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Introdução às
redes sem fio
Roque Maitino Neto
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A internet vem modificando profundamente aspectos fundamentais da nossa
vida, e a maneira como a acessamos tem mudado para melhor com as redes sem
fio. Outrora essenciais nas conexões à rede (tratada aqui em sentido amplo),
os cabos deram lugar a sinais que trafegam pelo ar e colocam nossos disposi-
tivos em contato com o mundo instantaneamente. Discutir a importância das
redes sem fio se tornou, portanto, menos importante do que discutir seus tipos
e as tecnologias que viabilizam seu funcionamento.
Por isso, na primeira seção deste capítulo, você vai conhecer as diferenças
entre redes sem fio cujo funcionamento se baseia em uma infraestrutura
definida e redes sem fio ocasionais, sem uma topologia definida, as quais
são conhecidas como “redes ad hoc”. Em seguida, apresentaremos os tipos
de tecnologias de redes sem fio, criados a partir de necessidades específicas.
Nesse contexto, abordaremos desde redes sem fio locais (que funcionam, por
exemplo, em ambiente doméstico), até redes que podem estabelecer comuni-
cação entre continentes. Por fim, fecharemos o capítulo discutindo o modelo
ISO nos sistemas de comunicação de dados sem fio.
2 Introdução às redes sem fio
Redes ad hoc
O entendimento de um assunto, tema ou conteúdo mais denso começa, via
de regra, pela compreensão do termo que o define, sobretudo quando esse
termo não faz parte do nosso vocabulário costumeiro. Por isso, vale a pena
investirmos no esclarecimento da expressão que identifica o tipo de rede
de que trataremos. “Ad hoc” é uma expressão da língua latina que identifica
alguém designado ou nomeado para executar determinada tarefa de forma
improvisada e, portanto, não formal. Por exemplo, um secretário (ou outro
profissional) ad hoc é aquele que, em determinada ocasião e para um deter-
minado fim, se tornou um secretário, mesmo sem de fato sê-lo. Dessa forma,
podemos compreender uma rede ad hoc como sendo uma rede ocasional ou,
em outras palavras, uma rede que permitirá que dispositivos móveis formem
uma rede em locais em que não há uma estrutura pré-definida de comunicação
(MORAES; XAUD; XAUD, 2007).
No modo ad hoc, cada nó transmite dados diretamente para o outro nó,
sem ponto de acesso (AP, do inglês access point). Já no modo de infraestrutura,
toda comunicação precisa passar pelo AP, que conecta dispositivos sem fio à
rede. Uma boa ilustração para o modo de infraestrutura é dada por Li (2019).
Como exemplo, a autora considera dois notebooks posicionados um perto
do outro, os quais, embora possam estar conectados à mesma rede sem fio,
não estão se comunicando diretamente entre si. O que ocorre nesse caso é
que um dos dispositivos manda pacotes para o AP, e então esses pacotes são
remetidos ao outro notebook.
Conceitualmente, uma rede ad hoc é aquela que tem um tipo de configura-
ção em que não há um nó que centraliza o controle e os dados que transitam
por ela, fato que torna desnecessária a presença de um equipamento roteador
que promova a comunicação entre nós da rede ou o compartilhamento de
uma impressora, por exemplo. Rouse (2019) ensina que uma rede ad hoc
sem fio (WANET, do inglês wireless ad hoc network) é um tipo de rede local
Introdução às redes sem fio 3
Os desktops podem acessar uma rede em modo sem fio ou não, mas esse
fato não os torna necessariamente dispositivos móveis. Já um notebook,
que é essencialmente móvel, pode ser conectado à rede em modo cabeado.
De modo geral, para esses tipos de redes, não há suporte à mobilidade pro-
vido por um ponto central (simplesmente por não haver um ponto central,
conforme já mencionamos), e, devido a isso, as redes ad hoc são indicadas
em situações em que não se pode — ou não faz sentido — instalar uma rede
fixa. Além disso, a característica de mobilidade desse tipo de rede afeta o
modo como entendemos sua topografia, que muda frequentemente e de forma
imprevisível. Esse fato, por sua vez, faz que a conectividade entre os nós mude
constantemente, o que requer permanente adaptação e reconfiguração de
rotas (COSTA NETO, 2013).
Em uma rede ad hoc móvel, o próprio conjunto de dispositivos (ou nós)
conectados a ela é responsável pelas operações da rede, incluindo opera-
ções de roteamento, segurança, endereçamento e gerenciamento de chaves.
Os dispositivos na rede ad hoc requerem um adaptador de rede sem fio con-
figurado no modo ad hoc, em vez de no modo de infraestrutura. Além disso,
todos eles precisam usar o mesmo identificador do conjunto de serviços
(SSID, do inglês service set identifier) e o mesmo número de canal para que
a comunicação seja possível (ROUSE, 2019).
6 Introdução às redes sem fio
Sistemas de satélite
A comunicação via satélite se dá por meio de ondas de rádio enviadas a antenas
situadas na Terra. Tais antenas capturam os sinais e processam as informações
contidas nesses sinais, usualmente de natureza científica (CAMPBELL, 2017).
Um satélite também é capaz de retransmitir dados, sinais de televisão e de
telefonia em uma área geográfica de milhares de quilômetros.
No Quadro 2, estão resumidas as principais características dos sistemas
sem fio de que tratamos nesta seção, considerando extensão geográfica,
taxas de transmissão, grau de mobilidade e aplicações típicas.
(Continuação)
Referências
CAMPBELL, A. How do satellites communicate? NASA, 7 ago. 2017. Disponível em: ht-
tps://www.nasa.gov/directorates/heo/scan/communications/outreach/funfacts/
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COSTA NETO, L. C. Introdução às Redes Ad Hoc. [S. l.]: Edição do Autor, 2013.
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Cognitive Informatics, 2018, Beijing, China. Disponível em: https://www.itm-conferences.
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html. Acesso em: 29 dez. 2020.
MORAES, A. L. D.; XAUD, A. F. S.; XAUD, M. F. S. Redes Ad Hoc: Protocolos DSR, AODV, OLSR
e DSDV. Rio de Janeiro: UFRJ, 2007. Disponível em: https://www.gta.ufrj.br/grad/09_1/
versao-final/adhoc/redesadhoc.html. Acesso em: 1 de dez. 2020.
ROCHOL, J. Sistemas de Comunicação sem Fio: conceitos e aplicações. Porto Alegre:
Bookman, 2018.
ROUSE, Margaret. Wireless Ad Hoc Network (WANET). TechTarget, 2019. Disponível em:
https://searchmobilecomputing.techtarget.com/definition/ad-hoc-network. Acesso
em: 1 de dez. 2020.
TANENBAUM, A. S.; WETHERALL, D. Redes de Computadores. 5. ed. São Paulo: Pearson
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