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DO PAI NA ADOLESCÊNCIA?*
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DISCUSSÃO
P. Fedida:
Agradeço a Charles Melman por esta exposição que abre
precisamente perguntas que interessam diretamente aqueles que têm
aqui uma importante prática terapêutica com os adolescentes. A
exposição de Charles Melman comporta esta referência aos conceitos
mais particularmente lacanianos e, de minha parte, tive o sentimento
de que todo este percurso que ele nos fez seguir, faz destes conceitos
um modo de questionamento interno do que se pode chamar “crise”
e do que se pode chamar “adolescência”. Bem evidentemente, a
pesquisa de uma questão específica do pai na adolescência acha-se,
com efeito, interpelada pela restituição ou pela reavaliação do que se
pode chamar de foraclusão do Nome-do-Pai. Resta saber – e é uma
pergunta que eu seria tentado a fazer a Charles Melman – em que
medida a adolescência se acha aqui novamente interrogada a partir
da psicose? Isto é, não o adolescente psicótico, mas a adolescência,
na medida em que, de modo fecundo, é portadora das potencialidades
da psicose? Mas eu gostaria de passar a palavra para Jean-Jacques
Rassial que vai fazer perguntas clínicas a Charles Melman.
J.J.Rassial:
O senhor falou da delinqüência e da organização dos bandos
de jovens, dos grupos de jovens engajados do lado do que seria uma
tentativa de bando fraterno, na qual a alteridade faria falta. Pode-se
observar que nesses bandos, assim como para os outros adolescentes
não engajados nesses grupos associais, a passagem ao ato incestuoso
entre irmão e irmã vem, de certo modo, bastante paradoxal às vezes,
para alguns dos casos que encontrei, muito mais para introduzi-los
em certa normalidade social. Do mesmo modo que estas
interrogações, até mesmo estas passagens ao ato freqüentemente
transitórias, pelo menos quando são transitórias, do lado da
homossexualidade. Mas vê-se efetivamente esta tentativa de fazer
incidir a diferença não mais sobre a diferença sexual, mas sobre a
diferença de gerações. Sendo assim, é uma leitura do mito de Édipo
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Charles Melman:
Vou começar por esta questão essencial, a do impasse da
posição do mestre, isto é, aquele que, para seguir a definição hegeliana
que se revela clinicamente muito válida, neste caso, não tem medo
da morte. É exato que o adolescente denuncia justamente seu pai,
seu pai real como o frouxo, aquele que preferiu a vida, suas
complicações e suas mediocridades ao risco de morrer, mas que se
realizar, para ele, implica enfrentar o mestre absoluto. Sabemos como
ele pode se colocar em perigo de modo completamente real; pela
realização de proezas e de tentativas que demonstram que justamente
não é isso que vai detê-lo; proezas que põem em causa sua vida de
modo muito diverso, pois que ele pode ir da proeza física à absorção
de substâncias que demonstre que ele decidiu ir até o fim, até a
perfeição de um gozo em relação ao qual a morte não constitui de
modo algum um limite, ela não lhe causa medo. Revemos, portanto,
no isolamento desta relação com o mestre absoluto e na tentativa de
enfrentá-lo algo que ele ilustra perfeitamente sob nossos olhos.
Fiquei também sensível ao fato, Jean-Jacques, de que no início
você tenha partido da questão do bando, o que demonstra justamente
como nós mesmos teríamos, espontaneamente, a tendência a pensar
no adolescente como fazendo parte dessa comunidade imaginária,
mesmo talvez quando ela não é efetiva. Mas conhecemos também a
freqüência, na falta do bando, da oportunidade do companheiro ou
da companheira com quem se articula justamente uma relação dual
que aspira à perfeição, à similaridade, à identidade. Enfim, o amigo
do peito, portanto, o mini bando, poderíamos dizer. Assim, não fico
surpreso que você tenha retomado a questão por este lado.
Pelo problema da consumação, da passagem ao ato sexual,
você introduziu uma questão muito interessante, ao fazer observar
este outro paradoxo de que a realização incestuosa ou a passagem
ao ato homossexual estariam em condições, ao contrário, de marcar
a reintegração na comunidade. Eu gostaria de aprovar o que você
evocou aí; parece-me efetivamente ter encontrado esse gênero de
evolução; mas na medida em que a passagem ao ato sexual reintroduz
o paradoxo... Quero dizer que se houve consumação sexual, mesmo
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