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Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em


Gestão de Projetos – 2020.

A eficiência da formação continuada para a (re)elaboração dos currículos estaduais de


educação a partir da BNCC

Gabriela Zelice Queiroz da Cruz¹*, Daniel Luís Garrido Monaro²

¹ Diretora do Centro de Aperfeiçoamento e Formação Continuada da Educação. Secretaria Municipal de


Educação de Aracaju.
2
PECEGE. Doutor em Engenharia de Produção. Rua Alexandre Herculano, 120 – Vila Monteiro 13418-445,
Piracicaba, São Paulo, Brasil.
*autor correspondente: gabrielazelice@email.com
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Gestão de Projetos – 2020.

A eficiência da formação continuada para a (re)elaboração dos currículos estaduais


de educação a partir da BNCC

Resumo

O presente trabalho trata de uma análise sobre os resultados do processo de


formação continuada para professores da educação básica, desenvolvido para a
implementação da Base Nacional Comum Curricular [BNCC], por meio da (re)elaboração de
Currículos Estaduais de Educação. O documento explicita o processo de trabalho
desenvolvido para qualificar a equipe de professores redatores e o resultado obtido para a
(re)elaboração dos documentos curriculares das redes estaduais e municipais das escolas
públicas e privadas do país. O Ministério da Educação [MEC] com o objetivo de atender ao
que determina a BNCC lançou o Programa de Apoio a Implementação da Base [ProBNCC],
com etapas definidas para que fosse efetivada a (re)elaboração dos documentos
curriculares estaduais, em regime de colaboração com todos os municípios do país.
Considerando que o ensino por competências e habilidades apresenta-se como um desafio
para grande parte dos profissionais da educação, gestores educacionais e professores, a
etapa da (re)elaboração desses documentos, iniciada em 2018, teve como ponto inicial a
formação de professores, do quadro da educação básica, que atuaram como redatores dos
textos para compor os referidos currículos. A formação contou com um planejamento
detalhado, especificando os objetivos, público-alvo, período de realização, metodologias
desenvolvidas e entregas finais, para que, ao final do ano de 2018, todas as unidades da
federação tivessem os Currículos Estaduais aprovados pelos Conselhos de Educação e
homologados pelos (as) Secretários (as) de Educação das redes estaduais e municipais de
ensino.
Palavras chaves: Base Nacional Comum Curricular, Implementação, ProBNCC.

Introdução

A partir de 2015, o Ministério da Educação [MEC] iniciou o processo para a


elaboração de uma Base Nacional Comum Curricular [BNCC] que atendesse as demandas
dos estudantes do século XXI, promovendo a igualdade de oportunidades de aprendizagem
por meio da equidade.
Prevista na Constituição Federal [CF], no Artigo 210 da Lei de Diretrizes e Base da
Educação [LDB], no Plano Nacional de Educação [PNE], promulgado em 2014, a BNCC foi
homologa em dezembro de 2017, pelo Conselho Nacional de Educação, por meio da
Resolução nº02 do Conselho Nacional de Educação [CNE] e, a partir de então, todas as
redes de ensino públicas e privadas, deveriam iniciar os trabalhos para o cumprimento do
prazo de implementação previsto na Resolução, para o início do ano letivo de 2020
(BRASIL, 2014).
O documento foi estruturado a partir de competências que foram consideradas como
a mobilização de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver problemas e
demandas da sociedade, exercitar a cidadania e preparar para o mundo do trabalho,
indicando o que deve ser aprendido pelos estudantes e qual a finalidade (BNCC, 2017).
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Na aprendizagem por competências, o estudante passa a ter uma ação protagonista


e autônoma, interagindo e assumindo uma postura participativa, crítica, argumentativa,
baseada em princípios e valores, propondo mudanças na rotina escolar e nas práticas
pedagógicas. De acordo com Moretto (2016) as competências não devem ser alcançadas,
elas devem ser desenvolvidas para fazer o que se propõe a fazer, da melhor forma possível.
A BNCC indica, por meio do conceito de competência adotado, que as decisões
pedagógicas devem estar orientadas por indicações claras do que os estudantes devem
“saber” (constituição conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e o que devem “saber
fazer” (mobilização de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) (BNCC, 2017). É,
portanto, a capacidade de mobilizar conhecimentos, vivências e experiências para resolver
problemas cotidianos.
Segundo Zabala (2014) e Freire (2005) o ensino por competências pode ser a
oportunidade de uma melhoria sustentável da educação e de uma mudança para a melhoria
geral do ensino que surge da necessidade de superar um ensino conteudista e memorizador
de conhecimentos. Zabala (2014) afirma que a competência precisa identificar quais as
necessidades devem ser atendidas para a resolução de problemas que surgem ao longo da
vida, mobilizando componentes inter-relacionados, como atitudes, procedimentos e
conceitos. As competências apresentam-se como um conjunto harmônico de habilidades
desenvolvidas (Moretto, 2016).
As habilidades previstas na BNCC representam as aprendizagens que devem ser
desenvolvidas, ao longo de cada etapa da educação básica, de forma progressiva, da mais
simples a mais complexa e integrada com as competências gerais específicas. Estão
diretamente ligadas ao “saber fazer”, atitude que representa uma capacidade adquirida para
utilizar o conhecimento.
De acordo com Namo (2014) o currículo é um conjunto de aprendizagens que a
sociedade considera necessárias, que espera que os estudantes aprendam durante as
etapas da educação básica e envolvem uma diversidade de mundo, sociedade e concepção
educacional. Nesse sentido, a construção do currículo a partir da homologação da BNCC
necessita observar os elementos da contemporaneidade presentes no contexto escolar e as
expectativas de aprendizagem.
Pensar na elaboração, construção ou revisão dos currículos das redes de ensino e
das escolas requer identificar aspectos pedagógicos importantes. Deve-se partir do princípio
de que a base não é o currículo, ele consiste em uma referência obrigatória para a
construção e adaptação curricular que deve orientar as redes e escolas na (re)elaboração
dos currículos estaduais e locais.
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Nesse sentido, para atender a tarefa estabelecida pela BNCC, em abril de 2018, o
MEC, lançou o Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular
[ProBNCC] com o objetivo de auxiliar os estados e municípios na (re)elaboração e
implementação dos currículos alinhados à BNCC, que possui dois focos: a (re)elaboração
dos currículos de referência alinhados à BNCC e a formação continuada dos profissionais
das redes para a implementação dos mesmos.
Instituído pela Portaria nº 331, de 5 de abril de 2018, o ProBNCC explicita que o
referido programa será realizado em parceria com o Conselho Nacional de Secretários
Estaduais de Educação [CONSED] e com a União dos Dirigentes Municipais de Educação
[UNDIME], objetivando apoiar as unidades da federação para a (re)elaboração e revisão dos
currículos, tendo como referência a BNCC, em regime de colaboração entre estados, Distrito
Federal e os municípios do país (MEC, 2018).
Nesse contexto, o objetivo dessa pesquisa consistiu em apresentar os impactos da
formação continuada de professores e redatores de currículo do ProBNCC para a
(re)elaboração dos documentos curriculares estaduais, em consonância com os
fundamentos pedagógicos da BNCC e com base na etapa de treinamentos do PMBOK.
Para tanto, o presente trabalho focou na apresentação do planejamento e da realização da
capacitação das equipes estaduais de currículo (professores e gestores escolares)
utilizando os encontros formativos realizados pelo MEC, no período de março a dezembro
de 2018.

Materiais e Métodos

O trabalho foi desenvolvido é classificado como descritivo, identificando e


descrevendo as características específicas contidas no planejamento da Formação das
Equipes Estaduais de Currículo do ProBNCC, com a utilização de técnicas padronizadas
para coleta de dados, a fim de apresentar os resultados e os impactos da formação de
professores para a (re)elaboração dos currículos educacionais (Gil, 2008).
Realizar o desenvolvimento das atividades pedagógicas escolares na perspectiva de
que o estudante alcance competências e desenvolva habilidades de aprendizagem, requer
minimamente que os professores e gestores escolares compreendam de que forma esse
processo deve ocorrer e quais são os caminhos a serem seguidos, para que essa mudança
nas estratégias pedagógicas ocorra assegurando uma educação de qualidade e
possibilitando a equidade na educação.
O Programa ProBNCC buscou a geração de impactos no aumento da aprendizagem
e na redução do abandono e evasão, por meio da formação dos professores e da equipe
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técnico pedagógica e da implementação dos currículos com os conceitos de competências e


habilidades da BNCC.
Com duração prevista de dois anos, contou com a adesão de todos os estados
brasileiros e o Distrito Federal. Cada equipe Estadual foi composta por: coordenadores
estaduais de currículo, indicados pelo CONSED e pela UNDIME; professores redatores de
currículo; coordenadores de etapa (etapa da educação infantil e do ensino fundamental anos
iniciais e anos finais); articuladores de regime de colaboração, indicados pela UNDIME;
articuladores de conselho, indicados pelo Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de
Educação [FNCEE] e União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação [UNCME]; e
analistas de gestão.
Cada estado recebeu 31 bolsas para essa equipe, totalizando 837 participantes para
todo o Brasil, no valor de R$1.100,00 reais mensais cada. Além disso, o ProBNCC transferiu
100 milhões de reais para as secretarias estaduais de educação apoiarem as equipes
estaduais, recurso a ser executado em regime de colaboração. O ProBNCC previa que os
26 estados e o Distrito Federal tivessem, em colaboração com seus municípios, até o final
de 2018 (re)elaborado seus documentos curriculares tendo como referência a BNCC.
Para aperfeiçoar o desenvolvimento das atividades, realizar o planejamento e
orientar a execução as ações, o ProBNCC foi dividido em três Ciclos, cada um dos Ciclos
com objetivos e prazos definidos para a efetivação das ações:
 Ciclo I: Planejamento, organização e realização da formação de equipe
gestora e de professores redatores, além da (re)elaboração dos novos
currículos, alinhados a BNCC, para as redes de ensino de todo o país;
 Ciclo II: Orientação para a revisão dos Projetos Políticos Pedagógicos [PPP]
de todas as redes e escolas, públicas e privadas, e formação continuada para
os professores, essencial para a adaptação das práticas pedagógicas do
corpo docente;
 Ciclo III: Escolha do material didático, considerando alguns pontos
importantes na escolha do material, destacando-se: a coerência do conteúdo
alinhado com os objetivos da aprendizagem mencionados no PPP; adaptar as
estratégias didáticas com o projeto pedagógico da escola; e integrar recursos
digitais acrescentando possibilidades pedagógicas no material.
Neste estudo, o foco consistiu em apresentar o Ciclo I e as suas etapas, com ênfase
na 3ª etapa desse Ciclo, tendo em vista que consistiu na etapa que se refere à formação de
professores para (re)elaboração dos currículos alinhados a BNCC, por meio da capacitação
das equipes estaduais de currículo (gestores das secretarias e professores), objeto de
estudo da pesquisa.
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Em linhas gerais, no Ciclo I do Programa, foram definidas as macro ações que o


compuseram, podendo listar as que representam os aspectos fundamentais para o êxito das
atividades:
 Transferência de recursos do MEC para os Estados que (re)elaborassem os
documentos curriculares, em regime de colaboração com os municípios,
assegurando a participação democrática na construção dos documentos
curriculares; composição das equipes estaduais de currículo juntamente com
a definição de governança interna de cada equipe, com indicações do
CONSED, UNDIME, UNCME e FNCEE;
 Organização de formações presenciais e à distância para os professores
redatores receberem a capacitação sobre a (re)elaboração dos currículos
estaduais alinhados aos princípios da BNCC;
 Realização de reuniões técnicas com os gestores representantes das
Secretarias Estaduais e Municipais para orientação e definição das ações a
serem desenvolvidas em seus estados e municípios;
 Elaboração de material técnico-pedagógico para orientação das equipes
gestoras, por exemplo, guia de implementação da BNCC;
 Assessoramento de professores acadêmicos especialistas em currículo para
colaborar com os trabalhos de (re)elaboração dos currículos dos professores
redatores;
 Disponibilização de plataforma digital para apoiar as equipes estaduais de
currículo na realização da consulta pública sobre as versões iniciais das
propostas curriculares, a ser realizada em nível estadual, coordenada pelas
equipes estaduais de currículo.
De forma mais objetiva, a Tabela 1 apresenta as etapas do Ciclo I, destacando as
que se inter-relacionam, podendo ocorrer intercessões entre elas e até mesmo a
continuidade das ações.
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Tabela 1. Ciclo de desenvolvimento do PROBNCC


(continua)
CICLO I – PROBNCC 2018
Órgãos
Etapa Descrição atividades Responsáveis Observações
envolvidos
Transferência de Ministro da MEC, FNDE e O recurso deveria ser utilizado
recursos para Educação Secretarias por meio de um Plano de
logística das ações Estaduais de trabalho elaborado em
formativas que as Presidente do Educação. conjunto entre o estado e seus
1ª equipes estaduais de FNDE municípios assegurando o
currículo realizarem Regime de Colaboração.
em seus territórios. Secretários
Estaduais de
Educação.
Composição das Coordenadores CONSED, A composição das equipes
equipes estaduais de Estaduais, Analista UNDIME, estaduais de currículo deveria
currículo responsáveis de Gestão, UNCME e ser validada pelo Secretário
pela gestão do Articulador de FNCEE. Estadual de Educação e o
programa e pela Regime de Presidente da Undime
2ª execução das ações Colaboração, estadual.
previstas. Coordenadores de
Etapa e
Professores
Redatores de
Currículo.
Organização de MEC CONSED, As formações seguiam um
formações presenciais UNDIME, cronograma estabelecido e
e a distância com a UNCME, determinavam os prazos para
participação de FNCEE e a as entregas da produção dos
professores parceria técnica materiais.
3ª acadêmicos da organização
especialistas em Movimento pela
currículo alinhados Base
com os princípios
pedagógicos da
BNCC.
Reuniões técnicas de MEC CONSED, As reuniões eram informativas
governança com a UNDIME, e formativas com aparato de
equipe estadual de UNCME, materiais de referência
currículo para FNCEE e a nacional e internacional.
discussão e definição parceria técnica
das ações da organização

relacionadas ao Movimento pela
regime de Base
colaboração e a
elaboração dos textos
pelos professores
redatores.
Elaboração de MEC CONSED, O material elaborado serviu
material técnico- UNDIME, como referência para a
pedagógico para UNCME, orientação de todo o trabalho,
apoiar as equipes FNCEE e a destaca-se: Guia para a
estaduais de currículo parceria técnica implementação da BNCC;
na gestão do da organização Material Complementar para a
ProBNCC e na Movimento pela (re)elaboração dos Currículos;

implementação da Base Critérios de Leitura dos
BNCC por meio da currículos dos Estados;
(re)elaboração dos Planejamento das consultas
documentos Públicas.
curriculares das redes
de ensino e das
escolas.
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Tabela 1. Ciclo de desenvolvimento do PROBNCC


(conclusão)
CICLO I – PROBNCC 2018
Órgãos
Etapa Descrição atividades Responsáveis Observações
envolvidos
Assessoria de MEC CONSED, Os Professores Especialistas
professores UNDIME, contribuíram principalmente
acadêmicos UNCME, com aspectos ligados ao
especialistas em FNCEE e a ensino por competências e
currículo para parceria técnica habilidades que se
contribuir com a da organização apresentava como uma
formação dos Movimento pela mudança nas estratégias

professores redatores Base pedagógicas de
responsáveis pela aprendizagem.
elaboração dos textos
para os documentos
curriculares alinhados
aos princípios da
BNCC.
Disponibilização de MEC CONSED, A utilização da Plataforma
plataforma digital para UNDIME, digital facilitou a
a consulta pública UNCME, sistematização das
realizada ao final da FNCEE e a contribuições recebidas nos

(re)elaboração dos parceria técnica documentos curriculares de
currículos da organização cada estado.
Movimento pela
Base
Fonte: Dados originais da pesquisa

Destaca-se que a referida pesquisa está em consonância com o Guia PMBOK,


especificamente nas etapas de Planejamento e Execução.
De acordo com o Guia de Gerenciamento de Projetos, PMBOK, (PMI, 2017), um
projeto pode ser definido como, desenvolvimento de um produto, serviço ou um resultado
exclusivo que tem início e fim determinados. O gerenciamento de um projeto é realizado por
meio da aplicação e agrupamento das 10 áreas de conhecimento diferenciado:
Gerenciamento de aquisição, Gerenciamento de riscos, Gerenciamento das comunicações,
Gerenciamento de recursos humanos, Gerenciamento da qualidade, Gerenciamento de
escopo, Gerenciamento de integração, Gerenciamento de custo, Gerenciamento de tempo e
Gerenciamento das partes interessadas, estas áreas auxiliam o gestor na organização do
projeto.
As áreas de conhecimento se agrupam em 5 (cinco) grupos de processos: Iniciação,
Planejamento, Execução, Monitoramento, Controle e Encerramento, esse agrupamento foi
realizado com a finalidade de simplificar a correlação dos processos e das fases do projeto.
Foram utilizadas as áreas de conhecimento referentes à: Gerenciamento das
comunicações, Gerenciamento da qualidade, Gerenciamento de tempo e Gerenciamento
das partes interessadas, com foco nos processos de Planejamento e Execução.
Para facilitar a organização das informações, elas foram tabuladas seguindo a
estrutura apresentada na Tabela 2 em que foi possível destacar os elementos relevantes
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para coletar as informações sobre a realização das formações, possibilitando a consolidação


dos dados para a apresentação dos resultados.

Tabela 2. Estrutura da análise realizada em cada uma das etapas da formação continuada
ProBNCC/MEC
Etapa Descrição
Temática Identificar as principais temáticas abordadas na Formação
Objetivo Estabelecer objetivos claros para o desenvolvimento das atividades.
Público-alvo Identificar os participantes de cada Formação.
Demonstrar com foi realizada a Formação direcionada para
Metodologia atividades práticas.
Recursos utilizados Relacionar os recursos utilizados durante as Formações.
Produto Identificar as entregas de cada uma das Formações.
Fonte: Dados originais da pesquisa

As formações das Equipes Estaduais de Currículo, planejadas, organizadas e


executadas pelo MEC, ocorreram durante todo o ano de 2018, a cada dois meses e
seguiram um planejamento e cronograma colaborativo, envolvendo os representantes do
MEC, CONSED, UNDIME, UNCME e FNCEE, apoiadores do terceiro setor, como por
exemplo, o MpB [Movimento pela Base]. O planejamento das formações está apresentado
na Tabela 3.

Tabela 3. Período de realização das Formações


Encontro Público-alvo Período Unidades
Federativas
I Equipe de Gestão e 02 e 03/05/2018 27
Professores Redatores
II Equipe de Gestão e 12 e 13/06/2018 13
Professores Redatores
II Equipe de Gestão e 21, 22 e 23/08/2018 14
Professores Redatores
III Equipe de Gestão e 12 a 14/12/2018 27
Professores Redatores
Fonte: Dados originais da pesquisa

Assim, foram realizados três encontros ao longo do ano de 2018, sedo que o
segundo ocorreu em duas etapas para atender a dois grupos diferentes de estados. Os
encontros tinham como foco o mesmo público alvo, entretanto, seu planejamento não
envolveu a mesma equipe ao longo dos encontros.
A partir do calendário dos encontros, foi elaborada a metodologia de análise da
aplicação dessas diferentes formações ao longo do ano de 2018. A Tabela 4 apresenta os
parâmetros identificados para cada um dos encontros realizados, a fim de analisar a
eficiência das formações e se estavam de acordo com o que foi proposto pelo ProBNCC.
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Tabela 4. Método aplicado para a análise das formações realizadas ao longo do ano de
2018
Etapa Descrição
Temática Identificar as principais áreas que seriam abordadas na formação
Objetivo Apresentar o objetivo da formação
Público-alvo Indicar para quem foi elaborada a formação
Metodologia Descrever os métodos e ferramentas utilizadas na formação
Descrever o material de apoio utilizado para preparar e aplicar as
Recursos utilizados
formações
Produto Mostrar qual o produto da formação
Fonte: Dados originais da pesquisa

Resultados e Discussão

Imprescindível para o alcance dos resultados esperados pelo ProBNCC, entre eles a
(re)elaboração dos Currículos, a temática para a Formação dos Professores Redatores tinha
como foco a necessidade de abordar a aprendizagem por meio do desenvolvimento de
competências pelos estudantes.
Estabelecidas na BNCC, as 10 Competências Gerais foram elaboradas como pilares
para nortear os trabalhos das escolas e dos professores, objetivando o desenvolvimento da
capacidade dos estudantes de utilizar saberes adquiridos para resolver problemas do seu
dia a dia.
Teve como princípios a ética, os direitos humanos, a justiça social, indicando a
promoção do desenvolvimento cognitivo e socioemocional, na perspectiva de uma educação
integral.
Servem como um direcionamento para o que deve ser aprendido pelos estudantes
durante o percurso na Educação Básica, mantendo-se as mesmas em todas as etapas, mas
progredindo a complexidade e adequando-se às especificidades de cada fase do
desenvolvimento dos estudantes.
A Tabela 5 apresenta um resumo das Competências Gerais.
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Tabela 5. Síntese das 10 Competências Gerais da BNCC


Competência Habilidade desenvolvida
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente Conhecimento
construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem Pensamento científico,
própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a crítico e criativo
análise crítica, a imaginação e a criatividade.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e Repertório cultural
culturais, das locais às mundiais.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, Comunicação
como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de Cultura digital
informação e comunicação de forma crítica, significativa,
reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as
escolares).
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e Trabalho e projeto de
apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe vida
possibilitem entender as relações próprias do mundo do
trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e
ao seu projeto de vida.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações Argumentação
confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de
vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos
humanos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e Autoconhecimento e
emocional. autocuidado
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a Empatia e cooperação
cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao
outro e aos direitos humanos.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, Responsabilidade e
responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação. cidadania
Fonte: (BNCC, 2017)

Ensinar por competências consiste em articular a aprendizagem a outras habilidades


relacionadas às áreas do conhecimento, com ênfase no desenvolvimento socioemocional
que deve acontecer no cotidiano da escola, perpassando por todo o processo de ensino e
aprendizagem e envolvendo os segmentos da gestão escolar, diretrizes da formação
continuada de professores e organização da avaliação escolar.
Para que os estudantes sejam capazes de exercer as competências e terem
assegurados os direitos essenciais a cada um deles, desenvolvendo as dimensões
intelectual, física, social, emocional e cultural, não é suficiente incorporar as competências
gerais ao plano de aula dos professores, como uma lista de conteúdos a serem abordados,
elas precisam ser o ponto de partida para as mudanças que devem ocorrer no âmbito
escolar, fundamentalmente a reestruturação do Currículo.
Os Currículos das redes e das escolas devem ter como base os conhecimentos,
competências e habilidades estabelecidas na BNCC, fundamento para o desenvolvimento
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curricular, e avançar na contextualização das aprendizagens regional e local, na


contemplação da educação inclusiva, da diversidade étnica e cultural. Devem também,
incluir metodologias de ensino e estratégias pedagógicas com elementos que comuniquem
ao professor a intencionalidade dos textos que compõem o documento curricular e
avaliações com clareza e objetividade. A BNCC e os currículos se complementam, fazendo
com que sejam abordados elementos que refletem o que ensinar como ensinar e para quem
ensinar (BNCC, 2017).
Observando a Lei de Diretrizes e Bases [LDB] (1996) verifica-se que o Artigo 26
determina que os currículos da educação básica tenham base nacional comum que deve ser
complementada, pelas redes de ensino e escolas, por uma parte diversificada, identificada
pela inserção de características econômicas e socioculturais, regionais e locais, reiterando
que a BNCC não é o currículo e não tem como objetivo substituir as orientações
curriculares, no entanto, deve ser considerada como componente da construção dos
documentos curriculares.
A partir da interpretação do Artigo 15 da Resolução nº02/2017, do Conselho Nacional
de Educação [CNE], determina-se ás redes de ensino a revisão dos currículos educacionais
tendo a BNCC como referência, adequando esses documentos, de acordo com as
peculiaridades locais e as contextualizações necessárias, para que a implementação ocorra
a partir do ano letivo de 2020.
Reforçando o que prediz o texto da BNCC sobre a tarefa das redes de ensino e
escolas públicas e particulares de construir os currículos a partir das aprendizagens
essenciais que foram estabelecidas no referido documento normativo (MEC, 2017),
destacando a importância do direcionamento do MEC para orientar as equipes técnicas
pedagógicas e professores de todas as redes de ensino para a tarefa de (re)elaborar os
currículos e, consequentemente, o PPP e os planos de aula, tendo por base o
desenvolvimento de competências e habilidades, estabelecidos na BNCC.
O processo de (re)elaboração dos currículos de todas as redes de ensino e escolas,
públicas e privadas, ocorreu em paralelo a formação das Equipes Gestoras e dos
Professores Redatores na execução do ProBNCC, tendo em vista a nova perspectiva
pedagógica determinada pelos princípios elencados na BNCC.
No entanto, como foco do resultado da pesquisa realizada, identificou-se a relevância
da formação continuada, realizada por meio desenvolvimento do ProBNCC, para que a
maioria dos estados finalizassem a (re)elaboração dos documentos curriculares. Assim, o
ProBNCC possibilitou o Planejamento e a execução de Encontros Formativos, sendo
realizados três encontros ao longo do ano de 2018.
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O planejamento das formações realizado pela a equipe gestora do ProBNCC, do


MEC, determinava a utilização de transparência, amplitude e celeridade no processamento
das informações referentes ao desenvolvimento das etapas, estabelecendo canais
específicos de comunicação, com regularidade pré-definida e lideranças responsáveis para
realizar o gerenciamento da referida área de conhecimento. No que se refere à gestão da
qualidade, do tempo e das partes interessadas, a equipe utilizava ferramentas tecnológicas
como o “Trello” e “Power BI” que eram atualizados semanalmente, possibilitando os
aprimoramentos das ações por meio de redirecionamentos de metas e revisão de prazos.
A primeira Formação ocorreu entre os dias 02 e 03 de maio de 2018 e abordou a
temática: O processo de (re)elaboração curricular, tendo como participantes os
coordenadores estaduais do CONSED e da UNDIME, e como objetivo aprofundar os
conhecimentos sobre os aspectos fundantes da elaboração dos planos e estratégias para a
implementação da BNCC em cada estado, com foco no processo de (re)elaboração
curricular e regime de colaboração.
A metodologia utilizada foi a explanação de conteúdos com a apresentação de
“slides”, por especialistas de cada área e reprodução de vídeo contendo orientações
básicas, realização de oficina formativa e colaborativa com GT’s, compostos por
representantes de cada uma das unidades federativas, cujo produto era a definição de um
modelo de estrutura curricular adequado, para compor os documentos curriculares
estaduais.
O trabalho com as equipes em cada GT contou com o apoio técnico de especialistas
em educação e Curriculistas educacionais que contribuíram com as discussões e com as
reflexões pertinentes para a qualificação do resultado esperado.
Durante a realização da oficina formativa, destacou-se a necessidade de decisões
importantes que foram tomadas pela equipe de coordenadores estaduais de
Currículo/ProBNCC:
1. Estrutura básica: capítulos, elementos dos textos introdutórios, abordagem das
etapas (Educação Infantil e Ensino Fundamental), organizador curricular;
2. Grau de detalhamento: O que? Para que? Como fazer e como avaliar?
3. Progressão e organização das aprendizagens: bimestral, anual, modular ou ciclo;
4. Competências e desenvolvimento integral: favorecer a compreensão das dez
competências gerais da BNCC e garantir a progressão das competências ao
longo da educação básica.
A análise de um documento comparativo com documentos curriculares existentes em
cinco redes estaduais de educação trouxe subsídios para a equipe trabalhar na perspectiva
de considerar documentos elaborados anteriormente, destacando os elementos
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comparativos: textos introdutórios, áreas ou componentes curriculares e organizador


curricular.
Foram apresentadas três sugestões de organizador curricular e um glossário
contendo as definições conceituais de competências, habilidades, campos de experiência,
objetivo de aprendizagem, unidades temáticas e objetos de conhecimento.
Ao final, as Equipes Estaduais de Currículo, referendadas pelo desenvolvimento das
ações planejadas para a oficina formativa, elaboraram um documento contendo a proposta
de Estrutura Curricular de cada estado e contribuíram para a finalização do material
organizado pelo MEC com orientações gerais sobre a Estrutura dos Documentos
Curriculares.
A Figura 1 demonstra o item de Estrutura Básica, parte do documento.

Figura 1. Orientações sobre o processo de (re)elaboração do currículo do estado tendo a


BNCC como referência.
Fonte: Ministério da Educação (2018)

A Tabela 6 apresenta a síntese do “I Encontro Formativo”, possibilitando a


visualização das informações de forma mais detalhada.
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Tabela 6. Síntese do “I Encontro Formativo”


Etapa Descrição
Temática O processo de (re)elaboração do Documento Curricular
Objetivo Planejar o processo de (re)elaboração dos currículos
Público-alvo Gestores e Professores das Equipes Estaduais de Currículo
Metodologia Palestra e Oficina Formativa em grupos.
BNCC, Referenciais Curriculares (nacionais e internacionais) e
Recursos utilizados
Material complementar para a (re)elaboração dos Currículos.
Produto Estrutura dos Documentos Curriculares
Fonte: Resultados originais da pesquisa

A segunda formação, ocorrida em momentos distintos, com dois grupos de Equipes


Estaduais de Currículo, dias 12 e 13/06/2018 com 13 unidades federativas e no período de
21 a 23/08/2020 com 14 unidades federativas, teve como temática abordada: Premissas
para a (re)elaboração do Currículo, considerando como referência as 10 Competências
Gerais e Específicas de cada Área do Conhecimento e Componente Curricular e as
Habilidades estabelecidas pela BNCC.
Dentro da temática, os Professores Redatores foram orientados sobre a
contextualização das habilidades, trazendo elementos do território, como as características
econômicas, sociais, políticas, artísticas e culturais, na perspectiva de um trabalho que
assegurasse as identidades regionais e locais.
Contando com a participação dos Gestores das Equipes Estaduais de Currículo e
dos Professores Redatores, foram realizadas oficinas formativas, do tipo mão-na-massa, a
exemplo da Dinâmica do Remador, que possibilitou a todos os participantes dos grupos
poderem contribuir com a escrita dos documentos, uns dos outros, por meio de discussões,
reflexões, indagações e comentários.
A atividade de compartilhamento do documento curricular entre os estados tinha
como objetivo trocar os documentos curriculares entre Professores Redatores para leitura e
conhecimento do trabalho dos outros estados, com a finalidade de enriquecer o repertório
de referências em relação a outros formatos de currículo e maneiras de contextualização.
Os Professores Redatores puderam aproveitar o momento também para fazer sugestões.
Algumas premissas para a atividade:
• Os documentos de todos os estados estão em construção e não estão finalizados;
• Cada estado tem a sua especificidade e autonomia para decidir como contextualizar
suas habilidades;
• É fundamental que haja um respeito aos documentos dos colegas e possíveis
sugestões devem ser feitas com o devido cuidado.
O desenvolvimento da Dinâmica do Remador consistia em:
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1. Realizar a leitura das 10 Competências Gerais e observar como essas competências


se relacionavam com as Competências Específicas de cada área do conhecimento e
componente curricular;
2. Identificar no documento curricular impresso do estado como as competências gerais
e específicas permeavam as habilidades ou aprendizagens do currículo.
Ao relacionar as competências e habilidades com as aprendizagens do currículo,
foram feitas as seguintes reflexões:
• O conjunto de habilidades/aprendizagens proposto trabalhou intencionalmente as
competências gerais?
• Foi possível identificar a relação das habilidades/aprendizagens com todas as
competências específicas?
• Houve a necessidade de um olhar mais cuidadoso para alguma competência
específica?
Foram utilizados para a atividade materiais impressos: os documentos curriculares
dos estados e as competências gerais e específicas da BNCC e, ao final da formação,
houve como entrega a primeira versão dos documentos curriculares estaduais, revisados
por meio de um trabalho colaborativo e com a assessoria acadêmica de professores
especialistas e Curriculistas, para ser submetida a consulta pública por meio da plataforma
digital disponibilizada pelo MEC.
A Tabela 7 apresenta a síntese do “II Encontro Formativo”.

Tabela 7. Síntese do “II Encontro Formativo”


Etapa Descrição
Temática Competências Gerais da BNCC e Contextualização das Habilidades.
Objetivo Orientar sobre os aspectos fundamentais para a contextualização do
Documento Curricular no âmbito regional e local.
Público-alvo Gestores e Professores das Equipes Estaduais de Currículo
Metodologia Palestra, Oficina Formativa em grupos e Dinâmica do Remador.
Recursos utilizados BNCC, Key Shifts da BNCC, Textos de apoio.
Produto Documento Curricular Contextualizado (1ª versão).
Fonte: Resultados originais da pesquisa

A terceira e última Formação ocorreu no período de 12 a 14/12/2018 e teve como


objetivos:
1. Celebrar a finalização da primeira etapa do ProBNCC com os estados que
concluíram a (re)elaboração do currículo estadual ou estão perto de fazê-lo;
2. Apresentar o segundo Ciclo do ProBNCC sobre a formação continuada dos
Professores, destacando o papel dos membros das equipes estaduais;
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3. Promover a formação das Equipes Estaduais de Currículo visando o planejamento


das formações continuadas nos estados;
4. Vivenciar possibilidades de planejamento para as formações continuadas utilizando
metodologias de aprendizagem ativa;
5. Proporcionar espaço de reflexão sobre a (re)elaboração dos PPP, com base nos
novos currículos.
Foram realizadas oficinas formativas para possibilitar o compartilhamento das
estratégias utilizadas para a sistematização das contribuições que os textos dos
Documentos Curriculares receberam, por meio da Consulta Pública. A organização de
debate no formato de Mesa Redonda demonstrou o percurso do processo para a aprovação
dos Currículos nos Conselhos de Educação.
A Tabela 8 apresenta a síntese do “III Encontro Formativo”.

Tabela 8. Síntese do “III Encontro Formativo”


Etapa Descrição
Temática Os Currículos Estaduais e o Projeto Político Pedagógico.
Objetivos Apresentar os Currículos Estaduais aprovados pelos
Conselhos Estaduais de Educação e planejar o processo de
revisão dos Projetos Políticos Pedagógicos.
Público-alvo Gestores e Professores das Equipes Estaduais de Currículo
Metodologia Palestra e Oficina Formativa em grupo.
Recursos utilizados Currículos Estaduais, Projetos Pedagógicos de Referência,
Textos de apoio.
Produto Documentos Curriculares e Planejamento PPP.
Fonte: Resultados originais da pesquisa

A finalização do Ciclo I ocorreu com a realização da oficina com as Equipes


Estaduais de Currículo para a socialização e o compartilhamento de boas práticas
desenvolvidas no processo de (re)elaboração do currículo.
As formações dos Professores Redatores realizadas no decorrer de 2018, acima
descritas, foram fundamentais para que as Equipes Estaduais de Currículos do ProBNCC
conseguissem realizar a tarefa prevista na Resolução nº02/2017 do Conselho Nacional de
Educação [CNE] que estabelecia o prazo de (02) dois anos para que todas as escolas
desenvolvessem suas atividades pedagógicas em consonância com o estabelecido na
BNCC.
Para cada uma das formações foram obtidos resultados específicos que de forma
integrada e articulada promoveram a conclusão da (re)elaboração dos currículos, principal
objetivo do ProBNCC.
Apresenta-se como resultado alcançado para cada uma das Formações realizadas:
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I Encontro Formativo: a partir do estudo e conhecimento de referenciais curriculares,


propostas curriculares, documentos curriculares de diversas partes do Brasil e de outros
países, as reflexões e discussões promovidas, sob a orientação de professores
especialistas e Curriculistas, pelas oficinas formativas com as equipes estaduais de currículo
resultaram em uma definição, por parte de cada uma das equipes, da estrutura curricular
adequada para o estado e seus municípios adotarem, a partir dela, e (re)elaborar o currículo
como um documento referência do MEC.
Na estrutura curricular foram contempladas as expectativas que o documento deveria
atender ao ser preenchido pelos textos elaborados pelos professores redatores, ponto de
partida para todo o trabalho a ser desenvolvido nas etapas seguintes.
II Encontro Formativo: contando com temáticas integradas e que se subdividiam ao
longo da agenda de atividades, as oficinas formativas possibilitaram socialização de
experiências, trabalho colaborativo, aprofundamento dos estudos sobre aprendizagem por
competências e habilidades com identificação das principais mudanças trazidas pela BNCC
para as etapas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental.
Como resultado da formação, foi identificada a consolidação da primeira versão dos
Documentos Curriculares Estaduais, para serem submetidos à consulta pública, melhorados
por meio das contribuições advindas das oficinas formativas e do atendimento especializado
de consultores técnicos e professores especialistas e Curriculistas.
III Encontro Formativo: As Equipes Estaduais de Currículo que finalizaram o
Documento Curricular, submetido à aprovação dos Conselhos de Educação, apresentaram
os Currículos Estaduais e socializaram as dificuldades e oportunidades encontradas no
percurso dos trabalhos para as demais Equipes Estaduais de Currículo que ainda não
tinham finalizado o documento. Esse compartilhamento de experiências resultou na
produção de um módulo na plataforma digital, “Educação é a base”, denominado de boas
práticas, que contribuiu para orientar e esclarecer dúvidas simples para a (re)elaboração dos
Currículos.
A Tabela 9 apresenta uma síntese dos principais resultados e impactos obtidos por
cada etapa do professo de formação em busca da (re)elaboração dos currículos com base
na BNCC.
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Tabela 9. Formação ProBNCC: Síntese dos principais resultados e impactos


Formação Resultados Impactos
Gestores e Professores Redatores
preparados para iniciar o
Definida a Estrutura do
I Encontro gerenciamento e o processo de escrita
Documento Curricular
dos textos para compor o Currículo
Estadual com referência na BNCC.
II Encontro Elaborada a Primeira versão Professores Redatores capacitados
dos Documentos Curriculares para novas estratégias pedagógicas a
partir dos novos Currículos.
III Encontro Aprovados os Documentos Redes de Ensino e Escolas
Curriculares pelos Conselhos fortalecidas para ressignificar os
de Educação modelos pedagógicos.
Fonte: Resultados originais da pesquisa

Todo o processo para a finalização do Documento Curricular foi monitorado pela


equipe gestora do ProBNCC. Na Figura 2 é apresentado o monitoramento da conclusão da
(re)elaboração dos currículos por estado, registrado em novembro de 2018.

Figura 2. Monitoramento da conclusão da (re)elaboração dos currículos por estado


Fonte: Ministério da Educação (2018)

Na Figura 2 é possível observar os estados que aprovaram os Currículos, os


Conselhos Estaduais que apenas entregaram a versão final e a versão preliminar para a
aprovação e os que ainda estavam sistematizando as contribuições para consulta pública.
Percebe-se que 51% das unidades federativas estavam com seus currículos
aprovados pelo Conselho Estadual de Educação, 13 estados e o Distrito Federal. O
restante, 13 estados, já tinha finalizado a (re)elaboração do Documento Curricular e
entregue ao Conselho Estadual, aguardando apenas o resultado da aprovação, com as
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devidas considerações dos conselheiros para possíveis ajustes no tocante as legislações


específicas, regionais ou locais.
As Equipes Estaduais de Currículos (Gestores e Professores Redatores) utilizaram
materiais de referência que foram elaborados e disponibilizados pela equipe de formação do
ProBNCC para subsidiar a escrita dos textos nos documentos curriculares atendendo às
novas demandas da aprendizagem, desenvolvimento de competências e habilidades, em
consonância com os princípios e fundamentos pedagógicos da BNCC.
Os Currículos foram (re)elaborados em regime de colaboração, tendo como
referência a BNCC, adequados à contextualização da realidade regional e local, submetidos
a consulta pública, com sistematização e incorporação das contribuições aos textos,
regulamentados pelos Conselhos de Educação Estaduais e Municipais, com qualidade
técnica e de forma colaborativa, aplicando o conteúdo aprendido das formações realizadas
pelo MEC no decorrer do ano de 2018.

Análise Crítica

Diante das transformações no contexto social e educacional do país, a Formação


inicial de Professores precisa ser revisitada para caminhar no sentido de realizar as
adequações necessárias para atender as novas demandas do século XXI.
A homologação da BNCC, que estabelece a perspectiva de aprendizagem por
competências e habilidades, trouxe à tona o debate que revelou a falta de preparação dos
professores para atuarem com essa nova abordagem pedagógica.
Não obstante a essa constatação, dificuldades docentes no tocante as
aprendizagens dos estudantes por meio de competências e habilidades, a BNCC não se
configura como um documento curricular, Base não é Currículo. Portanto, cada rede de
ensino, publica e privada, deve (re)elaborar seus documentos curriculares.
Diante do exposto, o ProBNCC do MEC, no seu primeiro Ciclo, visava atender as
expectativas de Formação dos Professores para a (re)elaboração curricular. O Programa
representava a principal oportunidade dos estados e municípios do país para cumprirem
com a determinação do Conselho Nacional de Educação por meio do recebimento de
recursos financeiros, que possibilitava a contratação de assessoria de especialistas em
currículo, oriundos de instituições de pesquisa, universidades, consultorias independentes,
entre outros; a logística de eventos e mobilizações das redes estaduais e municipais de
ensino para a discussão e formação sobre a BNCC e o Currículo; a contratação de
palestrantes e facilitadores, entre outros; e a impressão de documentos curriculares
preliminares e finalizados para a discussão e formação dos Currículos.
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O atrelamento da efetivação dos pagamentos ao cumprimento de determinadas


ações por parte das equipes gestoras das Secretarias de Educação e das Equipes
Estaduais de Currículo, fazia com que a realização das etapas do Ciclo I, ocorresse como
esperado. Faz-se necessário pontuar que, embora o atrelamento ocorresse a contento, a
falta de acompanhamento direto da execução do recurso e o monitoramento de forma
específica das atividades realizadas pelos bolsistas, deixaram lacunas, como por exemplo, a
falta de um registro sistemático, no formato de relatório individual, que permitisse verificar
falhas e corrigir percursos, mantendo a unidade e a coesão das equipes estaduais de
currículo.
Outro aspecto relevante dentro da gestão do ProBNCC foi a disponibilização de
assistência técnica especializada para orientar sobre o desenvolvimento das atividades,
tanto do ponto de vista do gerenciamento processual, quanto do ponto de vista das
demandas pedagógicas para a melhoria da qualidade das formações. As equipes gestoras e
professores tinham atendimento coletivo e individualizado que ocorria tanto nas formações
presencias, quanto em reuniões de alinhamento. Reuniões e conferências virtuais também
foram realizadas com o intuito de orientar e esclarecer dúvidas das equipes completas ou de
grupos específicos de professores.
O aporte tecnológico dos canais digitais de comunicação e a criação da Plataforma
Digital foram fundamentais para estabelecer uma interlocução clara e objetiva, trazer
celeridade aos processos, dinamizar as atividades junto as diversas unidades federativas
envolvidas e assegurar o registro da memória do trabalho desenvolvido.
Vale ressaltar que o nível de exigência nos critérios de qualidade da formação, tais
como: especialistas renomados, espaço confortável, material de apoio coerente, tempo
adequado, participação colaborativa e dinâmica do trabalho, representaram um diferencial
positivo e que se tornou um padrão ao longo de todo o Ciclo I. Conforme que as formações
ocorriam, cada critério era aperfeiçoado, observando detalhes que poderiam comprometer o
trabalho, considerando a avaliação realizada pelos participantes ao final de cada encontro
formativo.
Frente à necessidade emergente, trazida pela BNCC, o tempo se tornou o principal
adversário do Programa. Com prazos exíguos para a conclusão das ações dentro de cada
etapa, não foram poucas as reinvindicações para o elastecimento dos prazos. Ainda que os
prazos fossem curtos, para a realização das atividades estabelecidas, o período de tempo
entre uma formação e outra, foi um agravante para o monitoramento e a continuidade
qualificada de algumas ações. Questões como a dificuldade de execução de recursos, para
contratação de toda a logística dos eventos, foram impeditivas para o cumprimento de
prazos previstos e pactuados com as partes participantes. Comprometendo todo o
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cronograma estabelecido e impactando diretamente no planejamento das equipes gestoras


das secretarias de educação.
Seguindo as dificuldades em manter o cronograma definido, a gestão interna
também se deparou com a fragilidade de algumas equipes estaduais de currículo que
fizeram substituições de participantes, quer seja por solicitação dos mesmos, ou por
inadaptação aos pré-requisitos do Programa, causando um descompasso no ritmo de
apropriação dos conhecimentos necessários para a (re)elaboração dos currículos e uma
necessidade de retomada para engajar o recém chegado á equipe que já estava com
trabalhos em andamento. A substituição de participantes pode ser tomada como um ponto
de estrangulamento, mas não pode ser proibida. A falta de um plano contendo uma forma
de minimizar ou evitar os possíveis problemas que podem surgir, fez com que, em diversos
momentos, as equipes estaduais estagnassem ou diminuíssem o ritmo de trabalho, para
incorporar novos membros.
Por fim, a Tabela 10 apresenta os principais pontos fortes e fracos da aplicação do
ProBNCC, além das oportunidades de melhorias identificadas no presente estudo.

Tabela 10. Síntese dos pontos fortes e fracos, além das oportunidades de melhoria
identificadas na aplicação do ProBNCC
Pontos Fortes Pontos Fracos Oportunidades de melhoria
1. Transferência de 1. Falta de 1. Ampliação do
recursos para as acompanhamento Programa para
Secretarias de direto da atendimento a etapa
Educação; execução do do Ensino Médio;
2. Faseamento em recurso; 2. Fortalecimento das
Ciclos; 2. Período longo equipes gestoras por
3. Assistência técnica entre uma meio da intensificação
para as equipes Formação e outra; de reuniões técnicas
estaduais de currículo; 3. Prazos curtos de alinhamento;
4. Formação continuada para a execução 3. Aumento do número
qualificada para as das ações de encontros
equipes estaduais; previstas em cada formativos;
5. Trabalho desenvolvido etapa.
de forma colaborativa; 4. Substituição dos
6. Material formativo de membros das
qualidade para as equipes estaduais
formações; de currículo;
7. Informatização do
processo de
gerenciamento;

Fonte: Resultados originais da pesquisa


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Conclusão

Conclui-se que o ProBNCC com suas especificidades de atendimento foi um


Programa diferenciado e atendeu, dentro das limitações previstas, as expectativas dos entes
federados, no que se referia ao apoio para a implementação da BNCC por meio da
(re)elaboração dos Currículos. Muito embora o escopo fosse o atendimento as duas
primeiras etapas da educação básica, Educação Infantil e Ensino Fundamental, a
arquitetura do Programa permitiu uma irrestrita ampliação do escopo, podendo atender a
Etapa do Ensino Médio, mantendo os critérios e pré-requisitos necessários para o
planejamento e execução das ações.
Os princípios e objetivos do Programa trouxeram em sua origem os aspectos que
proporcionam as condições para o aperfeiçoamento das etapas. Observou-se que um
diferencial nos processos de trabalho pode ser ocasionado pela intensificação e
aprofundamento das capacitações técnicas para as equipes gestoras e professores em
contínuo aperfeiçoamento. Impingir uma regularidade para o atendimento técnico, coletivo e
individual, às equipes estaduais de currículo representa um ponto importante para a
melhoria da qualidade dos resultados esperados.
Dessa forma, considerou-se que o ProBNCC instituiu um paradigma com preceitos
substanciais para a realização de formação de gestores e professores, representou um
marco dentro das ações de políticas públicas voltadas para a educação e atendeu um
contingente representativo de profissionais da educação ávidos por qualificar as atuações
próprias nos processos pedagógicos escolares, voltados para uma aprendizagem com
equidade.

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