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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS XII


LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
TURMA 2019.1

BRUNO PEREIRA DA SILVA

MESTRAS DE CAPOEIRA NO BRASIL: A PRESENÇA FEMININA NAS RODAS

GUANAMBI – BA
2021
BRUNO PEREIRA DA SILVA

MESTRAS DE CAPOEIRA NO BRASIL: A PRESENÇA FEMININA NAS RODAS

Trabalho realizado como método avaliativo da disciplina


Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Capoeira, do curso
de Licenciatura em Educação Física, sob a orientação da
professora Ana Paula.

GUANAMBI – BA
2021
MESTRAS DE CAPOEIRA NO BRASIL: A PRESENÇA FEMININA NAS RODAS!

De acordo Almeida, Setenta (2019), o avanço do feminismo e luta das mulheres para
ocupar espaços nos mais variados segmentos da sociedade fez com que as elas buscassem seu
espaço também na capoeira, assim, a presença e o lugar delas na capoeira tem sido objeto de
reflexão, pois há poucos relatos de participação das mulheres nos círculos de capoeira, assim
como nos esportes e as lutas de maneira geral, que historicamente estiveram associadas ao
universo masculino.

Apesar de serem poucos, no começo do século XX encontramos os primeiros registros


da presença das mulheres na capoeira, onde elas entravam em disputa com homens nas rodas.
Algumas delas ficaram bastante famosas: Maria 12 Homens, Calça Rala, Satanás, Nega Didi,
Maria Pára o Bonde, Júlia Fogareira, Maria Homem, Maria Pé no Mato, dentre outras
mulheres que eram tidas pela imprensa e pela alta sociedade como “desordeiras”,
“valentonas” que tinham “a pá virada”, que conviviam no meio da malandragem das rodas da
Capoeira, nas brigas de ruas com golpes de navalhas, facas e cacetes (BARBOSA, 2005;
OLIVEIRA; LEAL, 2009; SOUZA, 2010; MENEZES, 2008).

No entanto, segundo Barbosa (2005) a participação da mulher de forma mais ativa na


capoeira se deu a partir dos anos 70, e a sua presença nas rodas, nos grupos e nas academias
se faz cada vez mais numerosa. Foi nos anos 70 que Fátima Colombiana ou Cigana como é
chamada na capoeira, se tornou a primeira mestra de capoeira do Brasil.

Mestra Cigana começou a praticar a Capoeira em Belém do Pará, em 1970, com o


mestre Bezerra; em 1975, conheceu em São Paulo o mestre Canjiquinha e, com ele, seguiu
para Salvador e após 5 anos de treinamento se tornou mestra. De volta ao rio de Janeiro, ela
fundou a Associação de Mestre Canjiquinha, no ano de 1980, onde teve mais de 100 alunos.
Além disso posteriormente ela se tornou a única mulher até agora a presidir a Federação
Brasileira de Capoeira e também foi responsável pela criação da Associação de Capoeira
Cigana, onde ela compartilha seu conhecimento sobre a capoeira a várias pessoas, sendo
responsável por formar novos mestres e mestras (MILANI, 2010). Contudo durante sua
trajetória na capoeira ela teve bastantes dificuldades, impedida de ensinar capoeira na escola
mesmo após se tornar mestra, Mestra Cigana teve que se formar em educação física para
conquistar esse objetivo, ainda assim com muito receio e preconceito dos profissionais que
trabalhavam nas escolas daquela época. (BARBOSA, 2005).
Outra mestra que é referência não apenas no Brasil, mas também no exterior, é a
Mestra Jô, nascida na cidade de Juazeiro na Bahia, começou a jogar capoeira nos anos 80 com
apenas 7 anos de idade; em 1994, foi para o Rio de Janeiro treinar com Mestre Boneco um
expoente no estilo regional, e um dos fundadores do Grupo Capoeira Brasil, que ela também
faz parte. Desde então, Mestra Jô rodou o mundo fazendo shows, junto ao Grupo
DanceBrazil, e dando aulas, transmitindo os fundamentos da capoeira (educação, respeito ao
próximo e disciplina) a nova geração, e a representatividade feminina nas rodas de capoeira
(VAZ, 2018).
REFERÊNCIAS:

ALMEIDA, Bruna Setenta Góes; SETENTA, Aline Maron. Mulher na Capoeira: cultura e
educação em direitos humanos. XV ENECULT – Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura,
UFBA: agosto de 2019. Disponível em: <http://www.xvenecult.ufba.br/modulos/submissao/Upload-
484/111489.pdf>. Acesso em: 11 de maio de 2021.

BARBOSA, Maria José Somarlete. A Mulher na Capoeira. Arizona Journal of Hispanic


Cultural Studies, Volume 9, 2005, p. 9-28. Disponível em:
<http://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/2575271.pdf>. Acesso em 11 de maio de 2021.

MENEZES, Lilia Benvenuti de. A mulher na capoeira. Revista textos do Brasil. Ministério das
Relações Exteriores, 2008, p. 86-89.

MILANI, Luciano. Documentário sobre Mestra Cigana. Portal Capoeira, 2010. Disponível
em: <https://portalcapoeira.com/capoeira/capoeira-mulheres/documentario-sobre-mestra-cigana/>.
Acesso em: 11 de maio de 2021.

OLIVEIRA, Josivaldo Pires; LEAL, Luiz Augusto Pinheiro. Capoeira identidade e gênero:
ensaios sobre a história social da capoeira no Brasil. Salvador, EDUFBA: 2009.

SOUZA, Eliane Glória Reis da Silva. Capoeira: sua história e as relações de gênero. Rio de
Janeiro, associação nacional de história: 2010. Disponível em:
<http://www.encontro2010.rj.anpuh.org/resources/anais/8/1273245402_ARQUIVO_SimposioDoc.pdf
>. Acesso em: 11 de maio de 2021.

VAZ, Juliana. 3 Mestras de capoeira que você precisa conhecer. Red Bull, 2018. Disponível
em: < https://www.redbull.com/br-pt/3-mestras-de-capoeira-que-voce-precisa-conhecer>. Acesso em:
11 de maio de 2021.

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