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INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

DISCIPLINA: TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO

UNIDADE TEMÁTICA: COMUNICAÇÃO ESCRITA

Conteúdos: Técnicas fundamentais de um enunciado escrito: ortografia, acentuação, pontuação,


frase, período, parágrafo e estrutura svo

I. Ortografia

Tendo sua origem no latim orthographia, a ortografia é o conjunto de normas que regulam a escrita,
fazendo parte da gramática normativa pelo facto de ditar as regras para o uso correcto das letras e dos
sinais de pontuação.

Segundo Cunha e Cintra (1992:63) a materialização da escrita, tendo em conta a concepção da


ortografia, envolve o uso /emprego de sinais gráficos denominados alfabeto.

Na senda do uso destes elementos em palavras escritas, tem se verificado uma série de irregularidades,
na forma como certas letras são aplicadas. Um dos problemas ou erros que se verifica na escrita em
língua portuguesa é a troca da letra S pelo Z ou vice-versa, pois o S, em algumas situações, assume o
mesmo som de Z, o que pode causar certa confusão, como em:

análise; asa; poesia; amnésia; duquesa, etc.

Uma das melhores formas de evitar o cometimento desse erro é lendo e escrevendo mais. Porém,
existem algumas regras que podem ajudar muito na hora da dúvida, conforme se depreende:

Usa-se a letra "S":

1. Nos sufixos  -osa, -oso, que formam adjectivos.

Exemplos: Gostoso/ gostosa; Teimoso/teimosa; Famoso/famosa; 

Honroso/ honrosa; Horroroso/ horrorosa. 

2. Em  derivados de outras palavras que têm S no radical.

Exemplos: Asa /asinha; análise/analisar; 

3. Nos sufixos -ês e -esa, em caso de palavras que indicam origem, nacionalidade ou título.

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Exemplos: Escocês/ escocesa; Burguês/ burguesa; Polonês/ polonesa; Freguês/
freguesa.

4. Em ocorrência após ditongos.

Exemplos: Repouso; Pouso; Pausa; Coisa.

5. Nos sufixos de origem grega -ese, -isa, -osa.

Exemplos: Profetisa; Arquidiocese; Viscosa; Virose; Tese.

6. Em alguns nomes próprios conhecidos.

Exemplos: Luísa; Baltasar; Teresa; Sousa; Isabel; Tomás.

7. Em algumas flexões dos verbos pôr e querer (que muitas pessoas erram).

Exemplos: Pus; puseste; pôs, pusemos; pusestes; puseram;

Quis; quiseste; quis; quisemos; quisestes; quiseram.

8. Emprega-se o “são” em substantivos derivados de verbos terminados em: “ender”, “verter”,


“pelir” e “ndir”

Exemplos: Apreender/apreensão; Ascender/ascensão; compreender/compreensão;


distender/distensão; estender/extensão; pretender/pretensão; suspender/suspensão;
subverter/subversão; repelir/repulsão; fundir/fusão, etc.

Usa-se a letra "Z":

1. Nos sufixos -ez e -eza presentes em substantivos abstratos originados de adjectivos, como:

Exemplos: Triste/ tristeza; Bonito/ boniteza; Nobre/ nobreza; Macio/ maciez; Duro/
dureza;

2. Em derivados de outras palavras que têm Z no radical.

Exemplos: Deslize/ deslizar; Razão/razoável; Raiz/ enraizar; Buzina/ buzinação 

Vizinho/ vizinhança.

3. Nas derivações com sufixos -zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zita, -zito.


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Exemplos: Cafezal; Cinzeiro; Fadozinho; Cãozito;  Avezinha.

4. Nos sufixos -ização (na formação de substantivos) e -izar (na formação de verbos). Como em:

Exemplos: Catequização/ catequizar; Modernizar/ modernização; Eternizar/ eternização;

Hospitalizar/ hospitalização.

5. Nos formadores de substantivos abstractos a partir de adjectivos, terminados com o sufixo:


“ez” ou “eza”

Exemplos: Sensatez, Altivez, magreza, certeza, mesquinhez, moleza, etc.

6. Em sufixos “triz” formador de femininos:

Exemplos: Imperatriz, atriz, embaixatriz, etc.

7. Em verbos terminados pelo sufixo “izar”, quando a palavra primitiva não possuir  “s”:
Exemplos: Economia/economizar; Terror/Aterrorizar; Frágil/fragilizar.

OBS: Análise + ar = analisar; friso +ar = frisar. Isto é, nessas palavras não existe o sufixo “izar”.

8. Em sufixos formadores de aumentativos e diminutivos, quando a palavra primitiva não


possuir “s” no radical.

Exemplos: Carta,/cartaz; Mulher/mulherzinha; avião/aviãozinho;


arvore/arvorezinha.

Atenção à regra abaixo:

Se a palavra primitiva é grafada com uma letra, suas derivadas também serão grafadas com a mesma
letra.
Exemplos: Casa: casinha, casebre, casarão;

Lápis: lapisinho, lapiseira Raiz: raizinha, enraizado

9. Em palavras homófonas (que são pronunciadas da mesma forma, mas são escritas de forma
diferente)

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Exemplos: Cozer (cozinhar) e coser (costurar) Traz ( do verbo trazer) e trás
(atrás) Prezar (ter consideração a )e presar (prender) Noz (castanha) e nós
(primeira pessoa do plural).

10. Em palavras como (é necessário a prática de leitura e escrita para saber a grafia correcta):

Exemplos: Azeite; prazer; lazer; azia; amizade; coalizão; proeza, etc. 

Uso de c, ç, s, ou ss

O uso destas consoantes oferece muitas dúvidas, uma vez que representam graficamente o mesmo som
/s/. Embora o uso de uma ou outra consoante dependa da raiz da palavra, existem algumas regras que
podem ajudar:

1. O c só tem o valor de /s/ com as vogais e e i. Para as restantes usa-se ç.

Ex. acém, ácido

açafrão, açorda, açúcar

2. O ç e os dois ss não existem em início de palavras e, por isso, nesta posição só podem aparecer:

S – antes de todas as vogais – ex. sapato, ser, sino, sol, suar

C – apenas antes de e ou i – ex. cenoura, civil

3. O s entre vogais tem sempre o som /z/, por isso, nas palavras derivadas e compostas formadas
a partir de uma palavra com s em posição inicial, tem de se dobrar o s, escrevendo-se ss.

Ex.Sala – antessala Seguir – prosseguir Sol – girassol Soma – cromossoma

4. Os dois ss só aparecem entre vogais.

Ex. passar; pessoa

5. O sufixo de naturalidade –ense escreve-se com s.

Ex. aveirense, farense, leiriense

6. O superlativo absoluto sintético terminado em –íssimo escreve-se com dois ss.

Ex. atrasadíssimo, fortíssimo


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7. O sufixo feminino –essa escreve-se com dois ss.

Ex. abadessa, condessa

II. Acentuação

No contexto da ortografia da língua portuguesa, há que ter em conta o uso dos acentos gráficos, que se
afiguram como sinais diacríticos com os quais se indica, na escrita, a pronúncia de uma vogal ou sílaba
tónica de uma palavra. (Ribeiro et al, 2010:84)

Para Ferreira (2010), a acentuação de palavras em Português, obedece a três regras básicas, a saber:

1. Nas palavras oxítonas ou agudas

Acentuam-se as palavras oxítonas ou agudas, aquelas em que a última sílaba é a sílaba tônica, tal é o
caso dos monossílabos tônicos acentuados e as palavras terminadas em a(s), e(s), o(s), em e ens.

Exemplos: pé, cá, sofá, sofás, jacaré, vocês, paletó, avós, ninguém e armazéns

Também são acentuadas as oxítonas terminadas em ditongos éu, éi e ói. Exemplos: réu, céu, pastéis,
herói.

2. Nas palavras paroxítonas ou graves

Acentuam-se as palavras paroxítonas ou graves, aquelas em que a penúltima sílaba é a sílaba tônica e


que apresentam as seguintes terminações: l, n, r, ps, x, us, i, is, om, ons, um, uns, ã(s), ão(s).

Exemplos: táxi, beribéri, lápis, grátis, júri,bónus/bônus, álbum, álbuns, nêutron, prótons, incrível, útil,
ágil, fácil, amável, éden, hífen, pólen, éter, mártir, caráter, revólver, destróier, tórax, ónix/ônix,
fénix/fênix, bíceps, fórceps, ímã, órfã, ímãs, órfãs, bênção, órgão, órfãos, sótãos.

São também acentuadas as paroxítonas terminadas em ditongos crescentes: ea(s), oa(s), eo(s), ua(s),
ia(s), ue(s), ie(s), uo(s), io(s).

Exemplos: várzea, mágoa, óleo, régua, férias, tênue, cárie, ingênuo, início

N.B: Não são acentuados os prefixos terminados em “i” e “r”. (Exemplos: semi e super)

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3. Nas palavras proparoxítonas ou esdrúxulas

Acentuam-se, sem excepção, todas as palavras proparoxítonas ou esdrúxulas, aquelas em que a


antepenúltima sílaba é a sílaba tônica. A vogal com timbre aberto é acentuada com um acento agudo,
já a com timbre fechado ou nasal é acentuada com um acento circunflexo. 

Exemplos: lâmpada, relâmpago, Atlântico, trôpego, Júpiter, lúcido, ótimo, víssemos, flácido.

Observação: Palavras terminadas em encontro vocálico átono podem ser consideradas tanto
paroxítonas quanto proparoxítonas, e devem ser todas acentuadas. Encontros vocálicos átonos no fim
de palavras tanto podem ser entendidos como ditongos quanto como hiatos.

Exemplos: cárie, história, árduo, água, errôneo

III. Pontuação

Regras do uso da vírgula


1. Para separar os termos ou orações de mesma função sintática:

Exemplos: Gosto de arroz, feijão, bata e bife.

O carro correu demais, derrapou na curva, capotou e caiu no precipício.

2. Para isolar o vocativo:

Exemplos: O tempo não é, meu amigo, aquilo que você pensou.

Senhor, eu desejaria saber quem foi o imbecil que inventou o beijo.

Amigos, os verdadeiros amigos não nos abandonam.

3. Para isolar o aposto:

Exemplos: Maputo, Capital da República de Moçambique, é o principal centro financeiro, corporativo


e mercantil do país.

O moçambicano, um assíduo trabalhador, ainda não tem acesso aos serviços de boa qualidade.

4. Para assinalar a inversão dos adjuntos adverbais:

Exemplos: “Por impulso instantâneo, todo o ajuntamento se pôs de pé.” (por: Rebelo da Silva)

Casaram-se às nove horas. Duas horas depois, estavam separados.

Em um naufrágio, quem estiver só se ajuda mais facilmente.

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A boca é, nas mulheres, a feição que menos nos esquece.

5. Para marcar a supressão do verbo:

Exemplos:

“Eu sou funcionário público,

Tu, minha esposa bem cedo,

Eu sou Artur Azevedo,

Tu és Carlota Morais.” (por: Artur Azevedo)

6. Para isolar palavras e expressões interpositivas: como por exemplo, além disso, isto é, a saber,
aliás, ou melhor, então, com efeito, etc.:

Exemplo: Vários autores importantes concordam com essa teoria, por exemplo, Jessy Jones e Mary
James. Regras de uso da vírgula

7. Para separar as orações coordenadas assindéticas (orações coordenadas entre si e que não são
ligadas através de nenhum conectivo; estão apenas justapostas):

Exemplo:

“Não aquieta o pó, nem pode estar quedo: anda, corre, voa: entra por esta rua, sai por aquela: já torna
adiante, já torna atrás, tudo cobre, tudo envolve, tudo perturba, tudo toma, tudo cega, tudo penetra...”
(Vieira)

8. Para separar as orações coordenadas ligadas pela conjunção e, quando os sujeitos forem
diferentes:

Exemplo:

“Aires Gomes estendeu o mosquete sobre o precipício, e um tiro saudou o acaso.” (José de Alencar)

“Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se” (Machado de Assis)

9. Para separar as orações coordenadas ligadas pelas conjunções mas, senão, nem, que, pois,
porque, ou pelas alternativas: ou…ou; ora…ora; quer…quer, etc.

Exemplos: “Não és Filha, mas hóspede da Terra!” (Olavo Bilac)

“Não se deve julgar o homem por uma só acção, senão por muitas.” (Carneiro Ribeiro)

Fiquem-se com o Senhor, que eu me vou. (Castilho)

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10. Para isolar as conjunções adversativas porém, todavia, entretanto, no entanto, contudo; e as
conclusivas: logo, pois, portanto:

Exemplos:

“Contudo, ao sair de lá, tive umas sombras de dúvida…” (Machado de Assis)

“Nada diminuía, portanto, as probabilidades do perigo e a poesia da luta. (Rebelo da Silva)

11. Para separar termos ou orações que, deslocados, quebram uma sequência sintática:

Exemplos: Comunicamos-lhes que, a partir desta data, atenderemos em novo endereço.

O ministro, segundo recomendações médicas, deve permanecer em repouso absoluto.

As viúvas, quando são jovens, acham sempre alguém que as console.

12. Para separar as orações subordinadas adverbiais, quer antepostas, quer pospostas à
principal:

Exemplos: “Juro que ela sentiu certo alívio, quando os nossos olhos se encontraram…” (Machado de
Assis) “Enquanto o senhor zombava de mim, o feitio das minhas botas estava no seu ofício e no seu
direito.

13. Para separar os adjectivos e as orações adjectivas de sentido explicativo:

Exemplos: A cabroeira, alucinada, gritava atrozmente.

A ele, que é o antigo membro da corporação, nenhuma homenagem lhe renderam.

14. Para separar as orações reduzidas de gerúndio, particípio e infinitivo:

Exemplo: Quem tem cor de leite, a neblina pálida flutua, Diluindo, evaporando os montes de granito
em colossos de sonho, extasiados de Lua... (Guerra Junqueira)

Regras de uso do ponto e vírgula

1. Para separar orações coordenadas longas ou curtas, em um trecho longo:

Exemplo: Homem ativo é aquele que sabe realizar aquilo que para os outros constitui simples
aspiração; que cumpre o seu dever; que tem iniciativa; que não espera as ocasiões, mas que as cria.

2. Em paralelismos, comparações e contrates:

Exemplo: Quem não quer raciocinar é um fanático; quem não quer raciocinar é um tolo; e quem ousa
raciocinar é um escravo.

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3. Para separar orações coordenadas adversativas e conclusivas com conectivo deslocado:

Exemplo: Vencemos; não fique, portanto, assim tão triste!

4. Para separar os diversos itens de uma enunciação qualquer (p.ex. alíneas de uma lei):

Exemplo:

Os cargos públicos são providos de:

a) nomeação;

b) promoção;

c) transferência.

IV. Frase

Para Cunha e Cintra (1992:119) “frase é um enunciado de sentido completo, correspondendo a unidade
mínima de comunicação, cuja sua composição ou estrutura é descrita por um conjunto de regras que se
denominam Sintaxe.”

A sua constituição pode obedecer aos seguintes critérios:

1. Por uma só palavra (desde que veicule uma informação significacional)

Fogo! Atenção! Silêncio!

2. Por várias palavras, entre as quais se inclui ou não um verbo:

a) com verbo: Alguns anos vivi em Moçambique.

b) sem verbo: Que inocência! Que aurora! Que alegria! (Texeira de Páscoa)

Note-se, sempre, que as frases estão sempre acompanhadas por uma entoação e nas que apresentam
uma forma verbal a entoação indica o fim de enunciado, geralmente evidenciado por um ponto final,
marcando o fim to tópico frasal (ideia\informação apresentada).

Na língua portuguesa, a frase pode ser simples ou complexa. É simples quando for composta por uma
oração ( a que contém uma única forma verbal) e complexa quando for composta por duas ou mais
orações (a que contém mais de uma forma verbal).

Exemplos:

a. O dia teve muitos sobressaltos. (frase simples)

b. O Negrinho começou a chorar, enquanto os cavalos iam pastando. (frase complexa)


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Simões Lopes Neto

V. Período
No discurso linguístico, nota-se a existência de período (s) que é a frase organizada em orações ou
orações, podendo se constituir em período simples, quando for composto por uma oração e período
composto quando for constituído por duas ou mais orações. (Cunha e Cintra, 1992:122)

Segundo Ribeiro et al, (2010:130) cada período é caracterizado por conter uma ou mais frases
(orações) simples ou complexas e por ser delimitado por ponto final (.), ponto de interrogação (?),
ponto de exclamação (!) ou reticências (...).

VI. Parágrafo
Ribeiro et al, definem parágrafos “como as divisões principais que estruturam o discurso escrito. É
uma forma de organização do texto, caracterizada por uma unidade de ideias nelas incluídas, tendo em
conta o seu sentido completo e a sua independência sintática.”

Ainda na óptica destes autores, cada parágrafo corresponde a uma unidade autossuficiente de um
discurso escrito, ou seja, inicia e encerra a abordagem de um determinado ponto de vista ou ideia.

VII. Estrutura SVO


A aplicação da estrutura SVO prende-se à questão de que maior parte das construções escritas em
língua portuguesa obedecem a uma estrutura em ordem directa – (sujeito) – verbo – (objecto), aliado
ao facto da maioria dos verbos da língua portuguesa serem transitivos directos e indirectos, isto é, são
verbos que se complementam por uma estrutura nominal, sem uma preposição que lhes sirva de
objecto directo ou indirecto.

Segundo Botelho, na escrita em língua portuguesa, a maior preferência na representação dos


enunciados escritos conduz-nos à conclusão de que há uma maior preferência pela ordem directa. Isto
se explica pelo facto de que a natureza dessas construções ou textos escritos apresenta uma
objectividade, concisão, legibilidade, correcção e obediência à norma.

Note-se que, apesar da estrutura SVO ser a canônica, ela pode ser alterada conforme as situações e
objectivos comunicativos do falante.

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Referências Bibliográficas
CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley. Nova Gramática do português Contemporâneo. 9 ed.. Lisboa,
Edições João Sã da Costa, 1992.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Gramática mini Aurélio. 8 ed.. Curitiba, Positivo, 2010.
RIBEIRO et al. Gramática Moderna da Língua Portuguesa. Lisboa, Escolar editora, 2010.

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