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Universidade Federal Do Sul e Sudeste Do Pará

Instituto De Geociências e Engenharias


Faculdade De Engenharia De Minas e Meio Ambiente
Engenharia De Minas e Meio Ambiente

Marília Maciel Martins

Resenha: Técnicas De Medição das Tensões In Situ

Marabá – PA
Fevereiro de 2023
Marília Maciel Martins

Resenha: Técnicas De Medição das Tensões In Situ

Resenha escrita para a disciplina


de Mecânica das Rochas II, sob
orientação da Prof.ª Karina Felícia Lima
Fischer Santiago do curso de
Engenharia de Minas e Meio Ambiente.

Marabá – PA
Fevereiro de 2023
Técnicas De Medição das Tensões In Situ
A mecânica das rochas estuda o comportamento físico e mecânico das
rochas sob condições de tensão, compressão e deformação. As tensões são
forças internas que agem sobre as rochas e podem levar ao fraturamento, ao
alongamento ou à compressão. A mecânica das rochas é importante para
compreender os processos geológicos, prever a estabilidade de encostas e a
segurança de barragens, entre outras aplicações.
Na mecânica das rochas, existem três tipos principais de tensões: tensões
compressivas, tensões cisalhamento e tensões normais. As tensões
compressivas, são forças que agem em direções opostas, comprimindo a rocha.
Essas tensões são responsáveis pela formação de montanhas e por outros
processos de deformação da crosta terrestre. Já as tensões de cisalhamento,
são forças que agem em direções opostas perpendicularmente às tensões
compressivas e são responsáveis pela formação de fraturas e falhas nas rochas.
E temos também as tensões normais, que agem perpendicularmente à superfície
da rocha, e s tornam responsáveis por causar alongamento ou compressão nas
rochas, dependendo da direção em que as forças estão sendo aplicadas.
Esses três tipos de tensões interagem e se combinam de maneira
complicada, afetando a forma e o comportamento das rochas. A compreensão
dos tipos de tensões e de sua interação é fundamental para prever o
comportamento das rochas em diferentes condições.
Como podemos observar, as tensões in situ referem-se às tensões ou
forças que existem em um local específico dentro de um material ou estrutura,
em vez de serem aplicadas externamente. Essas tensões podem surgir de vários
fatores, como expansão térmica, carregamento estrutural e estresse mecânico.
Medir e entender as tensões in situ é importante em áreas como ciência dos
materiais, engenharia e geologia para determinar a estabilidade e o
comportamento de materiais e estruturas sob diferentes condições.
Há diversos fatores que tornam difícil medir tensões in situ, e isto ocorre
porque “seria impossível medir diretamente as tensões, quando na verdade elas
possuem uma quantidade que está fora da realidade. Só seria possível medir as
tensões que atuam em um corpo sólido a partir de resultados de medições
obtidos através de métodos”. (Leeman em 1990, citado por Amadei e
Stephansson, 1997).
As técnicas de medição das tensões em rocha in situ podem ser
classificadas em duas categorias principais: métodos passivos e ativos. Os
métodos ativos envolvem a aplicação de forças sobre a rocha e a medição da
resposta da rocha, como a deformação. Alguns exemplos são: métodos
hidráulicos; métodos de alívio em furos; métodos de alívio de superfície; métodos
acústicos (Efeito Kaiser e DRA).
Já os métodos passivos determinam as tensões por meio da análise de
dados obtidos a partir de outros parâmetros, como a escala de fratura, a análise
de imagem e o uso de modelos numéricos. Alguns exemplos incluem avaliação
da existência de breakouts, discing, análise estatística de dados existentes,
recuperação de deformações e DCDA, observações geológicas e avaliação de
mecanismos focais de terremotos. Cada técnica tem suas próprias vantagens e
desvantagens, como precisão, facilidade de uso e custo. Por isso, é importante
escolher a técnica adequada para a aplicação específica e considerar fatores
como a geometria da amostra, as condições ambientais e as limitações do
equipamento.
Além dos métodos possuírem duas categorias principais, ainda podem ser
divididos pelo tipo operacional de cada um, e também pelo volume da rocha que
será usada para a medição, apresentados na tabela 1.
Tabela 1. Métodos para determinar as tensões de rochas, a partir do seu
tipo operacional, também apresenta o volume de rocha usado em cada método.
Modificado de Ljunggren et al (2003).
Para entendermos melhor sobre os métodos utilizados para executar a
medição das tensões em rocha in situ, serão abordados alguns desses métodos
com base nos tipos operacionais de cada um deles:
 Métodos utilizados em furos de sondagem:
 Os ensaios de pressurização em fraturas pré-existentes (HTPF) são
experimentos realizados em rochas ou materiais geológicos que têm
uma fratura já existente para determinar as propriedades mecânicas
da rocha e a pressão necessária para provocar a propagação da
fratura. A pressurização da fratura é realizada aplicando uma
pressão hidráulica ao longo da fratura com o uso de uma bomba e
medindo a resposta da fratura, como a abertura da fratura ou a
deformação.
 O "breakout" é uma técnica utilizada em furos de sondagem para
avaliar a integridade da rocha ao redor do furo. Isso é feito medindo
o comprimento e a largura das fraturas ou deslizamentos na rocha
na área do furo. Esse método é útil na determinação da qualidade
da rocha em uma determinada área e pode ajudar a prever a
estabilidade do furo.
 O método overcoring é usado no campo da geologia para recuperar
amostras de testemunho de forma mais eficaz e precisa. Se trata da
perfuração do material geológico com um tubo maior que o diâmetro
do testemunho desejado e, em seguida, ocorre a remoção do
excesso de material com um tubo de diâmetro adequado para obter
a amostra do testemunho desejada. Este método permite uma maior
recuperação da amostra e menos deformação do núcleo durante a
extração.
 Fraturamento hidráulico é uma técnica para extrair petróleo e gás
natural de formações rochosas subterrâneas. É um processo que
envolve a injeção de alta pressão de uma solução líquida na
formação rochosa para fraturá-la e liberar o óleo e o gás natural
contidos nela. A solução líquida é normalmente composta de água,
areia e produtos químicos e é injetada na formação rochosa para
criar fissuras que permitem que o petróleo e o gás fluam para a
superfície. Este método é controverso devido a preocupações com
a segurança ambiental e gestão de resíduos.
 Métodos utilizados utilizando testemunhos:
 Discing ou empastilhamento é um fenômeno que ocorre
espontaneamente em testemunhos de sondagem, durante o
processo de sondagem diamantada em áreas com uma grande
concentração de tensões, formando assim pequenas pastilhas,
esse fenômeno ocorre com a mudança das tensões in situ, e
acontece geralmente durante o processo de perfuração.
 O Efeito Kaiser é uma técnica de monitoramento acústico utilizada
na geologia e na engenharia geotécnica para avaliar a estabilidade
de rochas e solos. O método consiste na medição da velocidade
de propagação de ondas acústicas através de uma amostra de
material rochoso ou de solo. A velocidade de propagação das
ondas acústicas é afetada pela densidade, elasticidade e
porosidade do material, o que permite avaliar a sua qualidade e
estabilidade.
 Métodos usados em superfícies rochosas:
 Os métodos que utilizam macacos hidráulicos são técnicas de
ensaio de rochas e solos utilizadas na geologia e na engenharia
geotécnica para avaliar as propriedades mecânicas de materiais
rochosos e solos. Esses métodos consistem na aplicação de carga
controlada sobre uma amostra de material rochoso ou solo através
de um macaco hidráulico. A resposta mecânica da amostra é
monitorada durante a aplicação de carga e é utilizada para avaliar
suas propriedades de compressão, tração, resistência à
penetração e outras propriedades relevantes.
 Os métodos de alívio de superfície são técnicas utilizadas na
engenharia geotécnica para remover tensões superficiais em solos
ou rochas. Esses métodos são aplicados em áreas onde a
deformação ou o fraturamento da superfície pode afetar a
estabilidade de uma estrutura ou causar danos às propriedades do
solo ou da rocha.
 Análise de estruturas geológicas em larga escala:
 O mecanismo focal de um terremoto refere-se à forma como o
movimento sísmico se originou e se desenvolveu na crosta
terrestre. É determinado através da análise de ondas sísmicas
registradas por sismógrafos e é representado graficamente em um
diagrama denominado hiperespaço focal.
 A análise de ruptura por deslizamento refere-se à avaliação dos
processos e características das falhas que ocorrem como resultado
do deslizamento na crosta terrestre. Este tipo de análise é
importante para entender a dinâmica dos terremotos e prever a
probabilidade de eventos sísmicos futuros em uma determinada
área.
Referências Bibliográficas
AMADEI, B., Stephansson, O., (1997). Rock Stress and its Measurements.
Chapman & Hall. London, UK 287 p.
PENIDO, H., A. Aplicação de diferentes metodologias de determinação de
tensão in situ em maciços rochosos do Quadrilátero Ferrífero Brasileiro.
Tese (Doutorado em Geotecnia) – Núcleo de Geotecnia, Universidade Federal
de Ouro Preto. Minas Gerais, p. 255, 2021.
ARMELIN, J. L. Medição de tensões in situ em maciços rochosos e
estruturas de concreto. Tese (Doutorado em Geotecnia) – Departamento de
Engenharia Civil e Ambiental, Faculdade de Tecnologia, Universidade de
Brasília. Brasília, p. 336, 2010.

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