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ARTIGOS ORIGINAIS

BULLYING GORDOFÓBICO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR:


A PERSPECTIVA DOS/AS PROFESSORES/AS
Fatphobic bullying in school physical education: the teachers perspective

Pedro Xavier Russo Bonetto


Colégio e Faculdade Flamingo1
Brenda Chagas Gonçalves
Colégio e Faculdade Flamingo2

Resumo: O artigo em questão busca compreender e analisar o fenômeno do bullying


gordofóbico nas aulas de Educação Física. Inicialmente, produzimos uma revisão
bibliográfica que nos indicou apenas um artigo que trata especificamente desse
recorte. Depois, construímos um questionário, disponibilizado pela internet, o qual foi
preenchido por 43 professores participantes. De acordo com os dados, 36 professores
já identificaram discursos de bullying gordofóbico em suas aulas. Sobre o papel do
professor e as formas de intervir, alguns descreveram intervenções muito superficiais,
baseadas em broncas e em discursos apaziguadores. Outros indicaram ações mais
complexas, como elaborar um projeto pedagógico a partir da desconstrução dos
padrões de saúde e beleza.

Palavras-chave: Educação Física escolar; Bullying; Gordofobia.

Abstract: The article in question sought to understand and analyze the phenomenon
of fatphobic bullying in Physical Education classes. To this end, a questionnaire was
made available on the internet, completed by 43 participating teachers. According to
the data, 36 teachers have already identified speeches of fatphobic bullying in their
classes. Only seven (7) have never seen such a phenomenon. About the role of the
teacher and the ways to intervene, some described very superficial interventions.
Others indicated more complex actions, such as elaborating a pedagogical project
based on the deconstruction of health and beauty standards.

Keywords: Physical Education; Bullying; Fatphobic.

INTRODUÇÃO

Pesquisas em Educação Física que tratam do tema da obesidade, sobrepeso e


da composição corporal tradicionalmente abordam essas condições a partir das
ciências biológicas. Nessa concepção, a maioria dos trabalhos relaciona o corpo
gordo como uma doença (BALABAN; SILVA, 2001; SOUZA LEÃO et al., 2003;
LOBSTEIN; BAUR, 2004; OLIVEIRA et al., 2003); uma epidemia/pandemia
(OLIVEIRA; FISBERG, 2003; HALPERN, 1999; ARAÚJO; BRITO; SILVA, 2010;

1
edfisica.pedro@gmail.com ; Professor da Faculdade Flamingo;
2
brenda.goncalves@grupoflamingo.com ; Professora do Colégio Flamingo;
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BONETTO, Pedro; GONÇALVES, Brenda.

ARAGÃO, 2015); estritamente relacionado com atrasos no desenvolvimento motor


(BERLEZE; HAEFFNER; VALENTINI, 2007; PINHO; PETROSKI, 1999; MACHADO;
CAMPOS; SILVA, 2002); menor aptidão física (BRUM, 2009); menor interesse e
motivação (CELESTRINO; COSTA, 2006); menor coordenação motora e níveis de
habilidade nas práticas corporais (FERNANDES; PENHA; BRAGA, 2012; FREITAS et
al., 2017).
No âmbito dos currículos de Educação Física escolar, a associação direta entre
composição corporal, obesidade e doença acontece em praticamente todos os
currículos ou abordagens de ensino, mais enfaticamente nos chamados currículos
para a promoção da saúde, em que o corpo gordo deve ser objeto de intervenção e
evitamento. Entre as propostas mais clássicas destacam-se as obras de Nahas e
Corbin (1992), Guedes e Guedes (1994), Nahas et al. (1995), Guedes (1999) e
Santos, Carvalho e Garcia Júnior (2007). Analisando suas intencionalidades, fica claro
que as pessoas gordas/obesas, com sobrepeso e/ou sedentárias, compõem
identidades a serem evitadas, corrigidas, curadas, buscando sua adequação para um
único tipo de corpo – o magro.
Considerando essas relações entre o corpo gordo e as aulas de Educação
Física, a pesquisa em questão intentou compreender e analisar o fenômeno do
bullying gordofóbico nas aulas do componente, debruçando-se especificamente sobre
a identificação desse fenômeno a partir da ótica dos professores e professoras.
Buscando apurar os pontos de partida, elaboramos uma revisão bibliográfica nas
bases de dados (indexadores) Scielo3 e Redalyc,4 utilizando e combinando os
descritores “gordofobia”, “bullying”, “educação física” e “escola”.

Tabela 1 – Resultados da revisão

Descritores Quantidade de trabalhos Quantidade de trabalhos


Scielo Redalyc

gordofobia 2 24

bullying AND educação física 9 975

gordofobia AND escola 0 15

3 Disponível em: https://www.scielo.br/. Acesso em: 21 fev. 2022.


4 Disponível em: https://www.redalyc.org/pais.oa?id=21. Acesso em: 21 fev. 2022.
Temas em Educação Física Escolar, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, Jan./Dez. 2022, p. 1 - 16.
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gordofobia AND educação física


0 19

Bullying AND obesidade AND 1 64


educação física

Fonte: Elaborado pelos autores.

Depois de analisar os resumos, observamos que 26 pesquisas tematizam a


questão da gordofobia em diferentes contextos, tais como telenovelas, filmes, redes
sociais, conteúdos em canais de streaming (NORONHA; DEUFEL, 2014; PAIM, 2019;
PEREIRA; OLIVEIRA, 2016; SANCHONETE; SANTOS, 2017; ARAÚJO et al., 2018;
CAETANO, 2019; MAGRIN et al., 2019; LIMA, 2019).5
Para Noronha e Deufel (2014), gordofobia é a expressão de repulsa ou de
acentuado desconforto diante de pessoas consideradas gordas, fora dos padrões
estéticos. Esse sentimento pode estar acompanhado de atos de violência física,
verbal, moral, psíquica, entre outros. Ainda sobre o conceito, Paim 6 (2019) cita que,
para a autora uruguaia, a gordofobia está impregnada em nossos pensamentos e
comportamentos, constituindo limitações, desencadeando culpa e promovendo a
exclusão das pessoas gordas, bem como está enraizada até mesmo na própria
percepção de pessoas gordas, de que esse corpo não mereceria ser vivido. Pereira e
Oliveira (2016) afirmam que é importante diferenciar conceitos como pressão estética
e gordofobia. A mulher, no geral, é julgada unicamente por sua aparência e se cobra
diariamente para se encaixar no almejado padrão de beleza, porém, para os autores,
a mulher gorda na sociedade sofre essa pressão em outros níveis. Relaciona-se com
a vaga de emprego perdida, a falta de acessibilidade, os olhares de repulsa de
desconhecidos e toda uma sociedade com aval para criticar seu corpo com o
preconceito disfarçado de preocupação com a saúde.
Sanchonete e Santos (2017), ao pesquisarem o discurso de youtubers com
relação à gordofobia, descrevem que estas narram uma grande quantidade de
experiências de sofrimento psicológico (como pensamentos suicidas, depressão,
relacionamentos abusivos, bullying na infância, sentimentos de inadequação, culpa
por não conseguir emagrecer, ansiedade etc.) e consequências de enfrentarem o

5 Relaciona o combate à gordofobia ao movimento body positive (corpo positivo: tradução livre). De
acordo com a autora, o lema é meu corpo, minhas regras e o objetivo é lutar contra os padrões de
beleza impostos pela sociedade.
6 Resenhando o livro de PIÑEYRO, M. Stop Gordofobia y las panzas subversas. Málaga: Zambra y

Baladre, 2016.
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preconceito cotidianamente (no transporte público, nas relações familiares, em


consultas médicas, em lojas de roupa, na academia, em entrevistas de emprego, em
relacionamentos amorosos etc.).

Dentre os diferentes tipos de preconceitos produzidos na nossa formação


social, a gordofobia costuma ser um dos menos debatidos. Pelo imaginário
difundido de que só é gordo quem quer e de que a gordura é resultado,
apenas, do excesso de comida ingerida, a gordofobia nem é considerada, por
muitas pessoas, como uma forma de preconceito e discriminação, uma vez
que o sujeito gordo, e somente ele, é considerado responsável pelo seu
estado corporal e, portanto, não pode ser vítima em nenhuma situação
(CAETANO, 2019, p. 58).

Magrin et al. (2019) citam as características gordofóbicas, por exemplo, a


opressão, a inferiorização, a repulsa e o sentimento de ódio. Esse preconceito está
relacionado, muitas vezes, às práticas de profissionais de saúde – aqueles que
deveriam zelar pelo bem-estar físico e mental da população – por meio do exercício
do biopoder (um poder sobre a vida). Concluem asseverando que é fundamental que
os profissionais da saúde direcionem suas práticas aos cuidados com a saúde e o
bem-estar social, e não à reprodução de ideias reducionistas e preconceituosas, que
acabam provocando um efeito extremamente negativo no comportamento do sujeito
perante sua saúde e imagem corporal, além de reforçar um padrão de beleza
insustentável. Araújo et al. (2018) afirmam que, apesar dessa conjuntura, no que
tange à redução da obesidade, o estigma de peso não é um instrumento benéfico de
saúde pública. Ao contrário, além de ameaçar a saúde psicológica e física de
indivíduos considerados obesos, a estigmatização atrapalha a implementação de
esforços eficazes na prevenção e combate à obesidade, gerando impactos negativos
na esfera da saúde pública.
No âmbito educacional, apesar de muitos trabalhos identificados pelos
descritores “bullying AND educação física”, poucos destes tratam especificamente do
bullying gordofóbico ou bullying com pessoas obesas (KUBOTA, 2014; RAMOS, 2019;
SÁNCHEZ, 2019; BRITO, 2019).7
Kubota (2014), em uma publicação pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), aponta como resultados de pesquisa que os estudantes que se

7No contexto universitário, os autores indicam que a gordofobia ocorre de forma silenciosa, ou seja,
por meio de olhares ou cochichos, além da exclusão delas em algumas atividades de caráter coletivo
por estarem em sobrepeso. Também alerta para a necessidade de discutir a respeito do tema no
currículo oficial do curso investigado, uma vez que, segundo as participantes do estudo, não há debates
ao longo da formação acerca da gordofobia.
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classificam como “muito gordos” são muito mais propensos a comportamentos de


risco, como o consumo de drogas ilícitas, álcool, cigarros e laxantes (ou indução ao
vômito). Eles também têm mais chances de sofrer com bullying frequente (23,7%),
especialmente aquele motivado pela aparência do corpo (49,6% sofreram esse tipo
de discriminação), de ser ofensores (39,4%), provavelmente como mecanismo de
defesa.
Ramos (2019) conceitua o termo bullying gordofóbico dizendo que é uma
adaptação que se utiliza (bullying + gordofobia) para nomear as agressões
sistemáticas que ocorrem com frequência aos corpos gordos nos espaços escolares,
haja vista que o fenômeno do bullying se dá dentro das instituições escolares. Para a
autora, a gordofobia busca prejulgar corpos gordos como “doentes”, “incapazes”,
“sujos” e, por consequência, “feios”, baseando-se apenas no peso que eles/as
aparentam ter. Compreender o corpo gordo de tal forma já é algo naturalizado em
nossa sociedade, e a prova desse tipo de comportamento é frequentemente marcada
por um histórico de violências sistemáticas com pessoas gordas, que diferem de um
corpo “ideal” que se quer em uma sociedade neoliberal e capitalista.
Entre todos os trabalhos identificados apenas a pesquisa de Matos, Zoboli e
Mezzaroba (2012) abordam especificamente o problema do bullying gordofóbico nas
aulas de Educação Física escolar. Esses autores investigaram como se manifesta o
processo de bullying na vida dos alunos considerados obesos por seus agressores
dentro do contexto da Educação Física escolar. Para tanto, os autores realizaram um
estudo de caso em uma escola pública municipal de Aracaju/SE:

A pesquisa de campo demonstrou que dos nove estudantes entrevistados –


considerados obesos pelos demais alunos –, somente três afirmaram não
sofrer discriminação, bullying ou não sentir-se incomodado com estes
possíveis eventos na escola pesquisada. Em outras palavras, um quantitativo
de 66,6% dos adolescentes “gordinhos(as)” entrevistados sofrem agressões
físicas e/ou simbólicas no âmbito escolar (MATOS; ZOBOLI; MEZZAROBA,
2012, p. 281).

Outro efeito observado pelos autores é a exclusão. Dois alunos obesos relataram
ser excluídos constantemente das atividades lúdicas pelos seus colegas de classe. O
fato de ser considerado “gordo” pelos demais constrói a imagem perante a turma de
que ele é lento e prejudicial nas atividades competitivas para qualquer equipe na qual
participe. Para as vítimas, entender o motivo pelo qual elas são agredidas é tarefa
complicada. Todos relataram não saber muito bem por que são maltratadas.

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MÉTODOS E FORMAS DE ANÁLISE

A pesquisa foi produzida a partir dos dados coletados em um formulário digital,


preenchido por professores e professoras que se dispuseram voluntária e
anonimamente a responder cinco itens de um questionário. Tratou-se de um
questionário estruturado, com questões abertas, que ficou disponível por dois meses
(maio e junho) no ano de 2020. No total, participaram da pesquisa 43 professores e
professoras, 27 homens e 16 mulheres, de diversas cidades do Brasil, com
predomínio na participação de pessoas do Estado de São Paulo8.

Quadro 1 – Questões do questionário


Qual a perspectiva curricular (abordagem) que você adota nas suas aulas? Descreva
alguns objetivos da Educação Física que você desenvolve (esportivista,
1.
desenvolvimentista, psicomotora, promoção da saúde, cultural, mix de abordagens e
outras).
Você já observou/identificou discursos de bullying gordofóbico (exclusão ou preconceito
2. em relação à composição corporal/sobrepeso) nas suas aulas? Com qual frequência?
Descreva com detalhes a ocasião.

Diante destes discursos de preconceito e exclusão relacionados a composição


3.
corporal/sobrepeso e obesidade, você realizaria uma intervenção? Como? Descreva.

Durante a sua formação (inicial ou continuada) teve acesso a esse tema relacionado ao
4. bullying gordofóbico, discriminação e preconceito quanto a composição corporal? Como foi
a atividade?

Conhece algum material (didático ou paradidático – sem finalidade pedagógica) que aborde
o tema bullying gordofóbico, preconceito e discriminação relacionados à composição
5.
corporal, que pode ser utilizado nas aulas de Educação Física escolar para problematizar
tais questões? Descreva-o.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Segundo Gil (1999, p. 128), o questionário pode ser definido “como a técnica de
investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões
apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões,
crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.”. Para o
autor, o questionário permite compreender de forma rápida conteúdos sobre fatos,
atitudes, comportamentos, sentimentos, padrões de ação, comportamento presente
ou passado, entre outros. A escolha pelas questões abertas se deu porque estas
permitem liberdade ilimitada de respostas ao informante. Nelas poderá ser utilizada

8Disponível em: https://forms.gle/DMFgi4qATK5sLL93A . Acesso em: 20 maio 2020. De acordo com a


Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016, em seu art. 1.º que dispõe sobre as normas aplicáveis em
Ciências Humanas e Sociais. Não será registrada nem avaliadas pelo sistema CEP/CONEP: I –
pesquisa de opinião pública com participantes não identificados.
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linguagem própria do respondente, além de oferecerem a vantagem de não haver


influência das respostas preestabelecidas pelo pesquisador, pois o informante
escreverá aquilo que lhe vier à mente.
Ainda que os dados apresentem alguns números e que estes possam ter sido
tratados estatisticamente, optou-se por uma análise qualitativa das respostas. Gatti e
André (2010) indicam que as abordagens qualitativas no âmbito da educação
destacam a importância dos ambientes escolares, potencializam análises que se
referem à compreensão de questões educacionais vinculadas a preconceitos sociais
e sociocognitivos de diversas naturezas, bem como a discussão sobre diversidade e
equidade.
Sobre o referencial analítico, buscamos articular os conhecimentos advindos das
teorias curriculares de educação e Educação Física, em especial a concepção pós-
crítica de Educação Física escolar (NEIRA; NUNES, 2006; 2009; NEIRA, 2019, uma
vez que esta se põe a problematizar as infinitas relações de poder engendradas nas
práticas corporais.

Os autores pós-críticos compreendem que o sujeito não é uma essência, não


está descrito por nenhuma teoria a priori que tenta explicá-lo e
sobredeterminá-lo. O sujeito não é algo dado, uma propriedade da condição
humana que preexiste ao mundo social, como pensaram, guardadas as
devidas epistemes, autores modernos, como Descartes, Kant, Marx, Piaget,
entre outros. Ele é constantemente subjetivado, ou seja, o que importa é a
relação estabelecida com os regimes de verdade que insistem em fixar sua
identidade (NEIRA; NUNES, 2009, p. 139).
Para os autores, consequência de seus interesses, as teorias pós-críticas da
educação têm questionado o conhecimento e seus efeitos de verdade e poder, o
sujeito e os variados modos e processos de subjetivação, os textos educacionais e as
diferentes práticas que produzem e instituem.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

A primeira pergunta do formulário buscou compreender quais as perspectivas


curriculares que os professores e professoras participantes desenvolvem em suas
aulas. A ideia aqui é compreender a concepção de sujeito e a função social atribuída
ao componente pelos professores participantes da pesquisa.9

9 Esses dados integraram o questionário para que pudessem ser relacionados com as demais
respostas ao longo das análises.
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Quadro 2 – Respostas da primeira pergunta


Perspectiva curricular Quantidade
Cultural 11
Mix de abordagem 16
Saúde 2
Esportivista 2
Desenvolvimentista 1
Sistematização 1
Psicomotora 2
Internacional 1
Não responderam 7
Fonte: Elaborado pelos autores.

Sobre a segunda questão, que verificou se o professor ou professora já


observou/identificou discursos de bullying gordofóbico, a maioria, 36, afirmou
positivamente. Uns com maior, outros com menor frequência:

Já presenciei alunos chamando o colega de gordo. A frequência é baixa, pois


não é tolerado nas minhas aulas (Professor 1). Já sim, um aluno disse que
a aluna deveria emagrecer isso ocorreu quando comecei a questionar quais
os objetivos da educação física, aí o aluno disse que serviria pra tal aluna
emagrecer, mas foram poucas as vezes (Professor 2). Sim, raramente,
atividades relacionadas a esporte (Professor 8). Pouca frequência,
chamam de baleia, não escolhe criança com sobrepeso (Professor 13).
Sim. Regularmente. Colocando apelidos: baleia etc. (Professor 14). Sim,
nas aulas de educação física na escola os gordos eram excluídos dos jogos
(Professor 41).
Poucos professores e professoras, apenas sete, disseram que nunca
observaram ou identificaram discursos de bullying com relação à composição corporal
em suas aulas. Entre eles, dois/duas professores/as afirmaram que tal fenômeno não
acontece, pois lecionam na educação infantil. Outro participante mencionou que não
ocorre porque ele/a não permite ou porque já aprenderam que não é adequado. Ainda
sobre essa questão, os professores e professoras eram convidados/as a descrever a
ocasião:

Durante uma das minhas aulas no 4.º ano, onde estava apresentando um
conteúdo que tratava de Lutas Indígenas, um dos meus alunos falou: “Fulano
vai ganhar de todos. Ele é muito gordo não dá pra empurrar ele Professor”, a
partir daí passei o resto da aula tentando apaziguar os ânimos e impedir
agressões físicas por parte dos alunos. Notei que o Fulano era o perseguido
da classe, visto que suas ações eram sempre potencializadas pelo fato de o
considerarem gordo. “Ele é muito lento professor” ou “Ele não sabe jogar”,
isso sempre vinha dos meninos. As meninas, apesar de não o atacarem
diretamente, o ignoravam e não gostavam quando ele se aproximava delas.
Chegava ao ponto de eles apontarem a quantidade de comida que o aluno
comia no intervalo (Professor 4). Sim, quando eu era estagiário de duas
escolas, e em uma delas numa aula de judô, enquanto eu acompanhava o
professor durante a aula, tem um aluno que é acima do peso, e vários colegas
de sala julgavam por ele não conseguir desenvolver tais atividades como os
outros, e o que mais me assustou foi o professor falar “aí eu sei que você não

Temas em Educação Física Escolar, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, Jan./Dez. 2022, p. 1 - 16.


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vai conseguir, nem precisa participar”, tudo bem que é difícil, porém o
professor teria que ter o papel de incentivar esse aluno e não de julgar o
mesmo, e nem se quer oferecer um apoio (Professor 5). Sim. Trabalhamos
com ginástica acrobática e alguns alunos tiveram falas preconceituosas. “Eu
não vou te aguentar”. “Você tem que sempre ficar embaixo” (Professor 11).
Não posso afirmar que sempre aconteceu, mas uma me marcou demais.
Certa vez, durante a tematização de ginásticas de academia, alguns
estudantes (meninos) fizeram piadas com dois garotos da sala em função de
sua composição física. “Vai quebrar o STEP”, “Melhor reforçar o chão”, “Se
pular, vamos encontrar petróleo aqui”, “Cuidado com o terremoto” (Professor
33). Sim nas aulas de educação física na escola os gordos eram excluídos
dos jogos (Professor 41). Sim, às vezes, quando os alunos escolhem as
equipes, sempre o gordinho e os alunos menos habilidosos ficam por últimos
ou não são escolhidos (Professor 42).
Sobre a terceira questão, que focalizava a intervenção desses discursos,
apenas um professor disse que não realizaria nenhum tipo de intervenção
pedagógica. Entre os demais, observamos que as estratégias de ensino descritas
variavam também no tocante à profundidade dada ao tema. Alguns professores e
professoras descreveram intervenções muito superficiais, discursos disciplinadores,
“broncas” para os “algozes” e estímulo/incentivo para as “vítimas” ou ações pautadas
pelo respeito, pelas regras de convivência e para apaziguar os conflitos:

Sim, disse que o objetivo da aula de educação física não era emagrecer, e
que a aluna tinha o direito de ser como ela quisesse bastando ela escolher
(Professor 2). Sim, partiria dos meus ideais e sempre tentaria estimular esse
aluno, fazendo com que ele se sinta mais feliz e com vontade de praticar
essas aulas, ainda que pareça difícil, sempre que se tem um estímulo de/ou
alguém incentivando e ajudando ele a se superar, as coisas melhoram
(Professor 5). Sempre, destaco a importância de todos e as possibilidades
para prática de qualquer exercício, independente da condição física que não
limita a atividade a pessoa (Professor 8). Sim. Converso com os alunos
sobre respeito ao corpo, que cada um é de um jeito e tamanho, que não seria
legal todos serem iguais. Converso separado também, com o aluno que
sofreu o preconceito, tentando ajudar e entender como ele se sente, e
converso com o restante da sala sobre o ocorrido, instigando eles a verem o
que podem fazer para melhorar (Professor 9). Sim. Conversamos sobre o
assunto. Discutimos. Lemos (Professor 11). Sim. Conversas individuais e
coletivas (Professor 14). Sim. Pedindo respeito pelo colega (Professor 21).
Sim, realizaria. Na base do diálogo tentaria mostrar que cada um tem seu
corpo. Ninguém é igual a ninguém é temos que respeitar as diferenças
(Professor 22). Sim. Depende de cada situação. Mas geralmente faço uma
chamada mais dura no particular e no coletivo exponho os malefícios que
denegrir a imagem de alguém pode causar (Professor 26). Com certeza!!
Paralisaria a atividade na hora e alertaria os alunos quanto ao peso e as
possíveis consequências daqueles atos (Professor 28). Sempre realizei
mediações com conversas e orientações exemplificando e explicando a
atitude inadequada (Professor 29). Sim, tiro a criança que agrediu o colega
para conversar e tentar entender o que o leva a falar aquilo do colega e
explico, que pessoas são diferentes, que não é uma atitude bacana a
discriminação por aparência, cor, corpo, condição social. Pergunto se
gostaria de ser tratado de tal forma e induzo a se desculpar (Professor 32).
Sim, adaptaria a aula para o aluno com sobrepeso (Professor 41). A
intervenção ocorreria imediatamente após o fato, com conversas, orientações
(Professor 43).

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BONETTO, Pedro; GONÇALVES, Brenda.

Outros/as professores e professoras mencionaram ações mais complexas,


algumas em dois momentos, um imediatamente à ocasião, buscando advertir os/as
estudantes que empreendem os discursos discriminatórios, preconceituosos e outros,
a médio e longo prazos, com intuito de elaborar uma problematização densa sobre
discriminação e preconceito. Alguns também indicaram que levariam o ocorrido ao
conhecimento da coordenação pedagógica da escola:

Peço para não falar assim com o colega, mesmo que ele “não ligue” (fala de
quem chama de gordo por ser amigo) peço para que na minha aula chamem
pelo nome. Falo de esportes onde os atletas a aparência deles causa má
impressão caso fossem vistos numa aula... porém são atletas com
composição corporal anormal (entenda anormal: que foge da norma).
(Professor 19). Sim. Depende de cada situação. Mas geralmente faço uma
chamada mais dura no particular e no coletivo exponho os malefícios que
denegrir a imagem de alguém pode causar (Professor 26). Sim, com
conversas trazidas para a temática trabalhada em aula, coletivamente. Em
alguns casos, raros como mencionei, são levados para discussão em
reunião pedagógica e com parcerias, colaborativamente buscamos
conscientizar e se necessário conversar pontualmente com as partes
envolvidas, caso for contar com apoio das famílias (Professor 27). Tomaria
uma atitude de cunho mais disciplinar, porém estabeleceria, em segundo
momento, um modo de introduzir conteúdos que dialogassem com essa
problemática. Isso, diferente de uma medida puramente disciplinar, leva
tempo elaborar (Professor 31). Duas ações, uma imediata e outra a longo
prazo. A imediata é parar e conversar na hora com a turma. Outra é
tematizando essa questão (Professor 36). Primeiramente eu iria propor
uma conversa com todos os alunos de forma a fazer uma integração e
sociabilização entre eles, mostrando os erros de se fazer exclusão e
preconceito. Ao término da aula, eu passaria todo o acontecido para a
coordenação pedagógica (Professor 40).
Alguns professores e professoras disseram que já haviam desenvolvido essa
temática em suas aulas. Outros relacionaram os discursos de discriminação e
preconceito por conta da composição corporal e, para tanto, elaborariam um projeto
pedagógico com as questões sociais, a partir de atividades de problematização dos
padrões de saúde e beleza:

Sim. Faço intervenção através de conteúdo sobre obesidade, padrões de


beleza corporal na mídia e respeito ao próximo (Professor 1). Sim,
certamente realizaria. Minha ação dependeria muito da situação – já
presenciei enunciações machistas, homofóbicas e tornei isso tema de aula,
debate ou simplesmente promovi uma conversa com os/as envolvidos/as.
Penso que depende de uma série de fatores: exposição, envolvimento, se o
caso se repetiu. Com isso eu poderia planejar diferentes intervenções
(Professor 7). Converso sobre as diferentes capacidades e habilidades que
todos temos. Já abordei sobre padrões de beleza com ensino médio
(Professor 13). Com essa turma em especial, apresentei a eles trechos de
um livro chamado “Gordos, magros e obesos: uma história de peso no Brasil”,
além de filmes que retratassem a produção discursiva sobre peso e
padrões/referenciais de beleza, sem ter a intenção de chocá-los ou de
contrapor as afirmações gordofóbicas. A intenção era alertar para o fato de
que nem sempre em nossa sociedade o magro foi padrão de estética

Temas em Educação Física Escolar, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, Jan./Dez. 2022, p. 1 - 16.


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(Professor 33). Sim, com atividades que coloquem em xeque o corpo perfeito
(Professor 38).
Retornando à primeira questão, sobre a abordagem ou currículo de Educação
Física adotada, é possível relacionar que as intervenções mais densas sobre a
questão do bullying gordofóbico foram elaboradas pelos professores e professoras
que afirmam desenvolver suas aulas nas perspectivas cultural e mix de abordagens.
A quarta questão do formulário refere-se à formação dos professores (inicial ou
continuada) sobre o tema do bullying gordofóbico. Vinte e quatro professores e
professoras não tiveram acesso ao tema específico no âmbito da formação
profissional, ainda que alguns tenham apontado conteúdos relativos ao bullying e
preconceito de maneira geral.

Não tive acesso ao tema, apesar de ter observado e vivenciado muito durante
minha trajetória como aluno no Fundamental e Médio (Professor 7). Tive
acesso a aulas sobre preconceito no geral na pós-graduação. Não lembro
como foi a atividade, mas lembro que as aulas eram ótimas, sempre envolvia
roda da conversa e tal (Professor 11). Nunca tive uma formação sobre esse
assunto. Fui ler quando foi necessário fazer uma intervenção (Professor 13).
Apesar de tratarmos muitas vezes do tema exclusão de alunos nas aulas de
educação física, não tratamos o tema bullying diretamente, e sim ações para
que não acontecesse a exclusão de pessoas obesas, pessoas menos
habilidosas e pessoas com alguma “deficiência” das aulas de educação física
(Professor 14). Não. Tive sobre o cyberbullying (Professor 16). Não
exatamente, mas tratamos dessas questões de um modo geral, afinal
preconceitos de toda ordem também são representações que acompanham
as manifestações corporais. Em certa aula na graduação o professor expôs
um conjunto de imagens e vídeos numa espécie de amostra. Logo depois
tivemos a tarefa de elaborar especulações sobre o que achávamos daquelas
imagens e vídeos. Evidentemente, todas as imagens se tratava de pessoas
ou grupos envolvidos e/ou imersos em manifestações corporais diversas.
Lembro que muitas imagens e vídeos provocaram especulações não apenas
rasas e insuficientes, mas extremamente impregnadas de valores e
representações normativas de gênero, classe social, etnia, gestualidades etc.
(Professor 27). Durante a minha graduação não tive qualquer acesso a esse
tema. Sobre bullying, acessei pela primeira vez durante a especialização
(educação física escolar). Sobre gordofobia, foi bem mais recente. Poucos
anos atrás. Não em um curso ou formação específico, mas através do contato
com literaturas que versam sobre multiculturalismo crítico e educação física
culturalmente orientada (Professor 29).
Apenas 13 professores tiveram algum contato durante sua formação. Os
demais não responderam à questão:

Sim, diversas vezes ocorrem debates sobre esse tema, acredito que seja algo
imposto pela sociedade, um padrão de corpo ideal, portanto quando se tem
mais conhecimento sobre isso e se vê como é a realidade e que todos somos
capazes, muitas mentes são abertas, creio que é um tema que deve ser
muuuuuuuuuuito mais abrangente, em todos os âmbitos (Professor 8).
Durante a formação, na disciplina de didática da Educação Física o Professor
trouxe artigos e houve debate sobre padrões de beleza, mídia, algo nesse
sentido. Recentemente no meu curso de pedagogia, o professor propôs uma
aula sobre o assunto para alunos do 7.º ano. E fizemos um planejamento de
COLÉGIO PEDRO II - Revista do Departamento de Educação Física
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BONETTO, Pedro; GONÇALVES, Brenda.

7 aulas sobre o assunto (Professor 28). Sim, durante a faculdade. Foi uma
atividade de relatos de prática (Professor 31).
A última questão investigada refere-se ao conhecimento de materiais (didáticos
ou paradidáticos) que abordam o tema bullying gordofóbico. Vinte e cinco professores
e professoras participantes não conhecem materiais a respeito do tema; apenas 11
participantes afirmaram conhecer algum material.

CONSIDERAÇÕES PROVISÓRIAS

É possível dizer que a maioria das pesquisas sobre Educação Física escolar e o
corpo gordo constitui propostas pedagógicas baseadas nas ciências biomédicas, com
foco no emagrecimento, na compreensão de obesidade como uma doença crônica,
epidêmica, cujo intuito é evitar, corrigir e curar o corpo gordo ou com sobrepeso. A
identidade desejada é um corpo magro, compreendido como saudável, produtivo, belo
e apto para viver.
Nessa perspectiva, a pesquisa em questão demonstra a falta de trabalhos que
abordam o problema da discriminação, preconceito do corpo gordo durante as aulas
de Educação Física. Foi identificado apenas um artigo de Educação Física que
tematiza especificamente a ocorrência do chamado bullying gordofóbico.
Investigando tal fenômeno pela perspectiva dos professores e professoras de
Educação Física, verificamos que a maioria dos docentes já observou discursos de
bullying gordofóbico em suas aulas. Portanto, as estratégias de ensino descritas
variaram com relação à profundidade dada ao tema, alguns com intervenções muito
superficiais, discursos disciplinadores, “broncas” para os “algozes” e
estímulo/incentivo para as “vítimas”, ações pautadas apenas pela reivindicação do
respeito, pelas regras de convivência e para apaziguar os conflitos. Outros indicaram
ações mais complexas, buscando não apenas advertir os estudantes que
empreendem os discursos discriminatórios e preconceituosos. Esses professores e
professoras que propuseram elaborar uma discussão densa sobre discriminação e
preconceito contra o corpo gordo criaram projetos pedagógicos com as questões
sociais a partir de atividades de problematização dos padrões de saúde e beleza.
Teorizações curriculares críticas e pós-críticas da Educação Física revelam que
a função social da Educação Física não pode ser apenas formar indivíduos saudáveis.
Diferente disso, a compreensão é de que a Educação Física precisa problematizar os
diferentes corpos, bem como os padrões de saúde e beleza.

Temas em Educação Física Escolar, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, Jan./Dez. 2022, p. 1 - 16.


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ARTIGOS ORIGINAIS

Em meio a essa luta, a cultura diferente é representada pela identidade


dominante que confere para si atributos válidos e, para marcar a diferença,
estabelece o negativo para o Outro cultural. Foram os grupos dominantes
que, ao discursar sobre o melhor movimento, corpo e estilo de vida,
conferiram aos motoramente inábeis, sedentários ou praticantes de outras
atividades corporais, a pecha de diferentes (NEIRA, NUNES, 2009, p. 184).
Ressalvamos que não se trata de negar ou relativizar as evidências científicas
que relacionam o corpo gordo com doenças crônico-degenerativas, mas compreender
que a composição corporal é determinada por uma complexa interação de variáveis
biológicas, sociais, econômicas e culturais10. Portanto, torna-se importante incluir nas
aulas de Educação Física atividades de desconstrução da narrativa simplista de que
o corpo gordo é reflexo apenas do sedentarismo e de hábitos alimentares errados.

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e qualidade dos alimentos ingeridos, intensidade e frequência de atividade física, doenças crônicas,
alterações hormonais, entre outros.

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Recebido em: 31/03/2021


Publicado em: 06/06/2022

COLÉGIO PEDRO II - Revista do Departamento de Educação Física


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