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A Privacidade e a Confidencialidade nos Arquivos: um Diálogo entre a
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Gestão Novos Contextos


(2019-2021): Memórias
AABA na 5ª Semana Nacional
de Arquivos
CONVOCATÓRIA –
ASSEMBLEIA GERAL DE POSSE

Comentários
Ao mesmo tempo em que o acesso exagerado à privacidade pode aaba em Contatos
prejudicar o exercício democrático de um Estado, o não acesso Sandra Tanajura Moreira
extremo também pode; porque é a partir do acesso à privacidade que Galeffi em Contatos
nós somos identificades e reconhecides [1] enquanto componentes de Roseli em Algumas hipóteses
determinada sociedade; porém o acesso irrestrito à nossa privacidade sobre o por que de o
nos impede de formular as nossas próprias opiniões e visões, sobre o profissional arquivista não é
que é bom e o que é ruim. Dessa forma, para os cidadãos, controlar o valorizado e visibilizado no
que e quem se tem acesso é fundamental para o exercício da Brasil — e como podemos
cidadania [2] e da democracia no Estado. mudar esta realidade
sandra tanajura moreira galeffi
Heather MacNeil, em seu livro “Sem Consentimento: a ética na em Anuidade 2021
divulgação de informações pessoais em arquivos públicos” [3], afirma aaba em Anuidade 2021
que dentre as definições de privacidade, a mais útil seria a de Gavison
[4], sendo ela “o nível de conhecimento que outros têm sobre nós; o
nível de atenção dos outros a nosso respeito; e o nível de acesso físico Categorias
que os outros têm em relação nós”. Isso nos faz perceber que a Atos
privacidade tem a ver com a vida privada, pessoal, sobre o controle em
Avisos
relação ao que os outros podem ter acesso/conhecimento sobre nós,
Boletins
tudo aquilo que tem a ver conosco, com o nosso grupo social, ou com
a instituição. Já a confidencialidade é o que, no uso do nosso direito à Correspondências
privacidade, escolhemos por restringir seu acesso. Cursos
Eventos
A partir disso, nós podemos inferir que a privacidade tem dois eixos, o
Sem categoria
privado de acesso público (eixo público) e o privado de acesso restrito
(eixo confidencial).
Arquivos
Mas por que as pessoas precisam desse direito à privacidade? Por que
julho 2021
a privacidade é necessária? E por que se tornou um assunto tão
discutido atualmente? MacNeil diz que a privacidade é necessária para junho 2021
que possamos formular nossos próprios pensamentos, testar as nossas maio 2021
ideias, desenvolver nossas críticas e ter a nossa própria visão de abril 2021
mundo.
março 2021

Só a partir da confidencialidade e estipulando limites de acesso ao fevereiro 2021


Estado, à outras pessoas e instituições, que você conseguirá entender e janeiro 2021
agir no mundo, por consciência e conta própria. dezembro 2020
novembro 2020
outubro 2020
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Vejamos o famoso caso da Cambridge Analytica e como o acesso à setembro 2020


privacidade (de eixo público) dos usuários do Facebook, que ainda não agosto 2020
tinham seus pensamentos formados sobre quem deveriam votar,
julho 2020
puderam ser manipulados e favorecer a escolha de um determinado
junho 2020
candidato à presidência dos Estados Unidos da América a partir das
suas curtidas, comentários e páginas que seguiam [5]. maio 2020
abril 2020
Outro exemplo que podemos dar é o da Sara Winter e a divulgação do
março 2020
hospital e médico que realizou o aborto legal de uma garota de 10
fevereiro 2020
anos de idade, a invasão da privacidade (de eixo confidencial) da
garota e a divulgação de informações orgânicas de uma instituição de janeiro 2020
unidade de saúde, poderia ter prejudicado a operação que aconteceu dezembro 2019
com sucesso [6]. novembro 2019
outubro 2019
No final das contas, “a privacidade é importante para a democracia” [7]
porque só através da privacidade teremos a possibilidade de setembro 2019
formularmos a nossa própria opinião sobre o mundo e nos sentirmos agosto 2019
mais seguros sobre aquilo que as pessoas têm conhecimento sobre julho 2019
nós; e que podem atrapalhar ou causar dano à vida de pessoas, sendo
maio 2019
isso considerado como “qualquer prejuízo ou constrangimento que
tenha efeitos negativos diretos na carreira, na reputação de um abril 2019
indivíduo, na situação financeira, saúde ou bem-estar” [8]. outubro 2017
setembro 2017
A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que entrou em
maio 2017
vigor no dia 18 de setembro de 2020, acaba adentrando em todas
essas questões, afinal fica explícito em seu Artigo 2º que a lei tem março 2017
como fundamentos: fevereiro 2017
janeiro 2017
“I – O respeito à privacidade;
novembro 2016

II – A autodeterminação informativa; janeiro 2016


dezembro 2015
III – A liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de
novembro 2015
opinião;
outubro 2015
IV – A inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem; setembro 2015
agosto 2015
[…]
junho 2015

VII – Os direitos humanos, o livre desenvolvimento da personalidade, a maio 2015


dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais” [9]. abril 2015
março 2015
E onde entra os arquivistas e os arquivos neste contexto? Em tudo,
fevereiro 2015
poderíamos dizer? Iniciemos com o “Código de Ética do Arquivista
(CEA)” [10], aprovado no XIII Congresso Internacional de Arquivos, dezembro 2014
realizado na China, em 1996, que afirma que “Os arquivistas visam novembro 2014
encontrar o justo equilíbrio, no quadro da legislação em vigor, entre o outubro 2014
setembro 2014
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direito ao conhecimento e o respeito à vida privada”. O CEA ainda agosto 2014


aponta que: maio 2014
março 2014
“os arquivistas se preocupam para que a vida das pessoas jurídicas e
físicas, assim como a segurança nacional, sejam protegidas, sem que janeiro 2014
haja necessidade de se destruir as informações, sobretudo no caso dos dezembro 2013
arquivos informatizados, onde os dados podem ser deletados e novos novembro 2013
dados inseridos, como é prática corrente. Os arquivistas defendem o
maio 2013
respeito a vida privada das pessoas que estão ligadas à origem ou que
janeiro 2012
são a própria matéria dos documentos, sobretudo daquelas que não
foram consultadas quanto à utilização ou ao destino dos documentos.” dezembro 2011
outubro 2011
Dessa forma conseguimos perceber que o direito à privacidade está
agosto 2011
imbricado nos afazeres arquivísticos, por estes profissionais tentarem
julho 2011
manter o equilíbrio sobre o que é de acesso público e o que é de
acesso restrito na vida das pessoas, das instituições e do próprio março 2011
Estado. fevereiro 2011
janeiro 2011
Paralelo à isso temos a atividade da Descrição Arquivística, que
novembro 2010
sinaliza, mais uma vez, essa proteção de acesso e uso das informações
e dados, afinal, na “NOBRADE” tem-se a área de descrição sobre as outubro 2010
Condições de Acesso e Uso das instituições, fundos e documentos agosto 2010
arquivísticos, em que podemos/devemos fornecer informações sobre maio 2010
restrições de acesso, informando a “norma legal ou administrativa em
março 2010
que se baseia e, se for o caso, o período de duração da restrição” [11];
na obra “e-Arq Brasil”[12], também temos requisitos que tratam sobre fevereiro 2010
controle de acesso e uso de registros, além da necessidade de registrar dezembro 2009
todos os acessos e delimitar o pessoal autorizado, possibilitando a novembro 2009
trilha de auditoria sobre todos os atos que foram exercidos sobre os
junho 2009
registros.
maio 2009
Com isso é possível notar que para um bom funcionamento da LGPD, abril 2009
o Arquivista é um dos profissionais chaves para que a democracia seja março 2009
exercida e que os eixos tanto confidencial quanto público da
dezembro 2008
privacidade dos indivíduos, bem como os fundamentos da lei, sejam
respeitados. Possibilitando o nosso desenvolvimento crítico e novembro 2008

construção de opiniões próprias sobre as coisas que nos ronda.

NOTAS

[1] Este texto utilizou da linguagem neutra de gênero para a inclusão


de pessoas não-binárias no discurso.

[2] Apesar de não haver um consenso sobre o conceito de “cidadania”,


entende-se, neste texto, a cidadania como um mecanismo, uma ideia,
em que visa dar as mesmas oportunidades, direitos e deveres em uma
determinada sociedade aos seus cidadãos, garantindo um
distanciamento entre a vida privada e a vida pública; podendo ser
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considerado também como um direito fundamental (direito humano).


Para mais informações, leia TONET, I. Democracia ou liberdade.
Maceió: Edufal, 1997.

[3] MACNEIL, Heather. Sem consentimento: a ética na divulgação de


informações pessoais em arquivos públicos. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2019.

[4] Ibidem, p. 30.

[5] Para mais informações assista ao documentário “Privacidade


Hackeada”, que fala diretamente sobre a Cambridge Analytica e o uso
indevido de dados privados de eixo público.

[6] Matéria sobre Sara Winter e os


protestantes<https://www.poder360.com.br/midia/sara-winter-
organiza-atos-contra-gravida-de-10-anos-vitima-de-estupro/>

[7] MACNEIL, Heather. Sem consentimento: a ética na divulgação de


informações pessoais em arquivos públicos. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2019, p. 37.

[8] Ibidem, p. 89.

[9] BRASIL. LEI Nº 13.709, DE 14 DE AGOSTO DE 2018. Lei Geral de


Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2018/lei/l13709.htm>. Acesso em: 02 nov. 2020.

[10] CONSELHO INTERNACIONAL DE ARQUIVO. Código de Ética


para arquivistas. 1996. Disponível em:
<https://www.ica.org/sites/default/files/ICA_1996-09-
06_code%20of%20ethics_PT.pdf>. Acesso em : 02 nov. 2020.

[11] BRASIL. Conselho Nacional de Arquivos. NOBRADE: Norma


Brasileira de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional,
2006.

[12] BRASIL. Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos do Conselho


Nacional de Arquivos. e-ARQ Brasil: Modelo de Requisitos para
Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística de Documentos. Rio de
Janeiro: Arquivo Nacional, 2011.

Cameron Santos Coelho – é estudante do curso de Arquivologia do


ICI/UFBA e associade AABA.

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