Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Abstract: The article in question sought to understand and analyze the phenomenon
of fatphobic bullying in Physical Education classes. To this end, a questionnaire was
made available on the internet, completed by 43 participating teachers. According to
the data, 36 teachers have already identified speeches of fatphobic bullying in their
classes. Only seven (7) have never seen such a phenomenon. About the role of the
teacher and the ways to intervene, some described very superficial interventions.
Others indicated more complex actions, such as elaborating a pedagogical project
based on the deconstruction of health and beauty standards.
INTRODUÇÃO
1
edfisica.pedro@gmail.com ; Professor da Faculdade Flamingo;
2
brenda.goncalves@grupoflamingo.com ; Professora do Colégio Flamingo;
COLÉGIO PEDRO II - Revista do Departamento de Educação Física
https://cp2.g12.br/ojs/index.php/temasemedfisicaescolar/index
1
BONETTO, Pedro; GONÇALVES, Brenda.
gordofobia 2 24
5 Relaciona o combate à gordofobia ao movimento body positive (corpo positivo: tradução livre). De
acordo com a autora, o lema é meu corpo, minhas regras e o objetivo é lutar contra os padrões de
beleza impostos pela sociedade.
6 Resenhando o livro de PIÑEYRO, M. Stop Gordofobia y las panzas subversas. Málaga: Zambra y
Baladre, 2016.
COLÉGIO PEDRO II - Revista do Departamento de Educação Física
https://cp2.g12.br/ojs/index.php/temasemedfisicaescolar/index
3
BONETTO, Pedro; GONÇALVES, Brenda.
7No contexto universitário, os autores indicam que a gordofobia ocorre de forma silenciosa, ou seja,
por meio de olhares ou cochichos, além da exclusão delas em algumas atividades de caráter coletivo
por estarem em sobrepeso. Também alerta para a necessidade de discutir a respeito do tema no
currículo oficial do curso investigado, uma vez que, segundo as participantes do estudo, não há debates
ao longo da formação acerca da gordofobia.
Temas em Educação Física Escolar, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, Jan./Dez. 2022, p. 1 - 16.
4
ARTIGOS ORIGINAIS
Outro efeito observado pelos autores é a exclusão. Dois alunos obesos relataram
ser excluídos constantemente das atividades lúdicas pelos seus colegas de classe. O
fato de ser considerado “gordo” pelos demais constrói a imagem perante a turma de
que ele é lento e prejudicial nas atividades competitivas para qualquer equipe na qual
participe. Para as vítimas, entender o motivo pelo qual elas são agredidas é tarefa
complicada. Todos relataram não saber muito bem por que são maltratadas.
Durante a sua formação (inicial ou continuada) teve acesso a esse tema relacionado ao
4. bullying gordofóbico, discriminação e preconceito quanto a composição corporal? Como foi
a atividade?
Conhece algum material (didático ou paradidático – sem finalidade pedagógica) que aborde
o tema bullying gordofóbico, preconceito e discriminação relacionados à composição
5.
corporal, que pode ser utilizado nas aulas de Educação Física escolar para problematizar
tais questões? Descreva-o.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Segundo Gil (1999, p. 128), o questionário pode ser definido “como a técnica de
investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões
apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões,
crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.”. Para o
autor, o questionário permite compreender de forma rápida conteúdos sobre fatos,
atitudes, comportamentos, sentimentos, padrões de ação, comportamento presente
ou passado, entre outros. A escolha pelas questões abertas se deu porque estas
permitem liberdade ilimitada de respostas ao informante. Nelas poderá ser utilizada
9 Esses dados integraram o questionário para que pudessem ser relacionados com as demais
respostas ao longo das análises.
COLÉGIO PEDRO II - Revista do Departamento de Educação Física
https://cp2.g12.br/ojs/index.php/temasemedfisicaescolar/index
7
BONETTO, Pedro; GONÇALVES, Brenda.
Durante uma das minhas aulas no 4.º ano, onde estava apresentando um
conteúdo que tratava de Lutas Indígenas, um dos meus alunos falou: “Fulano
vai ganhar de todos. Ele é muito gordo não dá pra empurrar ele Professor”, a
partir daí passei o resto da aula tentando apaziguar os ânimos e impedir
agressões físicas por parte dos alunos. Notei que o Fulano era o perseguido
da classe, visto que suas ações eram sempre potencializadas pelo fato de o
considerarem gordo. “Ele é muito lento professor” ou “Ele não sabe jogar”,
isso sempre vinha dos meninos. As meninas, apesar de não o atacarem
diretamente, o ignoravam e não gostavam quando ele se aproximava delas.
Chegava ao ponto de eles apontarem a quantidade de comida que o aluno
comia no intervalo (Professor 4). Sim, quando eu era estagiário de duas
escolas, e em uma delas numa aula de judô, enquanto eu acompanhava o
professor durante a aula, tem um aluno que é acima do peso, e vários colegas
de sala julgavam por ele não conseguir desenvolver tais atividades como os
outros, e o que mais me assustou foi o professor falar “aí eu sei que você não
vai conseguir, nem precisa participar”, tudo bem que é difícil, porém o
professor teria que ter o papel de incentivar esse aluno e não de julgar o
mesmo, e nem se quer oferecer um apoio (Professor 5). Sim. Trabalhamos
com ginástica acrobática e alguns alunos tiveram falas preconceituosas. “Eu
não vou te aguentar”. “Você tem que sempre ficar embaixo” (Professor 11).
Não posso afirmar que sempre aconteceu, mas uma me marcou demais.
Certa vez, durante a tematização de ginásticas de academia, alguns
estudantes (meninos) fizeram piadas com dois garotos da sala em função de
sua composição física. “Vai quebrar o STEP”, “Melhor reforçar o chão”, “Se
pular, vamos encontrar petróleo aqui”, “Cuidado com o terremoto” (Professor
33). Sim nas aulas de educação física na escola os gordos eram excluídos
dos jogos (Professor 41). Sim, às vezes, quando os alunos escolhem as
equipes, sempre o gordinho e os alunos menos habilidosos ficam por últimos
ou não são escolhidos (Professor 42).
Sobre a terceira questão, que focalizava a intervenção desses discursos,
apenas um professor disse que não realizaria nenhum tipo de intervenção
pedagógica. Entre os demais, observamos que as estratégias de ensino descritas
variavam também no tocante à profundidade dada ao tema. Alguns professores e
professoras descreveram intervenções muito superficiais, discursos disciplinadores,
“broncas” para os “algozes” e estímulo/incentivo para as “vítimas” ou ações pautadas
pelo respeito, pelas regras de convivência e para apaziguar os conflitos:
Sim, disse que o objetivo da aula de educação física não era emagrecer, e
que a aluna tinha o direito de ser como ela quisesse bastando ela escolher
(Professor 2). Sim, partiria dos meus ideais e sempre tentaria estimular esse
aluno, fazendo com que ele se sinta mais feliz e com vontade de praticar
essas aulas, ainda que pareça difícil, sempre que se tem um estímulo de/ou
alguém incentivando e ajudando ele a se superar, as coisas melhoram
(Professor 5). Sempre, destaco a importância de todos e as possibilidades
para prática de qualquer exercício, independente da condição física que não
limita a atividade a pessoa (Professor 8). Sim. Converso com os alunos
sobre respeito ao corpo, que cada um é de um jeito e tamanho, que não seria
legal todos serem iguais. Converso separado também, com o aluno que
sofreu o preconceito, tentando ajudar e entender como ele se sente, e
converso com o restante da sala sobre o ocorrido, instigando eles a verem o
que podem fazer para melhorar (Professor 9). Sim. Conversamos sobre o
assunto. Discutimos. Lemos (Professor 11). Sim. Conversas individuais e
coletivas (Professor 14). Sim. Pedindo respeito pelo colega (Professor 21).
Sim, realizaria. Na base do diálogo tentaria mostrar que cada um tem seu
corpo. Ninguém é igual a ninguém é temos que respeitar as diferenças
(Professor 22). Sim. Depende de cada situação. Mas geralmente faço uma
chamada mais dura no particular e no coletivo exponho os malefícios que
denegrir a imagem de alguém pode causar (Professor 26). Com certeza!!
Paralisaria a atividade na hora e alertaria os alunos quanto ao peso e as
possíveis consequências daqueles atos (Professor 28). Sempre realizei
mediações com conversas e orientações exemplificando e explicando a
atitude inadequada (Professor 29). Sim, tiro a criança que agrediu o colega
para conversar e tentar entender o que o leva a falar aquilo do colega e
explico, que pessoas são diferentes, que não é uma atitude bacana a
discriminação por aparência, cor, corpo, condição social. Pergunto se
gostaria de ser tratado de tal forma e induzo a se desculpar (Professor 32).
Sim, adaptaria a aula para o aluno com sobrepeso (Professor 41). A
intervenção ocorreria imediatamente após o fato, com conversas, orientações
(Professor 43).
Peço para não falar assim com o colega, mesmo que ele “não ligue” (fala de
quem chama de gordo por ser amigo) peço para que na minha aula chamem
pelo nome. Falo de esportes onde os atletas a aparência deles causa má
impressão caso fossem vistos numa aula... porém são atletas com
composição corporal anormal (entenda anormal: que foge da norma).
(Professor 19). Sim. Depende de cada situação. Mas geralmente faço uma
chamada mais dura no particular e no coletivo exponho os malefícios que
denegrir a imagem de alguém pode causar (Professor 26). Sim, com
conversas trazidas para a temática trabalhada em aula, coletivamente. Em
alguns casos, raros como mencionei, são levados para discussão em
reunião pedagógica e com parcerias, colaborativamente buscamos
conscientizar e se necessário conversar pontualmente com as partes
envolvidas, caso for contar com apoio das famílias (Professor 27). Tomaria
uma atitude de cunho mais disciplinar, porém estabeleceria, em segundo
momento, um modo de introduzir conteúdos que dialogassem com essa
problemática. Isso, diferente de uma medida puramente disciplinar, leva
tempo elaborar (Professor 31). Duas ações, uma imediata e outra a longo
prazo. A imediata é parar e conversar na hora com a turma. Outra é
tematizando essa questão (Professor 36). Primeiramente eu iria propor
uma conversa com todos os alunos de forma a fazer uma integração e
sociabilização entre eles, mostrando os erros de se fazer exclusão e
preconceito. Ao término da aula, eu passaria todo o acontecido para a
coordenação pedagógica (Professor 40).
Alguns professores e professoras disseram que já haviam desenvolvido essa
temática em suas aulas. Outros relacionaram os discursos de discriminação e
preconceito por conta da composição corporal e, para tanto, elaborariam um projeto
pedagógico com as questões sociais, a partir de atividades de problematização dos
padrões de saúde e beleza:
(Professor 33). Sim, com atividades que coloquem em xeque o corpo perfeito
(Professor 38).
Retornando à primeira questão, sobre a abordagem ou currículo de Educação
Física adotada, é possível relacionar que as intervenções mais densas sobre a
questão do bullying gordofóbico foram elaboradas pelos professores e professoras
que afirmam desenvolver suas aulas nas perspectivas cultural e mix de abordagens.
A quarta questão do formulário refere-se à formação dos professores (inicial ou
continuada) sobre o tema do bullying gordofóbico. Vinte e quatro professores e
professoras não tiveram acesso ao tema específico no âmbito da formação
profissional, ainda que alguns tenham apontado conteúdos relativos ao bullying e
preconceito de maneira geral.
Não tive acesso ao tema, apesar de ter observado e vivenciado muito durante
minha trajetória como aluno no Fundamental e Médio (Professor 7). Tive
acesso a aulas sobre preconceito no geral na pós-graduação. Não lembro
como foi a atividade, mas lembro que as aulas eram ótimas, sempre envolvia
roda da conversa e tal (Professor 11). Nunca tive uma formação sobre esse
assunto. Fui ler quando foi necessário fazer uma intervenção (Professor 13).
Apesar de tratarmos muitas vezes do tema exclusão de alunos nas aulas de
educação física, não tratamos o tema bullying diretamente, e sim ações para
que não acontecesse a exclusão de pessoas obesas, pessoas menos
habilidosas e pessoas com alguma “deficiência” das aulas de educação física
(Professor 14). Não. Tive sobre o cyberbullying (Professor 16). Não
exatamente, mas tratamos dessas questões de um modo geral, afinal
preconceitos de toda ordem também são representações que acompanham
as manifestações corporais. Em certa aula na graduação o professor expôs
um conjunto de imagens e vídeos numa espécie de amostra. Logo depois
tivemos a tarefa de elaborar especulações sobre o que achávamos daquelas
imagens e vídeos. Evidentemente, todas as imagens se tratava de pessoas
ou grupos envolvidos e/ou imersos em manifestações corporais diversas.
Lembro que muitas imagens e vídeos provocaram especulações não apenas
rasas e insuficientes, mas extremamente impregnadas de valores e
representações normativas de gênero, classe social, etnia, gestualidades etc.
(Professor 27). Durante a minha graduação não tive qualquer acesso a esse
tema. Sobre bullying, acessei pela primeira vez durante a especialização
(educação física escolar). Sobre gordofobia, foi bem mais recente. Poucos
anos atrás. Não em um curso ou formação específico, mas através do contato
com literaturas que versam sobre multiculturalismo crítico e educação física
culturalmente orientada (Professor 29).
Apenas 13 professores tiveram algum contato durante sua formação. Os
demais não responderam à questão:
Sim, diversas vezes ocorrem debates sobre esse tema, acredito que seja algo
imposto pela sociedade, um padrão de corpo ideal, portanto quando se tem
mais conhecimento sobre isso e se vê como é a realidade e que todos somos
capazes, muitas mentes são abertas, creio que é um tema que deve ser
muuuuuuuuuuito mais abrangente, em todos os âmbitos (Professor 8).
Durante a formação, na disciplina de didática da Educação Física o Professor
trouxe artigos e houve debate sobre padrões de beleza, mídia, algo nesse
sentido. Recentemente no meu curso de pedagogia, o professor propôs uma
aula sobre o assunto para alunos do 7.º ano. E fizemos um planejamento de
COLÉGIO PEDRO II - Revista do Departamento de Educação Física
https://cp2.g12.br/ojs/index.php/temasemedfisicaescolar/index
11
BONETTO, Pedro; GONÇALVES, Brenda.
7 aulas sobre o assunto (Professor 28). Sim, durante a faculdade. Foi uma
atividade de relatos de prática (Professor 31).
A última questão investigada refere-se ao conhecimento de materiais (didáticos
ou paradidáticos) que abordam o tema bullying gordofóbico. Vinte e cinco professores
e professoras participantes não conhecem materiais a respeito do tema; apenas 11
participantes afirmaram conhecer algum material.
CONSIDERAÇÕES PROVISÓRIAS
É possível dizer que a maioria das pesquisas sobre Educação Física escolar e o
corpo gordo constitui propostas pedagógicas baseadas nas ciências biomédicas, com
foco no emagrecimento, na compreensão de obesidade como uma doença crônica,
epidêmica, cujo intuito é evitar, corrigir e curar o corpo gordo ou com sobrepeso. A
identidade desejada é um corpo magro, compreendido como saudável, produtivo, belo
e apto para viver.
Nessa perspectiva, a pesquisa em questão demonstra a falta de trabalhos que
abordam o problema da discriminação, preconceito do corpo gordo durante as aulas
de Educação Física. Foi identificado apenas um artigo de Educação Física que
tematiza especificamente a ocorrência do chamado bullying gordofóbico.
Investigando tal fenômeno pela perspectiva dos professores e professoras de
Educação Física, verificamos que a maioria dos docentes já observou discursos de
bullying gordofóbico em suas aulas. Portanto, as estratégias de ensino descritas
variaram com relação à profundidade dada ao tema, alguns com intervenções muito
superficiais, discursos disciplinadores, “broncas” para os “algozes” e
estímulo/incentivo para as “vítimas”, ações pautadas apenas pela reivindicação do
respeito, pelas regras de convivência e para apaziguar os conflitos. Outros indicaram
ações mais complexas, buscando não apenas advertir os estudantes que
empreendem os discursos discriminatórios e preconceituosos. Esses professores e
professoras que propuseram elaborar uma discussão densa sobre discriminação e
preconceito contra o corpo gordo criaram projetos pedagógicos com as questões
sociais a partir de atividades de problematização dos padrões de saúde e beleza.
Teorizações curriculares críticas e pós-críticas da Educação Física revelam que
a função social da Educação Física não pode ser apenas formar indivíduos saudáveis.
Diferente disso, a compreensão é de que a Educação Física precisa problematizar os
diferentes corpos, bem como os padrões de saúde e beleza.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, R. A.; BRITO, A. A.; SILVA, F. M. O papel da educação física escolar diante
da epidemia da obesidade em crianças e adolescentes. Educação Física em
Revista, v. 4, n. 2, maio/ago. 2010. Disponível em:
https://portalrevistas.ucb.br/index.php/efr/article/download/1651/1159. Acesso em:
20/05/2022.
10 Estudos apontam a interação de fatores genéticos, bem como idade, sexo, classe social, quantidade
e qualidade dos alimentos ingeridos, intensidade e frequência de atividade física, doenças crônicas,
alterações hormonais, entre outros.
BRUM, K. O. de. Physical and motor aptitude schools in overweight and obesity.
2009. 113 f. Dissertação (Mestrado em Ciência do Movimento Humano) –
Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, 2009. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/74645/discover. Acesso em: 22/04/2022.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
LOBSTEIN, T.; BAUR, T. Obesity in children and young people: a crisis in public
health. Obesity Reviews, v. 5, n. 5, p. 4-85, 2004.
MATOS, F.; ZOBOLI, F.; MEZZAROBA, C. O bullying nas aulas de educação física
escolar: corpo, obesidade e estigma. Atos de Pesquisa em Educação, v. 7, n. 2,
2012. Disponível em:
https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/11605/2/BullyingEducacaoFisicaEscolar.pdf. Acesso
em: 22/05/2022.
%ADtica%20en%20la%20Universidad%20Nacional%2C%20Heredia..pdf?sequence
=1&isAllowed=y. Acesso em: 22/05/2022.