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Sai às Quintas
DIRECTOR EDITORIAL:
Douglas Madjila
"A arte de iluminar"
Pag. 12
Paco Planelles
“Políticos e governantes
Pag. 03 não são vitalícios”
Atira Mirange aos governantes africanos
“Roubam e deixam o
Choram as crianças deslocadas do terrorismo
“Nós somos órfãos e
acima de tudo
pobres” Pag. 10 povo a salivar”
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A CONTROVERTIDA LEI DO
ABORTO LIVRE
Paco Planelles / Espanha
• Quando a vida do "nasciturus" é decidida Geral, Municipal e Autónoma Eleições'2023. doçura e futuro de um ser humano recém-
por outros • Decididamente, os políticos e governantes -gerado, de um embrião cheio de vida que se
Com a aprovação do presidente do recém espanhóis de ambos os lados do arco parla- desenvolve em paz, calma e compreensão no
remodelado Tribunal Constitucional, magis- mentar não são vitalícios. Eles estão prestes a caloroso ventre materno.
trado Cándido Conde-Pumpido e aos gritos abortar o que foi engendrado. Você é patrimônio de todos. Todos nós sor-
de "Cándido locuta, causa finita!"; bem como, Portanto, com critérios racionais indepen- rimos quando você sorri. Todos nós sofremos
com as alterações parlamentares introduzidas dentes e coração sensível; De forma "pessoal quando você sofre.
na norma da Lei do Aborto pelo inefável ex- e intransferível", tentarei sensibilizar a opinião Vocês, os pequenos, e nós, os mais velhos,
-presidente do Governo espanhol, José Luís pública, os legisladores e nossos governos so- fizemos um pacto. Dás-nos a tua franqueza,
Rodríguez Zapatero para voltar aos - meno- bre o drama que a prática do aborto acarreta. iluminas-nos com a tua graça e emprestas-nos
res de 16 / 17 anos, a decisão de abortar sem Drama que se materializa na morte de criatu- o engenho que nos falta. Nós, mais fortes, te
necessidade para consentimento dos pais e ras inocentes, na perversão da nobre prática damos nossa proteção; Alimentaremos e ves-
também, com a recente reforma na mesma po- da medicina e na falta de ajuda às grávidas tiremos seus corpinhos frágeis e os cobriremos
lêmica Lei chamada: Saúde Sexual e Reprodu- aqui ou fora das nossas fronteiras que também com nosso amor... com um amor intenso que
tiva / Interrupção Voluntária da Gravidez,... se tornam vítimas do aborto. A eles e seus fi- quer protegê-los de todo mal. Mas hoje, meu
chega ao Diário Oficial do Estado e entra em lhos (“nasciturus”), dirijo a seguinte carta que querido “nasciturus”, estou atravessado pela
vigor, com os 185 votos favoráveis de um só- encontrei num velho baú no sótão. dor, uma dor amarga, uma dor infinitamente
cio parlamentar maioria comunista presente • “Querido nascituro, amarga.
no Hemiciclo das Cortes Gerais do Reino da Você não fala ainda. Você é um embrião no Hoje, também me envergonho: a casta políti-
Espanha; maioria dos políticos, ministros e ventre de sua mãe. Você apenas balbucia. Você ca do atual arco parlamentar espanhol e outras
governantes de um governo de coalizão popu- fala com os olhos e com a expressão de todo o Os governantes, legisladores, juízes e magis-
lista, feminista radical e bolivariana na triste corpo. Seu dedo indicador vai em direção à trados governantes e triunfantes aqui, ou além
sessão de posse do atual e inefável presidente sua boca e, ao mesmo tempo, você dá alguns de nossas fronteiras, nos dizem que não estão
espanhol, Pedro Sánchez Pérez-Castejón, em chutes suaves Então você olha para sua mãe aqui para a vida: estão prestes a abortar o que
face das rejeições apresentadas à referida lei para perguntar se ela o entendeu. Você quer foi engendrado.
por ao Partido Popular, Ciudadanos e Vox por viver!...Você tem o direito de viver! Como é possível que pessoas eruditas e adul-
estarem seriamente empenhados na sua defe- Essa tua bela expressão que vejo nas eco- tas legislem e aprovem certas leis para destruir
sa total do direito à vida dos "nascituros" mas, grafias, tecida de balbucios, gestos, pontapés e seu corpinho! Como é possível que adultos
hoje, já! Aceitam a contundente veredicto do olhares, é a janela que me abres para que eu (pais, médicos e parteiras; legisladores, políti-
novo presidente do Tribunal Constitucional possa contemplar um ser humano vivo com a cos e governantes vão nos sangrar a todos com
e bendizem a referida "falha" de uma Lei há alma puríssima. Não preciso iluminá-la, por- seu sangue inocente!
muito apelada, gritando "Cándido locuta, cau- que ela irradia luz no seio quente de uma mãe.
sa finita!". Lá dentro, nós, os mais velhos, adivinhamos PONTO FINAL
Que hipocrisia, amigos! Porque há alguns toda a franqueza do mundo, tranquilos, espe-
anos num intenso debate ético, político, reli- rando o momento de fluir suavemente para • Hoje, querido “nasciturus”, quero me di-
gioso e moral - ainda existente na sociedade fora com as dores do parto. Bem, você sabe rigir a você - em meu nome e em nome de
espanhola - o chamado Marianista e secular muito bem pequeno "nasciturus" que a dor nossa ONGD & Fundación S.O.S. Crianças /
Partido Popular e até o novo líder conserva- nada mais é do que o Amor. Espere um pouco Espanha e dizer-lhe que, todos os seres huma-
dor, o galego Núñez Feijóo, foram plenamente e você poderá verificar isso! nos de boa vontade; Adultos e crianças, nós os
identificado e a favor do direito à vida do "nas- Você não é apenas o tesouro de sua mãe. amamos, sempre os amaremos... Vocês têm o
citurus"; algo que agora tentam resolver com Você é o tesouro de todos, de toda a huma- direito de viver!
a sua "saída do fórum" e o polémico arquiva- nidade. Filhinhos como vocês, os "nasciturus"
mento da questão do próprio Partido Popular que ainda não saíram do ventre de suas mães, Com a mão estendida,
para virar a página e dedicar-se às suas novas pertencem a nós. Em seus corpinhos fracos Saudaçôes
estratégias políticas para a próxima Assembleia e em suas almas limpas está toda a bondade, Kharimambo swinene
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Um governo Marginal
As recentes mudanças na direcção lação ou então de relações de ca- depende da terra por exemplo, o país
da Imprensa Nacional de Moçambi- maradagem, na verdade esperamos não produz, triste. Recursos minerais
que chamam-nos bastante atenção a nós que o presidente tenha notado o nesse país são explorados de forma
o que deve ser o objectivo central da quão potente é aquela instituição e se tão singular como se fossem perder
actual governação deste país. Foi pre- tenha empenhado então em indicar se o fizessem pela via estatal e não
miado desta vez, o ex-Secretário de para o topo da sua direcção um indi- só, o business de tais recursos é tão
Estado de Niassa, como presidente víduo capaz de fazer a Imprensa Na- levianamente tratado que esses diri-
do conselho de administração da da- cional produzir à altura, pois a espe- gentes não se importam que isso não
quela instituição, enquanto focamo- rança é a última que morre, verdade beneficie Moçambique e os moçam-
-nos em dá-lo os parabéns, é certo é que muitas vezes esperançámos e bicanos, terrível, isso é um bando de
que nos ocorra também a possibilida- dessas tantas vezes, maior parte delas terroristas e não um governo.
de do seu sucesso no desempenho de continuamos à espera até hoje, tris- Falando mesmo em terroristas, o
tais funções e nesse mesmo instante te, a verdade é que a esperança ainda ministério da defesa não tem um mí-
pensamos no que será provavelmente que seja a última, ela também morre, nimo de patriotismo a ponto de ter no
o seu trabalho e então nos questio- que não seja desta, esperançamos. seu seio dirigentes capazes de vender
namos, porque precisamos refrescar Como pode o manual do aluno por para morte os seus co-cidadãos, pa-
as memórias. Qual é que é afinal a exemplo aguardar por importações triotas, entregar posições para uma
função da Imprensa Nacional no seu por via de privados, sem qualificação festa mortal pelos insurgentes, nego-
todo? ainda, para tamanha responsabilida- ciar órgãos de cidadãos que morre-
Até aqui se pode dizer de maneira de, quando existe uma coisa da ca- ram pela pátria, mas é o abismo do
tão resumida que tem a função de pu- tegoria da imprensa? Como pode o terrorismo, portanto, a Imprensa Na-
blicar boletins e mais um pouco para INATRO remeter-se a um jugo hu- cional é só uma gota neste oceano da
além do sumário, umas cadernetas e milhante com privados para impres- desgraça ondulada por Filipe Nyusi
alguns cartões, algo que bem anali- são de cartas de condução quando e outros.
sado tudo fica demasiado pouco, ou existe a Imprensa Nacional, mas que Este país tem até dificuldade de ter-
seja, são muitos directores e adminis- paradoxo, uma imprensa que não minar com brilho projectos quaisquer
tradores mais o PCA na Imprensa pode imprimir. de sua autoria ou de seu interesse, ja-
Nacional para gerirem apenas esses Enfim, a imprensa é só um deta- mais termina efectivamente, acaba
pequenos artigos. lhe em tudo que nos abisma, não é sempre aos farrapos, o de Filipe Nyu-
Há questões mais sérias neste país na verdade o nosso assunto, a nos- si então, é absolutamente irresponsá-
que poderiam muito bem ser geridos sa desilusão é muito maior, a forma vel, diz o que não se devia dizer, e
pela imprensa e jamais constituírem desorganizada com que se organiza ao desdizer, é ele próprio com a mais
os problemas que tem chovido tor- questões candentes da nação é de sa- lavada cara como se tal povo fosse
rencialmente sobre o Estado moçam- livar de nervos, a forma apátrida pela constituído um arem de seus animais
bicano e, dessa mudança, esperamos qual se dirige o país, confunde-se de estimação, valha-nos Deus, por fa-
que se esteja a tratar de algo muito com uma sabotagem governamental. vor demitam-se. Povo nenhum mere-
para além de um prémio de conso- Nada se leva a sério, até mesmo o que ce um governo tão marginal.
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FICHA TÉCNICA
Director Editorial: Douglas Madjila
Administração: Hélio Pinto ; Contactos: 841385148 / 87 3017860
Redacção: Benta Edith, Orlando Júnior, Jéssica Monteiro Redacção : 87 5308210/ 82 3308210
Numero de Registro de Entidade Legais: DISP.67/GABINFO-DEPC/210/2022
Endereço: Av. Amílcar Cabral, 1542 10 andar ; Cidade de Maputo Email: luzdopensamentomz@gmail.com
DO PENSAMENTO
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Inundações em Moçambique:
Um Problema sem Solução?
Laura A. Nhaueleque
Os primeiros dias de Fevereiro foram mar- à TV CISCAM (https://www.youtube.com/ Maputo? E sobretudo, será que as autoridades,
cados pelas chuvas intensas que atingiram a watch?v=YcVa5pmqj6o) . Bussotti cita episó- quer municipais, quer provinciais e as demais,
Cidade capital e a província de Maputo. O dios dos anos de 1907 assim como da década já se colocaram a questão de como resolver esta
desastre natural já está a provocar grandes des- de 1960 a partir de retratos fotográficos que situação, ao invés de correr atrás de uma natu-
truições não somente de bens e moradias, mas mostram a baixa inundada; ressalvando que reza cada vez mais madrinha e não mãe?
também de vidas humanas, produções agríco- nos últimos anos há uma tendência cada vez Vale também a pena recordar que a corrup-
las e pecuária. maior de estes desastres aparecerem com mais ção difusa que caracteriza há muito tempo Mo-
Só para termos uma ideia, já está a se falar força e frequência. çambique atingiu o próprio INGD. Apesar de
de 6 pessoas mortas, algumas já foram dadas Será que existe uma solução humana para as este instituto se ter mostrado insatisfeito com
como desaparecidas e cerca de 36 mil estão inundações que sempre estiveram presentes em os meios e recursos que possui para efectuar os
afectadas e sem abrigo. Há uma grande pos- Moçambique? O próprio prof. Bussotti expli- resgates às famílias afectadas, ano passado, o
sibilidade destes números virem a subir, de- ca que é possível minimizar o sofrimento das Banco mundial viu-se forçado a cortar o apoio
vido a duas razões essenciais: 1. Se as chuvas pessoas durante os meses húmidos através de que prestava ao INGD porque descobriu-se
continuarem a cair com a mesma intensidade uma intervenção de tipo político na estrutura que alguns funcionários usaram 32 milhões de
nos próximos dias, a possibilidade de as águas da Cidade de Maputo e outras zonas que, fre- meticais – cerca de 470 mil euros – para bene-
aumentarem de nível e atingirem novas zonas quentemente, têm sofrido este tipo de episódios fícios pessoais como na edificação de imóveis e
actualmente não afectadas, é certa; 2. O núme- ao longo dos anos. Ainda nesta linha de pensa- compra de carros. Em suma, uma parte da aju-
ro de pessoas que estão à espera do resgate em mento, Bussotti criticou o tipo de intervenção da humanitária foi para práticas de corrupção,
zonas afectadas ainda continua maior. Nesta que vem sendo feita em Moçambique, que é de mostrando, além de uma ética pública duvido-
sequência, o próprio Instituto Nacional de Ges- tipo emergencial que visa, portanto, resolver o sa, a total falta de respeito para com os próprios
tão e Redução do Risco e de Desastres (INGD), problema de forma pontual, e sem nenhuma concidadãos que se encontram em situações de
já mostrou a sua fraca capacidade em termos preocupação em resolvê-lo definitivamente. perigo e precisam de auxílio emergencial ime-
de meios de resgate que são a base de peque- Por outra, como também pode-se ler na edi- diato.
nas embarcações (provavelmente degradadas) ção deste jornal, o Eng. Leonardo Nhanale Finalmente, uma última questão: se o Banco
e que estas não conseguem resgatar as pessoas apontou soluções simples, mas ao mesmo tem- Mundial chegou a suspender o financiamento
que se encontram por exemplo, refugiadas em po potencialmente eficazes, pelo menos para li- no âmbito da ajuda humanitária (o que quase
locais altos como nos tetos das casas ou árvores. mitar as consequências de fenómenos naturais nunca acontece, nem com relação aos países
Para alcançar estes locais altos, como reconhe- extremos, como os que o Sul de Moçambique mais liberais), que tipo de prestígio e reconheci-
ce o INGD, seria indispensável o uso de meios está vivendo nesses dias. Será que alguma vez mento internacionais devem ter as nossas insti-
de resgate como aeronaves, que certamente o já foi feita uma limpeza profunda e completa tuições, mesmo as que lidam com emergências
instituto não possui. das drenagens na conurbação Maputo-Matola? e ajuda humanitária?
Os eventos de desastres naturais em Moçam- Será que – como sugere o Eng. Nhanala – não Iniciar a responder a tais questões poderia
bique sobretudo na zona da baixa da Cidade seria possível encontrar meios económicos para representar, se calhar, o início da resolução de
de Maputo não são novos, tal como confirma o facilitar o escoamento das águas para o mar, problemas tanto antigos quanto ao alcance de
académico Prof. Luca Bussotti numa entrevista ao invés de elas ficarem estagnadas na baixa de gestores públicos capazes e conscientes.
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Modelos e Referências a
serem seguidos
Quinta-Feira, 23 de
Fevereiro de 2023
Tabela Cambial
Compra Venda
USD 63.25 64.51
Em África vive-se uma extrema quem beneficia dessas verbas é a pobreza vivida em Moçambique é
pobreza, e o povo subjugado a dor minoria? Ou a elite que desvia es- injustificada, pois, é tanto dinheiro
de viver no sofrimento somente ses fundos? E mais uma vez o quê que existe e é doado. E para onde
passa a vida resmungando e nun- o povo faz? Nada! O povo fica es- esse dinheiro vai? Claramente que
ca lhes surge a solução. Esta po- perando por um Moisés com um é nos bolsos dos que estão na fren-
breza não é justificada por falta de cajado que possa vir os tirar das te de tudo.
condições, mas sim por conta de mãos desses abutres, e acaba se es- Em Cabo Delgado concreta-
um sistema vicioso de desvios dos quecendo que eles têm o poder de mente em Pemba, se vive uma
fundos do Estado, o que leva todo mudar este cenário. Pois, a demo- tremenda falta de consideração e
cidadão a almejar subir no trono cracia é o que está nas nossas leis, respeito aos munícipes, pois, pelo
para encher os seus bolsos. Vive- e pouco tem-se usado esta ferra- que se vive parece que não exis-
-se um cenário de mendicidade menta. te uma entidade responsável pelo
precoce, nacionalmente e inter- Para o contexto do meu belo saneamento do meio, ou pelo or-
nacionalmente, pois são verifica- Moçambique diria que este cená- denamento territorial. As vias de
dos pedidos incessantes cujo rosto rio é dos piores, pois, há um gran- acesso estão esburacadas a título
usado para tais pedidos é o rosto de desrespeito a vida humana. A de exemplo mais crítico é o tro-
do povo. A miséria causada pela cada mandato vivemos crises dife- ço ANE-Chuiba, lixo existente
insuficiência de alimentação pre- rentes. Até parece que os gover- até nos quintais, bairros com falta
judica a população quer a nível nantes antes de serem empossados de água potável, sistemas de dre-
de saúde, aprendizado, profissio- já têm em mente as modalidades nagem com cheio de lixo e areia,
nal, etc., etc., e o povo o que faz? de desvio dos fundos, e que a sua ruas com erosão, etc., etc., e a per-
Nada! Porquê digo que o povo não tomada de posse é o passo da con- gunta que não quer calar é: Será
faz nada? Porque compactua com cretização do seu projecto. Criam que há falta de fundos para este
essas atrocidades. Thomas Mann uma rede de amigos que estão ap- cenário ser resolvido? Convido ao
dizia “a tolerância é um cri- tos a desviar e enriquecer de for- caro leitor a apresentar uma pos-
me quando o que se tolera é ma despercebida, mas a verdade sível resposta reflexiva a respeito
a maldade”, e é isto que se veri- é que nem tudo sai como o pla- desta pergunta. Pemba é a terceira
fica, o povo tolera tanto ao ponto nejado, porque no final das contas maior baía do Mundo, facto que
de ser subjugado a uma pobreza são descobertos, pez embora são indubitavelmente contribui de
injustificada. beneficiados pela lei, pois são eles forma exorbitante para a rique-
Ora pois, tudo começa lá de cima! que controlam tudo. za nos cofres do Estado, porque a
Passam a imagem de mendigos a Venâncio Mondlane nos seus cidade atrai vários turistas e não
nossa existência. Isto porque, os lives tem-nos mostrado tantos só, mas também, os munícipes pa-
governantes usam o rosto do povo crimes contra o povo, que são gam impostos. Mas mesmo com
para pedir dinheiro ou emprésti- protagonizados pelos nossos go- isso verifica-se uma debilidade na
mo lá fora mentindo que é para vernantes, e a cada live explica o gestão da própria cidade.
acções humanitárias ou resolução que está por detrás destes crimes, Este cenário todo vivido no nos-
de problemas do povo, mas não é assim como os valores monetá- so belo continente cria grande
essa a finalidade do dinheiro doa- rios que são orçados para comba- vergonha não só para um deter-
do ou emprestado, porque eles ter estes cenários. Entretanto, o minado país, mas sim, para a áfri-
roubam e deixam o povo a salivar que se verifica é que esses valores ca toda. Armando Emílio Guebu-
e no fim do cabo o país fica endi- monetários são desviados e nun- za disse que “Os Jovens devem ter
vidado e é considerado de dívida ca responsabilizados os responsá- vergonha da Pobreza”, e eu digo
pública. Mas afinal qual é a defi- veis pelos desvios, porquê? Afinal que “Os Governantes devem ter
nição exacta de dívida pública? Se o que está havendo neste país? A vergonha da Pobreza”.
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Continuação da Pag 09
passou a ser a instituição responsável no sal- agências doadoras. Portanto, a resposta do operações de socorro às populações afecta-
vamento de vidas humanas em situação de governo e da comunidade internacional à das pela seca. Veja-se por exemplo que das
emergência em Moçambique. Contudo, há seca em Moçambique nas décadas de 1980 916 mil toneladas de cereais solicitadas em
medida em que os anos se iam a situação e 1990 resumiu-se em operações de socorro 1989, apenas 295 mil é que foram enviadas
de emergência no país ia ganhando novos na qual foram organizados meios logísticos a Moçambique para comércio e distribui-
contornos pressupondo desta forma novos para efectuar a distribuição gratuita de ali- ção gratuita (Jornal Notícias, 5 de Julho de
desafios por parte do governo como uma mentos em grande escala, assistência sani- 1989). Esta constatação fundamenta a nossa
resposta interna redobrada a começar por tária às populações afectadas e em última argumentação segundo a qual a resposta do
uma estrutura nacional com experiência instância tentativas de fazer face à ruptura governo e da comunidade internacional à
para lidar com emergências complexas do tecido social e protecção de alguns gru- seca na zona sul do país entre 1981-1991/2
Desta feita, o governo desenhou um pro- pos vulneráveis da população. A resposta foi fraca.
grama de emergência na qual considerava do governo não foi abrangente uma vez que Aliado ao facto da satisfação parcial das
como algo de interesse nacional pressupon- limitou-se às áreas controladas pelo gover- necessidades do governo, as operações de
do dois níveis de actuação: por um lado o no e a certos grupos privilegiados em detri- emergência foram acompanhadas por inú-
programa de emergência composto por ac- mento dos mais necessitados. meros obstáculos como por exemplo a in-
tividades de emergência no sentido mais lato Na minha opinião, a resposta não devia segurança nas vias de acesso, a falta de
do termo e operações de socorro e cuidados ter-se limitado apenas na distribuição de transporte, combustíveis, e elevada corrup-
primários às populações afectadas e por alimentos às populações afectadas, uma vez ção. Assim, no período ente 1990/1991 o
outro lado actividades gerais de emergên- que acaba enriquecendo os mais favoreci- governo e as Nações Unidas reconheciam
cia compreendendo a reabilitação da vida dos em detrimento dos mais necessitados, que para além dos problemas acima referi-
das famílias, reintegração dos deslocados, mas sim devia direccionar-se na criação de dos havia ainda o problema do desvio dos
reconstrução de infra-estruturas e desenvol- condições para que as vítimas pudessem donativos destinados às vítimas da seca para
vimento de projectos de abastecimento de tornar-se auto-suficientes. Era suposto que o mercado negro. Por exemplo no ano de
água potável às populações afectadas pela a resposta do governo e da comunidade 1989 alguns membros envolvidos nas ope-
seca (Ratilal 1989). Esta era a forma prática internacional visasse expandir opções das rações de emergência na província de Ma-
do governo em termos de resposta à seca comunidades locais e suportar a maneira puto foram julgados e condenados por es-
em que o programa visava em primeiro lu- como esta adopta certas estratégias de so- tarem envolvidos nos esquemas de desvios
gar traçar acções rápidas e eficazes em ter- brevivência perante a seca pois, as expe- de donativos destinados às vítimas da seca
mos de operações de socorro às populações riências históricas mostram que a falta de (Jornal Noticias 8 de Novembro de 1989).
afectadas e posteriormente a reabilitação da articulação entre os saberes convencionais A existência de evidências de que os desvios
vida das famílias, reintegração dos desloca- e os tradicionais tem sempre resultado num de donativos eram acções organizadas, con-
dos, reconstrução das infra-estruturas e o fracasso. duziu o governo a criar uma Comissão de
desenvolvimento de pequenos projectos de Para além de a resposta do governo não Inquérito para averiguar a questão de rou-
abastecimento de água potável às popula- ter sido abrangente, outras fontes como o bos da ajuda alimentar. Esta foi criada em
ções, esquemas de irrigação e barragens. Jornal Notícias argumentam que apesar dos conexão com 246 casos de roubos dos quais
Com estas acções, o governo pretendia as- esforços empreendidos pelo governo e pela 189 haviam ocorrido em comboios. Vale
segurar a implementação e gestão do pro- comunidade internacional, no período en- ressaltar que apesar de o artigo estar a re-
grama de emergência ao nível nacional, tre 1991/2 verificava-se o incremento do tratar situações do século passado, o mesmo
provincial e distrital recorrendo-se ao uso número pessoas afectadas pela seca e para cenário de desvio de donativos verificam-se
do pessoal e instituições governamentais além disso, até 1989 a ajuda humanitária na actualidade um pouco por todo pais a
para evitar que o mesmo fosse uma simples internacional satisfazia apenas 60% das ne- começar pelos centros de acolhimento dos
soma de programas do governo com os das cessidades requisitadas pelo governo para deslocados de guerra em Cabo Delgado.
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MENDICIDADE EM MOÇAMBIQUE: Um
exercício de sobrevivência na cidade de Montepuez
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