Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EMBRIOLOGIA
Introdução
O sistema urinário e o sistema genital estão intimamente relacionados,
do ponto de vista embriológico e anatômico. O sistema urinário está
envolvido na formação, no depósito e na eliminação da urina, ao passo
que o sistema genital está relacionado à reprodução do indivíduo.
Neste capítulo, você vai entender a origem do sistema urogenital,
saber como ocorre a formação dos rins e estudar as estruturas que darão
origem aos sistemas reprodutores masculino e feminino.
Prega neural
Nível da
secção B
Espaços
celômicos
Mesoderma lateral
Borda cortada
do âmnio Notocorda
B Âmnio
A Espaços ceômicos
Plano da
secção D
Cordão nefrogênico Somatopleura
Pedículo de
conexão Notocorda Vesícula
umbilical
(saco Celoma
C D vitelino) intraembrionário
Tubo neural
Âmnio (cortado) Gânglio espinhal em desenvolvimento
Plano da
la te
secção F
ga
e
Pr
Celoma extraembrionário
Vesícula umbilical
E F
Capuzes Aglomerados
de tecido celulares
metanéfrico Néfron
Vesícula
Túbulo coletor renal Cápsula de
A B C Bowman
Túbulo
convoluto
Cápsula de Túbulos proximal Cápsula de
Bowman coletores Bowman
Alça de
Henle
D E Ramos ascendente F
e descendente da
alça de Henle
Mesonefro
Ducto Tubo
mesonéfrico
excretório
Glomérulo
Aorta Ducto mesonéfrico
Alça intestinal
Mesentério
dorsal Crista Crista
Gônada genital mesoférica
A B
Gônadas
Como dito anteriormente, o sistema genital se desenvolve a partir das cristas
genitais, que é a proliferação do mesoderma e das células mesenquimais adja-
centes, do modo a formar uma saliência de cada lado da linha média próxima
ao mesonefro. As células germinativas são provenientes do epiblasto e migram
as cristas por volta da sexta semana de desenvolvimento, misturando-se ao
epitélio mesenquimal. Por volta desse período, há a formação de diversos
cordões irregulares, chamados de cordões sexuais primitivos, com a prolife-
ração da crista, havendo uma zona cortical e uma zona medular. Esse período
é chamado de fase indiferenciada (SADLER, 2013; GARCIA; GARCÍA
FERNÁNDEZ, 2012).
O desenvolvimento do sistema genital masculino ocorre mais cedo quando
comparado ao feminino. Entre a sexta e a oitava semana, ocorrem modifica-
ções teciduais influenciadas pela presença do cromossomo Y em indivíduos
masculinos, sendo assim, os cordões sexuais primitivos continuam a se proli-
ferar, formando os testículos ou os cordões medulares. Alguns desses cordões
presentes na parte posterior se modificam, dando origem à rede testicular
(ou rete testis), aos túbulos seminíferos e aos túbulos retos. Posteriormente,
é formada uma camada de tecido fibroso (a albugínea) em torno do testículo,
que vai aumentando e se separando do mesonefro. A albugínea também se
desenvolve, formando septos e separando o testículo em lobos. A comunicação
entre a rete testis e os ductos mesonéfricos (que formarão o epidídimo e o ducto
10 Desenvolvimento do sistema urogenital
Ductos genitais
Durante a fase indiferenciada, os embriões apresentam, simultaneamente, dois
pares de ductos: ductos mesonéfricos (de Wolff) e ductos paramesonéfricos
(de Müller). Os ductos mesonéfricos vão do mesonefro até a cloaca e em
indivíduos masculinos formarão a via de transporte dos espermatozoides. Em
indivíduos femininos, porém, esse ducto desaparece. Os ductos paramesoné-
fricos são formados lateralmente aos ductos mesonéfricos por invaginação
do tecido celomático. Eles assumem o formato de Y, iniciando a formação do
primórdio uterovaginal.
Nos indivíduos masculinos, os testículos produzem uma substância que
induz a formação dos ductos mesonéfricos e inibe a formação dos ductos
paramesonéfricos. Quando há a degeneração do mesonefro, alguns túbulos
também se degeneram e se tornam tubos eferentes (que liga a rete testis ao
epidídimo). Outra parte do ducto mesonéfrico adquire uma camada muscu-
lar lisa e forma o ducto deferente, ligando o epidídimo à vesícula seminal.
A vesícula seminal é formada a partir de brotos do ducto deferente. A parte
do ducto mesonéfrico entre a abertura dessas glândulas e a uretra forma o
ducto ejaculatório (GARCIA; GARCÍA FERNÁNDEZ, 2012).
Desenvolvimento do sistema urogenital 11
Vagina
Após a fusão dos dois ductos paramesonéfricos para a formação do primórdio
uterovaginal, esse último se encontra no seio urogenital. Esse encontro forma
uma saliência que posteriormente forma um tecido espessado: a placa vaginal.
Esses dois tecidos, quando entram em contato (placa vaginal e porção final
primórdio), canalizam-se, formando a vagina. A estrutura da vagina é formada
majoritariamente pelo tecido dos ductos e a porção final caudal pelo tecido do
seio urogenital. O hímen é um delicado tecido que separa o seio urogenital do
canal vaginal, formado pelos tecidos epitelial e conectivo (Figura 9) (GARCIA;
GARCÍA FERNÁNDEZ, 2012).
Genitália externa
Na fase indiferenciada, observam-se três estruturas próximas ao orifício
cloacal que são formadas por desenvolvimento do mesênquima: o tubérculo
genital, as pregas urogenitais e as protuberâncias labioescrotais. As pregas
urogenitais se formam, uma de cada lado da membrana cloacal. O ponto de
encontro cranial das pregas é formado pelo tubérculo genital. Posteriormente,
as pregas urogenitais são divididas pelo septo uroretal e formam a membrana
anal na parte posterior e a membrana urogenital na parte anterior (GARCIA;
GARCÍA FERNÁNDEZ, 2012; MOORE et al., 2008; SADLER, 2013).
Nos indivíduos masculinos, o crescimento do tubérculo genital, chamado de
phallus, ocorre rapidamente. As pregas urogenitais formam a parte lateral do
sulco uretral (na parede ventral do pênis em formação). Posteriormente, essas
pregas se fecham e dão origem ao ducto da uretra peniana, que inicialmente
não atinge a ponta da estrutura. No quarto mês, células da ectoderme se proli-
feram e formam o canal dessa estrutura. A porção cefálica do tubérculo genital
origina a glande do pênis, ao passo que a união das pregas genitais origina o
corpo do pênis. As protuberâncias labioescrotais se fundem na linha média,
formando as bolsas escrotais. A linha de fusão entre as pregas genitais e as
pregas escrotais é chamada de rafe peniana e rafe escrotal, respectivamente
(Figura 10) (GARCIA; GARCÍA FERNÁNDEZ, 2012).
Nos indivíduos femininos, as mudanças da genitália externa são menos
drásticas. Há um pequeno aumento do tubérculo genital para a formação do
clitóris. As pregas urogenitais não se fundem e formam os pequenos lábios, e
as protuberâncias labioescrotais também não se fundem e formam os grandes
lábios (Figura 10) (GARCIA; GARCÍA FERNÁNDEZ, 2012).
14 Desenvolvimento do sistema urogenital
https://qrgo.page.link/B24vE
Desenvolvimento do sistema urogenital 15
GARCIA, S. M. L.; GARCIA FERNANDEZ, C. G. Embriologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
MOORE, K. L. et al. Embriologia clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
MOORE, K. L. et al. Embriologia clínica. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
MOORE, K. L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
SADLER, T. W. Langman: embriologia médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2013.
Leitura recomendada
EYNARD, R.; VALENTICH, M. A.; ROVASIO, R. A. Histologia e embriologia humanas: bases
celulares e moleculares. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.