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Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ

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Avaliação do Perigo de Queda de Blocos em Rodovias


Rockfall Evaluation in Highways

Guilherme José Cunha Gomes1 & Frederico Garcia Sobreira2

1
Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Espírito Santo (DER-ES).
Av. Mal. Mascarenhas de Moraes, Ilha de Santa Maria, 29.052-015, Vtória, ES
2
Universidade Federal de Ouro Preto. Núcleo de Geotecnia (UFOP/NUGEO).
Campus Universitário, s/n°, 35.400-000, Ouro Preto, Minas Gerais
Emails:guilherme.gomes@der.es.gov.br; sobreira@degeo.ufop.br
Recebido em: 21/02/2012 Aprovado em: 08/03/2013
DOI: http://dx.doi.org/10.11137/2012_2_14_27

Resumo

Taludes rochosos em rodovias são superfícies potencialmente instáveis, que frequentemente condicionam
quedas de blocos, afetando a segurança dos usuários de rodovias, a infraestrutura dos transportes e o meio ambiente.
O comportamento geológico-geotécnico dos maciços rochosos e as condições geométricas e de trafegabilidade das
rodovias são aspectos fundamentais na avaliação do perigo de queda de blocos. Esta pesquisa busca aplicar um método
de avaliação do perigo de queda de blocos rochosos em taludes de rodovias, objetivando a classicação e hierarquização
dos segmentos rodoviários com base em critérios denidos. Neste contexto, doze taludes rochosos do sistema rodoviário
do Espírito Santo foram investigados, a partir de parâmetros, visando à obtenção de um índice para expressar o grau de
perigo aos condutores que trafegam pelos trechos, denominado índice de queda de blocos. A efetividade dos parâmetros
no método adotado também oi avaliada. Os taludes oram hierarquizados, denindo-se ainda medidas prioritárias para
intervenções em cada trecho, de orma a minimizar os problemas causados em cada segmento.
Palavras-chave: queda de blocos; talude; rodovia; avaliação

Abstract

Highway rock slopes are potentially unstable surfaces and as such are susceptible to rockfalls that affect the
highway’s user safety, transportation infrastructure and surrounding environment. The geomechanical behavior of rock
masses and also the geometric and trac conditions o highways are undamental aspects o rockall evaluation. This
research presents a case study of rockfall evaluation for slopes bordering highway sections, aiming to classify them
and determine a hierarchy or intervention, based on dened criteria. In order to use this approach, eld investigations
including geomechanical classication o rock mass are necessary. In this context, twelve slope sections containing
rock slopes in Espírito Santo’s road network were investigated. The slopes were analyzed individually and the
infuence o each parameter in the global rating was evaluated. Parameter eectiveness in the proposed method was
also evaluated. The slopes were classied to dene priority measures to minimize roadway problems in each place.
Keywords: rockfall; slope; highway; evaluation

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Guilherme José Cunha Gomes & Frederico Garcia Sobreira

1 Introdução Segundo Giani (1992), o início do fenômeno


de queda de um bloco em um talude rochoso envolve
A malha rodoviária brasileira está construída condições iniciais de instabilidade, que causam o
em um ambiente geológico-geotécnico relativamente movimento de uma massa induzido pela ruptura
heterogêneo, ato que transere um grande desao do talude. A velocidade inicial do movimento de
à engenharia de taludes rochosos. No contexto queda depende das condições de instabilidade e do
da engenharia rodoviária, taludes rochosos são posicionamento do bloco anteriormente à ruptura. De
superfícies potencialmente instáveis que podem acordo com o autor, os principais modos de indução
afetar os usuários das rodovias, o meio ambiente e a de instabilidade de taludes são: a pressão neutra
infraestrutura dos transportes. Essas esferas afetadas nas descontinuidades; terremotos ou vibrações por
carecem de ferramentas que retratem, de forma detonações; pressões devido à formação de gelo nas
racional, um grau aceitável de perigo de queda de descontinuidades e escavação.
blocos ao longo de taludes de estradas.
Ritchie (1963) estudou os diversos fatores
Diante da periculosidade do problema e da que infuenciam a trajetória de um bloco rochoso
diculdade de investigação e análise de centenas de em queda. Alguns deles são o tamanho e o formato
quilômetros de rodovias montanhosas, que requerem do bloco envolvido, a altura e o ângulo do talude, as
controle de queda de blocos, países desenvolvidos características da superfície das encostas, o padrão
trabalharam em sistemas de classicação de taludes das descontinuidades e o tipo de rocha. O autor
que pudessem ser obtidos através de investigações desenvolveu um critério prático para dimensionar
de campo e cálculos simplicados. O objetivo a largura e a profundidade das áreas de captação de
destas classicações é identicar e hierarquizar blocos na base dos taludes, a partir da altura e ângulo de
locais particularmente perigosos, que demandem inclinação da superfície do talude. A área de captação
intervenções urgentes ou estudos detalhados futuros, ou captura de blocos rochosos é uma estrutura em
possibilitando às agências ou departamentos de concreto existente entre o limite do pavimento da
estradas uma ação direcionada às intervenções rodovia e a base do talude, funcionando como local
nestes locais. de isolamento dos materiais destacados da faixa
de rolamento da pista. O critério de Ritchie tornou-
Neste cenário, os métodos de avaliação do se uma ferramenta prática para dimensionamento
perigo de queda de blocos em rodovias são importantes dessa estrutura na base de taludes rochosos, sendo
ferramentas de auxílio ao monitoramento de taludes utilizada requentemente por projetistas rodoviários,
potencialmente instáveis, através de estudos e principalmente na América do Norte, mesmo após
investigações das características diretamente ligadas mais de quatro décadas de sua elaboração (Pierson
ao problema. Este trabalho busca aplicar um método et al., 2001). Posteriormente, a Federal Highway
de avaliação do perigo relacionado à queda de blocos Administration (FHWA, 1989), transformou a idéia
rochosos em 12 taludes de rodovias do Estado do de Ritchie em um ábaco (Figura 1).
Espírito Santo, visando à classicação com base em
critérios denidos e a identicação dos pontos mais O comportamento geomecânico das encostas
problemáticos, sugerindo intervenções prioritárias. é constantemente avaliado pelos geotécnicos para
a obtenção de informações sobre a estabilidade
dos taludes, a partir do diagnóstico da posição
espacial, forma das descontinuidades e material de
2 Queda de Blocos em Rodovias preenchimento. Essa avaliação pode ser realizada
a partir das classicações dos maciços rochosos.
A queda de blocos rochosos (“rockfall”)
Gomes (1991) sustenta a idéia que as classicações
corresponde ao destacamento de uma massa de rocha
geomecânicas são sistemas orientados que visam
em encosta íngreme ou escarpada (Giani, 1992), compartimentar os maciços rochosos em classes a
existindo pouco ou nenhuma ruptura (deslocamento) partir de características geomecânicas, atribuindo
por cisalhamento (Hoek & Bray, 1981). Os notas, por meio de diversos parâmetros (geológicos,
deslocamentos são muito rápidos, ocorrendo mecânicos e geotécnicos), de orma a homogeneizar
principalmente por queda livre, rolamento ou salto segmentos com o mesmo comportamento.
(Ahrendt, 2005). As quedas possuem dimensões
geométricas variáveis, podendo ocorrer em forma Dentre as principais classicações
de cubos, placas, lascas, entre outras (ISRM, 1978; geomecânicas elaboradas, as de Bieniawski (1973,
Palmström, 1995). 1989) e Romana (1985) serviram de suporte para o

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Figura 1 Ábaco de Ritchie


(1963) para a determinação da
largura (L) e da profundidade
(P) da área de captação em
função da altura e do ângulo
de inclinação do talude
(adaptado de FHWA, 1989).

desenvolvimentodeclassicaçõesaplicáveisataludes De acordo com Gomes et al. (2011 b),


rochosos rodoviários. O RMR (“Rock Mass Rating”) características geométricas e de trafegabilidade
proposto por Bieniawski (1973,1989) considera seis de rodovias também devem ser consideradas na
parâmetros que são utilizados para classicar um avaliação do perigo de queda de blocos. Entre as
maciço rochoso: resistência à compressão uniaxial características, o volume médio diário (VMD)
da rocha intacta; RQD (“rock quality designation”); representa o número médio de veículos que percorre
espaçamento das descontinuidades; condições das uma seção ou trecho de uma rodovia por dia (DNIT,
descontinuidades; condições de água; e orientação 2006). A velocidade diretriz selecionada para ns
das descontinuidades. O SMR (“Slope Mass Rating”) de projeto da rodovia representa a maior velocidade
de Romana (1985) é obtido a partir de um ajuste do com que determinado trecho pode ser percorrido
RMR desenvolvido por Bieniawski, que é acrescido
em condições adequadas de segurança, mesmo
por um termo fatorial dependente da relação talude –
com o pavimento molhado, sem a infuência do
descontinuidade e por um valor referente ao método
tráfego. Outra característica rodoviária, a distância
de escavação.
de visibilidade, pode ser entendida como padrão de
O tamanho de blocos é um indicador importante visibilidade proporcionado ao motorista, de modo
para a avaliação do maciço rochoso, porém não é que sempre haja tempo para tomada de decisão
uma tarea simples, como exemplicado em Gomes visando à segurança.
et al. (2011 a). Esta dimensão é determinada a partir
do espaçamento e persistência das descontinuidades, O primeiro inventário de áreas problemáticas
bem como pelo número de famílias que delineiam quanto às quedas e proposição de hierarquização
potenciais blocos (ISRM, 1978). Palmström de taludes foi desenvolvido por Brawner & Wyllie
(1995) arma que existem inúmeras maneiras de (1975). A partir deste trabalho, classicações de
dimensionamento de blocos num maciço rochoso a taludes rochosos rodoviários surgiram com o intuito
partir das famílias de descontinuidades. de auxiliar a gestão de áreas críticas nas estradas.

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No início da década de 90, baseado nos as ao contexto geológico e rodoviário do País. A


trabalhos antecedentes, um sistema de classicação principal modicação proposta por Budetta (2004)
de taludes rochosos voltado para rodovias foi foi a incorporação do SMR (Romana, 1985) na
desenvolvido por Pierson et al. (1990). Denominado avaliação geológica dos maciços rochosos.
“Rockall Hazard Rating System” (RHRS), o
método implantado no Estado de Oregon (EUA) 3 Desenvolvimento do Trabalho
mostrou-se uma importante ferramenta de análise
e prevenção do problema de queda de blocos O desenvolvimento deste estudo baseou-se
nas estradas. O sistema RHRS é uma ferramenta essencialmente no emprego de levantamentos geoló-
de gestão para a determinação rápida de taludes gico-geotécnicos de taludes rochosos e geométricos
rochosos que oferecem perigo aos usuários. As nove e de trafegabilidade de 12 segmentos rodoviários do
categorias do RHRS são enquadradas em quatro Estado do Espírito Santo (Figura 2), visando a clas-
pontuações distintas, sendo permitido interpolações. sicação e hierarquização de trechos com problemas
O critério de pontuação aumenta exponencialmente de quedas de blocos. Duas das doze seções estuda-
de 3 a 81, possibilitando a distinção de taludes das não estão perceptíveis no mapa devido à proxi-
mais problemáticos ou perigosos. As encostas que midade, isto é, por causa da escala de visualização.
possuem as maiores pontuações de acordo com o
O método de avaliação da queda de blocos
critério necessitam de prioridade na remediação.
oi então utilizado a partir de dados geológico-
Budetta (2004) baseou-se no método RHRS geotécnicos obtidos das investigações dos taludes,
para avaliar a queda de blocos em rodovias italianas. bem como dados geométricos e de trafegabilidade
O autor modicou algumas categorias, adaptando- das seções rodoviárias. Classicações geomecânicas

Figura 2 Distribuição dos taludes investigados (Estado do Espírito Santo, Brasil).

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de maciços rochosos oram utilizadas para avaliação com o espaçamento das descontinuidades usando a
geotécnica dos taludes, ajustando métodos de equação a seguir, na qual S representa o espaçamento
avaliação da queda de blocos internacionalmente médio das descontinuidades, em metros.
propostos para o contexto rodoviário brasileiro.
Dessa orma, oram denidos taludes com prioridade (1)
para intervenção.
Neste método, largura do pavimento, altura e Foi obtido o espaçamento médio das famílias
extensão do talude, velocidade diretriz, distância de de descontinuidades em cada talude. O padrão das
visibilidade, rampa longitudinal e área de captação descontinuidades, que envolve características de
de blocos são determinadas para a caracterização das abertura, persistência, rugosidade, alteração das
condições de tráfego ao longo das seções rodoviárias paredes e condições do material de preenchimento
e a geometria de cada área estudada. de cada setor, oi quanticado pela média das
grandezas analisadas. Para a infuência da água
A caracterização dos maciços rochosos das subterrânea observou-se visualmente, durante
seções foi obtida através do estudo das estruturas, um ano, preferencialmente no período chuvoso,
representadas genericamente pelas descontinuidades considerando o estado seco, úmido, transpiração,
do maciço, de acordo com os parâmetros indicados gotejamento, lete e jorro.
por ISRM (1978), Bieniawski (1973, 1989), Romana
(1985), Pierson & van Vickle (1993) e Palmström A orientação das descontinuidades com
(1995) para a descrição da condição estrutural dos relação aos taludes por trecho, de Bieniawski, não
maciços rochosos. oi considerado na classicação RMR, conorme
propõe Romana (1985) em seu modelo SMR. Neste
A caracterização das descontinuidades caso, as atitudes das descontinuidades e dos taludes
oi realizada utilizando-se os seguintes dados: foram registradas para a aplicação do SMR.
orientação, abertura, espaçamento, persistência,
rugosidade, alteração das paredes, condições do
material de preenchimento, fuxo de água, amílias
4. Metodologia para Avaliação dos Taludes
de descontinuidades e tamanho do bloco.
Foram adotados oito índices para a avaliação
As informações adquiridas em campo sobre do perigo de queda de blocos em taludes rochosos
as descontinuidades dos maciços foram tratadas rodoviários, conforme apresentado na Tabela 1.
para a obtenção de valores sobre a qualidade Cada índice recebeu uma pontuação cujos valores
geomecânica dos taludes estudados. A aplicação da máximos e mínimos são, respectivamente 3 e
classicação de Bieniawski (1989) oi realizada a 81, sendo os menores valores correspondentes às
partir dos levantamentos de campo e dados contidos melhores condições de segurança na estrada.
na literatura.
Pierson & van Vickle (1993) propuseram um
Como os maciços estudados eram compostos método prático em campo, que possibilita o cálculo
por rochas cristalinas (granitóides e gnaisses), foram da altura média dos taludes. Diante da diculdade
considerados valores entre 100 e 250 MPa para a de acesso ao topo da maioria dos taludes, a altura
resistência da rocha intacta, em conformidade com o dos cortes (H) foi obtida com o auxílio de trena e
observado por Palmström (1995) e Bieniawski (1984) clinômetro, a partir da relação trigonométrica da
para materiais com semelhantes características. Pode Equação 2.
ser ainda acrescentado que não foram coletadas
amostras para a realização de ensaios de compressão
(2)
puntiforme por motivos operacionais. Entretanto,
a proposta de ISRM (1978) foi usada e como
resultado, as rochas foram consideradas como muito Onde X é a distância em metros do ponto
resistentes, requerendo muitos golpes do martelo de medição (extremidade do pavimento); α é o
para serem fraturadas. ângulo medido pelo clinômetro e AC é a altura
do clinômetro. Os valores 6, 12, 18 e 24 metros
Para o índice de qualidade da rocha – RQD: apresentados na Tabela 1 oram denidos de acordo
(“rock quality designation”), como não se dispunha com a variação da altura dos taludes estudados,
de testemunhos de sondagem, foi usada a proposta objetivando estabelecer um indicador adequado para
de Priest & Hudson (1976), que correlaciona o RQD esta categoria.

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Tabela 1 Parâmetros, critérios e pontuação


utilizada na avaliação de queda de blocos.

O parâmetro efetividade da área de captação A porcentagem da distância de visibilidade


mede a eciência da estrutura em concreto em (DV) é usada para determinar o comprimento da
prevenir que um dado bloco em queda possa atingir rodovia que o motorista possui para tomar uma
o pavimento (Ritchie, 1963). Esta característica das decisão instantânea. Esta categoria é considerada
seções rodoviárias foi pontuada a partir da proposta como crítica quando obstáculos na rodovia são
de Budetta (2004), que modicou a avaliação de difícil percepção, ou quando uma manobra
qualitativa de Pierson & van Vickle (1993), ao inesperada é requerida (Pierson & van Vickle,
incrementar aspectos geométricos pioneiros de 1993). A porcentagem da distância de visibilidade é
Ritchie (1963). um parâmetro importante na avaliação do perigo de
Segundo Pierson & van Vickle (1993), o queda de blocos, estando intimamente relacionado
risco médio ao veículo (RV) mede a porcentagem com a probabilidade da ocorrência de colisão do
de tempo de veículos presentes na zona de perigo automóvel com qualquer objeto presente na pista.
de queda de blocos. A porcentagem é obtida através O cálculo baseia-se na relação entre as distâncias
da Equação (3). O signicado do risco ao veículo é de visibilidade real (DVR) e a de projeto (DVP),
similar ao adotado no RHRS. medidas em metros (Equação 4).

(3) (4)

Onde VDM é o tráfego médio diário


DVP, em projetos rodoviários, é unção
(carros/h); CC é o comprimento do corte (km) e VD
é a velocidade diretriz (km/h). RV é determinado da velocidade diretriz, do atrito entre o pneu e a
em termos de porcentagem. Neste caso, quanto superfície asfáltica e do greide ou rampa. DVR é
menor a porcentagem de veículos em zonas de obtida em campo, variando a cada metro da rodovia.
quedas de blocos, menor será o índice considerado Na maioria das vezes, por motivos operacionais
para este parâmetro. diversos, envolvendo recursos técnico-nanceiros,

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determinados trechos rodoviários são construídos desenvolvidos, utilizam combinações entre o


sem considerarem a distância de visibilidade ideal período que contém água no talude ou neve. Como
ou de projeto. Este fato é perceptível em rodovias no sudeste brasileiro a presença de neve seria um
que transpõem trechos montanhosos ou sinuosos. fato raro e como a condição de água no talude já
Por isso, DVR diere de DVP em muitos segmentos. é abordada na classicação SMR, optou-se por
pontuar este parâmetro em função da precipitação
O parâmetro largura do pavimento representa pluviométrica média anual incidente sobre os pontos
a extensão da faixa pavimentada, incluindo o
estudados. O ator climático de maior infuência nos
acostamento, medida perpendicularmente à linha
taludes brasileiros é a precipitação pluviométrica,
central da rodovia. Representa o espaço disponível
na qual a água, ao percolar pelas descontinuidades,
para o motorista efetuar uma manobra. A maioria
promove a redução da resistência ao cisalhamento do
dos métodos de avaliação do perigo de queda de
maciço (Bieniawski, 1984; Palmström, 1995), com o
blocos em rodovias, que surgiram com base na
incremento da poropressão nas fraturas. Como este
proposta de Pierson et al (1990), manteve a largura
do pavimento como categoria essencial da pontuação aspecto já estaria sendo contemplado na classicação
das seções por considerarem este aspecto geométrico RMR com maior detalhamento, procurou-se adotar
importante para a segurança rodoviária. a proposta de Budetta (2004), que utilizou valores
de precipitação pluviométrica das regiões nas quais
Nos taludes investigados, requentemente os maciços rochosos estariam inseridos. Portanto,
menos de 3 famílias de descontinuidades foram os valores de precipitação foram obtidos das séries
identicadas, ato que tornou conveniente a históricas. Baixa precipitação anual (< 1.100 mm)
utilização do volume do bloco equivalente proposto representam pontos de menor infuência da água no
por Palmström (1995), conorme Equação 5. Esta talude. Por outro lado, precipitações altas (> 1.750
relação determina o volume dos blocos (Vb) a partir mm) representam maior contribuição da água para a
do contador volumétrico de juntas (Jv) e do fator instabilidade do talude.
de forma dos blocos (β), que é função da maior e
menor variação do espaçamento entre as fraturas Devido às características geotécnicas dos
(Smáx e Smin) e do índice referente ao número de taludes, as características geológicas utilizadas por
famílias de descontinuidades (nj). Pierson & van Vickle (1993) não oram utilizadas.
O método qualitativo desses autores é mais bem
aplicado a regiões com grande variação na estrutura
(5) litológica (Gomes & Sobreira, 2008).

(6) A característica geológica dos taludes foi


avaliada de acordo com o SMR (Romana, 1985).
Budetta (2004) propôs a incorporação do SMR,
Onde nj = 3,0 para 3 famílias de desconti- cujo valor é inversamente proporcional à pontuação
nuidades; nj = 2,5 para 2 famílias e descontinuida- de Pierson et al. (1990). Os valores de SMR foram
des aleatórias; nj = 2,0 para 2 famílias de descon- ajustados para fornecer um melhor entendimento
tinuidades; nj = 1,5 para 1 família e descontinui- sobre o comportamento mecânico de cada talude.
dades aleatórias; nj = 1,0 para 1 única família de Valores de SMR menores que 50 podem ser
descontinuidade. considerados críticos, tendo-se assim um valor alto
para o parâmetro característica geológica.
O índice Jv, de acordo com Palmström (1995),
equivale ao número de descontinuidades em um A pontuação dos parâmetros é exponencial,
volume unitário do maciço rochoso. Após o cálculo de acordo com a proposta de Pierson et al. (1990).
de Vb, utilizou-se a proposta de Budetta (2004), Taludes com elevada pontuação possuem maior
procedendo-se o cálculo da dimensão ou tamanho perigo de queda de blocos e necessitam prioridade
do bloco (Db), medido em metros: para intervenções. Todos os parâmetros, exceto a
efetividade da área de captação, podem ser colocados
sob a forma de equação, de acordo com Ritchie
(7)
(1963), ISRM (1978), Romana (1985); Bieniawski
(1989), Pierson & van Vickle (1993), Palmström
Diversos métodos de avaliação de perigo de (1995), Budetta (2004), DNIT (2006). As equações
queda de blocos em taludes rochosos rodoviários, utilizadas para cálculo dos parâmetros e a simbologia
basicamente aqueles adotados em países adotada são apresentados na Tabela 2.

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Tabela 2 Símbolos
e equações usadas
para cada parâmetro.

Após a atribuição dos pontos a todas ser desmembrados, ltrados e reajustados para
as oito categorias, os valores foram somados condições geomecânicas peculiares, adequando-os
visando a obtenção de um único índice ao talude, às características desejadas.
denominado índice de queda de blocos (IQB),
determinado pela equação:
5. Resultados e Discussões
(8)
Os taludes selecionados para o estudo estão
localizados em dierentes áreas para englobar todos
Onde IAT = parâmetro altura do talude; IAC os aspectos envolvidos na presente análise. Foram
=
parâmetro efetividade da área de captação; IRV = escolhidos locais com diferenças nas condições de
parâmetro risco médio ao veículo; IDV = parâmetro tráego, rampas, geometria, velocidade diretriz, entre
porcentagem da distância de visibilidade; ILP = outros aspectos intrínsecos aos projetos rodoviários,
parâmetro largura do pavimento; IDB = parâmetro uma vez que as características geológicas das áreas
dimensão do bloco; ICC = parâmetro condição investigadas não variaram signicativamente. Dos
climática; ICG = parâmetro característica geológica. ICG 12 taludes selecionados, 2 encontram-se em rodovias
ganhou maior peso entre os demais parâmetros por federais, onde ocorre tráfego intenso de veículos.
ser considerada a categoria com maior infuência nos Cada talude foi avaliado, permitindo o
processos de instabilidade quanto às quedas. O fator entendimento dos pontos mais problemáticos
2 oi utilizado como orma de realce à característica por parâmetro. Os gráficos na Figura 3
geomecânica após a atribuição do índice SMR. apresentam a relação entre os índices obtidos e
os parâmetros analisados.
Outros métodos de classicação geotécnica
de taludes poderiam ser utilizados na avaliação do A Figura 3 (h) mostra a relação entre o índice
perigo de queda de blocos em rodovias, desde que ICG proposto neste trabalho e o valor do SMR, bem
retratem o modelo estrutural e as condições de como a distribuição dos valores obtidos para cada
ruptura do maciço. Métodos difundidos na geologia talude. Nota-se que, a partir da visualização do
de engenharia, como o RMR e o SMR podem gráco apresentado, a pontuação ICG é inversamente

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Figura 3 Relação entre os índices obtidos e os oito parâmetros adotados na investigação dos taludes. Os menores valores
dos índices correspondem às melhores condições segurança.

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proporcional ao índice SMR. Também é possível O talude ES-164 possui um padrão de


observar que valores de SMR acima de 60 resultam descontinuidades que propicia o descalçamento
em baixos valores de ICG. Portanto, um talude rochoso da base, favorecendo a instabilidade dos blocos
necessita de um baixo valor de SMR para representar sobrejacentes. A orientação de 30° da família
uma infuência signicativa no ICG proposto por de descontinuidades principais, oriundas do
Budetta (2004). Por outro lado, se ICG é multiplicado bandamento do gnaisse, mergulham favoravelmente
por 2, a característica geológica possuirá uma maior à ace do talude. No entanto, algumas atitudes
contribuição na determinação do IQB. das descontinuidades, com mergulho mais suave,
A Tabela 3 apresenta resumo dos valores dos somadas ao clima com alta precipitação pluviométrica
índices obtidos e a pontuação total de cada talude. e intenso intemperismo atuante, criam condições
Os taludes mais problemáticos quanto ao perigo de favoráveis ao início do processo de queda diante da
queda de blocos possuem maiores valores de IQB. falta de suporte. Este padrão de descontinuidades
torna-se relevante devido à ausência de área de
Devido aos menores valores de SMR (ICG captação neste segmento da rodovia, já que qualquer
alto), observa-se que quatro taludes podem ser queda de bloco tende a alcançar o pavimento.
considerados menos estáveis: ES-080 (1), ES-
146, ES-164 e BR-259. Conforme previamente Um problema enfrentado neste trabalho, que
informado, a distinção entre os valores dos índices da também é obstáculo de grande parte das investiga-
característica geológica somente foi possível graças ções geotécnicas, é a diculdade de se expressar a
ao uso do SMR, que é mais sensível a mudanças qualidade de um maciço com um único índice de-
em relação à proposta inicial do RHRS para este vido à variabilidade das estruturas presentes, mate-
parâmetro. A pontuação do método RHRS original riais, etc. Os taludes estudados apresentaram-se he-
oi modicada devido a dois aspectos básicos: terogêneos, possuindo comportamentos distintos em
sua avaliação ser meramente qualitativa e devido alguns locais. Por isso, em diversas oportunidades,
à diculdade de distinção dos maciços rochosos necessitou-se representar a qualidade global do ma-
estudados. Gomes & Sobreira (2008) detalharam ciço ou, em alguns casos, o pior cenário visualizado.
esta discussão.
Devido à ausência de cultura de implantação
Conforme pode ser visto na Tabela 3, o talude
de áreas de captação do blocos na base de taludes
ES-164 foi considerado o mais crítico quanto ao
rodoviários brasileiros, a maioria das áreas de
perigo de quedas, recebendo o maior IQB. Além do
fator geométrico da rodovia, com ausência de área captação não foram dimensionadas adequadamente.
de captação de blocos na base do talude, fatores Com relação à profundidade das estruturas, apenas
geotécnicos foram decisivos para enquadrá-lo numa as rodovias federais atingiram valores próximos ao
situação crítica. ábaco de Ricthie (1963).

Tabela 3 Valores dos


índices para cada talude.

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No talude ES-146, a presença de água em


abundância no talude, inclusive em períodos de seca,
e grandes volumes de blocos presentes, podem gerar
problemas caso as rupturas atinjam o pavimento
(Figura 4 a). Na base do talude ES-355, diversos
blocos foram observados na área de captação, fato
que pode ser um indicativo de um histórico de
quedas no local (Figura 4 b). Neste mesmo talude, a
geometria desfavorável da rodovia contribuiu para o
aumento do IDV.
A Tabela 3 também apresenta outros taludes
com elevado IQB. O talude ES-080 (2) possui boas
propriedades geotécnicas, mas apresenta alto
valor de IQB relacionado à inadequada distância
de visibilidade do usuário e características Tabela 4 Valores obtidos para a dimensão dos blocos e
geométricas desfavoráveis. terminologia adotada.

A dimensão média dos blocos em cada talude


oi sintetizada na Tabela 4. O tamanho do bloco, A determinação do volume dos blocos
IDB, apesar de ser uma estimativa, expressou o nos taludes foi a tarefa mais árdua durante os
perigo da ruptura de blocos grandes no talude BR- levantamentos em campo. Houve diculdade
262. Este talude destaca-se negativamente como o na identicação de algumas amílias de
trecho de maiores problemas de volumes, devido descontinuidades em virtude das fraturas
ao espaçamento maior entre as descontinuidades
causadas durante a escavação dos maciços. Isto
da única amília identicada. No caso dos demais
taludes, as fraturas menos espaçadas e o maior infuencia a determinação do espaçamento entre
número de famílias delimitam menores volumes de as descontinuidades e do formato dos blocos.
blocos, consequentemente a pontuação do índice Entretanto, relações empíricas oram utilizadas
IDB decresce. visando o cálculo da dimensão média dos blocos

Figura 4
A-Talude
ES-146 onde
a presença
de água é
constante
mesmo em
períodos secos.
B - Blocos
observados
na área de
captação do
Talude ES-
355 indicam
problemas
de queda
constantes.

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nos maciços, pois esta característica é fundamental As medidas a serem tomadas foram
em avaliações de queda de blocos. sucintamente propostas como orma de minimizar
os principais problemas observados em campo e
conrmados após a determinação dos valores para
6 Proposição de Intervenções Prioritárias
cada parâmetro. As medidas sugeridas abrangem:
O resultado da classicação apresentada • Remoção ou xação de blocos instáveis;
nesta pesquisa pode ser utilizado como erramenta
de gestão rodoviária. Os maiores valores obtidos • Melhorias geométricas no traçado e na
correspondem aos taludes rodoviários que necessitam plataforma;
de intervenção com alta prioridade. A classicação
proposta permite ainda designar, de forma prática, • Sinalização vertical nas proximidades dos
as características das rodovias que necessitam ser taludes;
incrementadas ou remediadas visando à segurança • Elaboração e execução de projeto de
dos usuários. O resumo dos aspectos mais críticos estabilização do maciço rochoso;
obtidos, além das propostas de intervenção em cada
segmento rodoviário com perigo de queda de blocos • Análise cinemática da estabilidade de
é apresentado na Tabela 5. taludes.

Tabela 5
Resumo dos aspectos mais
críticos e propostas de
intervenção prioritárias.

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7 Conclusões 8 Agradecimentos
O método de avaliação proposto nesta pesquisa Agradecemos ao Núcleo de Geotecnia da
é uma erramenta preliminar para identicação de Universidade Federal de Ouro Preto (NUGEO) e ao
pontos de perigo relacionados à queda de blocos Departamento de Estradas de Rodagem do Estado
em rodovias. O levantamento realizado permite do Espírito Santo (DER-ES), o apoio emprestado
que diagnósticos geotécnicos especícos sejam para o desenvolvimento deste estudo. Os autores são
elaborados. O esforço deste trabalho corresponde a gratos também ao CNPq pelo suporte nanceiro.
um primeiro passo para a correção de problemas em
taludes de rodovias capixabas causados pelas quedas
de blocos. 9 Referências
A determinação das características Ahrendt, A. 2005. Movimentos da massa gravitacionais –
geométricas e de trafegabilidade dos trechos proposta de um sistema de previsão: aplicação na
rodoviários em estudo é fundamental na área urbana de Campos do Jordão – SP. Escola de
avaliação dos perigos relacionados à queda de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo,
Tese de Doutorado, 360 p.
blocos rochosos. Taludes rochosos em rodovias Bieniawski, Z.T. 1973. Engineering classication o jointed rock
com elevado VDM ou distância de visibilidade masses. Trans. S. Afr. Inst. Civ. Eng., 15(12): 355-3344.
comprometida pela geometria sinuosa devem ser Bieniawski, Z. T. 1984. Rock Mechanics Design in Mining and
cuidadosamente estudados pelo poder público, Tunneling, AA.Balkema, Boston, 1984.
visando intervenções adequadas nestes locais. Este Bieniawski, Z.T. 1989. Engineering Rock Mass Classifcations,
é o caso de taludes estudados nas rodovias ES- Wiley, New York.
Brawner, C.O. & Wyllie, D.C. 1975. Rock slope stability on
080, ES-355 e ES-482, que carecem de melhorias railway projects. Proc. Am. Railway Engng Assoc.,
geométricas visando adequar uma distância de Regional Meeting, Vancouver, BC.
visibilidade segura aos usuários. Budetta, P. 2004. Assessment o rockall risk along roads.
Natural Hazard and Earth System Sciences, 4(1):71-81.
O método utilizado nesta pesquisa represen- DNIT - Departamento Nacional de Inra-estrutura de
tou satisfatoriamente as características dos taludes Transportes .2006. Manual de estudos de tráfego.
quanto ao problema de queda de blocos. A hierar- Rio de Janeiro, 384 p. (IPR. Publ., 723).
FHWA - Federal Highway Administration. 1989. Rock Slopes:
quização dos taludes equivale aproximadamente às Design, Excavation, Stabilization. Publication No.
condições visualizadas em campo. As adaptações re- FHWA-TS-89-045, Turner-Fairbanks Highway Research
alizadas visaram adequar critérios usados internacio- Center, McLean, VA.
nalmente às características geotécnicas e rodoviárias Giani, G.P. 1992. Rock Slope Stability Analysis. A.A. Balkema
brasileiras. Além disso, as adequações aos médotos Publishers, Rotterdam, Netherlands.
Gomes, G.J.C. & Sobreira, F.G. 2008. Caracterização
existentes contribuíram para eliminar a subjetivida- geomecânica de maciços rochosos em taludes rodoviários
de de determinados parâmetros. do espírito santo, com ênfase na avaliação do risco de
queda de blocos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
Os taludes investigados estão situados num GEOLOGIA DE ENGENHARIA E AMBIENTAL, 12,
mesmo ambiente geológico e climático. Isto foi Ipojuca, Pe. Anais. ABGE, v. CD ROM.
fundamental para a viabilidade da aplicação do Gomes, G.J.C.; Sobreira, F.G. & Lana, M.S. 2011 a.
método de avaliação do perigo de queda de blocos Determinação do volume de blocos em taludes
rochosos para emprego na engenharia rodoviária. In:
proposto nesta pesquisa. Mesmo não existindo CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE
metodologia especíca neste âmbito sendo utilizada ENGENHARIA E AMBIENTAL, 13, São Paulo - SP.
no Brasil, métodos de avaliação do perigo voltados Anais. ABGE, v. CD ROM.
ao estudo da queda de blocos, podem ser adequados Gomes, G.J.C.; Sobreira, F.G. & Lana, M.S. 2011 b. Relação
em função dos aspectos geológico-geotécnicos entre características rodoviárias de projeto e o perigo de
queda de blocos em taludes rochosos. In: CONGRESSO
e climáticos presentes na região. Entretanto, BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA E
características geométricas e de trafegabilidade da AMBIENTAL, 13, São Paulo - SP. Anais... ABGE, v.
rodovia são parâmetros essenciais nestas análises, CD ROM.
devendo sempre ser considerados. Gomes, R.C. 1991. Classicações geomecânicas de maciços
rochosos. Apostila da Escola de Engenharia de São
Com a posse da lista dos taludes problemáticos Carlos, Universidade de São Paulo, 37p.
nas rodovias, cabe ao poder público o gerenciamento Hoek, E. & Bray, J.W. 1981. Rock Slope Engineering 3rd ed.
IMM, London, p. 1-358.
das informações, de modo que durante os serviços ISRM - International Society of Rock Mechanics. 1978.
de reabilitação ou restauração viária, sejam orçados Suggested methods for the quantitative description in
os custos das obras de melhorias nos locais. rock masses. Int. J. Rock Mech. Min. Sci. & Geomech.

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