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Andando pelas ruas do Centro de Londrina, muitas vezes nos deparamos com

construções antigas que sem dúvida são carregadas de história. O Cine Teatro é um
exemplo disso. O cinema que foi criado nos anos dourados da cafeicultura londrinense,
era um dos mais luxuosos do Brasil e representava todo o poder econômico e cultural
das elites cafeeiras da época.
Para que você conheça um pouco mais sobre o Ouro Verde, reunimos diversos
momentos importantes da história desse Cine Teatro, considerado um dos patrimônios
culturais mais relevantes e icônicos de Londrina. Confira!

O Cine Teatro Ouro Verde – Como tudo começou...


Durante a década de 1950, a cafeicultura proporcionou um desenvolvimento
econômico surpreendente para o Paraná, em especial para a cidade de Londrina, que
crescia exponencialmente à medida que exportava seu café para o mundo. Mas,
apesar desse crescimento econômico e urbano acelerado, a pequena Londres ainda
era vista como uma cidade agrícola, o que incomodava as elites da época que se
espelhavam nas grandes metrópoles. Para mudar esse cenário, Londrina precisava de
construções modernas que fizessem jus ao progresso da cidade.
Os sócios da Autolon (Sociedade Auto Comercial de Londrina), Celso Garcia Cid,
Ângelo Pesarini e Jordão Santoro, foram peças chave para materializar esse sonho.
Enquanto planejavam construir um edifício comercial para impulsionar as vendas dos
carros da Autolon, um deles, Jordão Santoro deu luz à ideia de aproveitar parte do
terreno da empresa para a construção de um luxuoso cinema. Garcia Cid e Pesarini
aprovaram a proposta e Santoro ficou responsável por encomendar os projetos do
edifício comercial e do cinema.
Para a construção do cinema, Santoro optou por buscar profissionais renomados de
grandes centros urbanos, como São Paulo. O arquiteto modernista João Batista
Vilanova Artigas e o engenheiro Carlos Cascaldi foram os escolhidos para dar vida a
esse grandioso empreendimento, que mais tarde seria ponto de encontro da
população londrinense e uma das principais atividades de lazer.

O Projeto “Ouro Verde”


Para o projeto, Villa Nova Artigas, propôs um espaço intermediário entre a parte
interna e externa do prédio que dialogasse com a via pública. A intenção do arquiteto
era criar um espaço de convivência para que qualquer pessoa que transitasse em
frente ao prédio fosse convidada a entrar. Quando terminou o projeto, o engenheiro
Rubens Cascaldi deu início às obras que seriam finalizadas somente em 1952.
Após um árduo trabalho, finalmente em 25 de dezembro de 1952, com o filme "Meu
Coração Canta", de Walter Lang, era inaugurado um dos mais belos espaços culturais
de Londrina e do Estado do Paraná. O nome escolhido para o Cine Teatro foi “Ouro
Verde”, em referência à riqueza da produção cafeeira londrinense, que teve amplo
destaque na década de 50. Para se ter uma ideia do tamanho sucesso na produção
desse grão, Londrina foi responsável por cerca de 51% do café produzido no mundo,
recebendo inclusive, o apelido de “Capital Mundial do Café”.
O Cine Ouro Verde representava toda a imponência das elites e não ficava atrás dos
cinemas das grandes metrópoles. Imponente, luxuoso e sofisticado, o espaço cultural
projetado por Villa Nova Artigas comportava 1.500 pessoas e possuía rampas
atapetadas, pisos de granito e mármore carrara, poltronas estofadas em couro,
cortinas de veludo, gerador próprio de energia, som e imagem modernos e até mesmo
ar-condicionado, considerados artigos de luxo para a época. O Ouro Verde que ficou
conhecido por ser um dos cinemas mais requintados do Brasil, foi também palco de
importantes reuniões de fazendeiros do café, tendo o seu auge nas décadas de 1950 e
1960.
Em 1978, já em total decadência, o Cine Teatro foi adquirido pela Universidade
Estadual de Londrina, com recursos do Governo Federal e Estadual, e recebeu novas
programações, como manifestações artísticas, concertos, shows, montagens teatrais,
espetáculos de dança, entre outros. Após a aquisição, o Cine Teatro Ouro Verde teve o
nome alterado para Cine Teatro Universitário Ouro Verde, contudo, o nome antigo
ainda é amplamente utilizado. Em 1999, foi tombado como Patrimônio Histórico do
Paraná pela Secretaria de Estado da Cultura do Estado do Paraná, dada a sua tamanha
importância para a cultura paranaense.

O incêndio
Em 12 de fevereiro de 2012, um curto-circuito causou um incêndio de enormes
proporções, que destruiu grande parte da estrutura física do Cine Teatro. As chamas
começaram no piso superior do Ouro Verde e tomaram conta do prédio rapidamente,
dificultando o acesso dos bombeiros ao local. Do lado de fora, o povo londrinense
assistia em tempo real, o Cine Teatro com mais de meio século, se desfazer em poucos
minutos. Após o incêndio, o cenário era de destruição e o prédio estava totalmente
comprometido, tendo suas atividades suspensas por prazo indeterminado.
A reconstrução do Ouro Verde recebeu autorização do Governo Estadual somente dois
anos depois do fatídico incêndio, devido a inúmeros tramites burocráticos. Após
diversos percalços e paralizações nas obras, o Ouro Verde finalmente foi entregue ao
público em 30 de junho de 2017. Na noite de inauguração, houve uma programação
especial que contou com a presença de artistas, jornalistas, personalidades políticas
importantes e a população em geral, que lotaram o Calçadão para ver o imponente
Cine Teatro de pé novamente.
O Novo Ouro Verde

Por se tratar de um patrimônio cultural tombado, vários cuidados foram tomados


durante a reconstrução. A estrutura do prédio, por exemplo, foi mantida para
preservar a sua originalidade. O palco, plateia e os camarins foram modernizados e
receberam poltronas, carpetes, escadas laterais, recursos acústicos e cenográficos de
alta tecnologia e até um elevador monta-cargas nos fundos do Cine Teatro. Além disso,
o número de assentos foi reduzido para 790, a fim de atender às normas de
acessibilidade para obesos e deficientes físicos. Foram instalados também alarmes de
incêndio e o prédio recebeu sinalização apropriada.
Atualmente o Cine Teatro Universitário Ouro Verde é mantido pelo Governo do
Estado, e administrado pela Universidade Estadual de Londrina, sendo palco de
inúmeros espetáculos nacionais e internacionais, como o Festival Internacional de
Música de Londrina, Festival de Dança de Londrina, Festival Unicanto de Corais e o
Festival Internacional de Londrina (FILO), considerado um dos mais antigos da América
Latina.
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