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Bertha Becker: em defesa do desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Bertha Becher: in defense of the sustainable development of the Amazon

Isabela Dias Ferreira1


Tadeu Lima de Souza2

Resumo
Bertha K. Becker foi uma importante geógrafa brasileira com uma vasta produção científica e
intelectual sobre a região da Amazônia. Seu trabalho é referência mundial no tema. O presente
texto apresenta aspectos de sua vida e obra.

Abstract
Bertha K. Becker was an important Brazilian geographer with a vast scientific and intellectual
production about the Amazon region. Her work is a world reference on the subject. This text
presents aspects of her life and work.

Introdução

Conhecida como “cientista da Amazônia", Bertha Becker dedicou mais de 40


anos de sua vida às pesquisas na Amazônia. Fez carreira na Universidade Federal do
Rio de Janeiro, onde atuou por 56 anos como docente. Lecionou no Instituto Rio
Branco na formação de diplomatas, onde inseriu a cadeira de Geografia Política, se
tornando referência mundial na área. Suas pesquisas sobre a dinâmica territorial na
região amazônica e a expansão das fronteiras agropecuárias pelo território, além de
sua atuação na pesquisa de campo, lhe renderam diversos títulos e prêmios e
reconhecimento nacional e internacional.

Este artigo apresenta de forma resumida a vida e obra desta grande professora
e geógrafa brasileira, numa primeira aproximação com sua pesquisa e trajetória de
vida. O texto nasce no contexto da disciplina Epistemologia da Geografia, ofertada
pelo professor Clézio Santos no curso de pós-graduação em geografia na
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro PPGGEO UFRRJ, quando a turma foi
provocada a pesquisar a respeito das matrizes brasileiras do pensamento geográfico.

A Geografia na vida de Bertha

Geógrafa brasileira que dedicou mais de 40 anos de estudo à Amazônia, se


tornando uma das maiores autoridades na região e por isso conhecida como Geógrafa
da Amazônia, essa é Bertha Koiffmann Becker. Nascida na cidade do Rio de Janeiro
em 07/11/1930, filha de pais imigrantes (seu pai era Romeno e sua mãe Ucraniana),
com uma irmã mais velha geógrafa e tendo um interesse em explorar o planeta em
busca de conhecimento, a Geografia foi a área escolhida por Bertha para atuar.
1
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Geografia da Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro PPGGEO/UFRRJ. E-mail: isadf19@gmail.com
2
Professor de geografia. Mestrando do Programa de Pós Graduação em Geografia da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro PPGGEO/UFRRJ. E-mail:
falarcomtadeu@gmail.com
Bertha Becker posa em sua casa. Foto: Isabela Kassow/Fonte: Cadernos do Desenvolvimento.

Para Bertha Becker, Geografia não era a descrição da Terra, como a etimologia
da palavra indica, e sim o designer da Terra, tendo um sentido mais profundo, onde
podemos participar na elaboração de um projeto melhor para o planeta, no caso de
Bertha, buscava um projeto melhor para o Brasil, tendo dedicado especificamente na
Geografia do Brasil.

A graduação na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (atual


Universidade Federal do Rio de Janeiro) no curso de Geografia e História se deu no
ano de 1952, época em que as duas disciplinas eram unificadas. Essa associação
entre as duas disciplinas contribuiu na visão humanista da geógrafa e no pensamento
sobre a noção primordial de processo e a relação espaço-tempo.

Bertha Becker atribui o seu despertar pela pesquisa de campo ao Prof. Hilgard
O’Reilly Sternberg, mestre que teve grande importância na sua trajetória. Durante sua
formação na graduação fez excursões como secretária do professor, o que possibilitou
o reconhecimento de diversas partes do território e a fez ter contato com a realidade
viva estimulando-a a focar em problemas reais. Sternberg também ensinou a
importância das relações com geógrafos internacionais e o quanto essa troca era
necessária para a atualização do conhecimento sobre Geografia e o mundo. A convite
do professor, foi secretária da Comissão de Recepção no Congresso Internacional de
Geografia da UGI, em 1956 e secretária do Curso de Altos Estudos Geográficos. A
partir desses dois eventos Bertha foi convidada a ingressar na Universidade do Brasil
como Auxiliar de Ensino do Prof. Sternberg.

O ingresso na carreira de Docente e o pensamento livre

Bertha ingressou como docente na Universidade do Brasil (atual UFRJ) em


1957, onde ascendeu até o cargo de Professor Titular. Mas até chegar ao cargo
máximo da carreira do magistério superior, a pesquisadora galgou por todas as etapas
de ascensão. Começou como Auxiliar de Ensino, passou para Instrutor de Ensino
Superior, em 1965 palmilhou o cargo de Assistente, permanecendo por muitos anos
nessa posição, uma vez que não havia vagas para Professor Adjunto no
Departamento de Geografia, que ocorreu somente em 1976. O alcance do cargo de
Professor Titular veio primeiramente através de Concurso de Livre-Docência em 1983
e depois por Títulos e Provas em 1993.

Bertha atribuía o conhecimento original produzido ao seu autodidatismo, uma


característica que considerava de certa forma uma ousadia por parte dela, mas que
entendia como sendo uma estratégia utilizada para assegurar sua liberdade de
pensamento. Não se prendia a uma só corrente de pensamento ou a um só autor,
gostava de ter sua própria reflexão, recorrendo aos autores para embasar os
argumentos às suas indagações, por isso recebia críticas da comunidade científica
que a considerava muito eclética, pois achavam que ela deveria se aprofundar em
uma linha de pensamento, a uma teoria. Essa coragem em desbravar o novo e não se
prender a modelos pré-existentes, são marcas da produção científica de Bertha
Becker.

O Instituto Rio Branco - IRB - e o despertar para a Geografia Política

Em 1966 Bertha foi convidada a assumir a cadeira de Geografia no Curso de


Preparação à Carreira de Diplomata do Instituto Rio Branco, órgão pertencente ao
Ministério das Relações Exteriores onde lecionou por 10 anos. Foi no IRB que Bertha
deu início às suas pesquisas pela Amazônia.

O convite para lecionar no Instituto trouxe o reconhecimento como professora


Titular, fora da hierarquia universitária e com total autonomia, uma vez que só eram
convidados professores com notório saber. Assim que assumiu a cadeira, Bertha
reformulou o programa de formação de diplomatas. Achava que o programa anterior
não era voltado para as questões políticas do país, campo que considerava essencial
na formação de diplomatas, implantou então o programa de Geografia Política no IRB.
O contato com alunos de diferentes regiões do país fez Bertha ter uma nova
percepção da Geografia Política, aprendendo a ver o país de outra maneira. A
geógrafa também achava fundamental que os futuros diplomatas conhecessem mais
diretamente a realidade do Brasil antes de representarem o país no exterior.

A Direção do IRB montou então o “Projeto Cisne” a fim de levar os alunos para
conhecer as regiões da fronteira Brasil-Bolívia e Bertha foi convidada a acompanhar.
Nessa viagem pôde observar a magnitude da natureza, o quanto algumas regiões de
fronteira já estavam bem povoadas e que havia diferentes formas de povoamento, os
conflitos inerentes a esse processo de migração e as disputas de terras. Começou ali
o interesse na Amazônia e o aprofundamento nos estudos sobre a região e seu
processo de ocupação.

O reconhecimento pela Livre-Docência e suas contribuições

Quando se formou em Geografia, Bertha já era casada e teve dificuldades para


tentar uma pós-graduação no exterior. No Brasil, ainda não estava institucionalizada a
pós para Geografia, que ocorreu somente na década de 1970, quando houve um
movimento de modernização universitária no país com a implantação de cursos de
pós-graduação nos moldes americanos. Foi nessa ocasião que a Universidade do
Brasil transformou-se em Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Departamento de
Geografia foi inserido no Instituto de Geociências (IGEO) e cogitou-se a criação do
curso de Mestrado em Geografia na UFRJ.

A essa altura, Bertha já era reconhecida pela comunidade geográfica nacional e


internacional pelas suas pesquisas e produções científicas, também era Chefe de
Pesquisas pelo CNPq e titular no Instituto Rio Branco, não fazia sentido, dessa forma,
a geógrafa ingressar como aluna do Mestrado. No entanto, para ser professora do
programa era necessário ter o Doutorado. Foi nesse contexto que a geógrafa realizou
o concurso de Livre Docência, tendo alcançado o título de Doutor após realização de
provas escrita, prova de aula e de títulos e defesa da sua Tese, elaborada em três
meses sobre a expansão da fronteira agropecuária como política do desenvolvimento
regional no Espírito Santo, tese essa que serviu de subsídio para o governo do estado
do Espírito Santo no planejamento de desenvolvimento estadual.

Com sua competência legitimada, Bertha participou ativamente na concepção e


na elaboração das diretrizes do Curso de Pós-Graduação em Geografia no nível
Mestrado da UFRJ, que foi implantado em 1972. Além de ministrar disciplinas e
participar na orientação de dissertações, buscou assegurar a qualidade do curso
convidando professores visitantes nacionais e estrangeiros para lecionar no curso.

Em 1976 foi convidada pelo Diretor do IGEO para ser Diretora Adjunta do Curso
de Pós-Graduação e Pesquisa do Instituto, cargo de chefia que assumiu por 10 anos
com grandes contribuições para o IGEO, no fortalecimento de outros programas de
Pós-Graduação do Instituto e na unificação do mesmo. Em 1988 criou o Laboratório
de Gestão do Território (LAGET) com objetivo de desenvolver análises e estudos
sobre as mudanças ocorridas no território brasileiro sob impacto das novas tecnologias
de produção.

Bertha Becker se aposentou na UFRJ em 1999. Lhe foi concedido o título de


Professor Emérito pelo seu brilhante trabalho como professora e pesquisadora, tendo
continuado suas atividades de pesquisadora, docente e coordenadora do LAGET até o
ano de 2013.

Em Defesa da Amazônia

Em sua tese de Livre-Docência Bertha já falava sobre a expansão da


agropecuária pelo Espírito Santo. Quando começou a estudar a Amazônia, a
pesquisadora observou a expansão da fronteira agropecuária também na região, bem
como as desigualdades regionais no desenvolvimento do país. O Governo Federal
incentivava a migração para a Amazônia com vistas à integração nacional, no entanto
as políticas governamentais não eram adequadas para a realidade ali vivida. Era
necessário organizar a base produtiva da Amazônia, ter uma articulação entre o
complexo verde e o complexo urbano-industrial da região para que pudesse se
desenvolver de maneira sustentável.

Bertha Becker não se considerava ambientalista nem anti-ambientalista,


defendia que para proteger a floresta e toda biodiversidade da Amazônia era
necessário ter atividades rentáveis que fizessem uso da floresta “de pé”, como ela
dizia, uma vez que se a floresta não tiver algum retorno rentável o desmatamento vai
expandindo dando lugar à agricultura e à pecuária, com a plantação de soja e criação
de gado. É preciso encontrar uma forma de utilizar os recursos disponibilizados pela
Amazônia sem destruí-la de maneira que traga benefícios para a população, uma vez
que a proteção ambiental apenas não tem conseguido conter o desflorestamento e
nem gerar riqueza e trabalho demandado pela população.

Para a pesquisadora, a conservação não deve ser entendida como preservação


intocável, assim como a utilização da floresta não pode ser vista como destruição.

Prêmios e Títulos

Durante sua carreira como docente e pesquisadora, Bertha Becker recebeu


como reconhecimento aos seus importantes trabalhos científicos muitos prêmios e
títulos, dentre eles: Membro titular da Academia Brasileira de Ciência – 2006, Doutor
honoris causa - Universidade de Lyon III, França – 2005, Consultora ad hoc de várias
instituições científicas, Membro de conselho editorial de editoras nacionais e
internacionais, participou da Coordenação de diversos projetos de pesquisa nos
Ministérios de Ciência e Tecnologia, da Integração Nacional e do Meio Ambiente, foi
premiada com a Medalha Carlos Chagas Filho de Mérito Científico - Fundação Carlos
Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – 2000, a Medalha
David Livingston Centenary - American Geographical Society – 2001, Medalha do
Mérito Geográfico - Sociedade Brasileira de Geografia – 2007.

Bertha Koiffmann Becker faleceu em 12 de Julho de 2013.

Sua obra

Bertha Becker tem uma vasta produção acadêmica. Em seu currículo lattes3 há
registro de mais de 200 publicações, além de participação em bancas e orientações de
estudantes, além de eventos acadêmicos dos mais diversos. A maioria dos trabalhos
publicados versa sobre a Amazônia. Mas não só. Aparece muito em sua obra o
conceito de território, a dimensão do planejamento e da gestão pública, além de
análises profundas sobre o território amazônico e sobre um modelo de
desenvolvimento regional que seja baseado no manejo sustentável.

3
http://lattes.cnpq.br/9164795594647563
Seu último livro publicado tratou do papel das cidades na região, em "A Urbe
Amazônida”, de 2013, a autora questiona o modelo de desenvolvimento urbano para a
Amazônia a partir do seu olhar enquanto pesquisadora que dedicou mais de 40 anos
de vida à pesquisa sobre o território onde desde os anos 2000 cerca de 70% da
população está vivendo no contexto urbano.

Fonte: BECKER, 2005, p. 75

Sobre o último trabalho publicado por Bertha Becker, sua amiga e pesquisadora
Ima Célia Guimarães Vieira e outros amigos pesquisadores do INPE e da UFPA, em
artigo onde abordam a respeito do legado da professora, nos dizem que:

“Sua agenda de pesquisa nessa linha continuou e foi aprofundada,


culminando com a publicação de seu último livro "A Urbe Amazônida",
que reexamina a história das origens das cidades amazônicas, discute o
papel das florestas e o aproveitamento da biodiversidade frente às crises
energética, climática e econômica atuais, e ainda apresenta estratégias
de desenvolvimento das cidades. Inovadora é também a regionalização
da Amazônia por ela proposta, que derruba a imagem da Amazônia
como espaço homogêneo.” (VIEIRA, MANN DE TOLEDO, ROCHA,
OLIVEIRA SANTOS, 2014, p. 2)

Outros dois títulos da professora Bertha Becker merecem nosso destaque:


“Amazônia”, uma obra de referência, publicada originalmente em 1990, onde nos
apresenta uma síntese da região e das disputas e conflitos provocados pela expansão
do capital, propondo uma revolução “tecno(eco)lógica”, que valoriza a floresta em pé.
E “Geopolítica da Amazônia”, texto de 1982, que marca a aproximação de Becker com
o tema e ajuda a desconstruir a ideia de vazio geográfico da região.
“O livro tem dois momentos nítidos, o primeiro capta elementos do
processo conduzido pelas políticas governamentais, e o segundo
repensa a fronteira com uma visão muito mais crítica, denunciando as
inadequações dessas políticas e da teoria que lhe deu suporte,
expressas na instabilidade dos pequenos produtores, no anulamento dos
desejos, de potencialidades e criatividade das populações locais.”
(BECKER, 2013, p. 67)

Para Becker os povos tradicionais e populações locais devem ter sua voz e
suas participações consideradas na condução dos projetos. Em suas principais obras
“a autora expõe sua compreensão: a fronteira não é um limite, mas um espaço social e
político” (VIEIRA, MANN DE TOLEDO, ROCHA, OLIVEIRA SANTOS, 2014, p. 3). Para
Bertha Becker o chamado “Arco do desmatamento” é na verdade o “Arco do
povoamento”, onde a ocupação está consolidada e a atividade de agropecuária faz
uso de tecnologia em busca de mais rentabilidade e lucro. Tratando da apropriação do
conceito de fronteira na obra de Becker, Ima Vieira, Peter Toledo, Gilberto Rocha e
Roberto Jr vão nos dizer que:

“Utilizando a noção de fronteira já há cinquenta anos atrás, Bertha


Becker mostrou como a Região Amazônica, após ter sido fronteira de
recursos minerais na primeira metade do século XX, tornou-se uma
"fronteira móvel” a partir dos anos 1960, onde a circulação da força de
trabalho, vinculada à expansão do povoamento, permitia a acumulação
de capital no setor agropecuário. Mais recentemente, a Amazônia
passaria a representar, na concepção da autora, uma "fronteira do capital
natural", valorizada estrategicamente como símbolo de vida e capital
natural, num processo de "mercantilização da natureza". (VIEIRA, MANN
DE TOLEDO, ROCHA, OLIVEIRA SANTOS, 2014, p. 2)

Após a morte da professora Bertha Becker, Ima Célia Guimarães Vieira,


pesquisadora do Museu Paraense Emílio Goeldi, organiza uma coletânea dos
trabalhos da professora. Esta foi apenas uma das homenagens que Becker recebeu
em reconhecimento à sua fundamental contribuição. Lançada em 2015, "As
Amazônias de Bertha Becker" é uma publicação em três volumes que reúne os textos
de 6 livros e 11 artigos, numa seleção entre os 40 anos de pesquisa de Bertha na
Amazônia.

Bertha Becker também ficou conhecida por sua contribuição na formulação de


políticas públicas e em consultoria para a gestão pública em território amazônico.
“Para Bertha, conhecer o território é fundamental, pois possibilita a criação de
diferentes prioridades políticas, considerando as diferenças internas da Amazônia.”
(VIEIRA, MANN DE TOLEDO, ROCHA, OLIVEIRA SANTOS, 2014, p.3). Na medida que
aprofunda suas pesquisas, Becker vai receber convites diversos para integrar
consultorias junto a instituições que detém o poder de decisão. Assim, a professora se
percebe também praticante de geopolítica, interferindo diretamente nas políticas
públicas. É a própria Bertha Becker que lista alguns destes trabalhos de consultoria no
memorial de sua trajetória apresentado no concurso para professor da UFRJ:

“É o caso dos “Macrocenários para a Amazônia” (SUDAM), do “Relatório


Nacional” (UNCED), do “Zoneamento Ecológico-Econômico” (SAE), da
leitura crítica da “Agenda 21” (SEMAM), da seleção de projetos de
pesquisa (PADCT/SIAMB), da definição de prioridades de pesquisa na
área sociocultural para a Amazônia (MCT/Programa Piloto), da avaliação
do Programa Nacional do Meio Ambiente quanto à Amazônia
(IBAMA/BIRD) e da reaproximação com o “Ministério das Relações
Exteriores” da participação na retomada do planejamento regional
(IPEA).” (BECKER, 2013, p.76)

Assim, além das pesquisas, publicações e décadas de atuação docente,


Bertha via no trabalho de consultoria e pesquisa interinstitucional junto ao governo do
Brasil, além de organismos e instituições internacionais, como parte importante de sua
obra e uma possibilidade de amplificar suas ideias e interferir na formulação das
políticas ambientais e na gestão do território.

Conclusão

Com uma longa carreira como Docente na Universidade Federal do Rio de


Janeiro, atuante na área da Geografia Política, com participação ativa nas pesquisas
de campo, Bertha Becker foi uma pesquisadora que unia teoria à prática.

Desde quando foi pela primeira vez à Amazônia, em 1970 com os alunos do
Instituto Rio Branco, Bertha não saiu mais de lá. Foram mais de 40 anos da sua vida
dedicados à pesquisa e atuação na região. Buscava ouvir todos os grupos sociais,
desde índios e ribeirinhos a empresários, Igreja e governo, pois assim conseguia
compreender melhor as demandas da população. Seu objetivo como cientista era
apontar soluções para as problemáticas relacionadas à ocupação do território e à
dinâmica espacial. Acreditava que a integração territorial só aconteceria se fossem
resolvidos primeiro os problemas sociais.

Era assim que Bertha enxergava a Geografia, como uma ciência política onde
podemos participar na elaboração de um projeto melhor para o planeta, e o projeto
dela para construir um país melhor era utilizando o conhecimento adquirido para tentar
encontrar uma solução para os problemas do país e atender as demandas da
sociedade.

Referências

BECKER, Bertha Koiffmann. Geopolítica da Amazônia. In: Estudos Avançados. São


Paulo: USP. Vol 19, n. 53, 2005

BECKER, Bertha Koiffmann. Memorial de Concurso para provimento do cargo de


professor titular no departamento de geografia na Universidade Federal do Rio de
Janeiro. In: Espaço Aberto / PPGG-UFRJ. Rio de Janeiro : Publit. Vol. 3, n. 2, 2013
[iSSN 2237-3071]
FIORAVANTI, Carlos. Bertha Koiffmann Becker: Amazônia sem extremismo. Revista
Pesquisa FAPESP, São Paulo, ed. 102, ago. 2004. Disponível em:
https://revistapesquisa.fapesp.br/amazonia-sem-extremismo/. Acesso em: 5 dez. 2021.

ISMAEL, Ricardo; FORMIGA, Marcos; D’AGUIAR, Rosa Freire. Bertha Becker. In:
Cadernos do Desenvolvimento, Rio de Janeiro, v. 7, n. 10, p.252-267, jan.-jun. 2012

VIEIRA, Ima Célia Guimarães; MANN DE TOLEDO, Peter; ROCHA, Gilberto de


Miranda; OLIVEIRA SANTOS, Roberto Araújo Junior. Bertha Becker e a Amazônia. In:
Biblio 3W Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales. Barcelona:
Universidade de Barcelona, 25 de dezembro de 2014, Vol. XIX, nº 1103(4).
http://www.ub.es/geocrit/b3w-1103(4).htm [ISSN 1138-9796]

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