Em que pese a tipificação do crime de feminicídio no Código Penal Brasileiro,
que instituiu o aumento de pena de reclusão de 12 a 30 anos para quem incorre nesse delito, o índice de mulheres assassinadas cresce de forma exponencial. Portanto, é necessário tratar desse tema, seja no sentido de reprimir os crimes, seja no sentido de preveni-los a partir de políticas governamentais.
As causas do feminicídio remetem, principalmente, à cultura machista e de
submissão da mulher que se perpetua no país. No Brasil, as mulheres eram consideradas propriedade dos pais e maridos até a década de 70, e só tiveram seus direitos reconhecidos após intensas reivindicações e apelo social. Desde então, conquistas pontuais têm sido alcançadas, contudo, ainda vigora o menosprezo e a subjugação da mulher, reiterados, muitas vezes, por discursos de ódio, seja de lideranças políticas ou figuras públicas, que acabam incentivando a prática dos mais diversos crimes, desde agressões verbais, físicas e psicológicas até o feminicídio, principalmente no ambiente doméstico.
O feminicídio, por vezes, é precedido de violências mais sutis, como o assédio e
as ofensas morais. Essas práticas reiteradas têm como consequência a banalização da violência contra a mulher, e têm contribuído, inclusive, para o aumento dos índices de depressão entre elas. Logo, é notório que mesmo com a tipificação do crime de feminicídio, que visa coibir a violência contra a mulher em seu grau mais extremo, é imprescindível que políticas de prevenção também sejam instituídas.
Portanto, faz-se necessária a elaboração e aplicação de políticas públicas que
visem a conscientização da sociedade brasileira sobre o respeito às mulheres incondicionalmente, sob o preceito da dignidade da pessoa humana. Tais políticas devem, primordialmente, promover discussões e publicidade mediadas por profissionais da área de Psicologia e Ciência Sociais, tanto no âmbito dos estados quanto dos municípios, como medida de reparação social e combate ao feminicídio.