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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS XII


LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
TURMA 2019.1

BRUNO PEREIRA DA SILVA


CARLOS AUGUSTO SOUZA BRASIL

ABORDAGENS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO CONTEXTO DA


BNCC

GUANAMBI – BA
2021
BRUNO PEREIRA DA SILVA
CARLOS AUGUSTO SOUZA BRASIL

ABORDAGENS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO CONTEXTO DA


BNCC

Artigo de Revisão bibliográfica realizado como método


avaliativo da disciplina de Saberes Necessários à
Docência, do curso de Licenciatura em Educação Física,
sob a orientação da professora Fausta Porto Couto.

GUANAMBI – BA
2021
RESUMO

O objetivo desse estudo é analisar as produções do conhecimento acerca das abordagens


pedagógicas da educação física no contexto da BNCC. O método utilizado nesse estudo foi
bibliográfico onde apresentou uma retomada de abordagens tradicionais da educação física,
sendo assim, a partir de toda síntese feita, consideramos necessário um novo olhar do
professor de Educação Física, frente a esse novo cenário que se apresenta, com vista à novas
propostas de trabalho e intervenções que atendam os anseios da juventude do século XXI.

Palavras-Chave: Educação Física; BNCC; Abordagens pedagógicas.


1 INTRODUÇÃO

A fim de entendermos o contexto que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi
projetada, e a influência desse contexto no texto do componente de educação física,
objetivamos promover uma análise acerca dos estudos que tratam das abordagens pedagógicas
da educação física no contexto da BNCC.
Segundo Dos Santos e Fuzii (2019), a BNCC já era prevista desde a Constituição
Federal de 1988, está que delega o poder à União de legislar acerca das diretrizes e bases da
educação nacional, visto isso, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) já
previa a construção de uma base comum para a educação desde o ano de sua promulgação.
Entretanto, a criação da BNCC veio ser preconizada com a aprovação do plano
nacional de educação (PNE) em 2014, ocorrendo vários tensionamentos a respeito de sua
construção, homologação, implementação e também de sua relação com a Educação Física
Escolar, onde começaram a surgir algumas discussões e formulações em torno dessa temática
(CAZUMBÁ, 2018).
Diante disso, no processo de construção da BNCC foi apresentado diversas
abordagens pedagógicas da educação física, que mudaram de acordo o contexto que estava
inserido, fazendo com que houvesse bastantes críticas, principalmente no que se referente a
uma adoção de abordagens tradicionais da educação física, consideradas ultrapassadas (DOS
SANTOS E FUZII, 2019).
3 METODOLOGIA

Este trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica que segundo Marconi e Lakatos
(1992) é uma maneira de levantar a bibliografia já publicada sobre determinado tema, uma
forma de ajudar o cientista na análise de suas pesquisas ou na manipulação de suas
informações. Ela pode ser considerada como o primeiro passo de toda a pesquisa científica.
Nesse sentido buscou-se analisar o que vem sendo produzido e divulgado nos periódicos
brasileiros sobre as abordagens pedagógicas da educação física no contexto da BNCC.
O recorte temporal compreendeu o período de 2011 a 2021. A seleção dos estudos
analisados foi desenvolvida a partir da ferramenta de busca do portal do Google Acadêmico, e
implicou no uso dos descritores “abordagens pedagógicas” “educação física” “contexto”
“BNCC”. No decorrer do levantamento, buscando filtrar os artigos relacionados com o tema,
utilizou da leitura dos títulos. Procedeu a análise dos resumos e das palavras-chave (1º fase) e
por fim, a leitura do texto completo (2ºfase). Esse conjunto de procedimentos permitiu
selecionar 6 textos que efetivamente estabeleceram algum tipo de relação com as abordagens
pedagógicas da educação física no contexto da BNCC.

Título Autor/Ano Periódicos Objetivo Método


Educação física no AREIAS/ 2021 Google Acadêmico Promover uma Revisão sistemática
novo ensino médio: Revista Scientia análise e reflexão de literatura
revisão literária Generalis acerca da Educação
sistemática sobre a Física no contexto
Base Nacional que se desenha o
Comum Curricular- novo ensino médio.
BNCC.
As implicações da CUNHA; Google Acadêmico Investigar sobre as Pesquisa qualitativa
BNCC na prática SOARES; Revista Interação implicações da de caráter descritivo
pedagógica dos SURDI/ 2021 BNCC na prática
professores de pedagógica dos
educação física da professores de
rede municipal de Educação Física da
Natal/RN. rede municipal de
educação da cidade
de Natal.
Perspectiva docente FURTADO; Google Acadêmico Analisar a Pesquisa documental
sobre as COSTA/ 2020 Revista Cocar compreensão de e análise de conteúdo
“repercussões” da docentes do curso para a interpretação
Base Nacional de Educação Física dos dados oriundos
Comum Curricular da UEPA a respeito de entrevista
na formação de das repercussões da semiestruturada.
professores de BNCC na formação
Educação Física inicial de
professores.

A educação física na DOS SANTOS; Google Acadêmico Situar a Educação Revisão Bibliográfica
área da linguagem: o FUZII/ 2019 Revista Física no contexto
impacto da BNCC no Comunicações escolar com base na
currículo escolar implementação da
Base Nacional
Comum Curricular
e descrever como a
BNCC pode
impactar o currículo
escolar.
Incoerências e NEIRA/ 2018 Google Acadêmico Analisar a BNCC Análise Documental
inconsistências da Revista brasileira de educação física
BNCC de Educação de ciência do mediante o
Física esporte confronto com a
teorização
curricular

Fundamentos CAZUMBÁ/ Google Acadêmico Investigar os Análise de Conteúdo


teóricos 2018 UEFS Fundamentos
metodológicos da Políticos e
educação física Pedagógicos da
presentes na BNCC Educação Física
do ensino médio expressos na BNCC
do ensino médio.
Fonte: Elaboração própria

Organizamos as informações nas seguintes categorias: Abordagens pedagógicas da


educação física no texto da BNCC e suas críticas; Contexto da BNCC. Nelas estaremos
discutindo, dialogando com os dados, descrevendo as informações que encontramos. A
maioria das pesquisas são de caráter bibliográfico e documental.

a) Contexto da BNCC

A categoria Contexto da BNCC buscou identificar os artigos, que trataram sobre o


contexto que a BNCC foi publicada. Entendendo que é fundamental a compreensão da
política educacional do país, para nos ajudar a compreender como a Educação não se
estabelece de forma isolada da sociedade, sofrendo influência de várias forças políticas a
partir de um contexto político, econômico e social.
Areas (2021) fala que o processo de construção da BNCC perpassou por vários
caminhos até que sua aprovação pudesse se concretizar, sendo prevista desde a constituição
de 1988. Além disso, de acordo Cazumbá (2018) a proposta de construção da BNCC apareceu
também na Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996, e
posteriormente no Plano Nacional de Educação (PNE) de 2014. O autor ainda diz que no ano
seguinte, em 2015, a BNCC começou a ser elaborada por uma equipe de especialistas, com a
participação das universidades e professores da rede básica, onde desse debate, houve a
construção do documento sendo disponibilizado um material preliminar para as contribuições
da população via internet. Já em 2016, como aponta Areas (2021) temos a elaboração da
segunda versão, está que também foi para consulta pública, sendo discutida em seminários em
todo o Brasil.
De acordo Cazumbá (2018) o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, fez com
que houvesse uma mudança de governo. Com isso, Michael Temer assume o cargo de
presidente da república, com o apoio da câmera e do senado, e através dessa conjuntura que o
governo estava instalado, se tornou propício a implementação de políticas antidemocráticas
que atacam diretamente os trabalhadores, como por exemplo: a Emenda Constitucional (95)
que congela os gastos da saúde e da educação; a aprovação da Reforma Trabalhista e da
Reforma do Ensino Médio, entre outras. Ainda segundo o autor a construção da BNCC nesse
contexto poderia provocar sérios danos à educação brasileira, uma vez que o Governo de
Michel Temer, vinha atendendo a todos os interesses das bancadas mais conservadoras do
Congresso Nacional e também do grande empresariado, em detrimento dos interesses e dos
direitos da classe trabalhadora, dentre os quais, perpassa a defesa da garantia de uma
educação pública, gratuita, laica e de qualidade.
Com isso, segundo Neira (2018) a publicação da terceira versão da BNCC, que veio a
público em abril de 2017, teve bastante críticas e pouca participação da população, por conta
de ser debatida em audiências regionais de difícil acesso, sendo assim homologada sem
alterações significativas.

b) Abordagens pedagógicas da educação física no texto da BNCC e suas Críticas

Os artigos que compõe a categoria Críticas a BNCC de Educação Física, reúne um


conjunto de estudos que tem como objetivo a apresentação e discussão acerca das críticas a
BNCC de educação física. Para isso, tais trabalhos apresentaram diversos pontos de vista e
enfoques que servem para entendermos melhor essa questão.
Dos Santos e Fuzii (2019) dizem que as práticas corporais são definidas com
elementos comuns que retomam os antigos ideais da Educação Física, já descritos no contexto
histórico da área, com base nos métodos higienistas e conceitos cognitivistas, sendo esses
voltados para o cuidado do corpo e da saúde; e para realização de movimentos específicos
adquiridos através da percepção. Diante disso os autores afirmam que essa retomada de
conceitos é um extremo retrocesso para a área, e também podem significar um perigo para o
próprio campo da Educação Física, como também um distanciamento da construção da área
enquanto Linguagem.
Neira (2018) acrescenta que o currículo baseado em competências e habilidades
prescritas reduz as possibilidades pedagógicas do professor e repercute na formação dos
estudantes. Além disso, o autor diz que o documento é inconsistente a fundamentação para o
ensino da educação física, a começar pela ausência de argumentos que justifiquem sua
inserção na área das linguagens, onde conceitos centrais como cultura e cultura corporal
deveriam ter sido explicados, pois, a depender do referencial adotado, refletiram sobre a
prática de diferentes maneiras.
Furtado e Costa (2020) apontam críticas feitas pelos docentes da Universidade
Estadual do Pará (UEPA) acerca da BNCC, onde para eles a base se configura como um
retrocesso para os campos da Educação e da Educação Física, apresentando-se como um
mecanismo de semiformação. Além disso, os autores relatam que na BNCC contém várias
abordagens pedagógicas que acabam não contribuindo de forma consistente com a construção
de uma orientação para o currículo da educação física, pois segundo eles, apesar dos
fragmentos de diferentes perspectivas teóricas da educação física, o sentido que impera no
documento é o do esvaziamento do processo de escolarização por via das práticas corporais.
A exemplo temos o trabalho com a temática esporte, onde de acordo os autores, a BNCC se
baseia no tipo de interação e ação motora presente nas atividades competitivas para distribuir
o seu conteúdo em cada série comprovando assim o apreço pela vivência no seu sentido mais
esvaziado.
Já Cunha, Soares e Surdi (2021) em sua pesquisa apresentaram críticas feitas por
professores acerca da abordagem trazida pela BNCC em relação as unidades temáticas da área
de educação física, algumas dessas críticas foram referentes a presença restrita de temas
transversais no documento; e também a falta de contextualização das práticas corporais de
aventura. Contudo, para os autores cabe ao professor de forma consciente, analisar e se
apropriar da BNCC, deixando fazer necessárias outras investigações, uma vez que ela não
substitui e não revoga nenhum modelo antes estabelecido e sim reafirma a qualidade de outros
construídos em décadas passadas.
5 CONCLUSÃO

O processo de construção da BNCC perpassou por vários caminhos a ter se


concretizar, sendo bastante discutida, além de sofrer influências do contexto que estava
inserida. Diante disso, o estudo buscou analisar as produções do conhecimento acerca das
abordagens pedagógicas da educação física no contexto da BNCC.
Sendo assim, percebemos em nosso estudo que a base foi construída em um contexto
marcado por disputas políticas que influenciaram diretamente em suas abordagens. Com o
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016, houve uma mudança de governo
onde o vice-presidente Michael Temer assumiu o poder, este que buscou atender os interesses
das bancadas mais conservadoras do Congresso Nacional e também do grande empresariado,
em detrimento dos interesses e dos direitos da classe trabalhadora.
Dessa forma, os textos analisados apresentaram algumas mudanças entre a segunda e
terceira versão da BNCC, onde a segunda apresentava discussões voltadas a uma abordagem
crítica, que fala sobre questões políticas, éticas e de inclusão do indivíduo na sociedade. Já a
terceira utiliza de uma abordagem desenvolvimentista, onde insere o desenvolvimento de
competências no lugar dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento. Em relação à
educação física na versão final da BNCC, concluímos que as abordagens apresentadas são
consideradas antiquadas pela maioria dos autores, sendo elas voltadas para um
desenvolvimento cognitivo, cuidado do corpo e saúde.
Portanto cabe a nós como futuros professores e os já atuantes, reconhecer que a escola
faz parte de um novo modelo e que essa versão evoluiu, é garantir a potencialização curricular
por meio da aprendizagem, fortalecendo uma prática emancipatória e reconhecedora do
sujeito na história que é capaz de superar um currículo moribundo que acaba direcionando a
Educação Física a limites evasivos desvalorizando toda a cultura corporal nela existente.
Nesta nova proposta, é necessário preparar o estudante para a vida, fazendo o assumir o papel
de protagonista de suas próprias escolhas e história, orientando principalmente o trabalho
sócio emocional através das práticas corporais, ampliando e aprofundando todos os aspectos
abordados nas etapas pelo qual perpassou, levando o estudante a compreender não somente
suas habilidades motoras, saúde e bem-estar, mas também sua conduta diante da sociedade
que almeja.
REFERÊNCIAS

AREIAS, Hemelly da Silva. EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: revisão literária sistemática
sobre a Base Nacional Comum Curricular-BNCC. Scientia Generalis, v. 2, n. 1, 2021.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 27 set.
2021.

CAZUMBÁ, Elson Correia. Fundamentos teóricos metodológicos da educação física presentes na BNCC do
ensino médio. 201. 124f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Educação) - Universidade Estadual de Feira de
Santana, Feira de Santana, 2018.

CUNHA, F. G.; SOARES, A. K. F.; SURDI, A. C. As implicações da BNCC na prática pedagógica dos
Professores de Educação Física da Rede Municipal de Natal/RN. Interação, [S. l.], v. 21, n. 1, p. 142–154,
2021. Disponível em: http://interacao.org/index.php/edicoes/article/view/92. Acesso em: 2 out. 2021.

DOS SANTOS, Barbara Cristina Aparecida; FUZII, Fabio Tomio. A Educação Física na área da linguagem: o
impacto da BNCC no currículo escolar. Comunicações, v. 26, n. 1, p. 327-347, 2019.

FURTADO, Renan Santos; COSTA, Gustavo Henquire Oliveira. Perspectiva docente sobre as “repercussões” da
Base Nacional Comum Curricular na formação de professores de Educação Física. Revista Cocar, v. 14, n. 28,
p. 681-701, 2020.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Procedimentos básicos, pesquisas bibliográficas.
1992.

NEIRA, Marcos Garcia. Incoerências e inconsistências da BNCC de Educação Física. Revista Brasileira de


Ciências do Esporte, v. 40, p. 215-223, 2018.

SILVA, Joice de Oliveira; DE BRITTO, Marcelo Dantas. DEBATENDO AS PROPOSTAS DA BNCC NAS
AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA. In: IX simpósio de pesquisa e de práticas pedagógicas do UGB:
“desafios pedagógicos durante e pós-pandemia”, Rio de Janeiro. Anais UGB. 2021.

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