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FACULDADE SETE DE SETEMBRO

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL


PUBLICIDADE E PROPAGANDA

JAMYLLE CAVALCANTE DE OLIVEIRA


RAFAELA BATISTA DA SILVA

PROJETO RAÍZES:
UM ESTUDO SOBRE O EMPODERAMENTO DA MULHER NEGRA PELA
ESTÉTICA NA MÍDIA

FORTALEZA
2016
JAMYLLE CAVALCANTE DE OLIVEIRA
RAFAELA BATISTA DA SILVA

PROJETO RAÍZES:
Um estudo sobre o empoderamento da mulher negra pela estética na mídia

Trabalho de conclusão de curso, no formato


Documentário, apresentado à Faculdade Sete de
Setembro como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel em Comunicação Social -
Publicidade e Propaganda.

Orientação: Prof. Me. Jari Vieira Silva.

FORTALEZA
2016
AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todas as entrevistadas empoderadas.


À Professora Ana Paula Rabelo, por nos guiar em todo o processo de pesquisa.
Ao nosso orientador Jari Vieira.
Aos conselhos do Professor Fernando Cavalcante.
Aos nossos pais e amigos, que nos apoiaram na criação do documentário.
O nosso muito obrigado a todos!
RESUMO

Este trabalho mostra, por meio do documentário, a relação da mulher negra com o seu cabelo
e as possíveis influências que as propagandas de cosméticos tiveram na construção da
identidade. Partindo de uma análise histórica, o documentário analisa as principais mudanças
que ocorreram durante o século XXI. Mulheres negras, pertencentes ou não a grupos
feministas, foram convidadas a compartilharem as suas lutas e dificuldades na aceitação do
cabelo crespo ou transição do liso para o cabelo natural e as implicações que a publicidade de
cosméticos, com foco no cabelo, teve sobre a construção da sua identidade.

Palavras-chaves​: Mulheres Negras. Cabelo crespo. Publicidade. Feminismo. Documentário.


ABSTRACT

This work shows, through the documentary, the relation of the black woman with her hair and
the possible influences that the advertisements of cosmetics had in the construction of the
identity. Starting from a historical analysis, the documentary analyzes the major changes that
occurred during the 21st century. Black women, feminist groups or not, were invited to share
their struggles and difficulties in accepting curly hair or transition from plain to natural hair,
and the implications that advertising of cosmetics, with a focus on hair, had on the
construction of the hair. Your identity.

Keywords:​ Black Women. Curly Hair. Advertising. Feminism. Documentary.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Câmera Nikon Coolpix P510 ……………………………………………….…. 50


Figura 2 - Câmera do aparelho de celular Moto X 2ª Geração ………………………….. 50
Figura 3 - Tripé Profissional Stc-360 ……………………………………………………. 50
Figura 4 - Gravador de Áudio do aparelho de celular Moto G3 ……………………….... 51
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..………………………………………………….……….....…............. 09
2. OBJETIVOS ……………………..……………………………….…….....……........….. 10
2.1. Objetivo Geral ……………………………………..…………........……................. 10
2.2. Objetivos específicos …………………………………….............…….....…....…... 10
3. JUSTIFICATIVA …....………………………………………...…………….........…….. 11
4. MULHERES NEGRAS: UMA VISÃO SOBRE A HISTÓRIA, RAÇA E
CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE ………………...………………………............….... 12
4.1. Raça: Uma construção social, o mito da democracia racial e a discriminação
..……………………………............................……………………………..........………….. 14
4.2. Ser negra: A construção da identidade negra como forma de fortalecimento racial
……………........................................……………....................................….........…………. 17
5. DE PAPEL SECUNDÁRIO A PROTAGONISTA: AS TRANSFORMAÇÕES DA
REPRESENTATIVIDADE DA MULHER NEGRA NA PUBLICIDADE ..................... 20
5.1. O lugar reservado a mulher negra na publicidade: de produto a consumidora
..……………………………….............................................................….…......…………... 23
6. METODOLOGIA ……………………………………………..………….....….....….... 24
7. PORQUE DOCUMENTÁRIO? …………………………………....…….....….....…... 25
7.1. Documentário em causas sociais ………………………………...................…….. 27
7.2. Planejamento ………………………………………………………....…................ 28
7.3. Pré-produção ……………………………………..……………….......……............ 29
7.4. Cronograma ………………………………..……………………….…....…............ 30
7.4.1 DIÁRIO DE PRODUÇÃO​………………………..………………..................... 30

7.4.2​ STORYBOARD …………………………….......................……...............……... 34


7.4.3 CRONOGRAMA DE RODUÇÃO DO DOCUMENTÁRIO​.............................. 48
8. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS ………………………………………..............…... 50
9. FICHA TÉCNICA ………………………………………………………….,…............. 51
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ……………………………………………,.…......….... 52
REFERÊNCIAS ……………………………………………………………..…....,............ 53
1. INTRODUÇÃO

O cabelo, os adornos, de acordo com Schumaher e Brazil (2013), fazem parte de uma
estética afro-brasileira, que representa a afirmação de identidade da mulher negra. Um modo
de expressão que vem desde a África e que permaneceu nos primeiros séculos do Brasil. Esse
jeito de ser teve um importante papel de resistência aos padrões estéticos europeus
disseminados como o ideal, mesmo havendo transformações. Essa determinação tem
repercussão nos dias atuais, através da aceitação do cabelo crespo e de seu uso como ato
político.

O documentário visa analisar o reconhecimento do cabelo de matriz afro como


símbolo de luta, o empoderamento da mulher negra, a sua representatividade na publicidade
de cosméticos e os preconceitos enfrentados pela opção em manter os cabelos naturais. Tendo
o objetivo de mostrar como a mulher negra se vê representada e as lutas diárias por aceitação
social, o documentário “Projeto Raízes” é um questionamento sobre a pouca visibilidade da
mulher negra na mídia.

Seria difícil analisar a questão da visibilidade sem investigar as raízes históricas de


uma sociedade construída com base nos valores patriarcais, machistas, governado pelo sujeito
“homem, branco, hétero”. Por isso, é importante compreender os fatores que formaram a
identidade da mulher negra, a sua formação e como elas ainda enfrentam discriminação e
preconceito. Para explicar essas questões, elegemos quatro subtemas: gênero, raça, identidade
e mídia, além da visão documental sobre o assunto.
Os capítulos foram divididos de forma a mostrar que as mulheres negras vêm lutando
a um longo tempo pela sua visibilidade e preservação da sua estética afro. No primeiro
capítulo, temos, sob o olhar histórico, a visão de que o cabelo e os adornos utilizados são
formas das mulheres escravizadas lembrarem a suas origens. Neste mesmo capítulo,
trabalhamos os três subtemas. Já no capítulo dois, ​é analisado como a mídia retrata a mulher
negra e as mudanças que ocorreram na publicidade no século XXI. Por último, o terceiro
capítulo mostra a importância do documentário como forma de dar voz a essas mulheres.
Entender o gênero feminino, especificamente mulheres negras, é um modo de tentar
compreender as suas relações sociais ao longo do tempo, as suas lutas e conquistas, com
enfoque na importância do movimento feminista. O aprofundamento do tema permitirá
responder a uma questão que pode ser facilmente percebida no cotidiano: a de que mulheres
negras, tentando alcançar a sensação de pertencimento, passam a reproduzir procedimentos
estéticos para obter o embranquecimento.
Diante desse fato, é importante buscar compreender se existe relação entre beleza e
cor da pele. Para Lody (2004), a estética da mulher negra, principalmente o seu cabelo,
representam um resgate da sua história e de seus antepassados, sendo também um
posicionamento político.
No século XXI, existem movimentos que vão à contramão do que é pregado há anos.
O curta “KBELA”, o projeto “Afrotranscedence” e “Empoderadas” são bons exemplos que
mostram que a mulher negra está, sim, buscando ser ouvida e representada. O formato
documentário foi escolhido para representar de forma real essas questões e aproximar o
público da obra.
A presente pesquisa foi dividida em seis etapas. A primeira foi a seleção de autores
que nos ajudarão na pesquisa bibliográfica. Entre eles, Schumaher e Brazil (2013), que tratam
da mulher negra no Brasil desde o período colonial; blogs como Blogueiras Negras e
Blogueiras Feministas, que falam sobre o papel do feminismo na luta das mulheres negras;
Carneiro (2003), que falará sobre a perspectiva do gênero; Barbujani, que trata da questão da
raça; e Hall (2014) sobre identidade.
2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Produzir um documentário que incentive a reflexão sobre a percepção da beleza negra,


suas lutas e conquistas, focando no olhar da mulher negra em relação ao seu cabelo.

2.2. Objetivos específicos

Investigar a importância do cabelo da mulher negra, suas lutas, conquistas e mudanças


que ocorreram, com ênfase no século XXI;
Documentar a relação entre cultura afro e preconceito, e a padronização da beleza
imposta pela publicidade;
Refletir sobre as consequências sociais da ausência da mulher negra na mídia
brasileira e as mudanças que ocorreram durante o século XXI.
3. JUSTIFICATIVA

Para Silva (2014), a constatação da ideia de que “cabelo ruim” está associado apenas
aos negros, só mostra que essas atitudes racistas estão profundamente naturalizadas na nossa
sociedade e que os movimentos nas redes sociais são necessários para unir vozes e propiciar a
troca de experiências.
Compreender a história é um passo para o entendimento sobre a estética afro e como a
beleza é uma forma de expressar o seu lugar no mundo. A estética negra é, historicamente,
desvalorizada devido à escravidão, que não só ignorou os direitos e roubou a vida de milhares
de mulheres e homens, como também perpetuou o ideal de que o negro era o feio e que as
suas manifestações de negritude deveriam ser reprimidas.
Segundo Schumaher e Brazil (2013), muitas africanas recebiam nomes cristãos ao
chegarem ao Brasil. Para os escravocratas e a igreja católica que os apoiava, essa era uma
forma de dizer as essas mulheres, que a condição de escrava era uma obra divina. O que eles
não contavam era que muitas delas usariam os novos nomes apenas nas relações com os
colonizadores, mantendo seus reais nomes e, às vezes, agregando como sobrenome, como por
exemplo, Catarina Moçambique ou Maria Emini.
Essa resistência foi primordial para que elas não perdessem a sua identidade que
sofreu mudanças, mas não perdeu a essência, mostrando que, desde o início, houve luta para
manter os seus costumes, sendo o cabelo uma das representações estéticas de aceitação da sua
identidade.
Segundo Nilma Lino Gomes (2003), "(...) no início do século XV, o cabelo funcionava
como um condutor de mensagens na maioria das sociedades africanas ocidentais." E que
"nessas culturas, o cabelo era parte integrante de um complexo sistema de linguagem." De
acordo com a autora, os cabelos eram usados pelas civilizações africanas para indicar a
origem, o estado civil ou se havia algo de errado com a mulher.
A força que o cabelo tem, como bem afirma Gomes (2003), continua através de nós,
descendentes de africanos, seja através dos costumes cotidianos, seja através das trançadeiras,
dos cabeleireiros étnicos ou pela família.
Assim, no século XXI, podemos verificar que houve um fortalecimento dos
movimentos de mulheres negras, em busca de autoafirmação através do seu cabelo. Sites e
blogs, como “Blogueiras Negras”, “Geledés”, “Blogueiras Feministas”; programas de
televisão como “Empoderadas” e movimentos como “Encrespa Geral”, tem um papel
importante na construção da identidade dessas mulheres. Importância essa que podemos
perceber na mudança que algumas marcas de cosméticos estão fazendo para conversar com
um público antes ignorado.
Campanhas publicitárias como a #VaiQVai da Seda, que conta com importantes
blogueiras negras, como Ana Lídia Lopes, Camila Santana entre outras, ressalta a visibilidade
que as mulheres negras buscam diariamente.
O cabelo afro permite a mulher negra um fortalecimento da sua autoestima, importante
para a sua emancipação.

Assim como a História, a Memória, o Corpo, o cabelo da mulher negra também é


uma forma de resistência. Não é de hoje que a sociedade machista, patriarcal, branca
nos impôs um padrão de beleza capilar que se diz ideal e que se convencionou ser
chamado de cabelo bom e, portanto, bonito, fazendo com que tudo o que fuja disso
seja feio ou exótico. As relações de poder que se estabeleciam sobre o corpo
(escravidão física), agora agem de forma mais velada, porém não menos agressiva
(escravidão simbólica). (MACHADO, 2016).

Diante dos aspectos apresentados, eis os questionamentos:

● Se existem tantos movimentos feministas e lutas por busca de reconhecimento da


identidade afro, porque ainda existe negação por parte de mulheres negras dos seus
tipos de beleza?
● Qual o papel da publicidade nesta questão?
4. MULHERES NEGRAS: UMA VISÃO SOBRE A HISTÓRIA, RAÇA E
CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE

É necessário localizar o tema historicamente, para entendermos as consequências do


racismo, do mito da democracia racial, como se deu o processo de significação do cabelo da
mulher negra e a construção da sua identidade, diante de uma sociedade que discrimina por
causa das características físicas. Um olhar histórico-social também permitirá analisar as
mudanças que ocorreram nos anos de lutas do movimento feminista negro e o combate às
práticas racistas e discriminatórias.
Com o objetivo de obter mão de obra barata, mulheres e homens foram sequestrados
do continente africano, para ocupar um lugar central da cadeia produtiva do país. Como
aponta Pinsky (2000), por mais de três séculos, o escravo foi considerado apenas uma
mercadoria, desprovido de humanidade, com apenas uma função: fazer o que lhe era
ordenado.
Mesmo com a assinatura da Lei Áurea, em 1888, as mulheres e homens continuaram à
margem da sociedade brasileira, devido à falta de políticas públicas e projetos que
permitissem a integração dos negros naquela sociedade, sendo abandonados à própria sorte
(CARVALHO, 2001).
O Brasil ter sido o último país a abolir a escravatura, como mostra Pinto e Ferreira
1
(2014), trouxe consequências para a formação de identidade de mulheres e homens negros .
Teorias racistas, importadas da Europa, pregavam a superioridade de um grupo sobre outro e
eram embasadas por intelectuais e cientistas. Essas teorias permitiram o surgimento do que
viria a ser chamado de “mito da democracia racial”, termo que será abordado no próximo
tópico deste capítulo.
O mito da democracia racial e o processo de imigração, que tinha objetivo
embranquecer o país, reforçaram um padrão europeu de beleza, que era considerado ideal, e
ajudou a disseminar a ideia de que a força de trabalho branca europeia era mais valiosa que a
força de trabalho negra e de que havia oportunidades iguais para todos, o que destoa da
realidade.

1
O termo ​negro, utilizado desde os anos 1930, como aponta Pinto e Ferreira (2014), é utilizado como forma de
orgulho racial. Outro termo também utilizado pelo movimento negro, como mostram os autores, é
afrodescendente, para designar descendentes.
O fato de o país não apresentar uma política segregacionista entre brancos e negros,
tais como ocorreu em outros países, como Estados Unidos e África do Sul, levou à
crença de que no Brasil todas as raças convivem de forma amistosa e respeitosa. Se
existe discriminação racial no nosso país, as pessoas tendem a acreditar que é algo
pontual e no âmbito do privado, não na esfera pública. Aliás, falar de raça no Brasil
não faz sentido para a maioria das pessoas, pois não faz parte da boa linguagem e
nem é considerado educado. No entanto, o racismo no Brasil é um fenômeno
complexo, difícil de ser compreendido e enfrentado (PINTO; FERREIRA, 2014, p.
4).
2
Com a criação de leis, como a de n. 7.716 de 1989 ​, que tornam o racismo crime, a
discriminação passou por uma transformação: tornou-se velada, superficial e polida (LIMA;
VALA, 2004). Ignora-se o tema, para não ter que enfrentá-lo.
Nogueira (1985), ao estudar o preconceito tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos,
percebeu que a cor é a principal identidade racial de uma pessoa. Para o autor, a
discriminação pode ser dividida em preconceito de marca e o preconceito de origem. O
preconceito de marca, que ocorre com frequência no Brasil, está associado à cor da pele e as
características físicas como o cabelo crespo, o nariz largo e os lábios grossos, o sotaque, os
gestos. Já o segundo, de origem, é mais comum nos Estados Unidos e leva em conta que basta
o sujeito descender de algum grupo racial para sofrer preconceito.
O exemplo utilizado pelo autor para definir a diferença entre o preconceito de marca e
de origem mostra que, enquanto no Brasil, o negro enfrenta oposição para ingressar em um
clube recreativo devido às suas características físicas (e até consegue entrar, desde que suas
atitudes possam ser semelhantes ou idênticas de quem frequenta o clube), nos Estados
Unidos, o negro tem o seu acesso negado, independente da sua instrução, classe social,
sofrendo segregação nas escolas, hospitais etc.
A identidade da mulher negra vai além das suas atribuições físicas, daquilo que o
senso comum aponta como características africanas. Como veremos no tópico que trata da
construção da identidade da mulher negra, a luta do feminismo negro teve um papel
importante nessa formação identitária.

4.1. Raça: Uma construção social, o mito da democracia racial e a discriminação

2
A Lei nº 7.716, de 05 de janeiro de 1989, define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. No
artigo 20, é mencionada a pena de reclusão de três anos e multa para quem praticar, induzir ou incitar a
discriminação ou preconceito de raça, cor, religião, ou nacionalidade.
Falar sobre raça significa pesquisar interpretações do assunto. Algumas delas
comprovadamente equivocadas, mas que causaram transformações com eco nos dias atuais.
Concordamos com Guido Barbujani (2016), que afirma que o conceito de raça é uma
construção social e não biológica e científica.
Em uma entrevista para o site Antropologia ele afirma:

[…] se nosso DNA mostrasse evidências para diferenças raciais, os cientistas


deveriam dizer isto. Aqueles que, como eu, pensam que preconceito e discriminação
são uma coisa ruim não mudariam de ideia por isso. Porém, nosso DNA mostra
evidências para o contrário. O problema é que estas evidências estão em conflito
com estereótipos que vêm há muito tempo influenciando o modo como muitos de
nós vê o mundo. Segundo Jonathan Marks, hoje, convencer as pessoas que as raças
humanas não são uma realidade biológica é tão difícil quanto convencer as pessoas,
no século 17, que a Terra gira em torno do sol e não vice-versa. (BARBUJANI,
2016.).

Ao analisarmos raça do ponto científico, podemos dizer que existe apenas uma, a
humana (SCHUMAHER, BRAZIL, 2013, p. 83). Agora, quando estamos nos referindo a
reconhecer a existência do racismo, o termo ganha uma conotação política, segundo
Petronilha Beatriz Silva. De acordo com a autora, o uso do termo neste contexto é frequente
nas relações sociais e serve para determinar características físicas para distinguir um sujeito
de outro.
Era desta distinção que os europeus que viajavam e estudavam no país tinham do povo
exótico. Para eles, a cor de pele escura determinava a inferioridade perante os brancos. De
acordo com Shumaher e Brazil (2013), todos esses registros serviram de base para perpetuar a
ideia de que a escravidão africana era necessária e justa, e para comprovar o racismo
científico que ganhou fôlego no século XIX.
Foi no cenário de teorias conhecidas como eugênicas, que pregavam a superioridade
de uma raça sobre a outra, que os pesquisadores brasileiros definiram que raça é um conceito
científico e biológico. Fato este comprovadamente equivocado, como indica Barbujani
(2016).
O autor também aponta que etnia e raça possuem o mesmo significado, sendo ambos
os conceitos baseados em ideias de que a representação da diversidade genética pode ser
expressa como um conjunto de unidades distintas. No entanto, outros autores preferem utilizar
o termo etnia para se referir a mulheres e negros. Isso porque eles compreendem que o termo
raça reforça o determinismo biológico.
Os que compartilham a visão compreendem etnia por:

Um grupo possuidor de algum grau de coerência e solidariedade, composto por


pessoas conscientes, pelo menos em forma latente, de terem origens e interesses
comuns. Um grupo étnico não é um mero agrupamento de pessoas ou de um setor da
população, mas uma agregação consciente de pessoas unidas ou proximamente
relacionadas por experiências compartilhadas (CASHMORE, 2000, p. 196).

No presente trabalho, optamos por utilizar o termo raça, pela sua dimensão mais
aproximada da discriminação contra as mulheres e homens negros, como bem aponta Gomes
(2005).
Médicos, como Raimundo Nina Rodrigues; advogados, como Francisco Oliveira
Viana e Sílvio Romero eram figuras admiradas na época que ressaltaram a existência de
diferenças biológicas entre negros e brancos.
Entre os intelectuais que acreditavam nessas interpretações de raça, estava Gilberto
Freyre, com o seu livro ​Casa-grande & senzala. O antropólogo afirma que a sociedade
brasileira se constituiu, nas palavras dele, “harmoniosamente, quanto às relações de raça:
dentro de um ambiente de quase reciprocidade cultural que resultou no máximo de
aproveitamento dos valores e experiências dos povos atrasados pelo adiantado.” (FREYRE,
1986, p. 47).
Estava firmado o alicerce do chamado “mito da democracia racial”, que pregava uma
nova configuração do povo brasileiro (MUNANGA, 2004) e exaltava a ideia de que não
existia conflito nas relações entre negros e brancos, de que a harmonia racial deveria ser
mantida. O mito permitiu às elites dominantes mascarar o seu preconceito e impedir a
conscientização dos elementos que constituíam a cultura negra. A consequência desta visão
pode ser observada no cotidiano: a fuga do debate sobre o lugar e o papel da mulher e do
homem negro na sociedade, a rejeição à representatividade, o racismo disfarçado que utiliza o
humor para negar o caráter racista.
De acordo com Araújo (1996), a ideia de raça foi criada após a abolição, com o
objetivo de criar uma diferenciação entre negros e brancos através do fator biológico. Beleza,
cultura, histórias africanas eram consideradas inferiores diante dos brancos. Este argumento,
tão amplamente utilizado, serviu para uma ideologia de embranquecimento da população
brasileira que ganhou força com a miscigenação.
Para Santos (2011), apesar dos esforços, os movimentos negros do século 20 não
conseguiram frear a disseminação do mito da democracia racial. Para se ter ideia, ser
identificado como negro era um sinônimo de classe baixa.
O mito da democracia racial mascara o racismo e ignora todas as atrocidades
cometidas pelos senhores brancos. O documentário ​Raízes é uma forma de mostrar a visão da
mulher negra sobre si e investigar, em suas falas, a construção da sua identidade através do
seu cabelo e a força por trás da atitude de assumir o crespo.
Concordamos com Gomes (2005, p. 57), que afirma que o mito da democracia racial:

[…] pode ser compreendido, então, como uma corrente ideológica que pretende
negar a desigualdade racial entre brancos e negros no Brasil como fruto do racismo,
afirmando que existe, entre estes dois grupos raciais, uma situação de igualdade de
oportunidade e de tratamento. Esse mito pretende de um lado negar a discriminação
racial contra os negros no Brasil e, de outro lado, perpetuar estereótipos,
preconceitos e discriminações construídos sobre este grupo racial.

É importante ressaltar, como bem aponta Gomes (2005), que o Movimento Negro e
alguns pesquisadores utilizam o termo raça não para embasar a ideia de que existem raças
superiores e raças inferiores, mas para mostrar uma nova dimensão sobre o termo e combater
a discriminação que se dá além do aspecto cultural, atinge também as características físicas e
estéticas.

4.2. Ser negra: a construção da identidade negra como forma de fortalecimento racial

O conceito de identidade é complexo e servirá para compreendermos como se dá a


construção da identidade da mulher negra em um ambiente, no qual ela é discriminada por
causa da sua cor, das suas características físicas. Para evitar a banalização do termo,
recorremos a alguns teóricos renomados, entre eles, Hall, Ciampa e Munanga. De acordo com
Stuart Hall (2014), a noção de identidade passou por três concepções distintas: a do sujeito do
Iluminismo, que tinha uma visão individualista; a do sujeito sociológico, no qual o indivíduo
formava a sua identidade a partir da interação do “eu” com os “outros”; e, por fim, a
concepção do sujeito pós-modernidade, que tem a sua identidade fragmentada e mutável.
O que difere as três concepções é o que as caracteriza. O sujeito do Iluminismo, por
exemplo, era dotado de razão e consciência e permanecia o mesmo, desde o nascimento até a
morte, não sofrendo influências. O indivíduo sociológico refletia a sua era, sendo a sua
formação construída na relação com o outro. O sujeito pós-moderno, forma a sua identidade a
partir de várias, tornando o processo de identificação mutável.
Essas concepções são para mostrar que o conceito de identidade mudou decorrente do
processo de globalização. Agora o sujeito deixa de ter uma identidade bem definida e passa a
ter uma identidade fragmentada, que se forma nas interações com outros sujeitos, como
defendia a sociologia.
Para Hall (2014), o sujeito pós-moderno pode assumir diferentes identidades, de
acordo com o momento. Por exemplo, uma mulher pode assumir a sua identidade de negra ou
de mulher, de acordo com a situação. Para o autor, a “crise de identidade” está no fato de que
a identidade do sujeito pós-moderno agora pode ser construída e desconstruída de acordo com
o momento.
A visão de Ciampa (1987) dialoga com a noção de identidade de Hall, ao afirmar que
identidade é um processo em constante transformação, um resultado das vivências e do
contexto histórico.
Como aponta Pinto e Ferreira (2014), o mito da democracia racial, com a sua ideia
deturpada de harmonia social, serviu para afastar as características da cultura africana e
mostrar a mulheres e homens negros quais os seus lugares na sociedade. Os autores mostram
que essas implicações tiveram um forte impacto na identidade negra, já que o negro não se via
como tal, mas sim como mulata, mestiço, moreno. Houve uma construção para que a
população negra fosse desqualificada, criando-se estigmas associados às características físicas
e sociais.
Romper os estereótipos e as opressões que estão internalizadas na identidade da
mulher negra mostra-se uma tarefa árdua, até mesmo para quem já assumiu a sua negritude.
De acordo com Ferreira:

Há uma fase na vida das pessoas afrodescendentes, onde é muito comum


absorverem e se submeterem a crenças e valores da cultura branca dominante,
inclusive a noção sintetizada nas ideias do “branco ser certo” e o “negro ser errado”.
Essa internalização de estereótipos negativos dos afrodescendentes é feita de
maneira inconsciente. (1999, p.59)

A construção de uma identidade positiva (GOMES, 2005) é um desafio para


mulheres e homens negros que, por tanto tempo, conviveram com fato de ter que negar a sua
identidade para não sofrer preconceito. Movimentos sociais, que ressurgiram nos anos 80,
pós-ditadura militar, serviram para expor as desigualdades, reivindicar direitos.

Depois de anos de arbítrio e repressão e no horizonte histórico de uma sociedade


autoritária, excludente e hierárquica, as lutas sociais que marcaram esses anos
criaram um espaço público informal, descontínuo e plural, por onde circularam
reivindicações diversas. [...]. Nesses espaços de representação, de negociação e
interlocução pública, operários, moradores pobres, famílias sem-teto, mulheres,
negros e minorias discriminadas – são esses os personagens que fizeram seu
aparecimento na cena pública brasileira nos últimos tempos – se fazem ver e
reconhecer como sujeitos que se pronunciam sobre o justo e o injusto, ao formular
reivindicações e demandas e, nesses termos, reelaboram suas condições de
existência, com tudo o que estas carregam em termos de valores e tradições,
necessidades e aspirações, como questões que dizem respeito ao julgamento ético e
deliberação política (PAOLI; TELLES, 2000, p. 105-106)

Esses movimentos trouxeram à tona questionamentos como a questão


identitária, apesar de que, como mostra Moreira (2007), o tema funcionava como uma questão
secundária. É nesse cenário de questionamentos que o Movimento de Mulheres Negras ganha
força.
Segundo Guimarães (1999), a Frente Negra Brasileira caracteriza-se como a primeira
organização coletiva de negros, fixada nos anos 30, que tinha como objetivo integrar os
negros através da educação. Já o Movimento Negro Unificado, que atuava nos anos 70, trazia
outra visão para as reivindicações, já que conseguiu articulação com outros movimentos que
ganhariam força. Contradições, no que se refere a questões raciais, motivaram militantes
negras a se organizarem para debater opressões, questões de gênero e identidade da mulher
negra.
As estratégias atuais de uma parcela do movimento negro têm girado em torno de
ações que visem a diminuir o quadro da desigualdade racial. Desde o início da
década de 90, essas ações têm tomado dimensões diversas que se manifestam por
tais exemplos: a denúncia que organizações sindicais e negras fizeram a
Organização Internacional do Trabalho, pelo descumprimento do Brasil em
reconhecer e promover medidas de promoção de igualdade no emprego e ocupação;
no tocante a relação raça e gênero, em 1993, como preparativo para Conferência
Mundial de População e Desenvolvimento que acontecerá no Cairo, a Géledes
organizou um Seminário para discutir Direitos Reprodutivos das Mulheres Negras
que resultou em um documento guia para os movimentos negro e feminista acerca
da questão acima; a Marcha Contra Racismo, pela Cidadania e Vida, 1995, teve
como objetivo cobrar da instância governamental o compromisso firmado no qual
estabelecia a formulação de políticas para a promoção da igualdade racial
(MOREIRA, 2007, p. 48).

Mesmo com toda a exposição negativa a qual mulheres e homens negros foram e
continuam submetidos, a luta da militância e do movimento feminista mostram que a luta
continua e que a utilização das redes sociais, site, blogs serve para divulgar as conquistas, os
desafios e os questionamentos das mulheres negras sobre o seu papel na sociedade brasileira.
Por fim, cabe a Publicidade, compreender a mensagem que essa diversidade de vozes
femininas tem a dizer e romper de vez com o discurso machista e criador de padrões
impossíveis.

5. DE PAPEL SECUNDÁRIO A PROTAGONISTA: AS TRANSFORMAÇÕES DA


REPRESENTATIVIDADE DA MULHER NEGRA NA PUBLICIDADE

Para compreendermos como a representação da mulher negra na publicidade foi


construída, é necessário relembrar o período histórico, compreendido após a Lei Áurea. Nesta
época, havia uma necessidade em criar uma identidade nacional, que apresentasse a sociedade
brasileira como civilizada, ou seja, de acordo com a elite nacional, era necessário
embranquecer o país. Teorias radicalistas, como aponta Sodré (1999, p. 85), foram criadas
como instrumentos de construção para uma identidade nacional e serviram para divulgar a
imagem do negro como animalesco, sujo, incivilizado.
A estereotipação da raça negra passou por adaptações e tem reflexos na publicidade.
Para Ramos (2002, p. 9), discutir as dinâmicas da mídia, frente às questões de raça e
etnicidade, é, em grande medida, discutir as matrizes do racismo no Brasil. Os meios de
comunicação são, por assim dizer, um modelo de representação das nossas relações sociais.
Se a realidade social é retratada na mídia, na publicidade, por que durante tanto tempo
a mulher negra foi invisível para a publicidade, isso quando não era representada em papéis
subalternos? Para começar a responder a esta questão, recorremos a Couceiro (1996, p. 59)
que afirma que a mídia absorve e reproduz o racismo que a sociedade brasileira dissemina. De
acordo com a autora, o negro é retratado como subserviente. Isso, quando não está
representado como a mulata sensual ou o criminoso.
É necessário levantar algumas questões essenciais para a construção da imagem do
negro na mídia, como o fato de sermos o país que mais importou escravos africanos durante o
regime escravista. Também fomos o último país a abolir a escravidão negra. Fomos a segunda
maior população negra mundial. Assuntos raciais, mesmo debatidos na academia, só tomaram
visibilidade no Brasil, após a ditadura militar, destacando-se no início dos anos 2000, algo
recente.
Por muitos anos, o lugar do negro na mídia era estereotipado, termo usado por Mussa
(1989), onde o lugar do negro era dito através da visão do branco.
Como primeiro estereótipo, temos a visão no negro como escravo. Como grande base
da mídia televisiva é guiada através da literatura, todo personagem dito como negro era até
então escravo, ou a “mãe preta” que serve a família branca. Machado de Assis, em 1906, nos
dá um bom exemplo disso no conto ​Pai contra Mãe, no seguinte trecho: “A Tia Mônica era
preta velha que havia criado a sobrinha do padre e a amava como se fora sua mãe. Era liberta.
O padre lhe dera a liberdade, logo que morrera a mãe de Lulu, e Mônica ficou servindo de
companheira e protetora da menina.” (MACHADO DE ASSIS, 1906, p.106).
Facilmente, encontramos outros estereótipos, como o “preto velho” que sempre é
mostrado como passivo e, na maioria das vezes, conformado com a sua condição. Ou o
“escravo nobre”, que no final vence após muita dificuldade, que, na maioria das vezes, é
associado como o “negro vítima”, o “negro revoltado” ou o “escravo demônio”.

– Mas, senhora, apesar de tudo isso que sou, eu sou mais do que uma simples
escrava? Essa educação, que me deram, e essa beleza, que tanto me gabam, de que
me servem?... São trastes de luxo colocados na senzala do africano. A senzala nem
por isso deixa de ser o que é: uma senzala.
- Queixas-te de tua sorte, Isaura?
- Eu, não, senhora, apesar de todos estes dotes e vantagens, que me atribuem, sei
reconhecer o meu lugar. (GUIMARÃES, 1998, p.60)

3
Uma análise feita por Dalcastagné ​, em 2005, mostrou que 20% das personagens
negras são tidas como criminosas, já entre personagens negros adolescentes a porcentagem
passa para 58,3%. Para personagens negras e dependentes químicas, temos 33,3%. Para a
categoria “profissional do sexo” (DALCASTAGNÉ, 2005 p.54) o erotismo é totalmente
marcante e se destaca quando a personagem é negra. Ele destaca que é uma profissão que não
se configura para personagens brancas, correspondendo a 8,2% das negras, atribuindo assim
para a construção da mulher o termo “mulata sensual” ou “mulata boa”, fortalecendo o desejo
do homem branco. Não podemos esquecer o negro satirizado como bobo para ser

3
A presente pesquisa pode ser acessada em:
<http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/noticia/2013/02/pesquisa-revela-perfil-dos-escritores-e-personagens-
da-literatura-brasileira-contemporanea-4054469.html> Acesso em: 08 nov. 2016.
“engraçado”, geralmente em novelas, menosprezando o negro, enfatizando a falta de
sabedoria ou loucura.
Um ponto interessante que não pode ser esquecido é o fator de “branqueamento” que
está, cada vez mais, presente nos dias de hoje, principalmente na publicidade. O lugar do
negro vem mudando, a mudança é pouca, porém, significante. Mas, por diversas vezes, a
mídia ainda não representa o negro como ele é, seja por traços, ou pela cor da pele e,
principalmente, pelo cabelo. Em comerciais, nos deparamos com mulheres negras
extremamente maquiadas para clarear o seu tom de pele, mostrando o quanto da sua negritude
que a mídia aceita.
Joel Zito Araújo (2000), através de uma síntese, analisou a representação do negro
nas telenovelas brasileiras durante quatro anos, cerca de 70% das telenovelas produzidas no
Brasil. Para nossa surpresa, em mais de um terço das telenovelas produzidas no Brasil, não
apareceu nenhum ator negro (ARAÚJO, 2000, p.64).
Papéis para negros são tidos como inexistentes ou sem nenhuma importância até a
metade dos anos 1990. Isso começa a mudar quando atores negros começaram a reivindicar
seu direito por cotas, aparecendo não só como escravos, mas podendo representar também o
restante da população.
A imagem do negro produzida/reproduzida pelos Trapalhões se configura como
antiestética, animalizadas e “coisificada” e, portanto, impossível de se constituir em objeto
para qualquer aspiração. (SANT’ANA, 1994 p.90). Por diversas vezes, Mussum foi
associado a macaco, chamado de “cara preta”, “morcegão”, “taco preto”, “pé de rodo”,
“pretinho”, entre diversos tipos de palavras, menosprezando a cor negra.
Araújo (2000) aponta algumas diferenças importantes com o passar dos anos, como a
primeira família negra de classe média entra na novela, em 1995, e nas propagandas, em
1997. Esse cenário muda quando ​a Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e
Minorias aprovou, em 2002, a lei 4370/98, que institui cotas para representação da etnia negra
nos filmes, anúncios publicitários, peças e programas veiculados pelas emissoras de televisão
ou apresentados em cinemas. Obrigando a presença mínima de 25% de afrodescendentes entre
os atores e figurantes dos programas de televisão e teatro, e de 40% nas peças publicitárias
apresentadas na televisão e nos cinemas.
5.1. O lugar reservado a mulher negra na publicidade: de produto a consumidora

Em uma breve pesquisa pelos primeiros anúncios publicitários, é possível notar que
eles se referiam à venda de escravos e de serviços. Após a proibição do tráfico (Lei Eusébio
de Queiroz, de 1850), o negro continuou a ser anunciado nos jornais, mas, dessa vez, como
fugitivo (WINCH; ESCOBAR, 2012).
Vários são os reclames que tratam a mulher negra como um mero produto a ser
comercializado ou como um bem material do seu proprietário.
De acordo com Winch e Escobar (2012), o negro passou de escravo para consumidor,
mas não aparecia nos anúncios publicitários e, quando representado, era de forma inferior.
Resumindo: o que predominava era o padrão de beleza europeia e o que não estivesse de
acordo era considerado errado, feio, negativo. Para Lopes (2007, p. 176):

E a publicidade, que dá suporte financeiro às produções televisivas, insiste em não


associar à imagem do povo negro os produtos que anuncia mesmo aqueles
sabidamente consumidos pelos afro-brasileiros em geral. Daí, o dilema da jovem
negra que se acha feia por não ser parecida com as modelos dos anúncios, pois não
tem a mesma pele clara, nem mesmo os cabelos louros e sedosos. E muito pior, daí
também, o drama das menininhas que, na fantasia maternal de sua infância, são
obrigadas a embalar em seus colinhos as bonecas louras e rosadas de sempre.

A privação do negro na publicidade fomentou uma percepção que já existia, mas que
com o uso das redes sociais ganhou ainda mais notoriedade: a de que a mulher negra precisa e
devem, sim, se sentir representada.
Sites, como “Gelédes”; blogs, como “Blogueiras Negras”; páginas no ​Facebook, como
“Empoderadas”; e grupos de discussão, como o “Cacheadas em Transição” (que reúne
215.488 meninas em transição capilar) reforçam e incentivam a beleza negra. Todos esses
meios representam uma forma das garotas negras expressarem a sua negritude e entender o
poder que a beleza negra tem.
Atentas a essas reivindicações, marcas como Seda, Elsève e Bio Extratus criaram
linhas específicas para crespas e cacheadas. É importante ressaltar que já existiam produtos
para esses tipos de cabelo, mas se tratavam apenas de um produto específico, que não abrange
os vários tipos de cabelos crespos e cacheados que existem.
Para termos uma noção melhor de como a publicidade de cosméticos está atenta à
mudança que ocorreu nos últimos 10 anos, é necessário fazer um comparativo.
A marca de cosméticos Seda, por exemplo, em 2006, possuía um produto, o Seda
Hidraloe, voltado para cabelos cacheados e para controlar o ​frizz. Neste mesmo ano, a marca
lança o produto Anti-Sponge, que retratava nos anúncios um cabelo indisciplinado de um leão
sendo domado pelo produto.
Elsève, por exemplo, que tem como público-alvo uma classe mais elevada, só tinha
um produto voltado para cabelos cacheados, o Hidra-Max Colágeno, que tem como garota
propaganda a atriz Taís Araújo.
Ambas as marcas e a Bio Extratus, atualmente, tem linhas específicas para cabelos
crespos e cacheados.
A criação de linhas de cosméticos voltados para as mulheres negras mostra que a
publicidade está atenta ao tema representatividade e empoderamento, mas isso não significa
que as mulheres negras sintam-se representadas ainda, já que muito desses produtos ainda
propagam o cacho ideal, sendo que o mesmo não é a regra. Ou seja, a luta continua.

6. METODOLOGIA

Como metodologia, essa pesquisa apresenta a relação histórica das mulheres com os
seus cabelos, através de uma análise qualitativa, visando um estudo sobre os elementos
subjetivos das entrevistadas.
O documentário foi resultado de uma pesquisa descritiva, pois, segundo Lakatos e
Marconi (2009, p. 6) há ​quatro aspectos que permitem o delineamento do que foi abordado.
Entre eles estão: descrição, registro, análise e interpretação de fenômenos atuais.
A coleta de dados foi realizada através de entrevistas de mulheres negras, um tipo de
observação direta intensiva, que, de acordo com os autores, é um importante instrumento de
investigação social. Utilizamos um diário de campo, para registrar os acontecimentos e
experiências durante a gravação do documentário. A forma de entrevista que usamos foi a
semi-estruturada, no qual fizemos algumas perguntas às entrevistadas, com flexibilidade,
permitindo a participante verbalizar o seu pensamento..
A metodologia histórica foi utilizada para servir de fonte para o trabalho teórico e
também para o documentário.
O empoderamento da mulher negra através do seu cabelo foi analisado e contado em
um documentário de 22 minutos, no qual estudamos as consequências do preconceito, a falta
de representatividade nas campanhas publicitárias e como, com a popularização das redes
sociais, este cenário tem mudado.
Utilizamos um recorte de tempo, que abrangeu o século XXI, para delimitar o que será
pesquisado, oferecendo uma visão histórica das mudanças que ocorreram.
A análise das campanhas publicitárias, com foco nos produtos para cabelos, foi de
extrema necessidade para verificar as mudanças e qual o impacto uma representação
idealizada e europeia pode ter sobre a mulher brasileira.
O documentário será desenvolvido em formato expositivo, não-ficcional, permitindo
que o produto tenha um foco nas entrevistadas.

7. PORQUE DOCUMENTÁRIO?

Diante da ideia de falar sobre esse tema, surgiu também a dúvida de qual seria a
melhor forma de passar para as pessoas as nossas hipóteses. Após pesquisas, chegamos à
conclusão que o melhor seria realmente em forma de documentário, com foco nas causas
sociais. O propósito é passar a mensagem de forma marcante, que seja lembrada. Por isso,
procuramos abordar um assunto que realmente nos incomodava e que incomoda a muitos.
Segundo o dicionário Michaelis, “racismo é uma te​oria que afirma a superioridade de certas
raças humanas sobre as demais. Caracteres físicos, morais e intelectuais que distinguem
determinada raça. Ação ou qualidade de indivíduo racista.” Racismo é um problema social,
algo que atinge a todos e, principalmente, os negros.
Então como abordar um tema tão sério e delicado sem ofender a pessoas. Contar a
verdade é um bom começo. Estamos cercados de dados que comprovam a existência do
racismo em relação aos negros, a mulher negra e, principalmente, ao seu cabelo. Para
entendermos melhor precisamos falar com pessoas que vivenciam ou já vivenciaram algum
tipo de preconceito por conta do seu cabelo ou seu penteado. Queremos que essa pessoa nos
explique o que a fez se aceitar e como ela entendeu que ser quem ela é, é melhor do que ser
qualquer outra coisa.
Os documentários de representação social são o que chamamos de não ficção e é
exatamente o que se aplica ao nosso caso. É a representação tangível de um mundo que já
vivenciamos e conhecemos. Para fazer um filme abordando uma representação social, é
preciso avaliar as reivindicações e afirmações. A ideia é proporcionar uma nova visão sobre o
tema. Procuramos entrevistadas que expusessem as suas aflições, os seus dilemas e que
permitissem que as suas histórias pudessem ser compartilhadas de forma que não causasse
constrangimento.
Outro ponto importante que Nichols (2014) destaca é o encorajamento da crença
naquilo que está sendo apresentado, pois ele visa exercer um impacto social no mundo
histórico, buscando persuadir e convencer a quem ​o assiste. Analisar por forma de
documentário é ter uma visão para problema recorrente e soluções possíveis.
O documentário é representação, de forma reconhecível no mundo em que vive, sendo
argumentativo e tem o como objetivo fazer as pessoas se aproximarem da história. O
documentário também busca representar os interesses do outro, de forma democrática
representativa e não participativa.
Os documentários buscam mostrar de uma forma outros aspectos ou representações
auditivas e visuais em parte do mundo histórico. Isso acontece a partir da representação do
ponto de vista dos indivíduos. A ideia de representação é fundamental para um documentário.
Então, que responsabilidade o cineasta tem pelos efeitos de seus atos na vida daquele que são
filmados? Podemos levantar aspectos que são criados em torno disso, como o que vai ser
falado não é uma ficção, é preciso ter cuidado com o que será apresentado. ​A não ficção faz
recair uma parcela de responsabilidade diferente sobre os cineastas que pretendem representar
os outros, em vez de representar personagens inventados por eles mesmos. ​(NICHOLS, 2014,
p. 32)
Cabe ao cineasta informar aos participantes do documentário como será a rotina do
filme e como o seu personagem será apresentado. Tudo isso de forma ética e regulamentada.
Afinal de contas a ética existe para regular a conduta de todo o grupo, os assuntos e as regras
do projeto. Tudo isso acaba levando para o imprevisível. A ética existe aqui para diminuir as
causas prejudiciais que possam atrapalhar o andamento da obra.

7.1. Documentário em causas sociais

Vítimas, personagens principais ou agentes de uma história? Através do documentário


podemos dar voz para quem não tem. Diferente da documentação tradicional, como o
jornalismo televisivo, que deveria ser imparcial e na realidade não é. Com a linguagem
documental, podemos dar forma a assuntos relevantes socialmente, para que possam ser do
conhecimento de todos. Geralmente, abordando temas sociais, os cineastas discutem sobre
problemas ambientais, drogas, nações, pequenos órgãos. Isso traz à tona assunto, até então,
desconhecido para uma parte da população.
É importante ter atenção na forma que o personagem será apresentado, é preciso ter
cuidado ao contar sua história. Nichols (2014) afirma a importância na relação entre cineasta
e personagem. Que exista uma relação de iguais, mostrando sempre suas ideias e os
problemas enfrentados pelos personagens.
Em todo o processo de pré-produção e produção, tivemos o cuidado de construir uma
boa relação com todas as entrevistadas, o que permitiu que as conversas fluíssem e que as
entrevistas respondessem a todos os nossos questionamentos.
Nichols (2014) fala sobre a “romantização” criada através do cineasta e a história a ser
contada. Muitas vezes, pela paixão sobre o assunto, o cineasta acaba dando ênfase a
personagens que se destacam mais do que outros e isso pode acabar dando um novo rumo a
história. Temos que entender que nem só de documentários revolucionários vive o mundo
cinematográfico. Todo o documentário tem a sua própria voz, mas nem todos vão falar de
situações políticas ou sociais. ​Os documentários poéticos podem parecer bem distantes das
questões sociais, essa pode ser uma escolha política num certo nível, mas desloca nossa
atenção original para outras considerações. (​NICHOLS, 2014, p.180).
A construção de identidades tem total valor e importância dentro de um documentário,
é a partir daí que vem a construção do personagem e a empatia com o mesmo. Essa
construção acontece através de um senso de coletividade. Isso ajuda na formação de
sentimentos e interesses. O compartilhamento de valores e crenças são extremamente
importantes para a construção desse coletivo. Deve ressaltar o cuidado com os temas
ideológicos, referidos a nacionalidades ou povos que você não conhece.
É importante se fazer entendedor da mensagem que está passando, do assunto
abordado. Tudo isso vem da pesquisa, um longo processo para se aprimorar conteúdo.
Nichols (2014) fala que, muitas vezes, esse senso de coletivo parece uma característica
“orgânica”. [...] quem escolhemos para imitar ou nos identificar e por quê? Quem
escolhemos como objeto de desejo sexual ou amor e por quê? A quem escolhemos para unir
em comunidade e por quê? (NICHOLS, 2014, p.181).
Os documentários ajudam a dar expressão realista a situações, valores e fatos que
podem construir, comprovar ou apresentar algo. As diferentes formas que as pessoas se
relacionam socialmente mostram a variedade de formas que o assunto pode ser abordado.

7.2 Planejamento

Um bom planejamento é indispensável para alcançar os objetivos que tínhamos


pensado para o documentário. Foi através do planejamento que conseguimos analisar,
preparar e definir quem seriam as nossas entrevistadas e o estilo do documentário.
Como o trabalho vem sendo desenvolvido e aprimorado desde a disciplina Pesquisa
em Comunicação, tivemos tempo suficiente para elaborar as perguntas que seriam feitas às
entrevistadas Daiane Daine, Babi Souza, Aby Rodrigues, Larissa Viegas, Joana Furtado e
Valesca Viana (até o dia 20 de setembro de 2016).
Na pré-produção, definimos a proposta do documentário, pesquisamos referências
visuais, eventos que forneceriam um contato com possíveis entrevistadas e as perguntas que
seriam feitas.
O momento de produção serviu para pesquisar os materiais que seriam utilizados
(câmeras, microfone, tripé, locação) e entrar em contato com as entrevistadas. As entrevistas
foram ​realizadas em locais abertos, como a área externa do Centro de Cultura Dragão do Mar,
no Porto Iracema das Artes ou em outro local que fosse do agrado da entrevistada.
Na pós-produção, fase que marca a montagem e edição, foram aproveitados o máximo
do conteúdo captado, para que os espectadores sejam impactados pela mensagem do
documentário.
O roteiro não foi fechado na etapa da pré-produção, visto que ele sofreria alterações
durante todo o processo de filmagem.

7.3. Pré-produção

Com o objetivo de proporcionar ao espectador uma percepção da beleza negra, suas


lutas e conquistas, pesquisamos possíveis entrevistadas e contamos com a ajuda da Professora
Ana Paula Rabelo para verificar os perfis de cada uma delas. O contato foi realizado através
das redes sociais, ​Facebook, e pelo ​Whatsapp. Foi também através das redes sociais que
pesquisamos eventos sobre mulheres negras, que seriam realizados na cidade durante os
meses de Agosto e Setembro.
Durante esse período de pré-produção, elaboramos perguntas para cada entrevistada.
Abaixo temos algumas delas:
● Como você se percebeu negra? Quando aconteceu? E depois de se perceber negra,
qual foi a sua reação perante a discriminação?
● Você já sofreu alguma discriminação por causa do seu cabelo​?
● No seu vídeo “A escravidão da ideia da Mulher Maravilhosa”, você comenta o fato
das mulheres serem julgadas pela aparência. Em sua opinião, porque isso acontece
mais com as mulheres? Em sua opinião, é um problema social?
● Você acredita que o feminismo tem um papel importante na desconstrução dos
padrões estéticos da beleza da mulher?
● Ultimamente, marcas como Seda, Avon, entre outras estão fazendo campanhas
específicas para mulheres negras. Como você vê essa questão?
● Como você analisa a representação da mulher negra na mídia?
● Você acredita que a representação das mulheres negras nas propagandas seja um
reflexo do racismo que elas enfrentam diariamente? Na sua concepção, como isso se
manifesta?

7.4 Cronograma

Descrição de
Atividades Ago Set Out Nov Dez
(2016.2)
Pré-produção x x
Gravação x x x
Pós-produção e
x x
Edição
Finalização e
x x
Entrega
7.4.1 DIÁRIO DE PRODUÇÃO

Produzir um documentário é dar voz aos indivíduos e mostrar uma realidade que está
diante de todos nós, mas que, muitas vezes, é ignorada. Quando tivemos a ideia de realizar o
“Projeto Raízes”, sabíamos que os desafios seriam vários, entre eles, a falta de orçamento,
pouco equipamento para as gravações, quem seriam as entrevistadas, se conseguiria passar a
mensagem desejada. Todos esses questionamentos fizeram com o que buscássemos soluções
para driblar cada percalço.
Inicialmente, pesquisamos o tema e definimos os nossos objetivos. Depois,
escolhemos os equipamentos que seriam utilizados, elaboramos as perguntas e analisamos as
possíveis entrevistadas. Com o foco em mulheres negras, partimos para o contato com cada
uma delas. Utilizamos redes sociais como o ​Facebook, o ​Whatsapp e o e-mail. O contato
inicial foi para mostrar o que é o projeto e verificar a disponibilidade da entrevistada. Em um
segundo contato, marcamos um local para a realização da entrevista.
O contato foi feito com várias mulheres e a dificuldade em conseguir marcar uma data
e um horário estava no fato da disponibilidade de tempo da entrevistada. Algumas,
infelizmente, não dispunham de tempo livre, outras não queriam se expor a uma filmagem.
Dentro das possibilidades de cada mulher, procuramos locais que fossem acessíveis tanto para
elas, quanto para nós. Dentre os lugares nos quais as filmagens foram realizadas estão o
Centro de Cultura Dragão do Mar, o SESC Iracema, o Porto Iracema de Arte e Cultura e as
dependências da Faculdade Sete de Setembro.
Após várias conversas através do ​Facebook, especificamente no dia 08 de agosto,
conseguimos contato de duas possíveis entrevistas que estariam participando do evento Curta
O Gênero. Verificamos a possibilidade de conversar com elas antes ou após o evento. Tanto
Aby Rodrigues, quanto Babi Souza concordaram em gravar. No mesmo dia, conseguimos
falar com Daiane Daine, que seria a nossa primeira entrevistada, e conseguimos marcar uma
conversa no Centro Cultural Dragão do Mar, no dia 26 de agosto, às 15h30min.
As dificuldades deste primeiro dia estavam no fato de gravarmos sem ter solicitado
autorização a equipe do Dragão do Mar, ao fato de que a luz poderia estar forte demais, se
daria tempo de entrevistar a Aby e a Babi e ao fato de uma integrante da dupla ter ido ao local
errado, sem contar com a câmera que só estava gravando 20 minutos. Felizmente, tudo
ocorreu da forma como havíamos imaginado. A integrante conseguiu achar o local de
gravação, conseguimos entrevistar a Daiane Daine no tempo certo (durou em média 45
minutos), passamos a entrevista para o notebook (o que permitiu gravar mais 20 minutos de
entrevista) e conseguimos chegar a tempo no evento Curta O Gênero, que estava acontecendo
ao lado do Dragão do Mar.
Neste dia, não conseguimos conversar com a Aby Rodrigues, devido a várias pessoas
que estavam a sua procura. Já no final do evento, por volta das 18h, conseguimos conversar
com a Babi Souza e gravar a entrevista, que durou uns 35 minutos. Conversamos com a Aby
no dia seguinte, via ​Facebook, para marcarmos outra data.
Marcada a data (01 de setembro), fomos até o Porto Iracema de Arte e Cultura para
entrevistar a Aby Rodrigues. Chegamos por volta das 09h00min da manhã e conseguimos
entrevistá-la por volta das 11h30min. Neste caso, tivemos que ter paciência, calma e entender
que a gravação de um documentário está sujeita a disponibilidade de tempo do entrevistado.
Com uma duração média de 30 minutos, Aby expôs um pouco da sua história e respondeu as
perguntas que fizemos.
Logo após a entrevista com a Aby, sentimos a necessidade de participar de algum
evento, voltado para o público feminino e com foco no cabelo. Pesquisando alguns eventos no
Facebook, descobrimos que seria realizado um encontro de cacheadas em um salão na
Aldeota. O Clube das CacheadITas, que ocorreu no dia 17 de Setembro, das 14h até às 18h,
permitiu o contato com várias cacheadas e crespas. A percepção que tivemos do evento é a de
que o tema sempre foi relevante, mas que tem ganhado espaço e que os donos de salões de
beleza estão atentos às demandas femininas. No final do evento, conseguimos entrevistar a
Larissa Viegas, do blog Penteadeira Amarela, Joana Furtado, proprietária do salão de beleza
Rituale IT SPACE (local onde ocorreu o evento) e Valesca Viana, cliente do salão e sócia da
agência Eita Design. Mesmo sem um contato antecipado com cada uma delas, todas aceitaram
gravar.
A fala de cada uma delas refletiu o que foi o evento e a importância que o tema
ganhado por causa das redes sociais. Todas as entrevistas deste dia foram proveitosas, mas a
da Joana, proprietária do salão nos forneceu outra visão sobre a relação dos salões de beleza
com o cabelo crespo e cacheado.
Captação de áudio e disponibilidade para passar toda a tarde e comecinho da noite de
sábado foram algumas das dificuldades que enfrentamos na gravação. Como o salão estava
lotado, foi necessário gravar as entrevistas na sala das manicures.
Desde o início do projeto, queríamos entrevistar as mulheres do Instituto Negra do
Ceará, o INEGRA. Após trocas de mensagens pelo ​Facebook e email, várias tentativas de
marcar uma entrevista, conseguimos agendar uma conversa para o dia 30 de setembro, na
Casa Feminista Nazaré Flor.
No dia, chegamos por volta das 09h20min da manhã. Como havia uma dupla de
universitárias de outra faculdade, que também iria entrevistar algumas participantes do
INEGRA, só começamos a gravação por volta das 11h. Conversamos com as integrantes
Cícera Silva e Sara Menezes, para entender a vivência de cada uma com tema e só depois
fizemos as perguntas. Cada uma respondeu de 5 a 6 perguntas. Aproveitamos a conversa para
entender mais sobre a atuação delas no grupo e o funcionamento de grupos feministas no
Ceará.
Após gravar as entrevistas, partimos para gravar cenas que estarão entre as falas das
entrevistadas. Para isso, fizemos uma postagem em um grupo do ​Facebook, o “Alguém
Conhece Alguém Que” e “Comunicação Cearense” convocando 10 meninas para participarem
do documentário. A procura foi grande e conseguimos 20 meninas. Algumas serão
4
entrevistadas e pediremos a outras que recitem o poema Crespo, de Thiago Yuri ​.
A gravação ocorreu no dia 07 de outubro, no estúdio de fotografia da Faculdade Sete
de Setembro. Antes de dar início às gravações, entramos em contato com cada uma das
meninas e explicamos o endereço da faculdade e como elas chegariam até o laboratório. Foi
feita a seguinte divisão: Jamylle e Rosemberg montavam o equipamento no 6º andar,
enquanto Rafaela recebia as meninas e passava informações de como seria a gravação.
Optamos por deixar todas as entrevistadas no laboratório, enquanto a entrevista era realizada
uma por uma.
Após as entrevistas, passamos para a parte do poema. Cada uma ficou com um pedaço
do poema. Tentamos várias vezes, porque acontecia da fala da entrevistada não sair no
volume certo. Neste dia, contamos com a ajuda do Eduardo Maranhão, monitor da cadeira de
fotografia. Ele nos auxiliou na gravação do poema e na iluminação do estúdio. Lidar com

4
O vídeo citado trata do preconceito contra o cabelo crespo. Está disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=A0Y1bRc1GSo>
tantas mulheres ao mesmo tempo e ouvir o que elas tinham a dizer representaram desafios
para nós, pois era necessário cuidado na hora da edição e montagem, para não deturpar a fala
de cada uma.
Por fim, a edição e montagem. O processo começou em meados de outubro e
estendeu-se até o mês de novembro. Nesta etapa do projeto, separamos as falas, de acordo
com a estrutura de montamos para o documentário, no qual consiste uma introdução (pedaços
das gravações no estúdio), notícias sobre racismo e discriminação com o cabelo afro, as
entrevistas, propagandas que permitiram notar a mudança que ocorreu no século XXI e
finalizando, a música que a Luiza Nobel fez questão de interpretar.
A última gravação realizada foi no dia 18 de outubro, em um congresso de beleza que
estava sendo realizado no Centro de Eventos do Ceará. Conseguimos duas cortesias para
participar e o que nos marcou nessa gravação foi o poder que a indústria de cosméticos tem.
Tivemos contato com várias marcas e suas abordagens. Notamos que havia vários ​stands com
foco no cabelo loiro e liso, mas que também havia vários produtos para cabelos crespos e
cacheados. O nosso intuito foi captar imagens que serviriam de transição. Não havia mais
necessidade em realizar entrevistas
O processo de edição e montagem foi o mais demorado, devido às várias
possibilidades que o material fornecia. Foram dias para decidir o que iria para o documentário
e o que, infelizmente, teríamos que cortar. Reunimos-nos sempre aos sábados, domingos,
feriados e alguns dias da semana e, geralmente, levava a tarde toda e uma parte da noite
fazendo a edição e montagem. Jamylle procurava editar o máximo de cenas, para que
pudéssemos, durante as nossas reuniões, decidir se determinada cena deveria permanecer no
produto final.
A versão final do documentário “Projeto Raízes” é fruto da nossa dedicação,
disponibilidade e, é claro, da vontade de todas as entrevistadas de debater o tema e
compartilhar o seu processo de empoderamento.
7.4.2. STORYBOARD

Cena 1 - Parte 1​: Notícias sobre preconceito e


racismo contra pessoas de cabelos cacheados.
Fonte​: Futurafrica
Tamanho 90

Cena 1 - Parte 2:​ Entre as notícias, passam


imagens de meninas com cabelos cacheados.

Plano:​ Imagens em (PPP) Primeiríssimo Plano


e (PD) Plano detalhe.
Gravação​: interna
Na imagem​: Luiza Nobel

Cena 2​: título do documentário.


Cena 3​: imagem retirada da internet,
especificamente, do programa Comédia MTV.

Cena 4:​ Entrevista com Aby Rodrigues,


iniciando o assunto sobre o racismo vivenciado
pelas mulheres negras na mídia.
Plano:​ Primeiro Plano
Luz:​ Ambiente

Cena 5​: Entrevista com Babi Sousa, falando


sobre o racismo vivenciado pelas mulheres
negras na mídia.

Plano:​ Primeiro Plano


Luz​: Ambiente
Cena 6​: Entrevista em áudio com Cicera Silva,
falando sobre o racismo vivenciado pelas
mulheres negras na mídia.

Durante sua fala passam cenas retiradas de


comerciais de produtos para cabelos cacheados.

Cena 7:​ Entrevista com Sara Menezes, falando


sobre o racismo vivenciado pelas mulheres
negras na mídia.
Plano:​ Primeiro Plano

Luz​: Ambiente

Cena 8​: Transição de cena com informação


sobre cabelos cacheados.

Cena 9​: Cena de Transição com comercial


retirado da internet.
Cena 10​: Cenas do evento Cacheaditas no
salão ​Rituale It Space.

Cena 11​: Entrevista com a dona do Salão


Rituale It Space​, Joana Furtado, falando sobre
a procura de clientes com cabelo cacheado.
Plano​: Primeiro Plano
Luz​: Ambiente
Cena 12​: Entrevista com Carolina Mamede,
cabeleireira especializada em cabelos
cacheados, falando sobre a realização em se
especializar em cabelos cacheados.
Plano​: Primeiro Plano

Luz​: Ambiente

Cena 13​: Cena de transição no Evento Feira da


Beleza, mostrando os diversos produtos para
cabelos cacheados.

Música​: ​Olhos Coloridos – Sandra de Sá

Cena 14​: Transição de cena com informações


sobre o crescimento, referente a faturamento
em salões especializados em cachos.
Cena 15​: entrevista com Juliane Oliveira,
falando da sua infância e dos alisamentos que
fez no seu cabelo.
Plano​: Primeiro Plano

Luz​: ambiente

Cena 16:​ entrevista com Fernanda Vidal,


falando da sua infância e dos alisamentos que
fez no seu cabelo.
Plano:​ Primeiro Plano
Luz​: ambiente

Cena 17:​ Entrevista com Sara Martins, falando


da sua infância e dos alisamentos que fez no
seu cabelo.
Plano​: Primeiro Plano
Luz:​ ambiente
Cena 18​: Entrevista com Daiane Daine,
falando da sua infância e dos alisamentos que
fez no seu cabelo.

Plano:​ Primeiro Plano


Luz​: ambiente

Cena 19:​ Notícia veiculada no Programa


Fantástico, da Globo. Imagem retirada do
Youtube.

Cena 20​: Entrevista com Marcele Dias,


falando da sua infância e dos alisamentos que
fez no seu cabelo.

Plano:​ Primeiro Plano


Luz​: ambiente
Cena 21​: Entrevista com Quézia Estevão,
falando da sua infância e dos alisamentos que
fez no seu cabelo.
Plano​: Primeiro Plano

Luz:​ ambiente

Cena 22​: entrevista com Sabrina Silva, falando


da sua infância e dos alisamentos que fez no
seu cabelo.
Plano:​ Primeiro Plano

Luz:​ ambiente

Cena 23​: Entrevista com Renata Sampaio,


falando da sua infância e dos alisamentos que
fez no seu cabelo.

Plano​: Primeiro Plano


Luz​: ambiente
Cena 24​: imagem retirada da internet.

Cena 25​: Daiane Daine, falando do momento


que resolveu deixar de alisar o cabelo.

Plano​: Primeiro Plano


Luz​: ambiente

Cena 26​: Sara, falando sobre as dificuldades


em deixar de alisar o cabelo e se aceitar.

Plano:​ Primeiro Plano

Luz​: ambiente
Cena 27:​ Luiza Nobel, falando sobre as
dificuldades em deixar de alisar o cabelo e se
aceitar.

Plano​: Primeiro Plano


Luz:​ ambiente

Cena 28​: Aby reforça a importância na


aceitação do cabelo da mulher negra.

Plano​: Primeiro Plano


Luz:​ ambiente

Cena 29:​ Daiane reforça a importância na


aceitação do cabelo da mulher negra.

Plano​: Primeiro Plano

Luz​: ambiente
Cena 30​: Sara reforça a importância na
aceitação do cabelo da mulher negra.
Plano:​ Primeiro Plano

Luz:​ ambiente

Cena 31:​ Babi reforça a importância na


aceitação do cabelo da mulher negra.
Plano​: Primeiro Plano

Luz​: ambiente

Cena 32:​ Aby fala sobre racismo.


Plano:​ Primeiro Plano

Luz​: ambiente

Cena 33:​ Cicera fala que a mídia tem


influência no avanço da aceitação do cabelo da
mulher negra, mas que isso acontece pela luta
do movimento de mulheres negras.

Imagens retiradas da internet.

Cena 34:​ Marcele fala da mudança positiva da


aceitação.
Plano:​ Primeiro Plano

Luz:​ ambiente

Cena 35​: Fernanda fala da mudança positiva


da aceitação.
Plano:​ Primeiro Plano

Luz​: ambiente
Cena 36​: Larissa fala da mudança positiva da
aceitação.

Plano​: Primeiro Plano


Luz​: ambiente

Cena 37​: Quézia fala sobre a aceitação dos


cachos pela mídia.

Plano​: Primeiro Plano

Luz​: ambiente

Cena 38:​ Aby faz uma pequena explicação


sobre racismo.
Plano​: Primeiro Plano

Luz:​ ambiente
Cena 39​: Luiza Nobel cantando a música
Princesa Negra.

Plano​: (PPP) Primeiríssimo Plano

Cena 40:​ Créditos

Cena 41​: Clipe com música da Nina Simone


Cena 42:​ Título do documentário

7.4.3. CRONOGRAMA DE PRODUÇÃO DO DOCUMENTÁRIO

26/08 - Gravação de entrevistas

15:30 Gravação da entrevista com Daiane Daine.

26/08 - Gravação de entrevista

18:00 Gravação de entrevista com Babi Souza, durante o evento “Curta O


Gênero”.
01/09 - Gravação de entrevista

11:30 Gravação da entrevista com Aby Rodrigues, no pátio do Porto Iracema


de Arte e Cultura.

17/09 - Gravação externa e de entrevistas

14:30 - 19:00 Gravação de cenas e de entrevistas com Larissa Viegas, Joana Furtado
e Valesca Viana

30/09 - Gravação de entrevistas

09:20 Gravação de entrevistas com Sara Menezes e Cícera Silva, integrantes


do grupo INEGRA.

07/10 - Gravação de cenas e entrevistas

09:30 Gravação de cenas com as participantes recitando o poema ​Crespo, de


Thiago Yuri e de algumas entrevistas.
8. EQUIPAMENTOS UTILIZADOS

Câmeras:
Figura 1 - Câmera Nikon Coolpix P510

Figura 2: Câmera do aparelho de celular Moto X 2ª Geração.

Tripé:
Figura 3: Tripé Profissional Stc-360

Captação de áudio:
Figura 4: Gravador de Áudio do aparelho de celular Moto G3
9. FICHA TÉCNICA

Produção Rafaela Batista e Jamylle Cavalcante


Roteiro Rafaela Batista e Jamylle Cavalcante
Direção Rafaela Batista e Jamylle Cavalcante
Direção de
Jamylle Cavalcante
Fotografia
Assessoria Rafaela Batista
Pesquisa Rafaela Batista e Jamylle Cavalcante
Orientação Jari Viera e Ana Paula Rabelo
Câmera Jamylle Cavalcante e Rosemberg Almeida
Edição Jamylle Cavalcante
Música africana com tambores, Sandra de Sá - Olhos coloridos,
Trilha Sonora
Tambores de Oxum - Princesa Negra e Nina Simone - Ain’t No Go.
Entrevistados Aby Rodrigues, Babi Souza, Daiane Daine
Imagens Jamylle Cavalcante e Rosemberg Almeida
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a produção do documentário, percebemos que o mercado de cosméticos se


apropriou da aceitação das mulheres negras pelo seu cabelo. Isso ficou claro na fala de
algumas entrevistadas. Para outras, a publicidade ao disseminar a aceitação do cabelo crespo e
cacheado representa uma vitória.
Conseguimos atingir todos os nossos objetivos e estudar as diversas visões do tema, o
que nos permitiu aprofundar os conhecimentos sobre mulheres negras, empoderamento e
também rever conceitos sobre o assunto.
REFERÊNCIAS

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São Paulo, 2000.

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65-83.

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Livreiro Editor, 1906.

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<http://www.antropologia.com.br/entr/entr36_br.htm> Acesso em: 19 abr. 2016.

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1990-2004”. ​Estudos de literatura brasileira contemporânea​, n. 26. Brasília, 2005, pp.
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FERREIRA, R. F. ​Uma história de lutas e vitórias​: a construção da identidade de um


afrodescendente brasileiro. Tese de Doutorado, Instituto de Psicologia, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 1999.

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MACHADO, Adeilma. ​O Meu Cabelo não me Nega. Fortaleza. ​Blogueiras negras, 18 jan,
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Acesso em: 29 abr. 2016.

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planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração,
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