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(5 valores)
2. O princípio da legalidade significa que só a lei é competente para definir crimes e estabelecer
os pressupostos das penas e medidas de segurança, assim como enunciar as respectivas
sanções. _V_
6. O consentimento do lesado como causa de exclusão da ilicitude consiste pela parte daquele na
desistência do exercício do respectivo direito de queixa. _F_
7. Havendo vários titulares do direito de queixa, qualquer um deles ponde apresentar a queixa
mesmo que algum ou alguns já tenha desistido da queixa anteriormente apresentada. _V_
Logo após a notícia do crime, todos os actos cautelares necessários e urgentes para assegurar
os meios de prova praticados pelos OPC,s deverão ser obrigatoriamente aceites pela
autoridade judiciária e integrados no processo. _F_
8. O Ministério Público nunca pode delegar nos órgãos de polícia criminal os actos que por lei
estejam reservados para si próprio ou para o juiz. _V_
9. Qualquer pessoa que se encontre interdita por anomalia psíquica tem capacidade para ser
testemunha e só pode recusar-se nos casos previstos na lei. _F_
O princípio do juiz natural significa que nenhuma causa pode ser subtraída ao tribunal cuja
competência esteja fixada em lei anterior. _V_
5. Antes da constituição como arguido devem ser comunicados ao agente os direitos e deveres
enunciados no artigo 61.º CPP. _F_
O princípio da legalidade não será respeitado se um crime for previsto por um regulamento
administrativo. _V_
1. Incumbe à testemunha prestar juramento quando ouvida por autoridade judiciária ou autoridade de
polícia criminal. _F_
2. Sempre que se efectuar uma busca domiciliária, o OPC tem obrigatoriamente de entregar uma
cópia do respectivo mandado apenas ao proprietário do domicílio. _F_
3. Assim que adquira a notícia de um ilícito criminal, qualquer pessoa tem a possibilidade de
proceder à respectiva denúncia. _V_
5. A identificação deverá ser sempre realizada quando não seja possível aplicar o Termo de
Identidade e Residência a um suspeito de prática de crime. _F_
II GRUPO
(5 valores)
3. Qualquer pessoa:
a) _X_ Enquanto não for provada a culpabilidade do arguido não é admissível a sua
condenação;
b) ___ Em caso de dúvida na questão da prova, a decisão final deve ser sempre tomada a
favor do arguido;
c) ___ Em caso de dúvida na legalidade do meio de obtenção de prova o arguido deve
ser sempre considerado inocente;
d) ___ Em caso de ilegalidade do meio de obtenção de prova o arguido deverá ser
imediatamente absolvido.
1. Rui, solteiro, é injuriado por Bento em 21JAN2008, configurando esta agressão verbal um
crime particular. Rui vem no entanto a falecer em consequência de um acidente de viação em
12FEV2008, sem que tenha apresentado ou renunciado ao direito de queixa. Os familiares de
Rui são sua mãe e seu irmão Carlos
Diga face à lei quem teria legitimidade para apresentar queixa de Bento:
a) _X_ Apenas a mãe de Rui;
b) ___ Apenas o irmão de Rui;;
c) _ _ A queixa tanto podia ser apresentada pela mãe como pelo irmão de Rui;
d) ___Nenhum destes familiares de Rui teria legitimidade para apresentar queixa.
8. Em que consiste o princípio da legalidade da prova?
a) ___Consiste apenas na utilização dos meios de prova previstos na lei processual penal;
b) _X_ Consiste na liberdade da prova, no sentido serem admissíveis para a prova de
quaisquer factos todos os meios de prova admitidos em direito, ou seja que não sejam
proibidos por lei;
c) ___Consiste na impossibilidade de utilização de meios de prova que não estejam
expressamente previstos no nosso ordenamento jurídico;
d) ___Consiste na impossibilidade de apresentar meios de prova cuja obtenção não tenha
sido previamente autorizada pelas autoridades judiciárias.
a) _X_O agente for constituído arguido ainda que já tenha sido identificado nos termos
do artigo 250.º CPP;
b) ___O agente tenha sido alvo de acusação particular por parte do ofendido;
c) ___O agente tenha incumprido alguma medida de coacção a que estava sujeito;
d) ___Houver fortes indícios da prática de crime doloso punível com pena de máximo
superior a três anos e algum dos requisitos constantes do art. 204.º CPP.
18. O direito de necessidade:
a) ___ Existe quando o agente pensar erradamente que está a actuar ao abrigo de uma
causa de exclusão da ilicitude;
b) ___ Pode ser afastado sempre que o agente tenha menos de 16 anos;
c) _X_ Existe quando para salvar certos interesses ou valores, ameaçados ou em perigo,
é necessário sacrificar outros interesses juridicamente protegidos através de um
comportamento que preenche um tipo legal de crime;
d) ___ Em casos de comparticipação, sendo operado contra um dos agentes aproveita
também aos restantes.
21. Quando a testemunha invoque a obrigação de manter o segredo profissional, ela pode:
a)___Juntamente com o reconhecimento de pessoas para todos os crimes com penas superiores a
5 anos de prisão;
b)___Junto de objectos totalmente diferentes do objecto a reconhecer;
c)_X_ De acordo com o preceituado no art. 147.º/1 CPP em tudo quanto for correspondentemente
aplicável;
d)___Ao mesmo tempo que se procede a uma perícia sobre os mesmos.
GRUPO
(10 valores)
António, membro da claque Super Répteis Cuspidores de Fogo, na noite em que o seu clube se sagra
campeão nacional de futebol, parte uma montra de um stand de automóveis para festejar o feito
desportivo.
1. Ao chegar ao local, a GNR impede Bento e Carlos que ali se encontravam, de se afastarem
obrigando-os a permanecerem o tempo que fosse necessário até conseguirem apurar todos os
factos. Estes recusam-se a obedecer à ordem da GNR. Qual deverá ser o procedimento dos
militares? Justifique.
Por via do art. 173.º/1 CPC, o O.P.C. pode obrigar as pessoas a manterem-se no local do crime e se,
necessário, até recorrer ao uso da força de modo a evitar que se afastem do local. Podem também ainda no
contexto de medidas cautelares e de polícia, como podia ser aqui o caso, obrigar as pessoas a manterem-no
local do crime (art. 249.º/2/al. a) CPC que remete para o já citado art. 173.º CPC) de modo a assegurar os
meios de prova e obter o máximo de informações possível. Sendo assim, esta ordem dada pelos militares é
perfeitamente legítima e por isso não devem permitir que as pessoas abandonem o local do facto. Sendo
assim, o procedimento dos militares deverá ser no sentido de obrigar Bento e Carlos a permanecerem pelo
tempo estritamente necessário para as finalidades previstas nos artigos acima citados.
2. Tentando apurar o real autor do facto, Duarte, Cabo da GNR, repara durante uma patrulha que
António se encontrava agora junto de outro stand com um taco de baseball na mão. Duarte
prontamente solicita a identificação de António. Deverá este identificar-se? Justifique.
A identificação só pode ser solicitada quando existam fundadas suspeitas da prática de um crime e nos
locais previstos pela lei conforme dita o art.250.º/1 CPC. Ora, neste caso, tendo já havido a notícia de actos
de vandalismo sobre montras de stands de automóveis e estando António junto de outro stand com um taco
de baseball na mão, há motivos fortes, ou seja, fundados, para crer que António é agente de um crime.
Deste modo, a solicitação da identificação é perfeitamente admissível não podendo por isso António
recusar-se a obedecer à ordem emitida pelos militares.
3. António, irritado com a GNR decide atirar durante a noite sacos de água de esgoto contra um
posto da GNR. Dez minutos depois, António é surpreendido com a camisa suja e um cheiro
intenso a esgoto, por Ernesto, civil, que ali passava e que imobiliza António, até a GNR chegar.
Foi a acção de Ernesto legal? Justifique.
O facto aqui descrito, que é um crime de dano qualificado (art. 213.º, n.º1/alínea c) CP) pode corresponder
a uma situação de presunção flagrante delito conforme o art. 256.º/2/ CPC, uma vez que ao António ser
surpreendido com a camisa suja e a cheirar a esgoto, detém sinais que mostram claralmente que acabou de
cometer o crime. E só se se considerar esta situação como flagrante delito é que qualquer pessoa pode
proceder à detenção se alguma das entidades referidas no n.º1, al. a) do art. 255.º CPC não estiver
presente nem puder ser chamada em tempo útil (alínea b) do artigo atrás referido). Sendo assim, a
detenção operada por Ernesto é admissível tendo ainda este que entregar António imediatamente a alguma
das entidades acima referidas (art. 255.º/2 CPC).
4. Ainda durante o inquérito, Duarte ao passar pela oficina de António, repara que à porta se
encontrava um taco de baseball com pedaços de vidro cravados. Duarte leva de imediato o taco
para o posto. António protesta dizendo que Duarte efectuou uma apreensão ilegal. Deverá Duarte
devolver o taco? Justifique.
De acordo com o art. 178.º/1 CPC são susceptíveis de apreensão os objectos que para além de estarem
directamente ou indirectamente relacionados com o crime, todos aqueles que sejam susceptíveis de servir a
prova. Ora, havendo aqui um taco de baseball com pedaços de vidro cravados e, ainda por cima, à porta da
oficina de António, é legítimo que Duarte pense que o objecto possa estar relacionado com o crime, e sendo
assim, a sua apreensão afigura-se perfeitamente admissível. É claro que a apreensão deverá ser nos termos
do n.º 5 do mesmo artigo validada pelo juiz no prazo máximo de 72 horas. Além disso, Ernesto poderia
ainda aqui invocar a necessidade de realizar uma medida cautelar e de polícia com base no art. 249.º/n.º2,
alínea c), uma vez que, encontrando-se o taco perto da oficina de António, haveria sérios riscos de a prova
se perder e consequentemente não se conseguir determinar a responsabilidade pelas acções praticadas.
5. Avisados de que António e mais cinco amigos se preparavam para em uma hora, em conjunto
destruir stands de automóveis e portas de entrada de postos da GNR com tacos de baseball,
Duarte e mais elementos da GNR entram na casa de António para apreender os tacos e impedi-los
assim de realizar essas acções. Será esta acção da GNR lícita? Justifique.
Esta acção a desenvolver pela GNR é uma busca domiciliária (art. 177.º CPP) e que só pode ser realizada
quando autorizada ou ordenada por um juiz conforme o estipulado pelo n.º1 do mesmo artigo. No entanto,
o n.º2 remete para as alíneas a) e b) do art. 174.º/4/alíneas a) e b) CPP. Neste caso, a única justificação
para a realização da busca domiciliária seria a existência de terrorismo, criminalidade violenta ou altamente
organizada com fundados indícios de prática de crimes que ponham em grave risco a vida ou a integridade
de qualquer pessoa. No entanto, tal não se verifica pelo que esta busca domiciliária executada pela GNR
afigura-se como uma acção ilícita.
António, agastado por ter dado dinheiro para um concerto do festival Folk in Pio, em que a cantora
Aimé Maison-Vin actuou sob o efeito de drogas, decide vingar-se de Bento Melina, promotor do
festival. Para isso, escreve a mensagem “Por um mundo melhor, vamos pôr os drogados todos a
cantar.” no velho Fiat Uno de Bento, avaliado em € 80,00.
6. Suponha que Carlos, Sargento da GNR, avisado de actos de vandalismo ocorridos durante o
festival, surpreende António junto da casa deste por volta das 21.25h com as pontas dos dedos
sujas de tinta e vindo na direcção contrária à do recinto. De imediato, Carlos verifica o conteúdo
do armário das ferramentas que se encontrava num anexo da casa de António. Será este acto
legal? Porquê?
Ao surpreender António com as pontas dos dedos sujas de tinta e vindo na direcção
contrária à do recinto do festival, Carlos encontra-o com sinais que mostram claramente que
acabou de cometer o crime de dano simples (art. 213.º CP) e portanto está-se numa situação
de quase flagrante delito nos temos do art. 256.º/2. Além disso, ao ir verificar o conteúdo do
armário de António que se encontrava no anexo da sua casa, Carlos está a proceder a uma
busca domiciliária (art. 177/1 CPP). Ora, este artigo prevê no seu n.º3 a possibilidade de se
proceder a buscas domiciliárias mesmo sem mandado judicial e que foi o que se verificou
aqui. Uma delas é a ocorrência de flagrante delito pela prática de crimes puníveis com pena
de prisão (art. 177.º/2/ al. c) e art.174.º/5/ al. c) ambos por remissão do art. 177.º/3). Como a
busca domiciliária foi aqui realizada entre as 21.00 horas e as 7.00 horas, ela só se podia
realizar relativamente a uma situação de flagrante delito por crime a que correspondesse
uma pena de prisão cujo máximo fosse superior a 3 anos (art. 177.º/3/ al. b) o que
efectivamente não é o caso, uma vez que o crime de dano simples é punido apenas com uma
pena de prisão até 3 anos. Sendo assim, esta busca domiciliária é nula e logo a prova obtida
não pode ser usada contra o António.
7. No decurso do inquérito, Dalila, namorada de António e que com ele passava os fins de
semana, é inquirida por Carlos. No entanto esta recusa-se a prestar quaisquer declarações.
Será esta recusa admissível? Justifique.
O art. 134.º prevê a possibilidade de as testemunhas se recusarem a depor sempre que
existam ligações estreitas de parentesco entre elas e o arguido ou então, as testemunhas
sejam cônjuges ou vivam em condições análogas às dos cônjuges com o arguido
relativamente a factos ocorridos durante o casamento ou a coabitação. Ora, sendo Dalila
apenas namorada de António e que com ele passava os fins-de-semana, não há elementos
suficientes que indiciem que ela viva pelo menos em condições análogas às dos cônjuges e
portanto esta não tem o direito de se recusar a depor ao abrigo do art.134.º/1/ al. b) sendo
então a sua recusa inadmissível.
8. Carlos, sabendo que Dalila partilhava da raiva do namorado em ter dado dinheiro para o
concerto e que, por isso planeava pintar também as paredes da vivenda de Bento, surpreende-
a com duas latas de spray quando esta passava tranquilamente ao pé da casa e detém-na. Será
esta detenção válida? Justifique.
A única situação legalmente admissível para Carlos proceder à detenção de Dalila, seria a de
haver um flagrante delito (art. 255.º/1/ al. a) e n.º3). No entanto, não foi isso que se verificou
aqui no caso em apreço, uma vez que o facto de Dalila se passear com latas de spray em
frente da casa de Bento, não constitui crime. Além do mais, Dalila não estava sequer a
praticar actos de execução, ainda que Carlos tivesse conhecimento de que eventualmente se
preparava para praticar algum crime. Deste modo, a detenção é ilegal. Quando muito, a única
coisa de Carlos poderia fazer era proceder à identificação por fundadas suspeitas de crime
ao abrigo do art. 250.º.
9. Tendo a raiva contra o festival começado a espalhar-se a mais pessoas, Carlos descobre
durante uma outra investigação em curso, cartas endereçadas de António aos seus amigos a
combinar acções de protesto. Carlos, prontamente abre as cartas e avisa outras patrulhas para
praticarem todos os actos necessários para evitar mais crimes. É a actuação de Carlos legal?
Justifique.
A diligência praticada por Carlos é uma apreensão de correspondência. Este tipo de
apreensão tanto pode ser realizada ao abrigo do art. 179.º como ao abrigo do art. 252.º e em
ambos os casos o OPC só poderá tomar conhecimento da correspondência se o juiz o
autorizar, sendo que no caso do art.179.º/3, o juiz terá de ser o primeiro a ter acesso à
correspondência intacta e no caso do 252.º/2 o juiz poderá autorizar o OPC a proceder à
abertura imediata da correspondência em caso de perigo na demora. Como não se verificou
nenhum desses casos (nem Carlos entregou a correspondência intacta ao juiz nem ele foi
por este autorizado a abri-la) a apreensão é nula e logo a prova daí obtida não pode ser
utilizada contra António.
10. Tendo descoberto que Ernesto tinha assistido ao facto de António ter pintado o carro de
Bento, Carlos decide inquiri-lo, mesmo contra os protestos de Ernesto por não ter o seu
advogado por perto. É esta acção de Carlos legal? Justifique.
Um dos direitos de qualquer testemunha é fazer-se acompanhar de advogado que a poderá
informar dos direitos que lhe assistem durante a inquirição, embora não podendo intervir
nela (art.132.º4). Ora, se Ernesto invocou este direito e ele não foi respeitado por Carlos, a
acção deste é ilegal e as declarações da testemunha não podem ser consideradas válidas
para o processo.
António, benfiquista quezilento, por suspeitar que Bento, seu vizinho e adepto fanático do FCP tinha
intenção de desfraldar uma bandeira de 7mx10m do clube acima mencionado mesmo em frente da
sua varanda, escreve em grafitti no prédio de Bento que um “Um bom portista é um portista morto.”
2. Suponha que a acção de António foi presenciada por Carlos. Poderá este proceder à detenção de
António? Justifique.
O facto de Carlos ter presenciado a acção de António, significa que este actuou num caso de flagrante
delito. O artigo 256.º,n.º1, CPP entende por flagrante delito todo o crime que se está cometendo ou
acabou de cometer. Ora o que caracteriza essencialmente o flagrante delito é que o agente é
surpreendido por outrem enquanto executa a sua acção e que foi o que sucedeu neste caso concreto.
Sendo assim, e com base no artigo 255.º, n.º1, alínea b) CPP, nas situações de flagrante delito qualquer
pessoa poderá proceder à detenção de um agente criminoso quando alguma autoridade judiciária ou
entidade policial não estiver presente no local nem puder ser chamada em tempo útil. Se tiver sido esta
situação que se verificou neste caso concreto, então Carlos poderá proceder à detenção de António.
Ainda assim, de acordo com o n.º 2 deste artigo, Carlos tem o dever de entregar imediatamente António
a qualquer autoridade judiciária ou entidade policial.
4. Suponha que Duarte descobre no decurso das investigações que, Eugénia, que depois da
verificação da ocorrência se tinha separado judicialmente de António, também tinha presenciado a
actuação de António. Deverá Eugénia testemunhar caso assim seja notificada? Justifique
De acordo com o artigo 134.º,n.º1, alínea b) CPP, Eugénia não tem o dever de testemunhar
contra António, uma vez que à data dos factos, era de acordo com o enunciado, casada com
aquele. Ainda que agora esteja separada, por força do artigo mencionado Eugénia tem o direito
de recusar-se a depor como testemunha relativamente a estes factos em concreto, o que tem
como consequência a impossibilidade de reversão dessa mesma recusa e portanto o dever de
acatamento por parte da entidade competente que venha a receber o seu depoimento dessa
mesma recusa em depor.
5. Já na fase de julgamento e audiência António recusa-se a ser assistido por defensor por considerar
que os advogados são todos parte de uma vasta conspiração do sistema contra a verdade desportiva.
Deve este acto ser acatado pelo juiz? Justifique.
O CPP não estabelece uma obrigatoriedade permanente de assistência do defensor ao arguido
em todos os actos do processo mas antes uma lista de actos em que essa assistência é
obrigatória, podendo ainda assim, naquelas outras situações em que essa obrigatoriedade não
exista o tribunal nomear defensor ao arguido sempre que as circunstâncias do caso revelarem a
necessidade ou conveniência do arguido em ser assistido (artigo 64.º,n.º2 CPP). Ora, de acordo
com o artigo 64.º,n.º1, alínea b) CPP, é obrigatória a assistência do defensor na audiência, pelo
que o juiz nunca poderia acatar a decisão de António expressa no enunciado.
João Mãe Canas, candidato à Junta de Freguesia de Bichinho-Tone, com o intuito de impedir que o
seu adversário Barracas do Tâmega ganhasse as eleições, introduz-se no quarto de hotel deste,
situado no hotel Portas de Água. Uma vez aí, retira o amuleto de Barracas do Tâmega que era
pequena águia do Benfica, assinada por Eusébio, com um valor de mercado de € 120,00.
1. Chegado ao hotel, o Sargento António, manda todas as pessoas que se encontram no corredor perto
do quarto de Barracas do Tâmega ali permanecerem de modo a obter informações. No entanto,
Bento, que também se encontrava ali, recusa-se a obedecer. Pode o Sargento António impedir Bento
de sair? Porquê?
De acordo com o art. 171.º/2 CPP, assim que houver notícia da prática do crime, os OPCs
deverão garantir a integridade dos vestígios de prova para poderem depois ser examinados.
Além disso podem ainda condicionar o trânsito ou o trânsito de pessoas estranhas ao local do
crime ou quaisquer outros actos que possam prejudicar a descoberta da verdade. Conjugando
este artigo com o art. 173.º/1, os OPCs podem ainda impedir que as pessoas presentes no local
do exames se afastem dele pelo que tempo que for necessário recorrendo se for necessário à
força pública. Sendo assim, a actuação do Sargento António é perfeitamente válida e encontra-
se dentro dos limites previstos na lei.
2. O Sargento António, sabendo que Célia, irmã de Barracas do Tâmega tinha visto João Mãe Canas
a correr vindo do quarto do seu adversário é questionada pelo Sargento António sobre o que
aconteceu. No entanto, esta recusa-se a depor. Será esta recusa válida? Justifique.
As únicas causas admissíveis de recusa de depoimento por parte das testemunhas estão previstas no art.
134.º/1. Elas têm que ver com ligações muito estreitas entre a testemunha e o arguido que possam pôr
em causa a credibilidade do depoimento daquela. Ora, não tendo Célia qualquer ligação com o arguido,
a sua recusa não é válida, e portanto deverá depor no processo em apreço.
NÃO TEM RELAÇÃO MAS ELE NÃO É ARGUIDO
3. O Sargento António, ao estar em patrulha perto da casa de João Mãe Canas, por volta das 3 horas
da manhã, dirige-se a casa deste e pergunta-lhe se é possível proceder a uma busca. Este aceita, mas
mais tarde queixa-se de que a GNR realizou uma busca domiciliária ilegal. Terá João Mãe Canas
razão? Porquê?
Antes de mais, a busca realizada pelo Sargento António é uma busca domiciliária uma vez que
ela é realizada no domicílio de João Mãe Canas (art. 177.º). Ainda que seja feita fora do horário
regular previsto no n.º1 do mesmo artigo, não há qualquer irregularidade dado que ela é
realizada com o consentimento do visado (alínea b) do n.º2 do art. 177.º, por remissão do n.º 3,
alínea b) do mesmo artigo). A única formalidade exigida é que o consentimento seja
documentado por qualquer forma (alínea b) do n.º2 do art. 177.º). Ora, só se o Sargento
António não tiver documentado o consentimento, é que a busca pode ser considerada ilegal.
4. Havendo a notícia de que João Mãe Canas teria agido em conjunto com Duarte, o Sargento
António, ao cruzar-se com este na rua, solicita-lhe a sua identificação. Este apenas tem um cartão da
Associação Académica de Bichinho-Tone onde apenas consta o seu nome abreviado. Em
consequência, o Sargento António encaminha Duarte para o posto policial para proceder à sua
identificação. Será esta conduta de António válida? Porquê?
Só se pode proceder a uma identificação quando existam suspeitas fundadas de que alguém se
encontre nalguma das situações previstas no art. 250.º/1. Ora, correndo a notícia de que Duarte
teria colaborado com João Mãe Canas no furto do amuleto, o Sargento António teria fundadas
suspeitas de que aquele teria praticado um crime. Sendo assim, a solicitação da identificação é
admissível. No entanto, a conduta do Sargento António configura uma realidade, porque
mesmo não sendo o documento de Duarte suficiente para fazer uma identificação cabal, ele
deveria ter esgotado os meios previstos no n.º5 do art. 250.º antes de o ter conduzido ao posto.
Só na eventualidade de não se conseguir a identificação até esgotar todos os meios previstos até
ao n.º5 do artigo, é que o Sargento António poderia ter levado Duarte ao posto policial.
5. Barracas do Tâmega surpreende mais tarde João Mãe Canas a tentar pintar bigodes numa
fotografia onde aquele aparece com o presidente do Benfica. Após esse momento, deixa João Mãe
canas inconsciente com uma pancada na cabeça e leva-o à GNR. O Sargento António diz, por sua vez
que não têm nada que receber João Mãe Canas para o pôr no posto. Terá o Sargento António razão?
Justifique.
Quando João Mãe Canas é surpreendido por Barracas do Tâmega a pintar os bigodes na
fotografia, está em flagrante delito uma vez que o facto está a acontecer naquele momento (art.
256.º/1). O facto praticado por João Mãe Canas preenche o tipo de ilícito criminal
correspondente ao crime de furto simples (art. 212.º/1 CP). Este crime é semi-público (n.º 3 do
artigo atrás citado). Como foi praticado em flagrante delito, é possível que se proceda à
detenção de João Mãe Canas mesmo por qualquer pessoa (art. 255.º/1, alínea b)). No entanto,
tal detenção, de acordo com o artigo só pode ser realizada se não se puder chamar em tempo
útil uma autoridade judiciária ou entidade policial. Se neste caso, Barracas do Tâmega não
garantiu que poderia chamar estas entidades em tempo útil e deteve logo João Mãe Canas
tendo ainda colocado este inconsciente, então estar-se-á perante uma detenção ilegal e portanto
o Sargento António pode recusar-se a receber João Mãe Canas como detido.