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Estrelas e propriedades

Carlos Dutra
Propriedades Fundamentais
de uma Estrela
- Luminosidade
- Massa
- Raio
- Temperatura
- Composição química
- Idade

Como são determinadas?


Como estão relacionadas entre si?
Quais as propriedades típicas das estrelas mais comuns?
Magnitudes
Hiparcos fez a um catálogo
de aproximadamente 1000
estrelas, em que listou suas
coordenadas e brilho Magnitude
aparente. das estrelas
A escala de magnitude de (Hiparcos, séc. II a.C.)
Hiparco é invertida, as
1
menores magnitudes
correspondem aos maiores 2
brilhos. 3
4
5
6

Hiparcos
Brilho Aparente
Luminosidade (L): potência luminosa emitida pela estrela em todas as
direções. Ex: LSol = 3,8 x 1026 W

Estrelas em geral são aproximadamente isotrópicas, i. e., emitem


igualmente para todas as direções. A luminosidade é uma grandeza
intrínseca das estrelas.

Fluxo (F): potência por unidade de área que atinge uma superfície.

Relação entre luminosidade e fluxo de uma estrela à distância d:

F = L / Área = L/(4p d2)


Portanto, o brilho aparente de uma estrela (ou seja, o fluxo que atinge a
Terra) depende de quão brilhante é uma estrela, e da sua distância.
Relação entre magnitude e brilho aparente
Brilho aparente
das estrelas
(Hiparcos, séc. II a.C.)
Fluxo medido F

1
2
3
4
5
6
Magnitude
1 2 3 4 5 6

m = C - 2,5 log F
c: constante
Relação entre magnitude e brilho aparente
F1
Alguns exemplos: m2  m1  2,5 log
F2
 m1 = 1 e m2 = 6:

6 - 1 = 2,5 log (F1/ F2)


log (F1/ F2) = 2
F1/ F2 = 100

 m1 = 1 e m2 = 5: F1/ F2 = 39,8

 m1 = 1 e m2 = 4: F1/ F2 = 15,8

 m1 = 1 e m2 = 3: F1/ F2 = 6,31

 m1 = 1 e m2 = 2: F1/ F2 = 2,51
Escala de magnitude aparente estendida para incluir
objetos mais fracos
30 – Telescópios Hubble, Keck (30 mag)

Telescópio de 1m (18 mag)

20 –

10 – Binóculos (10 mag)


Estrela de Barnard (9,5 mag)
olho nu (6)
Polaris (2,5)
Betelgeuse (0.8)

0 – alfa Centauri (0)


Escala de magnitude aparente estendida para incluir
objetos mais brilhantes
30 – Telescópios Hubble, Keck (30 mag) 0– Sirius (-1,5)
Vênus (-4,4)

Telescópio de 1m (18 mag)

20 – -10 –
Lua cheia (-12,5)

10 – Binóculos (10 mag)


Estrela de Barnard (9,5 mag)
-20 –
Sol (-26,5)
olho nu (6)
Polaris (2,5)
Betelgeuse (0.8)
-30 –
0 – alfa Centauri (0)
Magnitudes aparentes
de alguns astros

Astro Sol Lua Vênus Sírius -cet Rigel

Magnitude -1.45 - 0.01


-26.7 -12 -4 0.1
aparente

O valor da magnitude aparente depende se a medida leva em conta


todos os comprimentos de ondas (bolométrica) ou somente a luz visível
(visual)
Luminosidade de uma estrela
É a quantidade de energia Estrela
emitida pela estrela
em um segundo.
d abertura A

É uma grandeza medida aqui


na Terra, mas proporcional
ao valor emitido pela estrela: Filtro

Lestrela Fotômetro
L  A
Terra 4pd 2

A luminosidade medida no telescópio é


proporcional ao brilho:

m
bm  b0 2.512 m
Lm  L0 2.512
magnitude vs. luminosidade e distância
Vimos que: m = C - 2,5 log F

Lembrando que o fluxo depende da luminosidade e da distância:


L
F (d ) 
4p d 2
Obtemos:

m  C  2,5 log L  5 log d


'

Essa fórmula relaciona as observações (m) com as propriedades da


estrela (L e d).

C’=C +(2,5 log 4 p)


Magnitudes 1
absolutas 2

3
É a magnitude aparente d
que a estrela teria
se estivesse a d = 10 pc
4
d
5
d
6
d
d
d

d = 10 pc = 32,7 AL
Magnitude Absoluta (M)

Para comparação entre diversas estrelas supõe-se uma mesma distância


para todas:

M, 10pc, L*, F10

m, d, L*, Fd
M = m(d=10pc)
m  C  2,5 log L  5 log d
'

M  C  2,5 log L  5
'
Exercício
Duas estrelas A e B têm luminosidades 6,4 e 0,4 L, respectivamente.
Se ambas têm a mesma magnitude aparente, qual é relação entre suas
distâncias?
L
m  C  2,5 log F F
4p d 2

LA= 6,4 L e LB= 0,4 L ; mA=mB

LA LA LB
mA  C  2,5 log 
4p d A
2 4p d A 4p d B2
2

2
6,4  d A  dA
     16
LB 0,4  d B 
mB  C  2,5 log dB
4p d B2
d A  4d B
Diâmetro estelar
Corpo Negro
Emite o máximo
de energia em
Absorve toda todos os
a energia que Corpo
comprimentos
Negro
possa incidir de onda
sobre ele. para uma dada
temperatura.

Stefan Boltzmann: energia /( área  tempo)  T 4

Lestrela  4pR T
Luminosidade 2 4
da
estrela
Recapitulando
De medidas de paralaxe, sabemos d
Medimos m com fotômetro

Usando m  M  5(log d  1) calculamos M

L  m  m
De
 2.512 calculamos L

L
De L  4pR T 2 4
+ T (espectro) achamos R

Sabemos que L  4 10 26


J /s
4
Tipicamente, 10 L  L  10 L 5
Espectro Eletromagnético
Espectro Eletromagnético

E=hf
Lei de Stefan - Boltzmann
Fluxo

7000 K

4000 K

Comprimento
de onda

F=T4
Radiação Solar
Radiação Solar
Espectro de uma estrela

No Laboratório

Gás Hidrogênio Hidrogênio!


Catálogo de espectros

Contínuo

He

Li
.
.

Fe
Classificação espectral

Quente O 60.000 K
B 30.000 K
A 9.500 K
F 7.200 K
G 6.000 K
K 5.250 K

Fria
M 3.850 K

Oh! Be A Fine Girl, Kiss Me !


Índices de Cor
Para se estudar a cor de uma estrela, mede-se sua magnitude através
de diferentes filtros (bandas)

Ex: Sistema fotométrico de Johnson: bandas U (=350nm),


B (= 450nm) e V (= 550nm)

Um telescópio equipado com esses


filtros pode medir as magnitudes
aparentes (mU, mB , mV) nas bandas do
ultravioleta, azul e visível.
Para simplificar, denota-se mU como U,
simplesmente.
Os sistemas fotométricos também se
estendem para outras faixas espectrais
como o vermelho (ex: R, I)
Índices de Cor
O índice de cor é a diferença entre magnitudes aparentes (brilhos) de
duas bandas.
Por exemplo:
U – B, B – V, V – R, etc...
Por convenção, fazemos:
(banda mais azul – banda mais vermelho)

Pela definição de magnitude:

B - V = mB - mV = -2,5 log (FB / FV)


Índices de Cor e Temperatura
O índice de cor: depende da
temperatura da estrela.
Considere três estrelas a, b, c :
Ta > Tb > Tc

(a) T= 30.000 K: fluxo na banda


azul (B) maior que fluxo no
visível (V)

(b) T=10.000 K: fluxos em B e V


são semelhantes

(c) T=3.000 K: fluxo em B menor


que fluxo em V
B - V = mB - mV = -2,5 log (FB / FV)

FB > FV  B < V
(B-V) < 0
Estrela quente, azulada,
tem índice de cor
negativo
B - V = mB - mV = -2,5 log (FB / FV)

FB > FV  B < V
(B-V) < 0
Estrela quente, azulada,
tem índice de cor
negativo

FB < FV  B > V
(B-V) > 0
Estrela fria, avermelhada,
tem índice de cor positivo
Relação Cor-Temperatura

+quente e
+azul
temperatura [K]

+frio e
+vermelho

U–B
Relação Cor-Temperatura
log Tefetiva
4,2 16.000 K

4.0 10.000

3,8
6.000

3,6 4.000

3,4 B-V 2.500


0 0,4 0,8 1,2
Espectro de Uma Estrela
Espectro
fotográfico

Linhas do
Hidrogênio
Fluxo
Flux

Continuum

Espectro
gráfico

Linhas de absorção

Angstrom
4000 5000 6000 7000
Wavelength
Comprimento de onda
Espectros muito diferentes!
Em algumas estrelas as
linhas do H são muito fortes
(A0V, ao lado)
brilho relativo

Em outras, são quase


inexistentes (M5V)

A intensidade da linha de um
dado elemento depende da
composição química e
temperatura da fotosfera

comprimento de onda [Å]


Classificação espectral

Primeira classificação:
no Século XIX
baseada na intensidade das
linhas do hidrogênio

Nomenclatura adotada:
A, B, C, D, ..., P.
Estrelas “A” teriam as linhas
mais fortes.
Estrelas “P”: as mais fracas.
Classes Espectrais

A nova a classificação, feita nos anos 1920, foi feita em termos da


temperatura superficial da estrela.
A ordem passa a ser:

O B A F G K M

estrelas quentes estrelas frias


tipos recentes tipos tardios
(early types) (late types)

Cada classe é subdividida em 10 sub-classes de 0 até 9


por exemplo: G0, G1, G2,..., G9

Para lembrar: “Oh, Be A Fine Girl, Kiss Me”


Classificação espectral
Intensidade das linhas em função da temperatura (ou tipo espectral)

Nomenclatura: H I, He I, Ca I, etc.  átomo com todos os elétrons.


H II, He II, O II, Ca II, etc.  átomo que perdeu 1 elétron.
He III, O III, Ca III, etc.  átomo que perdeu 2 elétrons.
Classificação espectral de Harvard

Tipo Cor T(K) Linhas proeminentes de absor ‹o Exemplos


He ionizado (fortes), elementos pesados Alnitak (O9)
O Azul 30000
ionizados (OIII, NIII, SiIV), fracas linhas de H Mintaka (O9)
He neutro (moderadas), elementos
B Azulada 20000 Rigel (B8)
pesados 1 vez ionizados
He neutro (muito fracas), ionizados, H Vega (A0)
A Branca 10000
(fortes) Sirius (A1)
elementos pesados 1 vez ionizados, metais
F Amarelada 7000 Canopus (F0)
neutros (FeI, CaI), H (moderadas)
elementos pesados 1 vez ionizados, metais Sol (G2)
G Amarela 6000
neutros, H (relativamente fracas) Alfa Cen (G2)
elementos pesados 1 vez ionizados, metais Aldebaran (K5)
K Laranja 4000
neutros, H (fracas) Arcturos (K2)
çtomos neutros (fortes), moleculares
M Vermelha 3000 Betelgeuse (M2)
(moderadas), H (muito fracas)
Recordando: como se mede a
temperatura de uma estrela

Lei de Wien: max = 2,9 x 106/T [nm]

Índice de cor: B - V = mB - mV = -2,5 log (FB / FV)

Tipo Espectral

Vemos, assim, que os astrônomos dispõem de várias formas de se medir a


temperatura da fotosfera de uma estrela. Todas, claro, estão relacionadas com o
espectro emitido pela fotosfera, que está, por sua vez, ligado às propriedades
físicas do gás fotosférico.
Raios Estelares

A fotometria permite determinar a luminosidade de uma estrela (desde


que sua distância seja conhecida).

Pode-se estimar a temperatura de uma estrela através do seu espectro ou


da sua cor.

Lembrando da relação: F = L / Área

Usando a área da superfície da estrela (A = 4p R2) e lembrando que


F =  Tef4, obtemos a seguinte relação entre a luminosidade, a
temperatura efetiva e o raio de uma estrela (R)

L = 4p R2  Tef4
Raios Estelares

L = 4p R2  Tef4

A relação acima mostra que Tef, R, e L não são


independentes! Se conhecemos 2 deles, podemos calcular o
terceiro.
Nota: raios estelares podem também ser determinados diretamente. Por
exemplo, através de ocultacões lunares, estudo de sistemas binários
eclipsantes e usando-se uma técnica chamada interferometria
Diagrama H-R

Classes de
luminosidade de
Yerkes

(V)

Estrelas da
Seqüência principal Sol: G2V
do tamanho ou
menor que o Sol são
chamadas anãs.
Classes de Luminosidade

Classes Ia e Ib:
supergigantes brilhantes e
supergigantes.
Classes II e III: gigantes
brilhantes e gigantes.
Classes IV e V: sub-
gigantes e as estrelas da
seqüência principal e anãs.
Esse esquema introduzido
por Morgan e Keenan
(1937, Observatório de
Yerkes) - classificação M-
K.
Evolução Estelar: Visão Geral
Sequência principal
Primeiro estágio na vida de uma estrela
Fonte de Energia  fusão dos átomos de hidrogênio em átomos
de He no interior estelar
Fase das Gigantes Vermelhas
Quando o hidrogênio se extingue, a estrela deixa a SP e entra na
fase de gigante vermelha. A estrela se expande, torna-se mais fria
e luminosa. Fonte de energia  queima do He no núcleo e do H
em uma camada ao redor do núcleo
No fim da fase de gigante vermelha  exaustão completa do
combustível nuclear  anã branca
Exemplo: a vida do Sol

A, B, C  Seqüência Principal

D, E  Gigante vermelha

F  anã branca

L
Diferentes lugares do
diagrama HR correspondem a
diferentes fases evolutivas
F
Diagrama HR é um instrumento
fundamental de visualização de
Tef modelos de evolução estelar.
Tempos de Vida na Seqüência Principal

Quanto tempo uma estrela fica na seqüência principal?

Da relação massa-luminosidade, obtemos


Tempos de Vida na Seqüência Principal

35M (0,5 milhões de anos)


20M(2,3 milhões de anos)

7M(43 milhões de anos)

3M (460 milhõe de anos)

2M (1,4 bilhões de anos)


1M (10 bilhões de anos)
0,5M (60 bilhões de anos)

0,2M

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