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Gestão do Território
Alcyr Boris de Souza Meira..
••Arquiteto, Engenheiro Civil, Urbmista, Professor Universitkio, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Pará e 9Jperintendente da SUDAM
cimento imediato e acelerado, que lhe permi- fprtes matizes de depredador irresponsável.
ta em curto espaço de tempo o desejado in- E chegada a hora de se revelar a verdade,
gresso no fechado grupo das nações do Pri- de se refutarem essas notícias capciosas
meiro Mundo. Dentro da problemática nacio- destinadas a confundir a opinião pública e
nal, desponta a Amazônia como peça funda- provocar repercussões desabonadoras e pre-
mental de uma engrenagem maior que é a judiciais à Amazônia e ao Brasil.
nação brasileira, representando, fora de qual- A correta gestão do território amazônico
quer dúvida, o suporte maior para a consecu- deve relocar essas questões e a conseqüen-
ção do desenvolvimento nacional. te contestação dos equívocos delas decor-
A gestão do território amazônico deve ter rentes.
como ponto de apoio um plano de desenvol- Na realidade, criaram-se verdadeiros mi-
vimento integrado, estribado no binômio de- tos amazônicos, surgidos no bojo desse pro-
senvolvimento/meio ambiente, de modo que cesso, alguns consolidados como verdades
se definam os instrumentos que permitam insofismáveis, passando inclusive à categoria
uma perfeita coexistência entre tecnologia e de citação obrigatória em pronunciamentos
ecologia, decalcado no entendimento de que sobre a região.
a Amazônia brasileira constitui patrimônio ina- Dentre outros podemos citar o mito da
lienável da nação, incólume e soberanamen- homogeneidade amazônica como um dos
te preservado. mais utilizados nas discussões sobre os pro-
Não podemos admitir que se pretenda blemas regionais, envolvendo teorias extre-
promover a defesa da Região Amazônica pe- mamente contraditórias.
la exclusiva preservação de seu patrimônio A Amazônia apresenta, numa análise pri-
ecológico, utilizando-se retóricas ambientalis- mária de suas potencialidades, duas rique-
tas que induzam a uma absoluta recupera- zas incontestes: sua cobertura vegetal, repre-
ção e restauração dos valores naturais. Es- sentada pela grande potencialidade da flores-
ses são caminhos que não conduzem a lu- ta tropical, e sua rede hidrográfica, formada
gar nenhum. pelas bacias dos rios Amazonas e Araguaia-
É preciso que se crie, para o caso amazô- Tocantins. Esses dois fatores representam,
indubitavelmente, o ponto de apoio para o
nico, uma consciência ecológica própria, es-
alavancamento do desenvolvimento regional
pecífica, adotando-se medidas claras, preci-
e a consolidação do progresso nacional.
sas e concretas, que possibilitem o esboço,
Esses dois componentes do patrimônio
delineamento e consolidação de um mode-
natural da região vêm sendo considerados
lo de comportamento tipicamente regional.
como elementos homogêneos, criando-se
Para a Amazônia a necessidade imediata e
um conceito de Bacia Amazônica sem hete-
premente é desenvolver o seu território, atra- rogeneidades, com uma morfologia unifor-
vés de um modelo voltado às suas necessi- me, sem uma multiplicidade de facetas geo-
dades intrínsecas, que atenda aos interesses gráficas, geológicas, de biodiversidade e de
do homem amazônico. Esse processo de ecossistemas. A realidade é outra. A Amazô-
desenvolvimento será evidentemente alicerça- nia é uma região heterogênea, não somen-
do em conceitos e parâmetros que permitam te nos seus aspectos físicos, mas também
harmonizá-lo com o meio ambiente, promo- em suas características políticas, sociais e
vendo a necessária e indispensável compati- econômicas.
bilização da economia com a ecologia, funda- Passemos à análise da cobertura vegetal
mento básico do desenvolvimento sustentado. da região, que vem sendo equivocadamen-
O clima emocional que envolve as campa- te considerada como Floresta Amazônica
nhas ambientalistas internacionais, já citado em toda a sua extensão regional, o que na
neste documento, ocorre intensamente tam- verdade constitui um conceito falho, o que
bém em Território Nacional, o que vem geran- pode ser facilmente comprovado pelo mais
do freqüentemente informações equivocadas, recente levantamento do IBGE que acusa
dados deturpados e, quase sempre, contra- uma formação florestal correspondente a 64%
ditórios, que vêm contribuindo para que se do território da Amazônia Legal. A cobertu-
crie dentro e fora do País uma imagem nega- ra vegetal dos 36% restantes diz respeito à
tiva e totalmente distorcida da realidade ama- vegetação não florestal, predominantemente
zônica. Nessa ação mesquinha e nefasta, florística, com ocorrência significativa de sa-
que delineia para a Amazônia um perfil de vanas e campos naturais. Verifica-se, portan-
região degradada pelos seus próprios habi- to, ser equivocada a denominação de Flores-
tantes, pinta-se o homem amazônico com ta Amazônica para toda a cobertura vegetal
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existente na região, equívoco esse já trans- regiões de clima quente e de elevado grau
formado em mito. de umidade, onde ocorrem grandes precipita-
Considerando-se, todavia, a área de flores- ções pluviométricas, como acontece na Ama-
ta, devidamente distribuída em superfície cor- zônia
respondente a 64% da Amazônia Legal, veri- A Floresta de Várzea domina as áreas pas-
fica-se também a inexistência de uma forma- síveis de inundações periódicas, nas épocas
ção homogênea, pois na verdade a Flores- de enchentes, nos trechos de planície, mar-
ta Amazônica é heterogênea, constituindo ginais aos rios e igarapés. Em determinados
um sistema formado por vários subsistemas, setores, permanentemente inundados, essa
como demonstraremos a seguir. cobertura vegetal passa a ser denominada
A Floresta Amazônica propriamente dita - de igapó, ocorrendo uma ligeira redução no
Floresta Tropical Chuvosa -, cientificamente porte das árvores, que apresentam também
denominada de Hiléia, concentra-se longitu- troncos mais delgados.
dinalmente no setor axial da Bacia Amazôni- f.s Florestas de Terra Firme, correspon-
ca, ao longo do Equador, apresentando dentes à formação florestal dominante da
duas configurações distintas: a Floresta de Hiléia, elevam-se acima da planície de inun-
Várzea e a Floresta de Terra Firme. dação, nas chamadas terras altas; em cotas
Essas formações florestais úmidas, pre- superiores ao nível das enchentes, que em
ponderantes na paisagem física regional, cons- momento algum chegam a atingi-las.
tituem a formação vegetal pujante e significa- Os trechos periféricos, próximos às bor-
tiva,ainda que complexa, representativa das das da Floresta de Terra Firme, apresentam
FORMAÇÓES FLORESTAIS
1~1 1 1 1~1 1 1 1 1 1 1 1 1 I I
-
FLORESTA DE VÁRZEA E IGAPÓ FLORESTA DE TERRA FIRME
I••••••• ,
• • • • PROJETOS AGROPECUARIOS
FONTE-SUDAM
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da elevação de nível no curso inferior do rio, dores Juruena e Teles Pires), o rio Verde, o
exatamente no período em que a vazante é Xingue seu afluente lriri.
mais acentuada.
Na diversificação do regime dos rios que
constituem as bacias meridionais e setentrio-
nal da rede hidrográfica amazônica, encontra- RIOS DE ÁGUAS PRETAS
se a explicação e justificativa para um dos
fundamentos de sua heterogeneidade. Ou-
tros fatores, entretanto, serão ainda examina- A denominação é plenamente JUStificada
dos, e que invalidarão as teses da pretendi- pela coloração de suas águas, de um escu-
da homogeneidade hídrica da região. ro intenso, variando do marrom-opaco até
o negro, quando vistas em grandes massas.
As caracterí'sticas físicas e químicas das
São, entretanto, transparentes e cristalinas,
águas que constituem essas bacias apresen-
quando vistas em pequenos volumes, em lu-
tam também sensíveis variações, o que nos
gares rasos com fundo de areia branca, apre-
permite classificar nossos rios de acordo com
sentando um tom de infusão de chá, o que
a coloração de suas águas em claros, pretos
e brancos. Na realidade, deve-se creditar es- é plenamente justificável pela ausência de
sedimentos em sua composição.
sa heterogeneidade hídrica não somente à
A tonalidade escura e opaca é resultante
composição físico-química variada, mas tam-
de substâncias húmicas coloidais dissolvidas,
bém às alterações geomorfológicas decorren-
provenientes de matéria orgânica em decom-
tes da grande extensão territorial regional,
posição lançada pela vegetação concentra-
dos seus múltiplos e constantes acidentes
da nas margens inundadas de suas nascen-
geográficos e seu diversificado regime de
tes. Contribuem ainda para essa coloração
marés.
a formação dos solos podzólicos e arenosos
de suas cabeceiras, o que lhes assegura
uma composição química, com PH reduzi-
do, acidez acentuada, com baixo teor de
RIOS DE ÁGUAS CLARAS sais minerais, acusando ainda uma percenta-
gem de sódio e potássio superior à percenta-
Os rios de águas claras são transparentes, gem de cálcio e magnésio. O exemplo mais
com coloração azulada ou esverdeada, com significativo é o rio Negro.
índice reduzido de materiais em suspensão.
Ao se processar a análise química de suas
águas, esses rios mostram-se bastante hete-
rogêneos, com uma relativa diversificaç~o RIOS DE ÁGUAS BRANCAS
de PH e condutibilidade elétrica. Esse feno-
meno é ainda mais intenso nos igarapés e
São assim denominados pela coloraçao
córregos de reduzido porte, geralmente oriun-
esbranquiçada, barrenta de suas águas, de-
dos de sedimentos terciários da Bacia Ama-
correntes da erosão nos Andes, do que re-
zônica. Esses são· extremamente pobres
sulta uma descarga de sedimentos cretáceos,
em sais minerais, apresentando ainda baixas
alcalinos e relativamente ricos em sais minerais.
concentrações de magnésio e cálcio.
Apresentam um etevado índice de cálcio
Os rios da Região do Baixo Amazonas e magnésio comparativamente à quantida-
são neutros e apresentam elevada percenta- de de sódio e potássio, acusando ainda bai-
gem de cálcio e magnésio e alto teor de sais xos índices de sais minerais. Esses rios rece-
minerais, o que lhes assegura uma colora- bem uma permanente contribuição de consi-
ção azulada. É bem verdade que no início deráveis massas de terreno argila-arenoso
da estação das chuvas estas transportam de suas margens, o que lhes confere a cor
as substâncias húmicas acumuladas na su- barrenta, amarelada. Os rios de águas bran-
perfície da terra durante o período de seca, cas constituem a maioria absoluta da rede
do que resulta a mudança de coloração da hidrográfica amazônica. Nesses rios ocorre
água, que nesse período torna-se mais escura. o fenômeno erosão/sedimentação, conse-
Os exemplares mais famosos de rios de qüência da constituição dos terrenos que
águas claras são o Tapajós (com seus forma- os margeiam, podendo ser considerados
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rios mutantes, pois são agentes permanen- tendo concluído os rios Guamá-Acará, no
tes de profundas modificações do aspecto Pará, e Araguari, no Amapá •
da paisagem e da vida do homem da Amazô- Encontram-se em fase final de elaboração
nia a atualização do vale do rio Branco em Ro-
É preciso que se esclareça a importância raima.
do regime de chuvas para o equilíbrio ecoló- Em 1992, serão elaborados, além dos pro-
gico da região, pois dele decorre o regime jetos bancáveis dos vales dos rios Guamá-
dos rios, absolutamente condicionado a es- Acará, Araguari e rio Branco, os POis dos
se fenômeno sazonal. vales dos rios Antimari (AC/AM), Madeira
Estima-se em cerca de 100 bilhões de to- (AM/RO), Trombetas (PA) e atualização do
neladas o volume de vapor de água decor- Araguari-Tocantins (PNTO/Ml).
rente da evaporação dos rios e da contribui- Considerando a necessidade de aprofun-
ção da floresta, o que confere à região sua dar os estudos de uma política espacial, foi
característica básica de clima superúmido. elaborado o estudo: "O Aproveitamento Inte-
Essa condição, aliada à absorção das radia- grado das Principais Bacias Hidrográficas
ções infravermelhas, estabelece as condi- da Amazônia Como Estratégia Espacial do
ções de estabilidade de temperatura, evitan- Desenvolvimento Regional", constituído por
do que ocorram grandes variações diárias. sete capítulos e realizados por uma equipe
O Programa de Estudos e Pesquisas dos de consultores.
Vales Amazônicos - PROVAM -, objeto de Para a consolidação da fase de informa-
acordo de cooperação técnica firmado em ções e visando à montagem de um sistema
1966, entre a SUDAM e a OEA, tem por obje- de elaboração, acompanhamento e avaliação
tivo básico conhecer a potencialidade das de projetos, está sendo montado um. Banco
principais bacias hidrográficas e sub-regiões de Dados, formado por informações estatísti-
estratégicas para o desenvolvimento. cas dos Estudos dos Vales e pelo Sistema
A área de drenagem da região é forma- de Informações Geográficas da SUDAM.
da, principalmente, pelas bacias hidrográfi- O Sistema de Informações Geográficas,
cas do rio Amazonas (3 900 000 km2) e To- estruturado a partir do Projeto de Hidroclima-
cantins (775 000 km2) e territorialmente com- tologia e Sensoriamento Remoto da SUDAM,
preende a totalidade da Região Norte, mais é a base das informações cartográficas que
da metade da Região Centro-Oeste e uma dá suporte ao acompanhamento das altera-
pequena extensão do extremo noroeste do ções da Cobertura Vegetal na região e funda-
Estado do Maranhão (Pré-Amazônia Mara- mental na elaboração dos Planos de Desen-
nhense). volvimento Integrado dos Vales.
Na ausência de acidentes geográficos Ampliando-se o enfoque estabelecido ini-
mais relevantes e considerando a rarefação cialmente neste documento, do estudo das
de atividade atrópicas, os rios e o relevo pos- potencialidades naturais regionais a partir
sibilitam razoável precisão na configuração das duas riquezas básicas, a floresta e a ba-
de grandes espaços - as bacias hidrográfi- cia hidrográfica, extrapolando portanto esses
cas - como unidades de planejamento e pro- limites, voltamos nosso interesse a outras fon-
gramação de ações para o desenvolvimento. tes naturais de extraordinária potencialidade,
Assim, na impossibilidade de estudar a que relacionaremos a seguir.
Amazônia Legal a um só tempo, estabeleceu- A dimensão territorial da Amazônia brasi-
se o critério de subdividi-la em bacias, priori- leira lhe atribui um status de quase-continen-
zando-se a abordagem em função da pres- te, do que resulta automaticamente um inco-
são antrópica sobre elas exercida. mensurável potencial ecológico, econômico
Na década de 70 a SUDAM realizou estu- e conseqüentemente político.
do dos vales dos rios Xingu-Tapajós, Tocan- A Amazônia representa, nos dias atuais,
tins, Araguaia-Tocantins e Branco. uma das maiores reservas de recursos natu-
Esses trabalhos foram paralisados, com rais do mundo, não só pela imensa dimen-
o advento das grandes rodovias de penetra- são de terras úteis e produtivas, inas também
ção, dentro da Política de Integração Nacional. por abrigarem elas uma significativa concen-
A partir de 1987, o acordo SUDAM/OEA tração de riquezas expressas em sua diversi-
retomou os trabalhos dos Estudos dos Vales, dade. Esse fator diferencia a Amazônia de
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mentação, missão a ela atribuída por lei, que ção total do País e que corresponde a 17
lhe assegura ainda a responsabilidade da milhões de habitantes.
coordenação da ação do Governo Federal A concentração populacional nas grandes
na Região Amazônica. cidades é um fator por demais preocupante,
A concepção adotada para a redefinição já que esse exagerado adensamento demo-
dos novos modelos de desenvolvimento re- gráfico, principalmente nas capitais dos esta-
gional estabelece profundas mudanças estru- dos, provoca um contínuo êxodo das popula-
turais nas comunidades amazônicas, na ten- ções rurais, agravando significativamente a
tativa de estabelecer uma relação harmôni- estrutura econômica estadual. A densidade
ca entre os homens e destes com a natureza. demográfica regional média de 3 habitan-
Esse desenvolvimento desejado, alicerça- tes/km2, enquanto que nas capitais esse índi-
do em bases de auto-sustentabilidade, será ce sobe para 17 habitantes/krn2. Enquanto
realizado de maneira racional e progressiva, ocorre um grave esvaziamento da zona ru-
mediante a definição e implementação de ral, multiplicam-se os problemas nos centros
novos conceitos e metodologias modernas urbanos, com infra-estrutura insuficiente ao
que venham a promover a perfeita adequa- atendimento dessa alarmante pressão migra-
ção dos seus agentes com os valores natu- tória, configurando um caos socioeconômi-
rais que caracterizam o meio ambiente. co praticamente insolúvel.
A baixa renda per capita é também preo-
O mal uso dos recursos naturais e seu
cupante, constituindo um dos mais graves
conseqüente desperdício devem ser perma- problemas regionais, fruto da reduzida capa-
nentes e obrigatoriamente evitados, já que
cidade de geração de riqueza da região.
sua ocorrência virá a contribuir inexoravel- Esse conjunto de fatores constituiu o pon-
mente para uma progressiva degradação am- to de partida considerado pela SUDAM pa-
biental. Este indesejável fenômeno provém ra a formulação de sua política de desenvol-
geralmente dos grandes desequilíbrios eco-
vimento, definindo como um de seus funda-
nômicos e sociais, os quais são por sua vez mentos a fixação do homem em seu habitat,
resultantes da excessiva concentração de ri-
criando-se as bases que permitam sua per-
queza em determinadas regiões, em detri-
manência no local em que nasceu e vive,
mento de outras que permanecem desampa-
em seu ambiente natural, usufruindo de con-
radas, no mais lastimável estado de abando-
dições socioeconômicas, políticas e culturais
no e pobreza. plenamente satisfatórias.
A redução e posterior erradicação dessas O nosso modelo de desenvolvimento pos-
diferenças socioeconômicas, com a elimina- sibilitará, portanto, essa fixação desejada,
ção do desequilíbrio inter-regional, é o objeti- mediante a criação de atividades geradoras
vo fundamental do PDA, através do qual ire- de riqueza na região, compatíveis com a re-
mos estabelecer as condições necessárias alidade local, viabilizando a elevação da ren-
para que o homem da Amazônia venha a da individual até que se alcance uma igualda-
desfrutar o mesmo nível de vida dos habitan- de com os maiores índices do País, assegu-
tes de outras regiões mais desenvolvidas rando ao amazônida um nível de vida justo
do Brasil. e digno.
O desequilíbrio. regional hoje existente é Esse objetivo está sendo alcançado me-
um inequívoco resultado de diversos fatores, diante a utilização de um modelo de desen-
entre os quais julgamos pertinente destacar: volvimento sustentado, com utilização de
matéria-prima local,· promovendo-se uma per-
. A imensa superfície territorial da região
feita identificação do homem com o meio am-
. A baixa densidade demográfica biente circundante, conscientizando-o a uma
. A excessiva concentração populacional convivência harmônica com a natureza, sem
nas grandes cidades extrapolar ou exceder suas necessidades in-
. A reduzida capacidade geradora de ri- trínsecas. Estamos criando uma nova menta-
queza lidade, da qual resulte um maior entendimen-
A superfície da Amazônia brasileira é equi- to dessa nova realidade, aflorando o senti-
valente a 61% do Território Nacional, ocupan- do de responsabilidade, revitalizando a cultu-
do uma área de 5 217 423 km 2, apresentan- ra tradicional, enriquecendo-a com os moder-
do entretanto uma densidade demográfica nos métodos científicos e tecnológicos.
insignificante para essa amplitude territorial, O novo homem amazônico aprenderá a
expressa por um índice de 11% da popula- viver dentro deste novo contexto, assimilan-
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das, o que seria considerar a floresta como dimento das aspirações de uma clientela an-
ocupante transitória, temporária, do sítio. siosa de conhecer o exotismo, os mistérios
A SUDAM preconiza, em sua Política Flo- e a exuberância da natureza amazônica.
restal para a Amazônia, o sistema de Flores- A conquista dessa clientela deverá ser al-
ta de Domínio Público, classificando-as co- cançada no momento em que nosso mode-
mo Nacionais, Estaduais e Municipais. Dese- lo de Desenvolvimento Sustentado apresen-
jamos estabelecer uma reversão da sistemá- te, em sua essência, um Ecoturismo de di-
tica ora existente em todo o País do uso da mensões amplas, destinado ao atendimento
terra voltado prioritariamente para a ativida- das aspirações das pessoas que, partindo
de agropecuária. de suas pátrias, busquem novos ambientes,
Consideramos a exploração florestal racio- novas sensações, que lhes revelem um no-
nalizada uma atividade mais rentável que ou- vo mundo.
tras dirigidas para o uso exclusivo da terra, Precisamos, portanto, preparar-nos para
já que a seleção de segmentos florestais per- o pleno atendimento dessa demanda, já que
mitirá a institucionalização de Florestas de a Amazônia surge no cenário internacional
Produção, concentrando as atividades de como a mais importante reserva mundial de
extração devidamente racionalizadas, com recursos naturais praticamente incólumes,
maior grau de produtividade, menor desper- alvo das atenções de todos os povos de
dício e conseqüentemente maior economia. nosso planeta.
O Ecoturismo Amazônico, com suas pecu-
É imperioso que se promova a imediata liaridades e especificidades, facultará o aces-
redução dos métodos empíricos e predató- so a áreas efetivamente virgens, não conta-
rios que induzem a atrofia das matas, des- minadas pela ação predatória da civilização,
cartando-se de suas espécies mais nobres permitindo um estreito contato com a nature-
sem qualquer preocupação com sua reposi- za. O turismo poderá admirar e gozar da
ção. A Política Florestal da SUDAM é um mo- paisagem bucólica e repousante, desfrutan-
delo comprovadamente viável, que possibilita- do a exuberância da flora, a multiplicidade in-
rá a sobrevivência de nossa floresta, tornan- finita das espécies da fauna, o contato com
do-a economicamente produtiva e útil para a cultura primitiva de seus índios, respirar o
seus habitantes. aroma do mato, o perfume das flores, olhar
O Programa de Turismo representa um cores impressionistas do ocaso, e a magia
dos pontos capitais do PDA, considerando- colorida do alvorecer amazônico.
se as potencialidades inesgotáveis e até es- Esses serão os múltiplos caminhos que
te momento praticamente inexploradas, que nos conduzirão em direção ao destino histó-
possibilitarão a Amazônia assumir a lideran- rico da Amazônia, peças fundamentais da
ça do Turismo Ecológico internacional. máquina propulsora do desenvolvimento, ins-
O plano objetiva a expansão e desenvolvi- trumento único para a construção da grande-
mento das incipientes atividades turísticas za regional.
da região, mediante a concepção e implanta- Inspirados pela ação do Presidente Fer-
ção de mecanismos que promovam o incre- nando Collor, cuja determinação de construir
mento do fluxo de correntes turísticas para um Brasil Novo é também nossa bandeira,
a Amazônia. voltamos nossos olhos para o futuro, com a
O Plano de Turismo da Amazônia- PTA -, certeza de que edificaremos também uma
em fase de elaboração pela SUDAM, está Nova Amazônia. O futuro é quase uma reali-
se estruturando levando em conta dois parâ- dade. O futuro já está chegando, antecipa-
metros distintos, o Turismo Tradicional e o do pela dedicação e competência de nosso
Turismo Ecológico, ambos destinados ao aten- Presidente.
RESUMO
Analisa os fundamentos das reservas naturais da Amazônia, que são incontestavelmente sua cober-
tura vegetal e sua rede hidrográfica; faz um estudo dos recursos naturais disponfveis, assim como abor-
da as polfticas prioritárias adotadas pela SUDAM para o desenvolvimento racional do território amazô-
nico, baseado no binômio desenvolvimento/meio ambiente, que são: polftica ambiental, pdftica espa-
cial, polrtica social e antropológica e pdftica institucional, que integram o PLANO DE DESENVOLVIMEN-
TO DA AMAZÔNIA- PDA- para o perfodo 1991/1995.