Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO
BOLETIM INFORMATIVO
OFICIAIS DE LIGAÇÃO E
INTERCÂMBIO NOS EUA
Nr 04 – OUT/NOV/DEZ 2020
Até o Boletim Nr 03/2020, esta publicação contava com matérias oriundas do Oficial de Ligação
dos Estados Unidos da América e do Canadá, contudo com a recém implantação da Aditância no
Canadá, o Boletim seguirá trazendo exclusivamente assuntos relacionados ao Exército dos EUA.
O Boletim Informativo vem se firmando como importante ferramenta de divulgação dos temas
mais atuais relacionados aos avanços doutrinários, tecnológicos e de material na área da Defesa. Tem
sido utilizado em trabalhos acadêmicos e também como fonte de consulta para a solução de questões
doutrinárias.
Deste modo, na reestruturação do Exércitos Americano, serão apresentados os seguintes tópicos:
a estratégia de desenvolvimento dos Sistemas de Pequenas Aeronaves Remotamente Pilotados
(Small Unmanned Aircraft System - SUAS) do Exército dos EUA (2020-2035) para o Cross-
Domain Maneuver; a unificação do US Army Europe e US Army Africa em US Army Europe-
Africa (USAREUR-AF) e sua reestruturação; e o Obuseiro Estratégico de Longo Alcance.
Dentro das Atividades de Ensino, Instrução e Adestramento, no intuito de esclarecer relevantes
aspectos nessa área, este Boletim abordará dois temas de grande relevância: a formação de oficiais
combatentes no Exército dos EUA e o papel do Adjunto de Comando (Command Sergeant
Major) no Exército dos EUA.
1) Identificação do Problema.
O estudo das ameaças listadas na Estratégia de Defesa Nacional/20181 (China, Rússia, Irã,
Coreia do Norte e Grupos Extremistas) identificou que, atualmente, as Brigade Combat Team (BCT)
possuem, dentre outras, as seguintes deficiências em relação aos seus possíveis inimigos:
- Capacidade limitada de detectar e destruir plataformas inimigas antes de ser detectada.
- Insuficiência de meios e sensores tripulados/não-tripulados para conduzir as Operações de
Reconhecimento e Segurança em todos os domínios do ambiente operacional.
- Capacidade limitada para coletar, processar e analisar dados, bem como de compartilhar as
informações obtidas oportunamente, sem interrupção, em longas distâncias e em terrenos complexos,
de forma a obter vantagem contra as forças inimigas.
- As tropas de Infantaria, de Reconhecimento e Segurança (Cavalaria), de apoio ao combate
(Engenharia), bem como os Observadores de Artilharia não possuem a capacidade de realizar cha-
madas de vídeo e de voz com transmissão de dados, de forma segura, para agilizar a tomada de deci-
sões, em tempo real, durante as operações a pé (dismounted operations).
- As BCT não possuem a capacidade para conduzir operações antiaérea, com meios orgâni-
cos, contra ameaças aéreas remotamente pilotadas.
Estratégia de
Defesa The U.S. Army in
Nacional Multi-Domain
2018 Operations 2028
b) Médio-prazo (2024-2028)
Foram estabelecidas as seguintes prioridades de modernização para serem implementadas
no SUAS:
• Evitar obstáculo/perigo.
• Operações com GPS em ambientes de comunicação negada.
• Configurações de arquitetura de carga útil e interfaces padronizadas.
• Imagens térmicas aprimoradas para detecção de alvos noturnos.
• Aprimoramento do alcance de link de dados, sem linha de visão.
• Simuladores de vôo integrados para treinamento de sistema embarcado.
• Vídeo de alta definição para detecção e reconhecimento de alvos à luz do dia.
• Campo de visão vertical aprimorado.
• Desempenho de limite mantido durante condições ambientais degradadas.
• Cursor no formato da mensagem de destino.
• Redução do tamanho, peso e potência.
• Maior confiabilidade operacional da Plataforma.
• Redução do tempo para a colocação em operação.
• Reconhecimento automatizado de objetos para detecção aprimorada de ameaças.
• Padrões de digitalização automatizados.
Figura Nr 04 – Progressão do Esforço de Modernização dos Sistemas Robóticos para a Força de manobra
4) Considerações Finais
Segundo o MCDID, a estratégia do SUAS fornece os elementos essenciais necessários para
que as Forças de Manobra do EEUA sejam capazes de atender os conceitos estabelecidos pelo MDO
(2028 e 2035), além de priorizar esforços, minimizando as redundâncias e otimizando o uso dos re-
cursos disponíveis.
A agilidade dos atuais adversários em adotar tecnologias semelhantes com armas acopladas
a baixo custo fez com que o EEUA estabelecesse os requisitos necessários com uma visão clara de
como pretende explorar os avanços tecnológicos disruptivos, para dotar cada unidade de combate
terrestre com ARP, estabelecendo um sistema integrado, capaz de atuar em terrenos complexos, co-
brindo os pontos cegos e proporcionando aos comandantes em diversos níveis informações precisas,
diminuindo o tempo de resposta, enquanto aumenta a letalidade das frações, a proteção, a mobilidade
e o esforço colaborativo entre os domínios terrestre, aéreo e cibernético.
CONTEXTO OPERACIONAL
● Campo de batalha expandido (expansão dos domínios) ● Operações em Terrenos Complexos
● Domínios contestados, Espectro eletromagnético e Ambiente ● Aumento da Letalidade
Informacional ● Operações Degradadas
PROBLEMA MILITAR
Como as Brigade Combat Team, operando como parte da Força Conjunta em MDO e juntamente com seus aliados e parceiros, moldam o
ambiente de segurança para dissuadir seus adversários e, quando necessário, combater e vencer os conflitos armados e depois retornar à
dissuasão em termos favoráveis?
IDEIA CENTRAL PARA AS BRIGADAS NO CROSS-DOMAIN MANEUVER
As Brigadas conduzirão manobras entre os domínios para moldar e estabelecer um ambiente de segurança, dissuadindo os adversários
durante a fase pré-conflito (competição), com capacidade para dominar e vencer os conflitos armados e retornar à fase pós-conflito em
termos favoráveis. Durante a fase pré-conflito (competição), as Brigadas apoiarão o engajamento regional, aumentando a interoperabilidade
entre aliados e parceiros para: moldar o ambiente de segurança; prevenir conflitos; e fornecer diferentes opções para responder e resolver as
crises. Após o recebimento de ordens, as Brigadas realizarão uma rápida transição para o conflito armado com o objetivo de destruir ou
derrotar as forças inimigas. Para isto, deverão executar com eficácia ações de C2; manobrar com capacidade de operar de forma semi-
independente; integrar as operações de Rec Seg entre todos os domínios para compreender o inimigo, ampliando a consciência situacional,
ao mesmo tempo que fornecem ao escalão superior tempo e espaço de manobra para reagir e desenvolver a situação. Os Corpos e as Divisões
de Exército deverão convergir seus esforços, permitindo que as Brigadas conduzam manobras entre os domínios em suas respectivas áreas
de operações. Durante o retorno à fase pós-conflito, as Brigadas deverão consolidar seus êxitos de forma a produzir resultados sustentáveis
e que permitam o estabelecimento de condições para dissuasão de longo prazo.
COMPONENTES PARA A SOLUÇÃO DO PROBLEMA
Execução Eficaz de Comando e Controle Emprego Semi-independente
● Permitir que os subordinados tomem a iniciativa das ações de ● Operar com dispersão no alcance máximo do apoio e sustentar as
acordo com a intenção do comandante. operações com distância de apoio estendida.
● Empregar meios seguros e resilientes de C2 que permitam ● Integrar sistemas tripulados e não-tripulados aéreos e terrestres.
uma rápida e oportuna tomada de decisão. ● Conduzir busca de alvos, realizar diferentes tipos de fogos e integrar
● Monitorar, regular e ocultar transmissões e emissões de sinais seus efeitos em todos os domínio e ambientes operacionais.
em todos os domínios e ambientes operacionais.
Integração das Operações de Rec Seg Enquadradas por Corpos e Divisões de Exército
● Sincronizar e empregar as capacidades de Rec Seg em todos ● Desenvolver e transmitir a consciência situacional em multidomí-
os domínios e ambientes operacionais. nios.
● Conduzir persistentemente, sob quaisquer condições climáti- ● Proporcionar efeitos convergentes e contínuos para que as Brigadas
cas, as Operações de Rec Seg. conduzam suas manobras entre os domínios do campo de batalha
● Conquistar e manter a consciência situacional no que diz res- (Cross-Domain Maneuver).
peito às ameaças QBRN. ● Permitir liberdade de manobra e de ação para que as Brigadas cum-
pram suas missões e conquistem os seus objetivos
CONTRIBUIÇÕES DAS BRIGADAS NAS OPERAÇÕES EM MULTIDOMÍNIOS
Pré-Conflito (Competição) Conflito Armado Pós-Conflito
● Desdobramento rápido; com as capaci- ● Destruir ou derrotar as forças inimi- ● Consolidar as conquistas proporcionando re-
dades adequadas. gas; dominar e ganhar a guerra. sultados sustentáveis.
● Garantir parcerias; dissuadir adversários; ● Realizar ataques preventivos para fi- ● Participar da recriação ou reconstrução das
realizar rápida transição para as Opera- xar e/ou isolar as forças inimigas. forças de segurança (estabilização).
ções em Larga Escala. ● Realizar dissimulação tática em todos ● Estabelecer condições para a dissuasão de
● Melhorar a interoperabilidade e manter a os domínios do combate, estimulando longo prazo.
prontidão para o combate. os sensores e sistemas inimigos para
torná-los suscetíveis à detecção.
Com a incorporação do US Army Africa, o comando europeu voltou a ser liderado por um Ge-
neral quatro estrelas, o que não ocorria por quase 10 (dez) anos. O recém promovido Gen Christopher
G. Cavoli, que já comandava o US Army Europe como General três estrelas desde 2018, será o en-
carregado de conduzir o novo comando ativado. Cabe esclarecer que, durante a maior parte de sua
existência, o componente do exército dos EUA em solo europeu foi comandado por um General qua-
tro estrelas, entretanto, em 2011, a necessidade de diminuir custos fez com que ocorresse a modifi-
cação no cargo para General três estrelas.
A sede do novo comando permanecerá, por enquanto, em Wiesbaden (Alemanha), assim como
não haverá mudança de sede das forças que faziam parte do antigo US Army Africa, que se localizava
em Vicenza, Itália. O antigo US Army Africa foi redesignado como Força-Tarefa do Sul da Europa-
África (Southern European Task Force – Africa/SETAF-AF) e será comandado pelo Major-General
Andy Rohling, antigo comandante do US Army Africa. A SETAF-AF será responsável por todas as
operações e recursos que eram destinados para o US Army Africa, contudo essa Força se concentrará
em sua missão como núcleo de uma força-tarefa conjunta para operações no continente africano e Sul
da Europa.
A área de responsabilidade do novo comando engloba 104 países, além de contar com mais de
64.000 homens e mulheres prontos para o serviço, posicionados nos dois continentes. Tem como
propósito prevenir agressões e assegurar aos aliados e parceiros o compromisso dos EUA com paz e
a estabilidade regional.
Segundo fontes do Exército dos EUA, a fusão dos comandos permitirá maior sinergia, agilidade
e a capacidade de transferir forças e recursos de um teatro para outro, a fim de apoiar as missões nos
dois continentes. O secretário do Exército Ryan D. McCarthy afirmou que a nova estrutura aumentará
a eficácia do comando e controle, a flexibilidade e a capacidade de conduzir operações em larga
escala, conjuntas e em multi-domain operations.
Outro fato relevante para o teatro de operações europeu foi a reativação do V Corpo de Exér-
5
cito , que tem o quartel-general na Polônia mais especificamente em Poznan. Uma das missões do V
4 https://www.europeafrica.army.mil/
5
https://home.army.mil/knox/index.php/units-tenants/v-corps
O rearranjo das forças no teatro de operações europeu parece ser uma das prioridades do
Exército dos EUA. A reativação do V Corpo de Exército e a estatura do comando de um General
quatro estrelas, assim como todo os seus assessores e a estrutura disponível, deixam claro essa rele-
vância.
A título de comparação, o único comando regional que possuía um comandante quatro
estrelas era o Comando do Pacífico – US Army Pacific (USARPAC), tendo em vista a sua importân-
cia estratégica atual.
6 https://www.army.mil/standto/archive/2020/12/08/
A criação do Army Futures Command (AFC)7 na estrutura do Exército dos Estados Unidos, ocor-
rida no ano de 2018 e com a finalidade de acelerar a modernização da Força, está trazendo bons
resultados para a Artilharia de Campanha. Além de outros projetos já apresentados em Informativos
anteriores8, a Equipe Multifuncional Fogos de Precisão de Longo Alcance (Long Range Precision
Fires Cross-Functional Team - LRPF CFT), o braço do AFC que cuida da modernização da Artilharia
de Campanha, está avançando no desenvolvimento do Obuseiro Estratégico de 1.000 milhas náuticas
(aproximadamente 1.840 km) de alcance.
A LRPF CFT conta com a prioridade de recursos destinados à modernização do Exército dos
Estados Unidos, pois o entendimento, sob a doutrina das Operações de Múltiplos Domínios, é de que
o uso da massa dos fogos sobre os alvos militares garante uma vantagem decisiva no Teatro de Ope-
rações. Com isso, existem projetos de desenvolvimento de armas que estenderão o alcance em todos
os níveis. No primeiro nível, a Artilharia de Tubo de Alcance Estendido (ERCA) almeja atingir al-
cances superiores a 120 km, um ganho muito considerável em comparação aos cerca de 30 km do
obuseiro Paladim M109A7 atualmente no serviço ativo. Em um segundo nível, encontramos os Mís-
seis de Ataque de Precisão, com alcance máximo ainda não definido, mas divulgado ser superior a
500 km e podendo chegar a 700 km. Em seguida, aparecem as armas hipersônicas, a cargo do Escri-
tório de Projetos Hipersônicos do US Army, com alcance superior a 1000 milhas náuticas, podendo
atingirem camadas superiores da atmosfera e descerem diretamente sobre o alvo. Fechando o catálogo
de capacidades almejadas para a Artilharia de Campanha do Exército dos Estados Unidos, aparece o
Obuseiro Estratégico de Longo Alcance.
Recentemente o Brigadier General Rafferty, comandante da LRPF CFT, afirmou que o US Army
não tem o objetivo de ter mais sistemas de armas de Artilharia, incluindo os foguetes e mísseis, que
os seus concorrentes militares. O objetivo, segundo ele, é derrotar qualquer inimigo com uma varie-
dade de armas combinadas. É neste contexto que está sendo desenvolvido o Obuseiro Estratégico de
Longo Alcance.
Durante a Fires Conference 20209, o General Rafferty, em palestra proferida, realizou uma breve
abordagem acerca do Obuseiro Estratégico. De forma didática, ele levantou três questões para trazer
uma reflexão sobre a viabilidade, a importância e os desafios do projeto.
1ª Questão: o Obuseiro pode ser feito? Concluiu que é tecnicamente possível.
7O assunto foi tratado no Informativo nº 3/2018 (Ativação do Army Futures Command) dos Oficiais de
Ligação e de Intercâmbio nos Estados Unidos da América e Canadá.
- A modernização do Exército dos Estados Unidos e suas novas capacidades: o Míssil de Ataque de
Precisão, disponível em
http://www.cdoutex.eb.mil.br/images/Informativos_em_geral/Exterior/EUA/Bol_Info_Nr_03_2020.pdf
9A Fires Conference é a conferência de fogos organizada anualmente pelo Centro de Excelência de Fogos
do Exército dos Estados Unidos – Fort Sill. É um evento que conta com palestrantes de alto nível hierárquico
do US Army e que apresenta projetos em desenvolvimento ou almejados, além de outras notícias relevantes
para a Artilharia de Campanha e a Artilharia Antiaérea. A Fires Conference 2020 ocorreu de 29 de setembro
a 1º de outubro de 2020 pela primeira vez de forma virtual, devido a pandemia de COVID-19.
Figura Nr 06 - protótipo do Obuseiro Estratégico de Longo Alcance extraído de um slide da apresentação do Gen Raf-
ferty ministrada durante a Fires Conference 2020.
A maior vantagem do Obuseiro Estratégico de Longo Alcance reside no fato de que poderá
atirar além do raio de atuação das aeronaves da Força Aérea de ataque ao solo, sem considerar um
reabastecimento em voo. Isto permitirá ataques a áreas que contam com proteção antiaérea eficientes
sem oferecer o risco de ter um piloto abatido. Além disto, disparos precisos poderão ser realizados
sobre os meios de defesa antiaérea do inimigo, permitindo um posterior emprego de aeronaves de
ataque ao solo com um risco reduzido ou até mesmo inexistente de serem abatidos.
O Exército dos Estados Unidos possui quatro diferentes linhas para a formação de oficiais:
- O comissionamento direto (Direct Comission) - dedicado a indivíduos que possuam liderança,
habilidades e experiência em campos profissionais de interesse (medicina, direito, religião, etc).
- O Corpo de Treinamento de Oficiais da Reserva (ROTC - Reserve Officers’ Training Corps)
- dedicado a estudantes de nível superior dispostos a cursar disciplinas eletivas de liderança, além de
cursos militares, em diferentes instituições de ensino superior dos Estados Unidos.
- A Escola de Candidatos a Oficial (OCS - Officer Candidate School) - dedicada a prover trei-
namento militar a candidatos (praças das FA ou civis), que já possuam graduação superior em cursos
com pelo menos quatro anos de duração.
- Academia Militar dos Estados Unidos (USMA - United States Military Academy - West Point)
- instituição de ensino superior, administrada e conduzida pelo Exército Norte-Americano, onde os
cadetes realizam curso superior de quatro anos, em uma das 37 (trinta e sete) áreas disponíveis, en-
quanto estão imersos em um ambiente de costumes e tradições militares, recebendo treinamento mi-
litar adequado.
-OCS
A Escola de Candidatos a Oficial (Officer Candidate School) destina-se a praças selecio-
nadas pelo exército, bem como a civis, que já possuam diploma de ensino superior, em curso de pelo
menos quatro anos de duração.
O curso ministrado constitui-se em um rigoroso treinamento de 12 (doze) semanas de du-
ração, realizado no Fort Benning (Georgia), com ênfase em instruções de tática e liderança, ao tér-
mino do qual os candidatos serão comissionados oficiais combatentes do Exército norte-americano.
O curso é conduzido em duas fases, sendo a primeira destinada ao desenvolvimento de
habilidades básicas de liderança, por meio de atividades e instruções que visem desafiar física e men-
talmente os candidatos. Já na segunda fase, as habilidades adquiridas serão postas à prova em um
exercício de aplicação no terreno, com a duração de 18 dias.
Para habilitar-se a frequentar a escola, o candidato não pode ter mais de seis anos de serviço
público federal anterior, deve ter entre 19 e 32 anos de idade (deve concluir o curso antes de completar
34 anos de idade). Além disso, os candidatos oriundos do meio civil devem ser cidadãos americanos.
- USMA
A Academia Militar dos Estados Unidos, também conhecida como Academia Militar de
West Point, é a instituição de ensino superior destinada à graduação e ao comissionamento de oficiais
exclusivamente para o Exército norte-americano. É considerada uma instituição referência para o
desenvolvimento de líderes para a nação americana.
Para concorrer a uma de suas vagas, os candidatos devem ter entre 17 e 22 anos, ser cidadão
americano e solteiro. O processo de admissão ocorre por aplicação e não por concurso. No processo
de seleção, são considerados fatores como currículo escolar (graus, posições de liderança ocupadas,
atividades realizadas, participação em equipes desportivas, etc.), nota obtida no SAT/ACT (prova
americana equivalente ao ENEM) e aprovação em teste físico (o qual pode ser aplicado por qualquer
profissional de educação física no país). Um outro ponto interessante no processo de admissão é a
necessidade da indicação (nomeação) por parte de um congressista, presidente ou vice-presidente da
república, além de uma porcentagem de vagas a serem indicadas pelo próprio exército americano.
Filhos de possuidores da Medalha de Honra, caso desejem, tem acesso garantido à instituição.
Existe uma escola preparatória de cadetes (USMA Prep) cujas instalações são anexas às
instalações de West Point. No entanto, o curso, de um ano de duração, não é obrigatório e destina-se
àqueles candidatos que, apesar de selecionados por seu potencial de liderança, necessitam de reforço
na parte acadêmica.
O curso em West Point tem a duração de quatro anos, ao longo dos quais os cadetes estu-
dam cerca de 39 (trinta e nove) disciplinas acadêmicas, sendo, aproximadamente, 24 (vinte e quatro)
correspondentes ao currículo básico e outras 15 (quinze) disciplinas correspondentes a uma dentre as
37 (trinta e sete) áreas específicas de estudos (psicologia, letras, direito, áreas diversas de engenharia,
história, sociologia, economia, negócios, etc.). Os cadetes devem cursar também 3 (três) disciplinas
na área militar (Introdução à arte da guerra, Fundamentos de Operações de Pequenas Frações e Co-
mando de Pelotões) e 7 (sete) disciplinas na área física (boxe, natação de sobrevivência, movimentos
militares, condicionamento pessoal, aplicações em combate, condicionamento físico no exército e
esporte para a vida). Os cursos da área física são cursos acadêmicos e não estão diretamente relacio-
nados com o teste de aptidão física (ACFT - Army Combat Fitness Test - equivalente ao TAF) ao qual
os cadetes são submetidos duas vezes por ano.
Além do citado acima, os cadetes são submetidos a outros treinamentos militares, técnicos,
táticos e de liderança, principalmente no período do verão (meses de junho e julho). Dentre tais trei-
namentos, podem-se citar o Treinamento Básico de Cadetes (6 semanas), Treinamento de Campo de
Cadetes (4 semanas), Treinamento de Líder de Cadetes, além da realização de cursos como paraque-
dismo militar, montanhismo, assalto aéreo, dentre outros.
Os cadetes escolhem a sua arma (dentre as 17 disponíveis) apenas no último ano, no entanto,
só recebem treinamento específico na arma escolhida em um curso realizado após a graduação, no
forte correspondente à sua especialidade (OBC - Curso Básico de Oficiais).
A ausência de ensino superior gratuito nos Estados Unidos torna o financiamento de um curso
superior uma ferramenta de atração para a carreira do oficialato nas Forças Armadas norte-america-
nas.
Independente da linha de acesso, todos os oficiais combatentes possuem os mesmos direitos
e deveres, inclusive o direito de acesso aos mais altos postos da carreira (o Gen Collin Powell –
Operação Tempestade no Deserto - 1990 é oriundo de ROTC).
Todos os oficiais norte-americanos possuem um curso superior específico, realizado em insti-
tuição civil ou militar (West Point) que lhes facilita o acesso ao mercado de trabalho quando da pas-
sagem para a reserva.
A condição exigida de que todos os oficiais possuam um curso superior de graduação faz com
que o Exército norte-americano possua oficiais de mais idade nos primeiros postos, o que pode pro-
porcionar comandantes de frações mais amadurecidos e experientes e com maior capacidade de dis-
cernimento na solução dos problemas cotidianos e em combate.
Existem mecanismos para a retenção e aproveitamento na carreira para as praças (soldados e
sargentos) que demonstrem potencial para o serviço como oficiais e que atendam às condições exigi-
das (programa “Green to Gold”).
É interessante a existência dos “Senior Military Colleges”, espécie de colégios militares de
nível superior, que oferecem cursos acadêmicos, dentro de um ambiente de culto de valores, disci-
plina e tradições militares.
1) Considerações iniciais
Enquanto uns dos lemas do Exército Brasileiro retrata os graduados como “o elo fundamental
entre o comando e a tropa”, no Exército dos EUA eles são a “espinha dorsal do Exército”, e seu papel
em ambos os exércitos é o mesmo: manter os padrões e a disciplina de seus círculos.
Apesar das tarefas dos graduados americanos (Noncomissioned Officers - NCOs) serem
muito parecidas com as dos graduados brasileiros, suas atribuições estão mais direcionadas ao trei-
namento, à mentoria, ao controle e cuidado de seus soldados, sendo os principais responsáveis por
lhes fornecer bons exemplos e lhes servir de modelo. Os sargentos carregam os encargos de serem os
principais responsáveis pelo adestramento, educação e desenvolvimento dos soldados e dos próprios
graduados mais jovens, das pequenas frações e dos grupos de combate pertencentes a sua unidade.
Além deste papel, os sargentos também são os responsáveis diretos pelo assessoramento e
auxílio no desenvolvimento dos oficiais mais modernos, com quem compartilham suas experiências
Boletim Informativo OUT/NOV/DEZ 20 Pág 15
e julgamento profissional. Os NCOs buscam criar laços profissionais e de amizade com os oficiais,
estabelecendo a base para a confiança mútua e para o alcance de objetivos comuns. Em cada nível
organizacional, os comandantes possuem NCOs em funções chave que lhes servem como assessores,
que fornecem conselhos e que servem como uma importante fonte de conhecimento nos assuntos
relacionados às praças, e ainda, como especialistas em questões táticas e técnicas.
A carreira dos NCOs inicia com a promoção a E-5 (Sergeant) e passa por mais três promo-
ções (E-6 - Staff Sergeant, E-7 - Sergeant First Class e E-8 - Master Sergeant) até chegar ao topo da
carreira (E-9 - Sergeant Major). Além destas graduações, existem outras três que estão relacionadas
aos comissionamentos das graduações E-8 e E-9. Estes comissionamentos (First Sergeant, Command
Sergeant Major e Sergeant Major of the Army) requerem a troca das divisas usadas pelos militares
que exercem o cargo, entretanto, não alteram a sua graduação.
USMA SGM-A
Contatos:
oligtradoc@gmail.com
oligmcoe@gmail.com
adjexeua@gmail.com