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Declaro que o trabalho apresentado é de minha autoria, não contendo plágios ou citações não
referenciadas. Informo que, caso o trabalho seja reprovado por conter plágio pagarei uma taxa
no valor de R$ 199,00 para a nova correção. Caso o trabalho seja reprovado não poderei pedir
dispensa, conforme Cláusula 2.6 do Contrato de Prestação de Serviços (referente aos cursos
de pós-graduação lato sensu, com exceção à Engenharia de Segurança do Trabalho. Em
cursos de Complementação Pedagógica e Segunda Licenciatura a apresentação do Trabalho
de Conclusão de Curso é obrigatória).
RESUMO
Ao longo das últimas décadas, a Educação Brasileira passou por diversas transformações, atualizações e estudos
e a prova disso tem início com a Educação sendo pauta da Constituição da República Federativa do Brasil de
1988 e principalmente sendo debatida e normatizada com a Lei Nº 9.493/96, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional e suas alterações que configuraram um novo panorama educacional. Por consequência dessas
mudanças, anos depois tivemos a elaboração e implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
homologada por meio da Portaria nº 1.570 da BNCC publicada em 21 de dezembro de 2017, no Diário Oficial da
União, documento que estabelece aprendizagens essenciais e orienta a elaboração de currículos em todo o país.
Devido à sua potencialidade em alterar o planejamento pedagógico de escolas, faz-se necessário o conhecimento
do que vem sendo proposto para que seja possível a produção de críticas e sugestões, além da implementação em
salas de aula de maneira responsável. Com uma metodologia de revisão bibliográfica, o objetivo do presente
trabalho foi investigar as evoluções educacionais que a BNCC trouxe ao ensino de Ciências da Natureza e qual o
impacto dessas mudanças na formação de professores da Área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias.
Durante as análises realizadas é possível observar que há necessidade de inserção, nos cursos de licenciaturas, de
componentes curriculares que abordem conceitos necessários para a Educação Básica. Portanto, é fato que as
licenciaturas precisam alinhar a formação inicial às demandas propostas nos documentos oficiais.
ABSTRACT
Over the last few decades, Brazilian Education has undergone several transformations, updates and studies and
the proof of this begins with Education being the subject of the Constitution of the Federative Republic of Brazil
of 1988 and mainly being debated and standardized with Law No. 9,493/96 , the National Education Guidelines
and Bases Law and its amendments that shaped a new educational panorama. As a result of these changes, years
later we had the elaboration and implementation of the National Common Curricular Base (BNCC) approved
through Ordinance No. 1,570 of the BNCC published on December 21, 2017, in the Official Gazette of the
Union, a document that establishes essential learning and guides the development of curricula throughout the
country. Due to its potential to change the pedagogical planning of schools, it is necessary to know what has
been proposed so that it is possible to produce criticisms and suggestions, in addition to implementing it in
1
Artigo científico apresentado ao Grupo Educacional IBRA como requisito para a aprovação na disciplina de
TCC.
2
Discente do curso de Ciências Biológicas.
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classrooms in a responsible manner. Using a literature review methodology, the objective of this work was to
investigate the educational developments that BNCC brought to the teaching of Natural Sciences and the impact
of these changes on the training of teachers in the Area of Natural Sciences and their Technologies. During the
analyzes carried out, it is possible to observe that there is a need to insert, in degree courses, curricular
components that address concepts necessary for Basic Education. Therefore, it is a fact that degree programs
need to align initial training with the demands proposed in official documents.
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos a Educação Básica passou por grandes transformações no âmbito
nacional e uma delas foi a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do
Ensino Fundamental (EF) que ocorreu em dezembro de 2017. Este documento tem carácter
normativo e apresenta quais são as aprendizagens essenciais para os níveis de ensino e seus
diferentes componentes curriculares. É composto que uma séria de competências e
habilidades que ao longo da Educação Básica, o professor deve seguir, para os que estudantes
possam desenvolver sias aprendizagens. Outra finalidade deste documento é regular e
uniformizar os currículos das escolas do Brasil (BRASIL, 2018). A BNCC teve início em
2014 e através de debates nacionais o documento teve sua versão final aprovada em 2017.
As preocupações do que ensinar e do que aprender, sempre estiveram presentes em
diversos documentos curriculares oficiais da Educação Brasileira: Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDBEN) (BRASIL, 1996), Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) (BRASIL,
1999), Orientações Complementares aos PCN (PCN+) (BRASIL, 2002), Orientações
Curriculares Nacionais (OCN) (BRASIL, 2006) e Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educação Básica (DCN) (BRASIL, 2013) que, até então, direcionaram os currículos da
Educação Básica.(694112)
Esta pesquisa foi realizada na forma de revisão bibliográfica sobre o assunto na
intenção de compreender os processos e os significados, bem como os efeitos da
implementação das propostas da BNCC. Sendo assim a análise documental da BNCC indicará
quais os fundamentos didáticos-pedagógicos são orientadores no processo de ensino e
aprendizagem de Ciências no Ensino Fundamental e Biologia no Ensino Médio.
Embora a BNCC tenha um potencial para conduzir o planejamento pedagógico de
escolas pelo Brasil, aparentemente não são todos os profissionais educacionais que de fato
tem um conhecimento do seu conteúdo e principalmente de como este conteúdo pode causar
mudanças em sua prática de ensino aprendizagem.
Para tanto, compreender as mudanças propostas pela BNCC, que norteia a elaboração
e alteração dos currículos das escolas em escala nacional significa analisá-las de forma crítica
e responsável, considerando suas intenções e ambições para o exercício da docência, das
práticas pedagógicas que vão desde possíveis reestruturações curriculares, planejamento
coletivos de atividades letivas, até a elaboração de planos de ensino.
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Em seus estudos, Macedo (2015), descreve que a necessidade de uma base comum em
nível nacional está prevista na Constituição Federal de 1988 (BRASIL; 1988) e na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (BRASIL, 1996). A LDBN estabelece
que os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter
base nacional comum para que todos os estudantes tenham pleno acesso à formação humana
integral e à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva (BRASIL, 1996). Há
tempos um currículo unificado era previsto, porém é após o sancionamento da Lei nº 13.005
(2014) que trata do Plano Nacional de Educação que de fato isso tem prioridade.
Com a finalidade de definir um ponto de equilíbrio entre orientações gerais e as listas
prescritivas de conteúdos, o PNE determina entre União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, a implantação de direitos e objetivos de aprendizagem que configurarão a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) na Educação Básica no âmbito da instância permanente.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) começou a ser formulada no primeiro semestre
de 2015. Em seu processo de construção e organização, reúnem membros de associações
representativas das diversas áreas do conhecimento de Universidades públicas, do Conselho
Nacional dos Secretários de Educação (CONSED), da União Nacional dos Dirigentes
Municipais da Educação (UNDIME) e, fundamentalmente, representantes da classe
empresarial - que incluem diversas organizações prestadoras de serviços pedagógicos - e a
ONG Movimento pela Base Nacional Comum (VICENTE, 2019).
A primeira versão da BNCC é disponibilizada na internet para consulta pública por
volta de setembro de 2015 e março de 2016 e recebeu mais de 12 milhões de contribuições de
diferentes entidades do campo educacional e da sociedade brasileira.
Publicada em maio de 2016, a proposta preliminar da segunda versão da BNCC,
coordenada pelo CONSED e pela UNDIME, passou por um amplo processo de debate
institucional em seminários realizados pelas Secretarias Estaduais de Educação em todas as
Unidades da Federação (BRASIL, 2016). Segundo dados apresentados pela segunda versão
revista da BNCC, nos seminários estaduais houve a participação de mais de “9 mil
professores, gestores, especialistas e entidades de educação, encerrando o ciclo de consulta
previsto para a esta versão do documento” (BRASIL, 2017, p. 5). Com base na análise
realizada pela Universidade de Brasília (UnB), os resultados dessa discussão foram
sistematizados e organizados em relatório, originando a terceira versão do documento que
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após passar por mais uma revisão foi aprovada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e
homologada pelo MEC em dezembro de 2017.
A versão final da BNCC traz o conjunto de aprendizagens essenciais que todos os
estudantes devem desenvolver ao longo da sua escolaridade na Educação Básica. O
documento está construído em dez competências gerais que “pretendem assegurar, como
resultado do seu processo de aprendizagem e desenvolvimento, uma a formação humana
integral e a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva” (BRASIL, 2017, p.
25).
De forma geral Segundo Vicente (2019), o documento incorpora os princípios já
preconizados nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) - última referência curricular para
todo o ensino básico - e apresenta três divisões que coloca os conteúdos disciplinares a
serviço da aprendizagem de competências, visando atender às diferenças individuais dos
estudantes:
1. Foco no desenvolvimento de competências - por meio da indicação clara do que os
alunos devem “saber” (considerando a constituição de conhecimentos, habilidades, atitudes e
valores);
2. Compromisso com a Educação integral – que deve visar à formação e o
desenvolvimento humano global dos estudantes, em sua dimensão intelectual, social,
emocional, física e cultura
3. Igualdade, diversidade e equidade – que devem valer para as oportunidades de
ingresso e permanência em uma escola de Educação Básica, assim como, reconhecer que as
necessidades dos estudantes são diferentes.
Em resposta a estas mudanças, Gonçalves (2023), retrata que as redes de ensino do
país passaram a estudar a BNCC para construir seus referenciais curriculares
complementando o referido documento com uma parte diversificada que considera as
peculiaridades abarcadas por cada contexto. Consequentemente, essas medidas buscam
observar as características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da
comunidade escolar. Assim, houve um grande movimento nas escolas brasileiras com o
intuito de adequar seus currículos às demandas propostas pelo documento. No entanto, com
relação ao currículo da formação docente de licenciados, tal medida não vem sendo
observada, isto é, reformulações curriculares nas escolas já são uma realidade, o que,
paralelamente, na formação inicial ainda está em fase de discussão.
Em dezembro de 2019, foi aprovada a Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de
2019 que define as Diretrizes Curriculares para a Formação Inicial de Professores da
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O ensino de Ciências foi introduzido nas propostas curriculares das escolas brasileiras
somente a partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961, que
instituiu a disciplina de Ciências de maneira compulsória para todas as séries ginasiais.
Porém, apenas com a promulgação da Lei nº 5.692/71, que essa disciplina passou a ter caráter
obrigatório nas oito séries do primeiro grau. Em tempo, não podemos esquecer que, antes de
1961, o componente curricular ciências naturais era ministrado apenas nas duas últimas séries
do antigo curso ginasial (BRASIL, 1998).
Entre o final da década de 1970 e a década 1980, houve uma grande preocupação em
relação ao ensino e à aprendizagem dos conteúdos científicos, bem como ao desenvolvimento
de habilidades científicas pelos estudantes. Intensificaram-se os estudos e discussões em
relação a qual enfoque metodológico deveria ser preconizado para um ensino de Ciências que
não tentasse replicar nas escolas os passos do método científico, mas que de fato buscasse
uma educação mais centrada na preparação à vida dos cidadãos. Desse modo, o papel do
estudante de sujeito ao conhecimento passa agora a ser ativo na construção do seu
conhecimento e o professor não mais um transmissor de saberes, mas mediador do processo
de aprendizagem dos estudantes (KRASILCHIK, 1996).
Aparentemente, da segunda metade da década de 80 até o final dos anos 90 houve uma
melhoria nas propostas curriculares do ensino de ciências, pois estavam fundamentadas numa
visão de ciência contextualizada sócio, política e economicamente. Entretanto, esse ensino
continuou sendo desenvolvido de modo informativo e descontextualizado, favorecendo aos
estudantes a aquisição de uma visão objetiva e neutra da ciência, pois os professores, em sua
maioria não estavam preparados para desenvolver esta proposta (NASCIMENTO;
FERNANDES; MENDOÇA, 2010).
Na década de 1990, com a promulgação da LDB (BRASIL, 1996), ocorreu o início
das reformas educacionais nas escolas, visto que, o documento apontou a necessidade da
reorganização do sistema educacional brasileiro (VERSUTI; WATANABE; VERSUTI,
2018).
A partir das mudanças propostas, outros documentos foram construídos, dentre eles os
PCN (BRASIL, 1997) e a BNCC (BRASIL, 2018), com o intuito de normatizar a organização
curricular das escolas.
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Esta resolução das DCN assinalou um momento de transição para as políticas de formação
dos profissionais do magistério da EB.
No ano de 2019, após a publicação da BNCC, o poder público aprova a Resolução
CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de 2019, que define as Diretrizes Curriculares para a
Formação Inicial de Professores da Educação Básica e a Base Nacional Comum para a
Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação), é possível observar o
alinhamento desta resolução com a BNCC.
Com relação à BNCC, à DCNFP/2019 e às áreas do conhecimento das quais terá
habilitação, entendemos que há a recomendação de que a formação desse professor deve estar
articulada às competências gerais da BNCC e também com as competências e habilidades
específicas de cada área. Apesar de entendermos um direcionamento para uma formação que
contemple a interdisciplinaridade e a integração na área de conhecimento ou entre as áreas, as
novas diretrizes denominam a formação desses professores de multidisciplinar, com a justificativa
de que um único professor deve ensinar todos os componentes, o que seria um equívoco (DIAS et.
al.; 2021).
Segundo Lunardi e Emmel (2021), os licenciandos em Ciências Biológicas, em uma
reflexão sobre ensinar Ciências, deixam claro três motivos para ensinar Ciências: Ciências para o
cotidiano; Ciências para preservar o meio ambiente; e Ciências para ser crítico, motivos que estão
de acordo com conteúdo do documento da BNCC, sendo apresentados desde os anos iniciais do
Ensino Fundamental na perspectiva de que, na “vivência diária das crianças e sua relação com o
entorno, elas interagem com a luz, som, calor, eletricidade e umidade, entre outros elementos”
(BRASIL, 2018a, p. 327). Tais elementos, que constam nas unidades temáticas da BNCC, são
acompanhados da indicação do desenvolvimento das habilidades previstas para uma compreensão
contextualizada com o cuidado da integridade física da criança e da vida do Planeta, o que
justificaria a aquisição desses conhecimentos específicos da área de Ciências na formação de
professores.
As políticas curriculares para a educação básica, em especial a BNCC, também implicam
em uma necessidade de reconfiguração curricular em cursos de licenciatura, pois indicam a
necessidade de haver uma formação de professores que “dê conta” das reformas que chegam às
escolas (DIAS et. al.; 2021).
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5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS