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EXÉRCITO BRASILEIRO

ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO

BOLETIM INFORMATIVO
OFICIAIS DE LIGAÇÃO E
INTERCÂMBIO NOS EUA
Nr 04 – OUT/NOV/DEZ 2020

Até o Boletim Nr 03/2020, esta publicação contava com matérias oriundas do Oficial de Ligação
dos Estados Unidos da América e do Canadá, contudo com a recém implantação da Aditância no
Canadá, o Boletim seguirá trazendo exclusivamente assuntos relacionados ao Exército dos EUA.
O Boletim Informativo vem se firmando como importante ferramenta de divulgação dos temas
mais atuais relacionados aos avanços doutrinários, tecnológicos e de material na área da Defesa. Tem
sido utilizado em trabalhos acadêmicos e também como fonte de consulta para a solução de questões
doutrinárias.
Deste modo, na reestruturação do Exércitos Americano, serão apresentados os seguintes tópicos:
a estratégia de desenvolvimento dos Sistemas de Pequenas Aeronaves Remotamente Pilotados
(Small Unmanned Aircraft System - SUAS) do Exército dos EUA (2020-2035) para o Cross-
Domain Maneuver; a unificação do US Army Europe e US Army Africa em US Army Europe-
Africa (USAREUR-AF) e sua reestruturação; e o Obuseiro Estratégico de Longo Alcance.
Dentro das Atividades de Ensino, Instrução e Adestramento, no intuito de esclarecer relevantes
aspectos nessa área, este Boletim abordará dois temas de grande relevância: a formação de oficiais
combatentes no Exército dos EUA e o papel do Adjunto de Comando (Command Sergeant
Major) no Exército dos EUA.

1. REESTRUTURAÇÃO DO EXÉRCITO AMERICANO

a. A estratégia de desenvolvimento dos Sistemas de Pequenas Aeronaves Remotamente


Pilotados (Small Unmanned Aircraft System - SUAS) do Exército dos EUA (2020-2035) para o
Cross-Domain Maneuver.
A Diretoria de Integração de Desenvolvimento de Capacidade de Manobra (Maneuver Capabi-
lity Development Integration Directorate - MCDID), sediada no Fort Benning e subordinada ao Fu-
tures and Concepts Center/US Army Futures Command, que tem a missão de elaborar os conceitos
doutrinários futuros relacionados à Função de Combate Movimento e Manobra, bem como de iden-
tificar e estabelecer os requisitos necessários para o desenvolvimento de novas capacidades (DOA-
MEPI) para as Forças de Manobra (Infantaria e Cavalaria), apresentou, ao Cmt do Centro de Exce-
lência de Manobra, a estratégia de desenvolvimento do Sistema de Pequenas Aeronaves Remota-
mente Pilotadas (SUAS) a ser empregado nos escalões Grupo de Combate, Pelotão, Companhia e
Batalhão/Regimento.

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A estratégia tem por finalidade do-
tar todos os escalões do Exército dos SMALL UNMANNED AIRCRAFT SYSTEM
EUA (EEUA) com SUAS modernos e
que possuam tecnologias avançadas e in- Contribuições para o Cross-Domain Maneuver
tegradas (robótica e inteligência artifi- 1. Executar Comando e Controle
cial), fornecendo mais uma ferramenta 2. Integrar as Operações de Reconhecimento e Se-
para as Brigade Combat Team (BCT) gurança
atuarem efetivamente no Cross-Domain 3. Operar de forma semi-independente
Maneuver, inseridos no Multi-Domain
Operations (MDO). A seguir, serão apresentadas algumas considerações a respeito desta estratégia.

1) Identificação do Problema.
O estudo das ameaças listadas na Estratégia de Defesa Nacional/20181 (China, Rússia, Irã,
Coreia do Norte e Grupos Extremistas) identificou que, atualmente, as Brigade Combat Team (BCT)
possuem, dentre outras, as seguintes deficiências em relação aos seus possíveis inimigos:
- Capacidade limitada de detectar e destruir plataformas inimigas antes de ser detectada.
- Insuficiência de meios e sensores tripulados/não-tripulados para conduzir as Operações de
Reconhecimento e Segurança em todos os domínios do ambiente operacional.
- Capacidade limitada para coletar, processar e analisar dados, bem como de compartilhar as
informações obtidas oportunamente, sem interrupção, em longas distâncias e em terrenos complexos,
de forma a obter vantagem contra as forças inimigas.
- As tropas de Infantaria, de Reconhecimento e Segurança (Cavalaria), de apoio ao combate
(Engenharia), bem como os Observadores de Artilharia não possuem a capacidade de realizar cha-
madas de vídeo e de voz com transmissão de dados, de forma segura, para agilizar a tomada de deci-
sões, em tempo real, durante as operações a pé (dismounted operations).
- As BCT não possuem a capacidade para conduzir operações antiaérea, com meios orgâni-
cos, contra ameaças aéreas remotamente pilotadas.

Estratégia de
Defesa The U.S. Army in
Nacional Multi-Domain
2018 Operations 2028

The Army The U.S. Army


Vision Concept for BCT
Cross-Domain
Maneuver 2028-2040

Figura Nr 01 – Desenvolvimento da Estratégia do Small Unmanned Aircraft System

2) Requisitos Futuros Desejados e os Tipos de Aeronaves Integrantes do Sistema.


Os SUAS devem possuir recursos tecnológicos para as ações de Reconhecimento e Segu-
rança, que atendam aos requisitos de alcance e autonomia associados a cada escalão de emprego,
desde o Batalhão/Regimento até os Grupos de Combate.

1 Vide Boletim Informativo Nr 01/2018.

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No entanto, para que sejam totalmente eficazes, apesar do escalonamento e da possibilidade
de emprego de forma isolada nos escalões mais baixos, o sistema deverá ser integrado em rede, co-
ordenado pelo escalão superior e, como Estado Final Desejado em 2035, possuir:
- Sensores para atuar no ramo da Inteligência de Sinais (Guerra Eletrônica).
- Sensores infravermelhos que poderão ampliar o campo de observação.
- Recursos de vídeo integrados a radares para a indicação de alvo móvel no solo.
- Inteligência Artificial com capacidade de integrar dados de vários sensores, bem como
analisá-los oportunamente, apresentando informações precisas para o tomador de decisão, de forma
a aumentar significativamente a eficácia da consciência situacional, a letalidade dos soldados, a pro-
teção e a mobilidade das tropas, tudo isto controlado por um controle robótico universal (Universal
Robotic Controller - URC).
No que diz respeito à capacidade dos SUAS armados para estes escalões, foi informado que
existe a necessidade de alterações na diretriz do Departamento de Defesa, que estabeleceu responsa-
bilidades para o desenvolvimento e o emprego dos sistemas autônomos e semiautônomos com uso de
armas, incluindo plataformas tripuladas e/ou não-tripuladas2.
Foram estabelecidos os seguintes tipos de Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP) para
comporem o sistema:
- Sensor Conduzido por Soldado (Soldier Borne Sensor).
- Reconhecimento de Curto-alcance (Short-Range Reconnaissance).
- Reconhecimento de Médio-alcance (Medium-Range Reconnaissance).
- Reconhecimento de Longo-alcance (Long-Range Reconnaissance).

Figura Nr 02 – SUAS: Capacidades das ARP/Escalão

3) Execução da Estratégia de Desenvolvimento e Aprimoramento do Sistema


a) Curto-prazo (2020-2023).

2 Diretriz do DoDD 3000.09 - Autonomy in Weapons Systems – https://www.hsdl.org/?abstract&did=726163).

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O Exército aprovou os requisitos básicos para SUAS em todos os escalões de Bata-
lhão/Regimento até Grupo de Combate (Capabilities Production Document) e está realizando testes
com a tecnologia atual, a fim de garantir que os sistemas mais capazes sejam colocados em atividades
desde já.
O gráfico abaixo ilustra a abordagem escalonada fornecida pelos requisitos atuais do
SUAS, com o alcance relativo e a autonomia nos Batalhões de Infantaria e nos Regimentos de Cava-
laria (Cavalry Squadron).

Figura Nr 03 – Escalonamento do Small Unmanned Aircraft System

b) Médio-prazo (2024-2028)
Foram estabelecidas as seguintes prioridades de modernização para serem implementadas
no SUAS:
• Evitar obstáculo/perigo.
• Operações com GPS em ambientes de comunicação negada.
• Configurações de arquitetura de carga útil e interfaces padronizadas.
• Imagens térmicas aprimoradas para detecção de alvos noturnos.
• Aprimoramento do alcance de link de dados, sem linha de visão.
• Simuladores de vôo integrados para treinamento de sistema embarcado.
• Vídeo de alta definição para detecção e reconhecimento de alvos à luz do dia.
• Campo de visão vertical aprimorado.
• Desempenho de limite mantido durante condições ambientais degradadas.
• Cursor no formato da mensagem de destino.
• Redução do tamanho, peso e potência.
• Maior confiabilidade operacional da Plataforma.
• Redução do tempo para a colocação em operação.
• Reconhecimento automatizado de objetos para detecção aprimorada de ameaças.
• Padrões de digitalização automatizados.

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c) Longo-prazo (2029-2035)
No longo prazo, o EEUA pretende desenvolver e integrar tecnologias disruptivas3 para
modernizar o SUAS de forma a atingir o Estado Final Desejado, para proporcionar as condições ne-
cessárias às suas Forças de Manobras na execução do Cross-Domain Maneuver em apoio às Opera-
ções em Multidomínios.
O esforço crítico de modernização no longo prazo é a migração do sistema para um Con-
trolador Robótico Universal (Universal Robotic Controller - URC), que será projetado para ter a ca-
pacidade operacional de controlar todos os sistemas robóticos existentes nos Batalhões de Infanta-
ria/Regimentos de Cavalaria, sejam eles aéreos e/ou terrestres, conforme mostrado no esquema
abaixo:

Figura Nr 04 – Progressão do Esforço de Modernização dos Sistemas Robóticos para a Força de manobra

4) Considerações Finais
Segundo o MCDID, a estratégia do SUAS fornece os elementos essenciais necessários para
que as Forças de Manobra do EEUA sejam capazes de atender os conceitos estabelecidos pelo MDO
(2028 e 2035), além de priorizar esforços, minimizando as redundâncias e otimizando o uso dos re-
cursos disponíveis.
A agilidade dos atuais adversários em adotar tecnologias semelhantes com armas acopladas
a baixo custo fez com que o EEUA estabelecesse os requisitos necessários com uma visão clara de
como pretende explorar os avanços tecnológicos disruptivos, para dotar cada unidade de combate
terrestre com ARP, estabelecendo um sistema integrado, capaz de atuar em terrenos complexos, co-
brindo os pontos cegos e proporcionando aos comandantes em diversos níveis informações precisas,
diminuindo o tempo de resposta, enquanto aumenta a letalidade das frações, a proteção, a mobilidade
e o esforço colaborativo entre os domínios terrestre, aéreo e cibernético.

3 Vide Boletim Informativo Nr 01/2020.

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QUADRO RESUMO
AS BRIGADAS DE COMBATE (BCT) NO CROSS-DOMAIN MANEUVER

CONTEXTO OPERACIONAL
● Campo de batalha expandido (expansão dos domínios) ● Operações em Terrenos Complexos
● Domínios contestados, Espectro eletromagnético e Ambiente ● Aumento da Letalidade
Informacional ● Operações Degradadas

AMBIENTE OPERACIONAL E CAPACIDADES DAS AMEAÇAS


● Operações de Combate em Larga Escala ● Crescimento Populacional (Urbaniza- ● Guerra Eletrônica, Cibernética, Espacial
● Ameaças com mesmo poder de combate; ção) ● Precisão dos Fogos
Híbridas; Insurgentes ● Interação Social Global em Rede ● Sistemas Terrestres e Aéreos Remotamente Pi-
● Organizações Terroristas; Criminosas; ● Operações Subterrâneas no Ambiente lotados (ataques “swarms”)
Extremistas Urbano (redes de esgotos/metrôs) ● Defesa Aérea Integrada
● Degradação do meio-ambiente; Desas- ● Inteligência Artificial
tres naturais; Problemas de Saúde ● Busca de Contínua Alvos

PROBLEMA MILITAR
Como as Brigade Combat Team, operando como parte da Força Conjunta em MDO e juntamente com seus aliados e parceiros, moldam o
ambiente de segurança para dissuadir seus adversários e, quando necessário, combater e vencer os conflitos armados e depois retornar à
dissuasão em termos favoráveis?
IDEIA CENTRAL PARA AS BRIGADAS NO CROSS-DOMAIN MANEUVER
As Brigadas conduzirão manobras entre os domínios para moldar e estabelecer um ambiente de segurança, dissuadindo os adversários
durante a fase pré-conflito (competição), com capacidade para dominar e vencer os conflitos armados e retornar à fase pós-conflito em
termos favoráveis. Durante a fase pré-conflito (competição), as Brigadas apoiarão o engajamento regional, aumentando a interoperabilidade
entre aliados e parceiros para: moldar o ambiente de segurança; prevenir conflitos; e fornecer diferentes opções para responder e resolver as
crises. Após o recebimento de ordens, as Brigadas realizarão uma rápida transição para o conflito armado com o objetivo de destruir ou
derrotar as forças inimigas. Para isto, deverão executar com eficácia ações de C2; manobrar com capacidade de operar de forma semi-
independente; integrar as operações de Rec Seg entre todos os domínios para compreender o inimigo, ampliando a consciência situacional,
ao mesmo tempo que fornecem ao escalão superior tempo e espaço de manobra para reagir e desenvolver a situação. Os Corpos e as Divisões
de Exército deverão convergir seus esforços, permitindo que as Brigadas conduzam manobras entre os domínios em suas respectivas áreas
de operações. Durante o retorno à fase pós-conflito, as Brigadas deverão consolidar seus êxitos de forma a produzir resultados sustentáveis
e que permitam o estabelecimento de condições para dissuasão de longo prazo.
COMPONENTES PARA A SOLUÇÃO DO PROBLEMA
Execução Eficaz de Comando e Controle Emprego Semi-independente
● Permitir que os subordinados tomem a iniciativa das ações de ● Operar com dispersão no alcance máximo do apoio e sustentar as
acordo com a intenção do comandante. operações com distância de apoio estendida.
● Empregar meios seguros e resilientes de C2 que permitam ● Integrar sistemas tripulados e não-tripulados aéreos e terrestres.
uma rápida e oportuna tomada de decisão. ● Conduzir busca de alvos, realizar diferentes tipos de fogos e integrar
● Monitorar, regular e ocultar transmissões e emissões de sinais seus efeitos em todos os domínio e ambientes operacionais.
em todos os domínios e ambientes operacionais.

Integração das Operações de Rec Seg Enquadradas por Corpos e Divisões de Exército
● Sincronizar e empregar as capacidades de Rec Seg em todos ● Desenvolver e transmitir a consciência situacional em multidomí-
os domínios e ambientes operacionais. nios.
● Conduzir persistentemente, sob quaisquer condições climáti- ● Proporcionar efeitos convergentes e contínuos para que as Brigadas
cas, as Operações de Rec Seg. conduzam suas manobras entre os domínios do campo de batalha
● Conquistar e manter a consciência situacional no que diz res- (Cross-Domain Maneuver).
peito às ameaças QBRN. ● Permitir liberdade de manobra e de ação para que as Brigadas cum-
pram suas missões e conquistem os seus objetivos
CONTRIBUIÇÕES DAS BRIGADAS NAS OPERAÇÕES EM MULTIDOMÍNIOS
Pré-Conflito (Competição) Conflito Armado Pós-Conflito
● Desdobramento rápido; com as capaci- ● Destruir ou derrotar as forças inimi- ● Consolidar as conquistas proporcionando re-
dades adequadas. gas; dominar e ganhar a guerra. sultados sustentáveis.
● Garantir parcerias; dissuadir adversários; ● Realizar ataques preventivos para fi- ● Participar da recriação ou reconstrução das
realizar rápida transição para as Opera- xar e/ou isolar as forças inimigas. forças de segurança (estabilização).
ções em Larga Escala. ● Realizar dissimulação tática em todos ● Estabelecer condições para a dissuasão de
● Melhorar a interoperabilidade e manter a os domínios do combate, estimulando longo prazo.
prontidão para o combate. os sensores e sistemas inimigos para
torná-los suscetíveis à detecção.

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b. A unificação do US Army Europe e US Army Africa em US Army Europe-Africa
(USAREUR-AF) e sua reestruturação.
No dia 10 de novembro de 2020, foi anunciado pelo Exército dos EUA a criação do US Army
Europe and Africa (USAREUR-AF)4, que se originou da incorporação do US Army Africa pelo US
Army Europe. Essa transformação visa melhorar a capacidade de alcançar os objetivos estratégicos e
operacionais africanos e europeus delineados na Estratégia Nacional de Defesa.

Figura Nr 05 – Insígnia do USAREUR-AF

Com a incorporação do US Army Africa, o comando europeu voltou a ser liderado por um Ge-
neral quatro estrelas, o que não ocorria por quase 10 (dez) anos. O recém promovido Gen Christopher
G. Cavoli, que já comandava o US Army Europe como General três estrelas desde 2018, será o en-
carregado de conduzir o novo comando ativado. Cabe esclarecer que, durante a maior parte de sua
existência, o componente do exército dos EUA em solo europeu foi comandado por um General qua-
tro estrelas, entretanto, em 2011, a necessidade de diminuir custos fez com que ocorresse a modifi-
cação no cargo para General três estrelas.
A sede do novo comando permanecerá, por enquanto, em Wiesbaden (Alemanha), assim como
não haverá mudança de sede das forças que faziam parte do antigo US Army Africa, que se localizava
em Vicenza, Itália. O antigo US Army Africa foi redesignado como Força-Tarefa do Sul da Europa-
África (Southern European Task Force – Africa/SETAF-AF) e será comandado pelo Major-General
Andy Rohling, antigo comandante do US Army Africa. A SETAF-AF será responsável por todas as
operações e recursos que eram destinados para o US Army Africa, contudo essa Força se concentrará
em sua missão como núcleo de uma força-tarefa conjunta para operações no continente africano e Sul
da Europa.
A área de responsabilidade do novo comando engloba 104 países, além de contar com mais de
64.000 homens e mulheres prontos para o serviço, posicionados nos dois continentes. Tem como
propósito prevenir agressões e assegurar aos aliados e parceiros o compromisso dos EUA com paz e
a estabilidade regional.
Segundo fontes do Exército dos EUA, a fusão dos comandos permitirá maior sinergia, agilidade
e a capacidade de transferir forças e recursos de um teatro para outro, a fim de apoiar as missões nos
dois continentes. O secretário do Exército Ryan D. McCarthy afirmou que a nova estrutura aumentará
a eficácia do comando e controle, a flexibilidade e a capacidade de conduzir operações em larga
escala, conjuntas e em multi-domain operations.
Outro fato relevante para o teatro de operações europeu foi a reativação do V Corpo de Exér-
5
cito , que tem o quartel-general na Polônia mais especificamente em Poznan. Uma das missões do V

4 https://www.europeafrica.army.mil/
5
https://home.army.mil/knox/index.php/units-tenants/v-corps

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Corpo de Exército é desonerar o USAREUR-AF das funções operacionais e táticas. Dessa forma, o
USAREUR-AF contará com a SETAF-AF e com o recém reativado V Corpo de Exército. Isto permitirá
ao novo comando estabelecido se concentrar nos planejamentos e ligações nos níveis mais elevados,
tanto na Europa, quanto na África, enquanto SETAF-AF e o V Corpo de Exército6 se concentram na
prontidão e interoperabilidade com os aliados e parceiros.

Major Subordinate Commands


▪ V Corps
▪ 7th Army Training Command
▪ 10th Army Air & Missile Defense Command
▪ 19th Battlefield Coordination Detachment
▪ 21st Theater Sustainment Command
▪ Headquarters & Headquarters Battalion
▪ Southern European Task Force – Africa
▪ U.S. Army Europe Band and Chorus
▪ U.S. Army NATO Brigade
Supporting Organizations
▪ 2nd Theater Signal Brigade
▪ 5th Military Police Battalion
▪ 66th Military Intelligence Brigade
▪ 598th Transportation Brigade
▪ Installation Management Command – Europe
▪ Regional Health Command Europe
▪ U.S. Army Corps of Engineers - Europe District
▪ U.S. Army Flight Operations Detachment
▪ U.S. Army Medical Materiel Center – Europe
Additional Support
U.S. Army Soldiers also contribute to multi-national missions around Europe including:
▪ Atlantic Resolve
▪ Enhanced Forward Presence (Battle Group Poland)
▪ Georgia Defense Readiness Program - Training
▪ Joint Multinational Training Group - Ukraine
▪ Kosovo Force Regional Command-East

O rearranjo das forças no teatro de operações europeu parece ser uma das prioridades do
Exército dos EUA. A reativação do V Corpo de Exército e a estatura do comando de um General
quatro estrelas, assim como todo os seus assessores e a estrutura disponível, deixam claro essa rele-
vância.
A título de comparação, o único comando regional que possuía um comandante quatro
estrelas era o Comando do Pacífico – US Army Pacific (USARPAC), tendo em vista a sua importân-
cia estratégica atual.

6 https://www.army.mil/standto/archive/2020/12/08/

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c. O Obuseiro Estratégico de Longo Alcance

A criação do Army Futures Command (AFC)7 na estrutura do Exército dos Estados Unidos, ocor-
rida no ano de 2018 e com a finalidade de acelerar a modernização da Força, está trazendo bons
resultados para a Artilharia de Campanha. Além de outros projetos já apresentados em Informativos
anteriores8, a Equipe Multifuncional Fogos de Precisão de Longo Alcance (Long Range Precision
Fires Cross-Functional Team - LRPF CFT), o braço do AFC que cuida da modernização da Artilharia
de Campanha, está avançando no desenvolvimento do Obuseiro Estratégico de 1.000 milhas náuticas
(aproximadamente 1.840 km) de alcance.
A LRPF CFT conta com a prioridade de recursos destinados à modernização do Exército dos
Estados Unidos, pois o entendimento, sob a doutrina das Operações de Múltiplos Domínios, é de que
o uso da massa dos fogos sobre os alvos militares garante uma vantagem decisiva no Teatro de Ope-
rações. Com isso, existem projetos de desenvolvimento de armas que estenderão o alcance em todos
os níveis. No primeiro nível, a Artilharia de Tubo de Alcance Estendido (ERCA) almeja atingir al-
cances superiores a 120 km, um ganho muito considerável em comparação aos cerca de 30 km do
obuseiro Paladim M109A7 atualmente no serviço ativo. Em um segundo nível, encontramos os Mís-
seis de Ataque de Precisão, com alcance máximo ainda não definido, mas divulgado ser superior a
500 km e podendo chegar a 700 km. Em seguida, aparecem as armas hipersônicas, a cargo do Escri-
tório de Projetos Hipersônicos do US Army, com alcance superior a 1000 milhas náuticas, podendo
atingirem camadas superiores da atmosfera e descerem diretamente sobre o alvo. Fechando o catálogo
de capacidades almejadas para a Artilharia de Campanha do Exército dos Estados Unidos, aparece o
Obuseiro Estratégico de Longo Alcance.
Recentemente o Brigadier General Rafferty, comandante da LRPF CFT, afirmou que o US Army
não tem o objetivo de ter mais sistemas de armas de Artilharia, incluindo os foguetes e mísseis, que
os seus concorrentes militares. O objetivo, segundo ele, é derrotar qualquer inimigo com uma varie-
dade de armas combinadas. É neste contexto que está sendo desenvolvido o Obuseiro Estratégico de
Longo Alcance.
Durante a Fires Conference 20209, o General Rafferty, em palestra proferida, realizou uma breve
abordagem acerca do Obuseiro Estratégico. De forma didática, ele levantou três questões para trazer
uma reflexão sobre a viabilidade, a importância e os desafios do projeto.
1ª Questão: o Obuseiro pode ser feito? Concluiu que é tecnicamente possível.

7O assunto foi tratado no Informativo nº 3/2018 (Ativação do Army Futures Command) dos Oficiais de
Ligação e de Intercâmbio nos Estados Unidos da América e Canadá.

8 Assuntos correlatos já tratados anteriormente:


- A modernização do Exército dos Estados Unidos e suas novas capacidades: armas hipersônicas até 2023,
disponível em
http://www.cdoutex.eb.mil.br/images/Informativos_em_geral/Exterior/EUA/BI_Info_Nr_04_EUA_Canada.pdf
- A modernização do Exército dos Estados Unidos e suas novas capacidades: Artilharia de Tubo de Longo
Alcance, disponível em
http://www.cdoutex.eb.mil.br/images/Informativos_em_geral/Exterior/EUA/2020/Bol_Info_Nr_01__2020_US
A_CAN.pdf

- A modernização do Exército dos Estados Unidos e suas novas capacidades: o Míssil de Ataque de
Precisão, disponível em
http://www.cdoutex.eb.mil.br/images/Informativos_em_geral/Exterior/EUA/Bol_Info_Nr_03_2020.pdf
9A Fires Conference é a conferência de fogos organizada anualmente pelo Centro de Excelência de Fogos
do Exército dos Estados Unidos – Fort Sill. É um evento que conta com palestrantes de alto nível hierárquico
do US Army e que apresenta projetos em desenvolvimento ou almejados, além de outras notícias relevantes
para a Artilharia de Campanha e a Artilharia Antiaérea. A Fires Conference 2020 ocorreu de 29 de setembro
a 1º de outubro de 2020 pela primeira vez de forma virtual, devido a pandemia de COVID-19.

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2ª Questão: refletiu se o Exército dos Estados Unidos deve produzir um Obuseiro Estratégico,
apresentando as ideias de que ele trará inúmeras vantagens sobre o oponente durante o combate.
Acrescentou que se trata, na verdade, de uma superarma que apresenta vantagens exclusivas, como a
baixa detecção aos meios de busca de alvos do inimigo devido à possibilidade de realizar disparos a
uma grande distância da linha de contato e o emprego de fogos em pontos cruciais na retaguarda do
inimigo, a fim de conquistar uma vantagem estratégica. Assim, afirmou que o Obuseiro Estratégico
precisa ser construído.
3ª Questão: apresentou a reflexão de como fazer tal arma, abordando que existem desafios a
serem superados ao longo do seu desenvolvimento, principalmente ligadas ao propelente das grana-
das.

Figura Nr 06 - protótipo do Obuseiro Estratégico de Longo Alcance extraído de um slide da apresentação do Gen Raf-
ferty ministrada durante a Fires Conference 2020.

Um tema frequentemente abordado, quando se trata do Obuseiro Estratégico, diz respeito ao


fato de que estão em desenvolvimento as armas hipersônicas, que também visam atuar no nível es-
tratégico, com alcance na casa das 1000 (mil) milhas náuticas. A LRPF CFT tem informado que o
custo dos disparos do Obuseiro Estratégico deve ser muito inferior ao das armas hipersônicas, permi-
tindo o seu emprego em maior frequência. Por outro lado, as armas hipersônicas, devido a sua velo-
cidade e a carga explosiva, serão capazes de destruir alvos fortificados e/ou enterrados, além de não
existir meio de defesa na atualidade. Assim, as duas armas, ambas no nível estratégico, devem ser
consideradas para alvos com diferentes características.
Embora o nome da nova arma seja obuseiro, ela deverá empregar munições diferentes das dos
obuseiros que conhecemos na atualidade. As granadas contarão com propelente, semelhante ao que
ocorre com os foguetes, pois seria impossível atingir alcances tão grandes somente com as cargas de
projeção. Ainda não se sabe como isto está sendo projetado, mas já foi divulgado que as granadas
contarão com a orientação de GPS para ter uma boa precisão sobre o alvo. De fato, sem correções
durante a trajetória seria previsível uma grande dispersão dos tiros, praticamente inviabilizando o
engajamento de alvos. Já se sabe que a guarnição do Obuseiro Estratégico será composta por 8 ho-
mens e cada Bateria contará com 4 peças. Outro requisito do projeto é ser transportável por ar e mar.
Atirar a alcances tão grandes também levanta dúvidas sobre como será a busca de alvos. O
Exército dos Estados Unidos usualmente emprega os seus meios orgânicos para a busca de alvos,
considerando os sistemas de radares, helicópteros de reconhecimento e os sistemas de aeronaves re-
motamente pilotadas (SARP). Mas quando os alvos estão a 1000 milhas náuticas de alcance uma
nova abordagem precisará ser considerada. Segundo o Gen Rafferty, muitas informações sobre alvos
serão fornecidas por meios de satélites ou por meio dos caças F-35, que contam com tecnologia
stealth. Um desafio apresentado será criar uma rede que consiga conectar os sensores, decisores e
atiradores em um tempo compatível para o engajamento dos alvos.

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Figura Nr 07 - representação gráfica de como o US Army visualiza seu futuro sistema de Artilharia de Campa-
nha. Na figura, o Canhão Estratégico e as armas hipersônicas são designados como Strategic Fires Launcher

A maior vantagem do Obuseiro Estratégico de Longo Alcance reside no fato de que poderá
atirar além do raio de atuação das aeronaves da Força Aérea de ataque ao solo, sem considerar um
reabastecimento em voo. Isto permitirá ataques a áreas que contam com proteção antiaérea eficientes
sem oferecer o risco de ter um piloto abatido. Além disto, disparos precisos poderão ser realizados
sobre os meios de defesa antiaérea do inimigo, permitindo um posterior emprego de aeronaves de
ataque ao solo com um risco reduzido ou até mesmo inexistente de serem abatidos.

2. ATIVIDADES DE ENSINO, INSTRUÇÃO E ADESTRAMENTO

a. A formação de oficiais combatentes no Exército dos EUA

O Exército dos Estados Unidos possui quatro diferentes linhas para a formação de oficiais:
- O comissionamento direto (Direct Comission) - dedicado a indivíduos que possuam liderança,
habilidades e experiência em campos profissionais de interesse (medicina, direito, religião, etc).
- O Corpo de Treinamento de Oficiais da Reserva (ROTC - Reserve Officers’ Training Corps)
- dedicado a estudantes de nível superior dispostos a cursar disciplinas eletivas de liderança, além de
cursos militares, em diferentes instituições de ensino superior dos Estados Unidos.
- A Escola de Candidatos a Oficial (OCS - Officer Candidate School) - dedicada a prover trei-
namento militar a candidatos (praças das FA ou civis), que já possuam graduação superior em cursos
com pelo menos quatro anos de duração.
- Academia Militar dos Estados Unidos (USMA - United States Military Academy - West Point)
- instituição de ensino superior, administrada e conduzida pelo Exército Norte-Americano, onde os
cadetes realizam curso superior de quatro anos, em uma das 37 (trinta e sete) áreas disponíveis, en-
quanto estão imersos em um ambiente de costumes e tradições militares, recebendo treinamento mi-
litar adequado.

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Com exceção do Direct Comission, todas as outras linhas de formação têm o objetivo de formar
oficiais combatentes de carreira, os quais, independente da linha escolhida, terão as mesmas respon-
sabilidades e prerrogativas, durante sua carreira militar.
Falar em carreira militar nas Forças Armadas dos Estados Unidas tem um sentido diferente,
uma vez que os oficiais não têm a obrigação, e muitas vezes não têm a intenção, de permanecer na
instituição além do tempo pelo qual se comprometeram, no momento da sua inscrição. Como regra
geral, os oficiais cujos estudos superiores (curso superior) sejam financiados pelas Forças Armadas
têm a obrigação de permanecer no serviço ativo por um período de no mínimo 5 (cinco) anos (quatro
anos para os oriundos de ROTC), após os quais poderão passar à reserva não remunerada (onde per-
manecem por um período de mais três anos). Dependendo do nível de especialização do oficial e da
situação de emprego das forças armadas em um dado período, tal tempo de permanência obrigatória
pode ser estendido. Como exemplo, atualmente, os oficiais do exército formados na arma de “Avia-
ção” têm um período mínimo de permanência de 12 (doze) anos após o seu comissionamento.
Tal situação de saída da força não se constitui um problema nas Forças Armadas norte-ame-
ricanas, considerando que todos os oficiais possuem uma formação superior em uma área específica,
na qual poderão trabalhar após a passagem para a reserva (que pode ocorrer em qualquer momento
da carreira). Mesmo os oficiais formados na Academia Militar (West Point), além da formação mili-
tar, têm formação superior em área específica, a qual garante acesso ao mercado de trabalho, caso
não prossigam na carreira das armas.
Dados do Exército dos Estados Unidos informam que, dos oficiais que ingressam na força
anualmente, 70% são oriundos do ROTC, 20% da USMA e os últimos 10% da OCS ou de Direct
Comissioning.
Dito isso, seguem algumas observações sobre as formas de ingresso na linha combatente,
(ROTC, OCS e USMA):
- ROTC
O ROTC é um programa disponível em mais de 1.100 faculdades e universidades norte-
americanas e tem uma duração prevista de 4 (quatro) anos, podendo ser reduzida, a depender do ano
acadêmico em que se encontre o candidato, atendidas as condições do programa.
Por meio do programa, o Exército dos Estados Unidos fornece bolsas de estudo para alunos
que ingressam ou que estejam cursando o ensino superior (que ainda tenham pelo menos dois anos a
cursar), as quais cobrirão períodos de dois até quatro anos de estudo, considerado o mérito escolar do
candidato. Na verdade, a inscrição no programa já pode ser iniciada nos dois últimos anos do ensino
médio. No mesmo programa, os denominados cadetes podem optar por servir no Corpo da Reserva
ou na Guarda Nacional, em um programa mais amplo, uma vez que tais cadetes terão a oportunidade
de servir, durante o curso, em unidades destas forças.
Caso o interessado já esteja cursando uma universidade e deseje concluir o treinamento
militar em um período de apenas 2 (dois) anos, deverá concluir um treinamento intensivo de 28 (vinte
e oito) dias no Fort Knox (Kentucky), denominado Treinamento Inicial de Entrada de Cadetes (Lea-
der’s Training Course). Após o treinamento inicial, os cadetes nesta situação passarão pelo curso
avançado (nos últimos dois anos da graduação), até a data do seu comissionamento.
Este programa também é oferecido anualmente a soldados selecionados que desejem uma
oportunidade para obter uma graduação superior e que demonstrem potencial para o serviço como
oficial das forças armadas (Green to Gold Program).
Durante a realização dos cursos no programa, os cadetes recebem um salário mensal de
cerca de U$ 420.00 (quatrocentos e vinte dólares).
O programa consiste em instruções em sala de aula e de exercícios no terreno, mesclados
com as aulas normais de um curso superior. Durante o verão, treinamentos adicionais, tais como nas
escolas de paraquedismo e de assalto aéreo, podem ser realizados pelos cadetes.
Existem instituições civis, muitas vezes privadas, denominadas “Senior Military Colle-
ges”, que possuem um forte programa de ROTC, contando inclusive com a existência de um corpo
de cadetes e de rotina militar, à semelhança do que ocorre na Academia Militar de West Point. A
Universidade de Norwich, a The Citadel e o Instituto Militar da Virgínia são exemplos de ROCT.

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Figura Nr 13 – Formatura do Corpo de Cadetes na Academia Militar “Citadel” – Carolina do Sul.

-OCS
A Escola de Candidatos a Oficial (Officer Candidate School) destina-se a praças selecio-
nadas pelo exército, bem como a civis, que já possuam diploma de ensino superior, em curso de pelo
menos quatro anos de duração.
O curso ministrado constitui-se em um rigoroso treinamento de 12 (doze) semanas de du-
ração, realizado no Fort Benning (Georgia), com ênfase em instruções de tática e liderança, ao tér-
mino do qual os candidatos serão comissionados oficiais combatentes do Exército norte-americano.
O curso é conduzido em duas fases, sendo a primeira destinada ao desenvolvimento de
habilidades básicas de liderança, por meio de atividades e instruções que visem desafiar física e men-
talmente os candidatos. Já na segunda fase, as habilidades adquiridas serão postas à prova em um
exercício de aplicação no terreno, com a duração de 18 dias.
Para habilitar-se a frequentar a escola, o candidato não pode ter mais de seis anos de serviço
público federal anterior, deve ter entre 19 e 32 anos de idade (deve concluir o curso antes de completar
34 anos de idade). Além disso, os candidatos oriundos do meio civil devem ser cidadãos americanos.

Figura Nr 14 – Atividade de Instrução na Escola de Candidatos a Oficial – Fort Benning – Georgia.

- USMA
A Academia Militar dos Estados Unidos, também conhecida como Academia Militar de
West Point, é a instituição de ensino superior destinada à graduação e ao comissionamento de oficiais
exclusivamente para o Exército norte-americano. É considerada uma instituição referência para o
desenvolvimento de líderes para a nação americana.

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Para atrair jovens a cursarem a instituição, a academia oferece curso superior gratuito, alo-
jamento, plano de saúde e odontológico e salário mensal. Além disso, a garantia de emprego (após a
formação), como oficial do exército norte-americano, com salário competitivo e em uma posição de
liderança.

Figura Nr 15 – Formatura na Academia Militar de West Point – Nova Iorque.

Para concorrer a uma de suas vagas, os candidatos devem ter entre 17 e 22 anos, ser cidadão
americano e solteiro. O processo de admissão ocorre por aplicação e não por concurso. No processo
de seleção, são considerados fatores como currículo escolar (graus, posições de liderança ocupadas,
atividades realizadas, participação em equipes desportivas, etc.), nota obtida no SAT/ACT (prova
americana equivalente ao ENEM) e aprovação em teste físico (o qual pode ser aplicado por qualquer
profissional de educação física no país). Um outro ponto interessante no processo de admissão é a
necessidade da indicação (nomeação) por parte de um congressista, presidente ou vice-presidente da
república, além de uma porcentagem de vagas a serem indicadas pelo próprio exército americano.
Filhos de possuidores da Medalha de Honra, caso desejem, tem acesso garantido à instituição.
Existe uma escola preparatória de cadetes (USMA Prep) cujas instalações são anexas às
instalações de West Point. No entanto, o curso, de um ano de duração, não é obrigatório e destina-se
àqueles candidatos que, apesar de selecionados por seu potencial de liderança, necessitam de reforço
na parte acadêmica.
O curso em West Point tem a duração de quatro anos, ao longo dos quais os cadetes estu-
dam cerca de 39 (trinta e nove) disciplinas acadêmicas, sendo, aproximadamente, 24 (vinte e quatro)
correspondentes ao currículo básico e outras 15 (quinze) disciplinas correspondentes a uma dentre as
37 (trinta e sete) áreas específicas de estudos (psicologia, letras, direito, áreas diversas de engenharia,
história, sociologia, economia, negócios, etc.). Os cadetes devem cursar também 3 (três) disciplinas
na área militar (Introdução à arte da guerra, Fundamentos de Operações de Pequenas Frações e Co-
mando de Pelotões) e 7 (sete) disciplinas na área física (boxe, natação de sobrevivência, movimentos
militares, condicionamento pessoal, aplicações em combate, condicionamento físico no exército e
esporte para a vida). Os cursos da área física são cursos acadêmicos e não estão diretamente relacio-
nados com o teste de aptidão física (ACFT - Army Combat Fitness Test - equivalente ao TAF) ao qual
os cadetes são submetidos duas vezes por ano.
Além do citado acima, os cadetes são submetidos a outros treinamentos militares, técnicos,
táticos e de liderança, principalmente no período do verão (meses de junho e julho). Dentre tais trei-
namentos, podem-se citar o Treinamento Básico de Cadetes (6 semanas), Treinamento de Campo de
Cadetes (4 semanas), Treinamento de Líder de Cadetes, além da realização de cursos como paraque-
dismo militar, montanhismo, assalto aéreo, dentre outros.

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Figura Nr 16 – Cadetes realizam tiro de morteiro durante exercício no terreno – West Point – NY.

Os cadetes escolhem a sua arma (dentre as 17 disponíveis) apenas no último ano, no entanto,
só recebem treinamento específico na arma escolhida em um curso realizado após a graduação, no
forte correspondente à sua especialidade (OBC - Curso Básico de Oficiais).
A ausência de ensino superior gratuito nos Estados Unidos torna o financiamento de um curso
superior uma ferramenta de atração para a carreira do oficialato nas Forças Armadas norte-america-
nas.
Independente da linha de acesso, todos os oficiais combatentes possuem os mesmos direitos
e deveres, inclusive o direito de acesso aos mais altos postos da carreira (o Gen Collin Powell –
Operação Tempestade no Deserto - 1990 é oriundo de ROTC).
Todos os oficiais norte-americanos possuem um curso superior específico, realizado em insti-
tuição civil ou militar (West Point) que lhes facilita o acesso ao mercado de trabalho quando da pas-
sagem para a reserva.
A condição exigida de que todos os oficiais possuam um curso superior de graduação faz com
que o Exército norte-americano possua oficiais de mais idade nos primeiros postos, o que pode pro-
porcionar comandantes de frações mais amadurecidos e experientes e com maior capacidade de dis-
cernimento na solução dos problemas cotidianos e em combate.
Existem mecanismos para a retenção e aproveitamento na carreira para as praças (soldados e
sargentos) que demonstrem potencial para o serviço como oficiais e que atendam às condições exigi-
das (programa “Green to Gold”).
É interessante a existência dos “Senior Military Colleges”, espécie de colégios militares de
nível superior, que oferecem cursos acadêmicos, dentro de um ambiente de culto de valores, disci-
plina e tradições militares.

b. A graduação de Sergeant Major e suas responsabilidades no Exército Americano

1) Considerações iniciais
Enquanto uns dos lemas do Exército Brasileiro retrata os graduados como “o elo fundamental
entre o comando e a tropa”, no Exército dos EUA eles são a “espinha dorsal do Exército”, e seu papel
em ambos os exércitos é o mesmo: manter os padrões e a disciplina de seus círculos.
Apesar das tarefas dos graduados americanos (Noncomissioned Officers - NCOs) serem
muito parecidas com as dos graduados brasileiros, suas atribuições estão mais direcionadas ao trei-
namento, à mentoria, ao controle e cuidado de seus soldados, sendo os principais responsáveis por
lhes fornecer bons exemplos e lhes servir de modelo. Os sargentos carregam os encargos de serem os
principais responsáveis pelo adestramento, educação e desenvolvimento dos soldados e dos próprios
graduados mais jovens, das pequenas frações e dos grupos de combate pertencentes a sua unidade.
Além deste papel, os sargentos também são os responsáveis diretos pelo assessoramento e
auxílio no desenvolvimento dos oficiais mais modernos, com quem compartilham suas experiências
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e julgamento profissional. Os NCOs buscam criar laços profissionais e de amizade com os oficiais,
estabelecendo a base para a confiança mútua e para o alcance de objetivos comuns. Em cada nível
organizacional, os comandantes possuem NCOs em funções chave que lhes servem como assessores,
que fornecem conselhos e que servem como uma importante fonte de conhecimento nos assuntos
relacionados às praças, e ainda, como especialistas em questões táticas e técnicas.
A carreira dos NCOs inicia com a promoção a E-5 (Sergeant) e passa por mais três promo-
ções (E-6 - Staff Sergeant, E-7 - Sergeant First Class e E-8 - Master Sergeant) até chegar ao topo da
carreira (E-9 - Sergeant Major). Além destas graduações, existem outras três que estão relacionadas
aos comissionamentos das graduações E-8 e E-9. Estes comissionamentos (First Sergeant, Command
Sergeant Major e Sergeant Major of the Army) requerem a troca das divisas usadas pelos militares
que exercem o cargo, entretanto, não alteram a sua graduação.

Figura Nr 17 – A carreira dos Graduados no Exército dos EUA

2) O Sergeant Major (SGM) – histórico e evolução


O Sergeant Major (SGM) é a última graduação do Corpo de NCOs e existe em vários exér-
citos do mundo. Tem sua origem nos Exércitos da França e Inglaterra em meados do século XV, onde
essa designação referia-se ao posto de oficial superior, correspondente ao do atual Major. Entretanto,
foi no Exército Americano que passou a ter uma maior importância para os quadros de graduados,
principalmente durante e após a Guerra do Vietnã.
A primeira menção à graduação do SGM no Exército Americano foi em 1775, quando ao
organizar o Exército Continental, baseado na organização do Exército Britânico, o General George
Washington e seu Estado-Maior incluíram a posição de SGM nos quadros de cada unidade de nível
regimento e batalhão. Durante essa organização, ficou decidida a função do SGM: “ser para os sar-
gentos e cabos, o que o major é para os oficiais comandantes de pelotão”. Depois de sua implantação,
esta função permaneceu a mesma até a Guerra do Vietnã.
À medida que o Exército Americano se envolvia mais profundamente no conflito do Vietnã,
as falhas estruturais no sistema de recrutamento, treinamento e adaptabilidade dos graduados torna-
ram-se cada vez mais aparentes. A falta de treinamento específico para os quadros de sargentos tor-
nou-se crítica à medida que aumentou a importância dos líderes de combate de pequenas frações. O
sistema de rotação do Exército Americano no Vietnã, em particular o período de serviço de um ano,
não dava aos seus NCOs o tempo para desenvolver habilidades e a experiência para manter a conti-
nuidade do treinamento e do padrão de desempenho que era esperado destes líderes. Por não ter o
conhecimento técnico adequado e o treinamento necessário para liderar suas frações, os sargentos
não cumpriam o seu papel de maneira eficiente, o que forçava os oficiais a desempenharem o seu
papel no comando do pelotão e, paralelamente, exercerem o papel que era esperado dos sargentos
que faziam parte do seu pelotão. Com isso, o papel dos sargentos mais antigos também foi impactado,
ficando cada vez mais minimizado no ambiente altamente fragmentado do campo de batalha. Além
disso, devido à falta de clareza e definição, nem os soldados, nem os graduados ou sequer os oficiais
entendiam exatamente qual era o real papel do SGM.
Em meados da década de 1960, numa tentativa de corrigir essa situação, foi estabelecido que
o primeiro dever do SGM era servir e ser leal a seu oficial comandante; seu segundo dever era atuar

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em prol do Estado-Maior de sua unidade, esclarecendo sobre a intenção do comandante; e, seu ter-
ceiro dever era servir de exemplo e ser responsável pelo bem-estar das tropas de sua unidade. Equi-
librar estas três funções dependia muito das percepções de outros militares, haja vista que muitos
ainda desconheciam a importância da real função exercida pelo SGM.
Para suprir essa falta de clareza, o então Comandante do Exército Americano, Gen Harold
Johnson, procurou definir o papel do SGM como “o conselheiro sênior” em todos os escalões, bus-
cando agregar prestígio à posição do NCO mais experiente. Ele planejou atingir este objetivo de duas
maneiras. A primeira delas, foi a criação do cargo de Sergeant Major of the Army (SMA), em 1966.
Ele pensava que “se fosse para considerar os NCOs como sendo a ‘espinha dorsal do Exército’, de-
veria haver uma posição que realmente valorizasse este papel”. Assim, aprovou a criação do novo
cargo e nomeou o SGM William Wooldridge como primeiro SMA do Exército Americano. Promover
um graduado como representante dos NCOs a uma posição-chave dentro da estrutura do Exército foi
uma decisão sem precedentes até aquele momento.

Figura Nr 18 – Gen Johnson e SMA Wooldridge.


A principal função do SMA era servir como assessor/consultor sênior do Comandante do Exér-
cito em relação aos assuntos relativos aos NCOs. Com a oportunidade que lhe foi proporcionada, o
SMA Wooldridge focou seu trabalho na expansão da função, dedicando-se para melhorar a comuni-
cação entre soldados, NCOs e oficiais. A criação do cargo de SMA mudou a maneira como o Exército
Americano via seus sargentos e a maneira como os soldados e NCOs passaram a se relacionar. Com
o passar do tempo, o SMA Wooldridge conseguiu estabelecer a conexão que faltava entre os NCOs e
os escalões superiores do Exército. No entanto, enquanto a Guerra do Vietnã desafiava a percepção
que muitos tinham sobre o Exército Americano, alguns se aproveitavam dos insucessos no campo de
batalha para criticar a criação da nova posição. Enfrentando este ambiente complexo e desfavorável,
o SMA trabalhou para manter o cargo em condições positivas, tornando-se não apenas os olhos e os
ouvidos do Comandante do Exército, mas, de várias maneiras, também do círculo dos NCOs, facili-
tando o seu relacionamento mútuo e realizando um trabalho voltado à coesão na Instituição, tornando-
se o símbolo de que poderia haver uma perspectiva de carreira para os soldados.
A segunda medida tomada pelo Gen Johnson buscou estabelecer a clareza no papel desempe-
nhado pelos SGM, que atuavam como olhos e ouvidos dos seus respectivos comandantes e aqueles
que serviam como integrantes dos Estados-Maiores das unidades. Em 1967, Gen Johnson aprovou a
criação do programa de implantação do cargo de Command Sergeants Major (CSM). O programa foi
projetado para selecionar um grupo de SGM que atendessem os requisitos necessários para serem
nomeados como CSM em unidades-chave da Instituição. No ano seguinte, em 1968, o programa cum-
priu sua finalidade, preparando e treinando 192 SGM que foram selecionados para se tornarem CSM
e assumirem a função nas principais unidades e comandos do Exército. Pela primeira vez na história
do Exército Americano, graduados receberiam responsabilidades juntos aos níveis mais altos da ins-
tituição.
Com a criação do cargo de CSM, e por ainda não se ter uma clareza do real papel que seria
exercido pelo militar nomeado, começaram a surgir alguns problemas. Muitos militares começaram

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reclamar sobre a designação do novo cargo, pois apesar de ser denominado Command Sergeant Ma-
jor, o militar que ocupava este cargo não possuía qualquer tipo de autoridade de comando. Alguns
militares dos altos escalões do Exército Americano tinham a preocupação de que os CSM usurpariam
a autoridade legal dos comandantes e que acabariam quebrando o canal oficial da cadeia de comando.
Essa preocupação acabou culminando com vários comandantes, dos mais diversos níveis, subutili-
zando os militares nomeados como CSM, empregando-os em funções diferentes das quais deveriam
exercer. Com o passar dos anos e a verificação de que os temores da quebra da hierarquia não ocor-
reram, os comandantes acabaram por aprender a utilizar esta ferramenta em prol da prontidão e da
disciplina de suas unidades.
Ao final da Guerra do Vietnã, o principal papel exercido pelo CSM era o de estar presente entre
as tropas, verificando o que estava acontecendo com os soldados, quais as dificuldades que estavam
enfrentando para cumprir suas missões e o que poderia ser melhorado em relação ao seu bem-estar.
Durante uma conferência realizada depois da guerra, o comandante do TRADOC determinou que o
CSM poderia fazer muito mais do que verificar o que se passava com os soldados. Foi então determi-
nado que o rol de atribuições do CSM teria mais uma tarefa: supervisar o treinamento dos soldados
em suas esquadras, grupos de combate e seções. Mais tarde, ao final da Guerra do Golfo, era comum
os comandantes de unidade comentarem que seus CSM pareciam estar em todos os lugares. Eles eram
vistos conversando com os soldados, checando suas condições e prontidão da tropa, resolvendo pro-
blemas de logística, ajudando seus comandantes a controlar a unidade, e resolvendo pequenos pro-
blemas que desviavam a atenção dos comandantes da sua missão mais importante, a condução do
combate. Em 1989, o Exército Americano formou um grupo de trabalho para estabelecer quais seriam
as competências e habilidades básicas que os SGM e CSM deveriam possuir, bem como as tarefas
que poderiam exercer, entretanto, foi só em 1990, com a edição do Guia do NCO Americano, que o
papel do SGM foi claramente definido.
Dentre todos os papéis desempenhados pelos SGM na atualidade, estar presente e servir de
modelo é o que mais recebe ênfase. Suas ações, palavras e a maneira como eles se comportam devem
transmitir confiança, estimular o desenvolvimento das competências individuais e da liderança, além
de gerar exemplos positivos para os demais graduados e soldados.
O atual Guia do NCO (TC 7-22.7) traz uma lista de deveres e afazeres sob a responsabilidade
do SGM, bem como estabelece qual é o seu papel nos diversos níveis do Exército Americano. O SGM
é o graduado mais destacado dentre os demais NCOs e faz parte do Estado-Maior da unidade desde
o nível batalhão até os níveis mais altos. Cada OM do nível batalhão e acima deste, possui dois SGM:
O Command Sergeant Major (CSM) e o Operations Sergeant Major (Ops SGM). Ambos são encar-
regados de desenvolver e aplicar políticas e padrões de desempenho, treinamento, apresentação indi-
vidual e conduta de todos os graduados da sua organização.
O CSM é um dos principais consultores do comandante da unidade, mostrando o seu ponto de
vista, gerenciando talentos e apresentando sugestões ao comandante e ao Estado-Maior em assuntos
pertinentes às praças da organização. É o principal agente de influência da liderança aos graduados
diretamente sob a responsabilidade de sua organização. O CSM é considerado a extensão da presença
de seu comandante, e é, ainda, o principal responsável por checar se a intenção do comandante da
unidade foi perfeitamente entendida.
Da mesma maneira, o Ops SGM é peça fundamental junto ao Sub Cmt e S3 da OM no processo
de planejamento do treinamento e das operações militares, aproveitando sua expertise e a vasta ex-
periência prática, conhecimento técnico e tático para assessorar a seção de operações nos assuntos
relacionados aos NCOs. Entretanto, por motivo de gestão de pessoal, nem todas as unidades possuem
um SGM no cargo de Ops SGM, ficando este cargo sob a responsabilidade de um militar de graduação
mais baixa (E-8 ou E-7), com reconhecida competência e experiência para desenvolver as tarefas
relativas à função.
Adicionalmente, os SGM, sejam eles CSM ou Ops SGM, compõem as diversas comissões de
promoção de NCOs de suas respectivas QMS, desempenhando um papel fundamental na análise da
escala de mérito dos NCOs que serão promovidos às novas graduações. Eles são responsáveis pela
avaliação dos currículos e por confeccionar as listas de promoção por mérito, numerando todos os

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NCOs que estejam constando nos quadros de acesso. Ao final do processo de avaliação, o CSM res-
ponsável pela chefia de cada comissão remete as listas para o Departamento de Recursos Humanos
do Exército para publicação dos quadros e as devidas promoções, quando houver a abertura de claros.
Nas OM de nível superior ao nível batalhão (Bda, Div, Corpo Ex, Cmdo Mil Geográfico, De-
partamentos, Cmdo Ex e Cmdo Op Cj) existe, além do CSM e do Ops SGM, um SGM por seção do
Estado-Maior da unidade com funções relacionadas ao adjunto da seção, todos com a missão de as-
sessorar o chefe de seção no bom cumprimento de sua função. Convém ressaltar que, para ser seleci-
onado como CSM nas unidades acima do escalão batalhão (brigada em diante), o SGM precisa obri-
gatoriamente ter desempenhado o cargo de CSM no nível imediatamente inferior ao que está concor-
rendo. Ao final dos comissionamentos de CSM, os militares que não foram selecionados para cargos
comissionados nos níveis imediatamente superiores ao que estavam ocupando, retornam à graduação
de SGM ou, geralmente, se aposentam.

Figura Nr 19 – SMA Michael Grinston – atual SMA do Exército dos EUA.


O cargo mais importante de um SGM no Exército Americano é o exercida pelo Sergeant Major
of the Army (SMA). Ele é o assessor direto do Comandante do Exército nos assuntos relacionados às
praças. O NCO que ocupa esta função é responsável por servir de exemplo a todos os graduados do
Exército, tendo como uma de suas principais atribuições representar a voz dos graduados junto às
decisões estratégicas do Comando do Exército. O militar escolhido para exercer esse cargo deve pos-
suir ilibada conduta militar, além de destacados atributos voltados à liderança. Um importante aspecto
relacionado a posição do SMA é que seu comissionamento não possui tempo determinado. Depende
da intenção do Comandante do Exército e culmina com a aposentadoria do militar que exerceu o
cargo quando do término do seu comissionamento.
Todas as funções desempenhadas pelos SGM dos níveis estratégicos são importantes e possuem
impacto direto no comportamento e na carreira do corpo de graduados americanos, porém é impor-
tante ressaltar a função exercida pelo SGM Comandante do Centro de Excelência e Liderança dos
Graduados do Exército Americano (NCOLCoE). Esta OM é subordinada diretamente ao TRADOC e
tem a responsabilidade de gerenciar, desenvolver e aplicar toda a instrução e treinamento voltada aos
NCOs. O cargo de comandante da NCOLCoE é a única posição do alto escalão do Exército Ameri-
cano que é ocupada por um graduado. Com isso, todas as escolas destinadas a formação, aperfeiçoa-
mento e especialização de NCOs, subordinadas ao NCOLCoE, são também comandadas por CSM,
sendo as exceções em todo o Exército dos Estados Unidos. Entretanto, sob a perspectiva da liderança
exercida, a função que mais apresenta resultados é a do CSM dos níveis batalhão e brigada, pois é na
“ponta da linha” onde o treinamento, o combate e os problemas acontecem.

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Figura Nr 20 – Centro de Excelência e Liderança dos Graduados do Exército Americano (NCOLCoE) e Academia de Sargentos Maiores
do Exército dos EUA (SGM-A) em El Paso – Texas

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Realização: Aditância do Exército nos EUA
Oficiais de Ligação do Exército Brasileiro junto ao US ARMY

TRADOC CAC MCoE MSCoE FCoE SCoE

Comando de Centro de Centro de Centro de Centro de Centro de


Treinamento Armas Excelência Excelência Excelência Excelência
e Doutrina Combinadas de Manobra de Apoio a de Fogos de Logística
Manobra

Oficiais de Intercâmbio junto ao US ARMY

USMA SGM-A

West Point Sergeants Major


Academy

Contatos:
oligtradoc@gmail.com
oligmcoe@gmail.com
adjexeua@gmail.com

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