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Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

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1 Analita Alves do Santos - O Prazer da Escrita


Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa tem como objetivo

unificar a ortografia entre países lusófonos. Entrou em vigor no

sistema educativo português no ano letivo de 2011/2012.

Quais são as vantagens?

Procura de uma norma ortográfica comum a todos os países da

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP);

Redução de divergências ortográficas entre os diferentes países;

Vantagens pedagógicas, diplomáticas, editoriais.

O que mudou na nossa escrita com o


ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA
PORTUGUESA:

1. Alfabeto

2. Maiúsculas/minúsculas

3. Consoantes mudas

4. Acentos gráficos

5. Hífen

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1. As letras do alfabeto
O alfabeto português passou a incluir as letras “k”, “w” e “y”,
passando a ter 26 letras, que se usam nos seguintes contextos:
- Nomes próprios estrangeiros e seus derivados: Shakespeare,
shakespeariano; Darwin, darwinismo.
- Topónimos e seus derivados: Kuwait, kuwaitiano; Malawi,
malawiano.
- Siglas, símbolos, palavras usadas como unidade de medida:
KLM, K (potássio, do grego “kalium”).

2. Maiúsculas e minúsculas
- Os nomes dos meses, dos dias da semana e das
estações do ano passam a ser escritos com minúscula
(p. ex. janeiro, sábado, verão).
- Usam-se minúsculas nos nomes do pontos cardeais
(não nas suas abreviaturas), exceto quando usados
absolutamente:
- sul vs. vou para o Sul
- oriente vs. as línguas do Oriente
- O uso de maiúscula passa a ser facultativo em nomes de
obras impressas (com exceção da primeira palavra e dos
nomes próprios. Assim, pode escrever-se, por exemplo:
- “O dia dos milagres” ou “O Dia dos Milagres”
- “Vida e feitos de Júlio Cesar” ou “Vida e Feitos
de Júlio César”
- Usa-se minúscula inicial torna-se facultativo nos nomes
ou locuções que correspondem a formas de tratamento e
nomes de santos:
- doutor Filipe ou Doutor Filipe
- engenheiro Filipe ou Engenheiro Filipei
- santa Teresa ou Santa Teresa

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- Usa-se minúscula opcionalmente nos seguintes casos:


- Nomes que designam domínios do saber, cursos,
disciplinas: inglês ou Inglês; português ou Português;
matemática ou Matemática.
- Nomes de ruas, avenidas, largos, pontes, etc. (salvo nos
nomes próprios neles contidos): rua da palma ou Rua da
Palma; avenida da liberdade ou Avenida da Liberdade
- Nomes de templos, edifícios ou monumentos (salvo nos
nomes próprios neles contidos): igreja da misericórdia ou
Igreja da Misericórdia; convento das Bernardas ou
Convento das Bernardas

3. Consoantes mudas
As consoantes mudas desaparecem sempre que não são
pronunciadas na variante culta do português europeu.

Assim, desaparecem, por exemplo, em palavras como


“ato”, “ação”, “detetive”, “Egito”, “eletricidade”, “ótimo” ou
“rececionista” mas mantêm-se em palavras como “facto”,
“subtil”, “egípcio”, “opcional” ou “repto”.

É facultativo em casos como infeccioso vs. infecioso; sectorial


vs. setorial; característica vs. caraterística; olfacto vs. olfato.

Pode haver divergências entre a forma como certas palavras


são escritas em Portugal e no Brasil, devido às diferenças na
sua pronúncia, como por exemplo:

Em Portugal: facto, contactar, conceção, corrupção, receção,


súbdito, subtil, indemnizar, omnívoro.

No Brasil: fato, contatar, concepção, corrução, recepção súdito,


súbdito, sutil, subtil, indemnizar indenizar, onívoro, omnívoro.

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4. Acentos
Uso do acento circunflexo ou do acento agudo nas vogais
“e” e “o”.
O Acordo Ortográfico prevê que se mantenha a tradição na
grafia de algumas palavras, sobretudo quando correspondem
a pronúncias cultas diferentes em diferentes países.
Assim, palavras como “académico”/”acadêmico”,
“cénico”/”cênico”, “bidé”/”bidé”, “judo”/”judô” manterão a grafia
tradicional.
Ou seja, em Portugal, mantém-se a grafia “académico”,
“cénico”, “bidé” ou “judo”.

Suprime-se o acento nos seguintes casos:


- As formas verbais da 2ª conjugação, 3ª pessoa do plural,
presente do indicativo, com a terminação em “-êem” ,
passam a escrever-se sem o acento circunflexo. Por
exemplo, creem, veem, leem, descreem, reveem, deem.

- Formas verbais terminadas em “ –guar ”, com “u” acentuado


depois de “g” ou “q”, passam a escrever-se sem acento
agudo no “u”, como por exemplo, adeque, apazigue,
desague.

- Na terceira pessoa do singular do verbo “parar”, que se


passa a escrever “para”, tal como a preposição, apesar de se
pronunciarem de forma diferente.

- O acento circunflexo desaparece em palavras homógrafas


(diz-se de ou palavra que, com sentido e pronúncia
diferentes, se escreve do mesmo modo que outra), que
mantêm, todavia, a heterofonia (qualidade das palavras
heterófonas, que se escrevem da mesma maneira mas têm
sentido e pronúncia diferentes), como por exemplo:

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pela [verbo] = pela [contração de preposição e artigo]


pelo [verbo] = pelo [nome]
polo [nome] = polo [contração de preposição e artigo]
pera [nome] = pera [preposição arcaica]

- Nos ditongos
Deixa de ser acentuado o ditongo “oi”, exceto quando

se encontra na última sílaba da palavra. Por exemplo:
“asteroide”, “joia”, “jiboia”. Porém, nas palavras agudas com
ditongo aberto “ói”, o acento gráfico mantém-se: caracóis,
herói, lençóis.

5. Hífen
SUPRIME-SE O HÍFEN NOS SEGUINTES CASOS:

Quando é possível o uso dos dígrafos “ss” ou “rr”, ou


seja, quando o prefixo termina em vogal e é seguido de
elemento começado por “r” ou “s”. Por exemplo: contrarregra,
antissemita, autorrádio, contrassenha, extrassensorial ou
arquirrival.

O hífen é retirado das palavras formadas por prefixação,


juntando-se o prefixo ao radical. Por exemplo: biorritmo,
codependente, coautoria, contraindicação, contraespionagem,
neoimpressionismo, autoavaliação, autoestima, autoestrada,
extraurbano, geoestratégico, intrauterino, microestrutura,
multicolor, plurianual, pseudointelectual, retroescavadora.

Quando o primeiro elemento do composto termina em


vogal e o segundo elemento do composto começa com
vogal diferente, como em “autoestrada”, “contraintuitivo” ou
“extraescolar”.

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Nos compostos formados com co-, a palavra funde-se,


mesmo quando o segundo elemento do composto começa
por “o”, como por exemplo: coorganizador, coopositor ou
coocorrência.

Nos compostos formados com re-, mesmo que o segundo


elemento comece por “e”, também se fundem: “reequilíbrio”,
“reescrita”, “reequipamento”.

O hífen deixa de se usar nas formas monossilábicas do


verbo “haver “ seguidas da preposição “de”. Por exemplo,
escreve-se “hei de”, “hás de” e não “hei-de” ou “hás-de”.

O hífen cai em palavras compostas em que se perdeu a


noção de composição. As seguintes palavras são escritas sem
hífen, juntando-se as duas partes do composto: mandachuva,
paraquedas, pontapé, girassol.

O hífen é retirado das locuções que passam a ter espaço


entre as palavras, como por exemplo, tinta da china, caminho
de ferro, dia a dia.

UTILIZA-SE O HÍFEN NOS SEGUINTES CASOS:

Em palavras compostas que designam espécies botânicas


ou animais, com ou sem preposição, como “couve-flor”, “erva-
doce”, “ervilha-de-cheiro”, “cobra-capelo”, “cobra-d’água” ou
“bem-me-quer”.

Quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento


começa com vogal igual. Por exemplo, “contra-ataque”, “auto-
observação” ou “micro-ondas”.

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Em topónimos compostos iniciados pelos adjetivos grã,


grão, por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados
por artigo, como acontece, por exemplo, em “Grã-Bretanha”,
“Quebra-dentes” ou “Trás-os-Montes”.

Todos os outros topónimos compostos se escrevem sem hífen


(menos Guiné-Bissau): “Cabo Verde”, “Castelo Branco”, “África
do Sul”.

Em compostos com os advérbios “bem” e “mal” quando o


elemento que se lhes segue começa por vogal ou “h”.

É o caso de palavras como bem-amado, mal-amado, bem-


estar, mal-estar, bem-humorado, mal-humorado. Para além
disso, “mal”, ao contrário de “bem”, pode aglutinar-se com
palavras começadas por consoante. Por exemplo, escreve-
se “bem-falante”, mas “malfalante” escreve-se sem hífen. O
mesmo acontece com “bem-mandado” vs. “malmandado”.

Em compostos com “além”, “aquém”, “recém” e “sem”. Por


exemplo, “além-mar”, “aquém-Tejo”, “recém-nascido”, “sem-
número”.

Em encadeamentos vocabulares como: a ponte “Barreiro-


Chelas”, a autoestrada “Lisboa-Algarve”, a ligação “Lisboa-
França”, “Liberdade-Igualdade-Fraternidade”.

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EM CASO DE DÚVIDA, CONSULTAR O VOP

ALGUMAS CURIOSIDADES SOBRE O AO90…

Dos 8 países da CPLP que negociaram o AO90, apenas metade

o ratificou. Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste

ficaram de fora. Portugal, Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe

ratificaram, mas com falhas pelo caminho.

O linguista João Malaca Casteleiro, figura central na elaboração do

novo Acordo Ortográfico, morreu a 7 de fevereiro de 2020, aos 83

anos.

Existe um “Manifesto: Cidadãos contra o “Acordo Ortográfico” de

1990. Veja os subscritores aqui.

Bibliografia
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, O que muda e o que não
muda com o Novo Acordo Ortográfico, Faculdade de Ciências Sociais
e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Ministério da Educação,
Lisboa, fevereiro de 2011

Leite, Sara de Almeida (2017), Como escrever tudo em português


correto, Lisboa, Manuscrito

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