014; ENGELMANN; PULZ, 2015).
A ISO atribuiu ao Comitê Técnico nº 229 a responsabilidade de preparar,
analisar e publicar normas relativas à nanotecnologia como sua definição
220
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

(ENGELMANN; MARTINS, 2017). A União Europeia estabelece notificação


compulsória para os nanocosméticos, e alguns Estados-Membros da UE,
como a França, Bélgica e Dinamarca, adotaram os procedimentos de
informação obrigatória para uma variedade de nanoprodutos disponíveis
comercialmente (HANKIN; CABALLERO, 2014).
Destaca-se que na UE centros e instituições públicas e privadas são
responsáveis pela repercussão que seus estudos nanotecnológicos podem
ocasionar ao meio ambiente e à saúde humana. Ademais, no ano de 2008,
foi elaborado pela UE uma compilação de condutas para a pesquisa nas
áreas da nanotecnologia e das nanociências, com a realização de revisão
bienal, com o intuito de instruir os paísesmembros, pesquisadores,
cientistas, financiadores de pesquisas e demais interessados para a
evolução de estudos responsáveis (HUPFFER; ENGELMANN, 2017). Por
sua vez, o Regulamento n° 1169 de 2011 determinou o fornecimento de
informação aos consumidores sobre os nanoalimentos.
Esse regulamento trouxe uma importante inovação: os nanomateriais
devem ser rotulados de forma clara na composição do produto com o
prefixo “nano” entre parênteses após o nome da substância (HUPFFER;
ENGELMANN, 2017).
Fonte: Luísa Lauermann Lazzaretti; e Haide Maria Hupffer. Nanotecnologia e sua
Regulamentação no Brasil. Sistema de Avaliação: Double Blind Review RGD | v. 16
| n. 3 | p. 153-177 | set./dez. 2019. Disponível em:
https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistagestaoedesenvolvimento/article/
download/1792/2432/6028. Acesso em: 9 jun. 2021.

Como exemplifica o artigo, “pode-se dizer que o empenho até o


presente momento para a regulação das nanotecnologias está mais
centrado em organismos não governamentais e organismos internacionais” ,
logo compreende-se que não existe de fato uma regulamentação
internacional própria para nanomateriais, explicando anteriormente o
porquê de adotar a REACH (Registro, Avaliação, Autorização e Restrição
de Produtos Químicos) na metodologia, apesar da presença da Política de
Resíduos Sólidos.
Desta forma os resultados obtidos no banco de dados, permitirão a
discussão no que se refere à produção de nanomateriais, com atenção a
métodos de descarte e avaliação de toxicidade, ao mesmo tempo que por
não haver uma regulamentação própria dos nanomateriais, é necessário
manter o registro de nanoprodutos conforme as diretrizes das agências
reguladoras de cada país, neste caso escolheu-se a REACH (Registro,
Avaliação, Autorização e Restrição de Produtos Químicos) e a PNRS
(Política Nacional de Resíduos Sólidos).
Assim, os resultados obtidos mostram que o descarte correto dos
nanomateriais devem agir conforme o regulamento da REACH (Registro,
221
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Avaliação, Autorização e Restrição de Produtos Químicos) e a Lei nº


12.305, de agosto de 2010 que institui a PNRS (Política Nacional de
Resíduos Sólidos), estes por sua vez tomam lugar da regulamentação dos
nanomateriais, a qual ainda é inexistente, porém garantem uma correta
manipulação dos nanomateriais, por meio do controle de pH, rotulagem
apresentando “nano” anterior ao nome da substância como forma de
identificação, e uso correto dos EPIs (Equipamentos de Proteção
Individual), ao entrar em contato direto com tais compostos.
Apresentados os principais resultados obtidos no banco de dados,
passa para a discussão.

7 Discussão
No tópico da discussão, após a análise dos resultados de pesquisa,
observa-se a necessidade de mostrar um posicionamento mediante a
pesquisa, com uso da comparação, argumentação, e exposição de dados.
Vale lembrar que para uma boa discussão é necessário manter a coerência
dos fatos, e da própria pesquisa, de modo a compreendê-la por completo.
Com o propósito de mostrar a importância da discussão em um artigo
científico, menciona-se o artigo de Maurício Gomes Pereira, que diz:
A discussão é o local do artigo que abriga os comentários sobre o
significado dos resultados, a comparação com outros achados de
pesquisas e a posição do autor sobre o assunto. Uma discussão sem
estrutura coerente desagrada, daí a conveniência de organizar os temas
em tópicos. Estrutura passível de ser utilizada consta do quadro. Cada um
dos tópicos informa sobre uma faceta da discussão e seu conjunto fornece
os subsídios para se julgar a adequação dos argumentos, da conclusão e
de todo o texto.
Maneira conveniente de iniciar a Discussão consiste em realçar, com
poucas palavras, os achados mais importantes ou os conhecimentos novos
desvendados pela pesquisa.
Essa síntese, útil em relatos complexos, é omitida nos textos curtos.
Após essa parte inicial, comenta-se o método empregado, de modo que o
autor informe quão válida a pesquisa lhe parece. Considera-se boa prática
o próprio autor apontar as carências em vez de omiti-las propositadamente,
à espera de que passem despercebidas. Limitações importantes não
assinaladas no texto diminuem a credibilidade da investigação. Merecem
ser apontadas as limitações que possam influenciar substancialmente os
resultados e alterar as conclusões da investigação. Essas limitações estão
relacionadas ao tipo de delineamento empregado ou a detalhes da própria
investigação. Também são comentados aspectos positivos, entre os quais

222
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

as providências adotadas para neutralizar as limitações, para contorná-las


ou estimar sua influência nos resultados.
Fonte: Maurício Gomes Pereira. A seção de discussão de um artigo científico.
Universidade de Brasília, Brasília-DF, Brasil. Disponível em:
http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?pid=S1679-
49742013000300020&script=sci_arttext. Acesso em: 22 jun. 2021.

De acordo com os ensinamentos acima, o autor certifica-se que é o


local do artigo que mostra o significado dos resultados da pesquisa, em que
há comparação com outros achados em pesquisas, e por isso cabe dividir a
discussão em tópicos, a fim de analisá-los, e julgá-los com argumentos
adequados.
Portanto, a discussão será dividida em dois conjuntos, sendo que o
primeiro terá foco na análise, interpretação, e busca do objeto de estudo,
do problema, da solução e da metodologia. No segundo conjunto serão
estudados os resultados da pesquisa.
a) Engenharia Química na Produção de Nanomateriais
No que se refere ao objeto de estudo, a Engenharia Química na
produção de nanomateriais, é necessário discorrer sobre o papel do
Engenheiro Químico, o qual responsabiliza-se pelo controle de qualidade
dos nanomateriais, além da segurança que apresentam em certos
ambientes. O Engenheiro Químico deve estudar as mais diversas formas de
armazenamento, controle de reagentes, observar o desenvolvimento da
linha de produção desses nanomateriais, a fim de evitar um descontrole,
manipulação indevida de tais substâncias, e danos ao meio ambiente.
Em relação à produção de nanomateriais, deve-se analisar que não
há uma legislação própria para os nanomateriais, portanto devem ser
usadas normativas como a ABNT NBR 14725, referentes à produtos
químicos, classificação de perigo, além de informações de segurança,
saúde e meio ambiente, bem como a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010
que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) responsável
pela gestão e gerenciamento de resíduos incluídos os perigosos, às
responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos
econômicos aplicáveis.
Ademais, destacam-se vários tipos de nanomateriais já fabricados:
I. Nanopartículas de metais e óxidos - são aquelas que servem de
semicondutores e isolantes. Os óxidos metálicos também podem atuar

223
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

como catalizadores em várias reações importantes do ponto de vista


tecnológico.
II. Nanopartículas de dióxido de titânio - são amplamente usadas em
cosméticos e produtos de beleza pessoal, por sua característica de
bloquear raios ultravioletas, também aproveitada no funcionamento de
baterias solares.
III. Nanopartículas metálicas e cerâmicas - as nanopartículas
metálicas são usadas em construção de sensores, microeletrônica, catálise,
ação bactericida, células fotovoltaicas, dentre outras, devido às suas
intrínsecas propriedades ópticas, eletrônicas, magnéticas e catalíticas. Já
as nanopartículas cerâmicas são utilizadas como condutores e
semicondutores, pigmentos, e em ultra polimentos.
IV. Nanotubos de Carbono - por serem cerca de 100 vezes mais
resistentes do que o aço, além de serem mais leves, podem ser usados na
construção civil, fuselagem de veículos, utilização em células voltaicas
devido a ser um bom condutor de energia, além de ter um grande potencial
na nanomedicina.
V. Nanopartículas de metais preciosos - esses tipos de
nanopartículas (ouro coloidal, prata coloidal, platina, paládio) podem ser
utilizadas como catalisadores em algumas reações específicas, além de
participar no desenvolvimento de detectores mais sensíveis e modernos à
radiação.
VI. Nanofibras poliméricas - as nanofibras poliméricas vêm sendo
utilizadas para uso como scaffolds (estruturas tridimensionais utilizadas
como suporte, que promovem a proliferação celular, ou colonização de
células) para engenharia de tecidos como cartilagens, ossos, vasos
sanguíneos arteriais, coração e nervos.
Para tanto, devido à diversidade das nanopartículas, como por
exemplo o dióxido de titânio, o qual pode causar danos ao organismo, já
que possui alta estabilidade e pode então permanecer longos períodos de
tempo acumulado em regiões do sistema nervoso, fígado ou coração, é
necessário utilizar os equipamentos de proteção adequados (máscaras,
luvas) não só ao manipular tais substâncias, como também em sua
produção, a qual requer total cuidado e controle da situação.
Vale destacar que as EPIs a serem utilizadas devem possuir um filtro
específico dessas substâncias como no exemplo referido, o dióxido de
titânio, logo precisam ser compostas por um nanomaterial, para ser

224
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

possível a barragem e proteção do usuário contra a ação e penetração no


organismo.
b) Desatenção para os Métodos de Descarte com Avaliação de
Toxicidade
Em consequência da produção dos nanomateriais, a desatenção
para os métodos de descarte e avaliação de toxicidade pode implicar
seriamente na saúde dos trabalhadores responsáveis pelo manuseio das
nanopartículas, bem como a saúde dos usuários de produtos com
nanopartículas, caso o destino dos resíduos não seja corretamente
administrado, ou mesmo que não haja classificação de periculosidade e
toxicidade de acordo com a NBR 14725 e o GHS (Sistema Globalmente
Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos).
Nota-se que a maioria dos nanomateriais tem características ainda
não estudadas, portanto desconhecidas quando descartadas de forma
irregular no meio ambiente, porém no caso dos nanomateriais que possuem
uma longa cadeia carbônica em sua estrutura, como os nanotubos de
carbono, fulerenos, ou o grafeno compreende-se que estes compostos de
forma semelhante ao petróleo podem prejudicar a fauna e flora aquáticas,
por serem compostos totalmente apolares. Sob condições específicas
esses nanomateriais compostos por carbono também podem introduzir
efeitos nocivos ao corpo humano, devido ao seu tamanho nanométrico.
Ao analisar os obstáculos para o desenvolvimento de métodos de
descarte, bem como a avaliação de toxicidade, devido à desatenção para o
procedimento destes, implica-se à questão problema estabelecida: O que é
indispensável ao Engenheiro Químico realizar na produção de
nanomateriais, a fim de obter métodos eficientes de descarte, sem
problemas de contaminação entre trabalhadores, e danos ao meio
ambiente?
c) Atenção para os Métodos de Descarte com Avaliação de
Toxicidade
Como resposta do problema, mediante à exposição de riscos
relacionados aos nanomateriais, é necessária a observância de toda e
qualquer etapa envolvida na produção dos nanomateriais. Com a ação do
Engenheiro Químico, desenvolve-se a atenção para métodos de descarte e
avaliação de toxicidade, tendo foco a sustentabilidade, ao observar os
processos de obtenção, separação e descarte de nanocompostos.
225
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Sabe-se que os nanomateriais precisam de um controle de qualidade


rígido e responsabilidade perante a segurança no manuseio, tais fatores
são necessários, pois como já mencionado existe o perigo da toxicidade e
ecotoxicidade, dessa forma deve haver controle no pH no local de descarte
de nano-resíduos, e evitar contaminação de corpos aquáticos.
Portanto, vale estudar as normativas correspondentes à saúde,
segurança e meio ambiente relacionadas a resíduos químicos, bem como
armazenamento e tratamento de produtos químicos. Também é conveniente
a classificação de perigo dos nanomateriais em seus rótulos, para se ter
uma informação prévia no uso destes, além do uso de EPIs capazes de
barrar a ação desses nas células humanas, e em consequência no material
genético.
d) Metodologia
Com o objetivo de concretizar o que foi dito, tem-se a confirmação
dos dados propostos, servindo como uma ferramenta de investigação da
veracidade das informações apresentadas. A metodologia ajuda a definir a
solução por meio da observação de especialistas, como no caso na
produção dos nanomateriais.
Para isso são observados dados bibliográficos e documentais, os
quais podem colaborar nas respostas para os prováveis questionamentos e
às perguntas do leitor, ou promover novas perguntas para o tema.
A importância da metodologia vem na obtenção de informações para
a realização do artigo, logo são necessárias fontes de pesquisa variadas
para que um pensamento seja estipulado.
Para a pesquisa documental utiliza-se fontes primárias de
informação, podendo ampliar ou adicionar os complementos à pesquisa
bibliográfica, a qual já teve análise de informações.
No tópico dos resultados são obtidos os dados de toda a pesquisa,
por meio do desenvolvimento do banco de dados. Por conseguinte, será
recuperado o objeto de estudo, Engenharia Química na produção de
nanomateriais, continuando com uma abordagem reflexiva e crítica sobre a
temática. No segundo tópico, relacionado à problemática, descrita pela
desatenção para os métodos de descarte com avaliação de toxicidade,
também se aproveitará ao máximo sobre, atribuição de pensamentos e
críticas, como também formulação de hipóteses e normativas. E então o
226
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

terceiro tópico, como a solução do problema: atenção para métodos de


descarte com avaliação de toxicidade. Ao finalizar será discutida a
metodologia da pesquisa. Passa-se a apresentar a seguir.

i) Engenharia Química na Produção de Nanomateriais


Em primeira análise, observa-se compreender a importância da
Engenharia Química nos mais variados processos, e então localizar a
importância do Engenheiro Químico na produção de nanomateriais.
A Engenharia Química compreende uma gama de serviços
relacionados à criação de novos métodos, baseados no avanço da
tecnologia, novas formas de processamento, reciclagem e reaproveitamento
de materiais, tendo em vista que obedeçam ao cronograma de
sustentabilidade da ONU até 2030, pois tendo total domínio sobre tais
formas de lidar com a produção, menor será a ação humana no meio
ambiente, portanto menor a ecotoxicidade, prevalecendo o desenvolvimento
da fauna e flora.
Em segunda análise, relaciona-se à produção de nanomateriais, que
por sua vez por apresentar altos riscos de contaminação por
nanopartículas, deve-se utilizar de novas formas de produção,
desenvolvimento sustentável e se possível a reciclagem de nanomateriais,
que permanece sendo estudado. Dessa forma como vem sendo observado
com a crescente expansão na produção e aplicação dos nanomateriais, é
de grande importância que sejam estudados ao máximo, já que como foi
dito, alguns nanomateriais ainda possuem efeitos desconhecidos e alguns,
com alto risco de contaminação, levando a perceber que quanto mais
métodos renováveis existirem, menor a ação dos nanomateriais com
receptores ambientais, ou menor a toxicidade destes (dependerá do modo
como se estudará).
ii) Desatenção para os Métodos de Descarte com Avaliação de
Toxicidade
Entretanto, caso o profissional de Engenharia Química não obedeça
de forma correta as normativas relacionadas ao armazenamento, segurança
ou produção dos nanomateriais, tem como resultado a poluição e
intoxicação não só do meio ambiente, como também das pessoas que
entram em contato com os nanomateriais de forma indevida.
227
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

A desatenção para os métodos de descarte e avaliação de


toxicidade, pode resultar em vários efeitos, incluindo aqueles não
estudados por pesquisadores, e problemas relacionados à biossegurança,
já que podem ser inalados, podendo causar problemas irreversíveis ao
entrar na corrente sanguínea e em contato com o cérebro.
Por serem partículas de tamanho nanométrico, podem adentrar em
células e alterar de forma significativa o material genético com facilidade, e
assim dificultar em algum tratamento, logo a prevenção se mostra o melhor
método.
Isto leva a investigar o problema proposto que é: O que é
indispensável ao Engenheiro Químico realizar na produção de
nanomateriais, a fim de obter métodos eficientes de descarte, sem
problemas de contaminação entre trabalhadores, e danos ao meio
ambiente?
Relacionado à produção de nanomateriais mostra-se necessário a
observação de normas de conhecimento, bem como as leis
correspondentes para cada etapa da produção: obtenção de matéria prima,
reações e procedimentos para se chegar ao produto final, descarte de
resíduos e tratamento do pH no local de descarte, observando também a
toxicidade dos compostos no procedimento e na parte final do nanomaterial,
utilização de equipamentos de proteção, além do comportamento na fase
de utilização do produto. Caso não seja obedecida tal sequência lógica,
problemas como contaminação dos trabalhadores, poluição de corpos
aquáticos, acidentes químicos relacionados ao manuseio e armazenamento
de produtos não estarão longe da realidade.
iii) Atenção para os Métodos de Descarte com Avaliação de
Toxicidade
No que se refere aos nanomateriais, estes não possuem normativas
ou leis específicas destinadas ao método de descarte ou avaliação de
toxicidade, já que ainda é uma esfera que continua em estudo. Entretanto
nota-se que por serem materiais de tamanho nanométrico devem possuir
condições especiais para cada parte da produção, e, portanto, métodos
diferenciados de descarte que revolucionem a sustentabilidade, além de
diferentes formas de avaliar a toxicidade, pois algumas nanopartículas
possuem efeitos desconhecidos e variados, podendo as nanopartículas
serem divididas em categorias diversas.
228
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

Vale destacar a importância do princípio da precaução, ou seja,


quando alguma atividade se situa em ameaça, seja humana ou ambiental,
deve-se tomar medidas preventivas, mesmo quando não são estabelecidas
totalmente de forma científica. Tal princípio será realizado com
responsabilidade daqueles que trabalham com a nanotecnologia, em
especial neste caso, os Engenheiros Químicos, uma vez que será avaliada
em meio à produção de nanomateriais.
Ademais, observa-se que conforme a manipulação e produção dos
nanomateriais alavanca em cenário internacional, é reivindicado incentivos
e inovação para a pesquisa, pois como foi dito é necessário o estudo das
propriedades físico-químicas dos nanomateriais para descobrir como
funcionam, como agem no organismo, além de desenvolver equipamentos
de proteção individual destinados à manipulação de nanomateriais.
Para a certificação dos nanomateriais percebe-se a necessidade de
seguir os protocolos relacionados aos resíduos sólidos no (geral devido à
inexistência de regulamentos próprios dos nanomateriais) PNRS (Política
Nacional de Resíduos Sólidos), normas da ABNT relacionados à saúde,
segurança e meio ambiente, com foco nos produtos químicos perigosos,
além do regulamento europeu da REACH (Registro, Avaliação, Autorização
e Restrição de Produtos Químicos), não menos importante a análise e
classificação da toxicidade e periculosidade dos nanomateriais com a
utilização do GHS (Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e
Rotulagem de Produtos Químicos).
iv) Metodologia
Ao realizar a pesquisa bibliográfica e a investigação do tema,
buscou-se um banco de dados que tivesse certa abrangência no tema
escolhido. Na pesquisa documental buscou-se representar de forma
simples, contendo informações diretas que também fossem de encontro ao
tema mantendo a coesão e coerência das escolhas.
A metodologia escolhida foi essencial para o entendimento do tema:
Engenharia Química na produção de nanomateriais, bem como a solução e
problema de pesquisa contendo informações sobre métodos de descarte
com avaliação de toxicidade.
Foi pesquisado o que era necessário para a certificação dos
nanomateriais, de mesmo modo os artifícios para sua produção,
normativas, políticas de resíduos e regulamentação internacional, pois o
229
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Brasil não possui uma regulamentação, porém está no caminho de garantir


uma, por meio de agências reguladoras específicas, como pôde-se ler nas
citações presentes nos resultados da metodologia.
Portanto observa-se a metodologia como fonte de informações para
a realização do trabalho, pois sem ela não haveria troca de ideias com
outros autores, os quais foram citados, e tiveram sua dissertação e
argumentação utilizadas para a compreensão do tema proposto, facilitando
a percepção e absorção de conhecimento.
Entende-se a Engenharia Química na produção de nanomateriais,
mostrando sua necessidade para a boa execução dos nanomateriais, bem
como a obtenção da matéria prima, formas de processamento, reações
químicas necessárias, até a obtenção do produto final, o nanomaterial em
si. Para isso deve-se ter atenção às normativas, políticas de biossegurança,
desenvolvimento de métodos de descarte juntos à avaliação de toxicidade.
A Engenharia Química tem papel fundamental na produção de
nanomateriais, já que participa na certificação dos produtos químicos,
controle de qualidade, no planejamento de sustentabilidade e fiscalização
da utilização dos devidos equipamentos de segurança. Também cabe ao
Engenheiro Químico a análise da periculosidade dos nanomateriais e
estudo dos efeitos toxicológicos, além do princípio da precaução já
mencionado.
Para conduzir o problema da pesquisa foi proposta a seguinte
questão: O que é indispensável ao Engenheiro Químico realizar na
produção de nanomateriais, a fim de obter métodos eficientes de descarte,
sem problemas de contaminação entre trabalhadores, e danos ao meio
ambiente?
Para a resolução do problema anterior, sabe-se que os
nanomateriais possuem efeitos toxicológicos diversos, sendo alguns
desconhecidos, incluindo a alta capacidade de penetração no organismo.
Portanto para evitar problemas de contaminação por nanopartículas e
interação destas com o material genético das células, é necessário seguir
os protocolos correspondentes, e estudar a biodegradabilidade e
desenvolvimento da sustentabilidade dos compostos, junto à avaliação de
toxicidade, facilitando novos métodos de descarte.
Sendo a proposta de objetivo, reforçar as medidas de biossegurança
com foco na produção de nanomateriais, descartar os resíduos químicos de
230
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

modo adequado, com controle de pH e analisar o grau de toxicidade de


acordo com as diretrizes de rotulagem dos produtos químicos, segundo a
norma da ABNT NBR 14725 (Informações sobre segurança, saúde e meio
ambiente), para que o descarte possa ser efetuado sem danos ao meio
ambiente.
Julga-se necessário para o profissional de Engenharia Química o
conhecimento de normas e leis, e com foco utilizar de vários métodos de
descarte além da análise da toxicidade dos nanomateriais, bem como o
desenvolvimento e pesquisa por novos e mais sustentáveis métodos de
descarte. Por conseguinte, deve-se realizar a gestão de resíduos sólidos,
por não apresentar uma regulamentação própria para nanoresíduos.
Em primeira análise, é necessário indicar a origem dos
nanomateriais, então estuda-se sobre a periculosidade, junto à origem da
matéria-prima do produto, suas propriedades físico-químicas e suas ações
no meio ambiente. Tais ações são possíveis já que pode-se utilizar da Lei
nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS) e a ABNT NBR 14725, responsáveis
respectivamente por informações sobre caracterização e classificação de
resíduos sólidos, e informações sobre segurança, saúde e meio ambiente.
Com a ação do profissional de Engenharia Química tais processos
podem se inovar e ter um desempenho melhor ao passar do tempo. Vale
lembrar que para assegurar a funcionalidade das normativas, é necessário
o monitorar e buscar sempre a otimização do sistema.
O trabalho do profissional de Engenharia Química na produção de
nanomateriais se resume em analisar os métodos de descarte, porém para
isso é importante conhecer a origem da substância para que se tenha
conhecimento das propriedades do nanomaterial além de estudar e avaliar
a toxicidade. Como dito anteriormente tais processos auxiliam na segurança
laboratorial e na biossegurança, relacionada ao contato desses com
superfícies epiteliais externas, entretanto algumas propriedades são
desconhecidas, portanto algumas sofrerão da ação e responsabilidade do
Engenheiro Químico para o efeito da precaução, ou mesmo da
regulamentação europeia utilizada na pesquisa: REACH (Registro,
Avaliação, Autorização e Restrição de Produtos Químicos).
Supõe-se que com o desenvolvimento expressivo da nanotecnologia,
e de processos de microscopia e manipulação de estruturas nanométricas
231
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

será possível a catalogação quase que por completa da maioria das


nanopartículas conhecidas até então, facilitando procedimentos e inovação
na área de descarte e avaliação de toxicidade.
Com isto, tem-se a atuação do profissional de Engenharia Química
na produção de nanomateriais, objetivando a parte da atenção para
métodos de descarte com avaliação de toxicidade, priorizando o
entendimento sobre o estudo dos nanomateriais e a necessidade da
continuação com as pesquisas para beneficiar a sustentabilidade e diminuir
a ecotoxicidade no que se refere ao descarte de produtos derivados da
nanotecnologia: nanofármacos, nanopartículas, nanossensores e
nanoresíduos, os quais são nocivos quando manipulados de modo
incorreto.
Assim, a discussão que foi conduzida pela ideia da responsabilidade
do profissional de Engenharia Química na produção de nanomateriais, que
para seu exercício é necessário seguir as devidas normativas e
regulamentações nacionais ou internacionais, mantendo a devida
segurança na manipulação pelos trabalhadores, ou quaisquer pessoas que
entrem em contato nocivo com nanomateriais, como também atentar-se
para o controle ambiental ao descartar o resíduos provenientes da
produção de nanopartículas, evitando de forma considerável a toxicidade e
ecotoxicidade.
Da discussão passa a apresentar as conclusões.

8 Conclusões
As empresas, por meio dos profissionais de Engenharia Química,
devem seguir as normas propostas relacionadas à segurança, saúde e meio
ambiente, para que se desenvolva um cenário industrial sustentável perante
à produção de nanomateriais, junto com a diminuição da ecotoxicidade,
favorecendo na propagação da fauna e flora.
Vale observar o papel dos profissionais de Engenharia Química nas
etapas da produção dos nanomateriais, com isso deve-se analisar o
comportamento das empresas, pesquisadores e demais profissionais, ao se
tratar do descarte de nanocompostos, nanopartículas, ou nanofibras de
maneira correta, de modo que sejam obedecidas as regras de segurança,
além de orientações propostas pelas normativas e leis impostas. Não
232
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

obstante deve haver a avaliação de toxicidade e desenvolvimento de


métodos de descarte para assegurar em específico, as propostas
observadas na NBR 14725 (segurança, saúde e meio ambiente),
objetivando o consumo e produção responsáveis presentes no cronograma
até 2030.
Porém a desatenção para tais métodos, os quais julgam necessários,
pode não só ocasionar a poluição de corpos aquáticos, como danificar o
meio ambiente, já que alguns seres vivos podem utilizar desta água para
sobrevivência, e caso haja indícios de nanomateriais em lençóis freáticos,
lagos ou rios, a saúde desses seres vivos será afetada. A desatenção para
a parte da avaliação de toxicidade é uma forma de prevenir que esses
acidentes possam ocorrer, pois serão tomadas de forma prévia a
identificação, rotulagem, análise e testes envolvendo os nanomateriais,
para a contribuição no desenvolvimento de métodos de descarte
adequados.
Portanto, julga-se necessário ser abordado na produção de
nanomateriais, pelos Engenheiros Químicos, a atenção para métodos de
descarte eficientes, garantindo um destino correto para os nanoresíduos
respeitando normativas de segurança, saúde e meio ambiente (ABNT NBR
14725) baseando-se na a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 que institui
a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), observando a inexistência
de regulamentos próprios para os nanoresíduos, forçando a adequá-los
para regulamentos já existentes como a REACH (Registro, Avaliação,
Autorização e Restrição de Produtos Químicos), além disso a avaliação de
toxicidade dos nanomateriais, para que não ocorra o contágio pela
manipulação indevida e contaminação do meio ambiente.
Observa-se que os dados bibliográficos da metodologia ajudaram na
compreensão de conceitos referentes à produção de nanomateriais com
avaliação de toxicidade, e a pesquisa documental permitiu o conhecimento
de normativas que auxiliem na manipulação de substâncias denominadas
perigosas, devido aos nanomateriais não possuírem um regulamento
específico, sendo importante analisar as propriedades físico-químicas e
outras restrições em cada caso.
Os resultados obtidos com a busca bibliográfica e documental
revelam, portanto, a necessidade de agir conforme o regulamento da
REACH (Registro, Avaliação, Autorização e Restrição de Produtos
Químicos) e a Lei nº 12.305, de agosto de 2010 que institui a PNRS
233
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

(Política Nacional de Resíduos Sólidos), tomando lugar da própria


regulamentação dos nanomateriais, que é inexistente. Reforça-se o controle
de pH do meio, rotulagem com o prefixo “nano” anterior ao nome da
substância como forma de identificação, e uso correto dos EPIs ao entrar
em contato com tais compostos, qualquer que seja a etapa na linha de
produção que garanta risco.
Para tanto é discutido que há a responsabilidade do profissional de
Engenharia Química na produção de nanomateriais, que para seu exercício,
é importante a observação de normativas nacionais, ou internacionais no
caso da REACH, mantendo a devida segurança das pessoas que entrarem
em contato direto com os nanomateriais. Além disso atenta-se para o
controle ambiental relacionado aos métodos de descarte alternativos de
nanoresíduos provenientes da produção de nanopartículas, evitando a
toxicidade e ecotoxicidade por meio da avaliação.
Neste sentido destaca-se como objetivo da proposta, reforçar as
medidas de biossegurança com foco na produção de nanomateriais,
descarte de nanoresíduos de modo adequado, além do controle de pH do
meio, e análise da toxicidade do nanomaterial ao observar as normas de
conhecimento, NBR 14725, para garantir a segurança e saúde, como
também a preservação do meio ambiente.
O que leva para a seguinte pergunta: O que é indispensável ao
Engenheiro Químico realizar na produção de nanomateriais, a fim de obter
métodos eficientes de descarte, sem problemas de contaminação entre
trabalhadores, e danos ao meio ambiente?
Reafirma-se que é indispensável ao Engenheiro Químico estudar a
toxicidade dos nanomateriais, com a utilização das normas já mencionadas,
reforçar as medidas de biossegurança e analisar o pH e a toxicidade dos
resíduos antes de serem descartados.
Para evitar problemas de contaminação entre trabalhadores é
necessário realizar todas as etapas da produção dos nanomateriais com
uso dos EPIs adequados, observar as normas de conhecimento e agir
conforme o princípio da precaução.
Ademais para não haver problemas significativos ao meio ambiente
confirma-se que deve haver um estudo prévio no local de descarte, junto à
toxicidade e reatividade do nanomaterial em questão, analisando as

234
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

propriedades físico-químicas cuidadosamente de cada caso, pois alguns


efeitos dos nanomateriais ainda são desconhecidos.
Respondidos os questionamentos da pesquisa pode-se perceber que
a observação das normativas é primordial para entender o problema como
um todo, bem como a utilização de equipamentos e estudo para novos
métodos de descarte e análise da toxicidade. Todavia deve-se levar em
consideração que podem ocorrer processos de atualização e alteração da
legislação ou das normativas.

9 Referências
AGÊNCIA SENADO; Marco Legal da Nanotecnologia é aprovado na CCJ.
Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/02/19/marco-legal-da-
nanotecnologia-avanca. Acesso em: 9 jun. 2021.
CASSALI, Nina Koja. A Responsabilidade Empresarial Prevista no Art. 931
do Código Civil de 2002 Aplicada à Progressiva Inclusão de Nanotecnologia
no Setor de Ar Condicionado Automotivo: Uma Proposta para Aplicação do
Princípio da Precaução e Gestão do Risco Inerente ao uso e Descarte de
Materiais Nanoestruturados . Universidade do Vale do Rio dos Sinos –
UNISINOS. Disponível em:
http://www.repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/6901. Acesso em: 3
jun. 2021.
CENTRO UNIVERSITÁRIO FEI. Engenharia Química Uma área de fácil
adaptação aos avanços da ciência e dos grandes desafios da sociedade
moderna. Disponível em:
https://fei.edu.br/engenhariadofuturo/quimica.html#:~:text=Esses
%20profissionais%20s%C3%A3o%20fundamentais%20no,envolvidos%20na
%20gera%C3%A7%C3%A3o%20de%20energia. Acesso em: 3 jun. 2021.
DELGADO, Isabella Fernandes; e PAUMGARTTEN, Francisco J.R .
Desafios atuais da pesquisa em toxicologia: Avaliação da toxicidade de
nanomateriais manufaturados para o desenvolvimento. Instituto Nacional de
Controle de Qualidade em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz
(INCQS/Fiocruz), Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Disponível em:
https://visaemdebate.incqs.fiocruz.br/index.php/visaemdebate/article/
download/114/109/. Acesso em: 5 maio 2021.
235
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

LAZZARETTI, Luísa Lauermann; e HUPFFER, Haide Maria.


NANOTECNOLOGIA E SUA REGULAMENTAÇÃO NO BRASIL. Sistema de
Avaliação: Double Blind Review RGD | v. 16 | n. 3 | p. 153-177 | set./dez.
2019. Disponível em:
https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistagestaoedesenvolvimento/
article/download/1792/2432/6028. Acesso em: 9 jun. 2021.
LOURO, Henriqueta; BORGES, Teresa; e SILVA, Maria João .
Nanomateriais manufaturados: novos desafios para a saúde pública.
Revista Portuguesa de Saúde Pública, Volume 31, Issue 2, 2013, Pages
188-200, ISSN 0870-9025. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0870902512000399.
Acesso em: 6 maio 2021.
MARTINS, Heloisa Helena T. de Souza. Metodologia qualitativa de
pesquisa . Universidade de São Paulo. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S1517-97022004000200007. Acesso em: 9 jun.
2021.
MARTIOLLI, Andreza Copatto Serra; e PINHEIRO, Fabriciano.
Nanotecnologia: uma breve discussão sobre os impactos da nanotecnologia
à saúde humana e ao meio ambiente. Centro de Pós Graduação Oswaldo
Cruz. Disponível em:
https://oswaldocruz.br/revista_academica/content/pdf/Edicao_08_Andrezza_
Martioli.pdf. Acesso em: 6 maio 2021.
MAZIERO, Joana da Silva. Avaliação da toxicidade de nanopartículas de
prata em microcrustáceos aquáticos e em embriões de Danio rerio.
Dissertação (Mestrado em Tecnologia Nuclear – Materiais) – Instituto de
Pesquisas Energéticas e Nucleares, Universidade de São Paulo, São Paulo,
2019. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/85/85134/tde-30092019-
152923/en.php. Acesso em: 9 jun. 2021.
NOLASCO, Loreci Gottschalk; e Nivaldo dos SANTOS. Integração
Normativa para Avanços Científicos com Nanotecnologia. Revista da
Faculdade de Direito da UFG, [S. l.] , v. 43, 2020. DOI:
10.5216/rfd.v43.45284. Disponível em:
https://www.revistas.ufg.br/revfd/article/view/45284. Acesso em: 9 jun.
2021.

236
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

OLIVEIRA, Carina; BILITÁRIO, Luciana; e PEDREIRA, Érika. Por que é


importante estudar Metodologia Científica? Disponível em:
https://www.sanarsaude.com/portal/carreiras/artigos-noticias/metodologia-
cientifica-fisioterapia-importante-estudar. Acesso em: 27 maio 2021.
PASCHOALINO, Matheus P.; MARCONE, Glauciene P. S.; e JARDIM,
Wilson F. Os nanomateriais e a questão ambiental. Instituto de Química,
Universidade Estadual de Campinas. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/qn/a/J4kFgpGnQKH7yJ4w65JPhRq/?lang=pt. Acesso
em: 3 jun. 2021.
PEREIRA, Maurício Gomes. A seção de discussão de um artigo científico.
Universidade de Brasília, Brasília-DF, Brasil. Disponível em:
http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?pid=S1679-
49742013000300020&script=sci_arttext. Acesso em: 22 jun. 2021.
PEREIRA, Mauricio Gomes. A seção de resultados de um artigo científico.
Universidade de Brasília. Brasília- DF. Brasil. Disponível em:
http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
49742013000200017. Acesso em: 2 jun. 2021.
PIZZANI, Luciana; SILVA, Rosemary Cristina da; BELLO, Suzelei Faria; e
Maria Cristina Piumbato Innocentini HAYASHI. A arte da pesquisa
bibliográfica na busca do conhecimento. Revista Digital e Ciência da
Informação. Universidade Federal de São Carlos. 2012. Disponível em:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/download/
1896/pdf_28/2549. Acesso em: 27 maio 2021.
SCHMIDT, José Renato Alves. Avaliação de Risco Envolvendo a
Manipulação de Nanomateriais em um Laboratório de Pesquisa . Programa
de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Federal de
Santa Catarina. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/176917. Acesso em: 9
jun. 2021.
SILVA, Daniele Weber da; e ENGELMANN, Wilsen. A Era Nanotecnológica
e Risco: O enfrentamento da regulação através do diálogo entre as fontes
do direito. Revista de Estudos Jurídicos UNA. Disponível em:
http://revistasgraduacao.una.emnuvens.com.br/rej/article/download/46/45.
Acesso em: 17 maio 2021.

237
 ### Wilson José Gonçalves (org.) ### 

Apresentação disponível em: https://www.youtube.com/watch?


v=p_XEWt4dk7w

238
 Engenharia Química – compromisso com a sustentabilidade 

239

Você também pode gostar