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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS XII


LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
TURMA 2019.1

BRUNO PEREIRA, CLAYTON ROCHA, GRACIELE GONÇALVES, NERISVALDO


DIAS, SUZI SANTANA E WILDSON HARYSTON

A SAÚDE DOS UNIVERSITÁRIOS

GUANAMBI – BA
2021
BRUNO PEREIRA, CLAYTON ROCHA, GRACIELE GONÇALVES, NERISVALDO
DIAS, SUZI SANTANA E WILDSON HARYSTON

A SAÚDE DOS UNIVERSITÁRIOS

Trabalho realizado como método avaliativo da


disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica IV, do
curso de Licenciatura em Educação Física, sob a
orientação da professora Mariângela.

GUANAMBI-BA
2021
Resumo

O ingresso na universidade é considerado um marco na vida do indivíduo, e esse


processo pode ser bastante conturbado, podendo comprometer a saúde física e
mental do estudante. Assim, o objetivo do presente estudo é analisar e identificar a
produção do conhecimento sobre a saúde dos universitários. Para tal, foi realizada
uma revisão sistemática cuja metodologia de inclusão e exclusão se dividiu em duas
etapas: a primeira consistiu em excluir os artigos que não continham em seu título,
resumo ou palavras-chave nenhuma relação com o tema; a segunda consistiu em
eliminar aqueles que não possuíam na integra alguma relação concreta com o tema.
Dessa forma, concluiu-se que que é imprescindível uma operação em conjunto,
estudantes e todo corpo universitário juntos para estabelecerem ações que visem a
promoção da saúde universitária e conscientização sobre a importância de se ter um
estilo de vida saudável.

Palavras-Chave: Saúde. Universitários. Estilo de vida.


1 INTRODUÇÃO

O ingresso na universidade é considerado um marco na vida do indivíduo,


esse novo espaço acadêmico repleto de normas, metodologias, grupos e pessoas
desconhecidas geram impactos na rotina do universitário, fazendo-se necessária
uma adaptação a essa nova realidade educacional, além disso, muitos precisam
conciliar as dimensões: pessoal, profissional e social. Diante disso, esse processo
pode ser bastante conturbado, podendo comprometer a saúde física e mental do
estudante
A cobrança para que ele se estabeleça no mercado de trabalho é enorme,
fazendo-o querer aproveitar tudo que a universidade tem a oferecer: Estágios,
bolsas, intercâmbios e diversas experiências, pois, acredita que ao vivenciar tudo
isso irá se sobressair em relação aos demais no mercado de trabalho (ESTADÃO,
2021). Dessa forma, essa grande demanda limita seu contato social, muitos
estudantes se isolam e ficam aprisionados ao mundo acadêmico, sem tempo para
sair com os amigos, familiares ou mesmo ter seu momento de lazer.
Isso gera uma serie de problemas de saúde, como: ansiedade, depressão,
sedentarismo e vários outros que vão surgindo em decorrência do anterior. Além
disso, as drogas muitas vezes se tornam uma saída em virtude do seu potencial de
desconectar o usuário da realidade, sejam licitas ou ilícitas muitas tem potencial
para causar a dependência química (SANTANA, 2018).
Esse cenário, faz com que a pessoa muitas vezes se pergunte qual é o
motivo de continuar na instituição, porque ficar em um local que o faz mal, e as
respostas muitas vezes levam o aluno a desistir do curso. Em um contexto normal,
tudo isso já gerava uma enorme preocupação, mas com o início da pandemia do
COVID-19 os impactos causados na saúde do estudante se acentuaram.
Um estudo realizado este ano pela Chegg (uma empresa americana de
tecnologia educacional) denominado “Global Student Survey” diz que 76% dos
estudantes brasileiros afirmam que sua saúde mental foi afetada pelo confinamento
e pelo ensino a distância (OLIVEIRA,2021).
Desse modo, existe uma tendencia para que ocorra uma enorme evasão do
ensino superior em decorrência de problemas de saúde, o que pode ser visto como
um pedido de socorro advindo daqueles que estão sempre no lado mais fraco da
corda. Portanto, com as premissas apresentadas, o objetivo do presente estudo é
analisar e identificar a produção do conhecimento sobre a saúde dos universitários.

2 METODOLOGIA

Este estudo caracteriza-se como uma revisão sistemática, que segundo


Cordeiro et al. (2007) é um tipo de investigação científica que tem por objetivo reunir,
avaliar criticamente e conduzir uma síntese dos resultados de múltiplos estudos
primários e analisados.
A seleção dos artigos ocorreu com base nos seguintes critérios de inclusão:
a) estudos em português; b) estudos que tratavam da saúde dos universitários; c)
trabalhos publicados de 2019 a julho de 2021. Para a exclusão dos artigos foram
determinadas duas fases: Na primeira foram excluídos os artigos que não continham
em seu título, resumo ou palavras-chave nenhuma relação com o tema; a segunda
consistiu em eliminar aqueles que não possuíam em seu conteúdo completo alguma
relação concreta com o tema.
As buscas foram realizadas nas revistas: Pensar a prática, Movimento,
Motrivivência e RBCE por intermédio da ferramenta de busca do portal Google
acadêmico. Para tal, foram utilizados os descritores “Saúde”, “estudantes” e
“Universitários”. Logo depois, foram aplicados os critérios de inclusão e exclusão o
que possibilitou selecionar, inicialmente, 4 artigos de um universo de 176 contidos
no portal. Destes 4 artigos, dois foram excluídos na segunda fase. Por conseguinte,
apenas 2 deles efetivamente estabeleceram algum tipo de relação com a saúde dos
universitários.

Título Autor/ano Periódicos Objetivo Tipo de estudo


Verificar se
Universitários Rossato et al. Google Estudo descritivo
universitários
participantes de (2019) acadêmico: Participantes de um quanti-qualitativo
programa de
um programa de Revista
atividade física e
atividade física Motrivivência lazer mudaram
seus hábitos de
e lazer podem
vida
mudar seus
hábitos de vida?

Relação entre Farias et al. Google Analisar a literatura A análise foi feita
atividade física (2019) acadêmico: científica sobre a por meio da revisão
e síndrome de Revista Pensar relação entre sistemática.
burnout em a prática atividade física e a
estudantes síndrome de
universitários: Burnout em
revisão estudantes
sistemática universitários
Fonte: Elaboração Própria.

Após a seleção dos artigos as seguintes categorias foram elencadas:


Universitários; Síndrome de Burnout; atividade física; Burnout em universitários;
Burnout e atividade física; Saúde dos estudantes universitários; Hábitos de vida;
Qualidade de vida e Covid-19. Tais categorias trazem elementos importantes na
abordagem da saúde dos universitários.

a) UNIVERSITÁRIOS

Farias et al. (2019) discorrem que o caminho do universitário para conseguir


sua formação é cheio de percalços e expectativas, e mesmo antes de ingressarem
na universidade eles se deparam com a ansiedade, pois, estão prestes a adentrar
em um ambiente que os exigirá a mais alta capacidade de adaptação para
permanecerem firmes durante todo o curso. Os autores ainda enfatizam que toda
essa pressão aliada a alta demanda de conteúdos podem causar prejuízos à saúde
dos estudantes.
b) SINDROME DE BORNOUT

De acordo Farias et al. (2019), a síndrome de Bornout é a cristalização da


exaustão emocional, despersonalização e diminuição do sentimento de realização
pessoal. Nesse sentido, eles pontuam que esse aglomerado de sensações causa
impactos físicos, psicológicos, comportamentais e isso proporciona o indivíduo a
ficar cada vez mais fadigado, com problemas para dormir, sentindo dores
musculares, irritado com pequenas coisas, sem vontade de agir, incapaz de relaxar,
desatento, desconcentrado, apresentando falhas na memória, querendo se isolar,
demonstrado sintomas de abstinência e desinteressado pelo trabalho.

c) ATIVIDADE FÍSICA

Farias et al. (2019) caracterizam a atividade física como um instrumento para


a melhora da saúde psicológica, biológica, social. Eles dizem que ela pode servir
como uma barreira protetora e por isso, os adeptos de sua prática ficam mais
seguros em relação ao desenvolvimento de alguma alteração maléfica na saúde.
Corroborando com essa ideia, Rossato et al. (2021) dizem que à pratica de
atividades físicas, é um grande aliado para a melhoria da qualidade de vida,
principalmente para aqueles que vivem uma rotina exaustiva. A prática regular de
esportes proporciona um bem estar físico, auxilia no combate ou controle de
doenças crônicas, além de contribuir com a saúde mental. O autor narra que, o
incentivo ao esporte é capaz de melhorar, de forma indireta, outros domínios como:
estresse, a tensão, uso exagerado de álcool e consumo de cigarros e drogas,
reforçando assim, a importância da atividade física.

d) BORNOUT E UNIVESITÁRIOS

Farias et al. (2019) dizem que a esfera acadêmica é bastante afetada, isso
porque as estudantes acometidas pelo Bornout se sentem incapazes de realizar
qualquer atividade relacionada a essa área (e outras), eles entram em um loop de
culpa por não conseguirem ter forças para lutar contra esse sentimento e muitos
acabam abandonando o seu respectivo curso. Os autores ainda destacam que o
estilo de vida dos universitários afeta diretamente as chances do acometimento da
síndrome, principalmente os hábitos sedentários, que são um reflexo do alto nível de
estresse e esse é resultado da excessiva demanda acadêmica. Além disso,
discorrem que o Bornout é mais presente nos universitários dos cursos da área da
saúde, mas, também afeta estudantes de vários segmentos em diferentes
momentos da graduação.

e) BORNOUT E ATIVIDADE FÍSICA

Farias et al. (2019) apontam que a atividade física ajuda na prevenção e no


tratamento da síndrome, ela age como um mecanismo de defesa emocional e
combate os sintomas do Bornout, assim, os indivíduos acometidos por ele relatam
grande diminuição nos sentimentos negativos, bem como, nas manifestações físicas
que antes eram recorrentes. Nesse sentido, relatam ainda que um estilo de vida
sedentário é uma das causas do desencadeamento da síndrome e, por isso, hábitos
de vida saudáveis como praticar atividades físicas são cruciais para o bem-estar
psicológico e melhora da saúde em geral.

f) SAÚDE DOS ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

Rossato et al. (2021) abordam em seu texto uma temática importante acerca
da saúde dos estudantes universitários, eles discorrem que ingressar e se manter
em uma universidade não é um processo tão simples, a rotina intensa e altas
demandas pedagógicas podem gerar uma sobrecarga no aluno, além disso, outros
fatores como a vulnerabilidade pessoal, social e/ou econômica, acentuam esse
problema, implicando diretamente no seu estilo de vida. Nesse sentido, para suprir
as exigências acadêmicas muitos abrem mão de hábitos saudáveis, por falta de
tempo ou organização abandonam as atividades físicas e passam a consumir
alimentos processados, tal condição pode levar ao sedentarismo e
consequentemente ao desenvolvimento de doenças crônicas, além de afetar a
saúde mental.
Com base nisso, os autores destacam a importância e influência do ambiente
universitário, citam também a relevância dos programas voltados a Promoção da
Saúde (PS), tais iniciativas possuem potencial para incentivar os discentes a
melhorarem sua qualidade de vida. Os programas voltados a prática de atividades
físicas individuas e/ou coletivas, bem como, a adoção de uma alimentação saudável,
trazem benéficos incalculáveis, pois proporcionam o bem estar físico e mental, além
contribuir com a socialização, essas mudanças são significativas, uma vez que,
ajudam a amenizar a tensão, melhoram a disposição e o rendimento do aluno,
contribuindo positivamente em toda a comunidade escolar.

g) HÁBITOS DE VIDA

Rossato et al. (2021) mostram a importância de se buscar melhores hábitos


de vida por parte dos universitários, pois, uma grande parcela dessa população leva
um estilo de vida sedentário e as alterações em decorrência disso podem trazer
impactos negativos ao indivíduo. Dessa forma, praticar atividades físicas, alimentar-
se de maneira saudável e explorar atividades de lazer que tragam benefícios para a
saúde mental é de extrema importância na manutenção da saúde geral do
estudante. Além disso, a universidade pode contribuir na construção desses hábitos,
fornecendo locais e atividades voltados a promoção da qualidade de vida.

h) QUALIDADE DE VIDA

Segundo Rossato et al. (2021) a qualidade de vida dos estudantes em geral é


relativamente menor, tal condição pode ser fruto de uma rotina marcada por grandes
exigências acadêmicas, outros aspectos como a vulnerabilidade social e econômica
também podem intensificar com essa situação. Diante disso, eles narram a
importância do ambiente universitário na vida dos discentes, destacam que esses
lugares representam uma oportunidade valiosa para a promoção a saúde,
influenciando diretamente no estilo de vida dos alunos e podendo proporcionar uma
melhor experiência em sua jornada acadêmica.

i) COVID-19

Rossato et al. (2021) abarcam em seu texto os impactos da covid-19,


segundo eles, a pandemia tem posto em xeque a saúde física e mental dos
discentes. As estratégias que foram implantadas para conter a propagação do vírus
modificou a rotina de toda população, atividades antes realizadas em grupos foram
suspensas e os trabalhos e estudos passaram a ser realizados em casa. Essa
condição juntamente com as restrições impostas, refletiram diretamente no estilo de
vida dos indivíduos, esse novo cenário intensificou os níveis de estresse e
ansiedade em pessoas consideradas saudáveis, além de aumentar os sintomas
daquelas com transtornos pré existentes. Diante disso, eles ressaltaram a
necessidade das universidades elaborarem projetos voltados a saúde física e
mental, além de fortalecer o vínculo social diminuindo assim os efeitos provocados
pela pandemia.

3 CONCLUSÃO

Inicialmente imaginávamos encontrar muitos artigos relacionados com o tema,


mesmo aplicando um recorte temporal curto. Entretanto, nos deparamos com a
escassez de estudos que discorrem sobre a saúde dos universitários.
Dito isso, os dois estudos que foram utilizados na composição deste trabalho,
trouxeram levantamentos importantes acerca da temática. Ambos concordaram que
a atividade física é de extrema importância para a manutenção da saúde do
estudante, e que seu estilo de vida está diretamente ligado ao desenvolvimento ou
não de doenças. Assim, um dos fatores chave para quebrar-se a homeostase do
indivíduo são os hábitos de vida que ele desenvolve.
Pensando nisso, verificamos que o dia a dia dentro da universidade com
trabalhos e mais trabalhos acadêmicos, aliado a pressão social por resultados,
transforma o discente em uma bomba relógio de emoções prestes a explodir.
Seguindo com a analogia, nesse meio tempo em que ele carrega essa “carga
emocional” a sua mente envia sinais ao corpo informando sobre o conteúdo perigoso
que carrega, e esses sinais serão os responsáveis pela detonação do recipiente.
Nesse sentido, entendemos que é imprescindível uma operação em conjunto,
estudantes e todo corpo universitário juntos para estabelecer ações que visem a
promoção da saúde universitária e conscientização sobre a importantancia de se
desenvolver um estilo de vida saudável.
Em suma, inferimos que para atingir uma melhor qualidade de vida estudantil
é preciso que a instituição de ensino entenda as limitações dos indivíduos e procure
proporcionar momentos de lazer para ele, e esse por sua vez comprometa-se com
suas responsabilidades acadêmicas, bem como, com seu corpo, praticando
atividades físicas e tendo uma alimentação balanceada.
Conclui-se, que a falta de estudos sobre a saúde dos estudantes do ensino
superior dificulta um maior aprofundamento da temática, o que é muito preocupante
para a comunidade acadêmica, principalmente a de Educação Física, visto que, as
buscas foram feitas em revistas da área. Desse modo, para uma melhor discussão é
preciso que mais trabalhos sejam desenvolvidos.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Mayonara Fabíola Silva. Qualidade do sono, sonolência diurna e fatores associados


em estudantes universitários: um estudo baseado nos determinantes sociais. 2020. Dissertação
de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

CORDEIRO, Alexander Magno et al. Revisão sistemática: uma revisão narrativa. Revista do Colégio
Brasileiro de Cirurgiões, v. 34, p. 428-431, 2007.

ESTADÃO. Saúde Mental na Universidade: qual a importância? Summit Saúde, 2021. Disponivel
em: <https://summitsaude.estadao.com.br/novos-medicos/importancia-da-saude-mental-e-da-
qualidade-de-vida/>. Acesso em: 05 Novembro 2021.

FARIAS, Gelcemar Oliveira et al. Relação entre atividade física e Síndrome de Burnout em
estudantes universitários: revisão sistemática. Pensar a Prática, v. 22, 2019.

OLIVEIRA, Elida. Brasil tem maior índice de universitários que declaram ter saúde mental afetada na
pandemia, diz pesquisa. g1, 2021. Disponível em:
https://g1.globo.com/educacao/noticia/2021/02/26/brasil-tem-maior-indice-de-universitarios-que-
declaram-ter-saude-mental-afetada-na-pandemia-diz-pesquisa.ghtml. Acesso em: 05 Nov. 2021.

REIS, Nadson Santana et al. O esporte educacional como tema da produção de conhecimento no
periodismo científico brasileiro: uma revisão sistemática. Pensar a Prática, v. 18, n. 3, 2015.

ROSSATO, Carla Emilia et al. Universitários participantes de um programa de atividade física e lazer
podem mudar seus hábitos de vida?. Motrivivência, v. 33, n. 64, p. 1-19, 2021.

SANTANA, Elvira Rodrigues. A experiência do adoecimento e a busca por cuidados na universidade:


narrativas de estudantes do bacharelado interdisciplinar em saúde da UFBA [dissertação]. Salvador:
Universidade Federal da Bahia; 2018.

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