Você está na página 1de 4

ALBANIO PAULINO DA SILVA

------Assessoria em Língua Portuguesa -------------------------------------------------------------------------------------

Olinda, 4 de janeiro de 2009.

ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA 1990

ALTERAÇÕES EM RELAÇÃO ÀS NORMAS VIGENTES NO BRASIL1


Prof. Albanio Paulino da Silva

1 NO ALFABETO
O alfabeto constitui-se de 26 letras: a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, K, l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, W, x, Y, z.

2 NA ESCRITA DE NOMES PRÓPRIOS ESTRANGEIROS


2.1 Nos nomes próprios hebraicos de tradição bíblica, os grafemas finais CH, PH e TH podem ser conservados,
simplificados, adaptados ou eliminados. Exemplos: Baruch ou Baruc (simplificação); Joseph (ph não

pronunciados, daí a eliminação) ﹥José; Judith ou Judite (adaptação). [RC]2

2.2 Nos antropônimos e topônimos de tradição bíblica, as consoantes finais B, C, D, G e T consagradas pelo uso
escrevem-se ou não, mesmo não sendo pronunciadas. Exemplos: David ou Davi. A mesma norma se estende a
Madrid e Valhadolid. [RC]
2.3 Em topônimos de línguas estrangeiras, sempre que possível, deve-se aportuguesá-los. Exemplos: Zurique (e
não Zürich), Nova Iorque (e não New York). [RC]

3 NAS SEQUÊNCIAS CONSONÂNTICAS


3.1 CC, CÇ, CT, PC, PÇ e PT, aceita-se dupla grafia quando não há uniformidade nas pronúncias cultas dos
países signatários do Acordo. Exemplos: dicção ou dição; aspecto ou aspeto; peremptório ou perentório etc.
[DG]3
Obs.: quando essas sequências são invariavelmente proferidas nas pronúncias cultas, elas se conservam
na escrita, por exemplo, convicção, ficção, núpcias, adepto etc.; quando o -C- ou o -P-, nas mesmas sequências,
são invariavelmente mudos nas pronúncias cultas, não aparecem na escrita, por exemplo, ação, adotar, diretor
etc.
3.2 BD, BT, GD, MN e TN, aceita-se dupla grafia. Exemplos: súdito ou súbdito; sutil ou subtil; amídala ou
amígdala; anistia ou amnistia; arimética ou aritmética etc.

4 NA ESCRITA DAS VOGAIS ÁTONAS


4.1 Nos sufixos -AN(o) e -ENSE, a vogal de ligação é -I- mesmo que a primitiva tenha -E-. Exemplos: acriano,
de Acre; camoniano, de Camões; torriense, de Torre etc. [RC]
4.2 O substantivo variante de outro terminado em vogal deve ser escrito com -IO/IA. Exemplos: hástia (variante
de “haste”); véstia (variante de “veste”) etc. [RC]
4.3 Verbos cognatos de substantivo terminado em -IO/IA átonos admite dupla grafia. Exemplo: negocio ou
negoceio (cognato de “negócio”). [DG]

1
Fonte: HOUAISS, A. A nova ortografia da língua portuguesa. São Paulo: Ática, 1991.
2
Regra reformulada ou criada pelo Acordo.
3
Regra de dupla grafia estabelecida pelo Acordo.

Contato: (81) 3431-1357 ou (81) 9973-6453 1


ALBANIO PAULINO DA SILVA
------Assessoria em Língua Portuguesa -------------------------------------------------------------------------------------

5 NA ACENTUAÇÃO GRÁFICA
5.1 OXÍTONAS e MONOSSÍLABOS TÔNICOS
A vogal E, conforme a pronúncia culta, pode ser aberta ou fechada em palavras como bebê ou bebé,
cocô ou cocó, rô ou ró (letra grega). [DG]
Obs.: admitem-se as formas judô ou judo, metrô ou metro.
5.2 PAROXÍTONAS
5.2.1 Algumas paroxítonas em que a vogal tônica em fim de sílaba é seguida de -M/N admitem dupla acentuação
gráfica por causa da oscilação do timbre. Exemplos: sêmen ou sémen, Vênus ou Vénus, pônei ou pónei etc. [DG]
5.2.2 Não recebem acento gráfico as paroxítonas cuja vogal tônica -I- ou -U- é precedida de ditongo.
Exemplos: baiuca, feiura etc. [RC]
5.2.3 Não recebem acento gráfico os ditongos -EI- e -OI- tônicos das paroxítonas. Exemplos: ideia, heroico,
assembleia, jiboia etc. [RC]
5.2.4 Não se usa o acento gráfico na tônica do hiato EE (verbos CRER, DAR, LER, VER e derivados).
Exemplos: deem, leem, reveem, descreem etc. [RC]
A mesma regra vale para substantivos e verbos com hiato OO. Exemplos: perdoo (verbo), enjoo
(substantivo e verbo), voo (substantivo e verbo) etc.
5.2.5 Não recebem acento gráfico as seguintes palavras homógrafas:
para (verbo) ≠ para (prep.);
pela[s] (verbo e subst.) ≠ pela[s] (prep.);
pelo (verbo) ≠ pelo[s] (prep.);
polo[s] (subst.) ≠ polo[s] (prep. antiga). [RC]
5.2.6 Podem receber ou não acento gráfico:
a) a 1ª pessoa plural, pret. perf. do indicativo. Exemplos: cantamos ou cantámos, vendemos ou
vendémos etc. [DG]
b) “demos ou dêmos” (1ª pessoa plural, pres. do subjuntivo) para distinguir-se de “demos” (1ª pessoa
plural, pret. perf. do indicativo); [DG]
c) “forma ou fôrma” (substantivo, timbre fechado) para distinguir-se de “forma” (substantivo ou verbo,
timbre aberto). [DG]
5.3 ARGUIR e REDARGUIR: sem acento gráfico no -U- tônico das formas rizotônicas. Exemplo: (redar)arguo,

(redar)arguis, (redar)argui, (redar)arguem. [RC]


5.4 AGUAR, APAZIGUAR, APROPINQUAR, DELINQUIR e semelhantes admitem dupla grafia (porque têm
dois paradigmas):
• com -U- tônico nas formas rizotônicas: sem acento gráfico. Exemplo:
aguo, aguas, agua, aguam (e assim os verbos afins);
• com -A- ou -I- tônicos nas formas rizotônicas: com acento gráfico. Exemplo:
águo, águas, água, águam; apazíguo, apazíguas, apazígua, apazíguam (e assim os verbos afins). [RC]
5.5 PROPAROXÍTONAS, reais ou aparentes, cuja tônica -E ou -O em final de sílaba é seguida de M ou N
admitem dupla grafia. Exemplos: fenômeno ou fenómeno; gênero ou género; Antônio ou António etc. [DG]

Contato: (81) 3431-1357 ou (81) 9973-6453 2


ALBANIO PAULINO DA SILVA
------Assessoria em Língua Portuguesa -------------------------------------------------------------------------------------

5.6 TREMA: não se usa em palavras portuguesas ou aportuguesadas, mas é obrigatório em palavras derivadas de
nomes próprios estrangeiros, por exemplo, em “mülleriano” (derivado de Müller). [RC]

6 NO USO DO HÍFEN
6.1 Na COMPOSIÇÃO, LOCUÇÃO e no ENCADEAMENTO VOCABULAR
6.1.1 Não se usa o hífen no composto em que se perdeu, em certa medida, a noção de composição. Exemplos:
girassol, mandachuva, pontapé, paraquedas etc. [RC]
6.1.2 Usa-se o hífen em topônimos iniciados por GRÃO- ou GRÃ-, por verbo ou se houver artigo entre os
elementos. Exemplos: Grã-Bretanha, Passa-Quatro, Baía de Todos-os-Santos etc. [RC]
Obs.: também Guiné-Bissau.
6.1.3 Usa-se o hífen em compostos que designam espécie botânica e zoológica. Exemplos: erva-doce, bem-te-vi,
feijão-verde, cobra-d’água etc. [RC]
6.1.4 Usa-se o hífen quando o 1º elemento da composição for o advérbio BEM ou MAL e o 2º elemento começar
por VOGAL- ou H-. Exemplos: bem-humorado, mal-estar etc. [RC]
Obs.: o advérbio BEM pode não se aglutinar ao 2º elemento ainda que este comece por outra consoante.
Exemplos: bem-nascido, bem-falante etc.
6.1.5 Usa-se o hífen quando o 1º elemento da composição for ALÉM-, AQUÉM-, RECÉM- e SEM-. Exemplos:
além-fronteiras, aquém-mar, recém-chegado, sem-terra etc. [RC]
6.1.6 Usa-se o hífen em encadeamento vocabular e em combinações históricas ou ocasionais de topônimos.
Exemplos: ponte Rio-Niterói; tratado Angola-Brasil; percurso Recife-João Pessoa-Natal; páginas 27-30 etc.
6.2 Na DERIVAÇÃO PREFIXAL
6.2.1 Regra geral: usa-se o hífen após o prefixo ou falso prefixo4, se o 2º elemento iniciar por H ou pela mesma
vogal final do prefixo. Exemplos: extra-humano, anti-infeccioso, micro-ondas etc. [RC]
Obs.: a) os prefixos DES- e IN- se aglutinam ao 2º elemento, quando este se inicia com H-. Exemplos:
des + humano = desumano; in + hábil = inábil etc;
b) o prefixo CO- sempre se aglutina ao 2º elemento. Exemplos: coautor, cooperar etc.;
c) quando o prefixo terminar com vogal e o 2º elemento iniciar com R- ou S-, duplicam-se essas letras.
Exemplos: anti + social = antissocial, contra + regra = contrarregra, mini + saia = missaia etc.
6.2.2 Usos específicos [RC]
• CIRCUM, PAN: hífen se o 2º elemento começar com VOGAL-, H- , M-, N-. Exemplos: circum-
escolar, circum-navegação, circum-mediterrâneo, pan-americano, pan-helênico, pan-mítico etc.
• HIPER, INTER, SUPER: hífen se o 2º elemento começar com R-. Exemplos: hiper-realismo, inter-
racial, super-resistente etc.
• EX, SOTO(A), VICE, VIZO: hífen diante de qualquer 2º elemento. Exemplos: ex-amigo, ex-chefe,
vice-almirante, vice-reitor, soto-soberania etc.
• PÓS, PRÉ, PRÓ tônicos: hífen se o 2º elemento tiver autonomia. Exemplos: pós-escrito, pós-
graduação, pré-adolescente, pré-requisito, pró-europeu, pró-labore etc. Se tais prefixos forem átonos, ocorrerá a
aglutinação. Exemplos: pospor, previsão, promover etc.

4
Falso prefixo é o radical de origem grega ou latina que está na composição de muitas palavras, mas eventualmente
funciona como um vocábulo. Exemplos: auto-, bio-, foto-, macro-, socio- etc.

Contato: (81) 3431-1357 ou (81) 9973-6453 3


ALBANIO PAULINO DA SILVA
------Assessoria em Língua Portuguesa -------------------------------------------------------------------------------------

7 NO USO DO APÓSTROFO
7.1 Pode-se usá-lo para separar graficamente contração ou aglutinação de preposição com o conjunto vocabular
que se segue. Exemplos: “Esse fato faz parte d’Os Sertões”; “Li isso n’Os Lusíadas”. [RC]
Obs.: se ocorrer a preposição A, essa ficará separada (portanto, sem apóstrofo) do conjunto vocabular
que se segue . Exemplo: “Referi-me a A Escrava Isaura”; “Recorri a Os Lusíadas”. (No desempenho oral, nada
impede a combinação fonética).
7.2 Pode-se usá-lo para separar graficamente contração ou aglutinação de preposição com elemento realçado por
maiúscula. Exemplo: “Pedi a Deus, porque n’Ele acredito”. [RC]
Obs.: se ocorrer a preposição A, essa ficará separada (portanto, sem apóstrofo) do pronome com inicial
maiúscula. Exemplo: “Agradeço a Aquele que criou o universo” (No desempenho oral, nada impede a
combinação fonética).
7.3 Pode-se usá-lo para marcar a elisão das vogais finais -O e -A de SANTO(A) diante dos seus respectivos
nomes. Exemplo: Sant’Ana (=Santa Ana). A mesma regra abrange antropônimos como Pedr’Álvares (=Pedro
Álvares) etc. [RC]
Obs.: se as combinações constituírem uma só unidade mórfica, elas se aglutinarão. Exemplos:
“Conheço a cidade de Santiago”. “Assisti à apresentação do cantor Santana”.
8 NO USO DA LETRA INICIAL MINÚSCULA E MAIÚSCULA
8.1 Emprega-se a minúscula inicial [RC]:
a) nos usos correntes de todos os vocábulos da língua;
b) nos nomes de dias, meses, estações do ano;
c) após o primeiro vocábulo de indicação bibliográfica (esta em itálico), se não contiver nome próprio
(aceita-se também a inicial maiúscula). Exemplo: Memórias póstumas de Brás Cubas ou Memórias Póstumas de
Brás Cubas;
d) em fulano, sicrano, beltrano;
e) nos pontos cardeais (mas não em suas abreviaturas);
f) nas formas de tratamento cortês, de reverência e nos nomes sagrados ou referentes a crenças
religiosas (neste caso, aceita-se também a maiúscula). Exemplos.: professor doutor Honório Pereira; senhor
deputado Alírio Silva; santa Rita ou Santa Rita etc.
g) nos nomes que designam domínio do saber, cursos e disciplinas (aceita-se também a maiúscula).
Exemplo: “Meu amigo ensina português (ou Português) no curso de engenharia (ou Engenharia)”.
8.2 É facultativo o uso de inicial maiúscula em início de versos, categorizadores de logradouros públicos, de
templos, de edifício. Exemplos. “Estive na rua (ou Rua) da Aurora”; “Visitamos o mosteiro (ou Mosteiro) São
Bento”; “Moro no edifício (ou Edifício) Ponta Negra”. [RC]
Atenção! Obras especializadas podem observar regras próprias para o uso das minúsculas e maiúsculas,
desde que baseadas em normalizações estabelecidas por entidades científicas ou normalizadoras reconhecidas
internacionalmente.
9 NA DIVISÃO SILÁBICA
Na translineação de palavras com hífen, se a partição coincide com o hífen, deve-se repeti-lo na linha
seguinte. Exemplos: perdoei- / -lhe; micro- / -ondas etc.

Contato: (81) 3431-1357 ou (81) 9973-6453 4

Você também pode gostar