Surgimento do basquete e suas relações étnicos raciais
O basquetebol surge no Brasil através de instituições de ensino voltadas
a elite. Os ideais higienista e eugenista conduziram a introdução do esporte no país. Dessa forma, a prática do esporte ficou restrita, inicialmente, aos membros das classes dominantes ganhando uma estética própria. Nesse contexto, principalmente os negros se viram impossibilitados de praticar o basquetebol, pois, diferentemente do futebol, não havia espaços fora das associações, clubes e colégios da elite (SILVA; CORREIA, 2008). Já nos Estados Unidos, os negros foram discriminados por mais de cinquenta anos. Somente em 1950 o primeiro jogador negro pôde participar da liga profissional de basquetebol. Diante disso, por não concordarem com a violência que eram submetidos, movimentos de resistência à opressão foram se desenvolvendo na comunidade negra norte-americana (COSTA; SILVA; VOLTRE, 2013). Um dos primeiros grandes times de basquetebol composto exclusivamente por jogadores negros foi o Renaissance Big Five, também conhecido como o Reyns de Nova York. Esta equipe surgiu em 1923 e viajava o país desafiando as equipes brancas. Se destacaram bastante, apesar de sofrerem com o racismo que imperava naquela época, onde às vezes se viam obrigados a jogar, mesmo sem alojamentos ou alimentação, pois lhes eram negados (RAYNAL, 1980). Outra equipe que também se relacionou com a cultura negra norte- americana foi o Harlem Globetrotters. Esta que surgiu em 1927, notabilizando por transformar a estética do jogo de basquetebol. Onde foram precursores da nova linguagem corporal, que o basquetebol adotou no final do século XX, incluindo elementos da cultura negra norte americana, destacando-se as influências da espontaneidade, criatividade e a cultura do Hip hop. Transformaram o basquetebol em um verdadeiro espetáculo esportivo e teatral. A estética de seu jogo inclui malabarismos, esquetes teatrais, dança jogo e improvisação. Sendo a eles creditados a difusão que o basquetebol teve pelo mundo e o aumento no número de adeptos (SILVA; CORREIA, 2008). COSTA, Claudia de Freitas Lopes; DA SILVA, Carlos Alberto Figueiredo; VOTRE, Sebastião Josue. ESTÉTICA, COMUNIDADE E ESPORTE: AS AÇÕES DA CUFA COM O BASQUETE DE RUA E O FUTEBOL. Corpus et Scientia, v. 8, n. 3, p. 1-11, 2013.
RAYNAL, Jean. La fabuleuse histoire du basket-ball. Paris: Odil, 1980.
SILVA, C. A. F.; CORREIA, A. M. Espetáculo e reflexividade: a dimensão
estética do basquete de rua. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 30, n. 1, p. 107-122, set. 2008.